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RESENHA DO CASO HARVARD INTITULADO A CRISE GREGA: TRAGÉDIA OU OPORTUNIDADE?

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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO - TRIBUTOS EM ESPÉCIE
RESENHA DO CASO HARVARD INTITULADO “A CRISE GREGA: TRAGÉDIA OU OPORTUNIDADE?”
O presente caso tem por objeto analisar as questões financeiras enfrestadas pela Grécia ao longo da sua história com ênfase no seu sistema fiscal e as suas principais consequências.
No pós-guerra mundial a Grécia foi marcada por uma política fiscal e monetária conservadora com uma forte atuação do comitê de moeda. Dessa forma, os bancos foram regulados, foram alocados créditos e constituído uma agência de planejamento de facto, possibilitando empréstimos privados de financiamento de comércio e indústrias de alto valor agregado, como refinarias de petróleo, estaleiros, fábricas de fertilizantes e usinas de açúcar. O seu PIB crescia rapidamente, cerca de 6% ao ano.
Em 1963, um governo de esquerda ganhou o poder e continuou com a maioria das políticas econômicas, no entanto, introduziu algumas políticas sociais como redistribuição de renda. Tal contexto foi interrompido quando em 1967 um golpe militar derrubou o regime alegando proteger o país do comunismo. Apesar de tanta mudança política, a economia da Grécia mantinha-se estável e com bons índices de crescimento até o colapso do sistema de Bretton Woods, que regulou as taxas de câmbios internacionais junto com a primeira crise do petróleo que fez a inflação disparar. Em 1974 o PIB real caiu 6,4% enquanto que a inflação alcançou 29,9%
A década de 80 na Grécia foi marcada pelo populismo, após uma vitória esmagadora, as pessoas pediam por proteção sociais e redistribuição de renda. O governo tomou medidas como o aumento dos salários-mínimos, o aumento das pensões, concedeu grandes aumentos aos funcionários dos setores públicos, aprovou leis que favoreciam os sindicatos na negociação com os empregadores e estabeleceu um sistema nacional de saúde universal gratuito. Esse contexto fez com que os gastos públicos aumentassem de 29% para 48% do PIB, os déficits atingiram a média de 10% do PIB e a dívida pública triplicou passando de 28% em 1980 para 89% em 1990.
Em 1992 os membros da CE assinaram o Tratado de Maastrich formando uma União Europeia mais abrangente e a partir disto as políticas monetárias gregas mudaram. Isso contribuiu para que fosse restaurado a independência política para o Banco da Grécia. O governo ampliou bases tributárias estabelecendo uma nova autoridade fiscal com poder de prisão. Foi instaurado o primeiro sistema informatizado de cobrança de impostos alcançando desde as pequenas até as grandes empresas. A CE declarou que 2000 o déficit fiscal da Grécia era de apenas 1,6% do PIB e a inflação de 2,0%. Assim, em 1º de janeiro de 2001 a Grécia aderiu à área do Euro como orgulho nacional pela aprovação de 70% da população.
O cenário posto, no entanto, não demorou muito para apresentar problemas, sobretudo problemas no setor público, problemas com impostos e desafios estruturais. Do ponto de vista do setor público as despesas com compensação dos empregados, as altas remunerações, as grandes pensões e a alta despesa com aposentados trouxeram um enorme problema econômico. Aliado a isto, no lado da receita, a evasão fiscal era muito grande que somadas ao abrandamento da cobrança de impostos durante a temporada eleitoral agravaram a situação. Por fim, ainda existiram problemas estruturais tendo a agricultura diminuído de 6,6% da produção em 2000 para 4% em 2009, enquanto que a indústria caiu de 21% para 16,9%.
Diante do colapso, a UE ofereceu um pacote de empréstimos de 3 anos de 30 bilhões de Euros enquanto que o FMI ofereceu mais 15 bilhões de euros, o objetivo era tranquilizar os investidores e obter um ajuste fiscal, no entanto, não foi suficiente. Em uma segunda tentativa, os países da área do euro forneceram 80 bilhões de euros enquanto que o FMI 30 bilhões de euros, entretanto, não foi possível contornar a situação.
Numa tentativa mais ousada, a UE e o FMI apresentaram uma segurança financeira sem precedentes para toda a área do euro fornecendo uma assistência estimada em 750 bilhões de euros para países que encontravam em dificuldades. O acordo foi o maior passo que a área do euro tomou em direção à união fiscal e só assim, finalmente os investidores reagiram positivamente.
Diante do caso exposto, conclui-se, portanto, a capacidade que uma infeliz estratégia fiscal e tributária pode gerar a longo prazo. O mundo globalizado exige uma organização e responsabilidade fiscal sem precedentes, sob pena de um colapso geral. Do caso exposto, percebe-se que o sucesso ou o fracasso do governo grego em restaurar a sustentabilidade fiscal foi carregado significativamente para Europa como um todo, destacando a necessidade da responsabilidade fiscal na organização de uma nação.

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