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AO DOUTO JUIZO DE DIREITO DA 40ª VARA CIVEL DA COMARCA DE CURITIBA/PR Protocolo nº... LEONARDO (apelante), já qualificado nos autos da Ação Tal, processo em epígrafe, que move em face de GUSTAVO (apelado) já qualificado nos autos vem, por via de seu procurador que esta subscreve, não se conformando com a sentença proferida às fls. XX, interpor o presente: RECURSO DE APELAÇÃO Com base nos arts. 1.009 a 1.014, ambos do CPC/15, requerendo, na oportunidade, que o recorrido seja intimado para, querendo, ofereça as contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos, com as razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal do estado de Paraná, requer que seja recebido nos efeitos prevevistos em lei, isto é devolutivo e suspensivo. Pede o deferimento. Local e data. Advogado OAB/PR... Advogado OAB/PR... RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO Apelante: Leonardo Apelado: Gustavo Nº do processo... EgrégioTribunal, Não merece prosperar a sentença proferida pelo juiz a quo pelas razões a seguir expostas: I – BREVE SÍNTESE DO PROCESSO O apelado ajuizou ação com pedido de indenização por dano material em face do apelante, em razão de ter sido atacado pelo cachorro da raça pastor alemão, de propriedade do seu vizinho, isto é o apelante. Aduz apelado, que o animal, encontrava-se desarmado no quintal do apelante, e atacou apelado, provocando-lhe profundo corte na face. Em consequência do ocorrido, o apelado alegou ter gasto R$ 3.000,00 (três mil reais) em atendimento hospitalar e R$ 2.000,00 (dois mil reais) em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados pelo apelado através de notas fiscais emitidas pelo hospital em que o mesmo havia sido atendido, entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia. O apelante uma vez citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorreu por provocação do apelado que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado, na indenização, o valor gasto com medicamentos. Contudo, o magistrado proferiu sentença condenando o apelante a indenizar o apelado pelos danos materiais, no valor de R$ 5.000,00, sob o argumento de que o proprietário do animal falhou em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o apelado alegou ter gasto com medicamentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, o apelante foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6.000,00. II – RAZÕES DA REFORMA Cabe esclarecer que o cachorro do apelante somente atacou apelado, causando as lesões que o mesmo alega ter sofrido, uma vez que o apelado jogava pedra acertando o animal, tratando-se de culpa exclusiva da vítima conforme preceitua o artigo 936, do CC/02. Aduz ainda o apelado que, gastou R$ 3.000,00 em atendimento hospitalar e R$ 2.000,00 em medicamentos, porém, os gastos com medicamentos não foram comprovados através de notas fiscais, alegando tê-los esquecido de pegá-los na farmácia, sendo assim não há a sua comprovação desses gastos, não há que se falar em indenização dos mesmos. Sílvio de Salvo Venosa em sua doutrina referente a responsabilidade civil, também entende da seguinte forma: ao tratar sobre o tema, atenta para a discussão referente ao Código Civil, que trata apenas da culpa concorrente (Art. 945, CC). A culpa exclusiva da vítima não está presente na letra da lei, sua construção está vinculada a doutrina, jurisprudência e a legislação extravagante. Onde a relação entre a o dano e seu causador fica comprometida, isto é, o nexo causal inexiste . Ressalta-se aqui que a culpa concorrente (Art. 945, CC) acaba por também indenizar, porém com atenuante na indenização, isto é, ambos os agentes que concorrem para o dano irão prestar indenização. Diferente da culpa exclusiva da vítima, onde o indivíduo não terá o dever de indenizar. Já Luiz Roldão de Freitas Gomes em relação ao tema: “Alude-se, na realidade, a ato ou fato dela que elimina a causalidade em relação ao terceiro interveniente no ato danoso” STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1659108 SP 2012/0164738- 0 (STJ) Ementa: DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL FACULTATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA AJUIZADA PELA VÍTIMA DIRETAMENTE CONTRA A SEGURADORA. SÚMULA 529/STJ. PRÉVIA DECISÃO AUTORIZANDO O PROSSEGUIMENTO DA DEMANDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CULPA DO SEGURADO NO EVENTO DANOSO. ARCABOUÇO FÁTICO-PROBATÓRIO QUE APONTA PARA A CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO MANTIDA. 1. Ação ajuizada em 30/06/1999. Recurso especial interposto em 25/08/2011 e atribuído a esta Relatora em 05/09/2016. 2. O propósito recursal é aferir se a seguradora deve indenizar o recorrente pelo óbito de sua esposa, vítima de acidente de trânsito envolvendo veículo objeto de seguro de responsabilidade civil facultativo. 3. Consoante a dicção da Súmula 529/STJ, "no seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano". Hipótese em que, contudo, houve prévia decisão do STJ, anterior à aprovação da Súmula, admitindo o prosseguimento da ação de cobrança ajuizada exclusivamente contra a seguradora-recorrida. 4. No seguro de responsabilidade civil facultativo, a seguradora se obriga a ressarcir o segurado dos prejuízos econômicos que venha a sofrer por danos causados a terceiro. 5. O pagamento da indenização securitária pressupõe, portanto, prévio reconhecimento da responsabilidade do segurado pelos danos provocados ao terceiro. Não basta, destarte, a pura e simples ocorrência de sinistro envolvendo o bem segurado. 6. Na hipótese dos autos, consoante soberanamente apurado pelo Tribunal de origem, não provou o autor-recorrente a culpa do segurado pelo acidente que vitimou sua esposa. Encontrado em: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos autos, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Moura Ribeiro, por maioria, negar provimento ao recurso especial nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Vencido o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva. Os Srs. Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com a Sra. Ministra Relatora. T3 - TERCEIRA TURMA DJe 02/08/2018 - 2/8/2018 RECURSO ESPECIAL REsp 1659108 SP 2012/0164738-0 (STJ) Ministra NANCY ANDRIGHI Cabe ainda ressaltar que os danos morais arbitrados em juizo, no valor , não merece prosperar, visto que autor, isto é o apelado nem se quer se manifestou a respeito de tal indenização nos pedidos da exordial, ou seja, o deferimento desse dano deve ser afastado por se tratar de decisão extra petita. Diante disso, deve a sentença atacada ser REFORMADA nos termos do pedido contido na inicial. III – PEDIDOS Em virtude do exposto, o Apelante requer : I) Que seja conhecido e provido o presente recurso reformado a R. Sentença proferida pelo magistrado para julgar improcedente o pedido de indenização de danos materiais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), e anular outra parte da sentença que condenou o apelante a indenizaçãopor danos morais no valor de R$ 6.000,00 ( seis mil reais), visto que jamais foram pleiteados pelo apelado; II) A condenação aos onus sucumbenciais. Termos em que, Pede deferimento. Loca e data Advogado OAB/PR...
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