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Faculdade Integrado de Campo Mourão – CIES/PR, Campo Mourão, Paraná, Brasil; josiane.munis@gmail.com Processo legislativo e democracia Josiane Flores Munis Da Silva* RESUMO O poder de decisão de um povo remete-se a forma de governo, a democracia é a forma em que isso acontece, visto que é o governo do povo e para o povo, porém apesar de tratar-se de algo para o povo nem sempre é este quem toma as decisões, visto que a democracia pode ser da forma direta; ou indireta. Na democracia indireta são os representantes políticos, escolhidos pelo povo, que tomam as diversas decisões de determinado lugar, inclusive são os principais responsáveis pela criação, assim como aprovação de leis. Ao processo de criação da lei denomina-se processo legislativo, que nada mais é de que um conjunto de disposições que visam disciplinar/regulamentar as normas de acordo com a constituição, no caso do Brasil de acordo com o Art. 59 da CF/88. Assim sendo, este trabalho tem por finalidade a discussão breve do processo legislativo e democracia no Brasil. Palavras-chave: Democracia; Processo Legislativo; Leis; Cidadania Introdução O Brasil desde sua constituição teve várias formas de governos, atualmente o Presidencialismo é a forma de Governo Brasileiro. Através deste governo o povo, em sua maioria, elege representantes para decidir as questões administrativas e de ordem geral. Os representantes do povo estabelecem leis, decretos e normas para o bom andamento da sociedade. O Processo Legislativo que define as regras para que as Leis ou quaisquer normas estabelecidas por nossos governantes não sejam inconstitucionais, ou seja, para que não sejam contrários ao que diz a constituição vigente. No decorrer da história o Brasil teve duas constituições que foram revogadas em 1988 após as Diretas Já e formulação da constituição de 1988, que rege o Brasil até os dias de hoje. Com a Constituição de 1988 houve um ressurgimento da Democracia no Brasil. A democracia, o presidencialismo e o processo legislativo estão assim interligados no desenvolvimento do Brasil desde 1988. 1. Democracia 1.1 Conceito A palavra democracia vem do grego; demo (povo) e kratos (poder), no sentido literal quer dizer poder do povo, ou seja, é uma forma de governo em que o povo detém o poder de escolha e/ou decisões políticas, um governo do povo para o povo. A soberania e o poder do povo estão principalmente no voto, visto que este é o que realmente nos coloca como iguais, nas urnas não existe branco ou negro, rico ou pobre, mas apenas cidadãos exercendo sua cidadania. É importante colocar que a cidadania do povo não é expressa apenas no voto, mas também através do interesse em participar daquilo que acontece politicamente e que afeta o povo, participar ativamente das tomadas políticas de um local é que nos torna de fato cidadãos. 1.2 Origem A democracia tem sua origem na Grécia antiga, na cidade de Atenas e apesar de ser um governo do povo, a maioria dos atenienses não participavam da democracia, visto que, escravos, mulheres, estrangeiros e crianças não faziam parte nessas discussões, apenas eram aceitos os homens filhos de pai e mãe atenienses para exercer sua cidadania. No princípio era praticada a democracia direta ou democracia pura, onde os cidadãos faziam suas escolhas diretas através do voto nas assembleias públicas, com o passar do tempo, e com o aumento significativo de cidadãos nasceu então a Democracia indireta ou representativa, onde os cidadãos escolhem seus representantes as quais em determinado tempo tomam as decisões pelo povo, ou seja, o representante é como um procurador do povo, não sendo mais necessário neste período a participação ativa do povo na maioria das decisões. 1.3 Democracia no Brasil No Brasil a democracia iniciou-se após a Proclamação da República em 1988, pois apesar do primeiro presidente eleito por voto direto ser Prudente de Morais, a tomar posse do cargo no ano de 1894, no ano de 1964 o Brasil foi tomado por um golpe militar a qual institui uma ditadura militar no país, que resultaram em muitas percas do povo, principalmente com uma nova instituição que fez com que perdessem até as chamadas liberdades civis e muitos foram exilados neste período devido a manifestação de seus pensamentos contra o governo. A ditadura militar prolongou-se até o ano de 1985, após este período iniciou-se um processo de redemocratização culminando com a Constituição de 1988. O período que antecedeu a promulgação da Constituição Federal de 1988 deixou marcas profundas no seio da sociedade brasileira, isto se deu em razão de prevalecer no regime ditatorial então vigente, um total cerceamento ao exercício dos direitos de cidadania política. Esse quadro começou a ser mudado a partir da Assembleia Nacional Constituinte, que reconhecendo a importância da participação popular na elaboração do texto Constitucional, proporcionou a oportunidade da concretização dos anseios da população brasileira (FONSECA, 2009, p. 14).¹ 2. Processo legislativo 2.1 Conceito O processo legislativo é um conjunto de ações necessárias para a produção de leis e atos normativos a serem observados por órgãos legislativos. ___________ ¹ FONSECA, Jumária Fernandes Ribeiro. O Orçamento Participativo e a Gestão Democrática de Goiânia. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial). Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento e Planejamento Territorial da Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 2009. Segundo Alexandre de Moraes, sob a ótica jurídica, o processo legislativo é “o conjunto coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção das leis e atos normativos que derivam diretamente da própria constituição”.¹ Já para José Afonso da Silva o “processo legislativo é o conjunto de atos (iniciativa, emenda, votação, sanção) realizados pelos órgãos legislativos e órgãos cooperadores para o fim de promulgar leis”.² 2.2 Classificação Segundo a organização política do Estado, existem quatro modalidades diferentes de processo legislativo, são elas; direto, semidireto, autocrático e representativo. O processo Legislativo direto é quando o povo elabora, vota e promulga a lei sem a necessidade de seus representantes; o semidireto, e o mais complexo sistema, dependente de um acordo entre os cidadãos e o povo; o autocrático não há participação dos cidadãos ou órgãos legislativos, mas apenas ao governo; e no representativo o povo elege seus representantes que são responsáveis pela elaboração, votação e sanção da lei. No Brasil o sistema adotado é o representativo. No entanto, nosso ordenamento jurídico não veda a possibilidade de eventualmente uma lei ser submetida a um referendo para ser editada ou para garantir sua aplicabilidade. 2.3 Processo Legislativo Ordinário O processo legislativo ordinário tem a criação das leis ordinárias como objetivo final. “A lei ordinária é o ato legislativo primário típico, uma vez que edita normas gerais e abstratas, caracterizadas pela amplitude de seu conteúdo”.³ O processo legislativo ordinário tem três fases diferentes. A fase introdutória, onde ocorre a iniciativa de lei; a constitutiva, onde ocorre aprovação ou reprovação do projeto de lei, caso haja aprovação o Presidente da República irá sancionar ou vetar o projeto de Lei; a fase á complementar, ou seja, a promulgação e publicação desta. _______ ¹ MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 544. ² SILVA, José Afonso da. Processo Constitucional de Formação das Leis. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.p. 42. ³ MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 547. 2.4 Processo Legislativo Sumário O processo legislativo sumário, assim como o ordinário, tem como finalidade a criação de leis ordinárias. É parecido com processo legislativo ordinário, porém tem data para ser examinado pelo Congresso Nacional.¹ Apesar de não haver prazo estabelecido na Carta Magna, o texto constitucional informa da regra nos parágrafos do artigo 64, determinando um tempo para a deliberação de alguns projetos pelo Poder Legislativo. Para a adoção deste processo dois requisitos devem ser preenchidos, a lei deve ser de iniciativa do Presidente da República e sua solicitação ao Congresso Nacional da urgência de análise daquele projeto. ² O processo legislativo sumário é para que a análise de projetos de leis urgentes não passe do prazo de cem dias. É importante dizer que o descumprimento de prazos não indica a aceitação do projeto, visto o sistema constitucional pátrio não permitir a aprovação tácita de uma lei.³ 2.5 Processos Legislativos Especiais Os processos legislativos especiais têm por finalidade a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos- legislativos, resoluções e leis financeiras.4 2.6 A importância do processo legislativo para o município Dentro de um município o processo legislativo, ou seja, a observância das normas para que sejam de acordo com a Constituição Federal é a mesma, o processo também, porém a competência é local, a representatividade é dos vereadores, prefeito e vice- prefeito, eleitos por voto direto pela comunidade. O processo legislativo municipal tem em suas fases; a iniciativa; discussão; ____________ ¹ MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 547. ² MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 558. ³ MELO E LIMA, Jarbas de. Processo Legislativo Brasileiro – Disfunções. Dissertação de Mestrado. 2006.126f.Dissertação (Mestrado em Direito). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. p. 52. 4MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 547. votação; sanção ou promulgação e, se houver, veto. Quanto à fase da iniciativa; os principais responsáveis pela criação de leis são os vereadores e prefeito, porém dentro do município uma parte com no mínimo 5% dos cidadãos podem, também, dar início à elaboração de lei municipal. Vale lembra que; o cidadão deve estar atento às mudanças para também exercer sua cidadania de forma correta, vale ressaltar que dentro dos municípios pode-se fazer audiências públicas, onde o cidadão tem voz para discutir sobre os assuntos ali mencionados. Segundo o Art. 30 da CF, compete ao legislativo municipal, regulamentar; assuntos de interesse local; complementação de normas federais e estaduais; a criação, organização e supressão de distritos, observada a legislação estadual; a criação, modificação e extinção de tributos municipais; serviços públicos prestados pelo município; e ordenação do espaço urbano, entre outros. Ou seja, tudo o que está contido neste artigo como competência do poder público municipal deverá ser regulamentado por Lei Municipal. 2.6.1 Processo Legislativo das Leis Orçamentárias O processo legislativo é importante no município não só pela questão da ordem, mas também para que haja melhorias para o povo, o legislativo tem o poder de fiscalizar o executivo municipal e ambos têm o dever de aplicar e/ou melhorar as cidades através de políticas públicas regulamentadas conforme a Lei. As leis orçamentárias são categorias especiais de leis e a forma de elaboração e apreciação desse tipo de projeto é prevista especialmente na Constituição, na Lei de Responsabilidade Fiscal e na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Dentro dos municípios existem 3 (três) tipos de leis fundamentais que definem toda a gestão da cidade durante o tempo máximo de 4 (quatro) anos, as ditas leis orçamentárias, previstas conforme o art. 165 da Constituição, são as que informam como será a obtenção de recursos tanto para custeio de dívidas como para melhoramento dos serviços públicos prestados pelo município, através destas leis são expostas as metas da atual administração para com os munícipes até o final do mandato ou final do ano, são estas a PPA (Plano Plurianual) que tem duração de quatro anos e vigência até o final do primeiro ano da legislatura, prevê os programas gerais, as diretrizes e as metas do município, bem como as despesas com investimentos públicos e as que tenham previsão de duração por mais de um ano; LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que tem duração de um ano, é elaborada conforme as previsões do PPA e prevê as despesas com investimentos públicos, bem como a previsão de receitas e despesas públicas para o próximo ano, de modo a orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA); e a LOA, já descrita anteriormente, que tem duração de um ano e prevê todas as receitas e despesas individualizadas do município, elaborada em conformidade com a LDO e o PPA. 3. Problemática e Conclusão Conforme apresentado neste artigo em todo o País há uma organização quanto ao governo e a manutenção deste, há um processo para elaboração de leis de forma ordenada, as leis são feitas para o povo, mas elaboradas, votadas e sancionadas, por seus representantes, tendo quase nenhuma exceção, o entanto é o povo quem escolhe seus representantes através da votação direta, por isso diz-se que no Brasil há democracia. O Brasil por ser um país de governo Presidencialista, tem seu processo legislativo representativo, logo a Democracia entra em ação na escolha de nossos representantes, pois, apesar de nós, como cidadãos, não podermos resolver ou opinar em tudo, elegemos os nossos representantes de quatro em quatro anos, para que estes, por sua vez deliberem por nós, ou seja, em favor do povo. Porém apesar do processo legislativo estar sendo seguido, o que acontece no atual momento são a criação de leis que privilegiam a minoria e não a maioria, o que foge um pouco da visão da democracia. E isto ocorre não apenas por conta de nossas falhas quanto à escolha de representantes que intervenham no bem da maioria, mas também pela falta de conhecimento de muitos de nós quanto a criação, votação e sanção da lei. O Estado democrático do Direito é um conceito em que o Estado deve garantir o respeito das liberdades civis, por isso é necessário que o processo legislativo e a democracia continuem interligados para que haja êxito da teoria na prática. Referências: FONSECA, Jumária Fernandes Ribeiro. O Orçamento Participativo e a Gestão Democrática de Goiânia. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial). Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Planejamento Territorial da Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 2009. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004. SILVA, José Afonso da. Processo Constitucional de Formação das Leis. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. MELO E LIMA, Jarbas de. Processo Legislativo Brasileiro – Disfunções. Dissertação de Mestrado. 2006.126f.Dissertação (Mestrado em Direito). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. CANTERGI, Eduardo. Processo Legislativo Federal Da Lei Complementar E Da Lei Ordinária No Brasil¹.2007. Disponível em: [http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2007_1/e duardo_cantergi.pdf]. Acesso em 29/05/2017. SANTOS,Raimundo Nonato dos. COMO SE DÁ O PROCESSO LEGISLATIVO NO BRASIL.2008. Disponível em: [http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/162888/Monografia%20Completa. pdf?sequence=2] Acesso em 29/05/2017. MEDEIROS, Alesssandro M. Democracia. 2013. Disponível em: [http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ciber-democracia/democracia/] Acesso em 29/05/2017. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 2015.48. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara. SILVA, Bruno Florentino da. Processos legislativos e espécies normativas. 2015. Disponível em: [https://brunoflorentinosilva.jusbrasil.com.br/artigos/188264150/processo-legislativo-e- especies-normativas] Acesso em 29/05/2017.
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