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Hilda Hilst_ os 10 melhores poemas com análise e comentários - Cultura Genial

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03/05/2019 Hilda Hilst: os 10 melhores poemas com análise e comentários - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/hilda-hilst-melhores-poemas/ 1/12
Literatura Poesia/
Os 10 melhores poemas de Hilda Hilst
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura
Uma das maiores escritoras da literatura brasileira, aos poucos Hilda Hilst (1930-2004) vem
sendo descoberta recentemente pelos leitores do seu país. Provocadora, polêmica,
questionadora, autora de prosa e poesia, a escritora ficou especialmente conhecida pelos
seus versos apaixonados.
Selecionamos aqui dez dos seus maiores poemas de amor. Desejamos a todos uma boa
leitura e partilhem esses belos versos com os seus amados!
1. Amavisse
Como se te perdesse, assim te quero.Como se te perdesse, assim te quero. 
Como se não te visse (favas douradasComo se não te visse (favas douradas 
Sob um amarelo) assim te apreendo bruscoSob um amarelo) assim te apreendo brusco 
Inamovível, e te respiro inteiroInamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,Como se tudo o mais me permitisses, 
A mim me fotografo nuns portões de ferroA mim me fotografo nuns portões de ferro 
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínimaOcres, altos, e eu mesma diluída e mínima 
No dissoluto de toda despedida.No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estaçõesComo se te perdesse nos trens, nas estações 
Ou contornando um círculo de águasOu contornando um círculo de águas 
Removente ave, assim te somo a mim:Removente ave, assim te somo a mim: 
De redes e de anseios inundada.De redes e de anseios inundada.
Os versos acima compõem a parte II de uma série de vinte poemas publicados em 1989 sob o
título Amavisse. A lírica amorosa de Hilda Hilst, até então pouco conhecida pelo grande
público, foi lançada pelo selo Massao Ohno. Mais tarde, em 2001, Amavisse foi reunido com
outros trabalhos e acabou por ser publicado numa antologia chamada Do desejo.
03/05/2019 Hilda Hilst: os 10 melhores poemas com análise e comentários - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/hilda-hilst-melhores-poemas/ 2/12
O título do poema acima já chama a atenção do leitor, Amavisse é uma palavra latina que, se
traduzida, quer dizer "ter amado". De fato, os versos retratam uma paixão profunda, com
uma entrega sem fim por parte do eu-lírico.
A composição de Hilda Hilst é altamente erótica, basta reparar nas expressões sensuais
utilizadas como "assim te apreendo brusco", "te respiro inteiro". Há um excesso, uma
violência, um desejo de posse, de trazer o outro para capturá-lo.
É interessante observar que o poema carrega os três elementos essenciais: fogo, ar e água. O
fogo pode ser lido no verso "favas douradas sob um sol amarelo”; o ar e a água são
encontrados no trecho “um arco-íris de ar em águas profundas”.
Capa da primeira edição de Amavisse, de Hilda Hilst.
2. Tenta-me de novo
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E por que haverias de querer minha almaE por que haverias de querer minha alma 
Na tua cama?Na tua cama? 
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperasDisse palavras líquidas, deleitosas, ásperas 
Obscenas, porque era assim que gostávamos.Obscenas, porque era assim que gostávamos. 
Mas não menti gozo prazer lascíviaMas não menti gozo prazer lascívia 
Nem omiti que a alma está além, buscandoNem omiti que a alma está além, buscando 
Aquele Outro. E te repito: por que haveriasAquele Outro. E te repito: por que haverias 
De querer minha alma na tua cama?De querer minha alma na tua cama? 
Jubila-te da memória de coitos e acertos.Jubila-te da memória de coitos e acertos. 
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
O poema acima também está reunido na antologia Do desejo e traz como temática
igualmente o amor carnal. O breve poema se inicial com uma pergunta, que irá se repetir
quase ao final da composição. O questionamento é endereçado a alguém - diretamente ao
amado - e apresenta múltiplas possibilidades de leitura.
É curioso como um poema profundamente sensual e ligado aos prazeres do corpo também
faça uma alusão a valores espirituais e transcendentes. É de se destacar, por exemplo, a
palavra usada pelo eu-lírico na pergunta feita; ao invés de perguntar se o amado gostaria de
ter o seu corpo na cama, a expressão usada é a "alma". Outra palavra ligada ao sublime que
se mistura a meio de um poema tão terreno é "jubila-te", em geral usada em contextos
religiosos.
Os versos têm a assinatura de Hilda Hilst e carregam o seu tom obsceno e provocador. O
poema se encerra quase com um desafio dirigido ao amado. Note que a palavra "tenta-me",
usada no último verso, possui múltiplas interpretações possíveis. Tentar pode ser provocar
(levar a tentação) ou pode ser lido como experimentar (como uma hipótese, uma tentativa),
Hilst no encerramento da poesia brinca com as duas acepções da palavra.
3. Dez chamamentos ao amigo
Se te pareço noturna e imperfeitaSe te pareço noturna e imperfeita 
Olha-me de novo. Porque esta noiteOlha-me de novo. Porque esta noite 
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.Olhei-me a mim, como se tu me olhasses. 
E era como se a águaE era como se a água 
DesejasseDesejasse
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Escapar de sua casa que é o rioEscapar de sua casa que é o rio 
E deslizando apenas, nem tocar a margem.E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempoTe olhei. E há tanto tempo 
Entendo que sou terra. Há tanto tempoEntendo que sou terra. Há tanto tempo 
EsperoEspero 
Que o teu corpo de água mais fraternoQue o teu corpo de água mais fraterno 
Se estenda sobre o meu. Pastor e nautaSe estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.Olha-me de novo. Com menos altivez. 
E mais atento.E mais atento.
Os versos acima foram retirados do livro Júbilo, memória, noviciado da paixão, publicado em
1974. Na lírica apresentada encontram-se apenas dois personagens: o amado e a amada. É a
partir deles que nasce o encontro e as expectativas direcionadas um ao outro.
O título, dirigido ao amigo, faz lembrar as cantigas cavaleirescas medievais onde o amado
também era assim chamado. Mais uma vez vemos no trabalho de Hilda a importância do
elementos básicos: o eu-lírico se identifica com a terra em oposição a água, que era aquilo
que desejava ser.
O tom que vigora nos versos é de sensualidade e de desejo. Aqui não é o amor puro que é
invocado, e sim o desejo carnal, a vontade de possuir o outro do ponto de vista erótico.
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4. Árias Pequenas. Para Bandolim
Antes que o mundo acabe, Túlio,Antes que o mundo acabe, Túlio, 
Deita-te e provaDeita-te e prova 
Esse milagre do gostoEsse milagre do gosto 
Que se fez na minha bocaQue se fez na minha boca 
Enquanto o mundo gritaEnquanto o mundo grita 
Belicoso. E ao meu ladoBelicoso. E ao meu lado 
Te fazes árabe, me faço israelitaTe fazes árabe, me faço israelita 
E nos cobrimos de beijosE nos cobrimos de beijos 
E de floresE de flores
Antes que o mundo se acabeAntes que o mundo se acabe 
Antes que acabe em nósAntes que acabe em nós 
Nosso desejo.Nosso desejo.
No poema acima o eu-lírico se dirige a um amado que ganha um nome próprio, poucas vezes
esse movimento se exibe na obra de Hilda. Túlio é o objeto de desejo apresentado já no
primeiro verso que faz mover toda a poesia.
A construção desse poema específico é estruturado a partir de pares opostos: o amor é
colocado emcontraste com o belicoso, o árabe é o antagonista da israelita. Entretanto,
parece que o sentimento de desejo apazígua as diferenças e aproxima o par.
O desejo permanece sendo um mote central que move a lírica amorosa de Hilda Hilst. Nos
versos acima encontramos um descarado e provocador erotismo, que pretende seduzir não
só o interlocutor - Túlio - como também, e principalmente, o leitor.
5. Aquela
Aflição de ser eu e não ser outra.Aflição de ser eu e não ser outra. 
Aflição de não ser, amor, aquelaAflição de não ser, amor, aquela 
Que muitas filhas te deu, casou donzelaQue muitas filhas te deu, casou donzela 
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E à noite se prepara e se adivinhaE à noite se prepara e se adivinha 
Objeto de amor, atenta e bela.Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilhaAflição de não ser a grande ilha 
Que te retém e não te desespera.Que te retém e não te desespera. 
(A noite como fera se avizinha)(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terraAflição de ser água em meio à terra 
E ter a face conturbada e móvel.E ter a face conturbada e móvel. 
E a um só tempo múltipla e imóvelE a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.Não saber se se ausenta ou se te espera. 
Aflição de te amar, se te comove.Aflição de te amar, se te comove. 
E sendo água, amor, querer ser terra.E sendo água, amor, querer ser terra.
O poema Aquela trata dos medos despertados no eu-lírico quando tocado pela paixão. A
agonia transcrita nos versos transparecem o desespero experimentado quando se é
escolhido pela flecha implacável do cupido.
Vemos que o desejo de se fundir com o outro, de se entregar de corpo e alma à paixão gera,
simultaneamente, para além do prazer, uma sensação terrível de insegurança e desamparo.
O poema Aquela trata da dualidade do amor: da vontade de ser o que o amado deseja e
espera e, ao mesmo tempo, de ser aquilo que verdadeiramente se é. Os versos falam da
expectativa do amado em oposição aquilo que de fato existe na concretude da realidade.
6. Passeio
De um exílio passado entre a montanha e a ilhaDe um exílio passado entre a montanha e a ilha 
Vendo o não ser da rocha e a extensão da praia.Vendo o não ser da rocha e a extensão da praia. 
De um esperar contínuo de navios e quilhasDe um esperar contínuo de navios e quilhas 
Revendo a morte e o nascimento de umas vagas.Revendo a morte e o nascimento de umas vagas. 
De assim tocar as coisas minuciosa e lentaDe assim tocar as coisas minuciosa e lenta 
E nem mesmo na dor chegar a compreendê-las.E nem mesmo na dor chegar a compreendê-las. 
De saber o cavalo na montanha. E reclusaDe saber o cavalo na montanha. E reclusa 
Traduzir a dimensão aérea do seu flanco.Traduzir a dimensão aérea do seu flanco. 
De amar como quem morre o que se fez poetaDe amar como quem morre o que se fez poeta 
E entender tão pouco seu corpo sob a pedra.E entender tão pouco seu corpo sob a pedra. 
E de ter visto um dia uma criança velhaE de ter visto um dia uma criança velha 
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Cantando uma canção, desesperando,Cantando uma canção, desesperando, 
É que não sei de mim. Corpo de terra.É que não sei de mim. Corpo de terra.
Publicado no livro Exercícios, o poema passeio é, de fato, uma deambulação tanto física
quanto sentimental.
Vemos ao longo dos versos o eu-lírico vaguear a partir de uma paisagem concreta (entre a
montanha e a ilha, a rocha e a praia) e também a partir de um espaço emocional.
Trata-se de versos que traduzem uma viagem individual, um mergulho no próprio eu e é
curioso que após essa longa jornada o último verso transpareça como resultado final a
confissão "é que não sei de mim". É interessante perceber também como no final do poema a
última oração condense a paisagem no indivíduo ("Corpo de terra.").
7. Desejo
Quem és? Perguntei ao desejo.Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.
Inserido no livro Do desejo, o brevíssimo poema acima concentra uma enorme quantidade de
informação em apenas dois versos.
Nas duas linhas percebemos que se passa um diálogo imaginário entre o eu-lírico e o
interlocutor, o desejo. O eu-lírico pergunta ao desejo quem ele é, e ouve como resposta uma
mensagem que possui múltiplas interpretações possíveis.
Lava faz uma referência ao magma, a abundância que transborda dos vulcões em erupção.
Depois da enxurrada do desejo resta o pó, a memória dos acontecimentos. O que se sucede
depois do pó é o nada, demonstrando a fugacidade do desejo.
8. XXXII
Por que me fiz poeta?Por que me fiz poeta? 
Porque tu, morte, minha irmã,Porque tu, morte, minha irmã, 
No instante, no centroNo instante, no centro 
De tudo o que vejo.De tudo o que vejo.
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No mais que perfeitoNo mais que perfeito 
No veio, no gozoNo veio, no gozo 
Colada entre eu e o outro.Colada entre eu e o outro. 
No fossoNo fosso 
No nó de um íntimo laçoNo nó de um íntimo laço 
No haustoNo hausto 
No fogo, na minha hora fria.No fogo, na minha hora fria.
Me fiz poetaMe fiz poeta 
Porque à minha voltaPorque à minha volta 
Na humana ideia de um deus que não conheçoNa humana ideia de um deus que não conheço 
A ti, morte, minha irmã,A ti, morte, minha irmã, 
Te vejo.Te vejo.
Odes mínimas, onde está inserido o poema Da morte, de onde o trecho acima foi retirado, foi
publicado em 1980.
Nos versos XXXII temos uma tentativa de entender a mortalidade em todo o seu mistério. O
eu-lírico se questiona porque seguiu o caminho de poeta e por qual motivo encontra a morte
em tudo o que vê.
Ao longo da estrofe final testemunhamos a resposta a pergunta feita no primeiro verso: o eu-
lírico chega a conclusão que se fez poeta porque talvez perceba a mortalidade e seja capaz de
estabelecer uma relação estreita com ela.
9. Porque há desejo em mim
Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. 
Antes, o cotidiano era um pensar alturasAntes, o cotidiano era um pensar alturas 
Buscando Aquele Outro decantadoBuscando Aquele Outro decantado 
Surdo à minha humana ladradura.Surdo à minha humana ladradura. 
Visgo e suor, pois nunca se faziam.Visgo e suor, pois nunca se faziam. 
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivoHoje, de carne e osso, laborioso, lascivo 
Tomas-me o corpo. E que descanso me dásTomas-me o corpo. E que descanso me dás 
Depois das lidas. Sonhei penhascosDepois das lidas. Sonhei penhascos 
Quando havia o jardim aqui ao lado.Quando havia o jardim aqui ao lado. 
Pensei subidas onde não havia rastros.Pensei subidas onde não havia rastros. 
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Extasiada, fodo contigoExtasiada, fodo contigo 
Ao invés de ganir diante do Nada.Ao invés de ganir diante do Nada.
Os versos acima são típicos da lírica hilstiana: exagerados, sedutores, apaixonados, eróticos.
Vemos no eu-lírico um ser que transborda desejo e enamoramento.
O encontro amoroso é celebrado na sua plenitude, de onde o sujeito retira o máximo de
prazer e deleite.
O leitor enxerga um desejo de se fundir com o parceiro através da experiência carnal, trata-se
de uma busca obsessiva por uma união plena através da relação amorosa.
10. Poemas aos homens do nosso tempo
Enquanto faço o verso, tu decerto vives.Enquanto faço o verso, tu decerto vives. 
Trabalhas tuariqueza, e eu trabalho o sangue.Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue. 
Dirás que sangue é o não teres teu ouroDirás que sangue é o não teres teu ouro 
E o poeta te diz: compra o teu tempo.E o poeta te diz: compra o teu tempo.
Contempla o teu viver que corre, escutaContempla o teu viver que corre, escuta 
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo. 
Enquanto faço o verso, tu que não me lêsEnquanto faço o verso, tu que não me lês 
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas: 
“Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas”.“Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas”. 
Irmão do meu momento: quando eu morrerIrmão do meu momento: quando eu morrer 
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo: 
MORRE O AMOR DE UM POETA.MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,E isso é tanto, que o teu ouro não compra, 
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vastoE tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto 
Não cabe no meu canto.Não cabe no meu canto.
Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão, onde consta o poema acima, foi corajosamente
publicado por Hilda Hilst em meio a ditadura militar, no ano de 1974.
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No poema acima vemos a clara oposição colocada entre o ofício do poeta e o dos outros
homens. O eu-lírico se distingue das outras criaturas (enquanto o poeta trabalha o sangue, os
demais trabalham a riqueza) por vezes fazendo crer que a vida do poeta é mais dura.
No entanto, ao final do poema, vemos que a conclusão é justamente a oposta: enquanto a
poesia transcende a morte, todos os outros são digeridos pelo tempo.
Quem foi Hilda Hilst?
A escritora Hilda Hilst nasceu no interior de São Paulo (em Jaú), no dia 21 de abril de 1930.
Era filha de um fazendeiro e jornalista (Apolônio de Almeida Prado Hilst) e de uma dona de
casa, a imigrante portuguesa Bedecilda Vaz Cardoso.
Desde muito nova Hilda era fascinada pelo mundo dos versos. Em 1950, aos 20 anos,
publicou o seu primeiro livro (intitulado Presságio). A sua produção crescente fez com que, já
no ano a seguir, publicasse outro livro, intitulado Balada de Alzira.
Hilst formou-se em direito, embora não tenha chegado propriamente a exercer a profissão e,
a partir de 1954, passou a se dedicar exclusivamente à literatura. Onze anos mais tarde, em
1965, mudou-se para a Casa do Sol, em Campinas, onde mergulhou de vez no universo das
palavras.
A sua vasta obra contempla não apenas poemas como também peças de teatro, romances e
até literatura pornográfica.
Retrato de Hilda Hilst.
Descubra a obra completa de Hilda Hilst:
Presságios (1950);
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Balada de Alzira (1951);
Balada do Festival (1955);
Roteiro do Silêncio (1959);
Trovas de Muito Amor para um Amado Senhor (1959);
Ode Fragmentária (1961);
Sete Cantos do Poeta para o Anjo (1962);
Fluxo – Floema (1970);
Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974);
Ficções (1977);
Tu Não Te Moves de Ti (1980);
Da Morte, Odes Mínimas (1980);
Cantares de Perda e Predileções (1980);
A Obscena Senhora D (1982);
Poemas Malditos, Gozos e Devotos (1984);
Sobre a Tua Grande Face (1986);
O Caderno Rosa de Lori Lamby (1990);
Cartas de Um Sedutor (1991);
Bufólicas (1992);
Do Desejo (1992);
Cacos e Carícias, crônicas reunidas (1992-1995);
Cantares do Sem Nome e de Partidas (1995);
Estar Sendo Ter Sido (1997);
Do Amor (1999).
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Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).
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