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Diferença entre soberania popular e absolutismo

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DIFERENÇA ENTRE SOBERANIA POPULAR E ABSOLUTISMO 
 
 
1 DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Introdução 
 
O presente trabalho tem por objetivo abordar sobre “A diferença entre Soberania Popular 
e Absolutismo”. O título deste trabalho justifica-se pelo facto de que a soberania estatal não se 
estabeleceu da forma como hoje a conhecemos, eis que experimentou inúmeros conceitos ao 
longo da história. 
 
Por primeiro, será analisado o Absolutismo. É certo que desde os tempos mais remotos a 
sociedade necessitou de uma forma de controle social, entretanto, a primeira concepção de 
soberania do Estado de que se tem notícia foi elaborada pelo jurista francês Jean Bodin, em sua 
obra Les six livres de la republique (Os seis livros da República), em 1576. Esse período ficou 
essencialmente marcado pelo absolutismo, que teve manifestações fortes em países como 
França e Inglaterra. 
 
A derrocada do Antigo Regime Absolutista se deu através de revoluções como a Gloriosa, 
ocorrida na Inglaterra em 1688, e que culminou com a Declaração de Direitos, e a Francesa, de 
1789, com o famoso lema “liberdade, igualdade e fraternidade.” Chega-se, desse modo, ao 
presente, com a ideia do contratualismo defendida pelo filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau, 
em seu célebre livro “O Contrato Social”. 
 
Nesse momento, a soberania saiu das mãos do monarca e passou para as mãos do povo, 
o que se conhece como soberania popular. É esse também o marco inicial da divisão do Estado 
em seus três poderes: Judiciário, Legislativo e Executivo, que antes se concentravam nas mãos 
do monarca. 
 
Ao decorrer do trabalho abordaremos mais de uma forma abrangida sobre absolutismo e 
a soberania popular. 
 
Espera-se que este singelo trabalho possa, de alguma forma, contribuir para a melhor 
compreensão do assunto abordado e pesquisado, formulando uma refutação coerente para a 
seguinte questão: Qual é a diferença entre a soberania popular e absolutismo? 
 
É o que passamos a investigar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIFERENÇA ENTRE SOBERANIA POPULAR E ABSOLUTISMO 
 
 
2 DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
Absolutismo 
 
O Absolutismo trata-se de um Estado forte, centralizado e duradouro que tomou a forma 
de monarquia nacional. A França foi o único país onde o absolutismo da Idade Moderna melhor 
se desenvolveu. O processo de formação do Estado centralizado francês teve início com os 
governantes capetíngios, no século X. Foi durante a crise sucessória capetíngia, de 1328, que a 
família Valois assumiu o trono francês, gerando confrontos e disputas com a Inglaterra. Com a 
Guerra dos Cem Anos esses confrontos foram interrompidos. 
Este sistema é originário das mudanças ocorridas no continente ao final da Idade Média, 
onde na maioria das regiões da Europa acontece o fenômeno da centralização política nas mãos 
do rei, auxiliado pela classe burguesa. Os comerciantes e financistas visavam vantagens 
econômicas, como por exemplo o fim de diversos impostos e taxas existentes em regiões de um 
mesmo país em mãos de líderes regionais diferentes. Por outro lado, o monarca naturalmente 
buscava um sistema de governo onde pudesse exercer o máximo de seu poder, sem interferência 
da igreja nem dos senhores locais. 
Deste modo, surge o absolutismo, onde o rei exerce o poder de forma indiscriminada, com 
mínima interferência de outros setores da sociedade, e a classe burguesa apoiadora do monarca 
poderá prosperar com a unificação do poder nas mãos de um indivíduo em que confiam e que 
os auxilia a manter um comércio de proporções nacionais (em certos casos, até internacionais). 
Além disso, os negociantes financiariam os diversos projetos do monarca, e em troca, 
conseguiriam participações substanciais nos negócios do Estado. 
Com o absolutismo o rei concentrava todos os poderes, criando leis sem aprovação da 
sociedade, além de impostos e demais tributos de acordo com a situação ou um novo projeto ou 
guerra que surgisse. Além disso, o monarca interferia em assuntos religiosos, em alguns casos 
controlando o clero de seu país. 
A nobreza que acompanhava o monarca era uma classe exclusivamente parasitária, 
geralmente vivendo na corte do rei, e não tendo ocupação definida, a não ser o apoio irrestrito 
ao rei e o controle militar de certa região a favor do monarca. Qualquer oposição oriunda das 
camadas mais populares podia ser violentamente reprimida pelas forças do rei. Note-se que 
absolutismo e despotismo, apesar de similares, diferem pelo fato de o absolutismo ter uma base 
teórica (Jean Bodin, Thomas Hobbes, Nicolau Maquiavel) e o despotismo ser uma espécie de 
corrupção do absolutismo, onde o monarca age deliberadamente sem qualquer preocupação 
teórica, social, política ou religiosa. 
A prática econômica predominante no período absolutista era a do mercantilismo. A 
característica marcante deste sistema é uma intervenção latente do Estado nos negócios 
financeiros, onde predominava a ideia de que o acúmulo de riquezas proporcionaria 
necessariamente um maior desenvolvimento do Estado. Esse acúmulo de riqueza traria prestígio, 
poder e respeito internacional. O sistema era marcado pela proteção alfandegária, taxando 
altamente os produtos estrangeiros, metalismo, ou seja, acumulação de metais preciosos, pacto 
colonial, onde as colônias eram fechadas ao comércio com outros países que não a metrópole, 
balança comercial favorável, e a industrialização do país. 
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3 DIREITO CONSTITUCIONAL 
Em grande parte dos países europeus, o sistema escolhido para substituir o Antigo Regime 
foi a República, com outros decidindo por manter a monarquia, mas agora atuando sob a tutela 
de um parlamento eleito popularmente e agindo sob a letra de uma Constituição. 
 
Muitas nações passaram por revoluções burguesas que puseram fim ao Regime 
Absolutista, como a França, com sua revolução de 1789. É importante lembrar que antes de 
serem derrubados pelas revoluções, muitos regimes absolutistas ainda tentaram, diante das 
críticas ao poder ilimitado do rei, reformar-se. Foi o chamado despotismo esclarecido. 
 
 
Poder Absoluto do Rei 
 
Regime absolutista - monarquia em que o rei tinha poderes ilimitados, absolutos. 
Contudo, não se deve confundir absolutismo com despotismo. Embora o conteúdo político de 
ambos seja o mesmo (isso é, o governante tem poderes ilimitados), apenas o absolutismo possui 
justificativas teóricas, formuladas à época de sua emergência, que o legitimam política e 
historicamente. 
Desde a Roma Antiga já existiam governantes com poderes absolutos (príncipe está isento 
da lei e o que apraz ao príncipe vigora como lei). Embora, na prática, tivessem poderes realmente 
ilimitados, ainda existia no Império Romano um arcabouço jurídico que, de certa forma, impunha 
restrições ao exercício absoluto do poder político. Pelo menos em tese, o governante era o 
primeiro cidadão, mas a res publica estava acima dele. 
Essa tradição chegou ao período medieval, quando sofreu uma inflexão que permitiu a 
emergência do absolutismo. Aos poucos, foi se consolidando uma versão que advogava pela 
superioridade (inclusive temporal) do governante, associando-o ao poder divino e, assim, 
eliminando quaisquer outros contra-poderes que limitassem seus desejos. Eis, então, o 
absolutismo, que se difere do simples despotismo pela sua historicidade, pelas ligações que 
mantém com um período específico da história ocidental - e da história europeia, em particular. 
 
Exemplos de Estados Absolutistas 
 
Ao longo da história, com a centralização do Estado Moderno, várias nações passaram a formar 
Estados Absolutistas. Eis alguns exemplos: 
 
França 
Considera-se a formação do Estado francês sob reinado dos reis Luís XIII (1610-1643) e do 
rei Luís XIV (1643-1715) durando até a Revolução Francesa, em 1789. 
Luís XIV limitou o poder da nobreza,
concentrou as decisões econômicas e de guerra em 
si e seus colaboradores mais próximos. 
Realizou uma política de alianças através de casamentos que garantiu sua influência em 
boa parte da Europa, fazendo a França ser o reino mais relevante no continente europeu. 
Este rei acreditava que somente "um rei, uma lei e uma religião" fariam prosperar a nação. 
Deste modo, inicia uma perseguição aos protestantes. 
 
 
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4 DIREITO CONSTITUCIONAL 
Inglaterra 
A Inglaterra passou um longo período de disputas internas devido às guerras religiosas, 
primeiro entre católicos e protestantes e, mais tarde, entre as várias correntes protestantes. 
Este fato foi decisivo para que o monarca concentrasse mais poder, em detrimento da 
nobreza. 
O grande exemplo de monarquia absolutista inglesa é o reinado de Henrique VIII (1509-
1547) e o de sua filha, a rainha Elizabeth I (1558-1603) quando uma nova religião foi estabelecida 
e o Parlamento foi enfraquecido. 
A fim de limitar o poder do soberano, o país entra em guerra e somente com a Revolução 
Gloriosa estabelece as bases da monarquia constitucional. 
 
Espanha 
Considera-se que a Espanha teve dois períodos de monarquia absoluta. 
Primeiro, durante o reinado dos reis católicos, Isabel e Fernando, no final do século XIV, 
até o reinado de Carlos IV, que durou de 1788 a 1808. Isabel de Castela e Fernando de Aragão 
governaram sem o auxílio do parlamento e sem nenhuma constituição. 
De todas as formas, Isabel e Fernando, deviam estar sempre atentos aos pedidos da 
nobreza tanto de Castela como de Aragão, de onde procediam respectivamente. 
O segundo período é o reinado de Fernando VII, de 1815 -1833, que aboliu a Constituição 
de 1812, restabeleceu a Inquisição e retirou alguns direitos da nobreza. 
 
Portugal 
O absolutismo em Portugal começou ao mesmo tempo que se iniciavam as Grandes 
Navegações. A prosperidade trazida com os novos produtos e os metais preciosos do Brasil foram 
fundamentais para enriquecer o rei. 
O reinado de Dom João V (1706-1750) é considerado o auge do estado absolutista 
português, pois este monarca centralizou na coroa todas as decisões importantes como a justiça, 
o exército e a economia. 
O absolutismo em Portugal duraria até a Revolução Liberal do Porto, em 1820, quando o 
rei Dom João VI (1816-1826) foi obrigado aceitar uma Constituição. 
 
O Direito Divino e o Estado Absolutista 
 
A teoria que embasava o absolutismo era o "Direito Divino". Idealizada pelo francês 
Jacques Bossuet (1627-1704), sua origem estava na Bíblia. 
Bossuet considera que o soberano é o próprio representante de Deus na Terra e por isso 
deve ser obedecido. Os súditos devem acatar suas ordens e não questioná-las. 
Por sua vez, o monarca deveria ser o melhor dos homens, cultivar a justiça e o bom 
governo. Bossuet argumentava que se o rei fosse criado dentro dos princípios religiosos 
necessariamente ele seria um bom governante, porque suas ações seriam sempre em beneficio 
dos súditos. 
 
 
 
 
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5 DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Teóricos do Absolutismo 
 
Jean Bodin: Todo aquele que não se submetesse á autoridade realmente seria 
considerado inimigo do Deus e do progresso social. Segundo Bodis, o rei devia possuir poder 
supremo sobre o súditos, sem restrições determinadas pelas leis. Essa é a teoria da origem divina 
do poder real. 
Jacques Bossuet: Bispo francês reforçou a teoria da origem divina do poder do rei. 
Segundo Bossuet, o rei era um homem predestinado por deus para subir ao trono e governar 
toda á sociedade. Por isso não deveria dar explicação a ninguém sobre suas atitudes. Só Deus 
poderia julgá-la. Bossuet criou uma frase que se tornou verdadeiro lema do Estado absolutista 
‘um rei, uma fé, uma lei’. 
O termo absolutismo era usado para designar o tipo de regime político em vigor, tendo se 
popularizado como expressão com algum sentido histórico apenas no final do século XVIII. 
Durante os séculos em que vigorou, foram vários os teóricos que deram sustentação ao 
poder absoluto dos reis, assim como os que criticaram o absolutismo. As guerras religiosas 
desempenharam um papel social importante para consolidar o arcabouço teórico sobre o qual 
se baseava o regime absolutista. Elementos herdados ainda do período medieval, como a grande 
presença da religião no debate político, também atuaram no mesmo sentido. 
Jean Bodin, considerado o primeiro teórico do absolutismo, publicou, em meados do 
século XVI, o seu Six Livres de la République, onde discutiu a questão da soberania. Segundo ele, 
a soberania era um poder indivisível. O rei, portanto, na qualidade de soberano, não poderia 
partilhar seu poder com ninguém, nem tampouco estar submetido a outra autoridade. Para 
Bodin, embora não se encontrasse submetido nem mesmo às próprias leis que formulava, o 
soberano estava abaixo da lei divina, numa concepção que misturava religião e política. 
Com seu Leviatã, publicado quase um século depois do livro de Bodin, Thomas Hobbes também 
deixou sua contribuição como teórico do absolutismo. Na visão de Hobbes, em seu estado de 
natureza e entregues ‘à própria sorte’, os homens ‘devorariam’ uns aos outros. Assim, por 
necessidade, fizeram entre si um contrato social que designou um soberano sobre todos os 
demais, tidos como súditos. A esse soberano - o rei absolutista, no caso - competiria garantir a 
paz interna e a defesa da nação. 
Outra obra marcante no pensamento político moderno é O Príncipe, de Nicolau 
Maquiavel, escrito no início do século 16. O Príncipe é um tratado político a respeito das 
estruturas do estado moderno. Nessa obra, Maquiavel discorre sobre vários temas, sempre 
abordando a maneira como o soberano - chamado de Príncipe - deve agir para manter seu reino. 
A esses pensadores se somaram outros, como Hugo Grócio, Jacques Bossuet e Robert 
Filmer, sustentando teoricamente um modelo de regime político que marcou a história europeia 
após o período medieval. 
Na França, os reis da Dinastia dos Capetíngios, que ascendera ao trono em 987, a princípio 
não impuseram uma autoridade forte sobre seus vassalos. Em 1066, um grande senhor francês, 
Guilherme, o Conquistador, duque da Normandia, apoderou-se da coroa da Inglaterra, depois de 
vencer o rei anglo-saxão Haroldo II. Esse acontecimento criou um paradoxo dentro da hierarquia 
feudal. Como rei da Inglaterra, Guilherme tornou-se suserano dos senhores ingleses. Mas, na 
qualidade de duque da Normandia, .continuava a ser vassalo do rei da França. 
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6 DIREITO CONSTITUCIONAL 
O processo de centralização do poder monárquico na França teve início com alguns reis 
da dinastia dos Capetos, que desde o séc. XIII tomaram medidas para a formação do estado 
francês. Entre essas medidas destacaram-se a substituição de obrigações feudais por tributos 
pago á coroa real a restrição da autoridade plena do papa sobre os sacerdotes franceses , a 
criação progressista de exército nacional subordinado ao rei, e a atribuição dada ao rei, de 
distribuir justiça entre os súditos. 
Foi, entretanto, durante a guerra dos cem anos (1337-1453), entre a França e Inglaterra, 
que cresceu o sentido nacional francês. Durante os longos anos da guerra, a nobreza feudal 
enfraqueceu-se enquanto o poder do rei foi aumentando. 
Depois desse conflito, os sucessivos monarcas franceses fortaleceram ainda mais o poder 
real. Mas no período em que vai de 1559 a 1589 autoridade do rei voltou a cair em consequência 
de guerras religiosas entre os grupos protestantes e católicos. 
Só Henrique IV (1589-1619), o rei francês alcançou a paz. Antigo líder protestante, 
Henrique IV converteu-se ao catolicismo, afirmando: Paris vale bem uma missa. Promulgado o 
Edito de Nantes
(1598), Henrique IV garantiu a liberdade de culto aos protestantes e passou a 
dirigir a obra de reconstrução político-economico da França. 
Luís XIV, conhecido como o Rei sol, tornou-se o símbolo supremo do absolutismo francês. A ele 
atribuiu a famosa frase (o Estado é meu). Revogou o Edito de Nantes, que concedia liberdade de 
culto aos protestantes. Essa intolerância religiosa provocou a saída de aproximadamente 500 mil 
protestantes do país, entre os quais ricos representantes da burguesia. Esse fato teve graves 
conseqüências para a economia francesa. E provocou sérias críticas da burguesia ao absolutismo 
monárquico. 
Luís XIV e Luís XVI, ambos deram continuidade ao regime absolutista. Em 1789, explodiu 
a Revolução Francesa, que pôs fim á monarquia absolutista. 
 
Características fundamentais das sociedades do Antigo Regime 
 
1. Centralização ilimitada do poder nas mãos dos monarcas 
 No Estado absolutista os monarcas tinham autonomia para dar ordens e tomar decisões 
sem ter que dar nenhum tipo de satisfação à corte ou a outros órgãos de soberania. 
Com o sistema de regime absolutista, os monarcas eram, inclusive, isentos de 
determinações criadas por leis, ou seja, tudo aquilo que eles próprios decidiam é que passava a 
vigorar. 
Alguns dos principais reis e rainhas absolutistas foram: 
• Elizabeth I: rainha da Inglaterra e da Irlanda de 1558 até 1603. 
• D. João V: rei de Portugal de 1707 até 1750. 
• Fernando VII: rei da Espanha de 1808 até 1833. 
• Fernando de Aragão e Isabel de Castela: reis da Espanha no século XVI. 
• Henrique VIII: rei da Inglaterra no século XVII. 
• Luís XIII: rei da França de 1610 até 1643. 
• Luís XIV: rei da França de 1643 até 1715. 
• Luís XV: rei da França de 1715 até 1774. 
• Luís XVI: rei da França de 1774 até 1789. 
• Nicolau II: rei da Rússia de 1894 até 1917. 
 
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2. Os monarcas tinham autonomia para inferir em assuntos religiosos 
 
A influência da monarquia tinha reflexo na opção religiosa da população: a religião 
escolhida pelos monarcas deveria ser a seguida pelos súditos. 
Nos locais onde eram permitidos cultos religiosos diferentes daqueles estabelecidos pelo 
rei ou pela rainha, os súditos eram considerados de segunda categoria. 
A igreja também foi diretamente impactada pelo absolutismo, visto que os monarcas 
eram responsáveis pelas nomeações aos cargos do alto clero. 
O absolutismo apresentava algumas particularidades consoante o local onde era aplicado. 
Na França, por exemplo, alguns teóricos, como Jacques Bossuet, consideravam que o poder dos 
monarcas era uma dádiva de Deus. Era como se os reis e rainhas fossem representantes de Deus 
na Terra e, por isso, os súditos devessem obedecê-los sem oferecer qualquer tipo de resistência 
e sem fazer questionamentos. 
Com base nessa ideia, os monarcas garantiam a sua soberania. 
 
3. Instituição de leis e decisões executivas sob controle monárquico 
 
O absolutismo monárquico concedia a reis e rainhas a possibilidade de criar leis sem que 
fosse necessária uma aprovação da sociedade. 
Essas leis geralmente priorizavam a própria monarquia e a nobreza. 
Os nobres foram bastante privilegiados durante o regime absolutista chegando até a 
mesmo a ter isenção de vários impostos e o poder de obter favores pessoais do rei. 
Os monarcas também tinham autonomia para criar tributações que financiassem suas 
guerras e seus projetos. 
 
4. O poder dos monarcas era hereditário 
 
Os monarcas absolutistas reinavam de forma vitalícia e à sua morte, o trono passava 
automaticamente a ser ocupado pelo seu descendente. 
Como o poder absolutista da monarquia era transmitido de geração em geração, ele se 
mantinha concentrado nas mesmas famílias e dinastias com o passar dos anos. 
Conheça alguns exemplos de monarquias absolutistas de sucessão hereditária do século XXI: 
• Estado do Catar: Sua Alteza Emir Tamim bin Hamad (início em 25 de junho de 2013). 
• Reino da Arábia Saudita: Sua Majestade Rei Salman bin Abdul‘aziz (início em 23 de janeiro 
de 2015). 
• Emirados Árabes Unidos: Sua Alteza Presidente Khalifa bin Zayed (início em 3 de 
novembro de 2004). 
Entenda o significado de dinastia. 
 
 
5. O mercantilismo foi o principal sistema econômico do absolutismo 
 
Esse sistema tinha como base a intervenção do Estado na economia do país. 
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A monarquia incentivava a exploração marítima e a ampliação do comércio por parte da 
burguesia, pois considerava que quanto maior fosse o acúmulo de metais preciosos (ouro e prata, 
principalmente) maior seria o desenvolvimento do país e o seu prestígio internacional. 
A burguesia, por sua vez, era a favor do poder do rei pois tinha consciência de que a 
ausência de unidades fiscais e monetárias não era benéfica para os seus negócios. Não havia uma 
moeda com um valor definido previamente e isso causava várias situações inesperadas e 
inoportunas no progresso das atividades comerciais. 
Por este motivo, os burgueses eram a favor de que fosse estabelecida uma autoridade que 
definisse determinados padrões. 
O mercantilismo aplicava taxas a produtos estrangeiros na alfândega, acumulava riquezas 
e incentivava o desenvolvimento industrial local para reduzir a necessidade de importação e 
consequentemente evitar a saída de capital. 
 
Soberania popular 
 
É comum em todas as nações democráticas. A soberania popular é uma doutrina que dá 
ao povo o controle da estruturação e organização do Estado, através da ideia do chamado 
"contrato social", onde o povo dá consentimento aos representantes escolhidos para que estes 
possam governar. 
Por norma, este poder é materializado na forma do voto direto, onde as pessoas têm o direito 
de eleger os representantes que atuarão nos diversos setores políticos do país. Todos os cidadãos 
também podem se candidatar para cargos políticos, desde que se encaixem nos padrões básicos 
estabelecidos pela Constituição para tal. 
 
Conforme já mencionado anteriormente, as concepções do suiço Jean-Jacques Rousseau, 
especialmente inseridas em sua obra Do Contrato Social, foram determinantes para a mudança 
do pensamento acerca do poder no século XVIII. 
 
Em primeiro lugar, é relevante asseverar que, para Rousseau, os homens viviam em um 
estado de natureza, onde cada um era responsável por seus atos e livre para perseguir seus 
objetivos do modo que melhor lhe aprouvesse. Evidente que prevalecia a vontade dos mais fortes 
sobre os mais fracos, e a justiça era feita à maneira que cada um entendesse como a correta. 
 
Sobre esse tipo de sociedade primitiva, Rousseau afirma em seu livro: 
 
Essa liberdade comum é uma consequência da natureza do homem. Sua primeira lei 
consiste em proteger a própria conservação, seus primeiros cuidados os devidos a si mesmo, e 
tão logo se encontre o homem na idade da razão, sendo o único juiz dos meios apropriados à sua 
conservação, torna-se por si o seu próprio senhor. 
 
Assim, a indagação torna-se inevitável: um grupo social baseado somente na força, sem 
nenhuma forma de controle eficaz é viável? A réplica nos salta à vista: não. Provavelmente seus 
membros acabariam em uma disputa contínua, onde matariam uns aos outros. 
 
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 A solução proposta por Rousseau está no contrato social, onde cada pessoa deve 
renunciar a uma parcela de seu arbítrio, de sua liberdade em prol de um ente que se denomina 
Estado, que seria o garantidor da segurança e da paz social. Sobre esse pacto, Rousseau destaca: 
 
Cada um de nós põe em comum sua pessoa e toda a sua autoridade sob o supremo 
comando da vontade geral, e recebemos em conjunto cada membro como parte indivisível do
todo. 
 
Isso significa dizer que do estado de natureza é deixado para trás dando lugar ao estado 
civil. O Estado fica responsável pela ordem social através de seus três poderes, Legislativo, 
Executivo e Judiciário, que antes estavam concentrados somente na figura do monarca e agora 
são independentes e harmônicos entre si. 
 
Esse sistema se distingue do absolutismo, pois a soberania não pode ser exclusiva do rei 
e de seus desejos, ela agora tem como titular o povo, sendo a vontade geral a formar um todo 
único, indivisível e inalienável. Por isso nosso regime atende pela nomenclatura de soberania 
popular. Sobre o tema, eis mais uma brilhante lição do filósofo suíço: 
 
Tão logo se encontre a multidão reunida em um corpo, não se pode ofender um dos 
membros sem atacar o corpo, menos ainda ofender o corpo sem que os membros disso se 
ressintam. Assim, o dever e o interesse obrigam igualmente as duas partes contratantes a se 
auxiliarem de forma recíproca, e os próprios homens devem procurar reunir sob essa dupla 
relação todas as vantagens que disso dependem.[5] 
 
As contribuições do pensador Jean-Jacques Rousseau para o desenvolvimento do conceito 
de soberania são de indiscutível valor, e até hoje estudadas e debatidas. Todavia, profundas 
mudanças ocorreram do mundo e nas relações entre os Estados desde o século XVIII. 
 
Ao tratar do terceiro setor e de sua importância, torna-se fundamental esclarecer os 
aspectos históricos que desencadearam tal movimento. Após a queda do absolutismo, os 
membros da sociedade se viram livres das amarras que o aprisionavam a um Estado 
absolutamente opressor. Essa liberdade significava total independência para perseguir seus 
objetivos, utilizando-se dos meios que estivessem à sua disposição. 
 
O Estado deveria interferir o mínimo possível na vida dos cidadãos, garantindo apenas a 
liberdade e a igualdade, ideologia essa que foi chamada de liberalismo, caracterizando assim o 
Estado Liberal. Entretanto, apesar de propagar os dois princípios supracitados como base de um 
governo que pretendia ser justo, não foi isso o que a experiência mostrou. 
 
Se na teoria a todos era assegurado liberdade e igualdade para a persecução de suas 
metas, na prática não havia equidade de oportunidades para todos, de modo que livres e iguais 
eram apenas os pertencentes à classe burguesa, que passou a dominar o mercado sem qualquer 
regulamentação estatal. 
 
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A existência de uma economia que visava somente o lucro, sem qualquer preocupação 
com a seara social começou a agravar problemas como a pobreza e a desigualdade, pois tornou-
se um fim em si mesma. Foi então que o Estado Liberal entrou em crise e cedeu lugar ao Estado 
de Bem-Estar Social, logo na primeira metade do século XX. 
 
O Estado de Bem-Estar Social se caracterizava pela intervenção estatal e por uma postura 
paternalista em relação a seus administrados, que tinham direito a um conjunto de serviços tais 
como saúde, educação e trabalho. Muitos países conseguem manter, até os dias de hoje, esse 
modelo de governo, como por exemplo, Suíça e Suécia. 
 
 
As entidades do terceiro setor têm, ao lado do governo, prestados serviços e ajudado a 
atender as carências sociais. Há uma crescente descentralização do poder estatal, já que outros 
órgãos têm desempenhado funções nas áreas em que antes somente o governo atuava. 
 
O principio da soberania popular 
 
Transporta sempre várias dimensões historicamente sedimentadas: o domínio político – 
o domínio de homens sobre homens – não é um domínio pressuposto e aceite; carece de uma 
justificação quanto à sua origem, isto é, precisa de legitimação; a legitimação do domínio político 
só pode derivar do próprio povo e não de qualquer outra instância «fora» do povo real (ordem 
divina, ordem natural, ordem hereditária, ordem democrática); o povo é, ele mesmo, o titular da 
soberania ou do poder, o que significa; de forma negativa, o poder do povo distingue-se de outra 
formas de domínio «não popular» (monarca, classe, carta); de forma positiva, a necessidade de 
uma legitimação democrática efectiva para o exercício do poder (o poder e exercício do poder 
derivam concretamente do povo), pois o povo é o titular e o ponto de referência dessa mesma 
legitimação – ela vem do povo e a este se deve reconduzir; a soberania popular – o povo, a 
vontade do povo e a formação da vontade política do povo – existe, é eficaz e vinculativa no 
âmbito de uma ordem constitucional materialmente informada pelos princípios da liberdade 
política, da igualdade dos cidadãos, de organização plural de interesses politicamente relevantes, 
e procedimentalmente dotada de instrumentos garantidores da operacionalidade prática deste 
principio. 
A constituição, material, formal e procedimentalmente legitimada, fornece plano da 
construção organizatória da democracia, pois é ela que determina os pressupostos e os 
procedimentos segundo os quais as decisões e as manifestações de vontade do povo são jurídica 
e politicamente relevantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Conclusão 
 
Neste presente trabalho, o grupo conclui que o Absolutismo se trata de um Estado forte, 
centralizado e duradouro que tomou a forma de monarquia nacional. Há alguns séculos ela se 
concentrava unicamente na figura do monarca, sendo incondicional e ilimitada. O rei teria sido 
escolhido por uma ordem divina e superior para exercer tal função. 
A soberania popular é uma doutrina que dá ao povo o controle da estruturação e 
organização do Estado, através da ideia do chamado "Contrato Social", onde o povo dá 
consentimento aos representantes escolhidos para que estes possam governar. 
 
Foi o Contrato Social, obra-prima de Rousseau, que modificou esse panorama. 
 
Com a teoria do estudioso suíço, o poder saiu das mãos do rei e passou a ser exercido pelo 
povo, o que se conhece como a soberania popular. Os membros da sociedade abandonam o 
estado de natureza e a possibilidade de realizar sua própria justiça em prol de uma entidade que 
deverá fazê-la. A vontade da maioria torna-se um corpo indivisível, constituído de três poderes: 
Legislativo, Executivo e Judiciário. Estamos diante do Estado Moderno. 
 
O mundo foi tomado por marcantes alterações nas últimas décadas, especialmente pela 
expansão comercial e os avanços tecnológicos. Os países estão cada vez mais integrados e a 
constituição de uma ordem jurídica internacional é imprescindível para que haja regulamentação 
das relações existentes entre os Estados, para conferir a estas, equilíbrio e solidez. 
 
Após o explanado nos tópicos deste artigo, é que a soberania do Estado não se extinguiu, 
tampouco foi enfraquecida. Foi apenas redesenhada para acompanhar as alterações, seja em 
âmbito nacional, seja na área internacional. Continua tendo como seu titular o povo, mas deve 
sempre se harmonizar com a realidade a fim de promover desenvolvimento e bem-estar deste. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIFERENÇA ENTRE SOBERANIA POPULAR E ABSOLUTISMO 
 
 
12 DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
 
BODIN, Jean apud CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos 
dias. 
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Tradução de Rolando Roque da Silva. 
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Op. Cit., p. 25/26. 
ROUSSSEAU, Jean-Jacques, Op. Cit., 28. 
HOBBES, Thomas. Leviatã ou Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Tradução 
de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva.

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