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Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ Campus Alto Paraopeba - CAP TRANSFORMADORES César Augusto Ouro Branco - MG 1. INTRODUÇÃO Os transformadores de tensão, chamados normalmente de transformadores, são dispositivos capazes de aumentar ou reduzir valores de tensão. Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um material altamente imantável, e duas bobinas com número diferente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobina que recebe a tensão da rede) e secundário (bobina em que sai a tensão transformada). O princípio básico de funcionamento de um transformador é o fenômeno conhecido como indução eletromagnética: quando um circuito é submetido a um campo magnético variável, aparece nele uma corrente elétrica cuja intensidade é proporcional às variações do fluxo magnético Através do metal, o fluxo magnético quase não encontra resistência e, assim, concentra-se no núcleo, em grande parte, e chega ao enrolamento secundário com um mínimo de perdas. Ocorre, então, a indução eletromagnética: no secundário surge uma corrente elétrica, que varia de acordo com a corrente do primário e com a razão entre os números de espiras dos dois enrolamentos. Atualmente os transformadores são extremamente eficientes, devido a isso quase não há perda de energia na transferência do primário para o secundário, no entanto essa perda ainda existe, sendo que a maior parte da energia perdida é transformada em calor, por causa desse fator, que os fios envolvidos no sistema ficam muito quentes, sendo que se não forem resistentes o suficientes podem superaquecer. A tensão na entrada e na saída são proporcionais ao número de espiras em cada bobina, podendo ser calculado através da fórmula: Onde : ● é a tensão no primário; ● é a tensão no secundário; ● é o número de espiras do primário; ● é o número de espiras do secundário. 2. OBJETIVOS Esse experimento tem por objetivo demonstrar o funcionamento de um transformador, sendo possível observar como diferentes números de espiras afetam a energia elétrica gerada. Também possibilitando observar como a corrente elétrica gera um campo magnético. 3 PROCEDIMENTOS Os procedimentos foram divididos em três partes, sendo que na primeira determinou-se a relação entre o número de espiras e a tensão no secundário, na segunda encontrou-se as relações de transformação e na terceira analisou-se o campo magnético de uma espira com alta intensidade de corrente. PARTE 1: Inicialmente montou-se o transformador no enrolamento primário usando o núcleo e uma bobina com 800 espiras. Assim, com um cabo banana enrolou-se apenas uma espira no secundário do transformador, sendo que uma ponta do cabo conectou-se na entrada do multímetro e a outra conectou-se no terminal “COM”. Feito as conexões, ligou-se a fonte de tensão e o multímetro para medir tensões alternadas. Em seguida, o valor indicado de tensão no multímetro foi anotado e a tensão foi desligada. Com isso, pegou-se novamente os cabos e enrolou mais uma vez no secundário do transformador e a partir daí realizou-se novamente a medição de tensão pelo multímetro e observou-se o resultado. Tal processo foi repetido para 3, 4, 5 e 6 espiras no secundário e obteve-se uma tabela com tais valores, informando o número de espiras, tensão no secundário e a razão entre as duas grandezas anteriores. PARTE 3: Inicialmente montou-se o transformador colocando uma bobina de 400 espiras no primário e outra de 5 espiras no secundário, sendo que nos terminais do secundário conectou-se o condutor em forma de espira, encaixando-o também na placa de acrílico. Em seguida, colocou-se uma folha de papel embaixo da placa de acrílico para evitar desperdício de limalha de ferro e espalhou-se um pouco da limalha sobre a placa de acrílico. Com a limalha sobre a placa, conectou-se a chave liga-desliga por apenas alguns segundos à rede de energia e ao primário do transformador. Logo após fez-se um desenho da configuração que as limalhas de ferro assumiram. Por fim, trocou-se o condutor em forma de espira pelo condutor retilíneo, depois pelo condutor com dois ramos paralelos e por último pelo solenóide. Para cada caso ligou-se o transformador por apenas alguns segundos e desenhou-se a configuração que as limalhas de ferro assumiram. 4. RESULTADOS O experimento contava com duas partes. Na primeira, o transformador foi montado conforme o indicado: usamos o núcleo e uma bobina com 800 espiras que foi considerada o enrolamento primário. A fonte de tensão continha 126,3V. Enrolamos duas espiras com o cabo de ligação no secundário do transformador e anotamos a tensão indicada no multímetro. A partir disso, enrolamos o cabo mais uma vez no secundário e novamente anotou-se a tensão obtida sucessivamente até atingirmos 6 voltas. Os dados obtidos são mostrados na tabela abaixo. Número de espiras no secundário Tensão obtida (V) 2 0,1 3 0,2 4 0,3 5 0,5 6 0,6 Tabeala 3.1 – Relação entre tensão obtida x número de espiras no secundário. Mais adiante, montamos o transformador novamente com uma bobina de 400 espiras no primário e outra de 5 espiras no secundário. Após isso, conectamos nos terminais do secundário diferentes geometrias de condutores: em forma de espira, um fio retilíneo, com dois fios paralelos e um solenoide. Também encaixamos uma placa de acrílico para servir de apoio às limalhas de ferro que foram esparramadas por cima da mesma. Para cada vez que conectamos os condutores, ligamos o transformador por apenas alguns segundos na fonte e observamos as configurações formadas pelas limalhas de ferro. 5. CONCLUSÃO Os resultados foram bem próximos com o esperado na teoria, isso é comprovado com os resultados obtidos nas relações das espiras no primário e no secundário com as respectivas relações de entrada e saída das tensões. É Perceptível também que o aumento da tensão no secundário é diretamente proporcional com o aumento das espiras no secundário e inversamente proporcional com o número de espiras no primário. Além disso foi perceptível analisar as linhas de campo magnético utilizando as limalhas de ferro nas espiras, isso se confirma analisando as imagens presentes na parte 3 dos resultados. 6. REFERÊNCIAS HALLIDAY, D., Resnick, R. Walker, J - Fundamentos de Física 3 – Tradução BIASI Ronaldo Sérgio de, - Rio de Janeiro: Livros técnicos e Científicos Editora, 8a Edição, 2007 YOUNG, H. D.; FREEDMAN R. A. Física III: Eletromagnetismo.Tradução de Sonia Midori. 12 ed. Pearson, São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. NEVES, Eurico; MUNCHOW, Rubi. Transformadores elétricos. Disponível em: <http://minerva.ufpel.edu.br/~egcneves/biblioteca/caderno_elet/cap_08.pdf>. Acesso em: 19 de Novembro de 2014. MORAES, Everton. O Trafo - O transformador monofásico. Disponível em: < http://www.saladaeletrica.com.br/trafo-monofasico/ >. Acesso em: 19 de Novembro de 2014. ANEX O Questão 1: Explique em detalhes o funcionamento de um transformador. R: O transformador é baseado em dois princípios: o primeiro, descrito via lei de Biot-Savart, afirma que corrente elétrica produz campo magnético (eletromagnetismo); o segundo, descrito via lei da indução de Faraday, implica que um campo magnético variável no interior de uma bobina ou enrolamento de fio induz uma tensão elétrica nas extremidades desse enrolamento (indução eletromagnética). A tensão induzida é diretamente proporcional à taxa temporal de variação do fluxo magnético no circuito. A alteração na correntepresente na bobina do circuito primário altera o fluxo magnético nesse circuito e também na bobina do circuito secundário, esta última montada de forma a encontrar-se sob influência direta do campo magnético gerado no circuito primário. A mudança no fluxo magnético na bobina secundária induz uma tensão elétrica na bobina secundária. Questão 2: Explique porque uma usina de geração de energia elétrica utiliza transformadores nas suas linhas de transmissão. R: Para minimizar as perdas de energia durante a transmissão, por essa razão utiliza-se transmissão de energia à altas tensões, visto que a tensão e a corrente são inversamente proporcionais, minimizando assim o efeito joule. Em seguida utiliza-se transformadores para que essa alta tensão seja reduzida de forma que seja possível utilizar a nível residencial. Questão 3: Através da lei de indução de Faraday, obtenha a tensão no enrolamento secundário com a tensão no enrolamento primário e o número de espiras nos enrolamentos primário e secundário. R: Consideraremos, para iniciar, que o enrolamento (B) está aberto, ou seja, por ele não circula corrente alguma. Suponhamos que aos terminais do enrolamento (A) seja aplicada uma tensão alternada Ua = U0*sen(wt), que produz no mesmo uma corrente elétrica Im (Corrente de Imantação). Essa corrente excita no núcleo de ferro um fluxo magnético , sendo Na o número de espiras do enrolamento primário e Na m)/Rm φ = ( * I Rm a relutância do núcleo de ferro. Porém, como im varia com o tempo, o mesmo ocorre com o fluxo e o fluxo φ variável determina em cada uma das Na espiras do enrolamento primário uma força eletromotriz d /dt , e no total uma força eletromotriz: E= -Na*(d /dt). Se R1 é a φ φ resistência ôhmica do enrolamento primário, teremos: Ua + E = R1*Im. Porém, R1 é sempre pequeno e podemos considerar R1 = 0, obtendo-se então Ua + E = 0 , ou seja: U0*sen(w.t) = Na*(d /dt). φ Resolvendo a equação diferencial por integração temos: = - (U0 / φ (w*Na))*cos(w*t), ainda assim podemos reescrever a equação deixando na seguinte forma: = (U0 / (w*Na))*sen(w*t - /2) φ π O fluxo magnético no núcleo de ferro apresenta, portanto, a mesma forma senoidal que a tensão primária Ua, porém tem sua fase atrasada de /2 com relação a π tensão. A relação acima, entre o fluxo e a tensão primária Ua existe sempre no φ enrolamento primário, inclusive quando existir corrente no enrolamento secundário, já que é uma consequência necessária da relação sempre válida Ua + E = 0. O fluxo atravessa todo o núcleo de ferro e, portanto, passa também através φ das Nb espiras do enrolamento secundário. O fluxo , variável com o tempo, induz φ nesse enrolamento secundário uma força eletromotriz E2 = - Nb*(d /dt) e, portanto, φ d /dt = E2/(-Nb) que levada à expressão: U0*sen(w*t) = Na*(d /dt) fornecerá: φ φ E2 = - (Nb / Na)*U0*sen(w*t) ou E2 = (Nb / Na)*Ua*sen(w*t - ) π O fluxo vale = (Nb*Ib)/Rm e sendo = (Na*Ia)/Rm , pelo fato de ser 2 φ 2 φ 1 φ = 0 ,podemos por: 1 φ2 φ + Partindo do principio de que a Pa = Pb, podemos escrever o seguinte: E1/E2 = U1/U2 U1/U2= N1/N2 Questão 4: Que relação de proporcionalidade existe entre o número de espiras e a tensão no secundário do transformador? R: Utilizando U1/U2= N1/N2, convencionando que a tensão de entrada de um transformador é no primário, quando: N1>N2, a tensão no secundário é menor que a tensão no primário. N1<N2, a tensão no secundário é maior que a tensão no primário. Questão 5: Qual o comportamento da tensão no secundário do transformador quando se duplica o número de espiras? R: A tensão duplica, pois se N2 aumenta, a tensão no secundário também aumenta. Questão 6: Quantas espiras deve ter a bobina secundária de uma campainha (voltagem secundária 5 V) se a bobina primária tem 1200 espiras e 220 V apicados a ela? R: U1/U2= N1/N2 220/5 = 1200/N2 N2 = 27,27 A bobina do secundário deve ter entre 27 e 28 espiras. Questão 7: O que representam essas configurações que a limalha de ferro assume? R: Representam as linhas de campo de cada configuração de bobina/espira/senoide.
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