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Fichamento de perspectivas de Estado (Creveld, Beyme, Deutsch)

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Nome: Juliana Rosa Miranda 
Turma: 192-11 
Ficha de Leitura 
TGE I – 2019 
 
Título da Obra – Ascensão e declínio do Estado (1999) 
Autor – Martin Van Creveld 
Unidade(s) de Leitura – Capítulo 4 (O Estado como um ideal: 1789 a 1945) 
1.Tema discutido: O autor Creveld aborda no texto acerca do propósito da criação do 
Estado como meio, alterando-se com o decorrer dos acontecimentos para um 
instrumento de finalidade. Tal transformação deve-se a tentativa estatal de limitar as 
ações da massa prejudiciais para o bem-estar da humanidade, passando, assim, a 
controlar setores sociais como a saúde e a educação. Mais tarde a crescente 
concentração de poder teve consequências que suscitaram a revolução francesa, as 
guerras napoleônicas e, por fim, as duas grandes guerras mundiais. 
 
2. Ideias Centrais: É discutido, inicialmente, sobre a relevante contribuição do filósofo 
Rousseau para a “Grande Transformação” das ideias embutidas no conceito de pátria, 
visto que considera a maior das virtudes a subordinação voluntária do cidadão a 
vontade geral em relação à cultura e aos costumes. Tais aspectos sociais, no período 
do Iluminismo, ganharam um valor sentimental de nacionalidade envolvida por uma 
abordagem universal, que recebeu moldes de singularidade para cada nação com o 
jornalista alemão Herder. Em 1789, entretanto, converge-se o nacionalismo com 
pretensões estatais. Teoricamente foi desenvolvida essa união pelo sociólogo Hegel, 
sendo o Estado personificado em um ser supremo ou até mesmo divido e o indivíduo 
dependente deste para exercer sua liberdade e caráter ético, como também era 
função estatal proteger a cultura da nação e o seu desenvolvimento, logo deveria ser 
tão forte quanto possível. Tal intensificação teve influência da mobilização das massas 
realizada por meio de mecanismos criados pelo Estado para formar um sentimento de 
identidade nacional e necessidade de defesa do território. Com o surgimento da 
Revolução Industrial houve um rompimento entre o cidadão e o seu local de origem, 
devido o maior dinamismo para a locomoção suscitado pela modernidade. Além disso, 
problemas sociais obtiveram notoriedade, o que gerou um maior controle do Estado no 
sistema educacional e o levou a promover eventos esportivos de grande porte que 
alimentasse o sentimento de patriotismo. 
Posteriormente, o historiador Creveld trata da essencialidade da disciplina do povo 
para o Estado tornar-se ideal. No que diz respeito a questão concreta, é função estatal 
a proteção da propriedade desde os primórdios da civilização e com o advento do 
capitalismo as forças policiais tornaram-se cada vez maiores e mais centralizadores, a 
fim de garantir a preservação interna e externa. Essa forma de controle 
comportamental não foi a única utilizada, o Estado também manuseava o que tange o 
intelecto de seus cidadãos. Tal caso consiste na institucionalização da educação pelo 
governo, o qual, em um primeiro momento colocou o ensino como condição 
necessária para outras atividades civis, a fim de alcançar maior adesão, contudo mais 
tarde se tornaria obrigatório e universal ser escolarizado. A intenção do Estado era 
formar indivíduos patriotas que estivessem em confluência com seus propósitos, 
assim, a gestão estatal do currículo escolar dependia do grau de ameaça que os 
cidadãos representavam ao governo. Outro mecanismo utilizado pelo Estado é a 
promoção do bem-estar social, por meio de serviços públicos, os quais levam à 
obtenção da lealdade da população. 
Ademais, há a ampliação do controle estatal sobre a sociedade no âmbito financeiro. 
Observa-se essa ocorrência com a transição das relações econômicas de escambo, 
para moeda metálica e posteriormente, apesar de uma relativa resistência da 
população, muda-se para papel moeda. Nesse intervalo de tempo surgem os bancos - 
juntamente com a emissão de créditos - como também a competição entre eles. A 
liberdade dos bancários sejam públicos ou privados termina com a criação da Reserva 
Federal. Esse poder do governo sobre as riquezas do Estado suscitou diversos 
conflitos interestatais e instabilidades internas. 
Os elementos apresentados no texto orientam para a guerra total entre os Estados 
ocorrida na Segunda Guerra Mundial. Nessa perspectiva aponta-se a necessidade de 
se manter um equilíbrio de forças entre os países e os avanços promovidos pelos 
governos nas estruturas dos exércitos, nas estratégias de conflitos e na tecnologia dos 
armamentos e transportes utilizados. 
 
3. Problemática enfrentada: O historiador Creveld revela o gradual crescimento do 
Estado juntamente com as consequências desse fato, visto que a dissociação estatal 
da figura do governante está vinculada ao aumento do poder desse ente abstrato 
sobre a sociedade. Tal controle social por meio de diversos mecanismos levou à 
capacidade do Estado de exigir sacrifícios de seus cidadãos, culminando em inúmeras 
mortes em prol de um sentimento de nacionalismo distorcido. Nesse sentido o autor 
destaca que as pessoas naturais morrem, mas a pessoa jurídica, ou seja o Estado, 
permanece vivo. 
 
 
Título da Obra – The contemporary relevance of the concept of the State (1986) 
Autor – Klaus Von Beyme 
Unidade(s) de Leitura – Da página 115 a 119 
 
1.Tema discutido: É discutida a premissa do autor Beyme sobre os impactos que 
grupos pequenos exercem no interesse coletivo, por meio da perspectiva de 
intelectuais acerca de modelos de Estado e de sua relação com a sociedade, a qual o 
cientista político faz críticas e observações em defesa a limitação de interesses 
particulares. 
2.Ideias Centrais: O cientista político Beyme aborda no texto sobre a corrupção do 
Estado por interesses particulares que fragmentam a vontade coletiva. Nesse aspecto, 
utiliza um mecanismo exemplificativo dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França 
e da Itália, a fim de tratar do conceito de Estado e governo, como também do sistema 
de organização social e do papel estatal. Para isso, menciona Crozier e Friedman que 
discutem a respeito da interferência estatal mínima na sociedade, em contraste com 
Cassese, o qual mostra o Estado como financiador das principais funções e políticas 
públicas. Direcionando para o assunto central, o autor menciona a análise de Oslo, em 
que há uma sobreposição dos objetivos do setor privado ao interesse público. 
Posteriormente, o autor indaga se há razões para questionar as atividades de conceito 
de Estado. Assim, refere-se ao argumento de estratégia interdisciplinar, em que há a 
reflexão sobre até onde o poder estatal vai chegar, visto que o Estado e o governo são 
comuns a todos e por isso estes detêm o sistema e o poder. Nessa linha de raciocínio, 
Beyme é favorável a um Estado moderado, o qual se denomina de governo coerente. 
Ademais, fala-se de Estado em mudança, definido como os atritos que ocorrem entre 
o Estado e a sociedade por causa de interesses particulares, visto que o Estado quer 
promover políticas universais e a sociedade possui a expectativa de ser alcançada 
pelas políticas públicas, mas os interesses de grupos vão gerar um desgaste nessa 
relação. Dessa forma, deve-se acabar com as pretensões divergentes do coletivo. 
O autor, também, ressalta uma visão contrária aos behaviolaristas, uma vez que 
atribui importância às instituições para definir as principais questões sociais (pleno 
emprego, mobilidade e igualdade de oportunidade). Além de possuir ideias liberais em 
confluência com Oslo, ao defender a revogação de toda legislação que visa um 
interesse especial. 
Para uma questão de exemplificação, Beyme menciona o governo Thatcher, em que 
teve duas vertentes. Por um lado, a atuação positiva de limitar interesses particulares. 
Por outro lado, negativamente, não substituiu o pluralismo, o qual é nocivo para o 
interesse coletivo. Desse modo, o autor sugere a aplicação de dispositivos 
constitucionaispara o Estado evitar a chantagem de interesses individuais. 
Por fim, afirma-se que o Estado possui poder limitado, levando-o a ser afetado por 
interesses particulares, porém ele deve combater a elaboração de políticas por 
agentes extragovernamentais. Como também, deve arrumar o enraizamento do 
pluralismo na política e o monopólio na economia, visto que é o Estado quem sofre as 
consequências do conflito. 
 
3.Problemática enfrentada: Para o autor Beyme, Oslo e Thatcher fizeram um apelo 
ao governo coerente, contudo não foi o suficiente e por isso deve ser complementado 
por uma noção mais ampla de Estado ou de governo, de forma que não haja mais 
privilégios, mas também não se torne um autoritarismo. Em vista disso, faz um 
paralelo com Cassese, afirmando que o Estado não deve ser um financiador e sim, um 
cordenador das relações sociais. 
 
Título da Obra – State Functions and the Future of the State (1986) 
Autor – Karl W. Deutsch 
Unidade(s) de Leitura – Da página 209 a 222 
 
1.Tema discutido: O autor discuti sobre as funções do Estado e a combinação em 
intensidades diferentes desses fatores geram modelos diferentes que se apoiam em 
tipos estatais presentes na literatura histórica. Ademais, o cientista político trata de 
perspectivas futuras para o assunto embasadas na sociologia. 
2.Ideias Centrais: O texto apresenta duas funções básicas do Estado, que são a 
execução e a produção de bens e serviços desejáveis. Nesse sentido, mostram-se 
ações governamentais exemplificativas dessas incumbências estatais, as quais 
negligenciadas ou intensificadas podem ter consequências. 
No que tange os elementos do sistema político, trata-se da influência de agências não 
governamentais como o banco e a igreja, como também de grupos de interesse, que 
podem seguir ou não as normas, mas em situação de emergência apoiam o Estado. 
Posteriormente, abordam-se sobre funções principais do Estado, as quais incluem 
preservação de padrões já existentes, o poder estatal sobre a sociedade e a 
finalidade de tornar o país rico independente da desigualdade de distribuição dessa 
riqueza. 
A partir disso, o autor aponta tipos de Estado encontrados de modo empírico, que 
revelam combinações das funções já mencionadas, são eles: o Estado de 
regulamentação governamental, o Estado de laissez-faire, o Estado de planejamento, 
o Estado de bem-estar social e por fim o Estado revolucionário ou de mobilização. O 
cientista político Karl Deutsch sugere também modelos especulativos, embora 
correspondentes com a literatura histórica, possíveis para o futuro, que são : o Estado 
adaptativo e o Estado de aprendizagem da iniciativa. 
Em vista das explicações fornecidas pelo o autor, ele indaga sobre o futuro do Estado 
e seu possível desaparecimento. Para isso, apoia-se em análises de sociólogos, mas 
principalmente na visão marxista, em que existem estados de transformação do 
socialismo ao comunismo e comportamentos sociais associados a cada fase de 
mudança. Em seguida, Deutsch fala sobre a relação humana com o trabalho e a 
valoração da vida associados ao desenvolvimento do país. 
Por fim, o cientista política estima o tempo para diminuir o Estado coercitivo, como 
também os meios para que isso aconteça. 
 
3. Problemática enfrentada: Na visão do autor é essencial que os cientistas sociais 
coloquem variáveis temporais para atingir as propostas de Estado dos intelectuais e 
pensadores das gerações passadas, assim como fez com o do Karl Marx. Tal 
estimativa diverge para países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas o cientista 
político sugere que pode ocorrer um encurtamento do processo através de avanços 
científicos e tecnológicos, os quais se tornam mais viáveis nos modelos especulativos 
de Estado. Dessa forma, se bem-sucedido é possível obter a redução das maquinarias 
estatais de coerção.

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