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SPDA – Sistema de Proteção contra descargas atmosféricas Marcus Vinicius V. C Souza O que é um raio? Raio ou descarga elétrica atmosférica (DEA) é uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera, entre regiões eletricamente carregadas, e pode dar-se tanto no interior de uma nuvem (intranuvem), como entre nuvens (internuvens) ou entre uma nuvem e a terra (nuvem-solo). O raio vem sempre acompanhado do relâmpago (emissão intensa de radiação eletromagnética, a qual possui componentes na faixa visível do espectro), e do trovão (som estrondoso), além de outros fenômenos associados. Índices de Descarga Atmosférica no Brasil Levantamento inédito realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revela valores mais precisos da incidência de raios no país. Nos últimos seis anos, o número médio anual de raios no Brasil foi de 77,8 milhões. Este valor é bem superior ao obtido no levantamento realizado em 2002, que apontava cerca de 55 milhões de raios. O Brasil é líder mundial na incidência deste fenômeno, que provocou a morte de 1.790 pessoas entre 2000 e 2014, segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A cada 50 mortes por raio no mundo, uma acontece no Brasil. Mapa isoceraúnico Densidade de descargas elétricas Densidade de descargas elétricas Danos causados por raios Norma (NBR 5419) Risco da exposição Riscos a serem avaliados em uma estrutura: R1: risco de perda de vida humana R2: risco de perda de instalação de serviço ao público R3: risco de perda de memória cultural R4: risco de perda de valor econômico Planilhas e Softwares Software: QiSPDA Planilha: SPDA - Planilha de Gerenciamento de Riscos - NBR 5419:2015 (INSTRUTOR : Eng. Pablo Guimarães) Níveis de proteção: Nivel l: Nível de proteção mais rigoroso e seguro. Usado em estruturas de serviço estratégicos ou que apresentam risco para os arredores. Nivel II: edificação com bens de grande valor ou que abriga um grande número de pessoas. Não representa risco para estruturas adjacentes. Nivel III: Edificação de uso comum. Nivel IV: Nivel de proteção mais baixo. Usado em estruturas ocupadas por pessoas e que não armazenam material combustível. Eficiência: Método de Franklin Este método se baseia no uso de captores pontiagudos colocados em mastros verticais para se aproveitar os efeitos das pontas, quanto maior a altura maior o volume protegido, volume este que tem a forma de um cone formado pelo triangulo retângulo girado em torno do mastro. Método de Franklin No caso de condutores horizontais suportados por hastes verticais, será obtido pelo deslocamento horizontal do cone de proteção desde a posição de uma haste até a posição da outra haste. Método de Franklin A linha curva entre h1 e h2 tem forma de parábola e, assim, a equação genérica da sua altura h em relação ao solo será: h = ax² + bx + c onde x é a distância horizontal em relação a h1. E os coeficientes são dados por: a = (h2-h1)d**2 + raiz_q (3) / 3d b = -raiz_q(3) / 3 c = h1 onde raiz_q: raiz quadrada Método de Franklin O ângulo de proteção e o raio de esfera admitido pela norma NBR5419 é: Método da Gaiola de Faraday Este método consiste em instalar um sistema de captores formado por condutores horizontais interligados em forma de malha, quanto menor for a distancia entre os condutores da malha melhor será a proteção obtida. Dimensões fixadas pela norma NBR5419: Método da Gaiola de Faraday É prática se utilizar ainda pequenos captores Verticais, com 30 a 50 cm de altura, separados por uma distancia de 5 a 8 mts ao longo dos condutores da malha, isto se originou da norma inglesa BS 6651. É bom lembrar que não se deve colocar condutores elétricos paralelos aos condutores da malha na parte interior da estrutura e próximo aos mesmos. Método da Gaiola de Faraday Volume protegido por malha 5X10 em método Faraday. Captores naturais Qualquer elemento condutor exposto, que possa ser atingido por uma DA. coberturas metálicas sobre o volume a ser protegido; mastros ou outros elementos salientes nas coberturas; calhas de recolhimento de águas pluviais; estruturas metálicas de suporte de envidraçados; tanques metálicos; tubulações metálicas, exceto gás; armaduras de aço interligadas das estruturas de concreto armado. Observação: espessura do material não deve ser menor do que 0,5mm Descidas O sistema de descida SPDA tem como objetivo levar a corrente de descarga elétrica ao aterramento, pois, o sistema completo do SPDA se divide partes: a primeira é a captação da descarga elétrica pela antena, esta por sua vez o direciona ao aterramento pelos fios condutores. Esse sistema de descida pode ser realizado com fios de aço ou alumínio, que chegam até o aterramento e assim, liberado no solo. Cada detalhe desse procedimento deve ser projetado e respeitando às normas da ABNT para que não ocorram acidentes. Indutância dos Condutores Indutância é a propriedade de um condutor que permite o armazenamento de energia em um campo magnético. Campo Magnético: diretamente proporcional a corrente e inversamente proporcional a distância. di/dt (DA)=kA/µs L=2,5µH/m ∴Tensão gerada = kV/m A indutância será menor quanto maior for a relação entre a largura e a espessura. Condutores de descida distância dos condutores de descida e as instalações metálicas não deve ser inferior a 2m; condutores de descida não naturais devem ser interligados através de condutores horizontais formando anéis; devem ser instalados a uma distância mínima de 0,5m de portas, janelas e outras aberturas; devem ser fixados a cada metro de percurso. Condutores de descida paredes de material não inflamável d=0 ou embutidos; paredes de material inflamável d=10cm; não é permitido nenhum tipo de emenda; devem possuir proteção mecânica de 2,5m acima do nível do solo; construções com concreto protendido Cabos não podem fazer parte do SPDA; construções em concreto armado armaduras podem ser utilizadas como descidas, desde que apresentem valores inferiores a 1Ω. Eletrodos Naturais armaduras de aço 50% de seus cruzamentos amarrados com arame recozido ou soldados; construções em alvenaria barras de aço com diâmetro mínimo de 8mm; as armaduras das fundações devem ser interligadas com as armaduras dos pilares das estruturas. Conexões devem ser as mínimas possíveis; soldas exotérmicas ou elétricas, conectores de pressão ou parafusos; devem ser compatíveis com esforços térmicos e mecânicos; conexões embutidas no solo devem ser protegidas contra corrosão através da instalação de caixa de inspeção; Materiais Equalização de potencial Nas descidas, anéis de cintamento e aterramento foram já mencionadas as equalizações de potenciais externos. Vamos agora abordar as equalizações de potenciais internos, ou seja a equalização dos potenciais de todas as estruturas e massas metálicas que poderão provocar acidentes pessoais, faíscamentos ou explosões. - No nível do solo e dos anéis de cintamento, deverão ser equalizados os aterramentos do neutro da concessionária elétrica ,do terra da concessionária de telefonia, outros terras de eletrônicos e de elevadores (inclusive trilhos metálicos), tubulações metálicas de incêndio e gás (inclusive o piso da casa de gás quando houver), tubulações metálicas de água, recalque,etc. Equalização de potencial Para tal deverá ser denido uma posição estratégica para instalação de uma caixa de equalização de potenciais principal (TAP) que deverá ser interligada à malha de aterramento. No nível dos anéis deverão ser instaladas outras caixas de equalização secundárias, conectadas às ferragens estruturais, e interligadas através de um condutor vertical conectado à caixa de aterramento principal. - A ligação da caixa de equalização bem como as tubulações metálicas poderão ser executadas antes da execução do contra-piso dos apartamentos localizados nos níveis dos anéis de cintamento. A amarração das diferentes tubulações metálicas poderá ser executada por ta perfurada niquelada (bimetálica) que possibilita a conexão com diferentes tipos de metais e diâmetros variados, diminuindo também a indutância do condutor devido à sua superfície chata. Inspeção O item 7 da NBR 5419-3:2015 trás as recomendações para a inspeção do SPDA e tem como objetivo: a) o SPDA esteja conforme projeto baseado nesta Norma; b) todos os componentes do SPDA estão em bom estado, as conexões e fixações estão firmes e livres de corrosão e são capazes de cumprir suas funções c) todas as construções ou reforma que altere as condições iniciais previstas em projeto, além de novas tubulações metálicas, linhas de energia e sinal que adentrem a estrutura e que estejam incorporados ao SPDA externo e interno se enquadrem nesta Norma. Inspeção As inspeções prescritas devem ser efetuadas na seguinte ordem cronológica: a) durante a construção da estrutura; b) após o término da instalação do SPDA, no momento da emissão do documento “as built”; c) Após alterações ou reparos, ou quando houver suspeita de que a estrutura foi atingida por descarga atmosférica; d) Inspeção visual semestral apontando eventuais pontos deteriorados no sistema; Inspeção e) periodicamente, realizada por profissional capacitado e habilitado, com emissão de documentação pertinente, em intervalos conforme segue: 1 ano, para estruturas contendo munição ou explosivos, ou em locais expostos à corrosão atmosférica severa (regiões litorâneas, ambientes industriais com atmosfera agressiva etc.), ou ainda, estruturas pertencentes a fornecedores de serviços essenciais (energia, água, sinais, etc.). Três anos, para as demais estruturas. Durante as inspeções periódicas, deve-se verificar os seguintes itens: Deterioração e corrosão dos captores, condutores de descida e conexões; Condições de equipotencialização; Corrosão dos eletrodos de aterramento; Verificação da integridade física dos condutores do eletrodo de aterramento para os subsistemas de aterramento não naturais. Estruturas Especiais - Chaminés utilização de materiais nobres; captores devem estar dispostos de maneira uniforme, com distâncias de 2,5m ao longo de seu perímetro; altura do captor acima do topo da chaminé => 0,65m; diâmetro mínimo => 15mm Estruturas Especiais - Chaminés parte inferior captores => interligação em anel; cobertura metálica min(4mm) => dispensa uso de captores; pelo menos 2 condutores de descida que devem ser interligados por anéis; elementos de fixação => 2m na vertical e 0,6m na horizontal. todas instalações metálicas incorporadas ou até 2m, devem ser interligadas; sistema de sinalização luminosa deve ser protegido por DPS – Dispositivos de Proteção contra Surtos; Estruturas especiais – Antenas externas devem ser conectadas ao SPDA por meio de solda exotérmica; instalação de condutor exclusivo para a antena => min. 16Mm2 – cobre; pode-se utilizar condutores de descida naturais. Sistema de Aterramento no SPDA Recebe as correntes elétricas das descidas e as dissipam no solo. Tem também a função de equalizar os potenciais das descidas e os potenciais no solo, devendo haver preocupação com locais de freqüência de pessoas , minimizando as tensões de passo nestes locais. - Para um bom dimensionamento da malha de aterramento é imprescindível a execução prévia de uma prospecção da resistividade de solo, exceto no caso do sistema estrutural.