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DILUIÇÃO E ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS RONALDO GOMES ALEXANDRE JÚNIOR Medicamentos injetáveis Medicamentos injetáveis: destinados à administração, por injeção, infusão ou implante, diretamente no interior do corpo do paciente (tecidos corpóreos). Preparações excepcionalmente puras, isentas de contaminantes físicos, químicos e biológicos. Vias parenterais: intravenosa, intramuscular, subcutânea, intradérmica, intra-arterial e intratecal. A natureza da droga determina a sua forma farmacêutica e, consequentemente, a via de administração. Medicamentos injetáveis Todas as preparações injetáveis devem ter qualidade excepcional e proporcionar o máximo de segurança ao paciente. Propriedades: Apirogenicidade; Esterilidade; Ausência de partículas estranhas. Medicamentos injetáveis As propriedades devem ser mantidas até o momento de sua administração no paciente. Deve-se ter cuidado não somente na produção, mas também no manuseio dos medicamentos, antes da administração ao paciente. Todo e qualquer procedimento deve ser feito de modo a evitar a contaminação microbiológica do produto. Estabilidade Capacidade do produto farmacêutico de manter suas propriedades químicas, físicas e microbiológicas dentro dos limites especificados durante o prazo de validade. A comercialização de produtos farmacêuticos depende da aprovação prévia da ANVISA por meio da avaliação técnica dos estudos de estabilidade farmacêutica. A partir destes estudos é possível determinar o prazo de validade, o material de embalagem, as condições de armazenamento e transporte de medicamentos. O prazo de validade é definido como a data limite para utilização de determinado produto farmacêutico. Estabilidade Parâmetro Condições mantidas Químico Integridade química e da potência declarada, dentro dos limites especificados, para cada ingrediente ativo. Físico Propriedades físicas originais-solubilidade,aparência, etc. Microbiológico Esterilidade ou resistência ao crescimento microbiano Terapêutico O efeito terapêutico permanece inalterado. Toxicológico Não ocorre aumento significativo na toxicidade Estabilidade Fatores que influenciam: Fatores extrínsecos: luz, umidade, ar e temperatura. Fatores intrínsecos: propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de manufatura, tipos e propriedades do material de embalagem. Estabilidade Armazenamento Os medicamentos devem ser armazenados em locais que evitem sua deterioração pela luz, umidade e temperatura. Áreas de armazenamento possuem diferentes faixas de temperatura para manter os estoques de acordo com os requisitos de cada produto. A mesma substância pode ter diferentes temperaturas de armazenamento se produzidas por diferentes fabricantes. Estabilidade Embalagem Recipiente de acondicionamento compatível com a substância ativa e excipientes. Os componentes da embalagem podem interagir com o produto farmacêutico ocasionando instabilidade. O material de embalagem deve proteger o medicamento da umidade, ar e luz, a fim de manter sua estabilidade. Estabilidade Estabilidade – medicamentos fotossensíveis Ácido ascórbico Anfotericina B Naloxona Diazepam Dipirona Epinefrina Fentanila Fitomenadiona Furosemida Haloperidol Isoniazida Levomepromazina Metildopa Metronidazol Morfina Nifedipina Nitroglicerina Nitroprussiato de sódio Norepinefrina Omeprazol Paracetamol Pririmetamina Prometazina Rifampicina Polimixina B Complexo B Varfarina sódica Ampolas As soluções de uso injetável acondicionadas em ampolas são destinadas a dose única e estão prontas para serem injetadas. Podem ser diluídas em veículo apropriado. Após a abertura da ampola, não é mais possível manter o ambiente hermeticamente fechado e perde-se a estabilidade. O conteúdo não utilizado deve ser descartado, NÃO devendo ser guardado em seringas ou outro recipiente que possa vir a causar contaminação microbiológica. Frascos-ampola Os frasco-ampola ou recipientes tipo multidose possuem uma tampa de borracha, que permite vedação absoluta com o auxílio de um lacre de alumínio. Geralmente servem como forma de armazenamento de medicamentos em forma de pó liofilizado que precisam ser reconstituídos antes do uso. A qualidade da tampa deve ser tal que permita várias perfurações, com agulha de pequeno calibre, sem que haja alteração da solução quanto a sua concentração e esterilidade. Frascos-ampola Os medicamentos contidos em frasco-ampolas podem ser utilizados até seu término desde que mantidos em ambiente apropriado, conforme recomendação do fabricante. Promover adequada assepsia e secagem com gaze no ponto de introdução da agulha Não utilizar agulha de calibre tal que não permita posterior vedação da borracha Desprezar o produto se ocorrer qualquer alteração (escurecimento, turbidez, formação de precipitado, partículas estranhas etc.) ou após a perfuração da tampa de borracha Após o primeiro uso, deverá ser armazenado à temperatura adequada Reconstituição x diluição A reconstituição consiste em retornar um medicamento da forma de pó para sua original líquida. Adiciona-se água estéril, cloreto de sódio 0,9% ou glicose 5% ao recipiente contendo o pó. A diluição tem como objetivo alterar a concentração de um medicamento já em estado líquido, seja ele uma solução, suspensão ou um pó reconstituído. Fontes de informação: bula, tabelas de reconstituição/diluição (plano medicamentoso), bases científicas (Micromedex) Recomendações Todas as soluções injetáveis, antes de serem aplicadas, devem ser inspecionadas visualmente, para detecção de partículas ou alteração na cor. Caso se perceba alguma partícula estranha, deve-se desprezar o conteúdo. Em se tratando de alteração de cor, fontes bibliográficas específicas devem ser consultadas, para verificar se isto afeta a estabilidade do medicamento. Recomendações Com relação à estabilidade, cada substância varia de acordo com suas propriedades químicas e fisicoquímicas A estabilidade pós-reconstituição/diluição varia a depender do fabricante Cada fármaco deve ser tratado de forma isolada e fontes específicas de informação devem ser consultadas Recomendações Para armazenar medicamentos reconstituídos, deve-se identificar os frascos-ampola com: Nome do medicamento Responsável pela reconstituição Reconstituinte e volume Data e hora da reconstituição Sempre deve-se verificar se o reconstituinte/diluente prescrito são compatíveis com o medicamento prescrito Exemplo Solução reconstituída 23ml 20ml AD Piperacilina + Tazobactam 4,5ml Soro fisiológico 100ml Reconstituição Diluição Bolsa pronta para uso Medicamentos prontos para uso, armazenados em frascos/bolsas. Não necessitam de diluição, ou qualquer outro tipo de manipulação. Recomendações EVbolus Adm. Rápida Até 1 min EV rápido Infusão rápida 1 a 30 min EV lento Infusão lenta Entre 30 e 60 min EV contínuo Infusão lenta e contínua Acima de 60 min e cont. EV intermitente Infusão lenta Acima de 60 min e intervalada Recomendações Equivalências: 1 gota = 3 microgotas 1 mL = 20 gotas = 60 microgotas 1 microgota/minuto = 1mL/h Fórmula para cálculo de gotas: Nº de gotas/minuto = V÷(T x3) V = volume em mL T = tempo em horas 3 = constante Incompatibilidades Incompatibilidades Incompatibilidades Incompatibilidades Atenção! Atenção! Atenção! Atenção! MEROPENEM, CEFEPIME E PIPERACILINA+TAZOBACTAM: apresentam maior efetividade e melhor farmacocinética quando a velocidade de infusão for de 3 horas. Não precisam ser administrados em bomba de infusão contínua, basta um controle adequado do gotejamento. Considerando a diluição padrão de 100mL, deve-se administrar na velocidade de 11 gotas/minuto. Atenção! INSULINA EM BIC: A insulinoterapia endovenosa é recomendadapara pacientes críticos e deve ser feita com a INSULINA REGULAR. ORIENTAÇÕES PARA PREPARO E INFUSÃO EM BOMBA DE INFUSÃO CONTÍNUA (BIC): A solução de infusão deve ser constituída de 1 UI de insulina regular para cada mL de solução fisiológica a 0,9% (Ex: 50UI/50mL SF). A troca da solução deve ser feita a cada 24 horas. Sempre que a solução for trocada, descartar os primeiros 5mL (para saturar os locais de ligação de insulina no equipo). Atenção! OMEPRAZOL EM BIC: A administração de omeprazol por bomba de infusão deve ser feita somente com o omeprazol da marca CRISTÁLIA, único que tem estabilidade prevista em bula para ser diluído em soro fisiológico ORIENTAÇÕES PARA PREPARO E INFUSÃO: Dissolver em 100mL de solução fisiológica ou de glicose a 5%. Nenhuma outra solução para infusão intravenosa deve ser usada. A infusão deve ser administrada por um período não inferior a 20 - 30 minutos, podendo ser prolongada por até 12 horas, quando dissolvida em solução fisiológica, ou por até 6 horas, quando dissolvida em glicose. Não utilizar outros medicamentos na mesma solução. Atenção SORO FISIOLÓGICO 0,45%: Para fazer 500mL de Soro Fisiológico a 0,45%, deve-se adicionar 11,25mL de Soro fisiológico a 20% em um frasco de água destilada 500mL. > C1 x V1 = C2 x V2 20% x V1 = 0,45% x 500 V1 = 11,25ml *Deve-se retirar 11,25ml da solução de 500ml de água destilada antes de colocar a solução de cloreto de sódio a 20%. Atenção! HEPARINA EM BIC: A terapia intravenosa com heparina deve ser feita em bomba de infusão contínua. Diluentes: soro fisiológico a 0,9%, Ringer lactato ou soro glicosado a 5%. A estabilidade da solução é de 24 horas (em temperatura ambiente), porém, para assegurar a devida mistura e evitar a sedimentação do fármaco na solução, a bolsa deve ser invertida a cada 4 horas. NÃO AGITAR, APENAS INVERTER A BOLSA! Atenção! Atenção! Medicamentos via sonda Sonda enteral: é um dispositivo destinado a suprir necessidades nutricionais do paciente impossibilitado de ser alimentado por via oral. Utilizada também para a administração de medicamentos Medicamentos orais são prescritos e administrados com frequência via sonda enteral e ostomias. Medicamentos via sonda Certas formas farmacêuticas são incompatíveis com as técnicas de trituração ou dispersão demandadas no seu preparo. Comprimidos de liberação entérica: perde seu revestimento, que tem como objetivo proteger o fármaco do ácido gástrico. Comprimidos de liberação prolongada: liberação lenta e prolongada do fármaco no trato gastrointestinal. A trituração leva à liberação imediata e rápida do fármaco, podendo resultar em efeito tóxico. O revestimento presente nestes comprimidos pode ocasionar a obstrução das sondas. Medicamentos via sonda Recomendações: Verificar se os medicamentos prescritos e dispensados são compatíveis com a trituração e administração via sonda enteral. Triturar medicamentos sólidos separadamente até obter um pó fino e homogêneo. Solubilizar em água (10ml). Dois ou mais medicamentos prescritos para o mesmo horário devem ser administrados separadamente, sendo necessário lavar a sonda com 5 a 15 mL de água entre as administrações. Referências Manual Farmacêutico Hospital Albert Einstein. Link: https://aplicacoes.einstein.br/manualfarmaceutico/Paginas/Termos.aspx?filtro=Ta&itemID=165#detalheTermo Manual de diluição de medicamentos injetáveis Hospital Universitário Santa Maria. Link: http://linus.husm.ufsm.br/janela/manual-de-medicacao.pdf
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