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Análise de músicas de acordo com os significados

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Análise das músicas por meio de seus significados e sentidos na época em que 
foram escritos. 
 
PEREIRA FILHO, E. F.1 
FERREIRA, L. H. L. da C.2 
MEDEIROS, R. R. dos S.3 
 
Introdução 
 A música, fruto da sonoridade e rítmica das sensações humanas, passou por vários 
percalços para atingir o ponto que se situa no cotidiano das pessoas, uma forma presente e que 
ao ouvido pode ser somente uma melodia, mas que amarga em suas palavras os sentidos que se 
teve ao criá-las. 
 Como meios de entretenimento, seja as poesias, canções, filmes, livros, são capazes de 
carregar consigo as marcas do seu período histórico e por meio das distrações fornecidas por 
esses ramos do lazer, são possibilitados de expor a verdade, seja ela manipulada, como as 
músicas e filmes produzidos durante o período de guerras, ou de livre arbítrio para demonstrar 
a sua revolta e sua mensagem subscrita pela liberdade. Como exposto pelo autor Walter 
Benjamin em sua obra, “A obra de arte na Era da Reprodutibilidade Técnica”, através de suas 
argumentações, ele traça panoramas para o poder de dispersão presente nesses materiais 
midiáticos que acabam por favorecer os interesses de certos grupos. 
 Nos períodos de ditadura e de repressão, em situações que a censura era a máxima de 
supressão, a escapatória era a procura por formas mais sutis de se manter a chama da busca por 
direitos viva, sendo assim, valia de tudo, como na peça teatral, O Túnel, de Dias Gomes, que 
comparava o governo militar com um túnel que engarrafava o avanço da sociedade brasileira. 
 Por intermédio da participação de artistas para essa produção de resistência, a grande 
vivacidade da cultura do Brasil se manteve viva e forte, servindo de expressões para o 
conhecimento social e historiográfico das realidades contemporâneas às obras. 
 
1. Cálice (Gilberto Gil/ Chico Buarque) 
 O período da Ditadura Civil-Militar em terras tupiniquins é um dos marcos para a 
historiografia local, trazendo marcas que vão além dos fatores da violência, mas também dos 
 
1 Edinaldo Fernandes Pereira Filho, aluno do IFRN Campus Mossoró/RN. 
2 Lucas Henrique Leite da Costa, aluno do IFRN Campus Mossoró/RN. 
3 Ruan Roger dos Santos Medeiros, aluno do IFRN Campus Mossoró/RN. 
fatores sociais que surgiram no tempo após, como a produção cultural e os movimentos que 
ganharam força na busca pelos seus direitos. Um dos maiores expoentes da produção musical 
que se tem notoriedade é a composição de Cálice, que ilustra através da ambiguidade a vivência 
durante a repressão. 
 O duplo sentido pode ser percebido em vários pontos, como na sonoridade do cálice que 
se apresenta como “Cale-se”, peça fundamental da censura que amordaçava a elaboração 
cultural suprimindo a temas que foram aprovados por eles. 
 Na estrofe, “Como beber dessa bebida amarga? / Tragar a dor, engolir a labuta? / Mesmo 
calada a boca, resta o peito / Silêncio na cidade não se escuta / De que me vale ser filho da 
santa? / Melhor seria ser filho da outra” retirada da música de Chico Buarque e Gilberto Gil, o 
retrato de uma bebida amarga que amarga o próprio ser que é o regime ditatorial, fazendo suas 
vítimas, ou tragar a dor de ter uma mordaça em sua boca para não falar as coisas que tem 
vontade de ter a liberdade suprimida. O sentimento nacionalista trazido pelo regime autoritário 
era que afastava muitas pessoas que acabaram se exilando para manter a segurança, que não era 
garantida. 
 O governo possuía as irregularidades morais sendo um poço da corrupção sendo 
evidenciado pela passagem, “De muito gorda a porca já não anda” e que para esconder as 
marcas dos escândalos, a violência era utilizada para apagar dos registros o que se opusessem 
ao estado, como exibido no enxerto, “Tanta mentira, tanta força bruta”, de tanto uso da força, 
não mais reprimia os que almejavam a liberdade, como mostrado no trecho, “De muito usada a 
faca já não corta”. 
 O medo de serem descobertos era constante e preciso de ser observado, a qualquer 
momento pessoas poderiam adentrar nas casas e fazerem prisões e assassinatos. Coisa que a 
música retrata como um monstro do lago que pode a qualquer momento emergir da profundeza. 
Além do uso das referências bíblicas que é variado, para exemplificar o temor pelo o que 
poderia acontecer. 
 Para manter a integridade física, o autor Chico Buarque se exilou na Itália, já o outro, 
Gilberto Gil, foi preso, se tornando um mártir pela liberdade. 
 A música característica da MPB, Cálice, é um importante meio de perceber os estragos 
fornecidos pela ação de um governo autoritário que não se saciava e que cada vez matava a o 
primordial para o ser humano, a sua liberdade, mas acendendo a chama da esperança de um dia 
melhor. 
 
2. Eu te amo meu Brasil (Dom e Ravel) 
 Gravada em 1970 pela banda Os Incríveis, a marchinha pop, Eu te amo meu Brasil é um 
dos expoentes da propaganda realizada no período da ditadura militar. A terra do famoso slogan, 
“Brasil: ame-o ou deixe-o”, foi revisitada e feita de morada pela dupla de compositores da 
canção, os cearenses Dom e Ravel, embora haja discordâncias sobre a participação de Ravel no 
processo de autoria, essa música demonstrava o ápice de ser um brasileiro. 
 Na década de 1970, auge do governo civil-militar em que o milagre econômico radiava 
aos olhos, o campeonato mundial de futebol fervia o espírito patriota, os meios de repressão à 
liberdade eram maximizados em favor do nacionalismo, suprimindo grupos que surgiram para 
lutar pelos seus direitos de expressão, como forma de barrar tais ações foi institucionalizado o 
Ato Inconstitucional 5, uma carta aberta de censura às diferenças. 
 Nesse contexto, surge a figura de vários artistas que seguem caminhos contrário à 
dominância militar, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Cazuza, entre outros. Mas também 
apareciam os adesistas, os artistas que eram a favor do governo, nesse grupo que a dupla 
cearense se encaixa. 
 De acordo com a reportagem do sítio online, Vice, para professor da USP, Eduardo 
Vicente, "foi uma decisão pragmática, pensando no sucesso imediato que a música poderia ter 
diante do clima de ufanismo inflado pela propaganda oficial, pela conquista da seleção e pelo 
momento de 'milagre econômico'.". A música ganhou a expressividade esperada para os 
parâmetros da época, sendo considerada a música da Copa de 70. 
 Com frases que exaltam o poder do brasileiro e sua beleza, também fazem referência a 
documentos anteriores reforçando estereótipos, como no trecho, “O céu do meu Brasil tem mais 
estrelas” que faz conexões diretas com a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. 
 Todos esses elementos formaram a busca pela imagem de enaltecer a beleza midiática 
brasileira, em um tempo em que a maior beleza do Brasil era a procura pela liberdade de se 
expressar. 
 
3. Uma vida só (Odair José) 
 Na sociedade contemporânea ainda é complicado discutir sobre os meios 
contraceptivos, sendo atualmente, mais fácil que nos dias da época da ditadura civil-militar, 
devido ao tabu que é a problematização desse problema de saúde pública. Esse é o contexto em 
que o brega, Uma vida só, de Odair José, está incluída, com o famoso refrão, “Pare de tomar a 
pílula / Pare de tomar a pílula”, tomou conta das rádios de todo o Brasil espalhando a polêmica 
por onde passasse. 
 Produzida em 1973, a música composta por Odair José com a ajuda de um amigo, 
fizeram o maior sucesso de sua carreira, ainda sendo ecoado na contemporaneidade. No período 
de lançamento da canção, o governo militar, com o presidente Médici, elaborava um plano para 
controle da natalidade, distribuindo pílulas contraceptivas para as mulheres, possibilitando,assim, o controle da mulher sobre o momento de engravidar. Enquanto existia esse movimento 
do estado em distribuir essas pílulas, nas rádios, repercutia-se a música de Odair José, falando 
para que as mulheres pararem de tomar a pílula que era distribuída, gerando assim atritos entre 
os dois, que resultou na censura da produção musical por desobediência civil. A melodia só foi 
ouvida novamente no governo de Figueiredo, quando houve a anistia. 
 Embora, possuísse tom de resposta ao governo, a música narra a vida de um casal, em 
que a homem induz a mulher a parar de tomar a pílula para que eles tenham um filho, sendo 
classificado assim, como uma forma de violência simbólica à mulher. 
 
4. Podres Poderes (Caetano Veloso) 
 Em meio aos conturbados momentos da sociedade civil da época em que foi criada, o 
rock da música Podres Poderes de 1984 traz à tona as inquietações de Caetano Veloso quando 
ao seu recorte histórico. 
 Envolvido em um contexto de esfacelamento da União Soviética, através das políticas 
da Glasnost e Perestroika, polêmicas envolvendo, o então presidente dos Estados Unidos, 
Ronald Reagan, além dos movimentos sociais que emergiam no Brasil, como as “Diretas Já”, 
tais aspectos fazem da canção do cantor baiano, uma memória viva dos fatos. 
 Incorporado em uma perspectiva diferente da utilizada por Cazuza em sua música 
Burguesia, Caetano vai além e busca fugir do entendimento maniqueísta que tomava conta da 
época. Como explicitado nos trechos da música, “Queria querer gritar / Setecentas mil vezes / 
Como são lindos / Como são lindos os burgueses”, indo de encontro ao que é exibido na canção 
de Cazuza, “A burguesia fede”. 
 Ao fazer a análise das mensagens subscritas da letra, é possível perceber o fardo da 
interpretação dos tropicalistas que afirmam que a política era associada aos aspectos culturais, 
parte reforçada pela ética católica que cultiva a tolerância aos regimes autoritários, como 
mostrado no fragmento, “Será que nunca faremos / Senão confirmar /Na incompetência / Da 
América católica”. Os aspectos da corrupção só seriam, assim, resolvidos após uma mudança 
cultural no país. 
 
5. Era Rei e eu sou escravo (Milton Nascimento) 
 Da terra firme, África, aos alvos de um escravo, essa é a percepção deixada pela poesia 
cantada por Milton Nascimento na obra Era Rei Sou Escravo, pertencente ao álbum Maria 
Maria, que é ovacionado como um grito na procura pela formação da identidade da negritude. 
 A vida do cantor Milton Nascimento é marcada pelos diversos elementos que o 
percorreram seja a ditadura, ou aos preconceitos sofridos durante toda a sua vida, ou por ser 
adotado, aprendendo desde cedo o peso da injustiça. Como mostrado em uma entrevista 
concedida ao jornal O Globo, em 2017. 
Certa vez, meu pai adotivo, Seu Zino, precisou pegar um revólver pra me defender de 
um caso de racismo na cidade. Desde pequeno enfrentei muita coisa nesse sentido. O 
sentimento de indiferença apareceu muito cedo pra mim. (O GLOBO, 2017) 
 Experiências como o racismo sofrido durante sua infância fizeram o abrir os olhos para 
as relações políticas presentes no dia a dia, fato que repercutiu em sua forma de interpretar e 
escrever as suas canções. 
 A composição Era Rei Sou Escravo coloca em enfoque a chegada dos escravos negros 
vindo da África, que em muitas vezes não eram diferenciados entre as repartições que existiam 
em sua terra natal, tendo a sua cultura selvagemente destruída pelos colonizadores. 
 Por meio da composição sintática de tempo, presente na poesia, é possível perceber a 
diferença de contexto de forma abrupta, denotando a saudade desse período de liberdade. Como 
mostrado no fragmento, “Era livre e sou mandado! ”. 
 Apesar de estar submisso na forma de um escravo, ele nunca vai desistir de sua 
identidade, exibido no enxerto, “A memória vem e salva, a memória vem e guarda, / Guarda o 
cheiro da minha terra, a música do meu povo, a certeza de hoje e sempre que ninguém vais nos 
tirar. a onde estiver o porto, ”. Tais atitudes podem ser percebidas no dia a dia, após 130 anos 
da libertação dos escravos no Brasil, as propriedades culturais pertencentes aos povos africanos 
que mantiveram a chama acesa para que esses costumes fossem passados para as gerações 
seguintes. 
 A procura frequente por engrandecer a identidade negra é um trabalho que cunha as 
necessidades que vão além de memorizar o passado e aprender com ele, mas de deixar a acesa 
a chama da esperança pela liberdade completa e imparcial da igualdade, em geral, exposto na 
passagem “Sou mandado serei livre, sou escravo serei rei. ”. 
 
6. Presidente Bossa Nova (Juca Chaves) 
 As representações dos grandes senhores e chefes de estado são inúmeras, sejam filmes, 
músicas, livros, poesias, poemas, entre outros. Essa é a história do Presidente Bossa Nova, a 
cara do Brasil, segundo a música de Juca Chaves, de mesmo nome, ao presidente Juscelino 
Kubitschek - JK. 
 A modinha de nome Presidente Bossa Nova, é uma das representações mais conhecidas 
do presidente das massas, JK, que contava de forma humorada, mas ainda dando pequenas 
pontadas de críticas à um dos maiores ícones da política brasileira. 
 Gozando da maneira de voar de Juscelino Kubitschek de voar, Juca Chaves constrói o 
panorama para a popularidade do chefe de estado, fazendo elogios na forma simpática, 
sorridente e original do presidente. 
 Mas ao mesmo tempo que elogia a imagem do JK, demonstra os excessos de mordomia 
que ele e o seus empregados usufruíam, mostrando o seu humor ácido na passagem, “Mandar 
parente a jato pro dentista, / Almoçar com tenista campeão, / Também poder ser um bom artista 
exclusivista”. 
 Traçando o modo de vida do então presidente populista, respondendo os anseios da 
população através do seu carisma, mas que é se aproveita de regalias, sendo considerado de 
presidente bossa nova, que é retratado como uma forma uma vida de luxo, sem muito esforço. 
 Juca Chaves que personifica a forma do malandro na sua forma de cantar de forma 
satírica sobre os problemas que lhe assolavam, se viu sem poder para lutar contra a ditadura 
militar e acabou se exilando em Portugal, sendo expulso pouco tempo depois. 
 
7. Aluga-se (Raul Seixas) 
 Um meio ambiente que é utilizado para ao lucro de um país que na verdade, não passa 
de um mais um dependente na fila da refeição, Aluga-se, de Raul Seixas, se propõe a questionar 
a extração desenfreada dos recursos ambientais em troca de uma migalha pelos danos causados. 
A música rock de Raul Seixas, censurada no período ditatorial, faz grandes críticas à 
mentalidade da época que não se preocupava com os impactos ambientais. Em especial à 
relação do Brasil com os países estrangeiros, com ênfase aos Estados Unidos, que adotou 
políticas que não traziam retorno ao governo brasileiro. Comparando essa relação de 
parasitismo com um imóvel para alugar, sendo assim, finalmente se teria o retorno esperado de 
alguma forma, como exposto na passagem, “Tá na hora agora é free / Vamo embora / Dá lugar 
pros gringo entrar / Esse imóvel tá prá alugar. 
 Essa relação estabelece um clima de contradição com o que é dito na década de 1970, 
em que é falado sobre a proteção do território e das riquezas do Brasil para que estrangeiros 
não usurpem tais recursos. 
 Tais argumentos constroem um panorama geral da sociedade brasileira na época 
ditadura militar de adoração ao ideal norte americano, relação depois comprovada pela 
descoberta de documentos da CIA, que narravam a intervenção dos EUA com os países da 
américa latina. 
 
8. Ideologia (Cazuza) 
 A ideologia poço de todo o poder do pensamento das pessoas é a questão levantada pelo 
rock composto por Cazuza, figura emblemáticada discografia brasileira. A presença e a procura 
efetiva desse conceito é o que move a realidade de toda uma população. 
 A persona de Agenor de Miranda Araújo Neto, Cazuza, que após uma série de 
acontecimentos em sua vida, a descoberta da doença que acabou o levando a óbito, AIDS, a 
queda da ditadura civil-militar no brasil e em países relacionados, a crescente degradação da 
União Soviética, caracterizada pouco tempo depois pela queda do Muro de Berlim, além da 
falsa ilusão com a imagem dos partidos políticos, representado pela sensação de falta de 
representatividade, como mostrado no enxerto, “Meu partido / É um coração partido”, se vê 
sem esperança para continuar a batalha pelos seus ideias. 
 Sensações narradas pela voz de um simples garoto que queria mudar o mundo, mas que 
agora não pode fazer nada, pois está fragilizado, representação que ilustra tanto cazuza, já 
doente, quando as pessoas que foram feridas moralmente, ou fisicamente pelos períodos de 
conflito antecessores, e que depois de tantos embates prefere curtir a vida em festas da alta 
sociedade. 
 As amostragens heroicas que o marcaram acabaram tendo uma morte que contrasta com 
o que eles tanto defendiam, nomes grandes que tiveram um fim banal comparados aos seus 
feitos, “Meus heróis / Morreram de overdose”, dando lugar aos detentores das ideologias 
contrárias, “Meus inimigos / Estão no poder”. 
 No sentimento de não sentir parte de um pensamento em comum, e correr atrás de outro, 
se forma uma nova ideologia, ao criticar os modelos anteriores com objetivo de mostrar as suas 
fraquezas e suas nulidades. Afinal de contas, “Ideologia! / Eu quero uma pra viver” é a 
passagem que sintetiza a forma de pensar de Cazuza na música, a necessidade, mesmo que se 
negando, de uma ideologia. 
 
9. Super Homem (Gilberto Gil) 
 Em Superman: The Movie, o protagonista o super-homem, após uma batalha acirrada 
volta no tempo e retorna a vida ao seu amor, Lois Lane. Tal enredo serviu de base para a história 
da música homônima ao herói. 
 Em Super Homem, uma composição MPB, Gilberto Gil, retrata o empoderamento 
feminino através da exploração do lado feminino presente nos homens, o poder das mulheres 
no cotidiano. No início por representar essa visão como porção feminina, como exposto no 
fragmento: “Minha porção mulher, que até então se resguardara” era entendido como apologia 
à homossexualidade. De fato, o trecho faz referência a androgenia, mas não é o que o autor 
pretendia, segundo Gilberto Gil em seu site, ele argumenta, 
 ... me interessava revelar esse embricamento entre homem e mulher, o feminino como 
complementação do masculino e vice-versa, masculino e feminino como duas 
qualidades essenciais ao ser humano. Eu tinha feito Pai e Mãe antes, já abordara a 
questão, mais explicitamente da posição de ver o filho como o resultado do pai e da 
mãe. Em Superhomem - a Canção, a idéia central é de que pai é mãe, ou seja, todo 
homem é mulher (e toda mulher é homem)." (GIL, Gilberto, disponível em: 
http://www.gilbertogil.com.br) 
 
 Se levar em conta o contexto em que a música foi produzida, em 1979, em meio a 
ditadura civil-militar, onde a figura do homem é a mais valoriza, sendo o chefe de estado, o 
policial, o marido, o homem como cabeça de todo uma nação, a representatividade feminina 
sucumbe aos desejos do homem, nesta realidade. 
 Através da análise da intenção de Gilbert Gil e atentando ao contexto histórico, é 
possível perceber a importância dessa música para a formação de uma consciência mais ampla 
quanto às questões feministas, ao aproximar as responsabilidades femininas às masculinas e 
vice e versa, demonstrando a equidade de responsabilidades. 
 
10. “Índios” (Legião Urbana) 
 Um paralelo da fraqueza, ganância e ingenuidade da raça humana através dos olhos de 
um visionário que tecia em suas palavras, as vivências e experiências, por mais dramáticas que 
elas sejam. Esta é a vida de Renato Russo, em um de suas músicas mais intimistas, “índios”. 
 Na perspicácia humana do conhecimento analógico, de fazer analogias, os humanos vão 
se perdendo e tentando se encontrar ao se comparar com outras realidades, ou povos, esta é a 
sacada presente na obra da banda Legião Urbana, e de forma mais específica a vida de seu 
vocalista, Renato Manfredini Júnior. Sofrendo por conta do niilismo de lhe abatia, escreveu a 
música “Índios”, um folk rock, após cortar os pulsos na tentativa de cometer suicídio, mas foi 
iluminado por alguma força metafísica e o fez tecer as suas angústias mais profundas na forma 
de uma canção. 
 O nome dado à composição não se refere somente aos índios, mas também a todos que 
se são inocentes como a população indígena no período do descobrimento do Brasil, por conta 
dessa forma de interpretar que a música ganha a adição de aspas para expressar a variedade de 
sentidos presentes na obra. 
 O povo tupi que povoava as terras em que agora se situa o Brasil, era uma comunidade 
que não possuía a ganância e fervor capitalista, sendo assim, eles como meio de agradecerem e 
de serem corteses com os visitantes portugueses confiaram nos estrangeiros, entregando a eles 
o que tinha de mais importante, a sua vida, terra e cultura, como retrata o trecho: “Quem me 
dera ao menos uma vez / Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem / Conseguiu me 
convencer que era prova de amizade / Se alguém levasse embora até o que eu não tinha”, 
fazendo paralelo com a vida e as desilusões da vida de Renato Russo com a sociedade que lhe 
maltratava a cada dia. 
 Ao mostrar a comparação dos índios e portugueses com a sociedade contemporânea, é 
possível perceber que as pessoas, através dessa formulação, que as pessoas agem da mesma 
forma que os antigos portugueses, querendo sempre mais e pensando que nunca tem o bastante, 
alimentando, assim, um vazio existencial. 
 Toda essa exploração acaba por criar o aspecto da quebra da confiança por uma 
sociedade que perturba e que não consegue resolver os problemas anteriores restando formas 
de amenizar o impacto. Fica, portanto um ensinamento de não se aproveitar da inocência como 
foi feito com a dos índios, como fragmento: “Como a mais bela tribo / Dos mais belos índios / 
Não ser atacado por ser inocente”. 
 Atacados por serem diferentes sendo levados a catequização, levados a acreditar que 
tudo o que pensaram e ritualizavam era errado, “Entender como um só Deus ao mesmo tempo 
é três / E esse mesmo Deus foi morto por vocês / Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste”. 
 Mas agora demonstrando o lado da experiência de vida do cantor que expõe a sua vida, 
após a tentativa de executar o suicídio, ele encontra uma figura divina que é o porto seguro 
assim, para ele e para os indígenas, na forma mais perfeita e pura, como exposto no enxerto: 
“Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda / Assim pude trazer você de volta pra mim / 
Quando descobri que é sempre só você / Que me entende do início ao fim / E é só você que tem 
a cura pro meu vício / De insistir nessa saudade que eu sinto / De tudo que eu ainda não vi”, 
denotando um entendimento de vida sobre a relação de inocência e exploração. 
 
Conclusão 
 A música como agente cultural é uma das ferramentas mais potentes para a descoberta 
da realidade, sendo ela antiga, ou recente, é através dos padrões musicais e das mensagens que 
essas canções mostram é que é possível perceber as características que fizeram as bases de tais 
sociedade. 
 No contexto brasileiro, a música, assim como o cinema, a televisão, literatura, possui 
marcas que vão além do que se é esperado de suas análises simplórias, revelando toda uma 
mística de conteúdos e cargas regionais que fazem do Brasil, o país de uma diversidade 
encantadorae apaixonante. 
 
 
 
Referências 
BLOG CAFÉ COM SOCIOLOGIA. Análise da música podres poderes. Disponível em: 
<https://www.cafecomsociologia.com>. Acesso em: 05 abr. 2019.GILBERTO 
GIL. Superhomem, a canção. Disponível em: 
<http://www.gilbertogil.com.br/sec_disco_info.php?id=583&letra>. Acesso em: 05 abr. 2019. 
JORNALISMO ESPECIALIZADO. “cronista musical”, odair josé relembra problemas 
com censura na ditadura. Disponível em: <http://especializado.jor.br>. Acesso em: 05 abr. 
2019. 
JUSBRASIL. Programa refrão relembra raul seixas e sua letra em defesa da amazônia. 
Disponível em: <https://stf.jusbrasil.com.br>. Acesso em: 05 abr. 2019. 
LIMPINHO E CHEIROSO. A história da música “eu te amo, meu brasil”. Disponível em: 
<https://limpinhoecheiroso.com>. Acesso em: 05 abr. 2019. 
MARTINS, CRISTIANE PEREIRA. REFLEXÕES SOBRE A CANÇÃO PARE DE 
TOMAR A PÍLULA E AS REPRESENTAÇÕES SOBRE O FEMININO E O AMOR NA 
OBRA DE ODAIR JOSÉ. XIII ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA ORAL, [S.L], 
mai. 2016. Disponível em: 
<http://www.encontro2016.historiaoral.org.br/resources/anais/13/1461677088_ARQUIVO_R
eflexoessobreacancaoParedetomarapilulaeasrepresentacoessobreofemininoeoamornaobradeO
dairJose.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2019. 
MPB CIFRANTIGA. Podres poderes. Disponível em: <https://cifrantiga3.blogspot.com>. 
Acesso em: 05 abr. 2019. 
O GLOBO. Milton nascimento lembra como o preconceito racial despertou sua 
consciência política. Disponível em: <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 05 abr. 2019. 
Aprendi nos Discos. Renato Russo e os "ÍNDIOS" entre aspas. 2017. 6:40 min. Disponível 
em: <https://www.youtube.com>. Acesso em: abril de 2019. 
VICE. A história do hino ufanista do regime militar "eu te amo meu brasil". Disponível 
em: <https://www.vice.com>. Acesso em: 05 abr. 2019.

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