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RESUMO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO P2 1. Jusnaturalismo xJuspositivismo > Distinções > Fases 2. Dir. Objetivo x Dir. Subjetivo > Teorias sobre fundamentação teórica ou teorias negacionistas > Definições 3. Fontes de direito > Formais, materiais (identificar) > Conceituação de cada tipo de fonte 4. Teoria da norma > norma jurídica x proposição jurídica > Características das normas > Relação entre fato externo e ato de significação 5. Questões dos seminários > Técnica interpretativa > Antinomias 1. Jusnaturalismo x Juspositivismo: Jusnaturalismo: Os seus fundamentos estão além do ordenamento Estatal; Os jusnaturalistas entendem, em regra, que esse fundamento é o próprio ideal de Justiça, que seria satisfeito sempre que o direito positivo estivesse em conformidade com o direito natural; A crença de que o direito natural é o fundamento último do direito e que, justamente por isso, deve instruir o direito estatal, positivado, dando-lhe, pois, plena validade e legitimidade. Antecede as normas escritas pelo Estado, surge pela vontade divina ou ainda da razão, seu ideal de justiça nasce de um conjunto de valores e pretensões humanas legítimas e não outorgadas pelo Estado; Há um conjunto de princípios éticos que transcende a formalidade textual e que algo só é justo se corroborarem com esses princípios. Fontes desse pensamento: 1. A natureza, principalmente a humana; 2. A vontade divina; 3. A razão; 4. O critério de justo varia dependendo da mentalidade e da moralidade de cada período histórico. Juspositivismo: Se contrapõe totalmente à teoria jusnaturalista; Nega a existência de qualquer outro direito que não aquele posto pelo Estado: o direito positivo, a norma jurídica; Aquilo que estiver previsto no ordenamento jurídico estatal é direito; Os juspositivistas defendem a tese de função diretiva, da norma posta como fonte única e primária do direito em que, o que é justo está escrito na lei concreta criada pelo Estado, desta feita seu sistema jurídico torna-se completo e autossuficiente; Não há mais necessidade de fundamentá-lo num alicerce Moral (valor de justiça, por exemplo), haja vista que, para ser válido, apenas precisa estar positivado, atendendo ao principio da legalidade; A relatividade dos valores morais impediria a construção de uma ciência com pretensões de universalidade; Os positivistas separam o valor moral e o conteúdo ideário de justiça reconhecendo como válido apenas o que é criado pelo Estado. As características fundamentais do positivismo jurídico podem ser resumidas em sete pontos ou problemas: 1. A abordagem do Direito pelo jurista, que deve considerá-lo como um fato, e não como um valor. 2. A definição do Direito, que deve se dar em função de sua coatividade (o poder de obrigar, se necessário pelo uso da força); 3. A questão fonte, onde a lei é a principal, no nosso sistema jurídico; 4. A Teoria da Norma, que a compreende como um comando de conduta dotado de imperatividade; 5. A Teoria do Ordenamento, que preconiza a consideração pelo Ordenamento Jurídico (estrutura), e não mais a norma tomada isoladamente. Leva em consideração a completude (ideia que o Ordenamento oferece todas as soluções jurídicas possíveis, ainda que implicitamente) e coerência (a impossibilidade de coexistência de normas contraditórias ou contrárias). 6. A Teoria da Interpretação, onde o papel do magistrado é o de declarar a norma pertinente ao caso e a partir desta julgá-lo, e não de criador do Direito (função legislativa); 7. A Teoria da Obediência, pela qual o Direito Objetivo deve ser respeitado (“Gesetz ist Gesetz”, ou seja, Lei é Lei). 3 principais teses positivistas: 1. Separação ente Direito e moralidade, quanto aos critérios de validade do próprio Direito – O próprio direito estabelece a sua validade. 2. A fonte do Direito (fundamento de origem e expressão) vem das estruturas juridicamente legitimadas a servirem como tal – Decorrem de fontes social e juridicamente autorizadas. 3. A Teoria do Direito deve ser descritiva – Ou seja, evitar juízos de valores, como dizer “como deve ser” o Direito. Apenas deve dizer o que é o Direito. Em relação a moral, o positivismo pode ser: 2. Direito Objetivo x Direito Subjetivo: 2.1. Direito Objetivo: Norma Agendi. Direito como “norma”, ou “conjunto de normas”. É o direito em si. Se põe como uma realidade independente da pessoa que o cria (legislador), o aplica (julgador) ou o conhece (também os demais cidadãos). É o direito posto, que pode ser escrito (lei) ou não (costume). Se apresenta – normas jurídicas – ordenamento jurídico. Ordenamento jurídico – totalidade de normas vigentes. Ordenamento – íntegro – sem lacunas - problemas decorrentes dos casos concretos encontrem fundamentação jurídica para a sua solução – completude - técnicas de integração normativa, como a analogia e a interpretação extensiva de normas. Ordenamento – coerente – técnicas de interpretação jurídica (hermenêutica jurídica são empregadas para afastar a antinomia (conflitos entre normas antagônicas) – fundamentar a escolha de um princípio em caso de conflito. 2.2. Direito Subjetivo: Facultas Agendi. Surgimento: Estado Moderno – afirmado historicamente.- Origens – Idade Média. Reconhecimento dos direitos do sujeito – antes da previsão legal ou criação do Estado – direito à vida, liberdade, propriedade, etc. Alguém que se encontre em uma situação fática prevista normativamente, de exigir e outro alguém aquilo que lhe é resistido ou violado. Miguel Reale - núcleo do conceito de direito subjetivo é a pretensão - a possibilidade da exigência, se resistida, ser apreciada em Juízo, ou seja, pelo Poder Judiciário. Miguel Reale – duplo momento para a realização – normativo: pretensão legal – garantia: “realizabilidade da pretensão, em concreto”, através do reconhecimento de sua pertinência, em sede de Juízo. Faculdade - é a possibilidade do exercício do direito subjetivo. Implica em um poder. Ex.: a venda, como faculdade de disposição do proprietário. Poder - embora necessário ao exercício do direito subjetivo, também o é para o exercício de um dever. É, portanto, um meio para a obtenção de um fim. Fundamentos teóricos: Definições: Disponíveis e indisponíveis: - Disponíveis: podem ser objeto de disposição pelo seu titular. - Indisponíveis - são os que o seu titular não pode dispor (abrir mão, renunciar, abandonar, alienar, etc.). Absolutos e relativos: - Absolutos: aqueles em que o seu titular pode exigir de qualquer um que os injustamente viole; oponíveis contra todos; (direito de propriedade, direitos personalíssimos, etc.). - Relativos: são oponíveis apenas contra certos sujeitos específicos de uma relação jurídica (oponibilidade inter partes), como ocorre com contratantes entre si. Patrimoniais e não-patrimoniais: - Patrimoniais: são os que apresentam conteúdo econômico, podendo compor o patrimônio de um sujeito de direito (propriedade, posse, títulos de crédito, etc.). - Não-patrimoniais: são aqueles que não apresentam conteúdo essencialmente econômico, mas traduzem valores que extrapolam o patrimônio do sujeito de direito (maioria dos direitos de família, direito da infanto-adolescência, direitos personalíssimos, etc.). Reais e pessoais: - Reais: são direitos (patrimoniais e absolutos) relacionados ao poder de seu titular (de usar, fruir, dispor e reivindicar) sobrecoisas suscetíveis de apropriação (posse, propriedade, vizinhança). - Pessoais: são direitos (patrimoniais e relativos) que dizem respeito ao vínculo entre credor e devedor acerca de uma determinada prestação de natureza econômica. 3. Fontes de Direito: É aquilo que origina ou produz o Direito, ou seja, sua origem é causa da norma jurídica. Materiais: são as que surgem da própria realidade social e dos valores que integram o comportamento a ser organizado pelo Estado. São as que dão origem ao direito. Ex.: Religião, Economia, Política. Diretas: correspondem às instituições elaboradoras do direito positivo, quais sejam: os Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo (em suma, o Estado) e a Sociedade. Indiretas: correspondem aos valores e aos fatores do direito. Fatores do direito: são os elementos que condicionam ou influem nos fenômenos sociais, induzindo a produção e as transformações no direito positivo. – naturais: aqueles determinados pelo reino da natureza, e que exercem um amplo condicionamento sobre o homem e a sociedade, como o território e sua geografia; o clima e os recursos naturais. – culturais: são os produzidos pelo homem, como a economia; ideologia; moral; tecnologia; educação; etc. Formais: são aquelas pelo qual o direito se manifesta. Ex.: Leis, costumes, etc. Fontes legislativas: norma jurídica escrita, não tendo esta origem nos negócios jurídicos advindos da autonomia privada (contratos, pactos e convenções). Fontes Consuetudinárias: prática social, reiterada e considerada socialmente obrigatória. Trata-se do costume. Fontes Convencionais: Podem ser escritas ou não; convenção das partes envolvidas em assuntos de natureza negocial; funcionam como uma pequena “lei” que obriga apenas os envolvidos no negócio jurídico. Ex.: contratos. Fontes Jurisprudenciais: decorrem das decisões reiteradas e uniformes dos Tribunais acerca de um determinado assunto ou de decisões dos Tribunais Superiores, com efeito vinculante ou de repercussão geral (efeito erga omnes). 4. Teoria da Norma: norma é um comando que regula procedimentos ou atos. 4.1. Norma jurídica x Proposição jurídica: Kelsen afirma que a proposição jurídica é uma descrição científica da norma jurídica. Uma norma jurídica é um enunciado de dever-ser acerca da conduta humana, tornando esta conduta obrigatória, permitida ou proibida. Uma norma jurídica não pode ser nem verdadeira nem falsa. Uma norma jurídica não se refere a fatos no mundo, e sim à valoração jurídica ou sentido jurídico atribuído a certos fatos. Já uma proposição jurídica é um enunciado sobre uma norma jurídica, um enunciado que pertence à ciência do direito e que descreve cientificamente o conteúdo de uma norma jurídica. Uma proposição jurídica se refere ao que diz uma norma jurídica. Ao contrário da norma jurídica, a proposição jurídica pode ser verdadeira ou falsa. Uma vez que a proposição jurídica se refere ao conteúdo de uma norma jurídica, ela tem um parâmetro em comparação com o qual ela pode ser verdadeira ou falsa, conforme seja bem ou malsucedida em descrever o conteúdo da norma em questão. Norma jurídica é um comando positivado pelo Estado; proposição jurídica, a estrutura lógica da norma. 4.2. Características das normas: Heteronomia: Significa que as regras jurídicas são impostas independentemente da vontade de seus destinatários. O indivíduo não cria o dever-ser, como acontece com a Moral autônoma. A regra jurídica não nasce na consciência individual, mas no seio da sociedade. Significa, portanto, que a norma parte não do próprio destinatário (autonomia), mas de um agente externo. 4.3. Relação entre fato externo e ato de significação: O ato de conduta é derivado das relações humanas e o ato jurídico é a significação jurídica que o ato recebe. A causalidade é que identifica o fato externo e basicamente o diferencia do ato jurídico, que não pode ser compreendido por aspectos físicos e químicos como a dureza e a cor, mas sim pela interpretação e compreensão. O ato jurídico dá sentido jurídico ao fato externo através de uma interpretação normativa, pois a interpretação causal consegue visualizar o fato externo, mas não consegue dar sua significação jurídica. O ato jurídico ocorre num dado fato externo (social) que inicialmente, tem uma significação própria e pode ser observado pelos sentidos, pois é perceptível no tempo e no espaço. O sentido jurídico específico, a sua particular significação jurídica, recebe-a o fato em questão por intermédio de uma norma que a ele se refere com o seu conteúdo, que lhe empresta a significação jurídica, por forma que o ato pode ser interpretado segundo esta norma. A norma funciona como esquema de interpretação (KELSEN, p.3). Kelsen afirma que o fato externo que, de acordo com seu sentido objetivo, constitui um ato jurídico (lícito ou ilícito), somente se realiza pela significação que o ato possui na esfera jurídica e não pela sua simples facticidade. Desta forma, a norma funciona como um esquema de interpretação. Nas palavras de Kelsen: “... o juízo em que se enuncia que um ato de conduta humana constitui um ato jurídico (ou antijurídico) é o resultado de uma interpretação específica, a saber, de uma interpretação normativa”. 5. Seminários 5.1. Técnica interpretativa: Gramatical ou literal (semântica ou filológica) - feita de acordo com as regras gramaticais e da linguística, examinando-se a literalidade do texto, observando a pontuação e o significado dos vocábulos (semântica); Lógica - examina-se a norma jurídica em conformidade com as regras da lógica, da razão e do bom senso; Lógico-sistemática - interpreta-se a norma jurídica em harmonia com o conjunto normativo em que está inserida, confrontando-a com outras normas presentes no ordenamento jurídico; Histórica - interpreta-se a norma jurídica levando em conta os fatos que antecederam o seu surgimento, as necessidades jurídicas e circunstâncias que provocaram a sua aprovação. Teleológica ou sociológica - analisa-se a finalidade da norma jurídica, ou seja, o fim que pretende alcançar. De acordo com o art. 5.º da LINDB, “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Frise-se que parte da doutrina distingue a interpretação teleológica da interpretação sociológica. A interpretação teleológica leva em conta a finalidade da norma jurídica, ou seja, os objetivos que ela pretende alcançar. A interpretação sociológica, por sua vez, refere-se aos fins sociais da norma jurídica, ou seja, procura interpretar a norma em conformidade com as necessidades da sociedade. Interpretação conforme a Constituição: decorrente da supremacia hierárquica das normas constitucionais (no caso das Constituições rígidas), bem como da presunção de constitucionalidade das leis. Desse modo, as leis e emendas constitucionais, quando permitirem interpretação em harmonia com a Constituição, não devem ser declaradas inconstitucionais. Se a norma jurídica apresentar diversas interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que esteja em consonância com a Constituição, evitando a declaração de sua inconstitucionalidade. Na atualidade, destaca-se que a interpretação da norma jurídica exige uma compreensão prévia de seus fins sociais, para que se possa determinar o seu verdadeiro sentido e alcance. A interpretação teleológica passa a enfocar que a finalidade da norma jurídica é o valor que ela como objetivo preservar ou garantir, levando-se em conta, ainda, a sua função no contexto global do Direito. Sustenta-se que “toda interpretação jurídica é de naturezateleológica (finalística) fundada na consistência axiológica (valorativa) do Direito”. Além disso, “toda interpretação jurídica dá-se numa estrutura de significações, e não de forma isolada”. O intérprete, assim, passa a desempenhar um “trabalho construtivo de natureza axiológica”, ao analisar o significado da norma jurídica, considerando as outras disposições do ordenamento, bem como os valores inseridos nas diversas normas jurídicas. Ademais, reconhece-se o caráter unitário da interpretação, em que todos os métodos se correlacionam. 5.2. Antinomias: Antinomia jurídica é a colidência de normas e princípios em um ordenamento jurídico. Também, antinomia jurídica pode ser considerada como “aquela situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento e tendo o mesmo âmbito de validade”, nas palavras de Norberto Bobbio. Para a ocorrência da antinomia são necessárias duas condições, a saber: 1. Que as duas normas devam pertencer ao mesmo ordenamento jurídico; e 2. Que as duas normas devam ter o mesmo âmbito de validade. Validade temporal - “É proibido fumar das cinco às sete” não é incompatível com: “É permitido fumar das sete às nove”.; Validade espacial - “É proibido fumar na sala de cinema” não é incompatível com “É permitido fumar na sala de espera”; Validade pessoal - “É proibido, aos menores de 18 anos, fumar” não é incompatível com “É permitido aos adultos fumar”; Validade material - “É proibido fumar charutos” não é incompatível com “É permitido fumar cigarros”. As regras fundamentais para a solução das antinomias são três: 1. o critério hierárquico: é aquele pelo qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente superior 2. o critério da especialidade: determina que na incompatibilidade de duas normas, deverá prevalecer a norma posterior. 3. o critério cronológico: informa que no caso de incompatibilidade normativa entre uma norma geral e uma especial, esta prevalece sobre aquela. A hierarquia entre as normas, prevalecendo a superior. A especialidade entre as normas, prevalecendo a especial. Se não há desigualdades em relação à hierarquia e a especialidade, a regra geral da cronologia prevalece. Ademais, havendo a possibilidade ou não de solução, conforme os meta-critérios de solução de conflito, é pertinente a seguinte visualização: 1. Antinomia aparente - situação em que há meta-critério para solução de conflito. 2. Antinomia real - situação em que não há meta-critério para solução de conflito, pelo menos inicial, dentro dos que foram anteriormente expostos. Classificação: