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Direitos humanos - Resumo aula 3

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Direitos Humanos – aula 3
Os direitos fundamentais e suas teres dimensões
As gerações conceituais:
A evolução conceitual dos direitos fundamentais pode ser dividida em três grandes gerações, a saber:
1ª geração: liberdade (direitos civis e políticos).
Liberdades individuais diante do autoritarismo do Estado absoluto. Em sua maioria são direitos negativos com um caráter de abstenção do Estado em não interferir nessas liberdades individuais. Correspondem a expressão “liberdade” dentro da trilogia da Revolução Francesa (liberdade – igualdade – fraternidade), já que simbolizam o respeito aos direitos civis e políticos dos cidadãos em relação ao Estado, que se vê então limitado no seu poder absoluto de outrora.
2ª geração: igualdade (direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas)
Compromisso do Estado em promover o bem-estar social. Existem efetivamente direitos positivados que devem ser perseguidos pelo Estado na ânsia de conquistar igualdade material. Contrariamente aos direitos negativos de primeira geração os direitos sócias, econômicos e culturais exigem ação positiva do Estado na sua concretização, sendo esta a razão pela qual se denominam direitos positivos. O Estado deve agir ativamente para reduzir os problemas sociais em que são acometidos os cidadãos. 
3ª geração: fraternidade (direitos coletivos e difusos)
Direitos transindividuais com fulcro na solidariedade tais como proteção ao meio ambiente, direitos do consumidor, busca do desenvolvimento econômico, direitos do gênero humano ( da essência do ser humano), patrimônio comum da humanidade preocupação com o destino da humanidade), dentre outros. 
O próprio STF – Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de reproduzir o tema das gerações dos direitos humanos: “enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) 0 que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sócias e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o principio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, pela nota de uma essencial inexautabilidade”. ( STF, MS 22164/SP0.
4ª geração: democracia - “globalização dos direitos fundamentais” (direita à democracia, ao pluralismo e à informação). Defendido por Paulo Bonavides
5ª geração: direito cibernético - “realidade virtual” (compreende o grande desenvolvimento da cibernética na atualidade, gerando, por conseguinte, o rompimento de fronteiras e potencializando desse modo conflitos entre Estados nacionais com realidades distintas via internet). Defendido por Augusto Zimmermann.
Cumpre alertar que a terminologia “gerações de direitos fundamentais” é bastante controversa na esfera doutrinária, uma vez que projeta implicitamente a idéia de que uma geração supera a outra, o que evidentemente não é verdade. Uma geração não é substituída pela outra, mas, sim, complementa a outra; eis a razão pela qual diversos autores preferem usar a expressão “dimensões dos direitos fundamentais” no lugar de “gerações de direitos”. 
Dimensão versus geração: as três dimensões dos direitos fundamentais têm um caráter cumulativo que nos permite invocar uma relação de complementaridade ao invés de exclusividade. Não há ruptura dos direitos fundamentais de uma dimensão para outra. Ao contrario, os direitos fundamentais devem ser vislumbrados a partir de um prisma de coexistência harmônica e intercomplementaridade de suas três dimensões. 
Análise da primeira dimensão dos direitos fundamentais:
A primeira dimensão de direitos surge como reação ao mecanismo de concentração do poder político do Estado absolutista, cuja arquitetura jurídica prejudicava a burguesia ascendente. E assim é que a positivação dos direitos de primeira dimensão em documentos solenes e superiores tem dupla conotação: de um lado, a sacralização do pacta sunt servanda e, do outro, a criação de um modelo de garantismo constitucional respaldador da estatalidade mínima.
Observe, com atenção, que os direitos de primeira dimensão são predominantemente diretos negativos de não intervenção do Estado no domínio privado. Em regra, não demandam ações estatais positivas para a sua concretização; é um “não fazer” do Estado, daí a idéia de direitos de defesa que demarcam zonas rígidas de não-intervenção estatal nas relações jurídicas privadas. 
Análise da segunda dimensão dos direitos fundamentais:
Examinada a primeira dimensão de direitos, adentra-se agora à segunda dimensão e que é a consolidação do welfare state e do dirigismo constitucional. Após a instalação da burguesia no poder, instaura-se o modelo econômico capitalista, capitaneado pelos impactos da Revolução Industrial, que não tardou a impor às massas de trabalhadores um quadro lamentável de verdadeira miséria humana. Isto significa dizer que o rol jusfundamental pautado apenas nos direitos civis e políticos não teve o condão de garantir a dignidade da pessoa humana, ainda que em sua expressão mínima.
Com efeito, os importantes avanços da democracia liberal, e.g., a igualdade formal perante a lei, a garantia dos direitos civis e políticos, a separação de poderes como meio de limitar o arbítrio estatal e muitos outros, não foram capazes de criar condições mínimas indispensáveis ao efetivo gozo dos direitos fundamentais. Tal incapacidade deu azo à fixação de uma nova categoria de direitos fundamentais, agora ditos de segunda dimensão, cuja concretização efetiva deveria ser feita pelo Estado mediante ações prestacionais positivas.
Destarte, a segunda dimensão de direitos traz à tona a necessidade de o Estado assegurar bens sociais imprescindíveis para a materialização da dignidade humana, solapada que tinha sido pela doxa liberal burguesa.
Segundo Rui Barbosa (1849-1923): "A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real."
Agora, compondo o catálogo de direitos fundamentais, dentre outros, o direito ao trabalho, o direito à saúde, o direito à educação, o direito ao saneamento básico e o direito à seguridade social. Paulo Bonavides assevera que os direitos fundamentais de segunda dimensão nasceram, contrariamente aos clássicos direitos de liberdade e igualdade formal, “abraçados ao princípio da igualdade em sentido material” (cf. BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. 7ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 1997. p. 517).
Análise da terceira dimensão dos direitos fundamentais:
A terceira dimensão dos direitos fundamentais também é conhecida como a dimensão dos direitos de fraternidade e de solidariedade, na medida em que a titularidade dos direitos transcende o homem-indivíduo para alcançar determinados grupos humanos, como por exemplo, a família, os consumidores, a nação, etc.
Os direitos de terceira dimensão se acoplam à expressão “fraternidade” do lema revolucionário francês porque têm por destinatário o gênero humano per si, e não um único indivíduo titular de um direito subjetivo. Com isso, podemos afirmar que os direitos fundamentais de terceira dimensão são classificados em direitos coletivos ou difusos.
Constam a proteção do meio ambiente, os direitos do consumidor, a busca do desenvolvimento econômico, os direitos do gênero humano (da essência do ser humano), o patrimônio comum da humanidade (preocupação com os destinos da humanidade) e outros constam na pauta dos direitos da terceira dimensão. Com rigor, são direitos transindividuais com fulcro na solidariedade.Os direitos coletivos são aqueles relativos a um grupo, uma categoria ou classe de pessoas que se acham ligados por uma relação jurídica. Já os direitos difusos relacionam-se com pessoas indeterminadas ligadas por uma circunstância de fato, não havendo vinculo comum de natureza jurídica. Não custa enfatizar que o elemento diferenciador entre direito coletivo e direito difuso reside na determinabilidade de seus titulares. 
Finalmente, os “direitos individuais homogêneos” são decorrentes de origem comum, ou seja, nascidos em conseqüência da própria lesão. Tais conceitos encontram-se positivados no art. 81 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), in verbis:
	Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único - A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica-base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
A classificação dos direitos fundamentais em dimensões é mais apropriada do que gerações, vez que projeta a idéia de complementaridade ao invés de ruptura. O quadro abaixo revela sinteticamente as dimensões dos direitos fundamentais:

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