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RESUMO ADM PROVA 2

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A maioria da doutrina prefere a terminologia “contratos da administração”, expressão em sentido amplo. 
	Quando esses contratos são regidos pelo direito privado, denominam-se “contratos privados da Administração” e, quando regidos pelo direito público, recebem o nome de “contratos administrativos”. 
	Podendo conceituar “contrato administrativo” como a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas para constituir, regular ou extinguir, entre elas, uma relação jurídica patrimonial, tendo sempre a participação do Poder Público, visando à persecução de um interesse coletivo, sendo regido pelo direito público. 
	É o ajuste que a Administração Pública firma com o particular ou outro ente público, para a consecução de interesse coletivo. 
	Características 
	Como negócio jurídico que exige a participação do Poder Público, o contrato administrativo deve sempre buscar a proteção de um interesse coletivo, o que justifica a aplicação do regime público e um tratamento diferenciado para a Administração. Além dessas características, o contrato administrativo é:
a) Consensual: consubstanciado em acordo de vontades.
b) Formal: não basta o consenso das partes, é necessária a obediência a certos requisitos, como os estabelecidos nos arts. 60 a 62 da Lei 8.666/93.
c) Oneroso: remunerado na forma convencionada.
d) Cumulativo: compensações recíprocas e equivalentes para as partes.
e) Sinalagmático: reciprocidade de obrigações.
f) De adesão: as cláusulas são impostas unilateralmente.
g) Personalíssimo: exige confiança recíproca entre as partes. É intuitu personae, porque o contrato representa a melhor proposta entre as apresentadas.
h) Exige licitação prévia, salvo nas hipóteses excepcionais previstas em lei.
	Formalidades
a) Formalização por instrumento de contrato é obrigatória nas contratações nos limites da concorrência e da tomada de preços, mesmo que tenha ocorrido dispensa ou inexigibilidade de licitação, sendo facultativo nos demais casos, podendo o administrador optar por carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço (art. 62 da Lei 8.666/93).
b) Não se admite contrato verbal, exceto o de pronta entrega, o pronto pagamento e o que não ultrapassar a 5% do valor do convite (art. 60, parágrafo único, da Lei 8.666/93).
c) A publicação resumida do contrato na imprensa oficial é requisito obrigatório para sua eficácia, correndo a cargo da Administração (art. 61, parágrafo único, da Lei 8.666/93).
	Cláusulas necessárias (art. 55 da Lei 8.666/93) 
	São consideradas cláusulas indispensáveis, obrigatórias em todo contrato administrativo, sob pena de nulidade, as seguintes:
a) O objeto e seus elementos característicos.
b) O regime de execução ou a forma de fornecimento.
c) O preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento.
d) Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso.
e) O crédito através do qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica.
f) As garantias oferecidas para assegurar sua pela execução, quando exigidas.
g) Os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas.
h) Os casos de rescisão e o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa, prevista no art. 77 da Lei 8.666/93.
i) As condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso.
j) A vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor.
k) A legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos.
l) A obrigação do contrato de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
m) Foro competente para as ações referentes ao contrato será a sede da Administração.
	Garantia (art. 55 inciso VI c/c art. 56 e seus parágrafos da Lei 8.666/93) 
	É exigida pela Administração, entretanto quem decide a forma de prestá-la é o contratado, podendo escolher uma das hipóteses previstas na lei: caução em dinheiro, título da dívida pública, fiança bancária e seguro garantia. O valor da garantia deve corresponder a até 5% do valor do contrato, exceto quando o contrato for de grande vulto, alta complexidade e riscos financeiros consideráveis em que essa garantia poderá chegar a 10% do valor do contrato. 
	Duração do contrato administrativo (art. 57 da Lei 8.666/93)
	Todo contrato administrativo deve ter prazo determinado e a sua duração deve corresponder à disponibilidade dos créditos orçamentários, exceto:
a) Quando o objeto estiver previsto no Plano Plurianual (PPA).
b) Quando tratar-se de prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a Administração, limitada a 60 meses, admitindo-se, em caráter excepcional, devidamente justificado e com autorização da autoridade superior, a prorrogação por até 12 meses.
c) No aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 meses, após o início da vigência do contrato.
	Cláusulas exorbitantes (art. 58 da Lei 8.666/93)
	São cláusulas que conferem à Administração um patamar de desigualdade em face do particular. Estas extrapolam o comum dos contratos, garantindo a prerrogativa de:
a) Modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado.
b) Rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 da Lei 8.666/93.
c) Fiscalizar-lhes a execução.
d) Aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste.
e) Nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.
	Alteração contratual (art. 65 da Lei 8.666/93)
I – Unilateralmente pela Administração:
a) Alteração do projeto de suas especificações.
b) Alteração do valor em razão da alteração do objeto (nesse caso o contratado é obrigado a suportar os acréscimos e supressões até o limite de 25%; excepcionalmente, quando tratar-se de reforma de edifício e equipamento, esse limite pode chegar a 50% para os acréscimos).
II – Acordo entre as partes:
a) Substituição da garantia de execução.
b) Modificação do regime de execução da obra ou serviço.
c) Modificação da forma de pagamento.
d) Objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial.
Aplica-se, nesse caso, a teoria da imprevisão.
O equilíbrio econômico e financeiro é a maior garantia do contratado e não pode ser afastada nem mesmo por lei – fundamento – CF, art. 37, XXI e art. 5º, XXXVI (direito adquirido).
	Teoria da imprevisão
	Consiste no reconhecimento de que eventos novos, imprevistos e imprevisíveis pelas partes e a elas não imputados, refletindo sobre a economia ou na execução do contrato, autorizam sua revisão para ajustá-lo à sua situação superveniente, a antiga cláusula rebus sic stantibus.
a) Força maior e caso fortuito (ato do homem ou fato da natureza).
b) Fato do príncipe: determinação estatal, geral e abstrata, superveniente e imprevisível, que onera o contrato, repercutindo indiretamente sobre ele incidência reflexa.
c) Fato da administração: provém de uma atuação estatal específica que incide diretamente sobre o contrato,
impedindo a sua execução nas condições inicialmente estabelecidas.
d) Interferências imprevistas (sujeições imprevistas): fatos materiais imprevistos, existentes ao tempo da celebração do contrato, mas podem ser verificadas ao tempo da sua execução.
	Formas de extinção
	São formas de extinção contratual:
I – Conclusão do objeto ou advento do termo contratual.
II – Rescisão (art. 79 da Lei 8.666/93):
a) Rescisão administrativa: promovida por ato unilateral da Administração, por inadimplência ou por interesse público (nesse caso cabe indenização – art. 78, incisos I a XII e XVII, da Lei 8.666/93).
b) Rescisão amigável: por acordo mútuo, mediante distrato (art. 78, incisos XIII a XVI, da Lei 8.666/93).
c) Judicial (art. 78, incisos XIII a XVI, da Lei 8.666/93).
d) De pleno direito: acontece independentemente da manifestação de vontade das partes, por fato superveniente que impede a manifestação. Ex.: falecimento do contratado; dissolução da sociedade; perecimento do objeto.
III – Anulação: quando se verificar ilegalidade. A declaração de nulidade opera-se retroativamente e não exonera a Administração do dever de indenizar pelo que já houver executado o contratado, além de outros prejuízos (art. 59 da Lei 8.666/93).
	Penalidades
	Pela inexecução total ou parcial do contrato, a Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
a) Advertência.
b) Multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato.
c) Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 02 (dois) anos.
d) Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada, com base na hipótese anterior. A aplicação dessa pena é competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida após 02 (dois) anos de sua aplicação.
Nas demais penalidades o prazo para defesa é de 05 (cinco) dias úteis.
	Contratos em espécie
	Contratos propriamente ditos
a) Contrato de prestação de serviço: é a contratação de atividades privadas de que a Administração necessita. Difere da concessão, porque o prestador é mero executor material para o Poder Público, não tendo poderes. Ademais, o usuário não mantém relação jurídica com o contratado, e sim com a Administração, e a remuneração não é tarifa (art. 6º, II, da Lei 8.666/93).
b) Contrato de obra: refere-se a construções, reformas ou ampliações de coisas, bem como à fabricação de produtos, podendo ser celebrado por meio de: empreitada por preço global ou por preço unitário, tarefa ou empreitada integral (art. 6º, I, da Lei 8.666/93).
c) Contrato de fornecimento: contrato em que o Poder Público adquire bens móveis e semoventes, necessários à execução da obra, serviço ou atividade administrativa. O conteúdo é a compra e venda.
	Contrato de concessão
a) Concessão de uso de bem público: pressupõe a utilização especial de um bem público pelo particular, por razões de interesse público, exigindo prévio procedimento licitatório.
b) Concessão comum de serviço público: é a delegação de sua prestação feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, que terá procedimento diferenciado à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para prestá-lo, por sua conta e risco, e por prazo determinado (art. 2º, II, da Lei 8.987/95). Pode ser ou não precedido de obra pública.
c) Concessão especial de serviço público: essas concessões foram denominadas parcerias público-privadas e foram instituídas pela Lei 11.079/04. Podem ser divididas em:
- concessão administrativa: é a concessão de serviços em que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens e;
- concessão patrocinada: é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
	Contrato de permissão de serviço público
	É a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Formaliza-se por meio de contrato de adesão.
	
	Contrato de gestão
	É uma figura que está sendo muito utilizada nas atuais Reformas Administrativas. Podem ser celebrados:
- entre a Administração Direta e a Indireta, constituindo as agências executivas;
- entre a Administração e um particular, formando-se as organizações sociais e;
- nas hipóteses do art. 37, §8º, da CF (entre órgãos e administradores, hipótese muito criticada).
	Convênio e consórcios
	Convênio é o acordo firmado por entidades políticas, de qualquer espécie, ou entre elas e particulares, para a realização de objetivos de caráter comum, recíprocos. É diferente do contrato administrativo em que o objetivo não é comum (algumas regras estão previstas no art. 116 da Lei 8.666/93).
Consórcio consiste no acordo de vontades firmado entre entidades estatais da mesma espécie para a realização de objetivos de interesses comuns. Ex.: consórcio entre dois Municípios.
Algumas peculiaridades dos convênios e consórcios:
a) Os participantes não são denominados partes, mas sim, partícipes.
b) Os interesses são coincidentes e não opostos, como no contrato.
c) Poderá se constituir como ato coletivo.
d) Cada um colabora de acordo com suas possibilidades, e a responsabilidade recai sobre todos, consistindo em uma cooperação associativa, entretanto não adquire personalidade jurídica, não tem representante legal, nem órgão diretivo.
e) Admite-se denunciá-lo quando quiser.
f) É instrumento de descentralização (é forma de fomento).
g) depende de autorização legislativa (obrigatória quando necessário repasse de verbas não previstas no orçamento e, em qualquer caso, deve ser dada ciência à Casa Legislativa).
h) As verbas só podem ser utilizadas no próprio convênio e estão sujeitas a controle pelo Tribunal de Contas.
i) Nos consórcios e nos convênios, aplica-se, no que couber, a Lei 8.666/93.
	Consórcios públicos
	O consórcio público foi definido pela Lei 11.107/05, constituindo associação de pessoa jurídica de direito público ou de direito privado e formaliza-se por meio de contrato. Os objetivos serão determinados pelos entes da Federação que se consorciarem. Para o cumprimento desses objetivos, o consórcio poderá firmar convênios, contratos ou acordos de qualquer natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções de outras entidades e órgãos do governo, promover desapropriações e instituir servidores, ser contratado pela Administração Direta e Indireta, com dispensa de licitação, podendo, ainda, emitir documentos de cobrança e realizar atividades de arrecadação de tarifa ou outros preços públicos pela prestação de serviços ou uso de bens. Por fim, pode também outorgar concessão, permissão ou autorização de obra ou serviço.
INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DIREITO DE PROPRIEDADE
	BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIREITO DE PROPRIEDADE
	A propriedade é um instituto de caráter político.Varia no tempo e no espaço, conforme a evolução histórica das sociedades e de acordo com suas peculiaridades.
A atual Carta Política reconhece o Direito de Propriedade no art. 5°, inciso XXII, in verbis:
Art. 5° ...
XXII – É garantido o direito de propriedade.
Logo na seqüência, a Constituição impõe uma limitação ao
Direito de propriedade, o que prova que tal direito não é absoluto, aduzindo, no art. 5°, inciso XXIII:
Art. 5°...
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
Na mesma toada, segue o Código Civil que, no art. 1.228, parágrafo 1°, apregoa:
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Reforça, portanto a Lei Substantiva, o sentido social da propriedade, eis que, se o proprietário não respeita essa função, nasce para o Estado o poder jurídico de nela intervir e até de suprimi-la.
	Intervenção do estado. sentido e quadro normativo
	Conceito – intervenção do Estado na propriedade privada é toda e qualquer atividade estatal eu, amparada na lei, tem por fim ajustá-la à função social à qual está condicionada.
	A intervenção revela um poder jurídico do Estado, calcado em sua própria soberania.
	É um verdadeiro poder de império ( jus imperii), devendo a ele sujeição os particulares
A atual Constituição dá suporte à intervenção do Estado no Direito de Propriedade, ex vi art. 5°, XXIII; Art. 182, § 2°; Art. 5°, XXV, além de outros dispositivos que serão abordados oportunamente.
	COMPETÊNCIAS LEGISLATIVA
Para legislar sobre direito de propriedade, desapropriação e requisição é da União Federal.
Impende consignar que a competência para legislar sobre essas matérias é diferente da competência para legislar sobre restrições e condicionamentos ao uso da propriedade.
A competência para legislar sobre condicionamentos e restrições ao uso da propriedade se reparte entre União, Estados, DF e Municípios.
Por exemplo, uma lei que verse sobre restrição ao uso de propriedade para a proteção do meio ambiente pode ser federal, estadual, distrital ou municipal ( art. 24, VI e art. 30 I e II, da CF)
	FUNDAMENTOS DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA
a) Supremacia do Interesse Público
A supremacia do interesse público sobre o privado é verdadeiro postulado fundamental, eis que o Estado age de forma vertical, isto é cria imposições, que restringem ou mesmo suprimem o direito de propriedade do dominus, em função de um interesse maior que é o coletivo.
Assim, toda vez que se chocarem o interesse público e o privado, prevalece o primeiro.
b) Função Social da Propriedade
Ao estatuir que a propriedade deve atender à sua função social, a Carta Política assegura o direito do proprietário, de um lado, tornando inatacável a sua propriedade e, ao mesmo tempo, faz incidir sobre o proprietário o dever jurídico de mantê-la ajustada à função social. 
Apesar de traduzir um conceito aberto, a função social da propriedade está definida nos mandamentos Constitucionais e na legislação infra-legal, que fixam parâmetros objetos para estabelecer, por exemplo, a função social da propriedade urbana e da propriedade rural. 
	MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA
a) Intervenção Restritiva – O Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade, sem, no entanto, retira-la de seu dono. 
Modalidades:
a.1) Servidão Administrativa;
a.2) Requisição;
a.3) Ocupação Temporária;
a.4) Limitações Administrativas;
a.5) Tombamento.
b) Intervenção Supressiva – o Estado, valendo-se de sua supremacia, transfere compulsória e coercitivamente para si, a propriedade de terceiro, em virtude de interesse público previsto em lei.
Modalidade: Desapropriação.
	SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
	Sentido e Natureza Jurídica
É o direito real público, que autoriza o Estado a usar a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivo.
Trata-se de direito real público, porque é instituído em favor do Estado para atender a fatores de interesse público.
Exemplos de servidão administrativa: instalação de redes elétricas, implantação de oleodutos e gasodutos em áreas privadas para a execução de serviços públicos.
	Fundamentos
b.1) Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado;
b.2) Função Social da Propriedade ( art. 5°, XXIII, CF e 170, III, CF);
b.3) Fundamento Específico: Art. 40 Dec. Lei 3.365/41 (Lei Geral das Desapropriações), in verbis:
Art. 40 o expropriante poderá construir servidões, mediante indenização prévia na forma desta lei.
c) Objeto – A servidão administrativa incide sobre a propriedade imóvel (coisa imóvel corpórea).
d) Formas de Instituição:
d.1) Acordo entre o proprietário e o Poder Público
Acordo formal, celebrado por escritura pública para fins de subseqüente registro no cartório de registro de imóveis.
d.2) Sentença Judicial
Não havendo acordo entre as partes, o Poder Público ajuíza ação contra o proprietário, em procedimento idêntico ao da desapropriação, com previsão no art. 40, do Dec. Lei 3.365/41.
Destarte, não há auto-executoriedade na instituição de uma servidão administrativa sobre uma propriedade privada.
e) Extinção
A servidão administrativa, em princípio é permanente. Podem ocorrer fatos, no entanto que dão ensejo à sua extinção, como por exemplo: desaparecimento da coisa gravada; incorporação do bem gravado ao patrimônio da pessoa que instituiu a servidão; e o desinteresse do Estado em utilizar parte do domínio alheio.
f) Indenização
A indenização ao proprietário é condicionada à ocorrência de dano e prévia. 
	REQUISIÇÃO
a) Noções Gerais
é a modalidade de intervenção na propriedade privada, pela qual o Estado utiliza bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo público iminente. Ex: utilização de hospitais particulares, de seus equipamentos, seus medicamentos e seu corpo de saúde, em hipóteses de inundações; utilização de ginásios particulares para abrigar vítimas de catástrofes e inundações, etc.
b) Fundamentos
	Supremacia do interesse público sobre o privado;
	Função social da propriedade (art. 5°, XXIII, CF);
	Fundamento específico: art. 5°, XXV, CF
c) Objeto e Indenização
Incide sobre bens móveis, imóveis e serviços particulares. A finalidade é proteger a sociedade contra situações de perigo público iminente.
A indenização pelo uso de bens e serviços alcançados pela requisição é condicionada à ocorrência de danos. E será sempre posterior (ulterior).
	Instituição e Extinção
Pode ser de imediato decretada, sempre que houver uma situação de perigo público iminente. Isto posto, há auto-executoriedade na instituição de uma requisição.
	OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
a) Sentido e Objeto
É a forma de intervenção pela qual o Poder Público usa, transitoriamente, imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Ex: utilização temporária de terrenos contíguos a estradas para estacionamento de máquinas de asfalto, equipamentos de serviços, pequenas barracas de operários; uso de escolas e clubes por ocasião de eleições.
b) Fundamentos
b.1) Supremacia do interesse público;
b.2) Função social da propriedade ( art. 5º, XXIII);
b.3) Fundamento específico: art. 36 Dec. Lei 3.365/41:
É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não-edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
	Modalidades e Indenização
Em razão do art. 36, do Dec Lei 3365/41 retrotranscrito pode-se inferir que há dois tipos de ocupação temporária: ocupação temporária necessária para obras vinculadas a um processo de desapropriação e ocupação temporária para as demais obras e serviços públicos em geral.
A questão da indenização deve levar em conta as duas modalidades. No caso da ocupação temporária vinculada a um processo de desapropriação, por força do art. 36, do Dec. Lei 3.365/41, há a obrigação, por parte do Estado de indenizar.
Na hipótese de ocupação temporária desvinculada de desapropriação, em princípio não haverá desapropriação,
exceto se o uso acarretar comprovado prejuízo ao proprietário.
	Instituição e Extinção
e.1) Ocupação vinculada a desapropriação – é indispensável o ato formal de instituição, que pode ser o próprio Decreto Expropriatório;
e.2) Ocupação desvinculada de desapropriação – por ser feita manu militari, isto é, há auto-executoriedade na sua instituição.
	LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS
a) Sentido
São determinações de caráter geral, através das quais, o Poder Público impõe a proprietários indeterminados, obrigações de fazer, não fazer e obrigações permissivas, para condicionar a propriedade ao atendimento de sua função social. Ex: impor ao proprietário limpeza de terreno, Proibir a construção acima de determinado número de pavimentos (gabarito de prédios), permissão de vistoria de elevadores em edifícios e ingresso de agentes para fins de vigilância sanitária.
As limit6ações administrativas têm caráter de definitividade.
b) Natureza Jurídica
São atos legislativos ou administrativos de caráter geral.
Fundamentos
		Supremacia do interesse público;
	Funçãso social da propriedade (art. 5º, XXIII, CF, art. 170, III, CF);
	Exercício do poder de polícia (as limitações administrativas estarão sempre estampadas na lei ou em atos normativos fundados na lei).
	Indenização
Sendo imposições de ordem geral, que exigem sacrifício coletivo, as limitações administrativas não ensejam direito a indenização.
	TOMBAMENTO
a) Sentido
É a forma de intervenção na propriedade, pela qual o Poder Público visa proteger o patrimônio cultural brasileiro, limitando o seu uso e até mesmo condicionando sua disposição por parte do proprietário.
b) Fonte Normativa
	Art. 216, §1°, Constituição Federal;
	Dec. Lei nº 25, 30/11/1937.
c) Fundamento
c.1) Supremacia do interesse público;
c.2) Função social da propriedade (art. 5°, XXIII e 170, III, CF);
c.3) Fundamento específico – § 3°, art. 215, CF – Estabelce o Plano Nacional de Cultura.
	Objeto
Incide sobre bens móveis ou imóveis que traduzem aspecto de relevância para a noção de patrimônio cultural brasileiro (art. 1º Dec Lei n° 25/37).
e) Espécies
e.1) Em relação à manifestação de vontade – pode ser voluntário ou compulsório.
É voluntário quando o proprietário consente o tombamento, seja de ofício ou quando ele mesmo formula pedido ao Poder Público.
É compulsório quando o Poder Público inscreve o bem como tombado, apesar da resistência e do inconformismo do propritário.
e.2) Quanto à eficácia do ato pode ser provisório ou definitivo.
É provisório enquanto está em curso o processo administrativo instaurado pela notificação feita ao proprietário e definitivo quando concluído o processo.
Impende consignar que o tombamento provisório é medida assecuratória de preservação do bem, enquanto corre administrativamente o processo para tombamento do bem.
e.3) Quanto à abrangência – pode ser individual ou coletivo. Individual quando atinge um determinado bem e coletivo quando atinge todos os bens situados em um bairro ou uma cidade.
	Instituição
O tombamento deve ser instituído por meio de ato administrativo típico, porque mantém para o proprietário a possibilidade de discutir em juízo a sua validade.
Entretanto há quem defenda a hipótese de o tommbamento ser instituído por meio de lei de efeitos concretos.
f) Processo Administrativo
O tombamento deve ser precedido de um processo administrativo onde esteja presente o devido processo legal, com direito de contraditório e ampla defesa para o proprietário.
G) Efeitos do Tombamento
g.1) registro no ofício de registro de imóveis;
g.2) Dever de conservar por parte do proprietário. Entretanto, se este não dispuser de recursos, deve comunicar o fato ao órgão de promoveu o tombamento, que deverá executar obras de reparação às suas expensas;
g.3) Restrições para a vizinhança do prédio tombado – é vedada qualquer construção que reduza a visibilidade em relação ao prédio tombado; é vedado colocar cartazes ou anúncios;
g.4) Direito de Preferência – o proprietário antes de alienar o bem tombado deve notificar a União, o Estado ou o DF e o Município onde situe o bem tombado, para que exerçam o direito de preferência, no prazo de trinta dias.
h) Indenização – Em regra o tombamento não gera direito a indenização.
	DESAPROPRIAÇÃO
É a única modalidade supressiva de intervenção do Estado na propriedade privada.
É o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público, pelo qual o Estado transfere para si propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública, necessidade pública ou interesse social.
a) Natureza jurídica
Trata-se de um procedimento híbrido, eis que começa administrativamente e, quase sempre, desemboca na esfera judicial.
Tem duas fases:uma administrativa e outra judicial.
b) Pressupostos
b.1) utilidade pública
Quando a transferência do bem se afigura conveniente para a Administração. Ex: desapropriação para construir um viaduto, ampliar uma via, etc.
b.2) necessidade pública
Quando a transferência da propriedade para o Estado ocorre em situações de emergência, cuja solução exija a desapropriação. Ex: possibilidade de desabamento de um prédio e conseqüente desapropriação de prédios vizinhos, para realização de obras emergenciais de infraestrutura.
b.3) Interesse Social 
Consiste nas hipóteses em que mais se realça a função social da propriedade. O interesse social, normalmente, pressupõe ação ou omissão por parte do proprietário, no sentido de promover desigualdades sociais ou afronta ao meio ambiente.
c) Espécies de Desapropriação
c.1) Desapropriação Ordinária – art. 5º, XXIV, CF:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Seus fundamentos são utilidade pública, necessidade pública ou interesse social, sendo certo que, no caso de utilidade e necessidade pública, o diploma que regula a matéria é o Dec. Lei 3.365/41.
Já no caso de interesse social, a Lei 4.132/62 regula a matéria.
c.2) Desapropriação Urbanística Sancionatória – art. 182, § 4°, III da CF:
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,      sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
c.3) Desapropriação rural para fins de Reforma Agrária – art. 184, CF – incide sobre bens imóveis rurais para fins de reforma agrária. Trata-se de modalidade específica de desapropriação por interesse social e permite a perda da propriedade quando esta não esteja cumprindo a sua função social:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
c.4) Desapropriação Confiscatória art. 243, CF – confere direito indenizatório ao proprietário:
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas
em lei.
d) Objeto 
art. 2º Dec Lei 3.365/41: “todos os bens podem ser desapropriados”.
Assim, podem ser desapropriados bens imóveis, móveis, corpóreos ou incorpóreos. Ex: ações, cotas ou direitos relativos ao capital de pessoas.
e) Desapropriação de Bens Públicos
Pressupõe a direção vertical das entidades federativas. Assim, a União pode desapropriar bens do Estado, que pode desapropriar bens do Município.
Embora não haja hierarquia entre os entes federativos, a doutrina admite a possibilidade de desapropriação pelos entes maiores pelo fundamento da preponderância do interesse.
O mesmo raciocínio pode ser empregado para desapropriação de bens de Entidades da Administração
f) Margens dos Rios Navegáveis
Sob o tema vide a súmula n° 479 do STF:
As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
Hely Lopes Meirelles defende posição diversa, posto que defende que tais faixas de terra pertencem ao domínio privado.
F) Competências
f.1) Competência para legislar sobre desapropriação
É da união federal, de acordo com o art. 22, II, CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
II – desapropriação
f.2) Competência Declaratória
É a competência para declarar utilidade pública, necessidade pública ou interesse social do bem com vistas à futura desapropriação.
È concorrente da União, dos Estados, do DF e dos Municípios (art. 2º Dec Lei 3.365/41). Exceções: DNIT e ANEEL.
Entretanto, a competência declaratória para desapropriar para fins de reforma agrária é exclusiva da união (art. 184, §3º , CF).
f.3) Competência Executória
É a competência para promover a desapropriação. Vai desde a negociação com o proprietário até a finalização do processo judicial de desapropriação.
É a mais abrangente de todas as competências, eis que amplia a legitimidade para as concessionárias e delegatários de serviços públicos, mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
g) Fases de uma Desapropriação
g.1) Fase Declaratória
É feita mediante declaração expropriatória. Define-se declaração expropriatória como a manifestação emitida pelas pessoas federativasno sentido de expressar a vontade para transferir determinado bem para seu patrimônio ou para o patrimônio de pessoa delegada, com o objetivo de executar atividade de interesse público, prevista em lei. Formaliza-se por meio de Decreto do chefe do Executivo. 
g.1.1) Efeitos da declaração expropriatória
	Permissão às autoridades competentes, no sentido de penetrar no prédio objeto da desapropriação, sendo possível o recurso a força policial;
	Início de contagem do prazo de para ocorrência da caducidade do ato;
	Indicação do estado do bem objeto da desapropriação, para fins de indenização;
Assim, se o proprietário, após o Decreto expropriatório promover benfeitorias necessárias, será, por elas, também indenizado. As úteis, somente serão indenizadas se feitas mediante autorização do Poder Público. Já as voluptuárias não serão indenizadas.
g.1.2) Caducidade do decreto expropriatório
O Decreto expropriatório caduca em 5 anos se o fundamento da desapropriação for utilidade pública. Caduca em 2 anos se o fundamento da desapropriação for o interesse social.
Em caso de caducidade, somente poderá ser exarado um novo decreto, após um ano 9art. 10, (Dec Lei 3365/41).
h) Fase Executória
Inicia-se administrativamente com tentativa de acordo entre o Estado e o proprietário. Quando se logra êxito, diz-se que a desapropriação foi amigável.
Trata-se de negócio jurídico bilateral que deve ser formalizado por meio de escritura pública.
Não obtida a negociação extrajudicial, passa-se à fase judicial, em que, diante da ausência de acordo, o Estado ajuíza ação de desapropriação em face do proprietário.
Nessa fase não se discutem os motivos da desapropriação. A discussão adstringe-se ao quantum indenizatório.
Por isso mesmo, a contestação deve estar voltada para a discussão do valor da indenização.
Caso o proprietário queira discutir os motivos ou fundamentos da desapropriação, deve fazê-lo logo após o Decreto expropriatório, por meio de ação própria que a Dec. Lei 3365/45, art. 20, chamou de ação direta.
h.1) Imissão Provisória na posse
Admite-se, no curso da fase executória, a figura da imissão provisória na posse, que é a situação jurídica em que o expropriante passa a ter a posse provisória do bem antes da finalização da ação expropriatória.
Dois são os pressupostos da imissão provisória na posse: urgência e depósito do valor de acordo com o que a lei estabelecer. Esse valor será arbitrado pelo juiz.
h.2) Levantamento parcial do depósito
A lei permite que o proprietário levante o equivalente até 80% da importância depositada (art.33, § 2°, Dec. Lei 3365/41)
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4361885/mod_resource/content/0/2.9.SL.Limitacoes_a_propriedade.pdf
Controle Interno na Administração Pública
O conjunto de procedimentos de controle praticados internamente em qualquer organização pode perfeitamente ser comparado com aqueles que exercemos em nossa vida pessoal. Assim como uma dona de casa controla os gastos domésticos e cada cidadão mantém sob controle o saldo de sua conta bancária, numa organização empresarial ou pública existe um conjunto de procedimentos voltados a garantir a obtenção de resultados e também, em especial, no segundo caso, destinados a assegurar a observância à legislação.
Cabe, neste ponto, lembrar a regra que diz que, enquanto na iniciativa privada tudo pode ser feito desde que não caracterize descumprimento à lei, na administração pública deve ser feito tudo o que a lei determina, exigindo-se, neste caso, controles mais rigorosos e sofisticados.
Dentre os vários conceitos existentes na literatura especializada, destaca-se aquele enunciado pelo Comitê de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos certificados, o qual por sua abrangência e ampla divulgação, acabou tornando-se referência internacional.
“O Controle Interno compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas adotadas na empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão e fidelidade dos dados contábeis, desenvolver a eficiência nas operações e estimular o seguimento das políticas executivas prescritas”.
De modo geral, aceita-se o conceito de Controle Interno como um conjunto de normas e procedimentos instituídos pelas organizações com vista na proteção de seu patrimônio e na elaboração de dados confiáveis em busca da eficácia operacional.
Fundamentação Legal do Controle Interno na Administração Pública.
A Lei n.º 4.320/64 estabelece os fundamentos do controle interno, quando determina que o Poder Executivo exerça o controle sem prejuízo das atribuições de órgão criados especificamente para este fim. A Constituição federal reforçou a idéia de forma clara, quando afirma que o controle Interno deverá ser exercido no âmbito de cada poder. O Art. 74 determina.
“ Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de :
I – Avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União.
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira, e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado.
III – Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União.
IV – Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
Parágrafo 1º – Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
Parágrafo 2º – Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para na forma da lei,
denunciar irregularidade ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Objetivos do Controle Interno
O objetivo geral do Controle Interno é assegurar que não ocorram erros potenciais, através do controle de causas, destacando-se entre os objetivos específicos, a serem atingidos, os seguintes:
 Observar as normas legais, instruções normativas, estatutos e regimentos;
 Assegurar, nas informações contábeis, financeiras, administrativas e operacionais, suas exatidão, confiabilidade integridade e oportunidade;
 Antecipar-se, preventivamente, ao cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas anti econômicas e fraudes;
 Propiciar informações oportunas e confiáveis, inclusive de caráter administrativo/operacional, sobre os resultados e efeitos atingidos;
 Salvaguardar os ativos financeiros e físicos quanto a sua boa e regular utilização e assegurar a legitimidade do passivo;
 Permitir a implementação de programas, projetos, atividades, sistemas e operações, visando a eficácia, eficiência e economicidade dos recursos;
 Assegurar aderência às diretrizes, planos, normas e procedimentos do órgão/entidade.
Controle Externo na Administração Pública
O Controle Externo deve ser exercido em uma instância que esteja fora do âmbito do ente fiscalizado, para que tenha maior grau de independência e efetividade em suas ações.
A Lei 4.320/64 em seu artigo 81, define que o controle externo devera ser exercido pelo Poder Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da Administração, a guarda e legal emprego do recurso público e o cumprimento da Lei do Orçamento.
O Artigo 82 da mesma Lei determina a periodicidade com que a fiscalização efetuada pelo controle externo deverá ser efetivada: “O poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no prazo estabelecido na Constituição Federal ou Estadual e nas Leis Orgânicas Municipais.
A Constituição Federal acatou esse dispositivo, em seu art. 71, que determina o exercício do Controle Externo pelo Poder Legislativo, com o auxílio do tribunal de Contas da União, abrangendo a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta: “ O Controle Externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União”
Tribunal de Contas
Tribunal de Contas é um órgão autônomo, que auxilia o Poder Legislativo a exercer o controle externo, fiscalizando os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo. Além de estar sujeito ao controle externo, cada Poder tem a responsabilidade de manter um sistema de controle interno. E, por sua vez, apesar de ser um tribunal, o Tribunal de Contas não faz parte do Poder Judiciário.
Tribunal de Contas tem uma peculiar trajetória do Direito brasileiro. A Constituição Imperial não tratava de tal Corte, mas previa a apresentação dos orçamentos à Câmara dos Deputados. Já a primeira Constituição republicana, de 1891, previu, expressamente, a criação de um Tribunal de Contas para “liquidar as contas da receita e despesa e verificar a sua legalidade, antes de serem prestadas ao Congresso”. As demais foram, gradativamente, ampliando a competência fiscalizadora desta Corte e, explicitamente, atribuíram-lhe a qualidade de auxiliar.
Sua composição é análoga à dos Tribunais (órgãos do Poder Judiciário), é um órgão composto por nove membros, que recebem a designação de Ministros, requer-se para investidura nestes cargos idade entre 35 e 65 anos de idade, idoneidade moral e reputação ilibada, disposição de notórios conhecimentos jurídicos ou contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública e que se tenha mais de dez anos de exercício de função ou efetiva atividade profissional exigente da espécie de conhecimentos referidos (art. 73 e § 1º). São atribuídos aos titulares destes cargos as mesmas prerrogativas, impedimentos e vencimentos dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 73, § 3º), gozam, inclusive, de vitaliciedade. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos de acordo com o disposto no § 2º do art. 73, já os membros das Cortes estaduais serão, uniformemente, sete.
Compete-lhe, consoante o art. 71: emitir parecer prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República; julgar contas dos administrados e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da Administração direta e indireta, inclusive contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade de atos de admissão de pessoal, a qualquer título; realizar, por iniciativa própria, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira e orçamentária; fiscalizar contas nacionais de empresas supranacionais de cujo capital social a União participe; fiscalizar a aplicação de recursos repassados pela União; prestar informações de ordem contábil, financeira e orçamentária; aplicar as sanções previstas em lei aos responsáveis em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas; assinar prazo para que órgão ou entidade em que foi verificada ilegalidade adote as providências cabíveis; sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado, comunicando a decisão ao Congresso Nacional e; relatar ao Poder competente acerca de irregularidades ou abusos apurados.
O Constituinte, entretanto, atribuiu certas prerrogativas que visam, irrefutavelmente, à presteza do exercício da Corte e ao caráter injuntivo das decisões acerca de débito ou multa, a saber: segundo o art. 71, § 2º, o Tribunal de Contas poderá decidir a respeito da sustação de contrato, que é de competência do Congresso Nacional, se este não tomar as medidas necessárias no prazo de 90 dias.
Já o § 3º do mesmo artigo, prevê que as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa,terão eficácia de título executivo. Não se deve furtar-se à menção de que o dispositivo constitui nítida dissonância à regra não-vinculativa, típica dessa Corte.
O posicionamento do Tribunal de Contas da União acerca de irregularidades que importem em multa ou débito tem se adstrito ao seu peculiar traço; primeiramente, detecta-se a irregularidade, em seguida, inclui-se o nome no CADIN (Cadastro Informativo dos débitos não quitados de órgãos e entidades federais) e, finalmente,autoriza-se a cobrança judicial da dívida. Homologa-se a possibilidade de postular a dívida em juízo, não a imediata conversão em título executivo, pois, como já se afirmou, suas decisões não têm força judicante (7). No caso do parecer prévio, pode acompanhar ou não o posicionamento do Poder Legislativo, segundo José Afonso da Silva, quando este está sufocado pelo autoritarismo ou pela perda de atribuições básicas, a Corte de Contas sofre as conseqüências em grau mais profundo. In verbis: “Ora, o princípio da prestação de contas da administração pública, direta e indireta, constante do art. 34, VII, “d”, só tem eficácia de princípio do Estado democrático enquanto as demais instituições de apuração dessas contas gozarem de autonomia e prestígio para o cumprimento dessa elevada missão, do contrário tudo não passará de mero exercício de formalidades vazias de resultados práticos”
Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará – TCM
Compete ao TCM apreciar, analisar, inspecionar, auditar e julgar as contas das Prefeituras Municipais, Câmaras Municipais e demais Entidades criadas e mantidas pelo Poder Público Municipal, seus balancetes, balanços e documentos relativos à gestão de dinheiros, bens e valores públicos.
No exercício de suas atividades, o TCM emite pareceres prévios sobre as contas das Prefeituras e julga as contas das Câmaras e demais Entidades Municipais.
Examina recursos e autoriza, após análise, o cadastro de Orçamentos Anuais, Leis de Diretrizes Orçamentárias Planos Plurianuais, Créditos Adicionais, Contratos, Atos de fixação e atualização de remuneração dos
agentes políticos e servidores municipais.
Autoriza, ainda, o registro dos atos de nomeação, pensões e aposentadorias de funcionários públicos dos Municípios.
O TCM atua permanentemente orientando e assessorando os agentes políticos e servidores municipais, objetivando o aperfeiçoamento técnico-profissional e a conseqüente melhoria da qualidade dos Servidores Públicos Municipais. Além do franco acesso dos interessados aos diferentes setores do TCM para informações, consultas e orientação, os Órgãos da administração municipal e seus representantes também dispõem do Departamento de Apoio aos Municípios, com atribuições específicas de assessoria com um programa permanente de seminários, reuniões, cursos e treinamento em todas as áreas da administração municipal, realizando-os tanto na sede do Tribunal, em Belém, como nos municípios do Estado, de modo a facilitar a participação dos servidores lotados em locais mais distantes.
O TCM promove eventos na área de informática e disponibiliza para as Prefeituras e Câmaras programas específicos a fim de facilitar e agilizar prestações de contas e elaboração de folhas de pagamento.
Prestação de Contas
Instrução Normativa n.º 01/2009, Os órgãos da Administração Direta, Indireta e Fundacional dos Poderes Legislativo e Executivo Municipal remeterão ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará, por meio magnético, os dados e informações referente à Lei do Orçamento Anual (LOA), aos Balancetes Quadrimestrais e Balanço Geral, na forma e prazo estabelecidos nesta Instrução Normativa.
A Lei Orçamentária Anual será encaminhada no prazo de 30(trinta) dias após sua assinatura, acompanhada de :
1 – Comprovação de que o projeto de lei foi encaminhado pelo Prefeito para apreciação do Poder Legislativo até o prazo legal.
2 – Cópia da ata da sessão de votação da LOA na Câmara Municipal
3 – Resumo Geral da Receita
4 – Resumo Geral da Despesa
As prestações de contas serão remetidas 30(trinta) dias após o encerramento do quadrimestre, acompanhadas das folhas de pagamentos mensais, bem como dos processos licitatório digitalizados na integra. Fica mantida a obrigatoriedade de remessa em meio documental dos seguintes:
1 – Balancetes Quadrimestrais
2 – Demonstrativos analíticos da receita
3 – Demonstrativos da Despesa por Grupo de despesa
4 – Termo de Conferencia de Caixa e Banco, acompanhados de seus respectivos extratos das contas correntes, poupança e aplicação financeiras, se houver, bem como as conciliações bancárias.
O Balanço Geral será encaminhado até 31 de março do ano subseqüente ao exercício encerrado acompanhado dos seguintes documentos:
1 – Anexos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 a 17 da Lei 4.320/64
2 – Relação de Inscrição em Restos a Pagar por órgão e Poder
3 – Relação de Inscrição em Dívida Ativa
4 – Inventário de Bens Móveis e Imóveis
5 – Demonstrativo da Aplicação dos recursos correspondente à manutenção e Desenvolvimento da Educação (MDE), FUNDEB, e Ações de Saúde.
6 – Quadro Demonstrativo da Despesa com Pessoal e Contribuições patronais, destacando servidores efetivos, comissionados e temporários do exercício.
7 – Cópia do parecer do conselho do FUNDEB, Conselho Municipal de Saúde, e da Assistência Social.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Conceito de Improbidade Administrativa: “Ato de improbidade administrativa todo aquele que, à custa da Administração Pública e do interesse público, importa em enriquecimento ilícito (art.9º); que causa prejuízo ao erário (art. 10) e que atenta contra os princípios da Administração Pública (art. 11)." (Curso de Direito Administrativo, JÚNIOR, Dirley da Cunha, Ed. JusPodivm, 7. Ed. 2009, pág. 550)
CRF/1988. A constituição tratou da improbidade administrativa no artigo 37, 4º : “Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.”
A lei citada na Constituição Federal é a 8.429/92.
Sujeito passivo da Improbidade Administrativa.
Nos termos da Lei, podem ser sujeitos passivos da Improbidade Administrativa:
- a Administração direta, indireta ou fundacional (ou seja, Autarquias, Fundações Públicas e Privadas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, do Território;
- a empresa incorporada ao patrimônio público ou entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual;
- o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público e entidades para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual.
Nos ensina Hely Lopes Meirelles:
“... Porém, neste rol de entidades devem ser incluídas também aquelas que receberem subvenção, beneficio ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial a repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.” (MEIRELLES, 2006)
Sujeito ativo da Improbidade Administrativa.
Nos termos da Lei, podem praticar Improbidade Administrativa:
- Agentes públicos são considerados todos aqueles que, definitiva ou transitoriamente, com ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação, ou seja, qualquer forma de investidura ou vínculo, exercem alguma função pública (mandato, cargo, emprego) em nome dos sujeitos passivos do ato de improbidade.
- terceiros também podem ser considerados sujeito ativo de improbidade. seriam aqueles que induzam ou concorram para a prática do ato ou dele se beneficiem sob qualquer forma direta ou indireta.
Para o professor Hely Lopes Meireilles
“Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhes são afetos”.
“Vale mencionar que o ressarcimento do dano deverá ser integral quando ocorrer lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, acima referido. Inclusive, no caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio” (Meirelles, 2006)
Atos de improbidade administrativa:
A legislação adota três hipóteses de improbidade administrativa. Artigos 9º, 10º e 11º da Lei 8.429/92.
São considerados atos de improbidade administrativa os atos administrativos, as condutas dolosas ou culposas, sejam elas omissivas ou comissivas, que importam em enriquecimento ilícito, que geram prejuízo ao erário público ou que atentem contra os princípios da Administração Pública.
Veja a Lei:
“Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público; 
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.”
Das penas.
A constituição federal determina que as penas para o ato de improbidade administrativa são diversas das sanções penais cabíveis e aplicáveis em cada caso.
Nos termos da Constituição, são penas ressarcimento ao erário, indisponibilidade dos bens, suspensão dos direito políticos e perda da função. A autoridade administrativa, responsável pelo inquérito administrativo, deverá representar ao MP, para a indisponibilidade dos bens do indiciado, desde que o ato de improbidade cause lesão ao patrimônio público ou enseje enriquecimento ilícito. Esta indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
No caso de falecimento do agente administrativo ou daquele terceiro que lesar o patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente, o seu sucessor está sujeito às cominações da Lei até o limite do valor da herança.
O juiz, quando da fixação das penas acima relacionadas, deve-se levar em conta a extensão do dano causado, assim como proveito patrimonial obtido pelo agente.
Para cada prática de improbidade a lei (artigo 12º) estabelece penas específicas:
Prática de ato de improbidade por que importa Enriquecimento Ilícito (mais severas)
Traz como sanção a perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos.
Prática de ato de improbidade que causa prejuízo ao Erário
Acarreta o ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos.
Prática de ato de improbidade que atenta contra os Princípios da Administração Pública
Gera como sanção o ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
Posicionamento do Poder Judiciário quanto a aplicação das penas. O Judiciário Brasileiro tem entendido que nos casos de atos que atentam contra os Princípios da Administração Pública e que importam enriquecimento ilícito somente haverá punição se comprovado o DOLO. Para os casos de atos que causam prejuízo ao erário basta a CULPA.
Neste sentido:
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE IRREGULARIDADES NA DISPENSA DE LICITAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA QUE DEMONSTRASSE O PREJUÍZO AO ERÁRIO E O DOLO DO AGENTE. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Não houve prejuízo ao Erário, tampouco dolo na conduta do agente, o que afasta a incidência do art. 11 da Lei 8.429/92 e suas respectivas sanções; esta Corte Superior de Justiça já uniformizou a sua jurisprudência para afirmar que é necessária a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado no dolo, para os tipos previstos nos arts. 9o. e 11 e, ao menos, na culpa, nas hipóteses do art. 10 da Lei 8.429/92” (REsp. 1.261.994/PE, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 13/04/12).
Verificação judicial da Improbidade:
A ação judicial aplicada à prática do ato de improbidade transcorre pelo rito ordinário, deve ser proposta pelo Ministério Público ou pessoa jurídica interessada. Não foi assegurada legitimidade ao cidadão para propositura da ação.
No entanto, qualquer pessoa poderá fazer representação que deverá ser direcionada à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
Prescrição:
O prazo prescricional para propositura da ação será de:
- 05 (cinco) anos após o término do exercício do mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança e nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego;
- dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público. Neste caso, o prazo se inicia a partir do conhecimento da falta.
É conhecido, e polêmico, o entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a Constituição da República não admite concorrência entre dois regimes de responsabilidade político-administrativa para os agentes políticos: aquele previsto no artigo 37, § 4º (regulado pela Lei n° 8.429/1992) e o fixado no artigo 102, I, "c" (STF Rcl 2.138). Esse regime de responsabilização decorreria diretamente do disposto no texto constitucional, não da legislação infraconstitucional (STF AgR-RE 579.799).
Ação de Improbidade Administrativa x Agentes Políticos.
Muito se discute se a Ação de Improbidade Administrativa seria aplicada aos Agentes Políticos.
Maria Silvia Zanella Di Pietro nos ensina que: “São, portanto, agentes políticos, no direito brasileiro, apenas os Chefes dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal, os Ministros e Secretários de Estado, além de Senadores, Deputados e Vereadores.” (DI PEITRO, 2011)
Note-se, contudo, que no julgamento da Rcl 2.138, o Tribunal Pleno restringiu-se a consignar o não cabimento da lei de improbidade administrativa tão somente em relação aos agentes políticos detentores de foro por prerrogativa de função nos moldes do artigo 102, I, “c”, da Constituição da República, assentando que, nesses casos, deve-se aplicar apenas o disposto na Lei 1.079/50 (STF AI 810.393).
Em outras palavras, a Lei nº 8.429/92 prossegue sendo aplicável para os agentes públicos e políticos que não possuem foro por prerrogativa de função de que se trata o artigo 102, I, “c”, da Constituição da República (STF AI 810393).
Essa é a razão pela qual os prefeitos, se submetem à lei de improbidade administrativa, submetendo-se, ainda, à ação penal por crime de responsabilidade, na forma do Decreto-lei nº 201/67, em decorrência do mesmo fato (STF ARE 644.749).
O STJ em diversos acórdãos, a questão da incidência ou não da Lei 8429/92 não tem sido solucionada por critério constitucional, mas por critério infra-constitucional, qual seja, a Lei 1079/50. Melhor explicando, de acordo com a jurisprudência do STJ as autoridades elencadas na Lei 1079/50 não estão sujeitas ao regime jurídico da Lei 8429/92, pois já respondem pelos crimes de responsabilidade da Lei 1079/50. Esse é o critério da jurisprudência do STJ, que é de fundamento legal, não constitucional, e bem diverso do critério do STF que é constitucional. Por exemplo, um presidente de tribunal está elencado pela Lei 1079/50 como possível sujeito ativo de crime de responsabilidade; pela jurisprudência do STJ sujeita-se ao regime jurídico da Lei 1079/50, mas não o da Lei 8429/92. Já os demais desembargadores da mesma Corte, respondem pelo regime jurídico da Lei 8429/92, respeitando-se o foro próprio por prerrogativa de função. Em suma, quanto ao STJ, o artigo não reflete a consolidada jurisprudência desta Corte de Justiça.

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