Prévia do material em texto
O Desenho Industrial ( DI), Design no Brasil. O ideal modernista brasileiro começo a ser discutido em nosso país a partir da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo. Segundo seus idealizadores era necessário romper com os antigos ideais estéticos vigentes até então no cenário cultural brasileiro. A partir dessa data,1922, o ideal nacionalista passou a fazer parte dos objetivos das elites culturais brasileiras, principalmente da elite paulista. Busca de uma identidade nacional, nas artes e na construção da cultura material brasileira. Os pensadores da Semana de Arte Moderna de 1922, tinham ideais de reestruturação, liberdade e inovação. Nos anos 50 São Paulo já era o estado mais industrializado. Membros da elite cultural paulistana já haviam percebido a necessidade de formar aqui designers profissionais que fossem capazes de entender o sistema industrial brasileiro. A construção de Brasília e os ideais desenvolvimentistas de Jucelino, também influenciam nossas elites, rumo a modernidade. GM do Brasil: fundada em 26 de janeiro de 1925, quando montava veículos importados em galpões alugados no Bairro do Ipiranga na capital paulista. A marca de cigarros Guanabara apelou ao sentimento nacionalista dos trabalhadores brasileiros, propondo o incentivo da indústria local: ‘Incentivae a industria nacional tornando-vos seus consumidores. Orgulhai-vos de vossas nobres mãos calosas cooperadoras da grandeza do nosso Brasil! Fumae o mais brasileiro de todos os cigarros’. Segundo Niemeyer (2000): a classe burguesa em ascensão estava ansiosa pela modernidade. Exemplo foi a idealização do MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), fundado em 1947. Chateaubriand contratou o marchand italiano Pietro Maria Bardi para ajudá-lo na aquisição das obras. A esposa de Petro, a arquiteta Lina Bo Bardi foi a responsável pela orientação do projeto da nova sede do museu na Av. Paulista no ano de 1968. Iniciativas brasileiras. SP: IAC – Instituto de Arte Contemporânea. Em 1951 foi criado, por meio do MASP (Museu de Arte de São Paulo), o IAC (Instituto de Arte Contemporânea). Este pode ser considerado a semente do ensino do design no Brasil, pois seu objetivo era preparar profissionais para atuar na emergente indústria nacional. (...) a escola visava formar jovens que se dedicassem à arte industrial e mostrassem capacidade de desenhar objetos cujas formas que correspondessem ao progresso e à mentalidade do momento (ITAU, 2006). Alunos: nomes como Alexandre Wollner, Almir Mavigner, Mary Vieira. Professores: Flavio Motta, Roberto Sambonet e Max Bill. Forminform ( 1958/1968) fundado pelos artistas Geraldo de Barros e Ruben Martins. Primeiro escritório brasileiro de design. Conta com a participação de Alexandre Wollner. Devido a falta de recursos financeiros, as atividades do IAC aconteceram apenas por 03 anos. “Nove anos depois, em 1962, a faculdade de arquitetura da Universidade de São Paulo (FAU – USP) criou uma série de novas disciplinas, como Desenho Industrial e comunicação visual, entendendo essas áreas como domínio de formação dos arquitetos (BONSIEPE; FERNÁNDEZ, 2008, P.70) Iniciativas brasileiras. RJ: ETC – Escola Técnica de Criação. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro foi fundado em 1948 por iniciativa de um grupo de empresários e membros da alta burguesia, que ansiava pela criação de um centro de ensino alternativo para ensino da arte. ETC. Proposta de Max Bill, que sugeriu em1953 algumas alterações no projeto do MAM para que este pudesse oferecer também uma escola de design nos mesmos moldes da Escola de Ulm, que teria como objetivo desenvolvernos alunos qualidades artísticas que pudessem atender aos problemas e necessidades da época. Projeto estrutura curricular de ensino da escola foram elaborados por Tomás Maldonado. Em função de não haver recursos financeiros suficientes para a implantação do curso. O projeto da escola do MAM não vingou. Serviu de base para a criação da ESDI. IBA – Instituto de Belas Artes. Tentativa de Carlos Lacerda de criar um curso de Desenho Industrial no IBA. Justificativa maior para a criação do curso de desenho industrial no IBA era a formação de profissionais que seriam necessários na evolução do processo de industrialização programado pelo então governo. GT criado pelo governador aponta em seus relatórios pontos negativos: -O fato de já ter previsto no MAM o ensino de Desenho Industrial, porém agora o museu não demonstrou mais interesse. - A falta de participação e comunicação com os setores produtivos; Curso é acomodado em um prédio estadual, em estado lastimável. “ A instalação do curso de design oportunizou e incentivou a formação de designers no Brasil,(...) sem uma articulação efetiva com a realidade e a perspectiva social e econômica do Brasil (NIEMEYER,2000). DESENHO INDUSTRIAL (DI) No Brasil. O termo é novo enquanto área do conhecimento, mais ainda enquanto área do ensino . Bauhaus (1919/1933). No Brasil o ensino do Design, ou seja, a profissionalização do Design teve início na década de 60 com a graduação de Desenho Industrial na ESDI, no Rio de Janeiro. O nome Design só foi adotado nos anos 80. * Hoje a maiorias das instituições de ensino, privadas e públicas, adota essa nomenclatura. ESDI Escola Superior de Desenho Industrial. 1962. UERG - Rio de Janeiro A criação da ESDI pode ser vista como decorrência de uma série de fatores políticos, econômicos e sociais, porém, de forma simplificada, está diretamente ligada à ideologia nacional-desenvolvimentista dos anos 1950, época inserida em um universo de crenças modernistas. Projeto baseado na Escola da Boa Forma de Ulm. Bill e Maldonado. Funcionalismo como parte principal da metodologia projetual. Hoje ligada a UERG. Entre seus primeiros professores estão nomes importantes para o Design Brasileiro: Aloísio Magalhães e Alexandre Wollner. Aloísio Barbosa Magalhães Pernambuco1927, + Itália 1986. Foi pintor, gravurista , cenógrafo, figurinista e designer. Formou-se em direito pela UFP. Com bolsa do governo francês, vai para Paris, entre 1951 e 1953 para estudar. Em 1963, colabora na criação da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), onde leciona comunicação visual. No ano de 1964 cria o símbolo do 4º Centenário do Rio de Janeiro, seu primeiro trabalho de grande repercussão pública. E pelo prestigio ganho, no ano seguinte é o criador do símbolo da Fundação Bienal de São Paulo. Desde 1966, desenvolve desenhos para notas e moedas brasileiras. Em 1979, é nomeado diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e no ano seguinte presidente da Fundação Nacional Pró-Memória, quando inicia campanha pela preservação do patrimônio histórico brasileiro. Alexandre Wollner (São Paulo SP 1928). Designer gráfico. Inicia seus estudos no curso de design visual do Instituto de Arte Contemporânea - IAC, criado noMASP. Em 1953 é selecionado por Max Bill para estudar na Hochschule für Gestaltung [Escola Superior da Forma] em Ulm, Alemanha, onde permanece entre 1954 e 1958. Ao retornar ao Brasil, inaugura, com Geraldo de Barros, e outros, o Form-Inform, o primeiro escritório de design do país. Em 1963, participa da estruturação e criação da Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI, no Rio de Janeiro, a primeira instituição de design de nível superior no país. Na década de 1960, abre o próprio escritório de programação visual, onde desenvolve logotipos para grandes empresas. Em Ulm estudou na primeira turma. Foi aluno de Josef Albers, Johannes Itten,Max Bill, Otl Aicher, Tomás Maldonado, entre outros. No IAC Sambonet, desenvolveu algumas experiências que contribuíram para a sua trajetória no campo do design, como o trabalho realizado em conjunto por artistas e alunos para o projeto da Moda Brasileira, uma moda adequada às características locais com desenho e corte moderno. Sob a coordenação de Luiza Sambonet, foram produzidos tecidos, vestidos e assessórios a partir de experimentos com materiais e motivos populares brasileiros. Sambonet desenhou modelose estampas, além de assessórios como chapéus, sapatos e botões. Klara Hartoch cuidou do desenho das padronagens e da tecelagem em seu ateliê. Roberto Burle Marx, Carybé, Lilli Correa de Araujo desenharam estampas e Lina Bo Bardi desenhou jóias com pedras brasi leiras. Os tecidos foram idealizados, confeccionados e pintados nos ateliês do IAC pelos artistas e alunos com apoio de indústrias têxteis de São Paulo. O projeto da Moda Brasileira resultou em um desfile realizado em Novembro de 1952 na Pinacoteca do MASP, contando com cerca de 50 peças confeccionadas nos ateliês do museu. Para o lançamento dessa experiência, Sambonet criou o cartaz para o desfile e produziu vitrines para o Mappin utilizando-se de reproduções de peças do acervo e do mobiliário desenhado por Lina para o MASP. Design Italiano Um clima contestador passou a fazer parte da vida e do cotidiano mundial das pessoas a partir dos anos 60. Como exemplo temos os movimentos de contracultura. Itália Na Itália surge o estilo conhecido como Bel Design ou Made in Italy: “ design de procedimento, de intuição, de idealização e de imaginação artística, que não se prende a aspectos objetivos do tecnicismo, do funcionalismo e da ergonomia (...). O Design italiano se caracterizou por: a) Ser um design de protagonistas, ou seja, com personalidades distintas e poética própria. b) Ser um design icônico c) E pela opção de grandes industriais escolherem o design como sendo o aspecto mais significativo da sua política industrial. A questão do país ter tantos designers reconhecidos internacionalmente talvez se deva ao fato de em épocas anteriores a Itália ser um país de supremacia em áreas como a arquitetura, pintura e escultura. Segundo Moraes ( 1999), na lista da primeira geração de importantes designers italianos, encontramos: Marcello Nizzoli; Bruno Munari; Achille Castiglioni, entre outros. Marcello Nizzoli trabalhou para aOlivetti. Exemplos: Máquina de calcular Olivetti, 1949. Máquina de escrever Olivetti, 1950. Telefone, Safnat 1958. Bruno Munari Nasceu em Milão 1927. Designer que teve grande reconhecimento através da publicação de seus livros onde aborda temas como arte e design. Fez parte do movimento Futurista italiano. Tinha fortes tendências surrealistas em seus trabalhos. Entre seus livros estão os conhecidos: Das Coisas Nascem Coisas; Design e Comunicação Visual. Fantasia; Artista e Designer; Arte como Ofício. Livros para crianças: “Proibido não tocar”. Livros que trabalhavam a perceptividade sensorial das crianças. Achille Castiglioni: Rádio Toca discos RR136, 1965. Arco Lamp, 1962. Joy Rotating Self, 1989. Banco Mezzandro, 1957. Na segunda geração de importantes designers italianos temos os nomes: Roberto Sambonet; Marco Zanuzzo e também Achille Castiglion. Outra questão importante para o Design Italiano foi a criação , em 1923 da Bienal Internacional de Arte Decorativa de Monza, que em 1930, se transformou na Trienal Internacional de Arte Decorativa e Industrial de Milão. E o prêmio Compasso D’Oro, destacando indústria e designers que desenvolveram projetos relevantes para a indústria nacional. O design italiano foi um design de ícones, sempre ao experimentalismo, questionamento e reflexões. Na Itália ocorreu também um grande número de publicações, sempre renovando as discussões sobre design, o que também colaborou co o surgimento de novos estudiosos do design como: Giulio Carlo Argan, Ezio Manzini, Bruno Munari, Andrea Branzi e Vittorio Gregotti. Assim ocorreu a crítica ao estilo moderno,a alta tecnologia e ao conformismo com a estética da produção em série, renovando a forma de se ver, pensar e produzir objetos de design.