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Exercícios 
2ª Geração Modernista 
Profº Mari Neto 
 
 
 
 
 
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1. (Enem PPL 2018) E fui mostrar ao ilustre hóspede [o governador do 
Estado] a serraria, o descaroçador e o estábulo. Expliquei em resumo a 
prensa, o dínamo, as serras e o banheiro carrapaticida. De repente supus 
que a escola poderia trazer a benevolência do governador para certos 
favores que eu tencionava solicitar. 
 
— Pois sim senhor. Quando V. Exª. vier aqui outra vez, encontrará 
essa gente aprendendo cartilha. 
 
RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1991. 
 
 
O fragmento do romance de Graciliano Ramos dialoga com o 
contexto da Primeira República no Brasil, ao focalizar o(a) 
a) derrocada de práticas clientelistas. 
b) declínio do antigo atraso socioeconômico. 
c) liberalismo desapartado de favores do Estado. 
d) fortalecimento de políticas públicas educacionais. 
e) aliança entre a elite agrária e os dirigentes políticos. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
(...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será 
que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho 
morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o 
que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles 
apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos 
venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha 
cachorra Baleia e esperamos preás. (...) 
 
Carta de Graciliano Ramos a sua esposa. 
 
 
(...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as 
cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas 
ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos 
dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava 
o cachimbo. 
(...) 
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E 
lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se 
espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num 
chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, 
enormes. 
 
Graciliano Ramos, Vidas secas. 
 
 
2. (Fuvest 2018) As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o 
excerto do romance permitem afirmar que a personagem Baleia, em 
Vidas secas, representa 
a) o conformismo dos sertanejos. 
b) os anseios comunitários de justiça social. 
c) os desejos incompatíveis com os de Fabiano. 
d) a crença em uma vida sobrenatural. 
e) o desdém por um mundo melhor. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. 
 
Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor Cândido Portinari 
 
Rio – 18 – Fevereiro – 1946 
1Caríssimo Portinari: 
 
A sua carta chegou muito atrasada, e receio que 2esta resposta já 
não 3o ache 4fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há 
trabalho mais digno, penso eu. 5Dizem que somos pessimistas e 
exibimos deformações; 6contudo as deformações e miséria existem 
fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram. 
O que às vezes pergunto 7a mim mesmo, com angústia, Portinari, é 
8isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar a trabalhar? 
Desejamos realmente que elas desapareçam ou seremos também 
uns exploradores, tão perversos como os outros, quando expomos 
desgraças? Dos quadros que você mostrou 9quando almocei no 
Cosme Velho pela última vez, o que mais me comoveu foi aquela mãe 
com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: 
numa sociedade sem classes e sem miséria seria possível fazer-se 
aquilo? Numa vida tranquila e feliz que espécie de arte surgiria? 
Chego a pensar que faríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me 
horroriza. 
Felizmente a dor existirá sempre, a 10nossa velha amiga, nada a 
suprimirá. E 11seríamos ingratos se 12desejássemos a supressão 
dela, não 13lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são 
burros. 
Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos 
trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem desgostoso, 
porque não nascemos para tal sensaboria. O meu desejo é que, 
eliminados os ricos de qualquer modo e os sofrimentos causados por 
eles, venham novos sofrimentos, 14pois sem isto não temos arte. 
E adeus,15 meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para 
Maria. 
 
Graciliano 
 
sensaboria: contratempo, monotonia 
 
 
3. (Mackenzie 2018) Depreende-se corretamente do texto que o 
escritor Graciliano Ramos: 
a) compreende a miséria humana e os sofrimentos como motivadores 
da produção artística, que não pode ser apenas ornamental. 
b) entende que a função da pintura é oferecer as soluções práticas 
para o erradicamento da miséria humana. 
c) se refere a pinturas que ele mesmo produziu sobre as diferenças 
sociais que afetam o povo brasileiro. 
d) se dirige ao pintor Portinari com o claro objetivo de propor a 
formação de uma política que exclua os ricos da sociedade. 
e) escreve ao pintor Portinari para tentar amenizar o remorso que 
sente por explorar a miséria humana. 
 
4. (Fmp 2017) A obra de Graciliano Ramos alcançou o equilíbrio ao 
reunir duas linhas: a psicológica e a sociopolítica. 
 
 
 
 
 
 
 
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A vertente sociopolítica de sua obra é exemplificada em: 
a) “Sim, não, sim, não. Um relógio tenta chamar-me à realidade. Que 
tempo dormi? Esperarei até que o relógio bata de novo e me diga que 
vivi mais meia hora, dentro deste horrível jato de luz.” RAMOS, G. 
Insônia. 9. ed. São Paulo: Martins, 1971. p. 19. 
b) “Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-
se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na 
cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade 
dele? Vivia trabalhando como um escravo. Desentupia o bebedouro, 
consertava as cercas, curava os animais - aproveitara um casco de 
fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser 
bruto? Quem tinha culpa?” RAMOS, G. Vidas secas. 22. ed. São 
Paulo: Martins, 1969. p. 73. 
c) “Eu é que me podia considerar um sujeito feliz. Repetia isso 
maquinalmente, enquanto apalpava as caixinhas de veludo. Soltei-as 
com raiva, ergui-me, esfreguei as mãos. O sentido das palavras que 
me dançavam no espírito tornou-se claro. Perfeitamente, um sujeito 
feliz. Que é que me faltava?” RAMOS, G. Angústia. 12. ed. Rio de 
Janeiro: Martins, 1970. p. 93. 
d) “O que estou é velho. Cinquenta anos pelo São Pedro. Cinquenta 
anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e 
a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um 
arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a 
sensibilidade embotada.” RAMOS, G. São Bernardo. 40. ed. Rio de 
Janeiro: Record, 1983. p. 181. 
e) “Nesse tempo, em razão de culpas indecisas, costumavam 
prender-me algumas horas na loja. Sentenciavam-me sem 
formalidades, mas o castigo implicava falta. E ali, no silêncio e no 
isolamento, adivinhando o mistério dos códigos, fiz compridos 
exames de consciência, tentei catalogar as ações prejudiciais e as 
inofensivas, desenvolvi à toa o meu diminuto senso moral.” RAMOS, 
G. Infância. 9. ed. São Paulo: Martins, 1972, p. 112. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Despedida 
Zélia Gattai 
Sobre nossa casa, de Jorge e minha, na rua Alagoinhas, 33, no bairro 
do Rio Vermelho, em Salvador da Bahia, muito já se disse, muito se 
cantou. Citada em prosa e verso, sobra-me, no entanto, ainda o que 
dela falar. 
Fico pensando se alcançarei escrever todas as histórias, tantas, de 
gente e de bichos que nela passaram nesses quarenta anos lá 
vividos. 
Neste momento, quando me despeço do lugar onde passei o melhor 
tempo de minha vida, ao deixar Jorge repousando sob a mangueira 
por nós plantada no jardim, mil lembranças afloram-me à cabeça. 
Lembro-me de coisas que para muitos podem parecer tolas, mas que 
para mim não são. 
Lembro-me, por exemplo, de duas mimosas lagartixas que viviam 
atrás de um quadro de Di Cavalcanti, acima da televisão da sala, e 
que tanto nos divertiram. Um belo dia elas apareceram, sem mais 
nem menos: umatoda rosada, quase transparente; a outra com listras 
escuras em volta do corpo. Jorge foi logo escolhendo: ‘A zebrinha é 
minha.’ A mais bonita, pois, ficou sendo a dele. A outra, que jeito? De 
dona Zélia. 
Recostados em nossas poltronas, após o jantar, para assistir aos 
noticiários de TV, vimos, pela primeira vez, as duas saírem de seu 
esconderijo, uma atrás da outra, direto para uma lâmpada acesa, no 
alto, reduto de mosquitos e de bichinhos atraídos pela luz. 
– Elas agora vão jantar – disse Jorge. 
Dito e feito: as duas se aproximaram docemente da claridade, 
estancaram a uma pequena distância da lâmpada e, imóveis, na 
moita, só observando. De repente, o bote fatal foi desfechado e lá se 
foi um dos insetos para o bucho da lagartixa de Jorge. Diante do 
perigo, quem era de voar voou, quem era de correr, correu, lá se 
foram os bichinhos, não sobrou um pra remédio, o campo ficou limpo. 
Estáticas, as duas sabidas aguardaram pacientes a volta das vítimas, 
que, inocentes, aos poucos foram criando coragem e se chegando 
para, ainda uma vez, cair na boca do lobo. Ainda uma vez o lobo foi 
a zebrinha, que, como num passe de mágica, abocanhou um 
mosquito. Encantado, Jorge ria de se acabar, provocando-me: ‘A tua 
não é de nada!’ Eu protestei e ele riu mais ainda. 
Brincadeira boba, inocente, passou a ser nosso divertimento durante 
muitas e muitas noites, muitas e muitas noites voltamos à nossa 
infância. 
 
(Disponível em http://bsp.org.br/2012/05/17/relembre-zelia-gattai/. 
Acesso em 08 out. 2015.) 
 
 
 
 
5. (Unisinos 2016) No que se refere à temática do texto, assinale a 
alternativa que o apresenta de forma adequada. 
a) Zélia Gattai, por conta de sua saída da casa em que morou por 
muitos anos, faz uma reflexão sobre a vida e a perda de seu marido, 
Jorge Amado. 
b) Ao relembrar uma história aparentemente banal, Zélia Gattai nos 
apresenta as peculiaridades de sua vida com Jorge Amado, na casa 
do Rio Vermelho. 
c) A intenção de Zélia Gattai, ao contar a história das lagartixas, é 
demonstrar que devemos respeitar os animais, pois eles fazem parte 
de nosso cotidiano. 
d) Enaltecer a figura de Jorge Amado, o escritor famoso e 
reconhecido, é o principal objetivo do texto escrito por Zélia Gattai 
sobre sua antiga casa. 
e) O personagem que se destaca no texto é a casa em que Jorge 
Amado e Zélia Gattai moraram por várias décadas, na cidade de 
Salvador, Bahia, estado natal do escritor. 
 
6. (Fuvest 2020) Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara 
se convenceram de que ela estava morta, menos eu. Se eu pudesse 
não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó, mas ela 
disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela 
 
 
 
 
 
 
 
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era no dia em que chegou da Formação, só um pouquinho mais 
magra. 
 
Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar 
do corpo. Eu perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o 
menor sofrimento, sem ela fazer uma caretinha que fosse?”. Vovó 
disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode saber essas 
coisas com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do 
corpo, outros morrem de repente sem sofrer. 
 
Helena Morley, Minha Vida de Menina. 
 
 
Perguntas 
 
Numa incerta hora fria 
perguntei ao fantasma 
que força nos prendia, 
ele a mim, que presumo 
estar livre de tudo 
eu a ele, gasoso, 
(...) 
 
No voo que desfere 
silente e melancólico, 
rumo da eternidade, 
ele apenas responde 
(se acaso é responder 
a mistérios, somar‐lhes 
um mistério mais alto): 
 
Amar, depois de perder. 
 
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma. 
 
 
As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto 
afirmar que 
a) ambos guardam uma dimensão transcendente e católica, de 
origem mineira. 
b) ambos ouvem respostas que lhes esclarecem em definitivo as 
dúvidas existenciais. 
c) a menina mostra curiosidade acerca da morte como episódio e o 
poeta especula o sentido filosófico da morte. 
d) a menina está inquieta por conhecer o destino das almas, enquanto 
o poeta critica o ceticismo. 
e) as duas respostas reforçam os mistérios da vida ao acolherem 
crenças populares. 
 
7. (Fuvest 2019) Leia os textos. 
 
– Eu acho que nós, bois, – Dançador diz, com baba – assim como os 
cachorros, as pedras, as árvores, somos pessoas soltas, com 
beiradas, começo e fim. O homem, não: o homem pode se ajuntar 
com as coisas, se encostar nelas, crescer, mudar de forma e de 
jeito… O homem tem partes mágicas… São as mãos… Eu sei… 
 
João Guimarães Rosa, “Conversa de bois”. Sagarana. 
 
 
Um boi vê os homens 
 
Tão delicados (mais que um arbusto) e correm 
e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos 
de alguma coisa. Certamente falta-lhes 
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres 
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves, 
até sinistros. Coitados, dir-se-ia não escutam 
nem o canto do ar nem os segredos do feno, 
como também parecem não enxergar o que é visível 
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes 
e no rasto da tristeza chegam à crueldade. 
(...) 
 
Carlos Drummond de Andrade, “Um boi vê os homens”. Claro enigma. 
 
 
a) Em ambos os textos, o assombro de quem vê decorre das 
avaliações contrastantes sobre quem é visto. Justifique essa 
afirmação com base em cada um dos textos. 
b) O conto de Rosa e o poema de Drummond valem-se de uma 
mesma figura de linguagem. Explicite essa figura e justifique sua 
resposta. 
 
8. (G1 - cftmg 2019) Um boi vê os homens 
 
Tão delicados (mais que um arbusto) e correm e correm de um para 
o outro lado, sempre esquecidos de alguma coisa. Certamente falta-
lhes não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres e 
graves, por vezes. 
 
Ah, espantosamente graves, até sinistros. 
 
Coitados, dir-se-ia que não escutam nem o canto do ar nem os 
segredos do feno, como também parecem não enxergar o que é 
visível e comum a cada um de nós, no espaço. 
 
E ficam tristes e no rasto da tristeza chegam à crueldade. 
 
Toda a expressão deles mora nos olhos - e perde-se a um simples 
baixar de cílios, a uma sombra. 
 
Nada nos pelos, nos extremos de inconcebível fragilidade, e como 
neles há pouca montanha, e que secura e que reentrâncias e que 
impossibilidade de se organizarem em formas calmas, permanentes 
e necessárias. 
 
Têm, talvez, certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem 
perdoar a agitação incômoda e o translúcido vazio interior que os 
torna tão pobres e carecidos de emitir sons absurdos e agônicos: 
desejo, amor, ciúme (que sabemos nós), sons que se despedaçam e 
tombam no campo como pedras aflitas e queimam a erva e a água, e 
difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade. 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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No texto, a perspectiva adotada pelo poeta 
a) opõe a fragilidade física à racionalidade humana. 
b) compara a vida na manada ao homem na multidão. 
c) constata a falta de finalidade da existência humana. 
d) elabora uma representação desiludida dos homens. 
 
9. (Espm 2019) Considere os textos que seguem. 
 
Eu tenho um coração maior que o mundo, 
tu, formosa Marília, bem o sabes; 
um coração, e basta, 
onde tu mesma cabes. 
 
(Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu) 
 
 
Não, meu coração não é maior que o mundo. 
É muito menor. 
Nele não cabem sequer as minhas dores. 
 
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do Mundo) 
 
 
Assinale a afirmação correta sobre os dois textos: 
a) Por pertencer à fase heroica ou iconoclas¬ta do Modernismo, 
Carlos Drummond de Andrade parodia o lirismo sentimental do 
árcade Tomás Antônio Gonzaga. 
 
b) Por pertencer à fase heroica ou iconoclas¬ta do Modernismo, 
Carlos Drummond de Andrade parodia o lirismo sentimental do 
árcade Tomás Antônio Gonzaga. 
c) Gonzaga, como muitos árcades, é alheio ao que está a seu redor, 
já Drummond ex¬pressa um sentimentode revolta ante um mundo 
que não compreende as dores do poeta. 
d) Em Gonzaga, o coração do poeta alcança a plenitude com a 
presença da amada. Em Drummond, o coração é insuficiente para 
abarcar as próprias dúvidas existenciais. 
e) Tomás A. Gonzaga usa a imagem do “mundo” para instigar a musa 
Marília a aceitá-lo; Drummond retoma o procedi-mento do poeta 
árcade, ressaltando o so-frimento por causa da amada. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Os ombros suportam o mundo 
 
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. 
Tempo de absoluta depuração. 
Tempo em que não se diz mais: meu amor. 
Porque o amor resultou inútil. 
E os olhos não choram. 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho. 
E o coração está seco. 
 
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. 
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, 
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. 
És todo certeza, já não sabes sofrer. 
E nada esperas de teus amigos. 
 
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? 
Teus ombros suportam o mundo 
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios 
provam apenas que a vida prossegue 
e nem todos se libertaram ainda. 
Alguns, achando bárbaro o espetáculo, 
preferiram (os delicados) morrer. 
Chegou um tempo em que não adianta morrer. 
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. 
A vida apenas, sem mistificação. 
 
ANDRADE, Carlos Drummond. Obras completas. Rio de Janeiro: 
Aguilar, 1967. p. 110-111. 
 
 
 
10. (Fmp 2018) Entre as características da obra de Carlos Drummond 
de Andrade, a que está presente nesse poema é a 
a) valorização do cotidiano e das raízes culturais brasileiras 
b) nostalgia da vida provinciana relacionada à terra natal 
c) denúncia constante da monotonia observada no dia a dia 
d) esperança na sobrevivência do sentimento amoroso 
e) manifestação de cansaço diante dos problemas da vida 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Os Velhos 
Carlos Drummond de Andrade 
 
Todos nasceram velhos — desconfio. 
Em casas mais velhas que a velhice, 
em ruas que existiram sempre — sempre 
assim como estão hoje 
e não deixarão nunca de estar: 
soturnas e paradas e indeléveis 
mesmo no desmoronar do Juízo Final. 
Os mais velhos têm 100, 200 anos 
e lá se perde a conta. 
Os mais novos dos novos, 
não menos de 50 — enormidade. 
Nenhum olha para mim. 
A velhice o proíbe. Quem autorizou 
existirem meninos neste largo municipal? 
Quem infringiu a lei da eternidade 
que não permite recomeçar a vida? 
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade 
de ser também um velho desde sempre. 
Assim conversarão 
comigo sobre coisas 
seladas em cofre de subentendidos 
a conversa infindável de monossílabos, resmungos, 
tosse conclusiva. 
Nem me veem passar. Não me dão confiança. 
Confiança! Confiança! 
Dádiva impensável 
nos semblantes fechados, 
nos felpudos redingotes, 
nos chapéus autoritários, 
nas barbas de milénios. 
Sigo, seco e só, atravessando 
 
 
 
 
 
 
 
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a floresta de velhos. 
 
ANDRADE, Carlos Drummond. Boitempo II. São Paulo: Record.1986. 
 
 
Velhas Árvores 
Olavo Bilac 
 
Olha estas velhas árvores, mais belas 
Do que as árvores moças, mais amigas, 
Tanto mais belas quanto mais antigas, 
Vencedoras da idade e das procelas... 
 
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas 
Vivem, livres da fome e de fadigas: 
E em seus galhos abrigam-se as cantigas 
E os amores das aves tagarelas. 
 
Não choremos, amigo, a mocidade! 
Envelheçamos rindo. Envelheçamos 
Como as árvores fortes envelhecem, 
 
Na glória de alegria e da bondade, 
Agasalhando os pássaros nos ramos, 
Dando sombra e consolo aos que padecem! 
 
BILAC, Olavo. Velhas Árvores. Disponível em: 
http://www.jornaldepoesia.jor.br/bilac3.html#velhas. Acesso: 24.9.17 
 
 
11. (Uece 2018) Quanto à linguagem empregada nos poemas Os 
velhos e Velhas árvores, é correto afirmar que 
a) ambos respeitam o rigor formal da métrica do verso clássico. 
b) enquanto o poema de Carlos Drummond expressa contentamento 
com a velhice, o de Olavo Bilac acentua o aspecto da solidão e da 
tristeza nesta fase da vida. 
c) os poemas procuram ater-se a uma linguagem cheia de 
coloquialismos para manterem-se mais próximos dos leitores. 
d) os versos do poema de Drummond, apesar de serem escritos no 
padrão culto da língua portuguesa, não têm o mesmo tom elevado da 
linguagem rebuscada dos versos do poema de Bilac. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Entre 11 de fevereiro e 03 de junho de 2018, o Museu de Arte 
Moderna de Nova Iorque (MoMA) abrigou a primeira exposição nos 
Estados Unidos dedicada à pintora brasileira Tarsila do Amaral. 
 
Leia a apresentação de uma das pinturas expostas para responder 
à(s) questão(ões) a seguir. 
 
The painting Sleep (1928) is a dreamlike representation of tropical 
landscape, with this major motif of her repetitive figure that disappears 
in the background. 
 
This painting is an example of Tarsila’s venture into surrealism. 
Elements such as repetition, random association, and dreamlike 
figures are typical of surrealism that we can see as main elements of 
this composition. She was never a truly surrealist painter, but she was 
totally aware of surrealism’s legacy. 
 
(www.moma.org. Adaptado.) 
 
 
12. (Unesp 2019) A apresentação sublinha a influência de uma 
determinada vanguarda europeia sobre a pintura de Tarsila do 
Amaral. A influência dessa vanguarda europeia também se encontra 
nos seguintes versos do poeta modernista Murilo Mendes: 
a) No fim de um ano seu Naum progrediu, 
já sabe que tem Rui Barbosa, Mangue, Lampião. 
Joga no bicho todo dia, está ajuntando pro carnaval, 
depois do almoço anda às turras com a mulher. 
As filhas dele instalaram-se na vida nacional. 
Sabem dançar o maxixe 
conversam com os sargentos em bom brasileiro. 
 
(“Família russa no Brasil”) 
 e) O cavalo mecânico arrebata o manequim pensativo 
que invade a sombra das casas no espaço elástico. 
Ao sinal do sonho a vida move direitinho as estátuas 
que retomam seu lugar na série do planeta. 
Os homens largam a ação na paisagem elementar 
e invocam os pesadelos de mármore na beira do infinito. 
 
(“O mundo inimigo”) 
 
b) Eu sou triste como um prático de farmácia, 
sou quase tão triste como um homem que usa costeletas. 
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher 
mas só ouço o tectec das máquinas de escrever. 
Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda. 
Quantas meninas pela vida afora! 
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros. 
 
(“Modinha do empregado de banco”) 
c) Ele acredita que o chão é duro 
Que todos os homens estão presos 
Que há limites para a poesia 
Que não há sorrisos nas crianças 
Nem amor nas mulheres 
Que só de pão vive o homem 
Que não há um outro mundo. 
 
(“O utopista”) 
d) A costureira, moça, alta, bonita, 
ancas largas, 
os seios estourando debaixo do vestido, 
(os olhos profundos faziam a sombra na cara), 
morreu. 
Desde então o viúvo passa os dias no quarto olhando pro manequim. 
 
(“Afinidades”) 
e) O cavalo mecânico arrebata o manequim pensativo 
que invade a sombra das casas no espaço elástico. 
Ao sinal do sonho a vida move direitinho as estátuas 
que retomam seu lugar na série do planeta. 
Os homens largam a ação na paisagem elementar 
e invocam os pesadelos de mármore na beira do infinito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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(“O mundo inimigo”) 
 
 
 
13. (Enem 2017) O farrista 
 
Quando o almirante Cabral 
Pôs as patas no Brasil 
O anjo da guarda dos índios 
Estava passeando em Paris. 
Quando ele voltou de viagem 
O holandês já está aqui. 
O anjo respira alegre: 
“Não faz mal, isto é boa gente, 
Vou arejar outra vez.” 
O anjo transpôs a barra, 
Diz adeus a Pernambuco, 
Faz barulho, vuco-vuco, 
Tal e qual o zepelim 
Mas deu um vento no anjo, 
Ele perdeu a memória... 
E não voltou nunca mais. 
 
MENDES. M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1992 
 
 
A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo,cujas 
propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que 
a) configura um ideal de nacionalidade pela integração regional. 
b) remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta. 
c) repercute as manifestações do sincretismo religioso. 
d) descreve a gênese da formação do povo brasileiro. 
e) promove inovações no repertório linguístico. 
 
14. (Enem PPL 2016) Quinze de Novembro 
 
Deodoro todo nos trinques 
Bate na porta de Dão Pedro Segundo. 
– Seu imperadô, dê o fora 
que nós queremos tomar conta desta bugiganga. 
Mande vir os músicos. 
O imperador bocejando responde: 
– Pois não meus filhos não se vexem 
me deixem calçar as chinelas 
podem entrar à vontade: 
só peço que não me bulam nas obras completas de Victor Hugo. 
 
MENDES, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 
1994. 
 
 
A poesia de Murilo Mendes dialoga com o ideário poético dos 
primeiros modernistas. No poema, essa atitude manifesta-se na 
a) releitura irônica de um fato histórico. 
b) visão ufanista de um episódio nacional. 
c) denúncia implícita de atitudes autoritárias. 
d) isenção ideológica do discurso do eu lírico. 
e) representação saudosista do regime monárquico. 
 
15. (Upe-ssa 3 2016) Há textos literários que se aproximam pelos 
conteúdos tratados, tal como ocorre com o tema da distância da 
pátria, cujo início remonta Canção do Exílio, do poeta Gonçalves 
Dias. Contudo, nem sempre um ratifica, de modo claro, a ideia do 
outro. Muitas vezes, a retomada se realiza de maneira irônica, em que 
o texto mais recente assume uma dimensão crítica inovadora, em 
relação ao texto anterior. Outras vezes, dá-se a retomada por uma 
paráfrase, pois se mantém o sentido do texto original. 
 
Considerando o exposto, analise os poemas a seguir: 
 
 
Poema 1 
 
Canção do Exílio 
 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar – sozinho, à noite – 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
 (Gonçalves Dias) 
 
Poema 2 Poema 3 
Canto de regresso à pátria 
 
Minha terra tem palmares 
Onde gorjeia o mar 
Os passarinhos daqui 
Não cantam como os de lá 
 
Minha terra tem mais rosas 
E quase que mais amores 
Minha terra tem mais ouro 
Minha terra tem mais terra 
 
 
 
 
 
 
 
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Ouro terra amor e rosas 
Eu quero tudo de lá 
Não permita Deus que eu morra 
Sem que volte para lá 
 
Não permita Deus que eu morra 
Sem que volte pra São Paulo 
Sem que veja a Rua 15 
E o progresso de São Paulo 
 
(Oswald de Andrade) Canção do Exílio 
 
Minha terra tem macieiras da Califórnia 
onde cantam gaturamos de Veneza. 
Os poetas da minha terra 
são pretos que vivem em torres de ametista, 
os sargentos do exército são monistas, cubistas, 
os filósofos são polacos vendendo a prestações. 
A gente não pode dormir 
com os oradores e os pernilongos. 
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. 
Eu morro sufocado 
em terra estrangeira. 
Nossas flores são mais bonitas 
nossas frutas mais gostosas 
mas custam cem mil réis a dúzia. 
 
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade 
e ouvir um sabiá com certidão de idade! 
 
(Murilo Mendes) 
 
 
Poema 4 
 
Minha terra 
 
Minha terra não tem terremotos... 
nem ciclones... nem vulcões... 
As suas aragens são mansas e as suas chuvas esperadas: 
chuvas de janeiro... chuvas de caju... chuvas-de-santa-luzia... 
 
Que viço mulato na luz do seu dia! 
Que amena poesia, de noite, no céu: 
 
– Lá vai São Jorge esquipando em seu cavalo na lua! 
– Olha o Carreiro-de-São-Tiago! 
– Eu vou cortar a minha língua na Papa-Ceia! 
 
O homem de minha terra, para viver, basta pescar! 
e se estiver enfarado de peixe, arma o mondé 
e vai dormir e sonhar... 
que pela manhã 
tem paca louçã, 
tatu-verdadeiro 
ou jurupará... 
pra assá-lo no espeto 
e depois comê-lo 
com farinha de mandioca 
ou com fubá. 
 
[...] 
 
O homem de minha terra tem um deus de carne e osso! 
– Um deus verdadeiro, 
que tudo pode, tudo manda e tudo quer... 
E pode mesmo de verdade. 
Sabe disso o mundo inteiro: 
 
– Meu Padinho Pade Ciço do Joazero! 
 
[...] 
 
Os guerreiros de minha terra já nascem feitos. 
Não aprenderam esgrima nem tiveram instrução... 
Brigar é do seu destino: 
– Cabeleira! 
– Conselheiro 
– Tempestade! 
– Lampião! 
 
Os guerreiros de minha terra já nascem feitos: 
– Cabeleira! 
– Conselheiro 
– Tempestade! 
– Lampião! 
 
(Ascenso Ferreira) 
 
Analise as afirmativas a seguir e coloque V nas Verdadeiras e F nas 
Falsas. 
 
( ( ) A Canção do Exílio, escrita por Gonçalves Dias, poema do 
período romântico, exalta a natureza brasileira. Possui versos em que 
o eu poético, ausente da pátria, traça as diferenças existentes entre 
o lugar onde se encontra, denominando-o de cá, e a pátria, da qual 
está distante, de lá, criando assim uma relação antitética e 
metonímica. 
( ( ) Os três outros poemas pertencem à primeira e à segunda fase 
do Modernismo. Caracterizam-se por um discurso irônico, que se 
contrapõe ao tom de exaltação presente no poema 1, contrariando 
uma máxima da geração de 1922, cuja retomada do passado ocorre 
sempre de modo ratificador. 
( ( ) O poema 4, ao contrário do 1, pertence à geração de 1922 e 
resgata temas que integram a cultura brasileira quando traz à tona 
aspectos do folclore do Nordeste. Além disso, por meio de 
expressões negativas, tais como: “Não tem terremotos... nem 
ciclones... nem vulcões..”./ exalta a pátria, mas o faz respeitando a 
linguagem oral nordestina, aspecto comum na primeira fase do 
Modernismo Brasileiro. 
( ( ) Os poemas 2 e 3 apresentam pontos em comum quanto à 
linguagem, pois, em ambos, predomina a crítica ao derramamento 
sentimental do Romantismo. Isso se justifica porque eles trazem uma 
imagem crítica da sociedade brasileira bem diferente daquela contida 
no poema 1. Desse modo, eles se relacionam como retomada 
intertextual e parodística. 
 
 
 
 
 
 
 
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( ( ) Os quatro poemas integram a literatura da terceira fase do 
Modernismo Brasileiro, pois obedecem à métrica rígida e apresentam 
uma secura de linguagem que se aproxima daquela utilizada por 
Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Ambos, 
em sua produção poética, se aproximam do antilirismo. 
 
AAssinale a alternativa que contém a sequência CORRETA. 
a) V - V - F - F - F 
b) V - F - V - V - F 
c) F - F - F - F - V 
d) V - V - V - V - F 
e) V - F - V - F - V 
 
16. (Ita 2019) Leia o poema de autoria de Cecília Meireles. 
 
“Epigrama n. 04” 
 
O choro vem perto dos olhos 
para que a dor transborde e caia. 
O choro vem quase chorando 
como a onda que toca a praia. 
 
Descem dos céus ordens augustas 
e o mar chama a onda para o centro. 
O choro foge sem vestígios, 
mas levando náufragos dentro. 
 
(MEIRELES, Cecília, Viagem/Vaga música. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 1982.p.43) 
 
 
O texto 
 
I. aproxima metaforicamente um fenômeno humano e um fenômeno 
natural a partir da identificação de, pelo menos, um traço comum a 
ambos: água em movimento. 
II. sugere que, enquanto o movimento do choro é ligado à variação 
das emoções, o movimento da onda deve-se a forças naturais, 
responsáveis pela circularidade marítima. 
III. ameniza o dramatismo do choro humano, pois, quando acomete o 
sujeito, ele passa naturalmente, como a onda que volta ao mar. 
IV. leva-nos a perceber que o choro contido tem um impacto 
emocional que o torna desolador. 
 
Estão corretas: 
a) I e II apenas; 
b) I, II e IV apenas;c) I, III e IV apenas; 
d) II e III apenas; 
e) todas. 
 
17. (Ufrgs 2019) Leia trechos dos poemas “Fanatismo”, de Florbela 
Espanca, e “Imagem”, de Cecília Meireles. 
 
Fanatismo 
 
(...) 
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...” 
Quando me dizem isto, toda a graça 
Duma boca divina fala em mim! 
 
E, olhos postos em ti, digo de rastros: 
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros, 
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...” 
 
Imagem 
 
Tão brando é o movimento 
das estrelas, da lua, 
das nuvens e do vento, 
que se desenha a tua 
face no firmamento. 
 
Desenha-se tão pura 
como nunca a tiveste, 
nem nenhuma criatura. 
Pois é sombra celeste 
da terrena aventura. 
(...) 
 
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações 
sobre os poemas. 
 
( ) Ambos os sujeitos líricos comparam o ser amado à perfeição 
divina. 
( ) Ambos os sujeitos líricos veem o amor de modo idealizado. 
( ) Ambos os sujeitos líricos falam diretamente ao ser amado. 
( ) Ambos os poemas citam diretamente a voz da opinião pública. 
 
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para 
baixo, é 
a) V – V – V – F. 
b) V – V – F – V. 
c) F – F – V – V. 
d) F – V – F – V. 
e) V – F – V – F. 
 
18. (G1 - ifpe 2018) Leia o texto abaixo para responder à questão. 
 
CANTIGA 
 
Ai! A manhã primorosa 
do pensamento... 
Minha vida é uma pobre rosa 
ao vento. 
 
Passam arroios de cores 
sobre a paisagem. 
Mas tu eras a flor das flores, 
Imagem! 
 
Vinde ver asas e ramos, 
na luz sonora! 
Ninguém sabe para onde vamos 
agora. 
 
Os jardins têm vida e morte, 
noite e dia... 
 
 
 
 
 
 
 
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Quem conhecesse a sua sorte, 
morria. 
 
E é nisto que se resume 
o sofrimento: 
cai a flor, — e deixa o perfume 
no vento! 
 
MEIRELES, Cecília. Viagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova 
Aguilar, 1991. p. 115-116. 
 
 
A leitura atenta do poema “Cantiga”, de Cecília Meireles, permite-nos 
afirmar que 
a) os jardins, representados de forma monocrática, representam a 
crise existencial do eu lírico, sua tristeza e solidão. 
b) o sofrimento amoroso é representado pela rosa. 
c) o perfume que cai ao vento, nos últimos versos do poema, é 
metáfora que representa a paixão. 
d) a imagem sinestésica do verso “na luz sonora”, terceira estrofe, 
atribui ao jardim característica de melancolia. 
e) a efemeridade da vida é retratada, principalmente, na quarta 
estrofe. 
 
19. (Upe-ssa 3 2017) Texto 1 
 
Mapa de anatomia: O Olho 
 
O Olho é uma espécie de globo, 
é um pequeno planeta 
com pinturas do lado de fora. 
Muitas pinturas: 
azuis, verdes, amarelas. 
É um globo brilhante: 
parece cristal, 
é como um aquário com plantas 
finamente desenhadas: algas, sargaços, 
miniaturas marinhas, areias, rochas, 
naufrágios e peixes de ouro. 
 
Mas por dentro há outras pinturas, 
que não se veem: 
umas são imagens do mundo, 
outras são inventadas. 
 
O Olho é um teatro por dentro. 
E às vezes, sejam atores, sejam cenas, 
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências, formam, no Olho, 
lágrimas. 
 
(Cecília Meireles) 
 
Texto 2 
 
A um ausente 
 
Tenho razão de sentir saudade, 
tenho razão de te acusar. 
Houve um pacto implícito que rompeste 
e sem te despedires foste embora. 
Detonaste o pacto. 
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência 
de viver e explorar os rumos de obscuridade 
sem prazo sem consulta sem provocação 
até o limite das folhas caídas na hora de cair. 
 
Antecipaste a hora. 
Teu ponteiro enlouqueceu, 
enlouquecendo nossas horas. 
Que poderias ter feito de mais grave 
do que o ato sem continuação, o ato em si, 
o ato que não ousamos nem sabemos ousar 
porque depois dele não há nada? 
 
Tenho razão para sentir saudade de ti, 
de nossa convivência em falas camaradas, 
simples apertar de mãos, nem isso, voz 
modulando sílabas conhecidas e banais 
que eram sempre certeza e segurança. 
 
Sim, tenho saudades. 
Sim, acuso-te porque fizeste 
o não previsto nas leis da amizade e da natureza 
nem nos deixaste sequer o direito de indagar 
porque o fizeste, porque te foste. 
 
(Carlos Drummond de Andrade) 
 
Texto 3 
 
Ausência 
 
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que 
são doces. 
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente 
exausto 
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida 
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua 
voz. 
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. 
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados 
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra 
amaldiçoada. 
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. 
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. 
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a 
madrugada. 
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande 
íntimo da noite. 
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala 
amorosa. 
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no 
espaço. 
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono 
desordenado. 
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. 
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. 
 
 
 
 
 
 
 
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E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das 
estrelas. 
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada. 
 
(Vinícius de Moraes) 
 
 
Após a leitura dos poemas, analise as proposições a seguir. 
 
I. O Texto 1 é um poema, cujo eu lírico trata das ausências, 
recorrendo aos sentidos, e fala de seus sentimentos, valendo-se da 
forma e da cor que as imagens poéticas sugerem. 
II. Os três poemas falam de ausência ou de saudade na mesma 
proporção, como também de relações amorosas frustradas. 
III. No Texto 2, o eu lírico questiona a ausência de quem partiu, sem 
sequer anunciar sua partida. Percebe-se que a morte foi o motivo da 
ausência da amizade sugerida pelas imagens poéticas. 
IV. Vinícius de Moraes é dono de um lirismo de caráter confidencial, 
com uma visão familiar do mundo; é um poeta singular. No Texto 3, 
percebe-se um eu lírico carregado de sentimentos de afeto por uma 
amada, entre o universo espiritual e físico. 
 
Estão CORRETAS: 
a) I e II, apenas. 
b) I, II e III, apenas. 
c) I, III e IV, apenas. 
d) III e IV, apenas. 
e) I, II, III e IV. 
 
20. (Unisc 2017) Leia atentamente o trecho do poema Cantiguinha, 
de Cecília Meireles, e analise as afirmativas a seguir. 
 
(...) 
Veio vindo a ventania, 
– te juro – 
as águas mudam seu brilho, 
quando o tempo anda inseguro. 
Quando as águas escurecem, 
– te juro – 
todos os barcos se perdem, 
entre o passado e o futuro. 
São dois rios os meus olhos, 
– te juro – 
noite e dia correm, correm, 
mas não acho o que procuro. 
 
MEIRELES, Cecília. Obra Poética. 2. ed. Rio de Janeiro: Jose Aguilar, 
1967, p. 120.) 
 
 
I. A exaltação da natureza, observada nos versos de Cecília Meireles, 
permite afirmar que sua obra pertence à primeira geração do 
Romantismo brasileiro. 
II. Nos versos de Cecília Meireles, percebe-se o tom intimista e a 
reflexão sobre a condição humana, que se dá a partir da analogia 
entre o rio e as lágrimas do eu lírico. 
III. A singeleza da linguagem, verificada nos versos, configura uma 
das principais características da obra de Cecília Meireles. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. 
b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. 
c) Somente as afirmativas I e III estão corretas. 
d) Nenhuma afirmativa está correta. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
A um passarinho 
 
Para que vieste 
Na minha janela 
Meter o nariz? 
Se foi por um verso 
Não sou mais poeta 
Ando tão feliz! 
Se é para uma prosa 
Não sou Anchieta 
Nem venho de Assis. 
Deixa-te de histórias 
Some-te daqui! 
 
(Vinicius de Moraes) 
 
 
 
 
 
 
21. (Espm 2019) A partirda leitura do poema e da observação da 
imagem, assinale a afirmação correta. 
a) Tanto no texto poético quanto na imagem fica evidente que a fonte 
de inspiração para a prática literária são os elementos da natureza. 
b) Enquanto a imagem mostra a alienação de vários leitores, o poema 
de Vinicius de Moraes sugere o engajamento do escritor com 
personagens históricas. 
c) O texto poético diz que a produção literá¬ria é consequência da 
tristeza; a imagem deixa claro que só se faz poesia com a distração. 
d) O poema de Vinicius e a imagem apre-sentam a ideia de que a 
poesia é algo fu-gidio, volúvel, consequência também de um estado 
de espírito. 
e) A noção de que poesia e prosa são gêne-ros distintos fica evidente 
no texto poético; já a imagem não discrimina qualquer tipo de leitura 
literária. 
 
22. (Enem PPL 2017) O exercício da crônica 
 
Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um 
cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a 
 
 
 
 
 
 
 
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tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque 
quis. Com um prosador cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se 
diante de sua máquina, acende um cigarro, olha através da janela e 
busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência 
colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com duas 
artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. 
 
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São 
Paulo: Cia. das Letras, 1991. 
 
 
Nesse trecho, Vinicius de Moraes exercita a crônica para pensá-la 
como gênero e prática. Do ponto de vista dele, cabe ao cronista 
a) criar fatos com a imaginação. 
b) reproduzir as notícias dos jornais. 
c) escrever em linguagem coloquial. 
d) construir personagens verossímeis. 
e) ressignificar o cotidiano pela escrita. 
 
23. (Unicamp 2017) “O Sinhô foi açoitar 
sozinho a negra Fulô. 
A negra tirou a saia 
e tirou o cabeção, 
de dentro dêle pulou 
nuinha a negra Fulô. 
 
Essa negra Fulô! 
Essa negra Fulô! 
 
Ó Fulô! Ó Fulô! 
Cadê, cadê teu Sinhô 
que Nosso Senhor me mandou? 
Ah! Foi você que roubou, 
foi você, negra Fulô? 
 
Essa negra Fulô!” 
 
Jorge de Lima, Poesias Completas, v. 1. Rio de Janeiro/Brasília: J. 
Aguilar e INL, 1974, p. 121. 
 
 
“A Sinhá mandou arrebentar-lhe os dentes: 
Fute, Cafute, Pé-de-pato, Não-sei-que-diga, 
avança na branca e me vinga. 
Exu escangalha ela, amofina ela, 
amuxila ela que eu não tenho defesa de homem, 
sou só uma mulher perdida neste mundão. 
Neste mundão. 
Louvado seja Oxalá. 
Para sempre seja louvado.” 
 
(Idem, p. 164.) 
 
 
Essas duas cenas de ciúmes concluem dois textos diferentes de 
Jorge de Lima. A primeira pertence ao conhecido poema modernista 
“Essa negra Fulô”; a segunda, ao poema “História”, de Poemas 
Negros (1947). 
 
Em relação a “Essa negra Fulô”, o poema “História”, especificamente, 
representa 
a) a reiteração da denúncia das relações de poder, muito arraigadas 
no sistema escravocrata, que colocam no mesmo plano violências 
raciais e sexuais. 
b) a passagem de uma caracterização da mulher negra como 
sedutora para uma postura solidária em relação à escrava, que 
explicita as estratégias compensatórias de que se vale para 
sobreviver. 
c) a permanência de uma visão pitoresca sobre a situação da mulher 
negra nos engenhos de açúcar, que oculta os mecanismos de poder 
que garantiam sua exploração. 
d) a superação da visão idílica da vida na senzala, graças a uma 
postura realista e social, que revela a violência das relações entre 
senhores e escravos. 
 
24. (Enem PPL 2016) Maria Diamba 
 
Para não apanhar mais 
falou que sabia fazer bolos: 
virou cozinha. 
Foi outras coisas para que tinha jeito. 
Não falou mais: 
Viram que sabia fazer tudo, 
até molecas para a Casa-Grande. 
Depois falou só, 
só diante da ventania 
que ainda vem do Sudão; 
falou que queria fugir 
dos senhores e das judiarias deste mundo 
para o sumidouro. 
 
LIMA, J. Poemas negros. Rio de Janeiro: Record, 2007. 
 
 
O poema de Jorge de Lima sintetiza o percurso de vida de Maria 
Diamba e sua reação ao sistema opressivo da escravidão. A 
resistência dessa figura feminina é assinalada no texto pela relação 
que se faz entre 
a) o uso da fala e o desejo de decidir o próprio destino. 
b) a exploração sexual e a geração de novas escravas. 
c) a prática na cozinha e a intenção de ascender socialmente. 
d) o prazer de sentir os ventos e a esperança de voltar à África. 
e) o medo da morte e a vontade de fugir da violência dos brancos. 
 
25. (Fuvest 2021) Remissão 
 
Tua memória, pasto de poesia, 
tua poesia, pasto dos vulgares, 
vão se engastando numa coisa fria 
a que tu chamas: vida, e seus pesares. 
 
Mas, pesares de quê? perguntaria, 
se esse travo de angústia nos cantares, 
se o que dorme no base da elegia 
vai correndo e secando pelos ares, 
 
e nada resta, mesmo, do que escreves 
e te forçou ao exílio das palavras, 
 
 
 
 
 
 
 
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senão contentamento de escrever, 
 
enquanto o tempo, e suas formas breves 
ou longas, que sutil interpretavas, 
se evapora no fundo do teu ser? 
 
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma. 
 
 
Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o 
posicionamento do escritor perante a sua condição no mundo. 
Considerando-o como representativo desse seu aspecto, o poema 
“Remissão” 
a) traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da 
sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à sua 
poesia. 
b) revela uma perspectiva inconformada, mesclando-a, livre da 
indulgência dos anos anteriores, a um novo formalismo estético. 
c) propõe, como reação do poeta à vulgaridade do mundo, uma 
poética capaz de interferir na realidade pelo viés nostálgico. 
d) reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a consciência da 
perenidade da poesia, resistente à passagem do tempo. 
e) realiza a transição do lirismo social para o lirismo metafísico, 
caracterizado pela adesão ao conforto espiritual e ao escapismo 
imaginativo. 
 
26. (Upf 2021) Leia os poemas de Carlos Drummond de Andrade. 
 
CIDADEZINHA QUALQUER 
 
Casas entre bananeiras 
mulheres entre laranjeiras 
pomar amor cantar. 
 
Um homem vai devagar. 
Um cachorro vai devagar. 
Um burro vai devagar. 
 
Devagar… as janelas olham. 
 
Eta vida besta, meu Deus. 
 
 
POESIA 
 
Gastei uma hora pensando um verso 
que a pena não quer escrever. 
No entanto ele está cá dentro 
inquieto, vivo. 
Ele está cá dentro 
e não quer sair. 
Mas a poesia deste momento 
inunda minha vida inteira. 
 
 
QUADRILHA 
 
João amava Teresa que amava Raimundo 
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili 
que não amava ninguém. 
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, 
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, 
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes 
que não tinha entrado na história. 
 
 
Considere as afirmações a seguir em relação aos poemas de 
Drummond: 
 
I. “Cidadezinha qualquer” aborda a questão do cotidiano ao associar 
a rotina de uma pequena cidade a uma determinada condição 
existencial. 
II. “Poesia” se encontra dentre os textos metapoéticos do autor, 
quando a própria poesia é tematizada. 
III. “Quadrilha” trata da ordem social violenta e injusta, acentuada no 
traço trágico da finitude humana. 
 
Está correto o que se afirma em: 
a) I e III, apenas. 
b) II e III, apenas. 
c) I, II e III. 
d) I e II, apenas. 
e) I, apenas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
Resposta da questão 1: 
 [E] 
 
Ao revelar ao leitor que a intenção de mandar construir a escola na 
fazenda São Bernardo era granjear a simpatia do governador para 
que atendesse aos seus próprios interesses, Paulo Honório 
demonstra a prática de alianças entre a elite agrária e os dirigentes 
políticos. Assim, é correta a opção [E]. 
 
Resposta da questão 2: 
 [B] 
 
O mundo de preás referido na carta de Graciliano e nos 
“pensamentos”de Baleia antes de morrer representa, 
metaforicamente, os anseios por uma vida digna, pela justiça social 
referida na opção [B]. 
 
Resposta da questão 3: 
 [A] 
 
Através da carta a Portinari, Graciliano Ramos defende a ideia de que 
arte é um ato de consciência crítica com a função de expor os 
 
 
 
 
 
 
 
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aspectos negativos da sociedade, provocar interrogações e reflexões, 
assim como discussões sobre os acontecimentos no mundo. 
 
Resposta da questão 4: 
 [B] 
 
Em [B], vemos o narrador colocando vários questionamentos de 
ordem sociopolítica. Ele questiona a prisão de um homem que 
trabalhava “como um escravo”. Essa é justificada pela sua 
brutalidade, associada à falta de oportunidade de aprendizado. 
Assim, vemos uma crítica social, associada à política, nesse trecho. 
 
Resposta da questão 5: 
 [B] 
 
No texto, Zélia Gattai narra uma cena absolutamente prosaica: ela e 
o marido, como crianças, observando as lagartixas na casa onde 
viviam. Para ela, no entanto, essa lembrança tem muito significado, 
pois representa um aspecto do modo de viver do casal. Para o leitor, 
revela também traços de sua personalidade e a da de Jorge Amado 
e peculiaridades de suas vidas. É interessante, por exemplo, observar 
que as “duas mimosas lagartixas” residiam atrás de um quadro de Di 
Cavalcanti. 
 
Resposta da questão 6: 
 [C] 
 
Enquanto no texto I a personagem aborda a temática da morte como 
finitude da vida a partir da perda de Bella, uma negra agregada, o 
texto II reflete filosófica e metafisicamente sobre o mesmo tema, 
como transcrito em [C]. 
 
Resposta da questão 7: 
 a) Tanto o excerto de “Conversa de bois” como o de “Um boi vê os 
homens” transcrevem reflexões dos animais sobre a condição 
humana. No primeiro, o boi Dançador constata a supremacia do 
Homem sobre os irracionais pelo fato de ser provido de mãos: “O 
homem tem partes mágicas… São as mãos”. Já no segundo, as 
reflexões recaem sobre a natureza íntima do ser humano, desprovida 
de atributos essenciais que pudessem torná-lo mais sensível ao 
mundo que o rodeia:” Certamente falta-lhes/não sei que atributo 
essencial”, “não escutam/ nem o canto do ar nem os segredos do 
feno”. 
 
b) O conto de Rosa e o poema de Drummond, por apresentarem 
conceitos elaborados por seres irracionais, valem-se da prosopopeia 
ou personificação, figura de linguagem pela qual o autor atribui 
características humanas a seres inanimados ou a animais. 
 
Resposta da questão 8: 
 [D] 
 
No texto, vemos que o homem é uma criatura de certa melancolia, 
que apresenta um vazio interior e pobreza. Vemos, portanto, uma 
representação bastante desiludida dos seres humanos, que devem 
ruminar sua verdade. 
 
Resposta da questão 9: 
 [D] 
 
As opções [A], [B], [C] e [E] são incorretas, pois 
[A] Carlos Drummond de Andrade está vinculado ao Segundo Tempo 
do Modernismo, período em que escritores amadurecem as 
propostas de 22, eliminando exageros sem deixar de dar continuidade 
às pesquisas estéticas; 
[B] no excerto de Drummond não existem referências a questões 
ideológicas, mas reflexões existenciais sobre o próprio ser, 
provocadas pelos conflitos que se abatem sobre a Humanidade; 
[C] Gonzaga, como árcade, recolhe-se na natureza (locus amoenus) 
para usufruir o momento de prazer (carpe diem) que a presença da 
mulher amada lhe causa; Drummond expressa frustração e 
desencanto perante o mundo ameaçado com a ascensão do 
fascismo, do nazismo e dos conflitos regionais, como a Guerra Civil 
Espanhola; 
[E] Tomás A. Gonzaga usa a imagem do “mundo” como termo de 
comparação com o sentimento que nutre pela amada. 
 
Assim, é correta apenas [D]. 
 
Resposta da questão 10: 
 [E] 
 
[A] Incorreto. Em “Os ombros suportam o mundo”, o eu lírico está 
prostrado diante da situação vivida, assim como em grande parte dos 
poemas que compõem Sentimento do Mundo. 
[B] Incorreto. Em “Os ombros suportam o mundo”, o eu lírico expressa 
a dor de viver no momento então presente, assim como em grande 
parte dos poemas que compõem Sentimento do Mundo. 
[C] Incorreto. Em “Os ombros suportam o mundo”, o eu lírico 
comunica a dor de viver o então momento presente, assim como em 
grande parte dos poemas que compõem Sentimento do Mundo. 
[D] Incorreto. Em “Os ombros suportam o mundo”, o eu lírico está sem 
esperanças amorosas, assim como em grande parte dos poemas que 
compõem Sentimento do Mundo. 
[E] Correto. Em “Os ombros suportam o mundo”, o eu lírico está 
prostrado diante da situação vivida, e nada lhe resta, como se verifica 
em “Chegou um tempo em que não adianta morrer. / Chegou um 
tempo em que a vida é uma ordem. / A vida apenas, sem 
mistificação.”. 
 
Resposta da questão 11: 
 [D] 
 
[A] Incorreto. Em Os velhos, não há padronização de verso. 
[B] Incorreto. Em Velhas árvores, o eu lírico afirma que as árvores 
mais antigas são mais belas, logo há beleza na velhice. 
[C] Incorreto. Ambos poemas empregam padrão culto da língua. 
[D] Correto. É característica de Bilac, autor Parnasiano, a 
preocupação formal e o emprego de linguagem elevada em suas 
produções. 
 
Resposta da questão 12: 
 [E] 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Inglês] 
A alternativa [E] está correta, pois os versos relacionam-se ao 
Surrealismo, vanguarda europeia com a qual Tarsila do Amaral teve 
 
 
 
 
 
 
 
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contato. O poema possui imagens impossíveis, oníricas (manequim 
pensativo, espaço elástico, pesadelos de mármore). 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português] 
A apresentação da obra de Tarsila do Amaral no Museu de Arte 
Moderna de Nova faz referência ao Surrealismo, estética artística que 
terá influenciado o quadro “Sono”, uma representação onírica da 
paisagem tropical com uma figura repetitiva que desaparece ao 
fundo. A estrofe em [E] apresenta características dessa mesma 
estética, através da reconstrução elaborada de um mundo ilógico, 
típico de sonho: “O cavalo mecânico arrebata o manequim pensativo”, 
“a vida move direitinho as estátuas” ou “invocam os pesadelos de 
mármore na beira do infinito”. 
 
Resposta da questão 13: 
 [B] 
 
O poema “O farrista”, de Murilo Mendes, relata, em linguagem 
coloquial, a chegada de Cabral ao Brasil, desconstruindo a visão 
ufanista dos colonizadores. O tom cômico transparece na figura de 
um anjo que gosta de farras, displicente com a tarefa de proteger os 
nativos e que, na volta de uma viagem a Paris, encontra o Brasil 
ocupado por portugueses e holandeses, o que não o impediu de ir 
embora para sempre, despreocupado com o que viesse a acontecer. 
Assim, é correta a opção [B]. 
 
Resposta da questão 14: 
 [A] 
 
No poema “Quinze de Novembro”, Murilo Mendes apresenta a 
proclamação da república de forma caricatural, atribuindo uma 
linguagem coloquial aos personagens, linguagem considerada 
inadequada se levarmos em conta a relevância social do 
acontecimento. Assim, é correta a opção [A]. 
 
Resposta da questão 15: 
 [B] 
 
I. Verdadeiro. Poeta da 1ª geração romântica brasileira, Gonçalves 
Dias participa do movimento nacionalista e, no texto em questão, 
contrapõe o Brasil, sua terra natal idealizada, e Portugal, país em que 
está “exilado” por motivos de saúde. Em tom de saudade, afirma: “As 
aves que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá”. 
II. Falso. Oswald de Andrade e Ascenso Ferreira são poetas da 1ª 
geração modernista, Murilo Mendes pertence à 2ª. Realmente não há 
exaltação em seus versos, porém esse posicionamento é típico ao 
Modernismo: tais poetas prezam pela revisão crítica e humorística do 
nacionalismo. 
III. Verdadeiro. Ascenso Ferreira é poeta da 1ª geração modernista, 
valorizando a oralidade. Agrega a esse grupo o regionalismo, o qual, 
usualmente, caracteriza a prosa da 2ª geração modernista. 
IV. Verdadeiro. É premissa da 1ª geração modernista criticar o 
posicionamento idealizado dos poetas românticos: por esse motivo, 
dialogam com tais obras, a fim de deixar nítida a oposição entre a 
visão de mundo deles.V. Falso. Como afirmado anteriormente, Gonçalves Dias é poeta da 
1ª geração romântica brasileira. Finalmente, Oswald de Andrade e 
Ascenso Ferreira são poetas da 1ª geração modernista, e Murilo 
Mendes pertence à 2ª geração modernista. 
 
Resposta da questão 16: 
 [B] 
 
[I] Correta. A poesia aproxima choro e ondas. 
[II] Correta. Em “O choro vem quase chorando / como a onda que toca 
a praia”, o primeiro verso mostra a variação das emoções; o segundo, 
o movimento das marés. 
[III] Incorreta. O sentimento humano não é amenizado, uma vez que 
“o choro foge sem vestígios / mas levando náufragos dentro”; desse 
modo, o sentimento é potencializado, principalmente ao aproximar a 
ideia de sofrimento e de perda de orientação simbolizada pela 
imagem do náufrago. 
[IV] Correta. “O choro (...) cala” indica que há contenção do 
sentimento; porém, por tragar náufragos, a dor é desoladora. 
 
Resposta da questão 17: 
 [A] 
 
Apenas em “Fanatismo”, o verso assinalado entre aspas, “Tudo no 
mundo é frágil, tudo passa...”, transmite o discurso alheio da opinião 
pública, estabelecendo o contraditório com o que pensa e sente o eu-
lírico, desmentindo a última afirmação. Como as demais são 
verdadeiras, é correta a opção [A]. 
 
Resposta da questão 18: 
 [E] 
 
Na quarta estrofe, o eu lírico trata da imagem do jardim, que tem noite 
e dia, vida e morte. Assim, revela como a vida é efêmera, passando 
rapidamente da vida para a morte, do dia para a noite. 
 
Resposta da questão 19: 
 [C] 
 
[II] Incorreta: apesar de os três poemas apresentarem a temática da 
ausência, é possível observar que o fazem de formas distintas. o 
primeiro recorre aos sentidos para construir imagens de ausência; o 
segundo, trata da ausência de alguém que partiu inesperadamente, 
criando uma forte imagem de morte; por fim, o terceiro pinta um 
cenário de ausência com intensos sentimentos de amor e afeto. 
 
Resposta da questão 20: 
 [B] 
 
[I] Incorreto. Apesar de retomar expedientes românticos, como a 
subjetividade, a obra de Cecília Meireles faz parte da 2ª geração 
Modernista. 
[II] Correto. A abordagem intimista se dá por ocorrência da 
subjetividade (“te juro”) e da reflexão sobre a condição humana 
(assim como os barcos, o eu lírico também se perde). 
 
Resposta da questão 21: 
 [D] 
 
As opções [A], [B], [C] e [E] são incorretas, pois 
[A] o poema “A um passarinho”, de Vinicius de Moraes, sugere a ideia 
de que a poesia resulta do sentimento de tristeza e nostalgia que 
domina o eu lírico; 
 
 
 
 
 
 
 
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[B] nem a imagem pretende assinalar a distração de leitores, nem a 
referência a Anchieta e Assis no poema tem a ver com o engajamento 
do poeta com figuras históricas. O nome de Anchieta representa a 
prosa do Padre José de Anchieta e Assis, a cidade onde nasceu São 
Francisco, protetor dos animais e com poder de afastar o passarinho; 
[C] a imagem não pretende associar produção poética à distração, 
mas sim a outros gêneros literários; 
[E] no poema, não existe menção ao fato de que poesia e prosa são 
gêne¬ros distintos, enquanto que na imagem trespassa essa 
sensação, pois os personagens mergulhados em diversas leituras 
contrastam com o último da fila que é absorvido pelo voo de uma 
borboleta. 
 
Assim, é correta apenas [D], pois tanto o poema de Vinicius quanto a 
imagem apre¬sentam a ideia de que a poesia é algo fugidio, volúvel, 
consequência também de um estado de espírito. 
 
Resposta da questão 22: 
 [E] 
 
Vinicius de Moraes, ao afirmar que o cronista retrata o cotidiano de 
forma criativa (“artimanhas peculiares”) de maneira a introduzir novos 
sentidos (“sangue novo”) ao que está a ser relatado, expressa a 
opinião de que cabe ao cronista ressignificar o cotidiano pela escrita, 
como se afirma em [E]. 
 
Resposta da questão 23: 
 [B] 
 
Apesar de haver a reiteração da denúncia de violência, como indica 
a alternativa [A], o que se evidencia de um poema para o outro é 
justamente uma mudança na caracterização da mulher negra, como 
corretamente aponta a alternativa [B]. Nos dois poemas não há uma 
visão que oculta os mecanismos de poder que garantiam a 
exploração da mulher negra, diferentemente do que afirma a 
alternativa [C]. Tampouco existe no primeiro poema uma visão idílica 
da escravidão para que fosse superada no segundo texto. 
 
Resposta da questão 24: 
 [A] 
 
O poema retrata a trajetória de vida de Maria Diamba, uma mulher 
negra que, para se livrar do jugo da chibata, trabalhou como 
cozinheira na casa do seu senhor e que, de tanto lidar na cozinha, se 
transformou no próprio espaço em que trabalhava: a cozinha. Vítima 
de abuso sexual, reprimida pela violência com que era tratada, mas 
consciente da sua triste condição e das injustiças sociais, divagava 
sozinha (“só diante da ventania / que vinha do Sudão”), exprimindo o 
seu desejo de fugir “dos senhores e das judiarias deste mundo”. Ou 
seja, a resistência dessa figura feminina é assinalada 
no texto pela relação que se faz entre o uso da fala e o desejo de 
decidir o próprio 
 
 
 
 
Resposta da questão 25: 
 [A] 
 
No poema “Remissão’, os versos “Tua memória, pasto de poesia,/tua 
poesia, pasto dos vulgares” e “o que dorme na base da elegia/vai 
correndo e secando pelos ares” expressam a frustração do eu lírico 
pela condição vulgar e efêmera da sua poesia, ao mesmo tempo que 
se instala a sensação de incomunicabilidade, ao reconhecer que o 
fazer poético serve apenas para seu próprio contentamento:” e nada 
resta, mesmo, do que escreves/e te forçou ao exílio das 
palavras,/senão contentamento de escrever”. Assim, é correta a 
opção [A]. 
 
Resposta da questão 26: 
 [D] 
 
[III] Incorreta: “Quadrilha”, na verdade, trata das vivências amorosas, 
destacando a imprevisibilidade e a dificuldade de uma real 
correspondência ao associar o “jogo amoroso” a uma espécie de 
dança, a quadrilha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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