Buscar

Dissertação_Kellia de Oliveira Bezerril

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS: 
URBANIZAÇÃO DESORDENADA E CONSEQUÊNCIAS PARA A QUALIDADE 
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DE POÇOS LOCALIZADOS NAS IMEDIAÇÕES 
DO LIXÃO DE CIDADE NOVA EM NATAL/RN. 
 
 
 
 
KELLIA DE OLIVEIRA BEZERRIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2016 
 
KELLIA DE OLIVEIRA BEZERRIL 
 
 
 
 
 
PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS: 
URBANIZAÇÃO DESORDENADA E CONSEQUÊNCIAS PARA A QUALIDADE 
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DE POÇOS LOCALIZADOS NAS IMEDIAÇÕES 
DO LIXÃO DE CIDADE NOVA EM NATAL/RN. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação e Pesquisa em Geografia da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como requisito para a obtenção do título de 
Mestre em Geografia. 
Orientador: Prof. Dr. Adriano Lima Troleis 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA). 
 
 
 Bezerril, Kellia de Oliveira. 
 Problemas socioambientais: urbanização desordenada e consequências para a 
qualidade das águas subterrâneas de Poços localizados nas imediações do lixão 
de Cidade Nova em Natal/RN / Kellia de Oliveira Bezerril. – 2016. 
 207 f.: il. - 
 
 Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e 
Pesquisa em Geografia, 2016. 
 Orientador: Prof. Dr. Adriano Lima Troleis. 
 
 
 1. Urbanização – Natal, RN. 2. Água potável – Contaminação – Natal, RN. 
3. Solos – Poluição – Natal, RN. 4. Lixo – Eliminação. I. Troleis, Adriano Lima. 
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. 
 
 
 RN/BSE-CCHLA CDU 911.3:30(813.2) 
 
 
KELLIA DE OLIVEIRA BEZERRIL 
 
 
 
PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS: 
URBANIZAÇÃO DESORDENADA E CONSEQUÊNCIAS PARA A QUALIDADE 
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DE POÇOS LOCALIZADOS NAS IMEDIAÇÕES 
DO LIXÃO DE CIDADE NOVA EM NATAL/RN. 
 
 
 
 
DISSERTAÇÃO APROVADA EM 04/02/2016 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Adriano Lima Troleis 
(Orientador – PPGE/UFRN) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida 
(Examinador Interno – PPGE/UFRN) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Josiel de Alencar Guedes 
(Examinador Externo – CAMEAM/UERN)
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Esses dois anos de mestrado estão marcados definitivamente como os mais 
importantes da minha vida acadêmica. Esta pesquisa trouxe para mim uma carga de emoções, 
saberes, dilemas, vitórias, angústias, preocupações e acima de tudo, fé no improvável. Diante 
das várias etapas vivenciadas, percebi o quão importante foi estar cercada de pessoas que só 
trouxeram momentos positivos, por isso quero deixar aqui um singelo agradecimento. 
 
Agradeço a Deus por estar sempre presente comigo; 
À minha mãe espiritual Nossa Senhora Aparecida; 
A todos os meus familiares por estarem sempre à disposição nos momentos mais difíceis; 
A Maurício e Vitor pela ajuda nos mapas; 
A todos que compõem a Pós-graduação em Geografia; 
Ao IFRN e à FUNCERN, pelo apoio nas análises laboratoriais; 
A meus verdadeiros amigos pela compreensão, apoio e por entenderem a minha ausência; 
A guerreira Cassia Helena por aceitar revisar (virando a noite) a dissertação. 
A meu irmão Elmar, pelas madrugadas me ajudando. 
A meu orientador e amigo, Adriano Lima Troleis, muito obrigada pelo incentivo, ajuda, 
paciência e palavras de força. Obrigada por acreditar em mim e sempre me incentivar a 
continuar... esses detalhes fizeram a diferença. 
 
Por fim, dedico este trabalho a todos aqueles que torceram por mim e acreditaram no 
meu trabalho. 
 
 
 
“Mesmo quando tudo parece desabar, 
cabe a mim decidir entre rir ou chorar, 
ir ou ficar, desistir ou lutar; 
Porque descobri, 
no caminho incerto da vida, 
que o mais importante é o decidir.” 
 
Cora Carolina 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O crescimento desordenado da capital potiguar ocorrido a partir da década de 1970 ocasionou 
sérios problemas ambientais urbanos. Nesse contexto de rápido incremento populacional, a 
constituição do Lixão de Cidade Nova ampliou a problemática socioambiental por via da 
emissão elevada de chorume no solo culminando na contaminação do lençol freático, o que 
trouxe sérios problemas para a qualidade do abastecimento hídrico da população. Desta 
forma, a presente pesquisa busca analisar a relação entre a contaminação gerada pela 
deposição dos resíduos sólidos no Lixão de Cidade Nova por mais de três décadas e o 
precário esgotamento sanitário implantado nos bairros de Felipe Camarão, Planalto e 
Guarapes. Foi feito levantamento bibliográfico para a discussão sobre esta relação entre 
urbanização, problemática socioambiental e contaminação de águas subterrâneas. Além disso, 
foi feito também um levantamento sobre a estrutura física da área de estudo, assim como das 
legislações relativas à temática. Ainda no plano metodológico, foi feita pesquisa de campo 
nos poços destinados ao abastecimento hídrico P1 e P5 no bairro de Felipe Camarão e P2 no 
bairro do Planalto no período de maio de 2014 a maio de 2015. Os resultados da pesquisa 
demonstram que há contaminação das águas destinadas ao abastecimento humano nos 
referidos bairros, e que esta advém da inadequada deposição de resíduos sólidos no solo, 
assim como da ausência de um adequado esgotamento sanitário. A pesquisa apresenta como 
conclusão a constatação de latente necessidade de políticas públicas que atenuem tais 
problemas no contexto socioambiental da área estudada. 
 
Palavras-chave: Expansão urbana. Resíduos sólidos. Contaminação. Águas subterrâneas. 
Problemática socioambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The uncontrolled growth of Natal occurred at the 1970s caused serious urban environmental 
problems. In this context, the establishment of the “Cidade Nova” trash dump has expanded 
social and environmental problems by the high emission of contaminant itens on the soil, 
resulting in contamination of the water table, which brought serious problems for the quality 
of the water supply. This research aims to relate the pollution caused by the deposition of 
solid waste in “Cidade Nova” trash dump for more than three decades and the precarious 
sanitation deployed in the districts of Felipe Camarão, Planalto and Guarapes, with the 
consequent contamination of the wells of respective districts for human consumption. For this 
purpose, the literature was researched to the discussion about the relationship between 
urbanization, environmental issues and contamination of groundwater. Furthermore, was 
made a research about the physical structure of the study area, even as about the laws on the 
subject. About the methodology,a massive fieldwork was done in the wells for the water 
supply P1 and P5 at the Felipe Camarão district, and P2 at Planalto, from May/2014 to 
May/2015. The survey results show that there are contamination of the water intended for 
human consumption in those districts, and that this stems from the improper disposal of solid 
waste in the soil, beyond the absence of adequate sanitation, concluding that there are a latent 
need for public policies that mitigate such problems in the socio-environmental context of this 
area of study. 
Keywords: Urban expansion. Solid waste. Contamination. Groundwater. Social and 
environmental problems. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas 
AESBE – Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais 
ANA – Agência Nacional das Águas 
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
APHA – American Public Health Association 
AQUAPLAN – AQUAPLAN Tecnologia Ltda 
ARSBAN – Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município do Natal 
AWWA – American Water Works Association 
BCZM – Biblioteca Central Zila Mamede 
BNH – Banco Nacional de Habitação 
CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte 
CE – Condutividade Elétrica 
CEF – Caixa Econômica Federal 
CT – Coliformes totais 
CNDU – Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano 
COHAB – Companhia de Habitação Popular do Rio Grande do Norte 
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente 
CONPLAN – Conselho Municipal do Meio Ambiente 
CONSAB – Conselho Municipal de Saneamento Básico 
CONTEGE – Consultoria Técnica de Geologia e Engenharia 
CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 
CURA – Programa da Complementação Urbana Acelerada 
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio 
DIN – Distrito Industrial de Natal 
DNOS – Departamento Nacional de Obras de Saneamento 
DNPM – Departamento Nacional de Pesquisa Mineral 
DQO – Demanda Química de Oxigênio 
EBTU – Empresa Brasileira de Transportes Urbanos 
EIA – Estudo de Impacto Ambiental 
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
FPC – Fonte Potencial de Contaminação 
FUNCERN – Fundação de apoio a Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio 
Grande do Norte 
FUNDHAP – Fundação de Habitação Popular 
GPS – Global Positioning System 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do 
Norte 
IFRN – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 
IGARN – Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte 
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia 
 
 
 
INOCOOP – Incorporadora e Cooperativa Habitacional do Rio Grande do Norte 
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
IP – Infiltração Potencial 
IPLANAT – Instituto de Planejamento Urbano de Natal 
IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo 
MDT – Modelo Digital de Terreno 
MMA – Ministério do Meio Ambiente 
NAAE – Núcleo de Águas, Alimentos e Efluentes 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PLANAT – Planejamento de Recursos Naturais 
PLANSAB – Plano Nacional de Saneamento Básico 
PND – Plano Nacional de Desenvolvimento 
PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente 
PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos 
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos 
PRH – Plano de Recursos Hídricos 
PPCPMN – Programas Prioritários para Cidades de Porte Médio do Nordeste 
PPCS – Plano de Produção e Consumo Sustentável 
PRODETUR – Programa de Desenvolvimento Turístico do Nordeste 
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental 
RPDS – Região de Produção do Distrito Setentrional 
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos 
SAU – Sistema Ambiental Urbano 
SEMA – Secretaria Especial de Meio Ambiente 
SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo 
SERHID – Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos 
SINGREH – Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos 
SINIMA – Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente 
SINIR – Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos 
SINISA – Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico 
SRH – Secretaria de Recursos Hídricos 
SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente 
SRTM – Shuttle Radar Topography Mission 
SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste 
TGS – Teoria Geral dos Sistemas 
URBANA – Companhia de Serviços Urbanos de Natal 
UTM – Universal Transversa de Mercator 
VMP – Valores Máximos Permitidos 
VRQ – Valor de Referência de Qualidade 
WPCF – Water Pollution Control Federation 
ZA – Zona Adensável 
ZAB – Zona de Adensamento Básico 
 
 
 
ZCIT – Zona de Convergência Intertropical 
ZPA – Zona de Proteção Ambiental 
ZPM – Zona de Preservação Moderada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 01. Estrutura esquemática dos capítulos ................................................................... 17 
Figura 02. Fluxograma com as etapas da pesquisa .............................................................. 18 
Figura 03. Representação esquemática do ciclo hidrológico ............................................... 34 
Figura 04. Origens de águas subterrâneas: ocorrência do lençol freático entre a zona saturada 
e a zona não saturada .......................................................................................................... 36 
Figura 05. Localização do nível da água subterrânea em relação à zona do solo ................. 38 
Figura 06. Representação esquemática de aquíferos confinados e livres ............................. 42 
Figura 07. Localização espacial: Brasil – Rio Grande do Norte - Natal ................................ 51 
Figura 08. Mapa de Uso e Ocupação ................................................................................... 52 
Figura 09. Mapa Hipsométrico da área de estudo ............................................................... 63 
Figura 10. Mapa Clinográfico da área de estudo ................................................................. 64 
Figura 11. Mapa Pedológico da área de estudo ................................................................... 67 
Figura 12 Floresta esclerófila existente na Zona Oeste ........................................................ 69 
Figura 13. Mapa Potenciométrico ....................................................................................... 76 
Figura 14. Fluxograma do Sistema Ambiental Urbano - SAU ........................................... 139 
Figura 15. Fotografia: vista do Lixão de Cidade Nova nos anos 1980 ................................ 141 
Figura 16. Mapa Hipsométrico 3D da área de estudo ......................................................... 142 
Figura 17. Mapa de Recorte da área da ZPA 4................................................................... 144 
Figura 18. Fotografia: caminhão depositando resíduos no Lixão de Cidade Nova .............. 146 
Figura 19. Fotografia: percolação das lixívias no solo ...................................................... 146 
Figura 20. Fotografia: Rua do bairro Felipe Camarão sem a presença de saneamento básico e 
coleta regular de resíduos sólidos ...................................................................................... 152 
Figura 21. Contaminação das águas subterrâneas em áreas urbanas ...................................154 
Figura 22. Fotografia: frascos utilizados para a coleta de amostras ................................... 165 
Figura 23. Fotografia: termômetro utilizado para a verificação da temperatura .................. 166 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 01. Climograma – Média histórica de Natal/RN ...................................................... 55 
Gráfico 02. Demonstrativo de Climograma de Natal/RN: maio/2014 a maio/2015 .............. 55 
Gráfico 03. Temperatura Máxima: média histórica e entre maio de 2014 e maio de 2015 ... 56 
Gráfico 04. Temperatura Mínima: média histórica e entre maio de 2014 a maio 2015 ......... 56 
Gráfico 05. Precipitação e balanço hídrico, média histórica (1961-1990) ............................. 58 
Gráfico 06. Precipitação e balanço hídrico no período de maio/2014 a maio/2015 ............... 58 
Gráfico 07. Umidade relativa do ar: período maio/2014 – maio/2015 .................................. 59 
Gráfico 08. Demonstrativo da insolação em Natal/RN: período maio/2014 – maio/2015 ..... 60 
Gráfico 09. Resultados das análises mensais do Nitrato (Poço P1 – F. Camarão) ............... 169 
Gráfico 10. Resultado das análises de condutividade elétrica (Poço P1 – F. Camarão) ....... 171 
Gráfico 11. Resultado das análises da DBO (Poço P1 – F. Camarão) ................................. 172 
Gráfico 12. Resultado das análises da DQO (Poço P1 – Felipe Camarão) ......................... 173 
Gráfico 13. Resultados das análises do Oxigênio Dissolvido (Poço P1 – F. Camarão) ....... 174 
Gráfico 14. Resultados das análises dos Colif. Totais (Poço P1 – F. Camarão) ................ 175 
Gráfico 15. Resultados das análises dos Colif. Termotolerantes (Poço P1 – F. Camarão) .. 176 
Gráfico 16. Resultados da análise mensal de Nitrato (Poço P2 – Planalto) ......................... 177 
Gráfico 17. Resultados da análise mensal da condutividade elétrica (Poço P2- Planalto) ... 178 
Gráfico 18. Resultados da análise mensal do DBO (Poço P2- Planalto) ............................. 179 
Gráfico 19. Resultados das análises mensais do DQO (Poço P2- Planalto) ........................ 180 
Gráfico 20. Resultado das análises mensais do OD (Poço P2- Planalto) ............................. 181 
Gráfico 21. Resultados das análises mensais dos Coliformes Totais (Poço P2- Planalto) ... 182 
Gráfico 22. Análises mensais dos Coliformes Termotolerantes (Poço P2- Planalto) ........... 183 
Gráfico 23. Análise mensal do Nitrato (Poço P5 - F. Camarão) ......................................... 184 
Gráfico 24. Análises mensais da Condutividade Elétrica (Poço P5- Felipe Camarão) ........ 185 
Gráfico 25. Análises mensais da DBO (Poço P5- F. Camarão) .......................................... 186 
Gráfico 26. Análises mensais da Demanda Química de Oxigênio (Poço P5- F. Camarão) . 187 
Gráfico 27. Análises mensais do Oxigênio Dissolvido (Poço P5- Felipe Camarão) ............ 187 
Gráfico 28. Análises mensais de Coliformes Totais (Poço P5- Felipe Camarão) ................ 188 
Gráfico 29. Análises mensais de Coliformes Termotolerantes (Poço P5- F. Camarão) ....... 189 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 01. Principais temas utilizados para a pesquisa e respectivos autores ..................... 24 
Quadro 02. Dados dos objetos de estudo (poços) ................................................................ 62 
Quadro 03. Lixões em Natal – 1920 a 2004 ........................................................................ 91 
Quadro 04. Cronologia das legislações nacionais sobre gestão hídrica no Brasil ............... 110 
Quadro 05. Classificação das Águas Subterrâneas............................................................. 122 
Quadro 06. Partes integrantes do Sistema Ambiental Urbano ............................................ 138 
Quadro 07. Risco de Contaminação dos aquíferos em Natal .............................................. 150 
Quadro 08. Metais Pesados ............................................................................................... 158 
Quadro 09. Parâmetros físico-químicos............................................................................. 158 
Quadro 10. Parâmetros bacteriológicos ............................................................................. 159 
Quadro 11. Organização das águas subterrâneas em classes ............................................. 168 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15 
1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ...................................... 18 
1.1 Etapa de gabinete (pré-campo) ....................................................................................... 19 
1.2 Etapa de campo (Procedimentos operacionais) ............................................................... 22 
1.3 Pressupostos teórico-conceituais ................................................................................... 23 
 
2. ÁGUA SUBTERRÂNEA: CONCEITO, FORMAÇÃO E TIPOLOGIAS ................. 33 
2.1 Conceito de água subterrânea ......................................................................................... 33 
2.2 Formação e composição de aquíferos ............................................................................. 36 
2.3 Tipos de aquíferos .......................................................................................................... 41 
 
3. SITUAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO .............................................. 50 
3.1 Localização e caracterização da área de estudo ............................................................... 50 
3.2 Aspectos climatológico, geoambientais, hidrogeológicos e pedológicos ......................... 53 
 
4. O ESPAÇO URBANO, A CIDADE E A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL 
NATALENSE .................................................................................................................... 77 
 
5. INSTRUMENTOS NORMATIVOS E POLÍTICAS PÚBLICAS ............................... 96 
5.1 Instrumentos normativos das políticas públicas de ordenamento do território de Natal .. 96 
5.2 Instrumentos normativos das políticas públicas nacionais sobre os recursos hídricos .... 110 
5.3 Legislações relativas aos resíduos sólidos e suas implicações ambientais ..................... 125 
 
6. PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS ................................................... 136 
6.1 O Sistema Ambiental Urbano e sua aplicabilidade na área de estudo ............................ 136 
6.2 A constituição do Lixão de Cidade Nova e suas consequências ao ambiente ................. 140 
6.3 A degradação das águas no solo urbano da área de estudo ............................................ 148 
6.4 Os problemas ambientais relativos às águas subterrâneas ............................................. 151 
 
7.COMPORTAMENTO DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS NOS 
POÇOS P1 – P2 – P5 DO ENTORNO DO LIXÃO ....................................................... 156 
7.1 Parâmetros de qualidade das águas monitoradas ........................................................... 159 
7.2 Técnicas de coleta e procedimentos laboratoriais dos parâmetros analisados ................ 164 
7.3 Resultados dos Parâmetros Físico-químicos, Bacteriológicos e Metais no P1.................169 
7.4 Resultados dos Parâmetros Físico-químicos, Bacteriológicos e Metais no P2.................177 
7.5 Resultados dos Parâmetros Físico-químicos, Bacteriológicos e Metais no P5 ................183 
 
8. CONCLUSÕES ............................................................................................................191 
9. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 194
15 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O processo de urbanização no Brasil no último século ocorreu em grande parte das 
cidades de forma acelerada, desigual e consequentemente desordenada, provocando diversos 
problemas socioambientais, ocasionados pela falta de políticas públicas ligadas ao 
planejamento urbano e espacial, que culminou num quadro de instabilidade social e 
ambiental. 
Este quadro tornou-se ainda mais visível em cidades médias e grandes ao longo do 
território brasileiro, e a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, não fugiu de tal 
realidade, pois os fatores de incremento urbano que predominaram no país também 
influenciaram o processo de urbanização natalense, que entre outras questões, foi 
incrementado pelas migrações internas oriundas do interior do estado, principalmente 
advindas do semiárido em busca de melhores condições de vida. 
Desta maneira, a urbanização natalense possuiu um considerável crescimento a partir 
da década de 1970, expandindo a sua área urbanizada em direção às atuais Regiões 
administrativas Sul, Norte e Oeste. Para o Sul, os fluxos de urbanização eram incentivados 
por uma classe social com maior poder aquisitivo, associado a um nascente capital 
imobiliário. 
No entanto, nas Regiões Administrativas Norte e Oeste, os fluxos urbanizadores 
eram ligados a uma população de menor poder aquisitivo, em especial em áreas menos 
valorizadas pelo capital imobiliário, como as dunas e as margens dos rios e lagoas. Nessa 
porção da cidade surgiram moradias precarizadas, originando as áreas de fragilidade em 
questões como saneamento básico e distribuição de água. 
Associada à existência de áreas desinteressantes para o capital imobiliário, houve um 
notável interesse do Governo do Estado em utilizar estas áreas distantes do principal núcleo 
urbano para fins de deposição de resíduos e esta prática associada ao aumento populacional, 
provocou imensos problemas socioambientais. Entre os problemas ambientais, está a 
deposição inadequada dos resíduos em locais inapropriados - Zona de Proteção Ambiental 
(ZPA 4)1, ocasionando percolação das lixívias por mais de três décadas no solo dunar, 
importante filtro natural para a recarga de água subterrânea no lençol freático. 
 
1 ZPA 4 é a Zona de Proteção Ambiental situada nos Cordões de Dunas do Guarapes, presente nos bairros de 
Planalto, Felipe Camarão e Guarapes. Esta ZPA limita-se ao norte com a parte urbana do bairro de Felipe 
Camarão e estuário do rio Jundiaí, ao sul com vazios urbanos do tabuleiro costeiro próximos aos riachos Ouro e 
Prata, a leste com o tabuleiro costeiro em direção à linha férrea e a oeste com a BR-226. 
16 
 
 
 
Sobre a ZPA, sabe-se através dos atuais instrumentos normativos que a mesma 
possui uma notória restrição em sua ocupação, visando “à proteção, manutenção e 
recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos, arqueológicos e científicos, princípios 
existentes nos planos diretores de 1994 e 2007” (NATAL, 1994; 2007). No entanto, nota-se 
que houve lacunas em cumprir esta legislação, uma vez que com a regulamentação da ZPA, a 
partir do Plano Diretor, o lixão ainda se manteve em funcionamento por quase uma década, 
aprofundando a degradação dunar e do lençol freático da área em questão. 
Com isso, tem-se uma sistemática relação entre o processo de urbanização intenso, 
desordenado e mal planejado com o aumento da produção do lixo urbano advindo das zonas 
administrativas de maior poder aquisitivo, sendo estes depositados em áreas naturais, tendo 
como consequência a alteração na qualidade da água que serve ao abastecimento humano. 
Assim, o “Lixão de Cidade Nova”, situado no atual bairro Guarapes, foi o principal 
depósito de resíduos da capital potiguar. Esta área composta por dunas recebeu durante o 
funcionamento do lixão, aproximadamente 04 (quatro) milhões de toneladas de resíduos 
sólidos, formando “paredões” de lixo com cerca de 30 metros de altura (SILVA, 2013). 
Desta forma, a presente pesquisa possui a seguinte questão-problema: “Quais as 
implicações socioambientais do lixão, no que se diz respeito ao chorume produzido, através 
da decomposição da matéria orgânica na contaminação da água destinada ao consumo 
humano nos bairros de Felipe Camarão, Guarapes e Planalto?”. 
Para tanto, a partir da pergunta problema, a pesquisa, tem como objetivo geral 
analisar o cenário socioambiental no que diz respeito ao processo envolvendo a urbanização 
da Região Oeste da capital potiguar, tendo como elemento central de análise o Lixão de 
Cidade Nova e sua interferência na qualidade dos recursos hídricos subterrâneos em especial 
nos bairros de Guarapes, Felipe Camarão e Planalto. Para consolidar o objetivo geral, 
definiram-se os seguintes objetivos específicos: 
 
 Caracterizar o processo de ocupação urbana em Natal, contemplando a Região Oeste e 
os seus três bairros, objetos da pesquisa; 
 Fazer uma análise geohistórica dos instrumentos normativos de ordenamento do 
território de Natal; 
 Identificar e caracterizar a contribuição do lixão na contaminação das águas 
subterrâneas; 
 
 
17 
 
 
 
 Analisar e comparar os resultados das coletas de água com base na Resolução 
396/2008 (CONAMA) e Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde. 
 Propor medidas mitigadoras para as problemáticas analisadas. 
 
Diante do exposto a dissertação foi estruturada em 08 (oito) partes, conforme mostra a 
estrutura esquemática na Figura 01: 
 
Figura 01- Estrutura esquemática dos capítulos 
 
Fonte: elaborado pela autora. 2016. 
18 
 
 
 
 1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA 
 
Os procedimentos metodológicos constituem uma importante sustentação para a 
preparação de um projeto de pesquisa, uma vez que elucidam as etapas que compõem o 
desenvolvimento do trabalho, demonstrando como o problema será abordado empiricamente. 
Desta forma, na presente dissertação, este capítulo foi dividido em duas etapas intituladas 
etapas de gabinete e etapas de campo, nas quais foram expostos os passos dados no decorrer 
da pesquisa, que podem ser visualizados na Figura 02. 
Logo após as etapas da pesquisa, serão detalhados os pressupostos teórico-conceituais 
mais adiante por meio do Quadro 01, demonstrando e ampliando a discussão acerca dos 
principais conceitos e teorias que foram basilares nesta pesquisa. O objetivo é evidenciar os 
principais autores presentes no texto e sua atuação anterior perante o tema proposto neste 
trabalho, compondo assim, o quadro teórico correspondente à etapa de revisão bibliográfica 
do projeto de pesquisa. 
 
Figura 02: Fluxograma com as etapas da pesquisa 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora, 2015. 
 
 
 
19 
 
 
 
1.1 Etapa de gabinete (pré-campo) 
 
Nesta etapa, estão expostas as fases iniciais da pesquisa de acordo com a orientação 
dada para o trabalho – algo relevância para o desenvolvimento do estudo. Os diálogos com o 
orientador e as colaborações feitas pelos demais professores da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (UFRN) contribuíram para o esclarecimento das técnicas e metodologias, 
além da sugestão de autores e conceitos a serem utilizados, bem como o esclarecimento de 
dúvidas que surgiam no decorrer do desenvolvimento do projeto. 
A realização das ações previstas no Plano de Trabalhoseguiu o levantamento 
bibliográfico. Assim, com a seleção do material obtido nesse levantamento, foram 
estabelecidas as teorias e conceitos tidos como referenciais da pesquisa. Deste modo, no 
intuito de reforçar a discussão dos temas estudados, foi feito um levantamento de dados e 
trabalhos anteriores, a fim de tornar tais referenciais concisos. As consultas bibliográficas 
foram realizadas na Biblioteca Central Zila Mamede, da Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte (BCZM) e na Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes 
(CCHLA). Também foram realizadas consultas a sites específicos em meio digital para 
pesquisa e aquisição de artigos e livros, tais como os encontrados nos portais da Agência 
Nacional de Águas (ANA), Ministério do Meio Ambiente, IBGE e bibliotecas virtuais de 
diversas universidades. 
No intuito de conhecer a realidade atual e pretérita da área de estudo, foram 
consultados o Plano Diretor de Natal, fotografias áreas do Lixão de Cidade Nova, documentos 
com o histórico da construção dos poços e o relatório de cadastramento dos poços do sistema 
de captação da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN). 
Como a pesquisa se propõe a trabalhar com coleta e análise de água, observou-se que 
seria indispensável pesquisar sobre os parâmetros de qualidade da água. Tais etapas 
encontram-se descritas no sexto capítulo desta dissertação. 
Outra etapa metodológica importante refere-se à tabulação, classificação e 
interpretação dos dados obtidos no campo para a construção de gráficos que foram 
produzidos através do material proveniente das coletas mensais extraídas em cada um dos 03 
(três) poços monitorados. Com os resultados das amostras d’água obtidas através das análises 
laboratoriais em mãos, foram construídos gráficos no software Microsoft Excel, para a 
compreensão dos índices de contaminação na água através da observação de seu 
comportamento mensal comparando-os ao que a legislação vigente determina. 
20 
 
 
 
No que diz respeito à análise e elaboração cartográfica para a confecção dos mapas, 
foram adquiridos materiais cartográficos (imagens de satélite e arquivos vetoriais) em sites do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais (INPE) e Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e nos órgãos 
visitados CAERN, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB), 
Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município do Natal (ARSBAN). 
Também foram trabalhadas as ortofotos do Programa de Desenvolvimento Turístico do 
Nordeste (PRODETUR), que me foram concedidas através de protocolo no qual constava o 
uso do material para fins de pesquisa acadêmica. 
Nesse ínterim, vale salientar que as cartografias digitais são essenciais, pois mostram 
espacialmente os objetos de estudo e suas implicações socioambientais. Para tal, foram 
utilizadas técnicas cartográficas e de geoprocessamento para a elaboração de mapas 
temáticos, demonstrando a relevância de cada tema na explicação dos problemas e para 
visualização dos principais aspectos físicos, naturais e antrópicos daquele território. Os 
softwares utilizados para a elaboração dos planos de informação, editoração e acabamento dos 
mapas foram o ArcGIS 10.1® e o Google Earth®. 
No que diz respeito à cartografia do presente trabalho, foram confeccionados os 
seguintes produtos cartográficos: 
 
1. Mapa de Localização da área de estudo 
2. Mapa Hipsométrico 3D 
3. Mapa Altimétrico 
4. Mapa Clinográfico (declividade) 
5. Mapa Pedológico 
6. Mapa Potenciométrico 
7. Mapa recorte da área da ZPA 
8. Mapa de uso e ocupação 
 
Para confecção do Mapa de Localização da área de estudo, foram empregadas técnicas 
de geoprocessamento, como a confecção de uma camada vetorial que localiza a área de estudo 
compreendida com as camadas vetoriais do Lixão de Cidade Nova, dos bairros do entorno e 
dos poços estudados. Para tanto, foram utilizados arquivos vetoriais em formato shapefile 
referentes aos limites do estado do Rio Grande do Norte e do município de Natal obtidos no 
21 
 
 
 
site do IBGE. Em seguida, foi adicionada imagem de um globo terrestre com os continentes, 
sendo destacado o território brasileiro. Os pontos que representam a espacialização dos três 
poços estudados foram obtidos em campo utilizando um aparelho Global Positioning 
System® (GPS) portátil da marca Garmin® modelo eTrex 10. No caso da localização do 
Lixão, foi utilizada uma imagem georreferenciada do Google Earth®, e posteriormente foi 
feita a vetorização da imagem, gerando assim uma camada vetorial da área do lixão. 
Na elaboração do Mapa Hipsométrico 3D, foi utilizado o software ArcScene®, no qual 
foi adicionado o Modelo Digital de Elevação (MDE), sendo feito um fator de conversão de 
elevação para valores, além de selecionar a flutuação sobre uma superfície personalizada e 
colocar uma equidistância de 05 (cinco) metros, o que por fim resultou em uma elevação 3D. 
Seguido a isso, selecionou-se os poços estudados e colocou-se a mesma configuração inicial. 
O Mapa Altimétrico da área de estudo foi confeccionado a partir de dados do Shuttle 
Radar Topography Mission (SRTM), com resolução espacial de 90 (noventa) metros, de onde 
foram extraídas as curvas de nível com equidistância de 1metro. Logo após, foi realizado o 
método de interpolação de Bézier para suavizar as curvas de nível, evitando os erros 
topológicos, gerando-se a hipsometria com processo de Modelo Digital de Terreno (MDT), 
com classes de altitudes de 05 (cinco) metros. Foi empregada uma escala de cores graduadas 
para mostrar as distintas altitudes, mostrando os pontos mais elevados do terreno. Também 
foram utilizadas duas camadas vetoriais poligonais, sendo uma referente ao Lixão de Cidade 
Nova e a outra aos limites dos bairros, além das demarcações dos poços, que foram feitas 
através de coordenadas. 
No Mapa Clinográfico, foi feita uma vetorização da Região Oeste, mostrando as 
partes mais declinadas do terreno em graus através da gradação de cores, sendo utilizado 
como mapa base a imagem do Google Earth® e imagens SRTM de radar. Foram utilizados 
sobrepostos à imagem de satélite, shapes de polígonos demarcando os limites dos bairros 
cedidos pela SEMURB. Já os dados do Lixão foram obtidos no trabalho de campo, utilizando 
um aparelho GPS como anteriormente citado, além da Zona de Proteção Ambiental (ZPA 4), 
sendo esta última recortada segundo dados de satélite e posteriormente sobreposta à imagem 
dos bairros. 
Para elaboração do Mapa Pedológico, foram utilizados arquivos vetoriais referentes 
aos limites dos municípios em formato shapefile fornecidos pela SEMURB. Já as classes de 
solos foram fornecidas pela EMBRAPA. 
22 
 
 
 
Para a produção do Mapa Potenciométrico, foram utilizados arquivos vetoriais em 
formato shapefile fornecido pela SEMURB dos limites administrativos de Natal. Os dados do 
Lixão e dos poços obtidos no trabalho de campo e a relação potenciométrica foi feita a partir 
de dados dos poços (profundidade, vazão, nível dinâmico e estático) obtidos através do 
trabalho realizado pela CAERN, sendo fornecido pela ARSBAN. 
Para a confecção do Mapa com recorte da área da ZPA, foi adquirida através do 
PRODETUR uma ortofoto da região metropolitana de Natal no ano de 2010 que foi 
georreferenciada no ArcGIS 10.1®, sendo adicionados arquivos vetoriais correspondentes aos 
limites da ZPA, Lixão e limites dos bairros de Natal. As coordenadas dos poços também 
foram obtidas em trabalho de campo. 
O Mapa de uso e ocupação foi elaborado a partir de ortofotos georreferenciadas pelo 
PRODETUR. Em seguida,para fazer o uso e ocupação foi utilizado o método de classificação 
supervisionada, no qual se objetivou uma classificação mais precisa. Para tanto, as classes que 
foram identificadas,são: paleodunas, residências, vegetação rala, vegetação arbustiva e via 
asfaltada. 
 
1.2 Etapa de campo (Procedimentos operacionais) 
 
Nesta seção do texto estão dispostas as fases de campo, iniciando com as visitas 
técnicas a orgãos e instituições, feitas para a obtenção de dados, materiais e de informações 
pertinentes que serviram de aporte para o desenvolvimento desta pesquisa. Nessas visitas, 
foram abordados e explicados, previamente, aos agentes contatados os procedimentos 
necessários para o desenvolvimento do estudo em questão em busca de parcerias, informações 
e materiais concomitantemente ao levantamento de dados teóricos e cartográficos. 
Nesse contexto, as parcerias firmadas foram necessárias para que fossem obtidos 
auxílios no custeio das análises das amostras de água coletadas, dentre as quais, uso de 
frascos, reagentes, isopor para transporte das amostras, termômetro para medir a temperatura 
da água, suporte de pessoal especializado (técnicos) para realização das análises laboratoriais, 
bem como a concessão de uso do espaço físico do laboratório, onde foram realizados os 
procedimentos analíticos com as amostras de água coletadas. 
Tal parceria foi firmada entre a autora da pesquisa através do Programa de Pós 
Graduação em Geografia e o laboratório do Núcleo de Análises de Água Alimentos e 
Efluentes (NAAE), pertencente ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio 
23 
 
 
 
Grande do Norte (IFRN), que é credenciado e segue os padrões da American Public Health 
Association (APHA) e de organismos nacionais como Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA) e da Portaria 2.914 do Ministério da Saúde. 
Como parte principal da etapa de trabalho de campo, foram feitas visitas técnicas ao 
antigo Lixão de Cidade Nova (que atualmente é designado apenas como “Estação de 
Transbordo”) sendo este um compartimento territorial administrado pela Companhia de 
Serviços Urbanos de Natal (URBANA). Antes mesmo de iniciar as aulas do mestrado, foi 
realizada uma sondagem inicial da área de estudo e inspeção de campo para reconhecimento 
da área e aquisição de imagens, bem como identificação de coordenadas através de GPS. Em 
um segundo momento, no decorrer da pesquisa, as visitas foram direcionadas a compreender a 
logística envolvendo o antigo Lixão e o atual uso do seu território e para a feitura de um 
levantamento de dados cartográficos dos poços de abastecimento com o uso do GPS. Essas 
visitas resultaram na elaboração de mapas cartográficos citados na “etapa de gabinete”, bem 
como na elaboração da escrita de várias etapas do presente estudo. 
Cabe ressaltar que durante as visitas técnicas realizadas na CAERN, foram 
encaminhados diversos ofícios destinados ao diretor técnico do órgão, para que o acesso à 
área de estudo com o objetivo de coletar água dos poços fosse autorizado. Na ARSBAN, 
foram adquiridos documentos contendo dados dos poços (profundidade, diâmetro, destino do 
abastecimento e vazão). Já na SEMURB, foram obtidos materiais para a elaboração da base 
cartográfica. Por fim, antes de iniciar os procedimentos de coleta de água para a pesquisa foi 
necessário ir a campo com profissionais da CAERN para a observação in loco das técnicas de 
coletas em poços de abastecimento público. 
Outra relevante ação foi a avaliação in loco dos impactos socioambientais na área de 
estudo. Nesta etapa, procurou-se seguir os aportes teóricos da Geografia Socioambiental, 
tomando por base o modelo teórico-metodológico do Sistema Ambiental Urbano (SAU) de 
Mendonça (2004). Foram utilizados todos os subsistemas do SAU, sendo estes relacionados 
sistemicamente com os da área observada, visando compreender as dinâmicas envolvendo os 
problemas e o planejamento urbano. 
 
1.3 Pressupostos teórico-conceituais 
 
Nesta etapa, estão expostos as teorias e conceitos que foram empregados na pesquisa, 
direcionando os caminhos percorridos em prol do desenvolvimento das discussões 
empreendidas no trabalho. Com o intuito de demonstrar o alicerce teórico-conceitual 
24 
 
 
 
abordado e de se estabelecer uma melhor relação cognitiva, foi elaborado o Quadro 01, 
contendo os temas trabalhados e as contribuições para a pesquisa, com seus respectivos 
autores. 
 
Quadro 01. Principais temas utilizados e contribuição para a pesquisa e respectivos autores 
Temas Tópicos ou Contribuições Fontes/Referências 
 Teoria Geral dos Sistemas 
 Geossistema, 
 Relações sistêmicas 
 Conceituação sistêmica da 
paisagem, 
 
 Análise geohistórica 
 Relação teórica com a área de estudo 
 Integração do meio natural e com o fator 
humano 
 Estudo das paisagens naturais (na área 
estudada, aplicável para as dunas) 
BERTALANFFY, (1975); 
SOTCHAVA (1977); 
BERTRAND (1972); 
TRICART (1977); 
CHRISTOFOLETTI 
(1979 e 1999). 
 Elementos do Espaço 
geográfico 
 Concepção dos elementos do espaço 
 Relação conceitual com a área estudada 
SANTOS (1985). 
 
 Processo de Urbanização 
 Espaço Urbano 
 Características e análise histórica da 
urbanização 
CORREA, (1995); 
CARLOS (1982 e 1994); 
SANTOS (1994). 
 Estudos das Cidades 
 Estudos Socioambientais 
 Sistema Ambiental Urbano 
(SAU). 
 Interação sociedade-meio ambiente 
 Conceituação dos problemas 
socioambientais urbanos 
MENDONÇA 
(2001, 2004 e 2014). 
 Instrumentos Normativos e 
Políticas Públicas relativos a 
legislação local e nacional 
 Legislações referentes aos 
resíduos sólidos e recursos 
hídricos 
 Planejamento e ordenamento do 
território 
 Planos urbanísticos locais e nacionais e 
relação com as questões ambientais e 
urbanísticas; 
 Análise histórica das legislações locais; 
 Leis relativas ao planejamento e 
ordenamento do território de Natal; 
 Leis referentes aos recursos hídricos; 
 Conceitos relativos aos tipos de resíduos 
 
FIGUEREDO (2006); 
POLÍTICA NACIONAL DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS 
(LEI 12.305/2010); 
RESOLUÇÃO DO CONAMA 
396 (2008); 
PORTARIA MINISTÉRIO DA 
SAÚDE 2.914 (2011); 
TROLEIS (2009); 
CASCUDO (1980). 
CICCO (1920); 
DANTAS (2006); 
BORBA (2007); 
LIMA (1998); 
PLANO DIRETOR DE 
NATAL (2007). 
 Parâmetros de qualidade da 
água 
 
 Compreensão dos parâmetros de controle 
e qualidade da água 
 Conceitos dos parâmetros utilizados na 
pesquisa 
 Concepção dos componentes dos 
Parâmetros de qualidade as águas nos 
poços 
RESOLUÇÃO DO CONAMA 
396 (2008); 
PORTARIA 2.914 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
(2011); 
APHA (2012); 
VON SPERLING (1996); 
BRASIL (2006 e 2014) 
ANA (2011). 
 Água Subterrânea  Conceito de água subterrânea (aquíferos) ABAS (2015); 
FEITOSA & MANOEL 
25 
 
 
 
Elaborado por Kellia Bezerril, 2015. 
Fonte: já citada no corpo do quadro. 
 
 
Após o levantamento bibliográfico demonstrado, foram organizadas as estratégias 
teóricas e conceituais para a escrita do texto, formando o cerne do trabalho de maneira 
sistêmica e integrada. 
Para compreender os elementos que estão inseridos no espaço é necessário 
vislumbrar que todos os fenômenos estão inter-relacionados. Assim, segundo a Teoria Geral 
dos Sistemas (TGS), criada pelo biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy na década de 
1950, o organismo é um todo maior que a soma das suas partes. O modelo conceitual de 
Bertalanffy (1975) vislumbra o organismo vivo como um sistema aberto, ou seja, em contínua 
interação com o ambiente. Tal modelo continha implicaçõesrevolucionárias para a ciência 
social e comportamental. 
Em sua teoria discutia-se a sistemática do todo integrado, influenciando as mais 
diversas áreas da ciência, desde as naturais, passando pelas sociais, sobretudo as aplicadas, 
como a administração, a economia, o direito e a ecologia, não sendo diferente para a 
Geografia. Tal teoria foi responsável pela introdução da forma de ver a realidade de maneira 
holística e integrada, haja vista a complexidade dos fenômenos envolvendo todas as suas 
interdependências. Para Souza (2013), 
 
O estudo da natureza pela Geografia no âmbito acadêmico tem a preocupação de 
desvelar os mecanismos que regem o funcionamento do meio natural e como os seus 
componentes interagem e permitem o relacionamento com as partes que o integram. 
Dentre as teorias geradas pela Geografia na perspectiva da conexão entre as partes 
de um todo, a noção de análise integrada trazida pela teoria geral dos sistemas de 
Bertalanffy (1975) que fora adaptada por Sotchava (1977) na perspectiva de agregar 
os elementos, componentes do meio natural e o fator humano e assim, partições 
territoriais que guardam certa interação entre seus componentes e passam a 
denominar-se de geossistema (...). 
 
 
 Conceituação hidrogeológica de Natal 
 
FILHO (2000); 
BORGHETTI (2004); 
WENDLAND (2003); 
MELO E QUEIROZ (2000); 
MELO (1995). 
 Situação geográfica da área de 
estudo 
 Compreensão dos aspectos físicos e 
sociais da área de estudo 
 Aspectos geológicos; geomorfológicos; e 
pedológicos e climáticos 
CASTRO (1994); 
MELO (1995) 
LUCENA et al (2004); 
NATAL (2012); 
SILVA (2003); 
CPRM (2007). 
26 
 
 
 
Assim, no âmbito da Geografia, a abordagem sistêmica ganhou adeptos, e um dos 
percursores foi Viktor Borisovich Sotchava que formulou a Teoria do Geossistema no sentido 
de aplicar a Teoria Geral de Sistemas ao estudo das paisagens naturais, sejam elas 
modificadas ou não pela ação do homem. Tal teoria pode ser aplicada à área de estudo da 
presente pesquisa, pois na mesma existe a paisagem natural (dunas) modificada pelo homem, 
acarretando uma dinâmica geossistêmica. 
Sotchava (1977) define geossistema como uma classe peculiar de sistemas abertos e 
hierarquicamente organizados. Entre os elementos fundamentais para a diferenciação dos 
geossistemas, o russo enfatizava as características dinâmicas e a evolução das paisagens 
estudadas. Entre as principais características por ele pesquisadas, aparecem a geomorfologia, 
a dinâmica hidroclimática, a pedologia e a botânica, sem esquecer os estudos geoquímicos a 
respeito dos fluxos de matéria e energia. De tal modo, a sua justificativa se fundamenta na 
influência sobre as mais importantes conexões dentro de cada geossistema. Assim, para o 
autor, os geossistemas atuam como sistemas naturais de dimensão local, regional e mesmo 
global, onde os elementos naturais se interligam através de fluxos de matéria e energia, sendo, 
portanto, o geossistema um modelo teórico aplicável a qualquer paisagem, podendo as 
atividades humanas influenciar negativa ou positivamente em seus elementos naturais. 
Além dos trabalhos desenvolvidos por Sotchava, outros autores contribuíram para a 
incorporação e aperfeiçoamento da TGS na Geografia, tendo também como referências, os 
trabalhos dos franceses Jean Tricart e André Cailleux, com a proposição, da escala espaço-
temporal vista nas classificações da paisagem e incorporada à ciência geográfica. 
De acordo com Tricart (1977 p. 17), no momento atual, já não existe nenhum 
ecossistema que não seja modificado pelo homem (...). Assim, enquanto ser intensamente 
participativo do ambiente, o homem provoca modificações que o afetam, independentemente 
do seu grau de desenvolvimento técnico e científico. Ou como diz o autor, “da mesma forma, 
um determinado ambiente pode interferir, ou influenciar o desenvolvimento intelectual do 
homem” (id, p.17). 
 
Para Tricart (ibid. p. 19): 
 
O conceito de sistema é, por natureza, de caráter dinâmico (...) e atualmente, o 
melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio 
ambiente. Ele permite adotar uma atitude dialética entre a necessidade da análise - 
que resulta do próprio progresso da ciência e das técnicas de investigação - e a 
necessidade, contrária, de uma visão de conjunto, capaz de ensejar uma atuação 
eficaz sobre esse meio ambiente. 
27 
 
 
 
Outro geógrafo Francês que adquiriu um rico arsenal teórico e metodológico ao 
incorporar e aperfeiçoar a TGS na Geografia foi Georges Bertrand. Para Monteiro, (1996) foi 
a hierarquização da paisagem proposta por Bertrand (1972) - por sua vez inspirada na 
concepção espaço-temporal de Andre Cailleux e Jean Tricart - que teve maior repercussão na 
Geografia mundial, sobretudo na brasileira. Segundo Monteiro (1996), o artigo de Bertrand 
(1972) representa entre nós, geógrafos brasileiros, o marco inicial da proposta de Paisagem e 
Geografia Física Global através da ideia de geossistema, que considera o homem no estudo da 
paisagem, emergindo assim um novo paradigma. 
Bertrand (1968/2004, p.141) afirma que: 
 
 
A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, em 
uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto 
instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente 
uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em 
perpétua evolução. 
 
 
Entretanto, se a ideia de geossistema for trabalhada em ambientes pouco modificados 
pelo homem (ou seja, grandes extensões de “áreas virgens”) a metodologia aplicada não será a 
mesma que a de uma área fortemente antropizada. Sobre isso, Monteiro (1996, p. 79) 
comenta: 
 
Vale advertir que num país como o Brasil (em algumas áreas) ou numa região como 
a Sibéria, onde a ocupação humana é incipiente ou até mesmo inexiste, a aplicação 
dos geossistemas tende a ser predominantemente naturalista. Mas, nas áreas 
ocupadas, sobretudo as urbano-industriais, que são aquelas onde procedem as 
preocupações corretivas com a qualidade ambiental, haverá forçosamente que 
incorporar as ações antropogênicas. 
 
 
Contudo, em alguns estudos, ainda percebia-se as limitações da abordagem e 
conceituação sistêmica da paisagem baseada apenas na análise da natureza dos aspectos 
naturais do ambiente, deixando de lado relações humanas e suas implicações no meio natural. 
A natureza estudada por seus caracteres naturais de um modo meramente taxonômico muitas 
vezes não respondia às perguntas feitas pelos pesquisadores, justamente por não tratar da 
sociedade inserida nesta natureza. 
Em território brasileiro, as pesquisas envolvendo os geossistemas decorreram de 
estudos dos geógrafos Antônio Christofoletti e Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro. 
Monteiro (1996), afirma a importância do sistema para todas as ciências e reflete que mesmo 
28 
 
 
 
a proposta do mesmo ter surgido no âmbito das ciências naturais a TGS proposta por 
Bertalanffy (1975) extravasou para a ciência como um todo, não podendo por este motivo, 
ficar ausente para a Geografia. 
 
Monteiro (1996, p. 77), argumenta que: 
 
No alvorecer dos anos sessenta principiou, no lado "Físico", a haver uma reação 
àquela tendência especializante. Embora nos tenha chegado aqui no Brasil através da 
escola francesa (com a qual mantivemos sempre laços de tutela) com Georges 
BERTRAND (1968) sabe-se hoje que isto principiou na escola soviética com V. 
SOTCHAVA (1960). Trata-se de um exemplo de convergência: mesmas 
necessidades em lugares diferentes e afastados, capazes de gerar um resultado 
semelhante.Esta reação manifestou-se, em ambos os casos, na proposta de uma 
abordagem mais integradora, formulada como "Geossistemas". Este novo paradigma 
para a Geografia Física não visava apenas aproximar as diferentes esferas do 
“natural”, mas, em o fazendo, facilitar o entrosamento com os fatos "sociais" ou 
"humanos". 
 
Assim, segundo Christofoletti (1979, p. 09), “a aplicação da Teoria Geral dos 
sistemas aos estudos geográficos, serviu para melhor focalizar as pesquisas e para delinear 
com maior exatidão o setor de estudo desta ciência”. Para o autor, no âmbito da ciência 
geográfica há distintas utilidades na aplicação dos sistemas. 
Compreendendo a organização espacial com base nos objetos de análise, ainda 
segundo o autor “a Geografia Humana estuda os sistemas socioeconômicos e a Geografia 
Física, como subconjunto da disciplina Geografia, preocupa-se com o estudo da organização 
espacial dos sistemas ambientais físicos, também denominados de geossistemas” 
(CHRISTOFOLETTI, 1999, p.41). 
Deste modo, percebe-se a relevância da ideia de integração dos elementos naturais e 
sociais, o que no caso da área de estudo contemplada por esta pesquisa, se refere às questões 
relativas aos recursos hídricos subterrâneos (contaminação e uso) ao processo de urbanização 
desordenado e segregador (ocupação de áreas periféricas, Zonas de Proteção Ambiental 
ZPAs) e à gestão do território. Logo, faz-se necessário questionar a intervenção da sociedade 
na natureza a partir da problemática socioambiental, havendo a necessidade da compreensão e 
aplicação de teorias e conceitos de uma Geografia que parta da perspectiva socioambiental, 
entendendo a sociedade e a natureza como indissociáveis. 
Em se tratando dos resíduos urbanos, serão avaliadas as legislações referentes as 
normatizações destes, relacionados com a proteção ambiental no âmbito das cidades, bem 
como os conceitos relativos aos tipos de resíduos. 
29 
 
 
 
A produção de resíduos está cada vez mais acentuada, principalmente nas médias e 
grandes cidades. De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o lixo pode ser classificado pela sua natureza física 
em seco ou molhado; pela sua composição química, como orgânico ou inorgânico; e 
conforme apresente riscos, em nocivo ou perigoso. O lixo pode ser também classificado de 
acordo com a sua origem em lixo doméstico (pós-consumo), comercial, industrial, hospitalar, 
público, agrícola, nuclear e entulho (RODRIGUES & GRAVINATTO 2008). 
Segundo o dicionário Houaiss (2002) o lixo é definido como qualquer objeto sem 
valor ou utilidade, detrito oriundo de trabalhos domésticos e industriais que se joga fora. O 
lixo também é visto como todo e qualquer resíduo proveniente das atividades humanas ou 
gerados pela natureza em aglomerações urbanas (SEAC-SP, 2015), além de ser amplamente 
associado no imaginário à sujeira, imundície, coisa ou coisas inúteis, velhas e sem valor. 
A conotação que se dá aos resíduos, à medida que são considerados recicláveis, 
decorre, principalmente, do papel desempenhado por setores sociais imbuídos de um discurso 
ambientalista ou econômico que afirma que os recursos estão cada vez mais escassos, 
atribuindo um caráter de utilidade ao que antes era apenas inútil (CARMO, 2009). 
Vale ressaltar que há uma confusão conceitual entre resíduo e lixo, os quais são 
considerados, por alguns autores, como sinônimos. Contudo, há uma singularidade técnica 
que os distingue. Para Carmo (2009), o lixo é definido, historicamente, como qualquer objeto 
sem valor ou utilidade; detrito oriundo de trabalhos domésticos, industriais etc. que se joga 
fora. O termo “lixo” passa a ser designado “resíduo” a partir do século XX, em função do 
material que começa a ser descartado posteriormente ao advento da sociedade consumidora. 
Embora lixo e resíduo sejam usados cotidianamente como sinônimos, este último estaria 
associado ao material sólido classificável, aproveitável, reutilizável, reciclável, etc., em 
oposição ao rejeito, se referindo ao que não pode ser aproveitado. 
Deste modo, o lixo seria portador de um simbolismo que, devido à decomposição e 
ao odor, geram não só repugnância, mas também a associação com aquilo que é rejeitado. Há 
uma diferenciação semântica entre o que se entende por lixo e resíduo, uma vez que o último 
apresenta uma semântica positiva do material, sendo associado a reciclável, reaproveitável e 
útil, enquanto o primeiro está relacionado, como mencionado, à sujeira, imundície, mau odor 
e perigo (BRONZATTO & OLIVEIRA, 2014). 
Há diversas classificações no que diz respeito aos resíduos, contudo, será abordado 
neste trabalho apenas as características dos resíduos mais recorrentes na produção de uma 
30 
 
 
 
cidade, os quais, estão descritos segundo a Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, 
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em concordância com o marco 
legal. Logo, de acordo com o regimento, os resíduos são diferenciados em: 
Resíduo Domiciliar Urbano: constituído pelo lixo das casas, bares, lanchonetes, 
restaurantes, repartições públicas, lojas, supermercados, feiras e do comércio. Compõem-se 
principalmente de sobras de alimentos, embalagens, papéis, papelões, plásticos, vidros, trapos 
e etc. quando corretamente, encaminhado para aterros sanitários. 
Resíduo de Limpeza Urbana: originário da varrição, limpeza de logradouros e vias 
públicas e outros serviços de limpeza urbana; 
Resíduo Industrial: Gerado nos processos produtivos e instalações industriais. 
Constitui características peculiares dependendo das matérias-primas utilizadas. Pode ser 
perigoso e até mesmo tóxico, e por isso, a menos que passe por processos de tratamento 
específicos, não pode ter sua disposição final no mesmo local do lixo domiciliar. 
Resíduo Hospitalar: originados nos serviços de saúde, conforme definido em 
regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio 
Ambiente - SISNAMA e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil – SNVS. É 
produzido pelos hospitais e clínicas médicas e odontológicas. Devido às múltiplas 
possibilidades na transmissão de patogêneses, assim como o lixo industrial deve ser 
transportado em veículos especiais ou passar por processos de tratamento específico, devendo 
ser deposto em local apropriado, e em alguns casos, incinerados. 
Resíduos Tecnológicos: compostos por aparelhos eletroeletrônicos, como televisores, 
rádios e computadores, eletrodomésticos, câmeras, celulares e tablets, além de parelhos em 
geral que possuem pilhas e baterias. 
Resíduo da construção civil: gerados nas construções, reformas, reparos e 
demolições de obras de construção civil, incluindo os resultantes da preparação e escavação 
de terrenos para obras civis. 
As propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas dos resíduos devem ser 
levadas em consideração no processo da destinação final, pois em alguns de seus constituintes 
há diversas substâncias que podem provocar danos ao ambiente e consequentemente riscos à 
saúde pública. Prontamente percebe-se a importância de um local apropriado segundo as 
normas técnicas para a deposição final desses resíduos. (BRASIL, 2010) 
31 
 
 
 
A forma pela qual ocorre a destinação dos resíduos, muitas vezes em lixões, rios, 
terrenos baldios, e outros, além dos riscos à saúde pública, tem como consequências a 
poluição do solo, do ar e a contaminação das águas superficiais e subterrâneas. 
A exemplo de outras cidades brasileiras, no início dos anos 1970 a cidade de Natal, 
passou a gerar novas demandas no campo da prestação de serviços públicos, entre estas a 
coleta e a destinaçãofinal do lixo produzido. Tal serviço, entretanto, tornou-se um problema 
cada vez mais latente para a cidade. Neste período, os lixões a céu aberto eram a única 
alternativa para o destino final do lixo produzido. 
Segundo Troleis (2009 p. 104), 
 
Os lixões caracterizam-se por serem locais que recebem resíduos sem nenhum tipo 
de preparação de base ou procedimento operacional específico. Por isso, são áreas 
altamente degradadas, que proporcionam a poluição das águas de superfície e de 
lençol freático, poluição do ar, do solo, geração de vetores (como moscas, ratos, 
insetos, etc), ameaçam as circunvizinhanças, não possuem controle e fiscalização do 
ingresso de resíduos e, frequentemente, incendeiam-se. 
 
 
Nesta perspectiva foram avaliados os instrumentos normativos relativos ao 
planejamento e ordenamento do território da cidade de Natal, que foram analisados segundo a 
PNRS (2010) e pelo Plano Diretor de Natal (2007). Aliadas a estas leis, está disposta no 
decorrer do texto a avaliação dos problemas socioambientais locais a partir de estudos 
cronológicos segundo pressupostos feitos por Lima (1998); Dantas & Figueiredo (2006) e 
Borba (2007). Tais autores contribuíram na elaboração do estudo da cidade numa perspectiva 
ambiental, seguindo uma lógica onde as políticas públicas estão presentes em todos os 
aspectos constituintes de uma cidade. Nesse intuito, é importante conceituar os Planos 
urbanísticos locais e nacionais e a relação com as questões ambientais e urbanísticas, além de 
se fazer uma abordagem histórica das legislações locais e sua importância para o ordenamento 
e planejamento do território de Natal. 
Nesta lógica de compreensão das normas relativas ao planejamento e ordenamento 
do território, pode-se também inserir as legislações relativas à qualidade da água e dos 
recursos hídricos. Com esse objetivo, durante o texto foram empregados os conceitos de Von 
Sperling (1996), que introduz sobre a qualidade das águas expondo suas características e 
noções a respeito da legislação e do impacto do lançamento de efluentes nos corpos 
receptores, bem como sobre os valores máximos permitidos que determinadas substâncias 
podem estar presentes. 
32 
 
 
 
Ainda sobre a qualidade da água, foram utilizadas a Resolução n° 396 de 03 de abril 
de 2008, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (BRASIL, 2008) e a Portaria 
2.914 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), que determinam os padrões das águas 
subterrâneas a serem mantidos ou atingidos, adequando-se aos níveis exigidos dispostos 
nestas normas federais, comprometendo-se com a saúde e o bem estar humano. 
Destaca-se então que o foco ambiental deste estudo está relacionado aos impactos 
socioambientais, fazendo-se necessária a distinção entre a conceituação do que é poluição e 
contaminação. Em termos comuns, poluição é qualquer fator que altera as características 
físicas do recurso hídrico e no aspecto do sistema original, (água, ar, solo, etc.) deixando-o 
visualmente afetado, sujo e visivelmente “feio”. Trata-se segundo Nass (2002) “de uma 
alteração ecológica, ou seja, uma alteração na relação entre os seres vivos, provocada pelo ser 
humano, que cause danos aos recursos naturais como a água e o solo e impedimentos a 
atividades econômicas como a pesca e a agricultura”. 
Já o conceito de contaminação, se caracteriza pelos fatores patógenos ou químicos que 
alteram suas características naturais. Tomando por exemplo, a água de um rio, esta pode estar 
poluída por sólidos em suspensão (suja, barrenta) e pode não estar contaminada. Porém, estará 
contaminada se tiver algum microorganismo patogênico (bactérias, metais etc.) ou ainda 
algum contaminante químico. (AMORIM, 2005) 
Associado ao conceito de contaminação, Branco (1991), aponta que a qualidade das 
águas não se refere a um “grau de pureza absoluto” ou mesmo próximo do absoluto, mas 
refere-se a um padrão tão próximo quanto possível do natural, isto é, da água tal como se 
encontra nos rios, nascentes e lençol freático antes do contato com o homem. 
Para a caracterização geral das águas, foram abordados os conceitos de água 
subterrânea da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS, 2015) e de Feitosa & 
Manoel Filho (2000). Já para a caracterização local, foram utilizados diversos trabalhos que 
abordassem o tema entre eles os de Melo (1995 e 2008) e Castro (1994). 
Segundo os estudos realizados por Melo (1995), os sedimentos tercio-quaternários 
guardam um sistema hidráulico único denominado sistema aquífero Dunas e Barreiras, 
também sendo chamado neste texto de “Dunas-barreiras.” Para o entendimento destas e 
outras características, tanto físicas como sociais, foi necessário fazer um levantamento 
bibliográfico de temas e autores que abordassem sobre a situação geográfica da área de 
estudo. Para uma melhor compreensão do tema recursos hídricos subterrâneos, serão 
caracterizadas sua importância, formação e tipologias, no capítulo a seguir. 
33 
 
 
 
2. ÁGUA SUBTERRÂNEA: IMPORTÂNCIA, CONCEITOS, FORMAÇÃO E 
TIPOLOGIAS 
 
2.1 Conceito de água subterrânea 
 
No que diz respeito aos estudos hidrogeológicos, como já dito, é essencial 
compreendê-los, visto que o presente trabalho trabalha com dados de água subterrânea. Logo, 
o objetivo desta seção é demonstrar a importância e ocorrência das águas subterrâneas para o 
abastecimento hídrico. Seguindo esse princípio, segundo a ABAS (2015), a água subterrânea 
é toda água que ocorre abaixo da superfície da Terra, preenchendo os poros ou vazios 
intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas 
compactas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão e de gravidade) desempenha um 
papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos. 
Sobre a origem e circulação, o conceito de infiltração foi introduzido no ciclo 
hidrológico por Horton (1993 apud FEITOSA & MANOEL FILHO, 2000), que definiu a 
capacidade de infiltração potencial (IP) como sendo a taxa máxima que um solo pode 
absorver a precipitação. Em tal conceituação, o autor admite que a infiltração seria 
exponencialmente decrescente com o tempo, havendo deste modo um valor máximo inicial e 
uma taxa constante. 
Ainda sobre o ciclo hidrológico (ou simplesmente “ciclo da água”) sabe-se que o 
mesmo é um movimento contínuo da água presente nos oceanos, continentes (superfície, solo 
e rocha) e na atmosfera. Esse movimento é alimentado pela força da gravidade e pela energia 
do Sol, que provocam a evaporação das águas dos oceanos e dos continentes. Na atmosfera, 
formam-se as nuvens que quando carregadas, provocam precipitações, na forma de chuva, 
granizo, orvalho e neve. Nos continentes, a água precipitada pode seguir os diferentes 
caminhos, segundo Borghetti (2004): 
 
 Infiltra e percola (passagem lenta de um líquido através de um meio) no solo ou nas 
rochas, podendo formar aquíferos, ressurgir na superfície na forma de nascentes, 
fontes, pântanos, ou alimentar rios e lagos; 
 Flui lentamente entre as partículas e espaços vazios dos solos e das rochas, podendo 
ficar armazenada por um período muito variável, formando aquíferos; 
34 
 
 
 
 Escoa sobre a superfície, nos casos em que a precipitação é maior do que a capacidade 
de absorção do solo; 
 Evapora retornando à atmosfera. Em adição a essa evaporação da água dos solos, rios 
e lagos, uma parte da água é absorvida pelas plantas. Essas, por sua vez, liberam a 
água para a atmosfera através da transpiração. A esse conjunto, evaporação mais 
transpiração, dá-se o nome de evapotranspiração; 
 Congela formando as camadas de gelo nos cumes de montanha e geleiras. 
 
Entretanto,apesar das distintas denominações, é importante sempre salientar - por 
mais primária que seja tal afirmação - que na realidade a água é uma só, e está sempre 
mudando de condição. Assim, a água que precipita na forma de chuva, neve ou granizo já 
esteve no subsolo, em icebergs e passou pelos rios e oceanos. Ou seja, a água está sempre em 
movimento: é graças a isso que temos a chuva, a neve, os rios, lagos, oceanos, as nuvens e o 
objeto deste trabalho, ou seja, as águas subterrâneas (BORGHETTI, 2004). 
Portanto, as águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico, uma vez que 
constituem uma parcela da água precipitada, sendo que, após a precipitação, as águas atingem 
o solo, se infiltram e alcançam o interior do subsolo, conforme demonstrado na Figura 03: 
 
Figura 03 – Representação esquemática do ciclo hidrológico 
 
Fonte: BORGHETTI, 2004. 
 
 
 
 
35 
 
 
 
De tal modo, consolidando esta breve discussão, temos que para Borghetti (2004, 
p.16): 
A água é um dos elementos reguladores do equilíbrio do sistema natural global. Esse 
sistema está determinado pelas relações existentes entre a biosfera, a atmosfera, a 
litosfera e a hidrosfera, nas quais a água se movimenta graças a sua capacidade de 
mudança de estado físico, em um ciclo permanente e em uma relação determinante 
da vida e das atividades produtivas do ser humano e da natureza 
 
 
Seguindo tal raciocínio para vias práticas, tem-se que na Resolução CONAMA nº 
396/08 consta que águas subterrâneas “são águas que ocorrem naturalmente ou artificialmente 
no subsolo”. Quase toda essa água tem origem no ciclo hidrológico, que como já foi ilustrado, 
é um sistema pelo qual a natureza faz a água circular do oceano para a atmosfera e para os 
continentes, de onde retorna superficial ou subterraneamente ao oceano (FEITOSA & 
MANOEL FILHO, 2000). Assim, os recursos hídricos subterrâneos de natureza potável são 
de importância vital à saúde e processos metabólicos humanos, além de serem primordiais 
como fonte hídrica necessária ao desenvolvimento social como um todo. 
 Desta forma, a água subterrânea, preenche os poros ou vazios intergranulares das 
rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas compactas, e que sendo 
submetida a duas forças (de adesão e de gravidade) desempenham um papel essencial na 
manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos (BORGUETTI, 2004). 
 Portanto, as águas subterrâneas cumprem uma relevante fase do ciclo hidrológico, 
uma vez que constituem uma parcela da água precipitada. Após a precipitação, parte das 
águas que atinge o solo se infiltra e percola no interior do subsolo durante períodos de tempo 
extremamente variáveis e decorrentes de muitos fatores, nos quais se destaca a presença de 
argila no solo, que diminui sua permeabilidade, não permitindo assim uma grande infiltração; 
a cobertura vegetal, pois um solo coberto por vegetação é mais permeável do que um solo 
desmatado; a inclinação do terreno, uma vez que em declividades acentuadas a água corre 
mais rapidamente, diminuindo a possibilidade de infiltração e, por fim, o tipo de chuva, já que 
precipitações intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que chuvas finas e demoradas 
têm mais tempo para se infiltrarem. De todo modo, tais fatores serão mais bem visualizados 
na formação e composição dos aquíferos a seguir. 
 
 
 
 
36 
 
 
 
2.2 Formação e composição dos aquíferos (águas subterrâneas) 
 
Aprofundando a compreensão sobre as águas subterrâneas, segundo Borguetti (2004), 
durante a infiltração, uma parcela da água, sob a ação da força de adesão ou de capilaridade, 
fica retida nas regiões mais próximas da superfície do solo, constituindo o que se chama de 
zona não saturada. Ao mesmo tempo, outra parcela, sob a ação da gravidade, atinge as zonas 
mais profundas do subsolo, constituindo a zona saturada, como pode ser visualizado na 
Figura 04: 
 
Figura 04 – Origens de águas subterrâneas: ocorrência do lençol freático entre a zona saturada e a zona não 
saturada 
 
Fonte: BORGUETTI, 2004. 
 
 
Deste modo, como aponta o referido autor, dentre os componentes das águas 
subterrâneas, destaca-se a zona não saturada, também chamada de zona de aeração ou 
vadosa, que é a parte do solo que está parcialmente preenchida por água. Nesta zona, 
pequenas quantidades de água distribuem-se uniformemente, sendo que as suas moléculas se 
aderem às superfícies dos grãos do solo. Nesta zona, ocorrem os fenômenos da transpiração 
pelas raízes das plantas, de filtração e de autodepuração da água. 
Dentro desta zona, também se encontra o que se conhece por zona de umidade do solo, 
correspondendo à parte mais superficial, onde a perda de água de adesão para a atmosfera é 
37 
 
 
 
intensa. Em alguns casos, é muito grande a quantidade de sais que se precipitam na superfície 
do solo após a evaporação dessa água, dando origem a solos salinizados ou a crostas 
ferruginosas (lateríticas). Esta zona serve de suporte fundamental da biomassa vegetal natural 
ou cultivada da Terra e da interface atmosfera / litosfera. 
Também há notoriedade para a zona intermediária, que corresponde à região entre a 
zona de umidade do solo e da franja capilar, com umidade menor do que nesta última e maior 
do que a da zona superficial do solo. Em áreas onde o nível freático está próximo da 
superfície, a zona intermediária pode não existir, pois a franja capilar atinge a superfície do 
solo. São brejos e alagadiços, onde há uma intensa evaporação da água subterrânea. 
Sobre a franja de capilaridade, trata-se da região mais próxima ao nível d’água do 
lençol freático, onde a umidade é maior devido à presença da zona saturada logo abaixo. Há 
ainda a zona saturada, que é a região abaixo da zona não saturada onde os poros ou fraturas 
da rocha estão totalmente preenchidos por água. Assim, as águas atingem esta zona por 
gravidade através dos poros ou fraturas até alcançar uma profundidade limite, onde as rochas 
estão tão saturadas que a água não pode penetrar mais. Para que haja infiltração até a zona 
saturada, é necessário primeiro satisfazer as necessidades da força de adesão na zona não 
saturada. 
Nesta zona, a água corresponde ao excedente de água da zona não saturada que se 
move em velocidades muito lentas (em/dia), formando o manancial subterrâneo propriamente 
dito. É necessário observar que uma parcela dessa água irá desaguar na superfície dos 
terrenos, formando as fontes e “olhos d’água”. A outra parcela desse fluxo subterrâneo forma 
o caudal basal que deságua nos rios, perenizando-os durante os períodos de estiagem ou 
simplesmente deságua diretamente nos lagos e oceanos. 
Outro ponto a ser colocado é que a superfície que separa a zona saturada da zona de 
aeração é chamada de nível freático, que corresponde ao topo da zona saturada. Dependendo 
das características climatológicas da região ou do volume de precipitação e escoamento da 
água, esse nível pode permanecer a grandes profundidades ou se aproximar da superfície 
horizontal do terreno, originando as zonas encharcadas ou pantanosas ou convertendo-se em 
mananciais (nascentes) quando se aproxima da superfície através de um corte no terreno, 
como observado na Figura 05: 
 
38 
 
 
 
Figura 05 - Localização do nível da água subterrânea em relação à zona do solo 
 
 
Fonte: BORGUETTI, 2004. 
 
 
Sobre a distribuição global das águas superficiais, Borghetti (2004) aponta que há uma 
considerável variabilidade, uma vez que as mesmas se inter-relacionam no ciclo hidrológico e 
dependem das condições climatológicas. Estima-se que as águas subterrâneas no planeta 
sejam 100

Outros materiais