Buscar

Produção de sementes e mudas de espécies florestais_Cap 1 e 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

-!~ 
·:;; 
=
 
c
afn 
o
c
a
 
o
 
"
a
 
:Si! 
::I 
"
'
 
J
!E
 
U
c
( 
o
 
.
 
·
-
c
( 
c 
.
 
.sw
 
~ 
... 
Capítulo 1 
Sementes Florestais 
Antonio Claudio Davide 
Departamento de Ciências Florestais 
Universidade Federal de Lavras 
Caixa Postal 3037 Lavras MG e-mail: acdavide@ufla .br 
Edvaldo Aparecido Amaral da Silva 
Departamento de Ciências Florestais 
Universidade Federal de Lavras 
Caixa Postal 3037 Lavras MG e milll : amaral@ufla.br 
/\,( I h 1Vh '" "" IJ .I\ 1\ I íi iVII 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 Importância biológica das sementes 
No ciclo de vida das plantas superiores as sementes são responsáveis 
pelas novas gerações. Além disso, as sementes têm função na dispersão e 
perpetuação das espécies. A dispersão das sementes é facilitada por diversas 
estruturas, como por exemplo, as "asas", que permitem que elas sejam 
levadas a outras áreas e proporcionam às espécies "conquistar" novas áreas. 
Já a perpetuação das espécies florestais, nos diferentes ambientes terrestres, 
deve-se em parte à dormência de sementes que permite a germinação apenas 
quando as condições ambientais são favoráveis a ela e ao estabelecimento 
das plântulas, evitando a germinação em condições ambientais desfavoráveis. 
Portanto, a dormência retarda a germinação e a distribui no tempo. Dessa 
forma, dormência e dispersão unidas em um mesmo órgão possibilitaram 
às espécies conquistarem o reino vegetal , onde as estruturas de dispersão 
permitiram e permitem que as espécies vegetais conquistem o espaço e a 
dormência a distribuição da germinação no tempo. 
1.2 Importância das sementes na conservação da biodiversidade e na 
pesquisa 
O Brasil é considerado o país que tem a maior biodiversidade do planeta, 
com um número de espécies estimado em 20% de toda a biodiversidade 
existente. Diversas espécies de plantas de importância econômica mundial 
são originárias do Brasil , destacando-se a castanha do Pará, seringueira, 
mogno, a mandioca, etc. Além dessas espécies, já mundialmente conhecidas 
e utilizadas, as espécies florestais requerem uma atenção especial em função 
da sua importância histórica, ecológica, econômica e cultural. Além disso, usos 
medicinais, alimentícios, combustíveis , etc. ainda não conhecidos e, portanto, 
ainda não explorados, poderão vir a sê-lo no futuro e os benefícios revertidos à 
sociedade. Assim , a diversidade biológica precisa ser conservada e explorada 
de uma forma sustentável (uso sem destruição). As formas de se conservar 
esse valioso recurso genético são a conservação in situ, nas unidades de 
conservação e ex situ, nos chamados bancos germoplasma ou nos bancos de 
sementes. 
O mais importante aspecto de qualidade de sementes para semeadura 
é que a semente apresente uma germinação uniforme e rápida , junto com uma 
boa capacidade de armazenamento. Todavia , essas demandas nem sempre 
estão de acordo com a função biológica das sementes. Aproximadamente, 
30% das espécies nativas das matas ciliares de Minas Gerais apresentam 
baixa longevidade e devem ser semeadas logo após a coleta e processamento, 
outras germinam após a dispersão e outras sobrevivem no solo, nos chamados 
bancos de sementes e podem germinar no futuro, pois apresentam dormência. 
12 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Floresta)s 
I rn vnrlos ospóclos cul tl v oc.Jn~. proc :tM-;os nnturuls como atraso na germinação 
ou dor mêncla foram removidos polos programas de melhoramento. Nesse caso, 
o~sas espécies dependem totalmente da influência humana para sobreviver. 
Portan to, a fisiologia , a tecnologia e a produção de sementes e mudas são 
disciplinas que permitem a correta conservação da biodiversidade, podem 
.tuxiliar no entendimento dos eventos que levam à superação da dormência 
de sementes, no conhecimento do mecanismo e regulação da germinação e 
tolerância e sensibilidade à dessecação, na produção de mudas e restauração 
de ecossistemas florestais. 
2 DESENVOLVIMENTO DE SEMENTES DE ANGIOSPERMAS 
Define-se desenvolvimento de sementes como sendo a formação do 
embrião e outros tecidos da semente, por um padrão altamente ordenado 
de divisão e diferenciação celular. O desenvolvimento da semente pode 
ser dividido em três fases distintas: a primeira corresponde à formação 
do embrião, chamada de embriogênese; a segunda é a maturação e a 
terceira é a dessecação ou secagem. No desenvolvimento da semente, 
primeiramente, ocorre o crescimento de várias partes da semente e, em 
seguida há formação de tecidos para que haja a deposição de reservas. 
Além disso, durante o desenvolvimento, as sementes tornam-se aptas para a 
germinação . A dormência de sementes é induzida durante a segunda metade 
do desenvolvimento para aquelas espécies que apresentam dormência, e em 
muitas sementes há a aquisição da tolerância à dessecação, sendo um evento 
importante que permite que as sementes possam ser secas e armazenadas. 
2. 1 Embriogênese 
Nas angiospermas, a dupla fertilização da célula-ovo e a do núcleo 
polar (dentro do óvulo), pelo núcleo espermático produz um zigoto diplóide 
e um endosperma triplóide , respectivamente . O endosperma pode fornecer 
nutrientes ao embrião em formação e/ou à plântula durante a emergência do 
solo. Por outro lado, o zigoto desenvolve-se em um embrião e dará origem ao 
que será conhecido como uma planta adulta , após a germinação. O embrião das 
angiospermas contém dois sistemas primários de órgãos- o eixo embrionário e 
os cotilédones. Esses órgãos têm funções distintas durante o desenvolvimento 
e são compostos de três camadas básicas de tecido- protoderme, procambio 
e meristema fundamental - os quais originarão a epiderme, tecido vascular 
e tecido parênquimatoso na plântula jovem, respectivamente . O eixo 
embrionário ou o eixo hipocótilo-radícula do embrião contêm o meristema 
apical e radicular e originará a planta adulta após a germinação da semente. 
O meristema radicular dará origem a apenas um órgão - a radícula - enquanto 
que o meristema apical , direta e indiretamente dará origem a todos os órgãos 
vegetativos e reprodutivos da planta adulta. Por outro lado, os cotilédones 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 13 
À,L IJ11VIdo & I .AA Sllv" 
Inicialmente, têm a funçao de acumular reservas quu sorao utilizadas pela 
plêntula durante o seu crescimento e o desenvolvimento. Após a germinação, 
na fase de plântula, os cotílédones tornam-se fotosslntétícamente ativos, 
morrendo logo após a emergência da plântula do solo. 
Assim, a embríogênese, nas plantas superiores, é importante para: a) 
determinar um padrão parte aérea/raíz da planta e as zonas meristemáticas; b) 
para que haja diferenciação dos tecidos primários da planta; c) gerar um órgão 
especializado no armazenamento de reservas, essencial durante a germinação 
e estabelecimento da plântula; d) permitir que a semente torne-se dormente 
até que as condições sejam favoráveis para a retomada do crescimento do 
embrião (germinação). Deve-se ressaltar que a fecundação leva o óvulo que 
contém o embrião e o endosperma a se desenvolver em uma semente e o 
ovário a se diferenciar em um fruto. 
TABELA 1- Principais eventos que ocorrem durante a embriogênese e maturação em 
angiospermas de acordo com Yadegari & Goldberg (1997) 
14 
Após fertillzação/proembrlão 
Diferenciação das células apicais e basais 
Formação do suspensor e embrião 
Fase de transição de globular-coração 
Diferenciação dos principais tecidos 
Estarelecimento do eixo radial 
Embrião torna-se bilateralmente simétrico 
Aparência visfvel do eixo apical e radicular 
Inicio do desenvolvimento dos cotilédones e eixo(hipocótílo/radfcula) 
Diferenciação do meristema radicular 
Expansão dos órgãos e maturação 
Eloogação dos cotilédones e eixo por divisão celular e expansão 
Diferenciação do meristema apicalFormação de lípfdios e corpos protéicos 
Arumulo de protefnas de reservas e lipfdios 
Vacuolização dos cotilédones e células do eixo 
Paralisação da sfntese de RNA e protefna 
Perda de água(desidratação) 
Inibição da germinação precoce 
Dormência 
Produçao de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
2.2 Maturação de somont 
A maturação da semente inicia-se após o final da fase de embríogênese 
que ocorre no embrião aproximadamente de um terço até a metade do 
desenvolvimento da semente. Mudanças significativas no peso fresco e seco 
do embrião não são observadas até o início da fase de maturação. A síntese e 
o acúmulo de reservas iniciam-se na fase de maturação. Como conseqüência 
ocorre a expansão celular com a finalidade de acomodar as reservas 
sintetizadas. As principais reservas encontradas nas sementes maduras são 
as proteínas, os lipídios e os carboidratos, embora outros constituintes também 
possam estar presentes como fitína, hormônios etc. As proteínas mais comuns, 
chamadas de proteínas de armazenamento, são geralmente "empacotadas" 
em corpos protéicos os quais são modificados nos vacúolos ou extensões do 
retículo endoplasmático. Lipídios, em forma de triglicerídeos, são seqüestrados 
em corpos oleosos que contêm uma proteína de membrana chamada de 
oleosína. A maior parte dos lipídios é armazenada em estruturas chamadas 
de esferossomas. Muitas enzimas essenciais para a hidrólíse e biosíntese de 
tríglícerídeos estão presentes nos esferossomas. Vários carboidratos também 
são sintetizados e armazenados nas sementes, iniciando pelo amido (amílose 
e amílopectina), que se acumula nos amiloplastos, as hemiceluloses como 
mananas e galactomananas acumulam-se nas paredes celulares. Essas 
reservas são sintetizadas no início da fase de maturação e são acumuladas no 
endosperma ou nos cotílédones, mas algum material de reserva em pequenas 
quantidades também pode ser encontrado no eixo embrionário. Além desses 
carboidratos, acumulam-se ainda açúcares como a sacarose, a estaquiose e a 
rafinose que têm função importante na aquisição de tolerância à dessecação 
das sementes. 
Do meio para o final da fase de desenvolvimento da semente, o conteúdo 
de água cai bastante, assim que a dessecação da semente tem início (Figura 
1 ). Essa queda no conteúdo de água pode estar relacionada com a perda 
da conexão entre a semente e o fruto, e pode também, ser em decorrência 
da evaporação da água. Imediatamente após a queda no conteúdo de água, 
há o acúmulo de um grupo de proteínas chamadas de Late embryogenesís-
abundant (Lea). De acordo com alguns resultados de pesquisa, as proteínas 
Lea são importantes para conferir tolerância à dessecação. 
As mudanças fisiológicas definem três estágios do desenvolvimento da 
semente: a fase de formação do embrião, onde há intensa divisão celular e onde 
os cotilédones são formados, no caso das dicotiledôneas; a fase de maturação do 
embrião, onde o peso seco do mesmo aumenta bastante; e a fase da dessecação, 
indicada pela queda acentuada no conteúdo de água. Para as espécies que 
apresentam dormência, também ocorre a indução da dormência na fase da 
maturação. As espécies que não apresentam dormência entram em uma fase 
chamada de quiescência (período de repouso metabólico), e tão logo a água, nas 
condições ambientais favoráveis seja oferecida, a semente pode germinar. 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 15 
p 
E 
s 
o 
mg 
Embrlogênos Mll llJttlÇilO 
------, 
Conteúdo de água 
10 
Mat. fresca 
Mat. seca 
' 
20 30 
Dias após polinização 
l !uu"'"~no 
40 
FIG. 1 - Parâmetros fisiológicos do desenvolvimento de 
sementes divididos em diferentes estágios. Mudanças 
na matéria seca e em frações do conteúdo de água de 
embriões em desenvolvimento de sementes de nabo 
silvestre, de acordo com Harada 1997. 
2.3 Desenvolvimento do endosperma 
O endosperma, para aquelas espécies que apresentam esse tecido, 
serve como reserva de nutrientes para o embrião (principalmente nas 
monocotiledôneas ), durante a formação da semente e/ou durante a germinação 
e o estabelecimento da plântula. Em angiospermas, o endosperma origina-se 
da fusão dos dois núcleos polares do saco embrionário com um núcleo gamético 
do tubo polínico. Normalmente, os três núcleos são haplóides, portanto o 
endosperma é triplóde (3N). Nas gimnospermas, o endosperma é haplóide 
(1 N), pois desenvolve-se de uma célula do gametófito feminino. Sementes que 
apresentam endosperma quando maduras são chamadas de endospermáticas 
(albuminosa) e as que não apresentam são chamadas de não endospermáticas 
(exalbuminosa) . Quando não há endosperma, os cotilédones são os principais 
órgãos de reserva . Como a principal função do endosperma é suprir nutrientes 
ao embrião durante o desenvolvimento e durante o estabelecimento da plântula, 
sua composição é de acordo com as necessidades do embrião. O endosperma 
retira seu nutriente do saco embrionário e dos tecidos que estão ao seu redor. 
Assim, o resultado é manter um tecido nutritivo ao redor do embrião que 
seja facilmente utilizado durante o desenvolvimento e o crescimento. O 
endosperma desenvolve-se a partir de divisões sucessivas que ocorrem no 
primeiro núcleo do endosperma e sua formação inicia-se antes e geralmente 
é mais rápida do que a do embrião. Existem três tipos de desenvolvimento 
do endosperma, dependendo da seqüência de divisão nuclear e da formação 
da parede celular. No endosperma nuclear, o núcleo primário sofre uma série 
16 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
IHI 
do cllvlsOos quo nao sao ocolnpru th lll l.l •; poln rormaçao do pmodos colulm 
t~tlqlnnndo núcleos livres no citoplwmm do saco embrionário. Os núcleos podem 
l"'"nc~nocer livres, dentro do saco, durante todo o desenvolvimento ou, às vezes, 
duhonvolvem paredes celulares. O endosperma celular é caracterizado pela 
hHIII<lÇão da parede celular invariavelmente, após as divisões do núcleo primário 
' undospermático. O endosperma será formado por células orientadas em 
dlvorsas direções, podendo conter mais do que um núcleo. O endosperma 
llolobial é intermediário entre os tipos de endosperma nuclear e celular. 
ucorrem divisões nucleares que são acompanhadas pela formação de paredes 
' :olulares em algumas partes do endosperma. 
4 Principais reservas das sementes 
As principais reservas das sementes e a deposição delas, que se 
r~cumulam durante o desenvolvimento, foram estudadas em detalhes apenas 
om cereais e leguminosas. A maioria dos trabalhos relacionados com a 
composição química e com a deposição de reservas em sementes, disponíveis 
na literatura, foram realizados em espécies cultivadas. Obviamente, isso 
se deve à importância dessas espécies na alimentação humana, além da 
Importância das mesmas na indústria, que processa uma grande quantidade 
de materiais para variados usos. Todavia , o número de espécies que estão 
sendo domesticadas pelo homem tem aumentado, e com isso, o conhecimento 
da composição química e deposição de reservas, nessas espécies, certamente 
irão aumentar. De acordo com a Tabela 2, as principais reservas podem ser 
depositadas no embrião; nesse caso, as reservas são observadas nos cotilédones 
TABELA 2- Reservas observadas em algumas espécies cultivadas (Bewley & Black, 1994) 
Percentagem média da composição 
Proteínas Óleo Carboidratos Principal órgão de reserva 
Cereais 
Cevada 12 3 76 Endosperma 
Milho 10 5 80 Endosperma 
Aveia 13 8 66 Endosperma 
Centeio 12 2 76 Endosperma 
Trigo 12 2 75 Endosperma 
Leguminosas 
Feijão fava 23 1 56 Cotilédones 
Ervilha 25 6 52 Cotilédones 
Amendoim 31 48 12 Cotilédones 
Soja 37 17 26 Cotilédones 
Outros 
Mamona 18 64 Desprezível Endospenma 
Dendê 9 49 28 Endosperma 
Pinus 35 48 6 Megagametófito 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 17 
~----------------,~~•wltltt.\ IJ,A A '111\m 
ou podem também ser depositadas no endospollllil , 11u rnoununmotófllo (nos 
gimnospermas) e raramente podem ser depositadas no porlsporrno. 
2.4.1 Carboidratos 
O peso seco da semente madura é de aproximadamente, 85-90% do 
seu peso fresco. A maioria do peso seco da semente consiste de reservas 
que são acumuladas durante o desenvolvimento da semente. Existem dois 
tipos de carboidratos de armazenamento nas sementes: Carboidratos 
simples: açúcares de baixo peso molecular (sacarose e séries de rafinose) 
e carboidratos poliméricos: (amido e hemiceluloses). Os carboidratos são 
as principais reservas das espécies cultivadas (Tabela 2), sendo o amido o 
principal carboidrato de reserva , embora hemiceluloses podem ocorrer e, em 
alguns casos, constituem a principal reserva. 
2.4.1.1 Amido - é encontrado nas sementes em duas formas : amilose e 
amilopectina - ambos são polímeros de glicose. A amilose é um polímero 
de cadeia reta, ligada por unidades de glicose, aproximadamente 300- 400 
unidades, conectadas por ligações glicosídicas a(1 -44); amilopectina é maior 
e consiste de muitas cadeias ramificadas de amiloses ligadas por ligações 
a(1-46). A amilopectina é um longo polímero, geralmente com mais de 60.000 
unidades de glicose. O amido é armazenado nos plastídeos (amiloplastos) ou 
em grânulos de amido. 
2.4.1.2 Hemiceluloses - As hemiceluloses são armazenadas em algumas 
sementes ao invés do amido, e são armazenadas nas paredes celulares. As 
hemiceluloses parecem ser sintetizadas nas células no retículo endoplasmático 
e exportadas para dentro da parede celular. Na maioria das vezes, o amido 
está ausente nas sementes em que há hemiceluloses em grandes quantidades 
como principal fonte de reserva. A principal hemicelulose são as mananas, 
que são longas cadeias de polímeros de manose ligadas por ligações ~(1-4 
4) e geralmente, há quantidades variáveis de um açúcar (galactose) ligadas 
à cadeia principal de mananas por ligações a(1 -46). O número de moléculas 
de galactose ligada à cadeia principal de mananas afeta a consistência do 
tecido (endosperma) onde está localizada a cadeia de mananas(geralmente 
no endosperma). Assim, as mananas variam de extremamente dura (o café 
tem 2% de galactose), até a uma consistência mais mole do endosperma por 
causa de uma maior quantidade de galactose. As cadeias de hemiceluloses, 
com quantidades de galactose superiores a 2%, são chamadas de 
galactomananas e apresentam um endosperma de consistência mais mole 
dos que os das mananas. Algumas espécies florestais pertencentes à família 
Rubiaceae- como Genipa americana (Jenipapo)- podem apresentar mananas 
como principal material de reserva . Galactomananas podem ser encontradas 
em sementes de Solanaceae, exemplo: Solanum lycocarpum St.Hil (fruta 
18 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
du lobo); o somontos do .1\nnollctt.Oi.IO, oxemplo: Annona crassiflora Mart 
(rnwolo, aralicum). Glucomanonos, que apresentam uma grande quantidade 
du roslduos de mananas substitufdos por glicose é geralmente encontrado no 
ondosperma de gramíneas. 
2.4.2 Lipídios 
Os lipídios podem ser encontrados em quase todas as partes da 
o.;omente, mas é principalmente observado nos cotilédones. Os lipídios podem 
o.;or classificados em: a) simples b) compostos e c) derivados. Os lipídios simples 
o.;ão formados por ácidos graxos e glicerol. Ácidos graxos são uma importante 
ronte de energia da célula. São armazenados no citoplasma em formas de 
11otas de moléculas de triglicerídeos . Quando há necessidade de energia, a 
cadeia de ácido graxo é liberada da molécula de triglicerídeos e "quebrada" em 
duas unidades de carbono. Essas unidades de carbono, chamadas de Acetil 
CoA, são degradadas em várias reações para a produção de energia na célula. 
Os lipídios compostos são esteres de ácidos graxos. 
Além de servirem como material de reservas, os ácidos graxos têm 
uma função extremamente importante na construção e na composição das 
membranas celulares. As membranas são compostas por fosfolipídios, 
construídos principalmente por ácidos graxos e glicerol. Cada molécula de 
fosfolipídio contém uma cauda hidrofóbica - composta de duas cadeias de 
ácido graxo - e uma "cabeça" hidrofílica polar, onde o fosfato está localizado. 
Os fosfolipídios são antipáticos (apresentam uma parte hidrofílica e uma outra 
parte hidrofóbica); na região hidrofóbica dos fosfolipídios a cauda se agrupa 
voltada para o ar e a região da "cabeça" (região hidrofílica) fica em contato com 
a água. Duas camadas dessa estrutura podem se combinar, cauda com cauda, 
na presença de água formando um sanduíche de fosfolipídio ou uma bicamada 
lipídica. Essa bicamada lipídica é a estrutura básica das membranas celulares . 
Lipídios derivados são aqueles originados da hidrólise de lipídios simples e 
compostos. São encontrados nos revestimentos de frutos, nas folhas, e em 
algumas sementes, ex. cera. 
2.4.3 Proteínas 
As proteínas são formadas por diversas moléculas menores chamadas 
de aminoácidos, ligadas em seqüência com a função de armazenamento, 
enzimática e estrutural. As proteínas são consideradas importantes reservas 
nas sementes da maioria das plantas. De acordo com a classificação de 
Osborne, as proteínas são divididas em quatros classes, com base na 
solubilidade: albuminas - solúveis em água neutra; globulinas - solúveis em 
soluções salinas, mas insolúveis em água; glutelinas - insolúveis em soluções 
salinas ou aquosas, mas podem ser extraídas com fortes soluções ácidas 
ou alcalinas; prolaminas - solúveis em álcool etílico 70-90% e insolúveis em 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 19 
/\ , (~ , I lnvlclt• /<. 1 ~, /\ 1\ 'i llvu 
água. Protelnas de armaLenamonto elo sornontol) ano dop 
de organelas especiais chamadas de corpos protolcos. O c.Jiêrnotro varia de 
O, 1 a 0.5 f.Jm e é envolto, pelo menos durante o desenvolvimento, por uma 
membrana. A principal proteína de armazenamento nos cereais é a prolamina 
e nas sementes de leguminosas são as globulinas. A soja é uma das espécies 
que apresentam um conteúdo de proteína superior ao de carboidratos e 
ácidos graxos. A maioria das proteínas encontradas nas sementes é de 
reservas que são utilizadas pelo embrião durante germinação e a emergência 
da plântula . As proteínas podem também ser classificadas com base em sua 
função bioquímica e molecular, onde as proteínas de reserva tem a função 
de armazenar nitrogênio, carbono e enxofre. As proteínas estruturais e 
metabólicas são essenciais para o crescimento e estrutura da semente e as 
proteínas de proteção podem conferir resistência a patógenos invertebrados e 
na dessecação da semente. 
Proteínas metabolicamente ativas constituem uma porção muito reduzida 
do total , porém são extremamente importantes durante o desenvolvimento e a 
germinação. Como enzimas, as proteínas podem catalisar todos os processos 
metabólicos de translocação e utilização das reservas armazenadas - seu 
crescimento não ocorre sem a presença de proteínas. A transferência da 
informação genética depende das proteínas como DNA-polimerases, RNA-
polimerases, etc. 
2.4.4 Outros constituintes 
Também se encontram nas sementes alguns hormônios (giberelinas 
e ácido abscísico), taninos, ácido ascórbico e constituintes nitrogenados das 
sementes, que nem sempre se apresentam na mesma proporção que nas 
outras partes da planta, como cafeína , teobromina no cacau, sojina na soja e 
ricina em mamona. Além disso, fitinas que são uma mistura insolúvel de sais 
de potássio, magnésio e cálcio de myo-inositol hexafosfórico (ácido fítico) são 
uma importante fonte de fosfato e minerais para a semente, embora presentes 
em pequenas quantidades. 
3 HORMÔNIOS E CONTROLE DO DESENVOLVIMENTO DA SEMENTE 
De acordo com Bewley & Black (1994), os hormônios endógenos 
encontrados nas sementes duranteo desenvolvimento podem estar envolvidos 
no controle de diversos fatores: 1) crescimento e desenvolvimento da semente, 
incluindo o controle do crescimento antes da maturação da semente. 2) acúmulo 
de reservas de armazenamento. 3) crescimento e desenvolvimento de tecidos. 
4) armazenamento para usos futuros durante a germinação e crescimento da 
plântula. 5) vários efeitos fisiológicos em tecidos e órgãos próximos à fase de 
desenvolvimento de frutos . Assim, esses hormônios, atuam controlando etapas 
importantes do desenvolvimento da semente. Embora já se conheça bastante 
20 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
1-1011'"1!.11 
.ul>ru honnOnlos, a ciOncln nl11dn nt'lo consegue explicar totalmente seus 
rnoconlsmos de açao. Divor sas pesquisas esta o em andamento, principalmente 
cnm o uso de mutantes deficientes em ácido abscísico, giberelinas etc. O uso 
ti; ' biologia molecular poderá contribuir para o melhor entendimento da função 
dosses hormônios durante o desenvolvimento das sementes. 
3.1 Ácido abscísico no controle da maturação de sementes 
Sabe-se que ácido abscísico (ABA) é um importante hormônio que 
o~tua durante o desenvolvimento de sementes, controlando a sua maturação 
o impedindo a germinação precoce. Discute-se inicialmente a possível função 
de ABA no controle da maturação de sementes e em seguida, a função do 
mesmo no controle da germinação. ABA origina-se tanto de tecido maternal 
como do zigoto, sendo sintetizado em frutos, tegumento (testa , casca), 
embrião e endosperma. A quantidade de ABA é geralmente baixa no início 
do desenvolvimento da semente e torna-se máxima na fase de maturação. 
Estudos têm mostrado que ABA parece não ser o único fator envolvido no 
controle do início e manutenção da fase de maturação de sementes. 
Outros estudos sugerem que ABA pode controlar alguns aspectos da 
maturação de sementes. Por exemplo, proteínas LEA (late embryogenesis 
abundant) acumulam-se em sementes. Proteínas LEA foram identificadas e 
caracterizadas pela primeira vez em algodão e nesse trabalho observou-se 
que essas proteínas acumulavam-se no embrião das sementes, no final da 
fase de desenvolvimento. Após esse trabalho, mais de 100 genes de LEA ou 
seus homólogos foram identificados em monocotiledôneas e dicotiledôneas. 
Em muitas espécies, o momento em que LEA ocorre na semente correlaciona-
se com a aquisição de tolerância à dessecação dessas sementes, além disso, 
a presença de LEA está associada com altas quantidades de ABA endógeno. 
Assim, acredita-se quE? os produtos desses genes possam funcionar protegendo 
as células da desidratação e ABA pode induzir a síntese dessas proteínas. 
3.2 Ácido abscísico no controle da germinação durante o desenvolvimento 
da semente 
A função do ABA, durante o desenvolvimento, no controle da germinação, 
parece estar relacionada com a inibição do crescimento do embrião. Nesse 
caso ABA impede que haja germinação antes que a semente complete o seu 
desenvolvimento, permitindo assim, que ela chegue à fase de maturação. 
Na verdade, ABA impede que a semente passe da fase do desenvolvimento 
para a fase da germinação, mantendo assim, a semente em desenvolvimento, 
impedindo que haja germinação precoce. Sementes de diversas espécies são 
capazes de germinar, geralmente em meios de cultura, quan.do ainda estão se 
desenvolvendo; isso pode ocorrer ao final da fase de embriogênese. Todavia, 
devido à presença de ABA endógeno nas sementes ou frutos, a germinação 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 21 
A<~. I >nvldu 1'. 12 A A •111vn 
pode ser Inibida. Cmbora u sornonlo ou ombrl t'lo pobHn tJUIIllillll l , dO fino I c.lu 
fase da embriogênese, eles ainda precisam complolw o ~ou <.l osonvolvlmonlo, 
ou seja , adquirirtolerância à dessecação. Na ausência de /\BA ou em sementes 
com baixa sensibilidade a esse hormônio, pode ocorrer germinação precoce. 
Trabalhos realizados com mutantes têm confirmado o papel de ABA durante 
o desenvolvimento, impedindo a germinação precoce. Embriões de algumas 
monocotiledôneas (trigo e milho) e dicotiledôneas, podem não atingir a fase 
da maturação e germinar quando ligados ao tecido materno e esse fenômeno 
recebe o nome de viviparidade. 
4 ESTRUTURA DE SEMENTES 
As estruturas de sementes (Figura 2) geralmente estão presentes em 
algum momento do desenvolvimento ou na semente madura. 1) Embrião -que 
origina-se da fertilização da célula ovo pelo grão de pólen e consiste de dois 
sistemas de órgãos: hipocótilo, o qual dará origem ao "corpo" da planta adulta , 
e os cotilédones, os quais funcionam como órgãos de reserva de importantes 
macromoléculas, que serão utilizados durante o estabelecimento da plântula. 
No inicio da embriogênese, o embrião é ligado a uma estrutura chamada 
de suspensor que pode ter a função de conduzir nutriente e reguladores 
de crescimento ao embrião, além de servir como suporte físico a ele. 2) O 
endosperma serve como tecido de reserva durante o desenvolvimento da 
semente ou no estabelecimento da plântula , sendo assim essa estrutura tem 
existência passageira ou persistente na vida da semente. Sementes albuminosas 
ou endospermáticas como cereais , Solanaceae, etc, contêm consideráveis 
quantidades de endosperma na semente. Por outro lado, sementes que não 
têm endosperma, como no caso do ingá, soja , amendoim etc., são descritas 
como sementes sem endosperma ou exalbuminosa. Para essas espécies os 
cotilédones são o principal tecido de reserva da semente. 3) o perisperma, 
que origina-se do tecido nucelar do óvulo , é um tecido maternal. O perisperma 
também serve como estrutura de reserva para algumas espécies, como a 
beterraba. Essas sementes são denominadas "perispérmicas" 4) O tegumento 
ou casca da semente é uma tecido de origem maternal , pois ele origina-se do(s) 
integumento(s) do óvulo. O tegumento é uma estrutura protetora localizada 
entre o embrião e o ambiente externo, podendo ser composto de sucessivas 
camadas de células impregnadas de suberina, cutina e lignina, substâncias 
consideradas hidrofóbicas. Em um grande número de espécies da família 
das leguminosas, o tegumento é impermeável à água e conseqüentemente, 
pode inibir o metabolismo e crescimento do embrião, impondo dormência às 
sementes. Por outro lado, o tegumento pode conter também mucilagens que 
possuem atração por água, mantendo assim uma quantidade satisfatória de 
umidade ao redor da semente durante a germinação, facilitando a embebição 
da água. O tegumento também pode funcionar como uma barreira às trocas 
gasosas entre o embrião e o ambiente. 
22 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
B 
c o 
H 
FIG. 2 - Fruto e semente de Lobeira (So/anum lycocarpum) (A) 
fruto intacto. (B) Corte transversal em um fruto maduro. (C) Parte 
externa de uma semente. (D) Corte longitudinal de uma semente 
embebida em água por 24 horas, mostrando o endosperma 
micropilar (EM), endosperma lateral (EL) , radícula (R), hipocótilo 
(H), cotilédones (C) e tegumento (T). (As barras indicam 1 em para 
A-B e 1 mm para C-0.) Fotos: Lilian Vilela A. Pinto 
A morfologia externa do tegumento apresenta cicatrizes que servem 
como elementos de diferenciação entre sementes de diversas espécies 
vegetais . A micrópila - é uma pequena abertura que se observa no tegumento , 
deixada como cicatriz da micrópila do óvulo , que pode ou não ser perceptível ; 
hilo - é uma cicatriz deixada pela separação do óvulo do local onde o mesmo 
se unia à placenta, o funículo . O hilo tem forma constante para cada espécie, 
mas varia entre elas quanto ao tamanho, que pode ser pequeno, médio ou 
grande e quanto à forma (circular, ovulada , elíptica, linear) . Essa região parece 
ser mais permeável à água e gases; ráfia - é uma saliência típica de óvulos 
anátropos ou campilótropos e que provém da soldadura ao longo do funículo 
com a parede do óvulo ;chalaza -é à base da nucela do óvulo, até onde chega 
o feixe vascular. Em algumas sementes, a chalaza apresenta uma saliência ou 
mancha escura no tegumento , que se encontra à curta distân~ia do hilo, unida 
a ele pela rafe, do lado oposto à micrópila. 
Além dessas estruturas, há outras, especiais, que se desenvolvem 
no tegumento das sementes e que estão relacionadas com o processo de 
dispersão das mesmas. Como exemplo tem-se asas- é uma extensão da testa , 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 23 
A C. I lnvhhJ ~ t~. A A ! illvrt 
podendo ser totalmente periférica ou estar rostrl ln o dolullnlnudos pontos da 
semente; pêlos ou tricomas - a presença de pêlos na suporflclo da somente 
está ligada à dispersão, pelo vento ou por animais, e pode, ainda, servi r como 
aumento de superfície para a dispersão pela água; arilos - constituem qualquer 
excrescência carnosa no tegumento das sementes; carúncula - proeminência 
carnosa originária da micrópila. 
A B 
o 
FIG. 3- Fruto e semente de Copaíba (Copaifera langsdorffii) com 
e sem arilo. (A) fruto intacto. (B) Fruto maduro aberto. {C) Parte 
externa de uma semente com arilo (parte amarela). {D) Semente 
com arilo removido. Fotos: E.A.Amaral da Silva. 
5 PRODUÇÃO DE SEMENTES FLORESTAIS 
5.1 Onde coletar sementes florestais 
Para a marona dos programas de implantação de florestas nativas 
no Brasil pouca ou nenhuma atenção tem sido dispensada à qualidade das 
sementes, no sentido de que elas sejam representativas de uma população de 
uma espécie. 
A coleta de sementes florestais nativas é normalmente realizada para 
24 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
I h •I' \lftl• 
flw, do rostauroção ambiontol, c..orno 11 rocomposlção de áreas de preservação 
1 HJtr nononlos ou para produçllo do madeira ou outros produtos não-madeireiros. 
I 'NlS sementes devem ser coletadas em locais denominados de "Unidades 
du Produção de Sementes", que se constituem desde uma Área de Coleta de 
·~umentes (ACS) até um Pomar de Sementes Clonais (PSC) (Figura 4 ). 
De acordo com o artigo 146, do capítulo XII da Lei de sementes e mudas, 
.ob número 10.711 de 05 de agosto de 2003, (BRASIL, 2004), regulamentada 
polo decreto número 5.153 de julho de 2004, o Sistema Nacional de Sementes 
'' Mudas (SNSM) tem por finalidade disponibilizar materiais para propagação, 
com garantia de procedência ou identidade e de qualidade. A íntegra do 
CAPITULO XII - "DAS ESPÉCIES FLORESTAIS, NATIVAS OU EXÓTICAS, 
E DAS DE INTERESSE MEDICINAL OU AMBIENTAL", encontra-se transcrita 
nos apêndices desta obra . 
Estabelecimento de populações 
Beneficiamento/Secagem 
[-semeadura J 
FIG. 4 - Obtenção de sementes para produção de mudas em um viveiro florestal. 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 25 
A (: . I >ttvh ht ,!(. IJ.A.A 'illvu 
5.2 Algumas diretrizes logals lmportantos morocom eor d 
texto: 
Do Registro Nacional de Áreas e Matrizes - RENAM 
Art. 155. Fica instituído, no Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento, o Registro Nacional de Áreas e Matrizes- RENAM. 
Art. 156. As áreas de coleta de sementes, as áreas de produção de 
sementes e os pomares de sementes que fornecerão materiais de propagação 
deverão ser inscritos no RENAM, cujo cadastro deverá ser periodicamente 
divulgado por meios eletrônicos ou, ainda, pelos demais meios previstos neste 
Regulamento. 
Parágrafo único. Os requisitos para inscrição no RENAM deverão ser 
estabelecidos em normas complementares . 
Quanto ao registro, são reconhecidas 4 categorias de materiais de 
propagação (sementes, estacas, hastes, etc): 
Categoria identificada: categoria de material de propagação de 
espécie florestal, coletado de matrizes com identificação botânica e localização 
geográfica da população; 
Categoria qualificada: categoria de material de propagação de espécie 
florestal , coletado de matrizes selecionadas em populações selecionadas e 
isoladas contra pólen externo e manejadas para produção de sementes; 
Categoria selecionada: categoria de material de propagação de espécie 
florestal , coletado de matrizes em populações selecionadas fenotipicamente 
(por suas características exteriores) para, pelo menos, uma característica, em 
uma determinada condição ecológica; 
Categoria testada: categoria de material de propagação de espécie 
florestal , coletado de matrizes selecionadas geneticamente, com base em 
testes de progênie ou testes aprovados pela entidade certificadora ou pelo 
certificador para a região bioclimática especificada, em área isolada contra 
pólen externo; 
Um certificado de procedência ou de identidade clonal deverá ser 
emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pela entidade 
certificadora ou pelo certificador, com vistas a garantir a procedência ou a 
identidade clonal e a qualidade do material de propagação; 
Alguns termos técnicos citados neste texto merecem uma definição 
apropriada: 
População: grupo de indivíduos da mesma espécie que ocorre em uma 
determinada área e compartilha do mesmo acervo genético; 
Procedência: localização da população ou das matrizes fornecedoras 
de sementes ou outro material de propagação. 
Região de procedência: região bioclimática distinta que inclui várias 
populações de uma mesma espécie. 
26 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
Arvoro matriz: órvoru corrt c:n ruclorlsllcas superiores às demais da 
nrwmm espécie e da mesma popul<.~çM, caracterizada pelo seu vigor (altura 
<li,,motro), sanidade, forma, profundidade da copa, desrama natural e 
~ ~ ·'P' I Cidade de produção de sementes Uulgada após 2 a 3 anos de coletas 
w .ussivas ). 
Essa lei considera que sementes podem ser coletadas em várias 
unidades e subunidades de produção e se encontra anexada na sua integra 
nos apêndices dessa publicação. Nesse tópico serão detalhadas as principais 
opções de locais para coleta de sementes de espécies florestais nativas para 
lt';o em restauração de ecossistemas florestais , como as matas ciliares, como 
twnbém para uso em florestas de produção. 
.2.1 - Área de Coleta de Sementes- ACS: 
É importante salientar que essas populações sejam selecionadas para 
coleta de sementes devido ao seu alto grau de adaptação e superioridade de 
uas árvores em relação aos outros talhões ou remanescentes de uma mesma 
rogião. Cabe ao técnico responsável pelo programa de coleta de sementes 
Identificar essa superioridade, bem como identificar particularidades em uma 
ou mais características que possam caracterizar uma população. 
Nos trabalhos de coleta de sementes de espécies florestais nativas 
voltados à restauração de ecossistemas florestais, normalmente não existe 
.1penas uma espécie alvo, mas sim, um maior número possível de espécies 
que estejam dispersando sementes naquele momento. Dessa maneira é 
recomendável que o programa de coleta estabeleça "rotas de coletas" para as 
diferentes regiões de coleta. Nessas rotas, as matrizes das diferentes espécies 
devem estar marcadas e georreferenciadas, de maneira que a equipe de coleta 
possa planejar seu trabalho diário sem ter que caminhar ao acaso à procura 
das matrizes. Esse trabalho deve ser apoiado pelo calendário de coleta, que 
aponta a época de dispersão de cada espécie. Esse calendário se encontra 
disponível num banco de dados no final desse capítulo. 
Essas unidades de coleta de sementes são caracterizadas por 
população de espécie vegetal , nativa ou exótica, natural ou plantada, 
caracterizada, onde são coletadas as sementes ou outro material para 
propagação, e que se encontram subdivididas em: 
5.2.1.1 -Área Natural de Coleta de Sementes- ACS-NS: população vegetal 
natural, sem necessidade de marcação individual de matrizes, onde são 
coletadas sementes ou outros materiais de propagação; . 
5.2.1.2 - Área Natural de Coletade Sementes com Matrizes Marcadas 
- ACS-NM: população vegetal natural, com marcação e registro individual 
de matrizes, das quais são coletadas as sementes ou outro material de 
propagação. 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 27 
/\ , ( ~ . I l11Vh lu X. IJ. /\ ,1\, ~111vn 
5.2.1.3 - Área Alterada de Coleta do Somontoa · ACS-AS. popu loçoo 
vegetal nativa ou exótica, natural antropizada ou plantndo, ondo s~o colotadas 
sementes ou outros materiais de propagação, sem necessidade de marcação 
e registro individual de matrizes. 
5.2.1.4 - Área Alterada de Coleta de Sementes com Matrizes Marcadas 
- ACS-AM: populações vegetais, nativas ou exóticas, naturais antropizadas 
ou plantadas, com marcação e registro individual de matrizes, das quais são 
coletadas sementes ou outro material de propagação. 
5.2.1.5 - Área de Coleta de Sementes com Matrizes Selecionadas - ACS-
MS: população vegetal nativa ou exótica, natural ou plantada, selecionada, 
onde são coletadas sementes ou outro material de propagação, de matrizes 
selecionadas, devendo-se informar o critério da seleção. 
5.2.2 - Área de Produção de Sementes - APS: população vegetal nativa ou 
exótica, natural ou plantada, onde matrizes com características desejáveis são 
selecionadas e marcadas, as árvores inferiores não selecionadas do mesmo 
talhão ou população são abatidas, bem como as demais de mesma espécie 
que se encontrem no entorno e que representem potencial para troca de pólen 
externo. Na APS ocorre um intenso manejo para produção de sementes, 
devendo ser informado o critério de seleção. Considerando-se que as coletas 
de sementes de espécies florestais nativas são realizadas em populações 
nativas que, na maioria dos casos, representam as reservas florestais das 
propriedades rurais fica difícil ou quase impossível a instalação de APS pela 
necessidade de seleção e abate das árvores inferiores. 
5.2.3 - Pomar de Sementes - PS: plantação planejada , estabelecida 
com matrizes superiores , isolada , com delineamento de plantio e manejo 
adequado para a produção de sementes, e se constitui Pomar de Sementes 
por Mudas - PSM, Pomar Clonal de Sementes - PCS, Pomar Clonal para 
Produção de Sementes Híbridas - PCSH e Pomares de Sementes Testadas 
- PSMt ou PCSt. 
Como sugere a própria denominação, pomares são plantados para 
produção de frutos e nesse caso específico, os frutos são descartados 
interessando apenas as sementes contidas nos mesmos. 
5.2.3.1 -Pomar de Sementes por Mudas- PSM: plantação planejada, isolada 
contra pólen externo estabelecida com matrizes selecionadas em teste de 
progênie e desbaste dos indivíduos não selecionados, onde se aplicam tratos 
culturais específicos para produção de sementes. 
5.2.3.2 - Pomar Clonal de Sementes - PCS: plantação planejada, isolada 
contra pólen externo, estabelecida por meio de propagação vegetativa de 
28 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
lttl• 
llu llvlduos superiores, ando !:iO Elpllcnrn tratos culturais especificas para 
pr oduçêo de sementes. 
.3.3 - Pomar Clonal para Produção de Sementes Híbridas - PCSH: 
pl. u1Lação planejada, constituída de uma ou duas espécies paternais ou de 
• lonas selecionados de uma mesma espécie, isolada contra pólen externo, 
' >lilbelecida por meio de propagação vegetativa , especialmente delineada e 
11\c\nejada para obtenção de sementes híbridas. 
2.3.4- Pomar de Sementes Testadas- PSMt ou PCSt: plantação planejada , 
I'10iada, oriunda de sementes (PSMt) ou de clones (PCSt) , cujas matrizes 
rt•manescentes foram selecionadas com base em testes de progênie para 
1 região bioclimática especificada , e que apresente ganhos genéticos 
c.omprovados em relação ao pomar não testado . 
Fixando-se apenas numa espécie , o estabelecimento de pomares 
de sementes demanda altas somas de recursos financeiros e tempo, pois 
desde a seleção das matrizes, coleta das sementes, produção das mudas, 
montagem dos testes de progênies , que devem ser plantados em vários 
ambientes, a implantação propriamente dita do pomar, seu manejo e o 
tempo necessário para que as matrizes iniciem o processo de frutificação 
terão decorrido vários anos e muito dinheiro terá sido gasto . 
Quando o objetivo principal é a restauração de ecossistemas 
florestais , dezenas ou centenas de espécies deverão ser plantadas e nesse 
caso a utilização de sementes de pomares poderá ser uma utopia, embora 
mais recentemente, essa idéia, com algumas adaptações seja defendida 
por alguns autores, como Higa e Silva (2006) . Por outro lado, pomares de 
sementes deveriam ser montados para algumas espécies florestais nativas 
com alto potencial de produção de madeira destinada ao processamento 
industrial. 
5.3 - Época de coleta 
No Brasil , a falta de planejamento nos trabalhos de coleta de sementes 
resulta na baixa diversidade de espécies no plantio. Esse planejamento se 
inicia com o conhecimento das espécies que ocorrem nos remanescentes das 
matas nativas de cada região, na classificação dessas espécies nos diferentes 
grupos funcionais e da relação dessas espécies com os mosaicos ambientais 
que ocorrem na floresta e que irão refletir na sua capacidade de adaptação no 
ambiente em que foi plantada. 
O planejamento da coleta de sementes necessita ser iniciado com 
bastante antecedência (1 a 2 anos) em relação aos plantios no campo. Um 
calendário de coleta é imprescindível para dar suporte à equipe de coleta. 
Ao final desse capítulo é apresentada uma tabela contendo uma série de 
informações sobre sementes de espécies florestais , entre elas , a época de 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 29 
A C. I Jnvil ht 11. IJ.AA ~oi I VIl 
colotn . A ópoc<~ l<luul <lo colottl 6 nquoln qu.ttHlt > ~~~ •1on1ontos <1lingom o 
ponto de maturidode fisiológica, quando olas oprosontnrn o 111óxlmo acúmulo 
de matéria seca e máxima germinação onde normalmonto as sementes são 
"desligadas" da planta-mãe. 
A maioria das espécies florestais da região sudeste do Brasil concentra 
a produção de sementes entre os meses de agosto a outubro, embora ocorra 
produção durante o ano todo. De acordo com Davide et a/. (1995), a época de 
colheita de frutos pode variar, para uma mesma espécie, entre regiões e entre 
anos. Existem vários indicadores de maturação de fruto que indicam a época 
de colheita ou coleta de sementes. Os indicadores que podem ser utilizados 
são: a mudanças na coloração e na consistência dos frutos, queda de frutos 
e sementes, presença de dispersares, etc. Recomenda-se que o coletor de 
sementes tenha sempre em mãos um canivete. Com ele é possível fazer cortes 
nas sementes que possibilitem o reconhecimento de suas estruturas internas. 
Quando todas elas estão formadas as sementes podem ser colhidas. É claro 
que a equipe de coleta necessita de ser treinada para executar essas tarefas 
com grande rendimento. 
5.4 - Metodologia de coleta 
De acordo com Davide et a/. (1995), algumas recomendações gerais 
durante o processo de colheita devem ser seguidas sempre que possível. 
Esses autores afirmam que, preferencialmente, os frutos devem ser colhidos 
diretamente nas árvores, mas naqueles casos onde ocorre a queda de frutos 
grandes ou a dispersão de sementes grandes, o trabalho será facilitado 
coletando-se os frutos ou as sementes no chão. 
Frutos secos deiscentes (frutos que se abrem naturalmente) devem 
ser colhidos antes que completem a deiscência e liberem todas as sementes, 
a menos que suas sementes sejam grandes e possam ser coletadas no 
chão, como as de chichá , seringueira , araucária , etc. Frutos tipo sâmara (ex: 
jacarandá-mineiro) ou frutos já abertos, cujas sementes sejam aladas (ex. : 
ipê, paineira) só deverão ser colhidos em dias sem ventos fortes, para que as 
sementes não sejam levadas a grandes distâncias durante a queda. 
O método sem escalada na árvore deveser utilizado para árvores de 
porte reduzido, utilizando-se um podão com um cabo extensor, tesoura de 
poda ou mesmo apenas as mãos. No caso de árvores com copa baixa, com 
bifurcações e galhos grossos à altura relativamente baixa, pode-se utilizar uma 
escada dupla de madeira, alumínio ou fibra de vidro para atingir a copa da 
árvore. A partir daí a escalada poderá ser feita com as mãos, até um ponto 
onde, com o podão, seja possível cortar os ramos com os frutos. No caso de 
árvores com o fuste retilíneo, sem bifurcações e galhos grossos, e com a copa 
a alturas elevadas pode-se utilizar a bicicleta florestal, escadas de alumínio 
e/ou esporas. Em todos os casos que exijam a escalada de árvores, o coletor 
deve estar munido com todos os equipamentos de segurança, como cinturões, 
30 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
h11llllilh do soln rlglda, pornoh d'l, htvo~s, c...tpncete e óculos. 
Uma vez estabelecldm; ns populações onde se efetuarão as coletas, 
•lw ms aspectos deverão ser considerados no sistema de produção de sementes 
llwostais: a) número de matrizes coletadas; b) distância entre matrizes; c) 
nt·unero de ocasiões em que a árvore produz sementes em seu ciclo e intervalo 
111lre eventos de produção; d) quantidade de sementes produzidas por árvore 
om cada período de produção; e) classificação da árvore na floresta e f) grupo 
ucológico a que a espécie pertence. 
a) número de matrizes coletadas 
Um dos maiores problemas existentes nos serviços de coleta de 
'>Omentes florestais nativas, destinadas à restauração de ecossistemas 
florestais, é o pequeno número de árvores coletadas, ou ainda coleta de 
uma única árvore. Esse fato decorre de vários fatores, entre eles a falta de 
treinamento do responsável pelo serviço de coleta, inexistência de número 
adequado de matrizes de uma dada espécie em uma região , dificuldade de 
escalar as árvores de grande porte, etc. Esse fato contrasta com um dos 
objetivos principais da restauração florestal , que é a restauração da diversidade 
genética dentro de uma mesma espécie . Ela foi sendo diminuída à medida que 
as florestas nativas foram desaparecendo, as melhores árvores foram utilizadas 
pelos antepassados e, em muitas regiões, restaram as piores árvores isoladas 
nas pastagens e lavouras. 
Existem metodologias que podem proporcionar maior representatividade 
genética dessas populações, conforme preconizado por Kageyama & Gandara 
(2000). Esses autores enfatizam a necessidade do entendimento do conceito 
de tamanho efetivo (NJ que vem a ser a representatividade genética que 
uma árvore tem, em função de seu sistema reprodutivo e de sua genealogia. 
Assim, sementes colhidas de uma árvore , podem representar um Ne que pode 
variar de 1 a próximo de 4, dependendo se a espécie é alógama ou autógama, 
respectivamente. O tamanho efetivo de uma população implicará na sua 
capacidade de manter suas características genéticas ao longo de sucessivas 
gerações, de maneira que a colheita de sementes deverá priorizar o tamanho 
efetivo da população, para que a futura floresta originada dessas sementes 
represente toda a variabilidade genética da espécie , além de evitar cruzamentos 
endogâmicos ou aparentados e, conseqüentemente, a sua depressão. Assim, 
assumindo-se que uma espécie é alógama, como acontece para a maioria 
das árvores, pode-se adotar um tamanho efetivo adequado para a colheita 
de sementes como sendo de 50. Segundo Kageyama & Gandara (2000) esse 
valor tem sido aceito na literatura para casos de populações a serem mantidas 
em médio prazo. Na prática, esses autores sugerem: 1) colher sementes de 
12-13 árvores de uma população natural grande, ou seja, com mais de 500 
árvores; 2) reunir as sementes de várias populações pequenas, somando-se 
os Ne individuais; 3) coletar sementes de uma floresta plantada, desde que as 
sementes utilizadas para formar essa população tenham um Ne de 50. 
Em termos práticos, devem-se colher sementes de, no mínimo, 15 a 25 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 31 
A O. I >nvh In fi. I} A A '! tlvn 
árvores de uma mosma ospóclo om cmJo populnçno tonuuuJo ·HO o cuidado d 
colher a mesma quantidade de sementes de cada érvoro. Me1 ls recontemonte 
vários autores têm recomendado que esse número do matrizes seja elevado 
para, pelo menos, 30 árvores para os programas de restauração florestal e pelo 
menos 45 para iniciar o processo de implantação de pomares de sementes 
(SEBBEN, 2002). 
Em regiões com intensa supressão da vegetação nativa é muito difícil 
encontrar populações com 500 árvores de uma mesma espécie e em muitos 
casos o que se encontra são poucas árvores isoladas de uma espécie. Nesses 
casos seria muito interessante que vários produtores de sementes cujos lotes 
individuais foram obtidos de uma ou poucas árvores juntassem seus lotes 
com vários outros produtores e depois de misturadas, as sementes seriam 
devolvidas nas mesmas quantidades a cada produtor. 
b) distância entre matrizes 
Quando se coleta sementes de árvores vizinhas corre-se o risco de estar 
colhendo sementes de árvores aparentadas ou mesmo de árvores idênticas 
geneticamente, quando raízes de uma mesma árvore dão origem a várias 
outras (rametes de um mesmo clone). Para que isso não ocorra é que se 
recomenda a coleta de árvores espaçadas de 50 a 1OOm entre elas. 
c) número de ocasiões em que a árvore produz sementes em seu ciclo 
vital e intervalo entre eventos de produção 
Árvores pertencentes ao grupo das pioneiras (P) vivem por pouco tempo 
(10 a 20 anos), produzem sementes precocemente, às vezes com 6 meses 
de idade, produzem sementes todos os anos e muitas vezes distribuem a 
produção por vários meses por ano fazendo com que o coletor tenha que voltar 
várias vezes numa mesma matriz, em intervalos de poucos dias. Por outro lado, 
árvores pertencentes ao grupo das espécies clímax tolerantes à sombra (CS) 
têm ciclo de vida longo podendo viver por séculos, mas podem ficar um ou 2 
anos sem produzir sementes. Um exemplo típico é o do óleo copaíba ( Copaifera 
langsdorffii) que alterna um ano de abundante produção de sementes com 2 
anos sem nenhuma produção. É importante o conhecimento desses detalhes 
para que o abastecimento de sementes não seja comprometido , refletindo 
negativamente no cronograma de produção de mudas e na diversidade de 
espécies no plantio. 
d) quantidade de sementes produzidas por árvore em cada período de 
produção 
É comum acontecer que um coletor seja tentado a colher uma grande 
quantidade de sementes de uma árvore que apresente uma grande carga de 
frutos. Isso facilita o seu trabalho e completa sua meta de produção mais cedo. 
No entanto é indispensável que uma mesma quantidade de frutos/sementes 
seja colhida de cada matriz, no sentido de poder capturar toda ou o máximo da 
variabilidade genética existente na população. Ao longo dos anos, matrizes que 
foram selecionadas por suas características fenotípicas superiores podem ser 
substituídas por outras se sua capacidade de produzir sementes for pequena 
32 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
ou nulu. So a demando por ar11nonlu'"' do uma determinada espécie supera a 
qu.mlldade colhida das malrl.tos solocionadas será preciso selecionar novas 
rrurlnLes para uma mesma população. 
f) classificação da árvore na floresta 
Numa floresta tropical ou subtropical úmida as árvores de uma mesma 
t'->pécie podem ocupar papel de dominância sobre as demais atingindo o dossel 
d;l floresta , o que significa receber luz direta sobre suas copas e no outro 
oxtremo pode ser dominada por suas vizinhas e conseqüentemente receberem 
pouca luz. Árvores dominantes possuem grande capacidade de produção de 
o,ementes no topo de suas copas e mais ainda na face norte (no hemisfério 
c:,ul), mas isso significa uma grande dificuldade operacional na coleta dessas 
sementes. Poroutro lado, as árvores dominadas praticamente não produzem 
sementes. Na vegetação típica do Cerrado, por ser uma formação aberta , esse 
problema praticamente não existe, facilitando o trabalho de coleta . 
g) grupo ecológico a que a espécie pertence 
Espécies pioneiras produzem frutos e sementes pequenas, com grande 
capacidade de atração de pássaros e morcegos que possuem a capacidade 
de dispersar essas sementes a grandes distâncias, permitindo a colonização 
dessas espécies em áreas abertas ou armazenar suas sementes no banco de 
sementes no sub-bosque das florestas fechadas. Esses dispersares fazem um 
trabalho constante à medida que as sementes vão atingindo a maturação, o 
que obriga a equipe de coleta também a visitar as matrizes por várias vezes, 
antes que os dispersares consumam todos os frutos maduros. As sementes 
das espécies pioneiras são geralmente pequenas, dormentes e ortodoxas, o 
que permite secá-las e armazená-las em câmaras frias ou freezer por muitos 
anos. 
As sementes das espécies clímax , na sua grande maioria , possuem 
frutos e sementes grandes que caem sob as copas de suas matrizes e assim 
podem ser coletados (as) no chão. Normalmente são dispersos por mamíferos. 
Existe uma grande possibilidade de que essas sementes sejam recalcitrantes, 
ou seja , não toleram a retirada excessiva de água e, portanto, não devem ser 
secas ao sol e nem toleram o armazenamento em câmaras frias ou freezer, 
impedindo o armazenamento por longo prazo. Muitas espécies apresentam 
viviparidade (as suas sementes germinam dentro do próprio fruto) e a maioria 
das sementes dessas espécies não apresenta dormência . 
5.5 - Características fenotípicas para a seleção de matrizes 
De acordo as recomendações de Davide et a/. ( 1995 ), as árvores matrizes 
devem apresentar características típicas da espécie alvo, serem vigorosas , 
apresentarem boas condições fitossanitárias e serem boas produtoras de 
sementes em várias colheitas sucessivas. Outras características , como o ângulo 
de inserção dos ramos, desrama natural , espessura dos galhos, tamanho da 
copa e forma do tronco também são características importantes e devem ser 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 33 
/\C, I 111vh lu H. C.l\1\ , t1 11 vn 
consideradas. No caso do plantas do CornHfo pw " Ubo nltornolfvo, ondo o 
foco é a produção de frutos , devem ser soloclonadfls órvoros rnatriL.es com 
alta capacidade de produção de frutos e quando houver informação, ou 
na seqüência do processo de seleção deve-se considerar a qualidade dos 
frutos . 
Alguns autores podem discordar da seleção de matrizes mais vigorosas 
para coleta de sementes com o objetivo da restauração de ecossistemas 
florestais alegando que todas as categorias de árvores (superiores , médias 
e inferiores) devem ser selecionadas. Essa estratégia poderia ser adequada 
para a manutenção de bancos de germoplasma, mas para a produção de 
mudas e plantio , a coleta de sementes de árvores superiores contribuirá 
para o melhor estabelecimento das mudas nos sítios de plantio . 
Um outro importante fator que deve ser destacado para a seleção de 
matrizes, é a classificação das árvores na floresta. De acordo com Davide 
et ai. (1995), árvores dominadas ou suprimidas apresentam pouca ou 
nenhuma capacidade de produzir sementes . Cerca de 90% das sementes 
são produzidas por árvores dominantes e/ou codominantes da comunidade 
florestal. Assim, a coleta , de preferência , deve ser realizada em árvores 
cujas copas dominem as demais, alcançando o dossel e recebendo grandes 
quantidades de luz. 
5.6 - Registro, marcação e identificação de plantas matrizes 
Um procedimento que pode ser utilizado no registro das árvores 
matrizes em cada população é a marcação das mesmas com uma etiqueta 
de alumínio, com seu respectivo número, além de receber uma marca maior, 
com tinta para facilitar sua visualização rápida no campo. Além da marcação 
individual , podem-se estabelecer rotas de coleta de sementes prioritariamente 
nos fragmentos ou em propriedades rurais selecionadas que apresentam 
locais bem preservados e de fácil acesso, com populações que se destaquem 
das demais para uma. ou mais espécies. Essas rotas de coletas , bem como as 
árvores matrizes, podem ser georeferenciadas, podendo-se criar várias rotas 
de coleta com números mínimos de espécies por rota . Com essa metodologia, 
uma espécie poderá ser coletada em mais de uma rota. 
Como um exemplo, as etiquetas de alumínio podem receber quatro 
séries de algarismos identificando a região (01 a 05), a rota (01 a 1 O por 
região), espécie {01 a 10 por rota) e a matriz (01 a n por espécie). Todo 
material colhido no campo deve ser acondicionado em sacos de aniagem ou 
similar e etiquetado com as mesmas informações da(s) árvores matriz(es) e 
transportado para um galpão de beneficiamento. Quando a equipe de coleta 
não identificar a espécie coletada, uma exsicata poderá ser feita e enviada 
a algum herbário de uma instituição de ensino ou pesquisa para a correta 
identificação. 
34 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
l iCi tA DI (()li IA DL SEMENTES 
1 otl' : no do campo: _____ _ Coordenadas Geográficas: 
l{olrt de coleta: Região: , Rota: __ _ Latitude: 
l•,pécie: _ _____________ _ Longitude: _____ _ 
N° matrizes coletadas: ___________ _ Altitude: ____ __ _ 
Dt~la: _________ _ 
Nome do Coletor: 
Peso Total Coletado (kg) : _____ _ ) Frutos ( ) Sementes 
Coleta: ( ) no chão ) nas árvores 
OBS: ------------------------
6 BENEFICIAMENTO DE SEMENTES 
O beneficiamento de sementes pode ser definido como um conjunto de 
operações que se estende desde a colheita até o armazenamento e que objetiva 
reti rar as impurezas das sementes. Essas operações visam principalmente 
facilitar a semeadura e a comercialização das sementes. O beneficiamento de 
sementes de espécies florestais é essencialmente manual , devido ao grande 
número de espécies e à diversidade das mesmas, o que acarreta dificuldade 
em padronizar-se técnicas adequadas de beneficiamento para cada espécie. 
Assim , utilizam-se basicamente de secagem, abertura forçada , fermentação, 
maceração e lavagem. Embora com baixo rendimento operacional, esses 
métodos têm atendido até o momento, às necessidades, porque a demanda de 
sementes de espécies ainda é muito pequena. A escolha do método adequado 
depende do tipo de fruto, devendo-se optar por um método de fácil execução, 
maior rendimento operacional e que proporcione obtenção de sementes com 
alta qualidade física e fisiológica. 
Para muitas espécies, como os jacarandás, o pequi, o jerivá, o barú, 
etc, o que normalmente é comercializado ou semeado é o seu diáspora, que é 
definido como o órgão de dispersão da espécie , que pode ser a semente pura 
ou , como nos exemplos citados acima, é constituído da semente envolta do 
fruto ou parte do fruto. 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 35 
A.(j , I lnVI ilu I'. IJ A A. 811vfl 
I ICIII\ DI Bl Nll lt IAM L N I O 
Espécie: nome vulgar: ----------------------
Nome científico: --------------------------
Loten0decampo: ________________________ __ 
Data Coleta: __} __} __ Data Beneficiamento: __} __} __ 
Método de Beneficiamento: 
N° médio de sementes I frutos: __________________ _ 
6.1 Beneficiamento de sementes de frutos carnosos 
Para o beneficiamento de espécies que apresentam frutos carnosos como 
fruta-de-lobo, cagaita e outros, a separação das sementes dos frutos se faz 
macerando os frutos sobre peneiras em água corrente. Com a maceração ocorre 
a separação dos resíduos dos frutos das sementes, elas permanecem na peneira 
e os resíduos dos frutos são eliminados junto com a água corrente. Para espécies 
que têm frutos grandes como marola e pequi pode-se utilizar uma betoneira para 
realizar a separação de partes do fruto (polpa e casca) das sementes. Nessecaso, 
os frutos são colocados dentro de uma betoneira e adiciona-se um pouco de água 
para facilitar a retirada das partes do fruto. A fermentação dos frutos carnosos pode 
contribuir para a separação da polpa das sementes. Após esse procedimento, as 
sementes podem ser passadas por uma peneira para que haja a separação das 
mesmas de partes dos frutos que ainda estão presentes. 
Especificamente no caso de frutos de pequi, as sementes com o endocarpo 
(sem os espinhos) podem ser obtidas com a fermentação dos frutos e seu 
processamento em um recipiente onde os mesmos são batidos ou agitados 
com uma escova de aço acoplada a uma haste ligada a um motor elétrico. 
Pequenas quantidades podem ser agitadas por uma furadeira conectada a 
um eixo, com uma escova de aço cilíndrica . Na Figura 5 é apresentado um 
protocolo de processamento e obtenção de sementes. 
6.2 Beneficiamento de sementes de frutos secos deiscentes 
Para o beneficiamento de sementes que estão dentro de frutos que se 
36 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
SECAGEM ATÉ 8 -
12% DE UMIDADE 
ARMAZENAMENTO EM 
CURTO, MÉDIO E 
LONGO PRAZO 
FRUTO 
SECAGEM 
DE FRUTOS 
SEMEADURA 
COLHEITA 
OU COLETA 
DE FRUTOS 
ARMAZENAMENTO 
EM CURTO PRAZO 
FIG. 5 - Protocolo para processamento de frutos e obtenção de 
sementes. 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 37 
A O. I l11vltlu 1'. Cl\ ,1\ , f:llvu 
abrem naturalmente, chamados do dolscontos o opornc;l1o do bonollclomento 
compreende duas etapas: secagem seguida de agltaçao ou batoçOo. A socagem 
promove a abertura dos frutos devido a perda de água provocando a contraçao 
das paredes celulares deles. A secagem pode ser efetuada em galpão coberto, 
ao sol ou em estufas ( 40 a 60°C ) com ou sem circulação forçada de ar; o 
que vai alterar será o tempo de abertura dos frutos e a conseqüente liberação 
das sementes. As estufas com circulação de ar são mais eficientes (rápidas) 
que estufas simples; essas são mais eficientes que o sol e esse, por sua 
vez, é mais rápido que a secagem à sombra. A agitação permite a separação 
completa das sementes de partes do fruto. Normalmente, as sementes que 
são originadas de frutos deiscentes e que são dispersas pelo vento possuem 
sementes ortodoxas. 
6.3 Beneficiamento de sementes de frutos secos indeiscentes 
Para o beneficiamento de sementes que estão dentro de frutos secos 
e fibrosos que não se abrem naturalmente, chamados de indeiscentes, há a 
necessidade do uso de ferramentas como martelo, facão, tesoura de poda, 
etc. As espécies angico amarelo, tamboril , pau-ferro, flamboyant e baru são 
exemplos de espécies que são de difícil liberação das sementes e precisam de 
ferramentas para a extração das mesmas. Essas ferramentas são utilizadas 
para realizar a operação de abertura dos frutos para a posterior extração 
das sementes. Cuidados são necessários para que não ocorram danos nas 
sementes durante a operação de abertura dos frutos. 
7 SECAGEM DE SEMENTES 
As sementes na época da coleta ou colheita apresentam graus de 
umidade que não são compatíveis com os exigidos para o beneficiamento e 
armazenamento havendo a necessidade de secagem . Para o beneficiamento, 
a secagem é importante para auxiliar na abertura dos frutos e na liberação das 
sementes, já no armazenamento a secagem reduz a umidade da semente até 
o grau adequado para que as mesmas sejam armazenadas para a preservação 
da qualidade fisiológica e proteção dos efeitos da deterioração. De acordo com 
Toledo & Marcos Filho (1977), alguns processos biológicos são desencadeados 
nas sementes armazenadas segundo o teor de água (Tabela 3) . 
7.1 Métodos de secagem 
7 .1.1 Secagem natural 
As sementes quando secas pelo método natural, são secas pela ação 
do calor do sol e da movimentação do vento. Essa secagem pode ocorrer na 
própria planta após a maturidade fisiológica ou a forma utilizada após a coleta 
38 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
AIJCLA 3 Pr ou "•'•O'i l)loh'lqlc o•, d•"·• ·nvolvl<lo•, tltl'> !JC'Illenh.!!> tlt rnMenutl<.l!> !><.!gur1do 
" :>t• tt wor de águu 
umidade Atividade biológica nas sementes 
l'o úO% As sementes germinam. 
O d 45% Aquecimento do lote de sementes em função da intensa atividade 
respiratória, ocorrência de fungos e insetos. 
I} a 20% Diminuição da respiração, porém existe o risco de aquecimento. 
I O 13% Conteúdo de umidade considerado aceitável para a maioria das espécies. 
18% Baixa atividade respiratória recomendada para embalagens herméticas. 
quando os frutos e/ou sementes são colocados em lonas, terreiros cimentados, 
bandejas ou tablados em camadas de 5 a 20 em de espessura que variam 
conforme a espécie. Durante o dia, as sementes são expostas ao sol e à 
noite são recolhidas para evitar ganho de umidade. Em dias ensolarados as 
sementes podem ser secas em 3 a 5 dias, já em dias chuvosos, o período 
varia de 8 a 1 O dias. Esse método de secagem apresenta desvantagem por ser 
um método lento. dependente totalmente das condições climáticas, embora 
apresente a vantagem de ser de baixo custo. 
7 .1 .2 Secagem artificial 
O método de secagem artificial de sementes é assim chamado porque 
todo o processo de secagem é realizado com o auxílio de aparelhos. Através 
de aparelhos, o ar é aquecido à temperatura que varia de 30-40°C e os 
frutos e ou sementes são colocados em uma câmara para secagem com um 
sistema de circulação de ar forçado. O aquecimento do ar remove a umidade 
e favorece a retirada de água da semente; e esse ar é colocado em contato 
com a massa de semente durante o processo de secagem . As sementes 
durante o processo podem permanecer paradas ou em movimento. A secagem 
estacionária é assim chamada para o caso de certa quantidade de sementes 
permanecerem paradas dentro da câmara de secagem até atingirem o grau de 
umidade recebendo o fluxo de ar aquecido. Quando as sementes se mantêm 
em movimento durante o processo de secagem, esse tipo de secagem recebe 
o nome de secagem intermitente. 
8 ARMAZENAMENTO SEMENTES 
O sucesso para se armazenar sementes objetivando manter a qualidade 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 39 
A ÜIIVH 
fisiológica depende da longevld.Jdo dos sornonloH dm. O!:lpódo!:i quo ost,,o 
sendo armazenadas. Além disso, a umidade das somontos o o lemperatur 
do local onde elas estão sendo armazenadas interferem no processo. Acima 
foram apresentadas as atividades biológicas que ocorrem nas sementes 
com base na sua umidade (Tabela 3). Portanto, o armazenamento deve ser 
realizado objetivando reduzir drasticamente essas atividades. O conhecimento 
do comportamento das sementes com relação aos limites tolerados de perda 
de água auxilia no correto armazenamento das diferentes espécies mantendo 
a qualidade fisiológica das mesmas. Assim , existem três categorias com 
relação ao comportamento das sementes no armazenamento e tolerância das 
mesmas à dessecação: 
- semente de comportamento ortodoxo: toleram a secagem (3-5% 
de umidade) e armazenamento a baixas temperaturas (-20° C) sem perder a 
viabilidade. Exemplos: baru, ipê e etc; a maioria das sementes de espécies do 
bioma Cerrado apresenta comportamento ortodoxo; 
- semente de comportamento intermediário: elas toleram a secagem 
até certo ponto (10-12% de umidade) e perdem a viabilidade quando 
armazenadas a baixas temperaturas ( -20° C). Exemplo: jenipapo. Normalmente, 
as sementes de comportamento intermediário, quando secas até 10-12% de 
umidade e armazenadas em ambientes com temperaturas em torno de 10° C, 
mantêm a viabilidade no máximo até 1 ano. 
- semente de comportamento recalcitrante: são sementes que 
não toleram a secagem e armazenamento a baixas temperaturas. Quando 
submetidas a essas condições perdem a viabilidade rapidamente . Exemplo: 
lngá (lnga vera). 
Sabendo da importânciada umidade e temperatura durante o 
armazenamento Harrington (1972), propôs regras práticas para armazenamento 
de sementes, conhecida como "regra de Harrington": a longevidade de 
uma semente é dobrada para cada ponto percentual de diminuição no seu 
conteúdo de umidade e cada 5,5°C de diminuição na temperatura , durante o 
armazenamento. Na prática, o que se recomenda para o armazenamento de 
sementes ortodoxas é a secagem delas até 5-8% de umidade e armazenamento 
em câmara fria , regulada nas temperaturas que devem variar de 5-8°C. Por 
outro lado, quando não se tem câmara fria , como no caso de pequenos 
produtores, pode-se armazenar as sementes em ambientes naturais. Para isso 
as sementes devem ser secas, embaladas em sacos plásticos transparentes, 
ou garrafas plásticas tipo PET e mantidas em local seco, com temperatura em 
torno de 21° C, sem incidência direta de luz solar. 
Para o caso das sementes das espécies que apresentam comportamento 
recalcitrante que não toleram à dessecação, o que se recomenda é a coleta das 
sementes e beneficiamento imediato, seguido de semeadura em sementeira ou 
em sacos plásticos ou tubetes. Deve-se ressaltar que para aquelas espécies 
que são consideradas como minimamente recalcitrantes, possuem certo grau 
40 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
Jn lltlttrt'llldíl (l tlusbocnçt,o , 10111 •,u c clll!iO!Jllldo manter a viabilidade por alguns 
lllú(cUA qunndo as semen to~ sUo colocndas em embalagem de saco plástico 
c 1111 poquenos furos e armazenadas em camara fria a 5° C e 60% de umidade 
n 'I 1I1VE1 São exemplos dessas espécies as pertencentes a família Lauraceae 
l•II IO Nectandra grandiflora , Ocotea pulche/la, Persea pyrifo/ia e Nectandra 
/iíiiiiJOIDta (CARVALHO, 2006). 
Para o caso das espécies classificadas como intermediárias, tem-se 
••llll<lo elevada porcentagem de germinação quando as sementes são secas 
''" 10-12% de umidade e armazenadas em câmara fria , na temperatura de 
j "10° C. Nessas condições, as sementes se mantêm viáveis por até 1 ano. 
l i 1rd essas espécies, na prática, quando não houver a disponibilidade de uma 
c unara fria , pode-se secar as sementes à sombra até 10-12% de umidade e 
i 'inbalá-las em embalagem permeável , como um saco de papel e armazená-
lw; em geladeira, que também mantém as sementes viáveis por um período 
, :onsiderável. Genipa americana é exemplo de espécie que tem sementes de 
':umportamento intermediário. Na Figura 6 é apresentado um protocolo que 
dove ser utilizado para determinar o comportamento das sementes durante a 
•cagem e o armazenamento. 
9 DORMÊNCIA DE SEMENTES 
A dormência de sementes pode ser definida como sendo um fenômeno 
pelo qual, sementes de uma determinada espécie , mesmo estando 
v1áveis e tendo as condições ambientais favoráveis para germinarem, 
não germinam. As condições favoráveis são presença de umidade, luz, 
oxigênio e temperatura adequada. A dormência de sementes pode ser 
causada por um ou mais bloqueios à germinação e que podem variar em 
Intensidade. Do ponto de vista da planta a dormência é benéfica, pois 
retarda a germinação e a distribui no tempo. Assim , a dormência impede 
que a semente germine em condições adversas, onde a plântula após a 
emergência teria dificuldades de se estabelecer e se tornar uma planta 
adulta . Dessa forma , a dormência tem favorecido a perpetuação das 
espécies vegetais. Outro aspecto importante é que a dormência pode 
evitar que os embriões continuem a crescer após a sua formação, ainda na 
fase de desenvolvimento da semente. Nesse caso , a dormência impede a 
germinação precoce da semente ainda dentro do fruto . Do ponto de vista 
prático, a dormência apresenta problemas na avaliação da qualidade de 
sementes, devido à demora para se avaliar a qualidade fisiológica de um 
lote de sementes de uma determinada espécie, pois há a necessidade de 
que a semente supere a dormência para depois germinar. Além disso , a 
dormência contribui para a permanência das plantas invasoras de grandes 
culturas na condição de semente, que podem vir a germinar quando o solo 
for preparado para o plantio . Nesse caso, as plantas invasoras competem 
com a cultura explorada por luz, nutrientes, água, etc. 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 41 
Maioria das sementes morre 
Provavelmente 
RECALCITRANTE 
1\<~. l liiVIdt t 11. 1 ~ . (\ (\ 'iiiVII 
I ~ I ~I' I H· I .... j \, f1 11 1f'lll f• 
! 
Teste de germinação 
Maioria das sementes morre -
-
Maioria 
das 
sementes 
morre 
L Provavelme~te J INTERMEDIARIO 
Maioria das sementes sobrevive 
r 
FIG. 6 - Protocolo simplificado para determinar o comportamento da semente quanto à 
dessecação e ao armazenamento de acordo com Hong & Ellis, 1996. 
A dormência de sementes pode ser dividida em: 
- dormência primaria: característica da espécie, fenômeno 
geneticamente controlado. É induzida durante a maturação da semente 
(portanto, ocorre antes da dispersão da semente). 
- dormência secundária: ocorre sob condições ambientais especiais. 
Normalmente, é causada por altas e baixas temperaturas (portanto, ocorre 
após a dispersão da semente). 
42 Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
nnllso da qualidade e registro do lote para armazenamento: 
FICHA DE ENTRADA DE SEMENTES NO ARMAZENAMENTO 
Nome científico : ________________ _ Data : ________ _ 
Nome vulgar: _ _________________ _ 
I o~m ília : _ ____________________ _ 
lote n°decampo: ________________________ _ 
I ole no de entrada no Laboratório: _________________ _ 
Peso de 1.000 sementes: ______________ _ 
Grau de umidade inicial : _________________ _ 
Grau de umidade após secagem: ___________ _ 
reste Raios- X: 
% sementes mal formadas: ________ _ 
% sementes vazias: ___________ _ 
% sementes perfeitas: __________ _ 
% sementes predadas: __________ _ 
Teste de Germinação: 
% sementes germinadas: Normais _____ _ 
Anormais: _____ _ 
% sementes firmes: ___________ _ 
% sementes mortas: __________ _ 
Condições do teste de germinação: 
Tratamento pré -germinativo: ___________________ _ 
Temperatura (0 C): __ 
Substrato:--------------------------
Luz: ____________________________ _ 
Duração do teste (dias): ______ _ 
Teste de Pureza: 
N° de sementes puras I Kg : ________ _ 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 43 
/\ ,(-: , lliiVidll 11. 1,; 1\ 1\ !i iiVII 
Para detalhes observe a Tabela 4 abe1xo. 
TABELA 4 - Classificação dos diferentes tipos de dormência c.Je acordo com Baskin & 
Baskin, 1998 
Categorias 
Dormência 
primária (Induzida 
durante a formação 
da semente) 
Dormência 
secundária 
(Induzida após a 
dispersão da 
semente) 
44 
Grupos 
Exógena (externo ao 
embrião) 
Endógena (interno 
ao embrião) 
Combinação 
Causado por 
Tecido materno ou 
endosperma 
1. Embrião não 
desenvolvido 
(dormência 
morfológica) 
2. Bloqueio 
metabólico 
(dormência 
fisiológica) 
3. Combinação de 
dormência 
morfológica com 
dormência fisiológica 
Combinação de 
dormência exógena e 
endógena 
Bloqueio metabólico 
induzido em semente 
não dormente 
Mecanismo 
1. lmpermeabilidade 
à água 
2. Barreira mecânica 
a expansão do 
embrião 
3. Impedimento de 
lixiviação de 
inibidores do 
embrião 
4. Fornecimento de 
inibidores ao 
endosperma 
1. Embrião tem que 
finalizar o seu 
desenvolvimento 
antes de 
germinar. 
2. Mecanismo 
fisiológico ainda 
não conhecido 
Mecanismo fisiológico 
ainda não conhecido 
Produção de Sementes e Mudas de Espécies Florestais 
1/\UIH.A 5 - llpos do (iorrnónclrau laH •Ind•"• l llll•l Mlpurocllo ou quebra de dormência 
JIPO CAUSA QUEBRADA POR 
DORMÊNCIA ENDÓGENA 
Fisiológica' 
Morfológica2 
Morfofis~lógica3 
DORMÊNCIA EXÓGENA 
Física4 
Química5 
Mecânica6 
DORMÊNCIA ENDÓGENA

Continue navegando