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Relatório de Observação do Luto, da Morte e do Morrer

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Prévia do material em texto

1 
 
CENTRO UNIVERSIDADE ESTÁCIO RECIFE 
CAMPUS RECIFE – ABDIAS 
PSICOLOGIA 
 
Tópicos Especiais de Psicologia II – Tanatologia 
 
RAUL VICTOR PEREIRA DE MELO – 2016.033881-68 
JEFERSON JOSÉ DE MELO – 2015.050960-73 
JOÃO PEDRO LUNA DOS SANTOS – 2016.033717-88 
AMANDA MARIA BEZERRA DA SILVA – 2015.047445-35 
ADRIANO CUNHA DE SANTANA – 2016.012375-29 
 
Professora Orientadora 
Mireilly Cristiany Lucena Moura Hemetério. 
 
 
Relatório de Observação de Campo dos Processos de Luto, da Morte e do 
Morrer em Cerimônia de Velório em Cemitérios Públicos Na Cidade do 
Recife, Pernambuco 
 
 
 2 
Introdução 
Compreender a dor é um trabalho árduo que requer persistir em campo 
hostil. Sabemos dos entraves que a vida nos impões e dentre estes o luto é um 
dos mais indesejados, pois apesar da certeza da morte e tão certo é que 
vivenciaremos nós mesmo ou de outrem essa passagem, também 
compreendemos que o momento a forma de vivenciá-la nos escapa ao controle. 
Talvez a fonte de toda angústia não seja a morte em si, mas a incerteza de 
quando e como será. E tão mais angustiante é quanto mais próxima nos parece, 
pois que apesar de saber de sua tormentosa inevitabilidade, temos que suportar 
sua imprevisibilidade. 
De acordo com Shuchter & Zisook (1993 apud Ramos, 2016) “O luto é um 
processo natural que ocorre após a perda de uma pessoa significativa, sendo tal 
fenômeno natural, que varia de individuo para individuo, de momento para 
momento e que envolve diversas dimensões no enlutado”. Lidar com tal carga 
emocional causa em todos variada gama de comportamento e reações que 
pretendemos observar no campo, neste caso, no cemitério, seria a expressão 
manifesta de tal processo presente nas pessoas que fazem o velório. 
Almejávamos captar as nuances do externo e do íntimo através das 
pessoas presentes e circundantes na cerimônia através da mais pura prática da 
contemplação. Discrição e sensibilidade, respeito e deferência foram nosso guia. 
O local escolhido Cemitério da Várzea, Recife - PE. 
Método 
▪ Técnica de observação: Registro de evento 
▪ Situação de observação: Cerimônia de velório público. 
▪ Sujeitos: Pessoas participantes da cerimônia pública. 
▪ Início: 15h45 
▪ Término: 16:20h 
▪ Duração: 35 min 
▪ Data: 25/05/2016 
▪ Comportamento observado: Reações ao luto 
▪ Definição: Considera-se “reações” toda manifestação comportamental típica de 
sofrimento visível e concreta. 
▪ Critérios de ocorrência: Manifestação verbal e não verbal, gestual e perceptível 
sinais de sofrimento. 
 
 3 
1. Aspectos De Caracterização Sociodemográfica Do Local 
Da Observação 
 
Localidade: Recife - Várzea1 
Localização: RPA 4, Microrregião: 
4.3, Distância do Marco Zero (km): 11,57 
Área Territorial (hectare): 2.255 
População Residente: 70.453 habitantes 
População por sexo % 
Masculina 32.870 46,66 
Feminina 37.583 53,34 
 
Taxa de Alfabetização da População 
de 10 anos e mais (%): 93,2 
Taxa Média Geométrica de 
Crescimento Anual da População 
(2000/2010): 0,88% 
População por faixa 
etária 
hab % 
0 – 4 anos 4.421 6,28 
5 – 14 anos 10.421 14,79 
15 – 17 anos 3.507 4,98 
18 – 24 anos 9.284 13,18 
25 – 59 anos 35.968 51,07 
60 anos e mais 6.842 9,7 
 
Densidade Demográfica 
(habitante/hectare): 31,24 
Domicílios (nº): 21.695 
 
O cemitério da Várzea se localiza na Av. Prof. Artur de Sá, 762-846 - Cidade 
Universitária Recife - PE, 50740520. Este e outros cemitérios da Grande Recife foram 
notícias em maio de 2017, sendo inclusive alvo de denúncias pelo MPPE (Ministério 
Público de Pernambuco) dado o tamanho descaso com a falta de manutenção por parte 
do poder público, em parte, e das famílias. A quem visitasse o lugar via-se completo 
abandono a ponto de haver ossos de todos os tamanhos a vista de todos, túmulos 
violados. A matéria que serviu de base para este enxerto relatou que particularmente no 
cemitério da Várzea um crânio humano estava a tanto tempo exposto que nasceram 
plantas dentro dele, fazendo um macabro jarro natural2. 
Contudo, atualmente encontramos um cenário bem diferente. Tudo havia sido 
reformado, limpo e organizado. As ruas receberam placas, as paredes pintadas e as 
sepulturas e jazigos aparentavam ter sido revisado pelas famílias, pois podíamos ler 
nomes e datas com facilidade em praticamente todos eles. O local dos velórios, que são 
cinco ao todos, estava bem limpo, embora um pouco apertado, mas em local amplo, 
com banco na parte externa em frente ao local onde ficam os caixões. 
 
1 Fonte: 
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/recife/pa
norama, acessado em: 20/05/2019 
2 Fonte: Tatiana Notaro (Texto), Rafael Furtado 
(fotos) em 12/04/17 disponível em: Portal PE 
https://www.folhape.com.br/noticias/noticias/
cotidiano/2017/04/12/NWS,24045,70,449,NOT
ICIAS,2190-CEMITERIOS-RECIFE-TEM-OSSOS-
PELO-CHAO-COVAS-GAVETAS-VIOLADAS.aspx; 
Acesso em: 20/05/2019 
 4 
Foi uma grata surpresa constatar que a condição geral do local apresentava uma 
melhora significativa se comparado aos dias da reportagem e nada do que foi relatado 
na matéria pode ser constatado durante a nossa visita. 
 
Imagem 01: Vista aérea do Cemitério Público da Várzea. Fonte: Google Maps 
 
2. Principais fatores econômicos e comerciais presentes no 
entorno do cemitério; 
O cemitério da Várzea compartilha a mesma avenida da Universidade Federal de 
Pernambuco, de modo que não é correto afirmar que os pontos comerciais estão ali 
exclusivamente pelo cemitério, embora o sirva também. Observamos intensa atividade 
de prestadores de serviços informais de todos os tipos: lavagem de carros, bares, 
comidas e lanches, farmácias, pequenas mercearias e guardadores de carros, sendo 
estes últimos exclusivos para os visitantes do cemitério. 
Se considerarmos apenas a entrada principal do cemitério, podemos afirmar que o 
comércio é bastante restrito e discreto, sendo mais intenso o serviço de lavagem de 
carros que o ramo de comidas. 
 
 
 
 
 
 5 
Pequenos quiosques e lavadores de carros, mais numerosos que demais pontos de serviços. 
 
Imagem 02: Transversal oposta a entrada do cemitério. 
 
Na entrada principal do cemitério podemos ver um vendedor ambulante que trabalha na região 
e presta seus serviços nos horários dos velórios, que são em geral previsíveis, acontecendo após 
as 10h00 da manhã e após as 15h00 da tarde. 
 
Imagem 03: Vista frontal da entrada do cemitério. 
 
 
 
 
 6 
3. Aspectos religiosos relevantes (expressões de fé e 
espiritualidade); 
No cemitério da Várzea nossa observação se deu de modo bastante discreto, para 
respeitar o momento dos presentes, de modo que não ficamos no meio deles, mas a 
uma distância que nos permitiu notar que não havia a presença de algum religioso ou 
algum representante. Havendo um número pequeno de pessoas, algo entre vinte e trinta 
pessoas, percebemos que se tratava de uma família católica, dada a cruz cristã posta 
sobre a tampa do caixão. As orações foram iniciadas por um homem, não sei se era 
algum familiar próximo, mas foi prontamente acompanhado por todos. Orando juntos 
“encomendaram” o corpo segundo sua fé. Houve a recitação de salmos e o tradicional 
pai nosso na finalização do velório e em seguida fechamento do caixão, acompanhado 
de um pequeno cortejo seguindo a rota principal dentro do cemitério até o local do 
saimento, onde após o sepultamento todos os presentes bateram palmas como sinal de 
despedida ao falecido. 
 
4. Comportamentos individuais que interpretem como 
pertinentes e outrosdestoantes ao espaço observado; 
O luto é um comportamento natural e próprio do ser humano. Mas apesar do sofrimento 
ser objeto de evitação se mostra necessário em vários momentos da vida. Quando as 
energias internas (libido) são mobilizadas neste contexto naturalmente são convertidas 
em manifestações externas que nos conectam ao mundo e ao outro. Sofrer e 
demonstrar comoção também é uma forma de interagir e participar, fazer-se notar e 
demonstrar empatia. Em última análise sofremos pelo outro e com o outro, pela perda 
comum e pelo sentimento empático que comunica o reconhecimento deste sofrer na 
outra pessoa. 
Classificar o pertinente do destoante requer uma sensibilidade sujeita a muito vieses, 
por vezes quase inatingível, pois exigiria parâmetros de comparação do comportamento 
de um ou de outro indivíduo que extrapola o alcance de mera observação pontual. 
Buscar sinais de depressão precoce (ou melancolia) seria um caminho, possível, mas 
sem garantias, pois: 
 
 7 
Para Freud (1974), a análise comparativa entre luto e melancolia (ou os 
sentimentos de luto ou depressão clínica) demonstra que o luto pode ser um 
modelo de depressão clínica: ambos são reações a uma perda e se caracterizam 
por um espírito deprimido, perda de interesse e inibição de atividades. A 
diferença é a ausência – no luto – de culpa, autoacusações e rebaixamento da 
autoestima. (Bromberg, 1998, p. 24s) 
Na cerimônia observada, segundo nossa percepção, podemos concluir que nenhuma 
das manifestações de luto observadas apresentou nada que se enquadre como 
destoante, logo tudo absolutamente pertinente ao momento. Notamos expressões de 
tristezas e choro no semblante dos participantes do velório. 
 
5. Outras expressões e/ ou fenômenos que caracterizem a 
visão sobre a morte e o morrer no mundo contemporâneo; 
Na cidade grande, Recife, no bairro em questão, Várzea, é sabido que os velórios do 
bairro acontecem nas capelas do cemitério, contrariamente ao observado na cidade de 
Nazaré da Mata, não há nenhum constrangimento ou sinal de perturbação em se fazer 
a cerimônia em local público e impessoal. A família e amigos igualmente presentes 
compartilhavam a dor, embora fora do lar, se faziam presentes no seio da família, 
embora por vezes se agregasse aos transeuntes do local. 
 
6. Presença de crianças no espaço e rituais de velórios. 
Havia crianças no local. Percebemos crianças de diferentes idades e foi notório que a 
reação e comportamento delas estava diretamente ligada a idade, sendo 
proporcionalmente mais tensa quando mais velha fossem. As menores (aparentando ter 
entre 3 e 5 anos) corriam e brincavam próximos aos pais, visivelmente combalidos. A 
que aparentava mais idades (algo entre 6 ou 7 anos), não chorava nem brincava, antes 
parecia concentrada em observar a reação dos adultos, atenta e silenciosa. 
Notadamente nenhum adulto voltavam-se para elas ou demonstravam preocupação 
com os sentimentos das crianças. Tanto em Nazaré quanto em Recife não observamos 
conversas nem sinal de consolo que se voltasse para os pequenos. Parece existir um 
certo entendimento que justifique essa “negligência emocional”, pois “as crianças não 
entendem, logo não sofrem nem precisam da palavra de consolo”. Sendo o velório 
 8 
voltado para os adultos homenagearem o falecido, os pequenos estavam em lugar 
impróprio. Essa foi nossa impressão. 
 
7. Conclusão 
Na cidade grande não é comum realizar funerais em casas ou apartamentos. Recife não 
foge à regra, portanto, é comum ser realizada no cemitério e outros locais pública que 
não o própria lar, onde tal despedida pode ser concretizada, vivida. 
A Religiosidade também é algo presente em tais cerimonias, em algumas religiões 
devido a preocupação universal que questiona para onde o sujeito vai após a morte, 
toda sua despedida tem uma contribuição para o “Deus “ao qual o meio social daquele 
sujeito acredita, onde será seu verdadeiro descanso. 
A presença de crianças em funerais foi notada e que eles se encontravam sem estar a 
pá do acontecimento, só vendo a tristeza nos entes próximos. 
O luto pode e deve ser vivenciando pelo individuo de acordo com sua personalidade, 
não sendo mediado pelo meio, pois o sentir é singular e varia de acordo com cada 
sujeito, mas deve ser observado se os sinais e sintomas forem de forma intensa na 
demonstração desse luto , podendo tal característica ser considerada sinal do luto 
complicado. 
 
 
 9 
8. Referencias 
Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos (2019). 
Verbete: “luto”, item 1. Disponível em: 
http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=luto. Acesso em: 20 maio 
2019 
 
RAMOS, Vera Alexandra. O Processo Do Luto. Portal Dos Psicólogos, [S. l.], p. 1-16, 
29 set. 2016. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1021.pdf. Acesso 
em: 30 maio 2019. 
Freud, S. (1917 [1915]) [1996]). Luto e Melancolia. In Obras completas. Rio de Janeiro: 
Imago. 
Kubler-Ross E. Sobre A Morte E O Morrer. Rio de Janeiro: Editora Martins Fontes; 
1985.

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