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WEB 15 - Direito Constitucional Avançado

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WEB 15 - Decisão judicial pode assegurar direitos fundamentais que acarretem 
gastos orçamentários Em decisão unânime, a Segunda Turma do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) reconheceu a possibilidade de determinação judicial assegurar a 
fetivação de direitos fundamentais, mesmo que impliquem custos ao orçamento do 
Executivo. A questão teve origem em ação civil pública do Ministério Público de 
Santa Catarina, para que o município de Criciúma garantisse o direito constitucional 
de crianças de zero a seis anos de idade serem atendidas em creches e pré-escolas. O 
recurso ao STJ foi impetrado pelo município catarinense contra decisão do Tribunal 
de Justiça de Santa Catarina (TJSC). A partir da leitura do texto acima, analise os 
principais óbices que enfraquecem a efetividade dos direitos sociais no direito 
contemporâneo. 
 A resposta deve seguir na linha que vislumbra os direitos sociais como direitos estatais 
prestacionais. Nesse sentido, os direitos sociais foram agregados ao catálogo de 
direitos fundamentais do cidadão, dando-se um plus significativo na busca da 
igualdade material. Conforme já dito alhures, os direitos sociais atendem às 
reivindicações das classes menos favorecidas, de modo especial os hipossuficientes e a 
classe operária. No entanto, parte da doutrina questiona a jusfundamentalidade 
material dos direitos sociais pela dificuldade de sua implementação efetiva. Ou seja, o 
rol de direitos sociais gera grande ônus financeiro ao Estado, daí a questão central da 
reserva do possível como empecilho financeiro e jurídico à sua concretização. É por 
isso que há posições academicamente relevantes que contestam a 
jusfundamentalidade material dos direitos sociais e econômicos, como por exemplo, a 
do Professor Ricardo Lobo Torres. Seu magistério patrocina a ideia de que tais direitos 
estão fora do rol dos direitos fundamentais pelas seguintes razões: 
 (i) dependem da concessão do legislador; 
 (ii) estão despojados do status negativus; 
 (iii) não geram por si sós a pretensão às prestações positivas do Estado; 
 (iv) carecem de eficácia erga omnes e 
 (v) ficam subordinadas à ideia de justiça social. 
 Segundo o autor, tal jusfundamentalidade material somente pode ser atribuída ao 
mínimo existencial, ou seja, as condições mínimas de existência humana digna que não 
pode ser objeto de intervenção do Estado e que ainda exige prestações estatais 
positivas. Independentemente do dissídio doutrinário acerca da natureza 
jusfundamental ou não dos direitos sociais e econômicos, o fato é que sua 
implementação efetiva tem que enfrentar a chamada reserva do possível. 
 É inelutável a argumentação de que a realização da justiça social é dependente dos 
recursos do Estado na promoção de prestações estatais positivas. Em suma, de toda 
esta análise até aqui desenvolvida o aluno deve observar que o direito contemporâneo 
caminha na direção da maior normatividade dos princípios jurídicos, reconhecidos 
como verdadeiras normas jurídicas e não mais como meros comandos objetivos 
incapazes de gerar direitos subjetivos individuais. Reconhecer que os direitos 
fundamentais são meros mandados objetivos é aceitar passivamente a incapacidade 
de o direito garantir posições subjetivas individuais mediante a aplicação de princípios 
constitucionais. Com efeito, é bem de ver que muito embora os direitos sociais 
estejam sob a limitação da reserva do possível, não podem só por isso ser 
considerados meras diretivas para o Estado, simples comandos objetivos de vinculação 
do poder legislativo, ao contrário, há que se reconhecer a existência de um mínimo 
existencial, que não depende de escolhas orçamentárias feitas ao talante do 
legislador. A escassez de recursos financeiros não pode justificar a inação do Poder 
Judiciário no que tange ao conteúdo mínimo dos direitos sociais.

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