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Acao civil publica contra Prefeitura S1

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ROSANA/SP
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ROSANA/SP. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, por intermédio do Promotor de Justiça signatário, no uso de suas atribuições legais e constitucionais, com fulcro nas peças de informação anexas e no art. 129, III, e 208, VII, da Constituição Federal, nos arts. 1º, inciso V, da Lei Federal nº 7.347/85 e art. 5º da Lei 9.394/96, vem, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR E PRECEITO COMINATÓRIO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, contra a PREFEITURA DE ROSANA, pessoa jurídica de direito público interno, podendo ser citado na pessoa de seu representante legal, sua Excelência o Prefeito JOSÉ JOÃO PEREIRA, no endereço da Prefeitura Municipal, localizada na Praça XXXXX, nº XX, Centro, Rosana/SP, CEP 000000-000, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas: 
DOS FATOS 
Emerge das peças informativas acostadas à presente petição inicial que, no dia 25 de março de 2019, compareceu ao gabinete da Promotoria de Justiça de Rosana um grupo de mães que reclamaram sobre a falta de vagas para a realização de matrículas nas escolas de educação infantil fundamental do município. 
A Procuradoria foi informada que, devido à necessidade de corte de gastos da Administração Pública, o município fechou escolas e não providenciou a abertura de vagas suficientes para o atendimento da população, sob alegação de que devido à crise econômica as crianças deveriam aguardar em casa até o próximo ano letivo.
Este Ministério Público, então, procurou o prefeito municipal a fim de propor um plano de cumprimento da obrigação de criar vagas para todos os alunos, ajustando a conduta ilegal da Administração Pública àquela prevista na constituição. Contudo, o prefeito recusou o acordo sob o pretexto de que não haveria dinheiro suficiente para isso, em razão de estar finalizando as obras de um grandioso estádio de futebol.
A atitude do senhor Prefeito denota ato atentatório aos princípios constitucionais que regem a Administração Pública (caput do art. 37, XXII, §1º da CF). 
O grupo de mães solicitou a adoção de providências ao MINISTÉRIO PÚBLICO, diante da constatação de que alunos não podem esperar em casa, sem nenhuma atividade escolar e educacional, pelo ano letivo seguinte e tampouco deve ser a elas atribuída uma responsabilidade pela má administração pública no tocante ao uso inadequado do orçamento público, visando a construção de uma “grandioso estádio de futebol”. 
MINISTÉRIO PÚBLICO expediu ofício à Secretaria de Educação do Município, solicitando informações e a pronta regularização da situação narrada, sobrevindo resposta na presente data (25.03.2019). De acordo com a Secretária Municipal de Educação, Sra. MARIA DE OLIVEIRA, a Secretária segue orientação do Excelentíssimo senhor Prefeito JOSÉ JOÃO PEREIRA, e não abrirá novas vagas para os estudantes, pois é de crucial importância para a Prefeitura a finalização de tão esperado Estádio de Futebol para a Cidade de Rosana. 
DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
A legitimidade do Ministério Público para a propositura da presente ação é indiscutível. Decorre do Artigo 127 e do Artigo 129, inciso III, ambos da Constituição da República; do Artigo 25, inciso IV, “a”, da Lei n.º 8.625/93; e do Artigo 201, inciso V, do Estatuto da Criança e Adolescente. 
Mais especificamente, o artigo 210, inciso I, do ECA, prevê, expressamente, a legitimidade do Ministério Público para promover ações cíveis fundadas em interesses coletivos e difusos de crianças e adolescentes. 
Em casos bem semelhantes, a jurisprudência pátria tem firmado a legitimidade do Ministério Público para manejar Ação Civil Pública em defesa do interesse coletivo, sendo assim:
1. Tem o Ministério Público legitimidade para propor ação civil pública buscando a efetivação de direitos individuais, difusos ou coletivos de crianças e adolescentes. Art. 201, inc. VI, ECA. 
2. Constitui dever do ente público assegurar o acesso efetivo à educação. Arts. 5°, 204º a 214º e art. 53, inc. I e V, do ECA. 
3. É um Direito fundamental a Educação e está consubstanciada no artigo 6º da Constituição Federal. 
Uma vez evidenciada, portanto, a legitimidade do Ministério Público para a deflagração da presente demanda, passa-se a demonstrar a existência do dever descumprido. 
DA EDUCAÇÃO COMO SERVIÇO ESSENCIAL A SER PRESTADO DE FORMA ININTERRUPTA 
Não há dúvidas de que tanto o Estado quanto o Município detêm responsabilidade solidária e obrigação constitucional de prestar o serviço público de educação, consoante demonstram os artigos a seguir transcritos: 
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho 
“Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de […]: VII – atendimento ao educando em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde” 
“Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organização em regime de colaboração seus sistemas de ensino […] §2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.” 
O art. 54, do Estatuto da Criança e do Adolescente é enfático neste caminho:
“Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.[…] 
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente” 
Como já restou demonstrado anteriormente, a Constituição Federal é bem clara ao estatuir que a educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desenvolvimento integral, e como primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). 
Essa prerrogativa jurídica, em consequência, impõe, ao Estado, por efeito da alta significação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das “crianças de zero a seis anos de idade” (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar, injustamente, por inércia, o integral adimplemento, pelo poder público, de prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da CF. 
Não cabe a autoridade municipal o poder discricionário neste caso. A construção de um Estádio de Futebol não se caracteriza como uma obra pública emergencial. Não há fato concreto e indiscutível que corrobore na continuidade desta obra pública em detrimento da educação básica. 
Dados do IBGE apontam 19.691 pessoas no último censo realizado em 2018. Desta feita, parece aos olhos do Ministério Público totalmente descabia a decisão da Prefeitura em preferir dar continuidade a construção de um “grandioso estádio de futebol” em lesão de um Direito Fundamental grafado em nossa Constituição. 
Ainda segundo fontes do IBGE, relativos a cidade de Rosana, em 2015, os alunos dos anos inicias da rede pública da cidade tiveram nota média de 6.3 no IDEB. Para os alunos dos anos finais, essa nota foi de 4.8. Na comparação com cidades do mesmo estado, a nota dos alunos dos anos iniciais colocava esta cidade na posição 255 de 645. Considerando a nota dos alunos dos anos finais, a posição passava a 356 de 645. A taxa de escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) foide 98.1 em 2010. Isso posicionava o município na posição 317 de 645 dentre as cidades do estado e na posição 1909 de 5570 dentre as cidades do Brasil. Ou seja, o excelentíssimo senhor Prefeito mesmo sabedor destes panorama que cerca sua municipalidade e retrata sua administração ainda quer insistir na construção de um “grandioso estádio de futebol” que em tese comportará o total da população do município de Rosana,
DO PEDIDO LIMINAR 
Constam nos autos indícios veementes de que o Município de Rosana não está prestando o serviço de Educação escolar de forma adequada. Desta forma requer o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO: 
a) o recebimento da presente Ação Civil Pública, para os fins legais e de direito. 
b) a citação dos entes demandados para, querendo, apresentarem contestação a presente ação, no prazo e sob as cominações legais; 
c) a total procedência dos pedidos, com a confirmação da liminar e condenação dos Requeridos na obrigação de fazer, consistente na prestação de abertura de vagas na Educação Infantil com a respectiva matricula dos alunos;
d) a devida apuração dos atos de improbidade administrativa praticados pelo REQUERIDO assim como a condenação do mesmo de acordo com o determinado pelo artigo 37, XXI, § 4º da CF e pela Lei 8429/92. 
VALOR DA CAUSA
Atribui-se à presente causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para atender à finalidade determinada no artigo 291, do novo CPC. 
Pede deferimento. 
Rosana/SP
25 de março de 2019. 
MILTON SOARES DE SOUZA
Promotor de Justiça

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