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PpORFESSA AULA 1 ‘ LEITURA E ESCRITA MUSICAL 1Profª Keila Cristiane Digigow 1 Pianista e Educadora Musical, com titulação de Bacharel pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e Aperfeiçoamento em Educação Musical pela mesma instituição. Atuou como professora dos cursos de Licenciatura em Música da EMBAP, UFRN, UFMA e UERN, tendo uma vasta experiência no âmbito de ensino da música. Atualmente, é professora de música do Colégio Positivo Internacional de Curitiba. 02 LEITURA E ESCRITA MUSICAL Processo de leitura e escrita musical A Música é a arte de combinar os sons. É cultivada desde as mais remotas eras. Além da arte, a música é uma ciência. Além da habilidade mecânica e técnica do instrumentista/músico, faz-se necessário dominar a ciência musical, que se estrutura em várias disciplinas: teoria (básica) da música, solfejo, ritmo, percepção melódica, rítmica, tímbrica e dinâmica, harmonia, contraponto, formas musicais, instrumentos musicais, instrumentação, orquestração, arranjo, fonética e fisiologia da voz, psicologia da música, pedagogia musical, história da música, acústica musical, análise musical, composição, regência e técnica de um ou mais instrumentos musicais. Esse conjunto de disciplinas é um meio – e não um fim – para se desenvolver e conhecer mais profundamente a música e toda a sua complexidade. A aula está dividida em duas partes. Primeiro, iremos abordar as generalidades da linguagem musical. Apresentar as propriedades do som e a partir delas inserir os termos e símbolos musicais. Esses símbolos estarão representados pelas notas musicais, pauta e claves. Na segunda parte, abordaremos a duração do som e quais os símbolos que representam e identificam o tempo dos sons. Apresentaremos as figuras musicais, suas respectivas pausas, compassos, tipos de compassos, divisão dos compassos, fórmulas de compassos e sua organização na pauta. O objetivo da aula é proporcionar para o aluno um breve conhecimento da linguagem musical básica, fazendo com que esse aluno possa futuramente visualizar uma partitura e identificar com facilidade os símbolos musicais ali representados. Para um professor/pedagogo, é crucial ter um breve conhecimento musical, participar de capacitações voltadas para a música, que possam desenvolver sua coordenação motora, rítmica e vocal, formando, por conseguinte, bons estímulos nos seus alunos. 03 1 LEITURA E ESCRITA MUSICAL 1.1 Propriedades do Som O som possui quatro propriedades sonoras: duração, intensidade, altura e timbre: Duração: é o tempo de produção do som. É determinada pelo tempo de emissão das vibrações. Na escrita musical, é representada pelas figuras musicais e pelo andamento. Intensidade: é a propriedade do som ser mais fraco ou mais forte. É o grau de volume sonoro. Na escrita musical, é representada por sinais de dinâmica. Altura: é a propriedade do som ser mais grave ou mais agudo. Na escrita musical, é representada pela posição da nota no pentagrama e pela clave. Timbre: é a qualidade do som que permite conhecer a sua origem. É pelo timbre que sabemos se o som vem de um violino, de uma flauta, de um piano ou de uma voz humana. Na escrita musical, é representado pela indicação da voz ou instrumento que deve executar a música. A Música é constituída por três partes: Melodia, Harmonia e Ritmo. MELODIA: conjunto de sons dispostos em ordem sucessiva (leitura horizontal da música). 04 HARMONIA: Conjunto de sons dispostos em ordem simultânea (leitura vertical da música). RITMO: ordem e proporção em que estão dispostos os sons que constituem a melodia e a harmonia. O ritmo é representado por figuras musicais distribuídas e organizadas na pauta. 1.2 Pauta ou Pentagrama Conjunto de 5 linhas horizontais e 4 espaços onde se escreve as notas. As notas são escritas nas linhas e nos espaços. As linhas e os espaços são numerados de baixo para cima: 05 1.3 Notas Musicais O som musical é representado, no papel, por um sinal chamado nota. Existem 7 notas musicais: DO – RÉ – MI – FÁ – SOL – LÁ – SI A posição da nota no pentagrama indica a altura do som, do mais agudo para o mais grave ou do mais grave para o mais agudo: 1.4 Linhas Suplementares Há notas mais agudas ou mais graves do que as que são escritas na pauta. Para representar tal fenômeno, utilizam-se as linhas suplementares superiores e 06 inferiores, definidas por Guido D’Arezzo, monge italiano e regente do coro da Catedral de Arezzo em 991 d.C. Posição das notas nas linhas suplementares: 1.5 Claves Existem três claves: SOL, FÁ e DÓ. São assim chamadas porque, na linha em que são escritas, estão localizadas, respectivamente, as notas sol, fá e dó. 07 1.5.1 Origem das claves Antes de receber os nomes atuais (dó, ré, mi etc.), os sons musicais eram chamados pelas sete primeiras letras do sistema alfabético introduzido pelo Papa Gregório Grande, por volta de 540 d.C., usadas em inglês, alemão, grego etc.: A = Lá B = Si C = Dó D = Ré E = Mi F = Fá G = Sol As claves eram, então, representadas pelas letras correspondentes: G, F e C. Com o decorrer do tempo, os copistas foram deformando essas letras, até que elas adquiriram a forma atual: 08 Tal como dito, são três as claves musicais. No entanto, antigamente, sua posição na pauta podia variar da seguinte maneira: Assim, as notas localizadas sobre a pauta, dependendo da clave, possuem nomes e alturas diferentes: Essas claves podem ser utilizadas individualmente ou de forma simultânea. Em geral, o uso dessas duas claves simultaneamente está atrelada a contextos que marcam uma pauta para o piano ou teclados e/ou para as vozes, tal como em uma partitura de coro: 09 Partitura para piano de Antonio Carlos Jobim: 2 DURAÇÃO Em música, existem sons longos e sons breves. Há também momentos quando se interrompe a emissão do som: os silêncios. A duração é a maior ou a 010 menor continuidade de um som. A relação entre duração de sons define o ritmo. A figura da nota indica a duração do som. Figuras e pausas são um conjunto de sinais convencionais representativos das durações. Para cada figura, existe uma pausa correspondente. 2.1 Figuras Musicais A figura musical é formada por três partes: cabeça, haste e colchete ou bandeirola: A haste é um traço vertical colocado à direita da figura quando para cima e à esquerda quando para baixo: As notas colocadas até a terceira linha da pauta tem a haste para cima e as notas colocadas a partir da terceira linha tem a haste para baixo. Na terceira linha, é facultativo colocar a haste para cima ou para baixo: 011 As figuras musicais são chamadas de: semibreve, mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa. Existe ainda a quartifusa, iniciada no tempo de Beethoven, mas que, na contemporaneidade, pouco utilizada: e sua respectivapausa: 012 A semibreve é a que tem o maior valor de duração, assim, as outras são subdivididas de duas em duas: As pausas obedecem a mesma proporção das notas, isto é, cada qual vale duas da seguinte. Cada figura musical possui um número que equivale a sua proporcionalidade em relação à semibreve, que é hoje a figura de maior duração. A seguir, observe atentamente um quadro demonstrativo: 013 Dentro de uma SEMIBREVE cabem: 2 mínimas; 4 semínimas; 8 colcheias; 16 semicolcheias etc. Assim, o número à direita do quadro representa apenas a quantidade de figuras que cabem dentro de uma SEMIBREVE. 014 IMPORTANTE: A escrita musical deve ser a mais clara possível e as notas devem ser agrupadas de maneira que representem sempre uma unidade reconhecível. 2.2 Ponto de Aumento É a abreviatura de uma combinação frequente de valores. Trata-se de um sinal que, colocado à direita de uma nota ou pausa, aumenta metade da sua duração. A nota ou pausa com ponto é chamada de pontuada. Os pontos de aumento nas notas escritas nas linhas devem ser grafados acima da linha. Nas notas escritas nos espaços, os pontos são gravados no centro do espaço. 015 2.3 Compasso É a divisão da música em pequenas partes de duração igual ou variável. Essa divisão ocorre com a combinação das figuras musicais, juntamente com a fórmula de compasso e as barras que separam os compassos. As barras de compasso são linhas verticais localizadas na pauta. Existem quatro tipos de barras: Barra Simples: separa um compasso do outro: Barra Dupla: separa uma seção ou partes da música: Barra Final: indica a conclusão da música: Barra de repetição: indica o trecho da música que deve ser repetido: 016 O que faz diferença entre os tipos de compasso está justamente na sua formação e na forma pela qual cada tempo é preenchido. Um compasso simples possui duas subdivisões para cada tempo: Um compasso composto possui três subdivisões para cada tempo: Um compasso irregular possui uma mescla, sendo composto por duas e três subdivisões por cada tempo: Os TEMPOS são partes do compasso. O compasso pode ter: 017 2 tempos – compasso binário 3 tempos – compasso ternário 4 tempos – compasso quaternário 5 tempos – compasso quinário 7 tempos – compasso setenário Exemplo de compasso binário, ternário e quaternário, respectivamente: 2.3.1 Fórmula de Compasso É colocada no começo de cada peça musical. Em geral, é indicada por números em forma de fração, pelo tamanho do compasso e também pela divisão das figuras musicais. O numerador indica a unidade de tempo, ou seja, quantos tempos cabem no compasso; e o denominador indica a unidade de compasso, um número representado pelo valor da figura musical, tal como pode ser observado no exemplo: 018 CLASSIFICAÇÃO DOS COMPASSOS: Tipos de compassos BINÁRIOS TERNÁRIOS QUATERNÁRIOS SIMPLES 2 3 4 COMPOSTO 6 9 12 IRREGULAR 5 7 8 9 10 11 019 Exemplo de um trecho musical contendo as informações apresentadas acima: Clave de Sol e Fá; Fórmula de compasso: ¾; Figuras musicais representadas por colcheias, semínimas e suas respectivas pausas; Exemplo de melodia (notas sucessivas escritas horizontalmente na pauta). Observação: as colcheias estão ligadas aos colchetes. 020 REFERÊNCIAS MED, Bohumil. Teoria da Música. 4. ed. revista e ampliada. Brasília: Musimed, 2014. MED, Bohumil. Teoria da Música. Livro de exercícios com gabarito. Brasília: Musimed, 2014. LACERDA, Osvaldo. Compêndio de teoria elementar da música. 9. ed. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1961.
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