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CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 1! AULA 01 - TEORIA Empresário (2a Parte). Estabelecimento. Prepostos e relação com a Atividade Empresarial. Obrigação de Escrituração. 1. INTRODUÇÃO Olá! Tudo bem contigo?! Vamos começar nossa AULA 01? Nosso objetivo é trazer uma sequência de exercícios sobre os seguintes assuntos: ⇒ Empresário e Sociedade (obs.: esclareço que, nesse tópico, não esgotaremos o tema sobre sociedade, pois falaremos dela com maiores detalhes nas próximas aulas!); ⇒ Registro; ⇒ Estabelecimento; ⇒ Prepostos (Gerente, Contabilistas e Outros Auxiliares); e ⇒ Escrituração. Antes de entrarmos na matéria de hoje, escolhi para você as seguintes palavras atribuídas a um homem que viveu há muito tempo, chamado REI SALOMÃO: “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino.” (Provérbios 3:13-14) 2. EMPRESÁRIO Pessoal, vamos continuar com informações que podem ser úteis no concurso relacionado com o empresário. 2.1. QUEM NÃO É CONSIDERADO EMPRESÁRIO a. Sócio de sociedade empresária: EMPRESÁRIA SERÁ A SOCIEDADE EMPRESÁRIA E NÃO O SÓCIO. A personalidade CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 2! jurídica das sociedades não se confunde com a personalidade jurídica de seus sócios. Logo, o sócio e a sociedade são pessoas distintas entre si! b. Profissional intelectual (médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos, jornalistas, etc.): esses não são empresários, mesmo com o concurso de auxiliares ou colaborares, salvo quando o exercício da profissão constituir elemento de empresa, situação em que a organização aparecerá mais do que a pessoa do profissional (art. 966, parágrafo único, do CC); Opa! Essa não é tão simples de compreender, por isso, vamos explicar melhor essa situação, no próximo item 2. c. Sociedade simples uniprofissional: se for organizada por conjunto de profissionais intelectuais de uma mesma profissão, que podem ser médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos, jornalistas, etc., mesmo com a contratação de terceiros, salvo se objeto social for explorado com a constituição de elemento de empresa (também perfaz a exceção que acabamos de mencionar no art. 966, parágrafo único, do CC, e deve ser combinada com o art. 982, caput, do CC); aqui também merece maior explicação, no próximo item. d. Exercente de atividade rural (empresário rural individual ou sociedade de atividade rural): salvo quando optar pelo registro empresarial, momento em que passará a ser considerado empresário rural individual ou sociedade empresária (art. 971, do Código Civil); veja bem que, nesse caso, trata-se de uma opção da lei ao exercente da atividade rural! Então, para esses, não é obrigatória a adoção do regime empresarial, é apenas facultativa! e. Sociedade cooperativa: nunca é empresarial, sempre será sociedade simples, independentemente do objeto (art. 982, última parte do parágrafo único, do CC); e f. Sociedade de advogado: é sempre sociedade civil (não empresarial) pois está excluída do conceito empresarial, por interpretação dos arts. 15, caput, e 16, § 3o, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994). IMPORTANTE: como já falamos na Aula Demonstrativa, o fato de não ser considerado empresário acarreta limitações. Dentre alguns aspectos, destacamos a impossibilidade de CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 3! acesso aos benefícios da recuperação judicial e extrajudicial, previstas na Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005 (Lei de Falências)! Lei de Falências: “Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.” 2.2. “ELEMENTO DE EMPRESA” (ART. 966, PARÁGRAFO ÚNICO) De todos os itens que acabamos de apontar na lista anterior, vale à pena falar um pouco mais sobre as letras “b” (profissional intelectual) e “c” (sociedade simples uniprofissional), que são figuras que se enquadram nos arts. 966, parágrafo único, e 982, caput, do CC! CC: “Art. 966. ..................................................................................... Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. ................................ Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.” Muito bem! Pelo CC, os chamados profissionais intelectuais e as sociedades de profissionais intelectuais não se enquadram no conceito empresarial do art. 966, caput, do CC, mesmo que contratarem os chamados colaboradores e auxiliares para trabalhar com eles. Já pensaram em algum dentista trabalhando sem ninguém para executar as funções auxiliares em seu consultório? Ou um médico? Fica bem mais difícil desempenhar o ofício intelectual, sem ninguém para prestar atendimento telefônico, organizar agendas, dentre outras tarefas! A CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 4! contratação de terceiros para colaboração ou auxílio não descaracteriza a natureza de atividade civil. Exceção: “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” (parte final do parágrafo único do art. 966, do CC). “Mas como se caracteriza o “elemento de empresa” em uma atividade econômica intelectual?” Respondo: quando se contrata outro profissional intelectual para exercer a atividade-fim. Vamos exemplificar, para ficar melhor compreendido: • Ex.: Um médico que remunera outros médicos para desempenhar a mesma atividade-fim em sua clínica. No caso do primeiro médico, ele deixou de ser o único profissional a exercer a atividade-fim ao remunerar outros médicos para atender em sua clínica. Consequentemente, quanto ao primeiro médico: a. foi reduzida a sua pessoalidade na execução da atividade-fim; b. sua participação profissional passou a ser apenas mais um elemento da empresa; e c. restou caracterizada a atividade empresarial de sua parte. Esse raciocínio aplica-se também aos dentistas, engenheiros, arquitetos, jornalistas, dentre outros exercentes de profissões liberais. O mesmo não ocorre no caso descrito pela questão no 19, de nossos exercícioscomentados. O enunciado dessa questão foi desenvolvido pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE), órgão que integra a Fundação Universidade de Brasília (FUB), e aplicado na prova para Analista de Empresa de Comunicação Pública, área de Advocacia, em 2011, senão vejamos: “João, conceituado jornalista, exerce sua atividade com o concurso de mais dois colaboradores, que o auxiliam na confecção e formatação de seus textos. Nessa situação, não é considerado empresário.” Nesse caso, não houve contratação de terceiros para executar a atividade-fim de jornalismo, mas houve a contratação de terceiros, para a execução de atividades de colaboração (confecção e formatação de textos). Por isso, os dois contratos são legalmente considerados como colaboradores. Portanto, não houve formação do elemento de empresa e, nesse caso, João não é empresário. A proposição é verdadeira. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 5! Agora vamos abrir um novo tópico, para analisar quem está incapacitado ou impedido de exercer atividade empresarial. 2.3. QUEM PODE EXERCER A ATIVIDADE EMPRESARIAL A regra geral é a seguinte: desde que esteja em pleno gozo de sua capacidade civil (maior de dezoito anos de idade ou emancipado) e não seja legalmente impedida, qualquer pessoa pode exercer atividade empresária (art. 972, do CC). CC: “Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.” Mas quem são os incapazes? E quem são os impedidos? • Incapazes: aqueles que não estão em pleno gozo da capacidade civil, por isso, são considerados incapazes para praticar, sozinhos, os atos da vida civil e empresarial. • Impedidos: são aquelas que, embora capazes, de alguma forma são legalmente limitados para exercer a atividade empresarial, normalmente em razão do exercício de certos cargos ou por força de decisão judicial. 2.3.1. INCAPAZES PARA EXERCEREM A ATIVIDADE EMPRESARIAL Vamos ver quem são os incapazes: a. Os menores de 18 anos, salvo quando forem devidamente emancipados (o momento da emancipação é uma causa que gera ao menor a possibilidade de praticar atos da vida civil sem precisar de outra pessoa para assisti-lo ou representá-lo, e essas causas estão relacionadas no art. 5o, parágrafo único, do Código Civil: (i) concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro; (ii) casamento; (iii) emprego público efetivo; (iv) colação de grau em curso de nível superior; ou (v) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função desses CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 6! fatos, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria); b. Os acometidos de enfermidade ou retardamento mental, que não tenham o necessário discernimento para a prática de atos da vida civil; c. Os que, mesmo por causa transitória, não possam exprimir sua vontade; d. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; e. Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e f. Os pródigos. 2.3.1.1. EXCEÇÃO PARA O INCAPAZ O incapaz pode ser empresário individual quando autorizado por juiz e for representado ou assistido, para continuar a empresa antes exercida: a) por ele mesmo, enquanto capaz; b) por seus pais; ou c) pelo autor de herança, como prevê o art. 974, do Código Civil. CC: “Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.” CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 7! Importante ressaltar que, nessas situações: a. o interditado deve ser assistido, nas hipóteses do art. 3o, do Código Civil (relativamente incapazes), e deverá ser representado (nos casos do art. 4o, do mesmo Código); b. bens que o menor já possuía antes e não ligados à empresa, ficarão imunes de qualquer responsabilidade pelos negócios da empresa, isto é, não poderão ser vendidos para pagar eventuais prejuízos da atividade empresarial (trata-se de uma proteção especial ao patrimônio do incapaz); e CC: “Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. § 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente. § 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.” c. caso o representante ou assistente do incapaz for impedido de exercer atividade empresarial, deverá nomear um gerente, com a aprovação do juiz. 2.3.2. IMPEDIDOS Agora, vamos ver uma lista de legalmente impedidos para exercer atividade empresarial: a. Servidores públicos federais: não podem participar de participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, e podem ser acionistas, cotistas ou comanditários (art. 117, inciso X, da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990). b. Magistrados: não podem participar de sociedades civis ou comerciais (ou empresariais), mas podem ser acionistas ou cotistas (art. 36, incisos I e II, da Lei Complementar no 35, de 14 de março de 1979). CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 8! c. Membros do Ministério Público: não podem participar de sociedades comerciais (ou empresariais), mas podem ser acionistas ou cotistas (art. 36, incisos I e II, da Lei Complementar no 35, de 14 de março de 1979); d. Militares da ativa: não podem participar de administração ou gerência de sociedade comercial (ou empresarial), ou dela ser sócio, mas podem ser acionistas, de sociedade anônima, ou cotistas (art. 204, do Decreto- Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969). e. Deputados e Senadores: estão proibidos, desde a expedição do diploma, de: a) firmarou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público (salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes); b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum (“sem motivação”), nas entidades constantes da alínea anterior; e, desde a posse, de: a) serem proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas na primeira alínea “a", acima; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a"; e d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo (art. 54, da Constituição Federal). f. Vereadores: mesma relação de impedimentos atribuídos aos deputados e senadores (art. 29, inciso IX, da CF); g. Falidos: não podem exercer atividade empresarial desde a decretação da falência até que seja declarada, judicialmente, a extinção de suas obrigações (art. 102, caput, da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e art. 1.030, parágrafo único, do CC). h. Outro efeito para os falidos: impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência de sociedades (art. 181, inciso I e § 1o, da mesma lei). Aqui, não se tratam de efeitos automáticos, devem decorrer expressamente de uma decisão condenatória por crime falimentar, em que o juiz deve motivar a aplicação do impedimento. Os efeitos devem perdurar até cinco anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 9! 2.4. EMPRESÁRIO CASADO Sobre o empresário casado quero mencionar que: a. qualquer que seja o regime de bens: pode alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real (art. 987, do CC). As bancas examinadoras gostam muito pergunta sobre esse artigo!!! CC: “Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.” b. empresário casado, separado ou reconciliado (agora, não me recordo de ter visto questão de concurso sobre esse aspecto, é uma boa dica para vocês guardarem!!! Quem sabe cai na prova de vocês?!): i. necessidade de averbação dupla do pacto e declarações antenupciais e determinados títulos (art. 979, do CC); ii. necessidade de arquivamento e averbação de separação e reconciliação em cartório de registro empresarial, para serem opostos perante terceiros (art. 980, do CC). CC: Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis.” CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 10! 3. ESTABELECIMENTO Estabelecido é o complexo de bens, materiais (corpóreos) ou imateriais (incorpóreos), organizado para ser utilizado na empresa (art. 1.142, do CC). Também é conhecido na doutrina por “fundo de comércio” ou “fundo de empresa”. CC: “Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.” 3.1 CARACTERÍSTICAS A seguir, são enumeradas características do estabelecimento: a. não é simplesmente o imóvel: muita gente confunde mesmo, mas estabelecimento não é representado necessariamente apenas pelo imóvel da sede empresarial, ou seja, não é simplesmente o local onde a atividade é explorada (na verdade, é mais do que isso!); b. propriedade dos bens: os bens que integram o estabelecimento não precisam ser de propriedade do empresário (podem ser alugados, ou emprestados, p. ex.); c. é uma UNIVERSALIDADE DE FATO: é assim considerado por ser o estabelecimento um objeto de direito (uma certa quantidade de bens integra o estabelecimento), ao passo que o empresário é sujeito de direito que se afigura nessa relação de proprietário do estabelecimento; d. pode ser descentralizado: p. ex., por meio de instalação de filiais, agências, sucursais; e. O aviamento e a clientela não são considerados elementos de estabelecimento, pois não são caracterizados como bens: i. aviamento: é a capacidade que o estabelecimento tem de produzir lucro ao exercente da atividade empresarial; CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 11! ii. clientela: é o conjunto de pessoas que mantém relações jurídicas constantes com o empresário, também conhecido como freguesia. MUITA ATENÇÃO: as bancas costumam tentar confundir o candidato com questões relacionadas com o IMÓVEL e o ESTABELECIMENTO, como se o único bem do estabelecimento fosse o imóvel, e não é! EXEMPLOS DE BENS QUE PODEM FAZER PARTE DE ESTABELECIMENTO: Exemplos de bens que podem compor um estabelecimento: a. instalações; b. mercadorias; c. móveis; d. “estabelecimento virtual” ou “digital” (determinados bens incorpóreos, inacessíveis fisicamente, a não ser por intermédio de acessos à rede mundial de computadores); e. marcas; f. patentes; g. ponto empresarial, também chamado de ponto comercial (obs.: nesse caso, a propriedade do imóvel não será do empresário, apenas o direito sobre o ponto empresarial o será!. 3.2. PONTO EMPRESARIAL E DIRETO DE INERÊNCIA Ponto empresarial: em caso de imóvel alugado, o uso desse bem pelo empresário é ESPECIALMENTE PROTEGIDO pelo art. 51, da Lei no 8.245, de 18 de outubro de 1991 (Lei do Inquilinato). Por essa regra legal, o empresário poderá pleitear judicialmente a continuidade da locação destinada à exploração de sua atividade econômica (DIREITO DE INERÊNCIA), caso preencha as condições que estão descritas nos incisos I a III do art. 51, quais sejam: CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 12! a. o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; b. o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; c. o locatário esteja explorandoseu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. CUIDADO: uma coisa é a propriedade do imóvel (do locador), a outra é a posse direta exercida pelo empresário sobre o imóvel (locatário), que o aluga. No caso, o locatário (empresário) adquire o direito à proteção daquele ponto empresarial (DIREITO DE INERÊNCIA), existente sobre o imóvel, nas condições previstas na Lei do Inquilinato. Muito bem! Agora que sabemos que O ESTABELECIMENTO É UM COMPLEXO DE BENS, e, dessa forma, pode ser objeto de negociação, por meio de CONTRATO DE TRESPASSE! 3.3. CONTRATO DE TRESPASSE Contrato de trespasse: é o negócio jurídico que transfere o estabelecimento de um empresário (pessoa física ou jurídica) para outra pessoa (física ou jurídica). Esse tipo de negócio se destaca pelo interesse jurídico assegurado aos credores do empresário em sua realização, com as seguintes características: a. o trespasse deve ser feito por contrato escrito e, para que possa produzir efeitos perante terceiros, deve ser arquivado na Junta Comercial e publicado pela imprensa oficial (art. 1.144, do CC); b. é sujeito à anuência dos credores do empresário, por escrito ou tacitamente (é presumida após 30 dias da notificação), sendo que a anuência é desnecessária se o empresário possuir bens suficientes para pagamento de seu passivo (art. 1.145, do CC); c. caso não observe essas formalidades, o empresário pode ter sua falência decretada (art. 94, inciso III, letra “c”, da Lei de CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 13! Falências), caso em que a alienação será considerada ineficaz perante a massa falida (art. 129, inciso VI, da Lei de Falências), logo, nesses casos, o adquirente do estabelecimento sofrerá prejuízos; d. pelo trespasse, surge a responsabilidade solidária do vendedor do estabelecimento com o adquirente pelas dívidas empresariais, pelo prazo de um ano (art. 1.146, do CC): i. quanto aos créditos já vencidos antes do trespasse, conta-se um ano de prazo a partir da publicação do contrato de trespasse; e ii. quanto aos créditos vincendos após a data da publicação (ainda não vencidos), conta-se um ano de prazo somente a partir do vencimento. e. se não houver nada estipulado no contrato, o ALIENANTE não poderá fazer concorrência com o ADQUIRENTE, pelo prazo de 5 anos subsequentes à transferência (art. 1.147, caput, do CC); f. curiosidade: mesmo depois de um ano, o credor trabalhista pode demandar o vendedor ou o adquirente do estabelecimento empresarial; tanto faz: ou um, ou outro pode responder pela dívida decorrente de relação de trabalho (art. 448, da Consolidação das Leis do Trabalho, CLT); g. situação especial: o adquirente não sucede nas obrigações do anterior proprietário do estabelecimento, ou seja, não responde pelas obrigações do antigo proprietário, inclusive pelas de natureza tributária, pelas derivadas da legislação do trabalho e pelas decorrentes de acidentes de trabalho, caso o tenha adquirido por meio de realização de ativo em processo falimentar (art. 141, inciso II, da Lei de Falências), ressalvados os casos em que o arrematante for: i. sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; ii. parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou iii. identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 14! MAIS SOBRE ESTABELECIMENTO: Veja bem que a banca da PUC-RS (questão no 17) considerou como errada a seguinte proposição (além dos bens imóveis e móveis, FALTOU CONSIDERAR OS BENS INCORPÓREOS também!): ! "O estabelecimento empresarial é composto unicamente de bens móveis e imóveis, que são reunidos pelo empresário ou sociedade empresária para o exercício da atividade empresarial." MAIS SOBRE PONTO EMPRESARIAL: Primeiramente, lembre-se que: " o ponto empresarial é um direito do empresário sobre o imóvel explorado para fins empresariais, de acordo com a Lei do Inquilinato; e " o imóvel não é o único bem que integra o estabelecimento (existem outros bens móveis e incorpóreos que integram esse conceito, como acabamos de ver!). Podemos compreender melhor o que é ponto empresarial dividindo-o em três informações básicas: ⇒ DIREITOS DE PROPRIEDADE SOBRE O IMÓVEL: pertencem ao proprietário do bem imóvel. ⇒ DIREITOS SOBRE O PONTO EMPRESARIAL: pertencem ao empresário; e ⇒ NEM SEMPRE ESSES DOIS DIREITOS PERTENCERÃO À MESMA PESSOA! Menciono dois exemplos: a. Imóvel alugado a um empresário: nesse caso, o empresário será titular do ponto empresarial explorado (sobre o imóvel alugado), e não proprietário, ao passo que o proprietário do bem não será o titular do estabelecimento. Os direitos sobre o ponto empresarial CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 15! podem ser vendidos pelo empresário ao proprietário do imóvel? Respondo: sim! b. Venda do estabelecimento, sem incluir o imóvel: é possível?! Vejamos: o proprietário empresário de um imóvel poderá vender seu estabelecimento sem vender os seus direitos de proprietário. Ou seja, o proprietário do imóvel continuará sendo dono do imóvel, mas, transmitirá: ⇒ POR MEIO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO: a posse do imóvel ao novo empresário; ⇒ POR MEIO DO CONTRATO DE TRESPASSE: a titularidade do estabelecimento ao novo empresário. Explico um pouco mais: na hora de vender, a avaliação do imóvel possui um valor, e, se for incluir o estabelecimento na venda, mais precisamente, o direito de explorar a atividade empresarial naquele local, a venda ficará mais cara! E não se esqueça de memorizar a regra do art. 1.147, do caput, CC: “Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.” 4. PREPOSTOS São os colaboradores da atividade de empresa. São os que auxiliam o empresário no exercício da atividade empresarial. Dois conceitos que se relacionam: ⇒ Preponente: empresário (pessoa física ou jurídica), que contrata o preposto. ⇒ Preposto: pessoas que auxiliam o empresário. 4.1 PREPOSTOS EXPRESSAMENTE REGULADOS PELO CC CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 16! Existem vários tipos de ofícios exercíveis por prepostos em uma atividade empresarial, mas o CC regulamenta, de maneira expressa, apenas duas hipóteses (arts. 1.172 a 1.172), quais sejam: a. gerente: contratação facultativa; profissional que atua como chefeem uma empresa, administrador geral dos serviços e do pessoal; e b. contabilista: contratação obrigatória; profissional responsável por toda a escrituração dos livros do empresário. 4.2. RESPONSABILIDADE DO PREPONENTE EM RELAÇÃO AOS ATOS DOS PREPOSTOS Agora, paremos um pouco para refletir: alguém chega em seu estabelecimento empresarial, com uniforme de uma determinada empresa fornecedora de produtos e serviços que lhe interessam. E essa pessoa possui vários documentos e formulários, etc. Após lhe explicar vários detalhes, essa pessoa lhe oferece uma certa contratação valiosa com parcelamento financeiro, vantagens importantes, e tudo o mais! Então, nesse caso, o que você poderá fazer para ter certeza se essa contratação será válida?! Estamos diante da “teoria da aparência”! Tudo parece estar correto, não é verdade? Mas, o CC estabelece determinadas regras sobre atos praticados por preposto, dentro ou fora do estabelecimento, e a possibilidade ou não de responsabilização do preponente pelos atos do preposto (empresário, empregador): a. limitações de poderes do gerente: as limitações devem ser arquivadas e averbadas no cartório de registro empresarial, para poderem ser opostas a terceiros, salvo se for comprovado que a pessoa que tratou com o gerente conhecia as limitações (art. 1.174, do CC); b. atos praticados dentro do estabelecimento por qualquer preposto: não precisam de autorização escrita do preponente, para torná-lo responsável por esses atos (art. 1.178, caput, do CC); c. atos praticados fora do estabelecimento por qualquer preposto: se não houver poderes conferidos por escrito (certidão ou cópia autenticada), não obrigarão o preponente obrigado a responder pelos atos (art. 1.178, parágrafo único, do CC). Então, pelo CC, deve CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 17! sempre ser conferido se o preposto tem poderes para fazer negócios fora do estabelecimento, sob pena de não obrigar o empresário! d. outro detalhe: no exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos ATOS CULPOSOS; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos ATOS DOLOSOS (art. 1.175, do CC). Ficou claro? Então explico mais: ⇒ nos atos em que o preposto agir com imprudência ou negligência (CULPA) e causar dano a alguém, o preposto responderá somente perante o proponente, caso este venha a ser obrigado a indenizar a vítima (direito de regresso do preponente contra o preposto); ⇒ todavia, se o proposto agir com a intenção deliberada (DOLO), responderá solidariamente com o preponente perante terceiros. 5. ESCRITURAÇÃO Além do registro empresarial, todo empresário deve (ressalvados os casos de pequeno empresário, ou microempresas e empresas de pequeno porte, que serão objeto de comentários a seguir), sob pena de irregularidade: a. escriturar os livros empresariais obrigatórios; b. levantar, periodicamente, o balanço patrimonial e de resultado econômico da empresa. 5.1. RESSALVAS As ressalvas dessa matéria são por conta da simplificação legal prevista para o “pequeno empresário” (art. 179, § 2o, do CC1) e duas possíveis situações especiais: !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1 No CC, a expressão “pequeno empresário” foi assim utilizada, com relação aos aspectos escriturários e se aplicam às MEs e às EPPs: “Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 18! • Dispensa de escrituração: ao comentar os benefícios do Estatuto da ME e EPP (Lei Complementar no 123, de 2006), fiz um comentário em nota de rodapé, esclarecendo que somente as MEs e as EPPs que optarem pelo Simples Nacional estão dispensadas de manter escrituração mercantil, só que continuam obrigadas a emitir nota fiscal e a conservar e boa guarda os documentos relativos à sua atividade (art. 26, incisos I e II, do Estatuto da ME e EPP). • Simples Nacional é um regime tributário simplificado, em que são pagos diversos tributos em um único recolhimento, e de forma proporcional ao faturamento do contribuinte. • Situações especiais: a. se não fizeram a opção pelo Simples Nacional, devem as MEs e EPPs fazer a escrituração em livro-Caixa, em que deverá constar toda a sua movimentação financeira e bancária (art. 26, § 2o, do Estatuto); e b. quanto às sociedades limitadas de propósitos específicos (SPE), formadas por MEs e EPPs para negócios nacionais ou internacionais, na forma do art. 46, do Estatuto da ME e EPP, estão obrigadas a fazer sua escrituração nos livros Diário e Razão (art. 26, § 2o, inciso IV, do mesmo Estatuto). 5.2. LIVROS EMPRESARIAIS As espécies de livros previstas na legislação para a escrituração empresarial são as seguintes: a. livros obrigatórios: imposição de forma de escrituração aos empresários, sob pena de sanções de natureza empresarial e até penal: i. livros obrigatórios comuns: categoria de livro imposta a todos os empresários, no caso de nossa lei, há apenas um livro, o Diário, que pode ser substituído por fichas nos casos de escrituração mecanizada ou eletrônica (art. 1.180, do CC), em !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. (...) § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.” (destaquei em negrito) CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 19! no caso de adoção das fichas, poderá substituir o livro Diário pelo de Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele (art. 1.185, do CC); ii. livros obrigatórios especiais: categoria imposta a determinados empresários, sob condições específicas de atividade empresarial, como é o caso do livro de Registro de Duplicatas, obrigatório para quem emitir duplicatas (art. 19, da Lei no 5.474, de 18 de julho de 1974); do livro de Entrada e Saída de Mercadorias, para empresários que exploram Armazém-Geral (art. 7o, do Decreto no 1.102, de 21 de novembro de 1903); dos livros da Lei das SAs: Registro de Ações Nominativas, Transferências de Ações Nominativas, Atas de Assembleias Gerais, Presença de Acionistas, etc.; b. livros facultativos: conforme o próprio nome já diz, não são obrigatórios para os empresários, mas podem ajudar no controle e organização dos negócios (ausência não acarreta nenhuma sanção). Ex.: livro Caixa e o Conta-Corrente. Além do que, podem ser criados tipos adicionais de controle pelo empresário. 5.3. REQUISITOS DOS LIVROSA observação dos requisitos intrínsecos e extrínsecos deve ser cumulativa para que a escrituração seja considerada regular: a. requisitos intrínsecos: descrição em idioma nacional (vernáculo) e moeda corrente do Brasil (nacional), em ordem cronológica crescente, sem espaços em branco, entrelinhas, borrões, emendas ou transportes para as margens (sem rasuras, nem invenções!), sendo que as correções devem ser feitas por estornos; b. requisitos extrínsecos: relacionados com a segurança dos livros empresariais (termo de abertura e encerramento) e autenticação pela Junta Comercial (art. 1.181, do CC). 5.4. IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO Consequências de irregularidade na escrituração: CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 20! a. não poderá valer-se da eficácia probatória que o art. 379, do Código de Processo Civil, confere aos livros empresariais; b. crime falimentar (art. 178, da Lei de Falências) e a falência será considerada fraudulenta. 5.5. EXIBIÇÃO JUDICIAL Quanto à exibição judicial dos livros empresariais: a. a regra é o sigilo dos registros empresariais, salvo nos casos previstos em lei, por ordem judicial (art. 1.190, do CC); b. Súmula 260 do STF: “O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado as transações entre os litigantes.” Só que, nos casos previstos em lei, a exibição deve ser completa (ex.: falência); c. autorização do CC (art. 1.191), para ordem judicial: quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência; d. autorização no CPC (art. 381), para ordem judicial: a requerimento da parte, pode ser determinada a exibição integral dos livros comerciais e dos documentos do arquivo na liquidação de sociedade (inciso I); na sucessão por morte de sócio (inciso II); e quando e como determinar a lei (inciso III); e. autorização da Lei das SA (art. 105): exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco por cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da companhia; f. as restrições de sigilo não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais (art. 1.193, do CC); g. Súmula 439 do STF: “Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação”. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 21! EFICÁCIA PROBATÓRIA DOS LIVROS E FICHAS: ⇒ Prova contra: os livros e as fichas provam contra o empresário e as sociedades a que pertencem; ⇒ Prova a favor: os livros e as fichas devem estar confirmados por outros subsídios (deve haver outras provas!). CC: “Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.” CONSEQUÊNCIAS DE IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO: ⇒ não poderá valer-se da eficácia probatória que o art. 226, do CC, confere aos livros empresariais (A FAVOR DO EMPRESÁRIO); ⇒ constitui crime falimentar (art. 178, da Lei de Falências) e a falência será considerada fraudulenta. Agora, trouxe um ADENDO especial para você! Quem sabe o CESPE não se inspira em alguma dessas matérias na sua prova?! AULA 01 - ADENDO Competência constitucional para legislar sobre Direito Comercial. Teoria da empresa “versus” teoria dos atos de comércio. Revogação apenas da Primeira Parte do Código Comercial de 1850. 1. COMPETÊNCIA DA UNIÃO CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 22! É da União a competência privativa para legislar sobre Direito Comercial (art. 20, inciso I, da CF). CF: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;” 2. TEORIA DA EMPRESA “VERSUS” TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO Algumas das distinções a seguir já caíram em provas mais antigas de algumas bancas, sendo que a COPS/UEL cobrou esse assunto em 2007 (ver questão no 2). Veja bem como era a revogada teoria dos atos de comércio: a. antes do Código Civil de 2002, os atos de comércio eram enumerados em uma lista (ex.: práticas de operações de câmbio, banco e corretagem eram consideradas atos de comércio); b. o praticante de atos de comércio era considerado comerciante ou sociedade comercial; c. as exceções eram também expressamente listadas (ex.: prestadores de serviço e negociadores de imóveis, etc.). Agora, a atual teoria da empresa: a. pelo Código Civil de 2002, os critérios para caracterizar o que é atividade empresarial estão genericamente previstos em lei (art. 966, caput, do CC), ou indicados expressamente, como é o caso das sociedades por ações (S/A e C/A), que serão sempre sociedades empresariais, independentemente do objeto (art. 982, segunda parte do parágrafo único, do CC); b. os que se enquadram na teoria da empresa são considerados empresários ou sociedades empresariais; c. as exceções estão previstas genérica ou expressamente em lei (arts. 966, parágrafo único, e 982, primeira parte do parágrafo único, do CC). CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 23! CUIDADO: fiquem alertas com relação a questões que apresentem as palavras “atos de comércio”! ! Como vimos, a teoria que levava esse mesmo nome (teoria dos atos de comércio) foi revogada pelo art. 966, caput, do atual CC, de 2002! 3. A SEGUNDA PARTE DO CÓDIGO COMERCIAL DE 1850 ESTÁ VIGENTE! O art. 2.045, do Código Civil de 2002 revogou apenas parcialmente o Código Comercial. Ou seja: ainda está em pleno vigor a Segunda Parte do Código Comercial de 1850, cujos artigos versam sobre Direito Marítimo. A propósito, já vimos questão do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE), órgão que integra a Fundação Universidade de Brasília (FUB), exigindo informações a esse respeito, na prova de Exame de Ordem, da OAB Nacional, no ano de 2007 (conferir a questãono 32, na parte de exercícios comentados). CC: “Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho de 1850.” Na fase seguinte desta aula, verá que há comentários sobre diversas questões do CESPE a respeito da matéria de hoje (vide questões nos 1, 2, 20, 21, 25, 29, 32, 37, 43, 44, 45, 50, 52, 53, 55 e 58)! Também há vários exercícios de outras bancas, visando ajudar em seu treinamento, bem como um exercício de autoria própria (questão no 31)! AULA 01 - EXERCÍCIOS COMENTADOS Empresário (2a Parte). Estabelecimento. Prepostos e relação com a Atividade Empresarial. Obrigação de Escrituração. __________________________________________________________ IMPORTANTE: na hora da prova, procure entender bem o enunciado e procure não se precipitar na conclusão! CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 24! __________________________________________________________ QUESTÃO 1: CESPE - 2011 - IFB - PROFESSOR - DIREITO ( ) O empresário individual é a pessoa natural que exerce, em seu próprio nome, atividade empresarial, assumindo, pessoalmente, todos os riscos de sua atividade. Por essa razão, sendo o empresário individual casado, os bens imóveis destinados à sua atividade não podem ser alienados sem a outorga do outro cônjuge. Comentários: Errada. Veja bem que OS IMÓVEIS QUE INTEGREM O PATRIMÔNIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL podem ser alienados ou gravados de ônus real (ônus sobre os direitos do bem imóvel), SEM necessidade de outorga conjugal! Explico mais: com isso, a atividade empresarial fica mais fácil de ser desenvolvida! Lembre-se que essa regra se aplica para qualquer regime de bens! CC: “Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.” Resposta: Falsa. QUESTÃO 2: CESPE - 2012 - MPE-PI - PROMOTOR DE JUSTIÇA Assinale a opção correta a respeito de empresa, empresário, estabelecimento e locação empresarial. a) De acordo com a lei civil, é obrigatória a inscrição, no registro público de empresas mercantis, do empresário que desenvolva atividade rural. b) O adquirente do estabelecimento responde pelos débitos anteriores à transferência, estejam, ou não, tais débitos contabilizados na escrituração. c) A natureza jurídica do estabelecimento empresarial é de universalidade de direito. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 25! d) Em relação ao empresário individual, é possível a desconsideração da personalidade jurídica. e) Por meio de representação ou assistência, o menor não emancipado pode continuar a atividade empresarial exercida por seus pais. Comentários: Alternativa “A”: errada. Para o explorador de atividade econômica rural, a obtenção do REGISTRO DE EMPRESÁRIO é FACULTATIVA! CC: “Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.” Alternativa “B”: errada. A responsabilidade do adquirente do estabelecimento pelos débitos anteriores à transferência depende de que esses estejam REGULARMENTE CONTABILIZADOS. CC: “Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.” Alternativa “C”: errada. Guarde bem esse conceito: o estabelecimento é uma UNIVERSALIDADE DE FATO! A destinação do complexo de bens dada pelo empresário para o exercício da atividade empresarial é que caracteriza esse conjunto de bens como estabelecimento. Por isso, chama-se UNIVERSALIDADE (complexo de bens) DE FATO (organizado para exercício da empresa). CUIDADO: não confunda a classificação doutrinária de estabelecimento com universalidade de direito! CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 26! CC: “Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.” Alternativa “D”: errada. Guarde sempre com você: o art. 966, do CC, trata do EMPRESÁRIO INDIVIDUAL! Esse empresário é a pessoa física que exerce atividade empresarial e está sujeito à inscrição prévia no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. Veja bem que a sociedade possui personalidade jurídica distinta de seus sócios! Vamos falar mais sobre ela na próxima aula! E, a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica (art. 50, do CC) somente é possível para sociedades, JAMAIS PARA EMPRESÁRIO INDIVIDUAL! CC: “Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. ............................. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.” CC: “Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.” Alternativa “E”: correta! CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 27! Lembre-se que necessita de autorização judicial para o incapaz dar CONTINUIDADE a atividade empresarial, em três possíveis situações, em que a empresa era exercida: ⇒ por ELE enquanto capaz; ⇒ por SEUS PAIS; ou ⇒ pelo AUTOR DE HERANÇA (alguém que deixa herança bens e direitos a terceiros). Mas, tome muito CUIDADO: para o incapaz ser sócio, o art. 974, § 3o, não exige autorização judicial prévia! Veja bem que o CC exige a autorização judicial para o exercício de atividade empresarial na qualidade de EMPRESÁRIO INDIVIDUAL! CC:“Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais.” CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 28! Resposta: Alternativa “E”. QUESTÃO 3: COPS/UEL - 2011 - PGE/PR - PROCURADOR DO ESTADO DO PARANÁ OBS.: A COPS/UEL ANULOU 4 QUESTÕES DESSA PROVA, INCLUSIVE ESTA, QUE ERA A QUESTÃO No 64, CUJA RESPOSTA ANULADA ERA A LETRA “B”. POR ISSO, TIVE QUE ACRESCENTAR A ALTERNATIVA “F”! Sobre o regime jurídico do empresário no Código Civil de 2002, assinale a alternativa correta: I - empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, sendo obrigatória a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. II - caso venha a admitir sócios, o empresário individual não poderá ́ solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, devendo constituir e realizar o registro de nova sociedade. III - o empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, deve requerer obrigatoriamente a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. IV - o Registro Público de Empresas Mercantis deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio absolutamente incapaz, desde que o capital social da sociedade esteja totalmente integralizado e que, o incapaz, devidamente representado, não exerça administração da sociedade. V - o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Alternativas: a) as alternativas II, III e V estão corretas; b) as alternativas II, III e IV estão corretas; c) as alternativas I, II e V estão corretas; d) as alternativas II, IV e V estão corretas; CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 29! e) todas as alternativas estão corretas. f) as alternativas I, II, IV e V estão corretas. Comentários: Item “I”: correta. Essa proposição corresponde ao art. 966, caput, do CC! CC: “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.” Item “II”: correta. Sobre a transformação do registro de EMPRESÁRIO INDIVIDUAL EM SOCIEDADE, ela é possível de acordo com o art. 968, do CC! Para complementar o comentário, veja também que o registro de uma SOCIEDADE EMPRESÁRIA ser transformado em registro de EMPRESÁRIO INDIVIDUAL e, até mesmo, para o de EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI)! CC: “Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. § 1o Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos. § 2o À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes. § 3o Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 30! solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código. § 4o O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o inciso III do art. 2o da mesma Lei. § 5o Para fins do disposto no § 4o, poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM. ............................... “Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: ................................ IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; ................................. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código” Item “III”: errada. O registro de empresário é facultativo nos casos de exercente de atividade rural, seja ele pessoa física ou jurídica. Isso costuma cair para pegar candidatos! O registro só é obrigatório se a atividade econômica a ser explorada não for de natureza rural! CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADEDE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 31! CC: “Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. ........................................ Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.” Item “IV”: correta. Trata-se da hipótese do art. 974, § 3o, do CC, que trata de alteração de atos de constituição da sociedade que possui sócio incapaz! Essa questão é muito importante! Explico: as bancas podem tentar enganar o candidato, pois, NO CASO DESSE PARÁGRAFO, O CC NÃO EXIGE A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL! CC: “Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 32! § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais.” Item “V”: correta. A banca utilizou a regra do art. 1.179, caput, do CC, como alternativa da questão! CC: “Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.” Resposta: Alternativa “F”. QUESTÃO 4: COPS/UEL - 2007 - PGE/PR - PROCURADOR DO ESTADO DO PARANÁ Para a definição do âmbito de incidência e aplicabilidade do Direito Empresarial, aplica-se: I. A teoria dos atos de comércio, conforme tradicionalmente definida em lei, doutrina e jurisprudência, acrescida da teoria da empresa, conforme o novo código civil brasileiro. II. A teoria do empresário, conforme o novo código civil brasileiro, acrescida da teoria da prática de atos de comércio em massa. III. A teoria da empresa, com os contornos definidos pelo novo Código Civil Brasileiro, considerado empresário aquela pessoa natural ou jurídica que se organiza empresarialmente e está, como regra geral sujeita a poucas CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 33! exceções, inscrita no Registro Público de Atividades Mercantis de sua respectiva sede, antes do início de qualquer atividade. Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas: a) Todas as afirmativas estão corretas. b) Apenas a afirmativa III está correta. c) Todas as afirmativas estão incorretas. d) Apenas a afirmativa I está correta. e) Apenas a afirmativa II está correta. Comentários: Itens “I” e “II”: errados. Veja bem como disse no Adendo de hoje, TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO foi revogada, e tinha as seguintes características: ⇒ antes do Código Civil de 2002, os atos de comércio eram enumerados em uma lista (ex.: práticas de operações de câmbio, banco e corretagem eram consideradas atos de comércio); ⇒ o praticante de atos de comércio era considerado comerciante ou sociedade comercial; ⇒ as exceções eram também expressamente listadas (ex.: prestadores de serviço e negociadores de imóveis, etc.). Agora, está em vigor a atual TEORIA DA EMPRESA: ⇒ pelo Código Civil de 2002, os critérios para caracterizar o que é atividade empresarial estão genericamente previstos em lei (art. 966, caput, do CC), ou indicados expressamente, como é o caso das sociedades por ações (S/A e C/A), que serão sempre sociedades empresariais, independentemente do objeto (art. 982, segunda parte do parágrafo único, do CC); ⇒ os que se enquadram na teoria da empresa são considerados empresários ou sociedades empresariais; ⇒ as exceções estão previstas genérica ou expressamente em lei (arts. 966, parágrafo único, e 982, primeira parte do parágrafo único, do CC). CUIDADO: fiquem alertas com relação a questões que CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 34! apresentem as palavras “atos de comércio”! ! Como vimos, a teoria que levava esse mesmo nome (teoria dos atos de comércio) foi revogada pelo art. 966, caput, do atual CC, de 2002! Item “III”: correto. Vejamos algumas exceções de pessoas que não devem obter registro empresarial, embora possam estar explorando atividade econômica com características empresariais: a. exercente de atividade rural (pessoa física ou jurídica): não é obrigado a obter registro empresarial! Após o registro empresarial passará a ser considerado empresário rural individual ou sociedade empresária (art. 971, do Código Civil); veja bem que, nesse caso, trata-se de uma opção da lei ao exercente da atividade rural! Então, para esses, não é obrigatória a adoção do regime empresarial, é apenas facultativa! b. Sociedade cooperativa: nunca será empresarial, sempre será sociedade simples, independentemente do objeto (art. 982, última parte do parágrafo único, do CC); e c. Sociedade de advogado: é sempre sociedade civil (não empresarial) pois está excluída do registro empresarial, por interpretação dos arts. 15, caput, e 16, § 3o, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994). Resposta: Alternativa “B”. QUESTÃO 5: COPS/UEL - 2007 - PGE/PR- PROCURADOR DO ESTADO DO PARANÁO estabelecimento comercial: a) Tem natureza jurídica de universalidade de fato e é composto de bens, direitos e interesses, materiais e imateriais, necessários, úteis, convenientes e efetivamente aplicados ao exercício da empresa. b) Inclui, no caso do comerciante individual, seus bens pessoais, ainda que não aplicados ao exercício da empresa. c) Sua alienação é incondicionada e, ao teor da lei, pode ser livremente realizada, bastando para tanto, em qualquer hipótese, a só vontade do respectivo titular, seja pessoa natural ou jurídica. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 35! d) Pressupõe uma organização funcional e racional dos bens imóveis de titularidade do comerciante, o que implica um aumento do respectivo valor e do valor do fundo de comércio de cada qual, enquanto tais imóveis estiverem reunidos, ainda que sob uso particular do empresário. e) As alternativas c e d estão corretas. Comentários: Alternativa “A”: correta. Como vimos na aula, o estabelecimento é uma UNIVERSALIDADE DE FATO, sendo que os bens, direitos e interesses, materiais e imateriais organizados para o exercício da atividade empresarial estão entre os que podem ser relacionados no rol de bens do estabelecimento! CC: “Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.” Alternativa “B”: errada, porque os bens do estabelecimento devem ser organizados para a atividade empresarial. Alternativa “C”: errada. A realização do contrato de trespasse deve obedecer regras previstas no CC. Logo, não é livre a negociação, é condicionada! Em especial, veja que os credores do negócio são protegidos nesses tipos de negociação (arts. 1.144 ao 1.146, do CC). CC: “Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 36! Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.” Alternativa “D”: errada. O uso dos elementos do estabelecimento devem ser reunidos para uso da atividade empresarial! Enquanto estiverem sendo aplicados para uso particular do empresário, esses bens não satisfazem a condição de bem organizado para a atividade empresarial! Alternativa “E”: errada, pois as letras “C” e “D” estão incorretas. Resposta: Alternativa “A”. QUESTÃO 6: COPS/UEL - PREFEITURA DE LONDRINA - AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS ( ) A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, não responderá pelas obrigações contraídas, uma vez que não cumpriu com a caracterização do empresário. Comentários: Errada. O CC estabeleceu que o impedimento legal não pode ser uma desculpa para gerar prejuízos para terceiros! CC: “Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.” Resposta: Falsa. QUESTÃO 7: COPS/UEL - PREFEITURA DE LONDRINA – AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS ( ) É facultado aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. Comentários: CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 37! Correta. Essa proposição está perfeita em relação ao disposto no art. 977, do CC! Fique tranquilo que iremos falar bastante sobre sociedades nas próximas aulas. Mas, desde já, peço que guarde que existem exceções para se formar SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES é: ⇒ Não ser casado no regime de comunhão universal de bens; ou ⇒ Não ser casado no regime de separação obrigatória. CC: “Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.” Resposta: Verdadeira. QUESTÃO 8: ESAF - 2009 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR-FISCAL - PROVA 1 A respeito do empresário individual no âmbito do direito comercial, marque a opção correta. a) O empresário individual atua sob a forma de pessoa jurídica. b) Da inscrição do empresário individual, constam o objeto e a sede da empresa. c) O analfabeto não pode registrar-se como empresário individual. d) O empresário, cuja atividade principal seja a rural, não pode registrar-se no Registro Público de Empresas. Comentários: Alternativa “A”: errada. Como apontamos na aula demonstrativa, é equivocado dizer que empresário individual atua sob a forma de pessoa jurídica. O empresário individual sempre será uma pessoa física. Alternativa “B”: correta. O pedido de inscrição de empresário deve informar, dentre outros requisitos, o objeto e a sede da empresa (art. 968, inciso IV, do CC). CC: “Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento CURSO DE DIREITO EMPRESARIAL EM TEORIA E EXERCÍCIOS P/TJDFT CARGOS: ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA (INCLUINDO A ESPECIALIDADE DE OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR JUDICIAL) AULA 01 - PROF. CARLOS BANDEIRA ____________________________________________________________ ! Prof. Carlos Bandeira www.pontodosconcursos.com.br 38! que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa.” Alternativa “C”: errada. Os ANALFABETOS NÃO SÃO CONSIDERADOS INCAPAZES (arts. 3o e 4o, do CC), por isso podem praticar atividades empresariais (art. 972, do CC). CC: “Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.” Alternativa “D”: errada. No caso, o explorador de atividade rural PODE obter se registro de empresário em cartório de registro empresarial. Lembre-se que se trata de uma faculdade do explorador de atividade rural. Após o registro, passa a ser considerado empresário, para os efeitos legais. CC: “Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades
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