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ESTAFILOCOCCIAS CARACTERÍSTICAS • Cocos gram + • Se agrupam aos pares, em pequenas cadeias ou em forma de cachos de uva • Anaeróbios facultativos • Não flagelados • Bactéria piogénica (destroem o tecido formando pus e até abcessos) • Evasão de mecanismos de defesa: Catálase positivos: podem neutralizar o peróxido presente nos grânulos dos neutrófilos Os Staphylococcus aureus são também coagulase positivos (transformam o fibrinogénio em fibrina para formar uma cápsula de proteção do abscesso ao impedir a chegada de antibióticos, anticorpos e células de defesa – necessária drenagem e remoção de tecidos necróticos) • Habitat: No homem → colonizam pele, narina anterior, axilas, região inguinal No ambiente → solo, água, produtos derivados de animais (queijos, ovos, carne e leite) • Resistentes a condições adversas do meio → é uma bactéria capsulada • Crescem em ágar sangue após incubação a 37ºC em 24- 48h • Sensíveis a clorexidina, fenóis sintéticos e calor 60ºC por 30min CLASSIFICAÇÃO • 32 Espécies e 25 subespécies • 3 mais patogênicos para o homem: Coagulase negativos: Staphylococcus epidermides → acomete a epiderme Staphylococcus saprohyticus → acomete TGU (principalmente feminino – umidade e pH) Coagulase positivos: Staphylococcus aureus → comum colonizador do homem e causador de doenças FONTES DE INFECÇÃO • Reservatórios humanos (transmissão inter-humana) • Superfícies e objetos contaminados (através da barreira epitelial, que pode estar íntegra, mas em más condições de higiene e umidade, ou por quebra da barreira epitelial) • Contaminação por alimentos (tende a causar gastroenterite) Formas de infecção: contato direto, aerossóis, inoculação. DOENÇAS DE BASE QUE FAVORECEM A COLONIZAÇÃO • DM: a falta de insulina compromete a produção de ATP na mitocôndria, o que prejudica as células de defesa – imunossupressão • Insuficiência renal cronica: acumulo de metabólitos de proteína no sangue, dificultando a diapedese • Uso de drogas injetáveis: ausência de cuidado próprio MECANISMOS DE PATOGÊNESE DO S. AUREUS COMPONENTES ESTRUTURAIS • Cápsula: inibe quimiotaxia e fagocitose • Peptideoglicano: proporciona estabilidade osmótica, inibe fagocitose • Acido teicóico: liga-se à fibronectina (adesina), funcionando como rede de sustentação • Proteína A: impede a ação de anticorpos ao se ligar à imunoglobulina PRODUÇÃO DE ENZIMAS • Catalase: convertem o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio gasoso • Coagulase: converte fibrinogênio em fibrina • Hialuronidase: hidrolisa a matriz do TC, promovendo a disseminação dos estafilococos no tecido • Fibrinolisina: dissolve coágulos de fibrina, -- disseminação • Lípases: hidrolisa lipídeos, assegurando a sobrevivência em áreas sebáceas do corpo • Nucleases: hidrolisa DNA • Penicilinase: resistência à penicilina (90% das cepas) PRODUÇÃO DE TOXINAS • Citocinas (α, β, γ, δ, leucocidina P-V): mediadoras de dano tecidual, ao formar poros em leucócitos, hemácias, macrófagos, plaquetas e fibroblastos, destruindo essas células • Exfoliatinas (ETA, ETB): serina protéases que clivam pontes intercelulares na camada granulosa da epiderme – responsáveis por manter a adesão celular e formação de bolhas • Toxina relacionada à SCT (TSST-1): superantígeno que estimula liberação de citocinas e proliferação de células T • Enterotoxinas (A-E, G-I): superantígenos, estimulam a liberação de mediadores dos mastócitos, aumentam o peristaltismo intestinal e a perda de líquidos e estimulam as náuseas e vômitos. DOENÇAS CAUSADAS POR S. AUREUS Podem ser causadas pela produção de toxinas ou por lesão tecidual direta. POR LESÃO TECIDUAL DIRETA Infecções cutâneas e de tecidos moles, da corrente sanguínea, do SNC (Meningite, abscesso cerebral ou epidural), pulmonares, músculo-esqueléticas, do trato gênito-urinário, endocardite bacteriana. São causadas por ação mecânica direta da bactéria nos tecidos e são potencializadas pela resposta inflamatória do hospedeiro. As infecçoes de partes moles podem acometer as diversas camadas da pele, da epiderme até a hipoderme, além de seus anexos. • Impetigo: Infecção superficial, mais comum entre as crianças. A etiologia geralmente é mista, envolvendo Staphylococcus aureus e/ou Streptococcus pyogenes Streptococcus pyogenes é responsável pelo quadro não bolhoso, e Staphylococcus aureus pelo bolhoso; Fatores predisponentes (local de trauma): queimadura, picada de insetos e más condições de higiene. Em casos de lesão de face, risco de disseminação para o SNC por meio do seio cavernoso e causar meningite secundária. • Foliculite: Infecção superficial dos folículos pilosos. ´ É formada uma pequena pápula eritematosa que evolui: pápula → vesicula → pústula. Pode acontecer queda do pêlo, prurido e dor. O diagnóstico é clínico pela morfologia das lesões. Tratamento: antissépticos e antimicrobianos tópicos. Pode complicar para furúnculo. • Furúnculo: Extensão da foliculite. Infecção necrótica profunda que envolve o folículo, a glândula sebácea anexa e o tecido celular subcutâneo adjacente. É formado um nódulo profundo e adjacente ao folículo piloso, com sinais inflamatórios evidentes (dor, base eritematosa), com um ponto central purulento que pode formar uma área necrótica. Pode haver adenopatia regional. Pode drenar espontaneamente ou ser necessária abordagem cirurgia. O tratamento medicamentoso é feito com antimicrobianos (penicilinas associadas à inibidores de betalactamases, cefalosporinas, clindamicinas) Complicações possíveis são: 1. Furúnculo recorrente: a pessoa tende a ter um fator predisponente, como colonização aumentada de estafilos 2. Carbúnculo: união de mais de um furúnculo, que se forem mal tratados podem drenar e formar uma área aberta em fístula. Doença sistémica, com febre, calafrios e bacteremia. 3. Em casos extremos, celulite e fasciite necrotizante (principalmente em colonização mista com estreptococos) Pode evoluir para abcesso. • Abcessos: Podem evoluir de furúnculos. Coleções de material purulento que podem decorrer de infecções bacterianas. Doloroso e quente. O diagnóstico é clínico ou por cultura da secreção. Tratamento: drenagem cirúrgica + antimicrobianos (Penicilinas semi-sintéticas + inibidores de beta-lactamases, clindamicina) OBS: a evolução foliculite → furúnculo → abcesso é comum. A se o individuo espreme, rompe a cápsula de fibrina ao redor do furúnculo e a bactéria se espalha para os folículos adjacentes. • Terçol: Inflamação das glândulas de Zeis e Mol, na base das pálpebras, perto dos cílios. Os sinais são dor, rubor e calor. Em geral, drena e desaparece espontaneamente em 2/3 dias, ou pode precisar de aplicação local de calor úmido e colírios/pomadas com antibióticos. • Hidroadenite supurativa: Infecção das glândulas sudoríparas apócrinas em regiões como virilha e axilas, formando abcessos múltiplos. É uma doença cronica recidivante, sendo o tratamento feito com antimicrobianos, drenagem de abcessos e exérese das glândulas sudoríparas com colocação de enxerto cutâneo. POR PRODUÇÃO DE TOXINAS • Intoxicação alimentar: A enterotoxina termoestável de meia vida prolongada da bactéria leva a vomito, diarreia, espasmos abdominais e febre ocasional. Ocorre com foco após a ingesta de alimentos contendo altos teores de carboidratos adocicados e à temperatura ambiente, que costumam ser contaminados durante o preparo por faltade higienização das mãos após o contato com a nasofaringe. Ingesta → 1-6h → liberação da toxina no ílio → liberação de histamina por mastócitos → alteração de permeabilidade dos vasos, favorecendo a saída de líquidos e eletrólitos para o lúmen intestinal → diarreia líquida. A histamina também altera o peristaltismo (motivo das cólicas e vômitos). Quando a toxina cai na corrente sanguínea e atua sobre o centro do vomito e o termostato hipotalâmico → náuseas e febre. É comum em usuários de inibidores de bomba de protons (Ex. omeprazol) que reduz a acidez gástrica – imunidade inata. É autolimitada!!!!! 24-48h Não se recomenda a prescrição de antidiarreicos porque o peristaltismo intestinal é importante barreira mecânica para a eliminação da toxina, e isso causa maior absorção da substância que pode ganhar a corrente e culminar em síndrome do choque tóxico. Probiótico também é inútil: a alteração não está na flora! Deve-se intervir, no máximo, para controle dos sintomas (antiespasmódicos, antitérmicos, reposição da volemia com soro) • Impetigo bolhoso: Infecção por Staphylococcus aureus que sofreu lisogenia viral e se tornou produtor de Exfoliatinas (ETA, ETB), exotoxinas que funcionam como serina protéases clivadoras pontes intercelulares na camada granulosa da epiderme, originando lesões bolhosas que contém um líquido aquoso que banha o interstício dos tecidos. Pode acompanhar febre. Tratar com antimicrobianos e clorexidina para limpeza das lesões. Existe uma variante chamada “Síndrome da pele escaldada”: • Síndrome da pele escamada (doença de Ritter): A toxina ganha a circulação, causando descamação disseminada do epitélio em crianças, bolhas enormes que se rompem expondo a derme do paciente, o que aumenta a possibilidade de infecção secundária concomitante. Requer antibioticoterapia e uso de sabonetes antissépticos. Pode ser necessária cobertura mecânica das lesões. • Síndrome do choque tóxico: Intoxicação multissistemica por cepas que originam enterotoxina F. Febre, hipotensão e erupção cutânea generalizada. Alta mortalidade História: vacinas de combate a rubéola, com o vírus atenuado cultivado em ovos embrionados contaminados por estafilococos previamente instalados na gema do ovo, não contendo na vacina uma substância antisséptica. Além disso, mulheres que utilizando absorventes intravaginais contaminados. INFECÇÕES SITÊMICAS BACTEREMIA: Invasão da corrente sanguínea pela bactéria que pode ocorrer a partir de um foco infeccioso primário ou sem foco evidente. No segundo caso, costumam ser adquiridas em hospitais após cirurgias ou contaminação de cateteres vasculares. As consequências de uma bacteremia podem ser: endocardite infecciosa, osteomielite, pneumonia, sepse. • Endocardite: Febre, aumento do fígado e baço, aparecimento de sopro cardíaco e destruição de válvulas cardíacas. Pode evoluir com comprometimento do débito cardíaco e evidência periférica de embolização séptica (as bactérias em superfícies valvulares crescem e originam colonias, que podem ser agredidas pelo fluxo sanguíneo e carregar um embolo séptico até uma arteríola periférica ou de grande porte, gerando um aneurisma séptico. Ocorre, assim, hemorragia subungueal. Quando ocorre em grandes vasos, pode levar a amputação dos membros) Comum em usuários de drogas injetáveis. • Pneumonia e empiema: Surge em decorrência da aspiração de secreções orais ou como consequência da disseminação hematogênica do microorganismo (bacteremia). Pneumonia por aspiração é observada em recém-nascido, idosos ou portadores de doenças crônicas como fibrose cística, DPOC e bronquectasia. Começa na fonte pulmonar direita, favorecida pela anatomia do brônquio direito. O quadro hematogênico costuma ser duplo e acometer os dois pulmões. É mais comum em pacientes com bacteremia e endocardite. Clínica clássica: febre, tosse com expectoração purulenta, Rx contendo infiltrado ou condensação e imagem de abcessos. Quando ocorre acumulo de pus próximo ao mediastino, pode ocorrer drenagem para entre os folhetos da pleura, formando um abcesso pulmonar no espaço subpleural, denominado EMPIEMA. Requer drenagem cirúrgica e pode levar à atelectasia do pulmão. • Osteomielite: Pode resultar da disseminação hematogênica da bactéria para o osso ou ser secundária a um traumatismo ou em decorrência de um foco contíguo geralmente de pele. Costuma acometer a metáfise de ossos longos (Altamente vascularizada). Início súbito de dor localizada sobre o osso acometido, febre alta, leucocitose e neutrofilia. Em adultos, pode atingir a coluna vertebral e causar dores nas costas e febre. Osteomielite crônica – abcesso de Brodie: foco sequestrado de osteomielite estafilocócica devido a drenagem de secreção purulenta através de trajeto sinusal. Surge nas áreas metáfisarias do osso, leva à destruição óssea total. Nesse caso, a osteomielite é decorrente de traumatismo ou cirurgia. • Artrite séptica: O S. aureus é a principal causa de artrite séptica em crianças e adultos que recebem injeções articulares ou que apresentam alguma anormalidade articular. Ocorre em grandes articulações (ombro, cotovelo, joelho e quadril). Pode ocorrer disseminação hematogênica, levando ao envolvimento secundário de múltiplas articulações. Edema, vermelhidão, dor articular e impotência funcional da articulação. A punção articular evidencia material purulento contendo estafilococos. Requer drenagem cirúrgica, antibioticoterapia tópica e sistémica e possui alto risco de deixar sequelas com acometimento cronico da articulação. ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVOS • Cocos gram+ dispostos aos pares, anaeróbios facultativos, catálase positivos, mas coagulase negativos (portanto, não transformam o fibrinogénio em fibrina para formar uma cápsula de proteção do abcesso). Fora isso, os fatores de virulência são semelhantes aos do S. aureus. • Fazem parte da microbiota normal da pele e de superfícies e, portanto, são microrganismos oportunistas – se tornam patógenos após queda da barreira epitelial. • Sobrevivem em superfícies secas por longos períodos pela presença de uma cápsula de polissacarídeos resistente. Produzem, ainda, um biofilme que se prende firmemente a material sintético e dificulta a ação de antibióticos. • FR: pacientes cirúrgicos com próteses ou cateteres vasculares. • Disseminação: contato pessoa-pessoa ou através de fômites • Doenças relacionadas: bacteremia relacionada a catéter vascular, endocardite subaguda em válvula doente (malformação congênita ou valvulopatia reumática) ou em prótese valvar (sintomas tardios geralmente 1 ano após a cirurgia), infecção em derivação liquórica de SNC, infecção de ferida cirúrgica, de próteses articulares e urinária. • Diagnóstico laboratorial das infecções estafilocócicas: a. Bacterioscopia b. Cultura em ágar-sangue c. Provas bioquímicas (teste da coagulase) d. Testes de sensibilidade aos antibióticos MRSA/MRSE: resistente à meticilina/oxacilina MARSA/MARSE: resistente aos aminoglicosídeos e meticilina/oxacilina VISA: sensibilidade intermediária à vancomicina VRSA: resistente à vancomicina • Tratamento: antibiticoterapia. Infecções localizadas de pele e tecidos moles, drenagem cirúrgica. Pode ser necessária a retirada de próteses de material sintético que podem conter a bactéria • Prevenção: controle de infecção hospitalar, não fazer uso indiscriminado de antimicrobianos (evitar formação de superbactérias)CLOSTRIDIUM CARACTERÍSTICAS • Bacilos gram + • Anaeróbios estritos • Formadores de esporos – sobrevivem em diversas condições ambientais • Ubíquos – altamente disseminados (podem ser encontrados no solo, água, esgoto e na microbiota normal do TGI do homem e de animais) O Clostridium não germina na mucosa intestinal, mantendo-se na forma de esporos devido à ação das enterobactérias que mantem o pH acidificado e garantem a presença de microbiocinas. Um desequilíbrio da flora intestinal pode levar à germinação. • Rápido crescimento em meios nutricionais enriquecidos e privados de O2 • A patogenicidade se relaciona à produção de exotoxinas ESPÉCIES E DOENÇAS CLÍNICAS CLOSTRIDIUM PERFRINGENS: Hemolítico, cresce rapidamente em tecidos e culturas e produz vários tipos de toxinas, que permitem classifica-los em 5 tipos, de A a E. Toxina alfa (lectinase ou fosfolipase C) Mais importante, capaz de gerar necrose tecidual. Causa lise de hemácias, plaquetas e células endoteliais; sangramento, destruição tecidual, toxicidade hepática, disfunção do miocárdio (bradicardia e hipotensão). É produzida principalmente pelo C. perfringens tipo A. Toxina Beta Responsável pelas lesões necróticas da enterite necrotizante, podendo ocasionar quadros de perfuração intestinal e peritonite Toxinas € e ζ Aumentam a permeabilidade vascular Enterotoxina Produzida pela cepa do tipo A, é liberada quando as células bacterianas sofrem lise, acarreta alteração de permeabilidade e perda de fluidos e íons a) Infecção dos tecidos moles: a.1) Celulite: infecção do TCS com formação de gás e bolhas subsequentes a.2) Miosite supurativa: processo infeccioso com acúmulo de pus nos planos musculares lisos, pode ocasionar destruição dos tecidos por necrose liquefativa das fibras musculares a.3) Mionecrose (gangrena gasosa): doença fatal que se inicia 1 semana após a inoculação secundária a trauma ou cirurgia com dor intensa, necrose muscular, choque, IRA e morte após 2 dias do início do quadro. O gás encontrado no tecido é decorrente da atividade metabólica das bactérias em rápida divisão, com liberação de CO2 → gangrena gasosa. Ocorre principalmente em ferimentos de guerra, onde o dano tecidual, vascular é associado a contaminação por terra, pólvora e fragmentos metálicos. b) Intoxicação alimentar: Ingestão de carne não refrigerada após o preparo e contaminada com grande número de microrganismos. O reaquecimento do alimento destrói a toxina (é termolábil) Após um período de incubação de 8-24h, iniciam-se cólicas abdominais, diarreia aquosa, náuseas e vômitos. Não tem febre. c) Enterite necrotizante: Processo de necrose aguda do jejuno. Dor abdominal, diarreia sanguinolenta, perfuração do intestino, peritonite e choque. • Diagnóstico laboratorial: Microscopia: bacilos gram + grandes Cultura em ágar-sangue e infuso de carne ou caldo tioglicolato. O crescimento hemolítico rápido e expansivo. • Tratamento: Penicilina injetável, debridamento cirúrgico. CLOSTRIDIUM TETANI: Gram +, esporos parecem baqueta de tambor, extremamente sensível ao O2. Sua virulência se deve, principalmente, à produção de TETANOSPASMINA: potente exotoxina neuropática termolábil codificada por plasmídeo, que atinge os nervos periféricos e se move até a medula, aonde bloqueia transmissão de neurotransmissores (GABA), causando espasmo e paralisia espática. Esse neurotransmissor regula a resposta motora, e sua ausência promove respostas exageradas: rigidez muscular progressiva, espasmos, trismo, riso sardônico, opistótono. Em pacientes graves, fibrilação ventricular e arritmia cardíaca. A ligação da toxina é irreversível e, portanto, a recuperação depende da formação de novas terminações axonais. a) Tétano adquirido: Contaminação de ferimentos com esporos que são encontrados no ambiente (principalmente objetos metálicos enferrujados). Os microrganismos, em condições favoráveis, se multiplicam e produzem tetanospasmina, que causará contraturas musculares intensas. b) Tétano neonatal (mal dos 7 dias): Contaminação a partir do coto umbilical feito com instrumentos não esterilizados, em gestantes que nunca foram vacinadas. A infecção progride até se tornar generalizada. 90% mortalidade. • Diagnóstico: É clínico. O bacilo é muito lábil frente ao O2 e, na maioria dos casos, não é encontrado após já ter produzido a exotoxina. • Tratamento: Penicilina, debridamento da porta de entrada, soro antitetânico (neutralizam toxinas não ligadas), relaxantes musculares, vacina antitetânica. CLOSTRIDIUM BOTULINUM: Produtor de diversas toxinas botulínicas (A a G) que podem contaminar alimentos cruz ou mal cozidos, principalmente alimentos em conserva e mel. A doença humana está relacionada aos tipos A, B, E, F. A toxina mantem-se na junção neuromuscular, onde liga-se aos nervos colinérgicos, bloqueando a liberação de acetilcolina e consequentemente a neurotransmissão, causando paralisias. Pode se manifestar em 3 síndromes clínicas: a) Botulismo alimentar: A maioria dos casos está relacionada ao consumo de enlatados – amassados nas latas podem permitir a entrada de bactérias que podem alterar o pH do meio, que se torna alcalino, favorecendo a germinação do C. botulinum. Incubação: 1-2 dias. Primeiros sinais: visão embaçada, pupilas dilatadas e ficas, ressecamento da boca, constipação e dor abdominal. Não tem febre. Na medida em que a toxina ganha a corrente e atinge os nervos, promove fraqueza progressiva descendente bilateral dos músculos até a paralisia flácida e o óbito por complicações respiratórias. b) Botulismo infantil: Comum em bebês <2anos pelo consumo de mel. Gera um quadro de letargia, sucção rala, choro débil e dificuldade de segurar a cabeça. c) Botulismo de ferimentos: Raro. As principais portas de entrada para os esporos são úlceras cronicas com tecido necrótico, fissuras, ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas. • Diagnóstico: Clínica, detecção da toxina por inoculação em camundongos, crescimento do microganismo em amostras aquecidas a 80ºC por 10 min em ágar-gema-de-ovo. • Tratamento: Soro antibutolínico, suporte ventilatório, antibióticos • Prevenção: Cuidados na preparação de enlatados e conservas, mantendo pH ácido e estocagem a 4ºC; cozimento prévio de alimentos, bebês não devem ingerir mel. • Usos da toxina botulínica: estrabismo e paralisias espáticas. CLOSTRIDIUM DIFFICILE: Fazem parte da flora normal do intestino da maioria das crianças e de alguns adultos. Sua patogenicidade está relacionada ao uso de antibióticos, que podem alterar a microbiota entérica normal e acabar com o antagonismo a esta bactéria. A proliferação da bactéria no cólon irá causar doença gastrintestinal pela produção de toxinas: a. Enterotoxina A: diarreia secretória e até hemorrágica devido a inflamação com necrose da mucosa intestinal b. Citotoxina B: despolimerização da actina, com destruição do citoesqueleto → necrose e peritonite Seus esporos persistem em hospitais e outros ambientes. • Manifestações clínicas: A infecção pode ser assintomática em indivíduos sadios. Pode ocorrer diarreia autolimitada, relativamente benigna e, em casos graves, colite pseudomenbranosa: há destruição das vilosidades intestinais com formação de pseudomembrana, resultante da presença de restos alimentares, celulares e sangue, que são gradualmente eliminados com as fezes. Pode ocorrer eliminação de partes da mucosa decorrente de umainflamação com necrose da mucosa intestinal. • Tratamento: Suspensão do antibiótico causador do desequilíbrio da flora intestinal. Diarreia grave e colite podem necessitar adm de metronidazol ou vancomicina via oral. Cuidados com contaminação hospitalar cruzada. NEISSERIA CARACTERÍSTICAS • Gram – • Aeróbicos • Imóveis, não formadores de esporos • Diplococos intracelulares (parasitam principalmente neutrófilos) • Catálase positivos • Oxidase positivos • Fastidiosas: requerem meio de cultura enriquecido nutricionalmente. Crescem em ágar chocolate (ágar, sangue aquecido, ferro e vitaminas) ESPÉCIES E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 10 espécies, sendo as principais N. gonorrhoeae, N. meningitides, Moraxella catarrhalis NEISSERIA GONORRHOEAE • Parede celular típica de Gram – (delgada camada de peptideoglicano) • Fastidiosa • Sensível ao ressecamento e à presença de ácidos graxos • Temperatura ótima de crescimento: 35 a 37ºC • Capnofílica (cresce em atmosfera úmida suplementada com CO2) • Apresentam pili (favorece a ligação a células epiteliais não ciliadas e conferem resistência à morte pelos neutrófilos) • a variação antigénica entre as pilinas gera re-infecção pelo gnococo • Sexualmente transmissível • Portadores assintomáticos são os principais reservatórios de infecção – mais frequente nas mulheres • Apresenta, na membrana externa, as seguintes proteínas: ➢ Proteínas Por (A e B): porinas que formam poros na membrana externa e sofrem variação antigênica ➢ Proteínas Opa: proteínas de opacidade que medeiam a ligação a células epiteliais, favorecendo a aderência entre as bactérias e as células eucariotas ➢ Proteínas Rmp (passiveis de modificação por redução): proteínas antigênicas que estimulam a produção de anticorpos neutralizantes para a bactéria, contribuindo para a lesão tecidual por aumento do processo inflamatório ➢ Proteínas captantes de ferro: se ligam à transferrina, lactoferrina e hemoglobina ➢ Lipo-oligossacarídeo (LOS): superantígeno constituído pelo lipídeo A e pelo LPS ➢ Produtos extracelulares: protéase IgA e B- lactamase • Etapas da infecção: Penetração e fixação na mucosa uretral/vaginal através de pili e proteína opa → colonização → mobilização através de contrações uretrais e uterinas (aflagelados) → produção de protéase inativadora de IgA (neutralização de anticorpos da mucosa)→ penetração nas células → 1 ou 2 1) fixação às células ciliadas → estase ciliar → internalização 2) endocitose via microvilosidade de células não ciliadas 1 ou 2 → replicação intracelular → exocitose para o espaço submucoso ou subeptelial, onde a infecção se estabelece → resposta inflamatória ao LOS (responsável pela maioria dos sintomas) • Lesão tecidual: Se deve, principalmente, pela ação do LPS sobre as células ciliadas; pela resposta inflamatória do hospedeiro (gera sintomas locais – dor, disúria, secreção purulenta); pela capacidade de sobrevivência na corrente sanguínea (camuflagem – as bactérias se recobrem de ácido siálico para evitar a ação do complemento); ou pela lesão tecidual direta gerada pelo peptideoglicano (mureína) ou imunocomplexos ou lise indireta pelo complemento. • SÍNDROMES CLÍNICAS: a) Infecções do trato genital inferior: a.1) Uretrite: Infecção na uretra, comum em homens, 70% das mulheres são assintomáticas. Período de incubação de 2-5 dias, seguido de prurido de início em fossa navicular, estendendo posteriormente em toda a uretra. 2-3 dias depois, inicia-se quadro de disúria e secreção uretral purulenta e abundante. O tratamento inadequado permite propagação para a uretra posterior e outros órgãos (prostatite, epididimite, orquite, artrite, meningite, faringite, miocardite, pericardite, conjuntivite, pielonefrite). a.2) Abcesso em ducto de skene e/ou glândulas de Bartholin: Inflamação das estruturas glandulares dos grandes e pequenos lábios, ocasionalmente vista em mulheres. Edema doloroso de aparecimento agudo nas dobras labiais. A secreção purulenta pode ser evidenciada aplicando-se pressão sobre a glândula. a.3) Cervicite e doença inflamatória pélvica: A conformação do trato genital feminino viabiliza diferentes evoluções do quadro. Inicialmente, a colonização e infecção do colo uterino causa CERVICITE. O principal sintoma é o corrimento vaginal. Pode haver edema local e eritema, hipersensibilidade local. Quando a mulher menstrua e o colo se abre, a bactéria pode ascender e causar ENDOMETRITE, que gerará irregularidade menstrual. Se a colonização chegar às tubas uterinas e obstruí-las, poderá causar infertilidade ou gravidez ectópica, em um quadro de SALPINGITE que consiste em dor constante bilateral nos quadrantes abdominais inferiores, agravada pela movimentação. Hipersensibilidade nas regiões dos anexos. Podem ser formados abcessos. Em último caso, pode causar PERITONITE, quadro que cursará com náuseas, vómitos, distensão abdominal, rigidez, dor à palpação. Pode ser seguida por formação de abcesso cavitário pélvico ou abdominal. b) Infecções do TGU superior: Endometrite, doença inflamatória pélvica, abcesso tubo- ovariano, epididimite. c) Infecções extra-TGU: Proctite por contato sexual anal; Faringite por sexo oral; Oftalmia neonatal quando há passagem do RN no canal de parto e no colo infestado pelo gnococo – edema e eritema palpebral com intensa secreção purulenta, pode levar à opacificação da córnea por neovascularização e dano celular decorrente do processo de inflamação e consequente cegueira; Peritonite e peri-hepatite; Disseminação hematogênica pode levar à artrite séptica mono-articular, endocardite e meningite. • Diagnóstico: Clínico-epidemiológico ou laboratorial (bacterioscopia pelo gram ou exame de cultura da secreção uretral purulenta) • Tratamento: Cefalosporina de 3ª geração ou quinolonas, associados a macrolídeo e uma tetraciclina para cobrir clamídeas. Não se usa mais penicilina G – resistência pela produção de B- lactamases. Pode ser feito o tratamento sintomático e a drenagem de abcessos. • Prevenção: Uso de preservativos, diagnostico e tratamento precoces, rastreamento dos contatos, prevenção da oftalmia neonatal com o uso de nitrato de prata 1% ou colírios de tetraciclina ou eritromicina. NEISSERIA MENINGITIDES • Semelhantes aos gnococos (diplococos gram -, fastidiosos, oxidase e catálase positivos, produtores de ácidos a partir da degradação oxidativa de glicose e maltose, contém antígeno de superfície externa) • Diferença principal: meningococos penetram pelas VAS, podendo colonizar a mucosa da naso e orofaringe • Comum em escolares, adolescentes e adultos jovens • As infecções de VAS podem se estender para o SNC ou causar infecções potencialmente fatais de corrente sanguínea – a bactéria sobrevive no sangue porque é densamente encapsulada e produz hemolisina (diminui a fagocitose e compromete a ação de leucócitos) • Divididos em 13 sorogrupos. Os A, B, C, X, Y e W35 são os mais associados com a doença meningocócica. • Colonização X doença: Essa progressão se pauta em fatores de virulência (ex. pili) que determinam a capacidade de colonizar orofaringe; deficiência de produção de anticorpos anticapsulares bactericidas; deficiência de proteínas do complemento; elevados índices de multiplicação na corrente sanguíneo devido ao escape da fagocitose; efeitos aparentes da inflamação mediada pela Los. • A disseminação resulta da introdução de uma nova cepa virulenta em uma população imunologicamentedesprotegida. • O homem é o único hospedeiro natural. A transmissão pessoa-pessoa se dá via aerossolização de secreções do trato respiratório. • Inalação da bactéria → aderência as células epiteliais da nasofaringe → endocitose e multiplicação → exocitose para o espaço submucoso, onde podem ser fagocitadas por neutrófilos ou ganhar a corrente sanguínea, podendo chegar à BHE e causar inflamação e meningite • Formas clínicas: rinofaringite ou faringoamigdalite, meningite (febre, cefaleia, vómitos e sinais de irritação meníngea), meningococemia com ou sem meningite (febre, petéquias em MMII, sufusões hemorrágicas, e, em casos extremos choque e CID, que cursa com falência renal. • Diagnostico: Clinico-epidemiológico e laboratorial (bacterioscopia pelo gram e cultura) • Tratamento: Isolamento, antimicrobianos, descolonização, medidas de suporte. • Profilaxia: Cuidado com contactantes, vacina polivalente (acima de 2 anos, antes disso não há resposta) MORAXELLA CATARRHALIS É encontrada na flora normal do trato respiratório, mas em indivíduos com fatores pré disponentes (idade avançada, DPOC, neutropenia, neoplasias) pode ser um patógeno oportunista e causar pneumonia, sinusite e otite média. ENTEROBACTERIACEAE CARACTERÍSTICAS • Bacilos gram – • Ubíquos (solo, água, vegetação e microbiota intestinal) • Móveis ou imóveis (podem ou não possuir flagelos) • Possuem fímbrias • Crescem em meios não seletivos (ágar-sangue) e seletivos (ágar Mac Conkey) • Fermentadores de glicose • Catálase positivos, oxidase negativos • Redutoras de nitrato • Encapsulados • Presença de endotoxina e exotoxina, dependendo do gênero. A fração mais ativa de endotoxina é o lipídeo A do LPS (superantigeno que quando livre na corrente pode levar a síndrome da resposta inflamatória ou sepse). • Variação antigênica – as infecções não conferem imunidade. • Causas importantes de ITU e sepse • Fatores de virulência: cápsula, endotoxina (principalmente lipídeo A), captação de fatores de crescimento, resistência à destruição sérica, resistência antimicrobiana • A classificação sorológica se baseia no polissacarídeo O somático, nos antígenos K (capsulares) e nas proteínas H (flagelares) • 130 espécies, sendo 20 mais relacionadas com patogênese humana. Engloba patógenos primários (Salmonella typhi, Shigella e Yersinia pestis) e secundários/oportunistas (Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis) que são integrantes da flora e só causam doenças em situações específicas. • Diagnóstico laboratorial: Cultura em meios seletivos (ex. ágar Mac Conkey), identificação bioquímica da espécie, classificação sorológica. • Tratamento/Prevenção: Medidas básicas de higiene, cozimento adequado de carnes, aves e ovos. Tratamento indicado com base na patogenia da doença e baseado em antibiograma. GÊNERO ESCHERICHIA Bacilos ou bastonetes curtos, gram -, associados a ITU, sepse e gastroenterite. A espécie mais representativa é E. coli, que é divida em subgrupos específicos: • EXPEC: associados a infecções extra-intestinais, como ITU e meningites • Diarreiogênicas: produzem exotoxinas que invadem as células da mucosa intestinal • Membro da microbiota anfibiôntica intestinal: patógenos secundários que compõe a microbiota anfibiontica nos homens, sendo muito encontrada nas fezes. INFECÇÕES POR E. CHOLI • Infecções de vias urinárias: Contaminação da uretra por bactérias provenientes do cólon devido a maus hábitos de higiene. Quadro mais comum em mulheres (uretra curta), crianças e idosos (fralda e acamados). As fímbrias da E. coli se ligam a oligossacarídeos no epitélio. O fluxo de urina de pH acido compromete a sua fixação, mas as mais patogénicas podem se manter presas as células da mucosa uretral, principalmente em indivíduos que urinam pouco. Causa uretrite, que pode ascender e migrar para bexiga, rins ou próstata. • Síndrome da resposta inflamatória/sepse: Origina-se a partir do foco urinário ou do TGI em casos de gastroenterite ou perfuração intestinal. As sepses se apresentam da mesma forma independente do agente etiológico: febre, taquicardia, taquipneia, hipotensão arterial, leucocitose, podendo evoluir com DMOS (disfunção de múltiplos órgãos e sistemas – pulmão, insuf respiratória; rim – insuf renal; etc) • Meningite neonatal: Geralmente decorre da contaminação da criança durante o canal do parto quando a mãe apresenta esse sorogrupo no TGI – esforço materno gera defecação e as bactérias são broncoaspiradas, atravessam a lamina crivosa do etmoide e acometem o SNC. Profilaxia: lavagem no início do trabalho de parto. E. COLI DIARREIOGÊNICAS De acordo com seu metabolismo patogênico, os bacilos que ocasionam a gastroenterite são divididos nos seguintes subgrupos: ETEC: produtoras de toxina na luz intestinal, causam diarreia aquosa (diarreia do viajante) EPEC: invadem a célula intestinal e liberam toxinas que causam diarreia aquosa. Comum em lactentes <1 ano. EAEC: se fixa nas vilosidades intestinais e promove o seu apagamento. Causa diarreia aquosa e persistente, que pode assumir síndrome abortiva associada. Comum em lactentes <6 meses e pacientes aidéticos. EIEC: invade a célula intestinal e causa sua apoptose, causando diarreia sanguinolenta. Patogênese semelhante à Shigella A transmissão fecal-oral. Frequente em crianças >2 anos e no adulto. EHEC: causa disenteria e síndrome hemolítica por E. coli. A bactéria invade o epitélio intestinal, destrói as células locais, alcança a submucosa e causa colite hemorrágica -- diarreia com muco, pus e sangue, que pode ser acompanhada de cólicas abdominais intensas e tenesmo. Chance de perfurar o intestino e desenvolver peritonite e sepse, além de Síndrome hemolítica urémica com insuficiência renal (pode ser necessária diálise e substituição do plasma) Surtos associados a hambúrgueres – carne de gado bovino mal passada. Comum em países ocidentais. Principal fator de virulência: toxina Shiga. OBS: para tratamento de diarreia aquosa não se deve adm antidiarreico → absorção da enterotoxina. O uso de probióticos pode ser útil – aumenta a concentração de bactérias da flora que podem combater os bacilos invasores. GÊNERO SALMONELLA • Fatores de virulência: LPS, fímbrias (gera tolerância aos grânulos lisossomais, permitindo a sobrevivência no interior dos macrófagos), flagelos que favorecem a motilidade dentro do TGI, secreção de exotoxinas que agem diretamente na mucosa intestinal resultando em perda de líquido e eletrólitos. • Transmissão indireta pela ingestão de alimentos contaminados (aves, ovos, carnes, lacticínios, alimentos manipulados em tabuas de cortar), ou direta fecal-oral em crianças ou pelas fezes de animais infectados (sintomáticos ou assintomáticos) • Fatores de risco: Hipo/acloridria: comum em usuários crónicos de inibidores da bomba de protons (ex. omeprazol) Anemia falciforme: múltiplos infartos esplénicos com consequente fibrose esplênica causam deficiência de fagocitose e defesa que predispõem a salmonelose Imunodeficiência: comum em pacientes cancerosos por baixa de neutrófilos e alterações da mucosa que favorecem a translocação bacteriana • Existem duas espécies: S. enterica e S. bongori. A S. entérica se divide em 6 subespecies (S. entérica, S. entérica typhi, S. entérica typhimurium, S. entérica enteridis, S. entérica paratyphi, S. entérica cholerasuis) A Salmonella enteridis se relaciona com os casos de transmissão indireta e ocasionagastroenterite. • Patogenia: salmonelas se aderem às células epiteliais do ID → interiorização das bactérias → célula-alvo é irreversivelmente danificada pela ação direta ou pela apoptose. Além disso, as salmonelas direcionam-se para a submucosa e tecido linfoide → resposta inflamatória com fluxo de PMN e macrófagos → destruição das salmonelas → diarreia secundária. Dependendo da bactéria e da resposta do hospedeiro, pode haver sepse, havendo disseminação pela multiplicação nos macrófagos. INFECÇÕES POR SALMONELLA • Colonização assintomática: principalmente S. typhi e S. paratyhi OBS: indivíduos com litíase biliar – podem ser portadores crónicos do bacilo • Febre entérica ou febre tifoide: causada pela S. typhi, que invade a mucosa intestinal e atinge a submucosa. De multiplica nas placas de Payer e parasita macrófagos. Gera quadro infeccioso e inflamatório que pode cursar com perfuração intestinal e sepse. • Gastroenterite: causada por S. tiphymurium, cursa com febre, náuseas, vómitos, diarreias, cólicas abdominais. Ocasionalmente os bacilos podem ganhar a corrente sanguínea e ocasionar quadro de sepse, DMOS e morte. • Bacteremia/sepse: presença de bacilos livres na corrente sanguínea. S. typhi, S. paratyhi, S. cholerasuis, S. enterididis. GÊNERO SHIGELLA • Não possui cápsula • Não possui flagelos, mas possui fimbrias • Contém endotoxina no caso da S. dysenteriae, e no caso das demais conta com a presença de genes de adesão, invasão e multiplicação celular com subsequente destruição dos enterócitos • Existem 4 espécies: S. dysenteriae, S. flexneri, S. boydii, S. sonnei • A S. dysenteriae está relacionada com a disenteria bacilar clássica pela liberação da toxina de Shiga, responsável pela diarreia com tenesmo Para agressão celular, são descritas a exotoxina de Shiga tipo 1 (ShT1) e a exotoxina de Shiga ppd, produzida exclusicamente pela S. dysenteriae, que causa lise por destruição osmótica ou indução da apoptose por ativação de caspases das células intestinais. A toxina de Shiga é semelhante a toxina produzida por EHEC – ambas cursam com disenteria. A porção ativa da toxina (subunidade A) interrompe a síntese proteica e acomete a integridade das células epiteliais do intestino. Quando na circulação, pode lesar as células do glomérulo renal e levar à SHU. • Capaz de invadir as células intestinais pelo mesmo mecanismo das Salmonellas. A diferença é que as Shigellas promovem lise do vacúolo fagocitário e se multiplicam na célula hospedeira, ao invés de no interior do vacúolo. Escapam da fagocitose por induzirem apoptose e liberarem IL-1B que atrai PMN para o local → desestabiliza a integridade da parede intestinal e possibilita a bactéria invadir camadas mais profundas do epitélio intestinal. SÍNDROMES CLÍNICAS • Gastroenterite: diarreia aquosa inicial que progride em 1- 2 dias para cólicas abdominais e tenesmo com ou sem fezes sanguinolentas • Disenteria bacteriana; forma grave causada pela S. dysenteriae, pode causar perfuração intestinal e peritonite GÊNERO YERSÍNIA • Bacilos gram – • Anaeróbios facultativos • Oxidase negativos • Membrana externa resistente ao ressecamento • 10 espécies, sendo as mais importantes: Yersinia pestis, Yersinia enterocolitica, Yersinia pseudotuberculosis YERSÍNIA PESTIS • Pode causar a peste urbana (reservatório são os ratos) e a peste silvestre (reservatórios são os esquilos, coelhos, ratos silvestres e gatos domésticos) • É transmitida ao homem pela picada da pulga do rato • No rato, produz infecçao fatal • Peste bubônica: Após 7 dias da picada da pulga infectada, o paciente começa com febre alta e bubão doloroso no lugar da picada que pode progredir para bacteremia com sepse e morte. A transmissão é difícil, somente por contato direto com o exsudato liberado na área lesionada do bubão. • Peste pneumônica: após um período de incubação de 3 dias, aparecem pódromos (febre e mal estar). No dia seguinte, começam os sintomas pulmonares (tosse produtiva, dor torácica ventilatório-dependente, insuficiência respiratória aguda). Altamente infectante. GÊNERO KLEBSIELLA • Pode causar infecções de pele e TCS e infecções em UTI • Causa pneumonia lobar de comunidade, principalmente em pacientes alcoólatras que aspiram o próprio vomito ou com doenças pulmonares crônicas GÊNERO PROTEUS • Associadas a infecção urinarias • Ciclo vicioso em pacientes com cálculos renais: as cepas patogénicas produzem grandes quantidades de urease, que degrada a ureia em CO2 e NH3, elevando o pH da urina e formando mais cálculos → o individuo com calculo infectado pelos bacilos produzem mais cálculos que podem conter mais bacilos OUTRAS ENTEROBACTERIACEAE Enterobacter, Citrobacter, Morganella, Serratia Raramente afetam imunocompetentes. São causa comum de infecções hospitalares em RN e imunocomprometidos. Alto grau de resistência a antibióticos. DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS INTRODUÇÃO • Seres eucarióticos • Núcleo celular contendo DNA cromossómico e nucléolo rico em RNA • Citoplasma contendo ribossomos, mitocôndrias, lisossomas, microtúbulos, aparelho de Golgi e reticulo endoplasmático • Membrana celular ou Plasmalema constituída de lipídios, glicoproteínas e ergogesterol não encontrado em bactérias nem em humanos (os mamíferos contêm colesterol na membrana) • Parede celular contendo quitina • Podem possuir cápsula polisacarídica de espessura variada • Agentes intracelulares obrigatórios que infectam macrófagos (a cápsula de quitina evita a digestão lisossomica) • Morfologia: Leveduras: estruturas redondas, unicelulares, que se multiplicam por brotamento ou fissão. Podem formar brotos compridos chamados de pseudo-hifas. Fungos filamentosos: formam hifas (tubos compridos que podem ter paredes perpendiculares – septos – ou podem ser multinucleados – cenocíticos. Fungos dimórficos: existem na forma leveduriforme e na filamentosa. Muitos fungos patogénicos são dimórficos, sendo que a forma de levedura ocorre nos tecidos e a forma filamentosa no ambiente. • Ecologia dos fungos – reservatórios: Ambientais: solo ou ar (ex. Aspergillus spp, responsável pelo mofo) Animais: dermatófitos zoofílicos, como cães e gatos Homem: Candida albicans; Malazessia furfur (caspa) Nichos ecológicos particulares: ex. Cryptococcus neoformans nas fezes de pombos, que ao ser inalado, perante imunodepressão, pode atingir o SNC e causar meningite fúngica • Mecanismos de infecção: Inoculação direta, inalação ou ingestão MECANISMO DE LESÃO • Invasão direta: o fungo invade pela via aérea e coloniza o ambiente pulmonar, mais especificamente por brônquios distorcidos e desgastados, por exemplo, por tuberculose. Forma uma bola de fungo na cavidade pulmonar (Aspergilose), que causa quadro recorrente de febre, tosse com hemoptoicos e mal-estar. O tratamento é cirúrgico. • Invasão da parede do vaso sanguíneo: associado ao género Aspergillus. Após invadir as vias aéreas, os fungos chegam na corrente sanguínea e grudam no endotélio dos vasos, lesando o tecido local e ativando a cascata de coagulação. Formam-se trombos, que causam obstrução e necrose da área afetada. • Obstrução: brônquio ou bronquíolo é obstruído pelo fungo, causando obstrução local. Quadro parecido com pneumonia lobar. • Embolia: colonização de trombos, que ao se desprenderem da parede acometem outros órgãos. • Invasão de macrófagos: mecanismo mais comum. Os fungos se multiplicam na forma de levedurasdentro do citoplasma dos macrófagos, causando inflamação granulomatosa que pode lesar o parênquima e causar necrose de órgãos. • Formação de cápsulas: ocorre em fungos dotados de cápsulas espessas antifagocitárias, que se multiplicam em fluidos biológicos e podem causar meningite criptocócica – patognomónica de aidéticos. MECANISMOS DE PATOGENICIDADE A maioria dos fungos são patógenos oportunistas. • Produção de micotoxinas • Reação de hipersensibilidade tipo 4 (granulomatosa) • Infecção invasiva (ex. Aspergillus que pode invadir diretamente o SNC) MICOSES SUPERFICIAIS Infecção das camadas mais externas da pele (camada córnea), do cabelo e unha → não há resposta imune do hospedeiro → é necessária a administração de medicação antifúngica especifica. Os organismos causadores podem ser de origem humana, animal ou do solo. • Pitiríase Versicolor: Manchas hipopigmentadas e descamativas na pele, com prurido discreto que acometem principalmente tronco e membros superiores. Agente etiológico: Malassezia furfur Típica de clima tropical e subtropical, cosmopolita, também conhecida como micose de praia ou piscina. Tratamento: Xampu com sulfito de selênio • Dermatite seborreica: Lesoes eritemato descamativas pruriginosas da face. Não tem acometimento sistémico. Comum em aidéticos. MICOSES CUTÂNEAS As infecções são denominadas de acordo com a área do corpo afetada. São ocasionadas por fungos filamentosos queratinofílicos que se alimentam da queratina da camada córnea e dos pelos, e dermatófitos, encontrados em cães e gatos. Levam a queda do pelo ou do extrato córneo e são altamente transmissíveis. Dentre os principais dermatófitos encontrados, estão: • Epidermopyton sp: geofílicos (encontrados principalmente no solo), hifas septadas e estruturas maiores que constituem macroconídeos (Esporos sexuais dos fungos) • Microsporum sp: antropofílicos (tendem a causar micoses humanas); hifas septadas associadas a macroconídeos e microconídeos • Trichopyton sp: geofílicos. Pode possuir macronídeos isolados e micronídeos, formando cachos de uva. TINEA CORPORIS: DERMATOFITOSE DO CORPO Lesões de bordas descamativas, avermelhadas, com área central, com queda de pelos. TÍNEA CAPITIS: DERMATOFITOSE DO COURO CABELUDO Placa de alopecia ou área de quebra de pelos. Acomete principalmente escolares. TINEA BARBAE: DERMATOFITOSE DA BARBA Áreas inflamadas induradas e erosadas na superfície, podem ser confundidas com impetigo. TINEA CRURIS: DERMATOFIBROSE DA VIRILHA Mancha avermelhada pruriginosa que afeta parte ou todo o púbis, expandindo para região abd inferior. Comum em pessoas com hábito de vestir roupa do varal sem passar. TINEA PEDIS: DERMATOFIBROSE DO PÉ “pé de atleta”, frieira. Área interdigital com escamas maceradas, altamente contagioso. Comum em pcts com maus hábitos, como não secar os pés após o banho. TINEA UNGUEM OU ONCOMICOSE Unha quebradiça e ressecada, que assume cor branco- amarelada, com leito ungueal irregular. Comum em indivíduos que estão em contato frequente com a água. É necessária remoção cirúrgica da unha. MICOSE SUBCUTÂNEA Atingem a pele e o tecido subcutâneo. • ESPOROTRICOSE: fungo Sporothrix schenckii, dimórfico, que tem como habitat vegetais em decomposição e espinhos. Mais comum em homens. Formação de pequenos tumores subcutâneos ao longo dos linfáticos, com supuração e ulceração. • CROMOMICOSE: fungo Phialophora verrucosum. Formação de nódulos, lesões papulosas, eritêmato- descamativas, verrucosas, com ou sem ulceração. Quadro de difícil tratamento, que pode deixar o individuo com perda funcional. MICOSES SISTÊMICAS Micoses onde o fungo é patógeno primário, penetra por inalação e infecta macrófagos, gerando infecção granulomatosa cronica gerada por reação de hipersensibilidade do tipo IV. Desenvolvem-se no pulmão, linfonodos, órgãos internos, mucosas e pele. • PARACOCCIDIOIDOMICOSE: fungo Paracoccidioides brasiliensis, comumente encontrado em solo com micélios e conídeos. Quando inalado, atinge os alvéolos, onde é fagocitado por macrófagos e se transforma em leveduras que originam múltiplos brotamentos. Quadro inicial: febre, tosse, emagrecimento, sudorese. O processo inflamatório granulomatoso pode causar estomatite, linfonodomegalias, lesões pulmonares e formas disseminadas graves. É mais comum no homem, uma vez que o estrógeno impede a transformação em levedura. Gravidas podem ser acometidas mais frequentemente pela baixa titulação de estrógenos e maior nível de progesterona – infecção gravíssima. Correlacionado ao cultivo de café e a presença de tatus (elimina o fungo viável nas fezes) Em coloração: brotamento em mickey mouse ou em roda de leme de barco. • HISTOPLASMOSE: fungo Histoplasma capsulatum, que se multiplica em fezes de morcegos, pardais e aviários. A inalação do fungo causa o aparecimento de lesões cutâneo- mucosas e resposta granulomatosa com necrose caseosa no pulmão, que pode evoluir para fibrose pulmonar. • CRIPTOCOCOSE: Cryptocococcys neoformans que vatia de sorotipos A a D. A inalação, que se encontra em fezes de pombo ressecadas, pode gerar um quadro assintomático. Mas alta carga parasitária determina: 1. Fase pulmonar: estado gripal, com tosse e expectoração, dor torácica, febre, hemoptise 2. Neurocritococose: SNC (cefaleia, náuseas, vertigens, febre e distúrbios visuais, sinais de irritação meníngea) 3. Disseminada: disseminação hematogenica e linfática (acometimento de fígado, rins, baço, suprarrenais e ossos) • PNEUMONIA por Pneumocystis jirovecci: fungo oportunista, acometimento principalmente de pacientes aidéticos. Tosse seca, febre e gradual dispneia aos grandes, moderados e mínimos esforços e por fim, hipoxemia grave. Presença de grande quantidade de material inflamatório espumoso em meio aos alvéolos pulmonares, que ao invadirem os alvéolos e causarem exsudação alveolar, diminuindo a funcionalidade dos segmentos acometidos, podem levar à morte por hipoxemia. • ASPERGILOSE: Aspergillus sp. Pode causar alergia, bola fúngica cavitária no pct que teve tuberculose ou, ainda, disseminar e ocasionar trombose. • CANDIDÍASE: C. albicans, levedura comum na flora normal da orofaringe, do intestino e da vagina – não é encontrada na pele normal. Causa infecção local da pele, unhas ou das mucosas, e, no imunocomprometido, infecção sistémica. OBS: a assadura do bb pode ser por candida. Diagnostico diferencial com dermatite amoniacal. Causa eritema nas áreas de dobra de pele. MICOTOXINAS Aspergillus secretam aflatoxinas, que contaminam alimentos, e ocratoxinas. Ingestão de grande quantidade pode causar efeitos hepatotoxicos, carcinogénicos, hemorrágicos, hiperplasia biliar, acumulo de gordura no fígado, espasmos, redução no crescimento, anorexia e morte. DIAGNÓSTICO Analise clínica do aspecto da lesão, diagnostico laboratorial por coloração em meio de cultura específico (raspagem, coleta de material purulento, coleta de material de catéter e sonda). VIROSES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA CARACTERISTICAS DOS VÍRUS • Parasitas intra-celulares obrigatórios (incapazes de produzir sua própria energia ou proteínas, dependem de uma célula hospedeira para replicação e disseminação) • Diferença principal para bactérias e fungos: podem apresentar DNA ou RNA, mas não ambos • Componentes básicos do virion: a) Vírus de capsídeo desnudo: nucleocapsídeo (RNA ou DNA + proteínas estruturais + proteínas e ligação ao ácido nucleico)b) Vírus envelopado: nucleocapsídeo + glicoproteínas e membrana • Vírus de capsídeo desnudo: ✓ Componente básico: proteínas ✓ Muito resistente: estável em ambientes de pH extremo, detergentes, ressecamento e extremos de temperaturas – são necessários desinfetantes de alto nível capazes de dissolver proteínas, DNA ou RNA ✓ São liberados por lise celular ✓ Resistentes à acidez estomacal ✓ Facilmente dissemináveis, transmissão via TGI • Vírus encapsulado: ✓ Componentes básicos: lipídeos, glicoproteínas, membrana ✓ Mais frágeis (na camada externa se alocam proteínas ligantes a receptores celulares humanos, que a destroem, eliminando rapidamente a infectividade do patógeno) ✓ Lábil em condições desfavoráveis ✓ Liberação por brotamento ou lise ✓ Transmissão por secreções, mucosas e sangue ✓ Pode se disseminar célula-a-célula (mesmo que não haja lesão ou sangue, o individuo pode se contaminar e infectar por exemplo, por contato sexual) HERPESVÍRUS (DNA ENVELOPADO) 1. Herpes simples (oral) 2. Herpes simples (genital) 3. Varicella-zoster (catapora) 4. Citomegalovírus (síndrome adquirida e doença sistémica por reativação que causa complicação de transplantes) 5. Epstein-Barr (mononucleose infeciosa) 6. Vírus relacionado ao Sarcoma de Kapposi HERPESVÍRUS TIPO 1 • Herpes oral • Quadro pode ser assintomático ou sintomático. Quando sintomático, geralmente foi adquirido na infância (<5 anos) • Transmissão por contato com indivíduos infectados ou através de fômites que foram levados à boca • Inicio: processo inflamatório na mucosa da boca → estágio evolutivo -- gengivoestomatite herpética: febre alta, enantema, mácula → pápula → vesícula, → pústula com conteúdo purulento → lesões crostosas ou úlceras aftoides dolorosas; acumulo de saliva, dificuldade para comer e irritabilidade com choro • Autolimitada – pode-se tratar sintomas • O patógeno estabelece fase de latência!! Migração para as células neuronais do gânglio trigêmeo, aonde permanece localizado. Quando há queda de imunidade ou exposição à luz solar, o vírus é reativado e migra novamente por via axonal, por exemplo, para a boca → formigamento, ardência e aparecimento de lesões agrupadas • Pode acometer a córnea → ceratite herpética (migração no ramo oftálmico, acometendo a visão) • Tratamento: é autolimitada, mas pode-se intervir com Aciclovir (afeta a DNA polimerase do vírus e impede que entre em atividade) que não cura (o vírus permanece em latência a vida toda) HERPESVÍRUS TIPO 2 • Quadro genital • Vesiculas agrupadas que podem se romper levando a formação de lesão crostosa (na mulher, a umidade da vagina faz com que ao invés de crostas apareçam úlceras dolorosas) • A transmissão só ocorre quando estão presentes lesões ativas • O vírus se aloja em gânglios espinhais da medula de região sacral e lombar • Tratamento: aciclovir (pode-se fazer administração profilática por até 12 meses em indivíduos que apresentam lesão de repetição) VARICELLA-ZOSTER • Varicela/catapora • Se manifesta apenas no primeiro contato com o individuo. Em caso de reativação -> herpes zoster • Existe vacina!!!! • Transmissão: contato direto, fômites ou via respiratória (diferença do herpes simples – não transmite via resp) • Infecção da mucosa das VAS → replicação em linfonodos regionais e alguns vírus chegam ao sangue (fase de viremia primária – carga viral pequena, fase de incubação da doença) → disseminação sistémica e replicação viral no fígado, baço e outros órgãos → carga viral maior no sangue (fase de viremia secundária – período contagioso com aparecimento de manifestações clínicas) • Manifestações clínicas: começa com pródromos (febre, mialgia, cefaleia, mal estar) e surgimento de lesões cutâneas de estágio evolutivo inicialmente em região cefálica com posterior disseminação para a região do tronco (acometimento majoritariamente centrípeto) OBS: diferença da varíola: lesões monomórficas com distribuição majoritariamente centrífuga • Principal característica clínica: Polimorfismo regional das lesões cutâneas: em uma mesma área podem haver lesões em diferentes estágios (mácula, pápula, vesícula, pústula, crosta) • 15-20 dias: todas as lesões atingem o estado de crosta e o paciente para de transmitir o vírus • Após infecção primária → latência em gânglios espinhais da região torácica ou trigeminal. A reativação → herpes zoster QUADRO: dor súbita e intensa no trajeto do nervo afetado, acompanhada de febre, calafrios, cefaleia e mal estar → erupções na pele de acordo com o trajeto do nervo acometido Pacientes com senescência podem complicar com um quadro de neurite ou neuralgia pós herpética: cronicidade da dor mesmo após cicatrização das lesões • Tratamento: aciclovir (?), anti-histamínico, talco mentolado antipruriginoso para secar lesões úmidas, antitérmico, banho com sabonete antisséptico a base de clorexidina ou irgasan para evitar a impetigação por infecção secundária por estreptos ou estafilos. CITOMEGALOVÍRUS • Altamente infectante • Transmissão sexual • NÃO existe vacina!!!! • Aspecto clínico: desde discreto mal-estar até comprometimento SNC • Fase aguda: febre, mialgia, faringite, linfonodomegalia (se assemelha a mononucleose – diagnóstico diferencial por exames sorológicos) • O vírus permanece em estado latente e pode ser ativado por imunodisfunção, levando à doença disseminada do citomegalovírus: encefalite, retinite hemorrágica, miocardite, enterite com hemorragia intestinal que pode gerar úlceras, pneumonite viral grave com insuficiência e falência respiratória • Comum em transplantados (uso de altas doses de corticoide para inibir rejeição) e aidéticos • Forma mais grave: medicação venosa que também inibe a DNA polimerase do vírus (Ganciclovir) • Grávidas: atravessa a barreira placentária e pode causar parto prematuro ou compor a síndrome de Torch (baixo peso fetal, febre, hepatoesplenomegalia, anemia hemolítica, pneumonite) OBS: síndrome de Torch tb é causada por toxoplasmose, rubéola, sífilis e herpes simples EPSTEIN BARR • Mononucleose infeciosa • Febre, fadiga, faringite, faringoamigdalite, linfonodomegalia em região cervical que pode se tornar generalizada, rash cutâneo (exantema). É comum esplenomegalia e, menos frequente, hepatomegalia. • A esplenomegalia pode levar a ruptura espontânea do órgão, principalmente durante esforço físico ou pancada abdominal → deficit significativo temporário de imunidade humoral – comprometimento de opsonização e maior vulnerabilidade a patógenos encapsulados • Pode ter duração sintomática por até 3 meses • Pode complicar como síndrome da fadiga cronica • Há longo prazo, pode ser um vírus oncogénico, que pode causar leucemia, linfoma ou leucoplasia pilosa da língua (comum em HIV) • Tratamento: repouso. HERPESVIRUS TIPO 8 – SARCOMA DE KAPPOSI • Acompanha a infecção do HIV • Causa neovascularização maligna – manchas de coloração eritemitoviolacia na pele, podendo causar linfedema principalmente de MMII • Quando assume forma visceral: lesões pulmonares e pleurais, cursando com derrame pleural hemorrágico; acometimento TGI com aparecimento de lesões na mucosa e, consequente, enterorragia • Tratamento: quimioterapia com doxorrubicina + coquetéis HEPATITES Hepatite é toda inflamação do fígado que cursa com destruição de células, tanto de hepatócitos quanto de células estromais que fazem parte do espaço porta e tecido conjuntivo. Funções do fígado:biotransformação, produção da bile e conjugação da bilirrubina, defesa, síntese de proteínas (fatores de coagulação, albumina, proteínas do complemento, vitamina K dependente), metabolismo da glicose. Clínica clássica da hepatite: febre, desanimo, mialgias, náuseas e vômitos, dor abdominal, icterícia Agente Composição Família Vacina Hepatite A RNA Picornaviridae S Hepatite B DNA Hepadnaviridae S Hepatite C RNA Flaviviridae N Hepatite D RNA Deltaviridae S (?) Hepatite E RNA Caliciviridae N Hepatite G RNA Flaviviridae N Existem também vírus não clássicos da hepatite, cuja doença primaria não causa inflamação hepática, mas que no quadro sistémico pode acometer esse órgão (febre amarela, vírus de lassa, herpes simples, varicela-zoster). Vírus A B C D E G Incubação 15-50 45-160 14-190 15-64 15-50 - Denominação Infeciosa Sérica Não infecciosa e não sérica Delta Entérica Início Súbito Insidioso Insidioso Súbito Súbito ? Cornificação N S (9%) S (50- 80%) N N N Sequelas N S S S N ? OBS: somente a D não ocasiona infecção assintomática, evoluindo rapidamente para hepatite fulminante HEPATITE A • Hepatite infeciosa • Existe vacina!!!! • Transmissão fecal-oral, principalmente ingesta de alimentos e água contaminados • Resiste ao suco gástrico pela presença do capsídeo • Drenado pela bile cerca de 10 dias antes do aparecimento dos sintomas – já está transmitindo quando aparecem • Incubação 15-50 dias • Inicio súbito • Patógeno viral não envelopado resistente a condições adversas • Cursa com doença sintomática, podendo levar à icterícia • Infecção via oral → circulação mesentérica → fígado → multiplicação (se liga aos receptores na superfície do hepatócito, perdendo sua cápside, libera seu RNA no celular da célula hospedeira e multiplica) → as proteínas se agrupam e originam novos virions que são empacotados dentro do complexo de Golgi em vesículas → vesiculas nos canalículos biliares → eliminação biliar → eliminação fecal • Os sintomas se devem à ação do sistema imunológico sobre os hepatócitos infectados • Diagnóstico: biópsia do fígado e fezes; 3ª semana de infecção já tem IgM anti-VHA (pico de concentração em 6 meses e depois cai), 4-5 semanas começa a produzir IgG anti-VHA (positivo pelo resto da vida) • Prevenção e tratamento: evitar consumo de água e alimentos possivelmente contaminados (em especial, frutos do mar), lavagem das mãos e alimentos, profilaxia com globulina séria imune até 2 semanas após a exposição HEPATITE B • Hepatite sérica • Existe vacina!!! • Período de incubação de até 160 dias Período pré-ictérico: febre e enxantema Período de hepatite clássica: icterícia, prurido, colúria, mal-estar, anorexia, náusea, dor no quadrante superior Período de convalescença: retorna a homeostasia • HBV é um vírus envelopado com genoma DNA circular, de filamento parcialmente duplo. A replicação se dá por meio de um RNA intermediário circular. • O vírus codifica várias proteínas: HBsAg (L, MS), HBcAg, HBeAg. • Tropismo tecidual estrito para o fígado e as células infectadas liberam grandes quantidades de HBsAg desprovidas de DNA – portador do vírus B (pode desenvolver hipersensibilidade tipo 3 contra esse HBsAg) • O genoma do HBV pode se integrar ao cromossomo do hospedeiro (no caso dos hepatócitos). • Proteína de superfície (antígeno M) reveste o vírus e é utilizada para a confecção da vacina • Transmissão: relação sexual (fluidos vaginais e sêmen), contato com sangue (principalmente por abuso de drogas injetáveis e transfusão) e através do parto • A clínica da hepatite B pode seguir diversos caminhos: a. Pacientes com resposta imunológica eficaz: desenvolve a doença aguda (icterícia, hepatoesplenomegalia, alteração das transaminases) e se cura b. Pacientes com resposta imunológica ineficaz: evoluem com doença crônica até que o vírus se replica o suficiente para destruir o fígado, podendo evoluir ara carcinoma hepatocelular primário (CHA) e cirrose. O doente está sujeito a coinfecção com o VHD e hepatite fulminante, com consequente óbito. • Os pacientes que não tem resolução espontânea e nem sofrem hepatite fulminante por coinfecção com VHD, continuam eliminando a proteína de superfície do envelope do vírus B (HBsAg) por 6 meses e pode seguir os caminhos: a. Resolução b. Estado de portador assintomático do vírus c. Hepatite cronica persistente, também eliminando HBsAg na circulação e desenvolvendo doença do soro-like, com manifestações extra-epáticas (poliartrite nodosa e glomerulonefrite) d. Hepatite cronica ativa, que também pode ter manifestações extra-hepáticas ou evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular • Diagnóstico laboratorial: a. Hepatite aguda: HBsAg +, IgM anti-HBc + b. Hepatite crônica: HBsAg+; anti HBc total+; HBeAg –; HBV-DNA – c. Hepatite cronica ativa: HBsAg e anti-HBc +, carga viral + • Tratamento: É indicado nas formas cronicas ativas. É feito com interferon α e antivirais, como lamivudina oral. Pode-se administrar imunoglobulina anti-HBV para imunização passiva até uma semana após a exposição e em RN de mãe positivas, associada à suspensão da lactação materna. • Precaução: Cuidados universais com sangue, como triagem sorológica de doadores de sangue e líquidos orgânicos; Vacinação (inserção de um fragmento de DNA que possui genes inibidores de HBs) – 3 doses. HEPATITE C • Vírus envelopado com genoma RNA • Transmissão se dá por contato com sangue, via sexual e amamentação • É uma doença lenta e silenciosa, não tem clínica de hepatite • Período de incubação de 15 a 90 dias. • Não existe vacina • A hepatite C aguda é menos frequente • Forma crônica: o vírus invade o hepatócito e pode evoluir para cirrose, que pode descompensar ou ocasionar carcinoma hepatocelular • Fatores que podem interferir no desenvolvimento: idade, tempo de infecção, grau de dano hepático, estado imunológico, genótipo do VHC e doenças associadas (HIV, HB e hepatotoxidade por álcool) • Tratamento e prevenção: α-interferon recombinante ou peguilhado isolado ou combinado com ribavirina. Cuidado com materiais perfurocortantes. Se ocorrer um acidente a pessoa deve ser acompanhada por 190 dias. Os tratamentos possuem muitos efeitos colaterais. Além disso, por possuírem 4 ou 5 genótipos diferentes, não respondem bem a nenhuma forma de tratamento. HEPATITE D • Inicio súbito • Responsável pela cronificação da hepatite ou pela hepatite fulminante • Depende da polimerase do vírus B para que possa se multiplicar – comum em coinfecção ou superinfecção, ambas evoluindo com hepatite fulminante (encefalopatia hepática, icterícia e necrose hepática fatal) O HDV, ao utilizar a polimerase do HBV, o inibe, deixando- o latente. • Pode ser assintomática ou se apresentar sob a forma ictérica grave, mas não apresenta manifestações extra-hepáticas. HEPATITE E • Semelhante a HA – necessário diagnostico sorológico para diferenciação do vírus • Período de incubação prolongado • Se cura em duas semanas, não deixando sequelas • Transmissão fecal-oral INFLUENZA • Vírus envelopado – menos resistente ao ambiente • Apresenta um nucleocapsídeo helicoidal que aloja o complexo polimerase, o RNA proteínas M1 (de matriz) e NP (do nucleocapsídeo viral). • Apresenta um envelope lipídico onde se sobressaem duas proteínas: a. Hemaglutinina (HA): proteína em espícula que favorece a ligação do vírus com a célula hospedeira e subsequente fusão doenvelope do patógeno com a membrana citoplasmática, com ejeção e introdução do seu genoma dentro da célula b. Neuroaminidase (NA): destrói os receptores de HA, permitindo que os novos virions que estão sendo formados pelas células infectados sejam liberados e atinjam o trato respiratório inferior, estabelecendo a patologia • São classificados em 3 tipos de acordo com as proteínas que apresentam: A → desencadeia a forma mais grave da doença, tem reservatório animal. Apresentam 8 segmentos de RNA expostos dentro de seu nucleocapsideo e, em sua membrana, apresenta proteínas HA e NA. Sofrem SHIFT (alterações antigénicas significativas em que alteram completamente as proteínas e o próprio genoma viral), formando um novo patógeno altamente infectante B → não ocasiona a forma grave da doença. Apresenta também 8 segmentos de RNA e faz uso das proteínas de membrana HA e NA. Sofrem, anualmente, DRIFT (alterações pontuais em segmentos de genoma – não mudam drasticamente a estrutura antigénica viral) C → patógeno pouco eficiente. Somente uma proteína de ligação e 7 segmentos de RNA. • Tem alta capacidade de multiplicação, de forma mais rápida que a habitual (1h após a multiplicação já inicia replicação viral: Penetração do vírus nas células do epitélio respiratório via ligação da HA → Transcrição do RNA via RNA polimerase viral → Formação de RNA “mensageiros” → Início da síntese de proteínas virais → Montagem de novas partículas virais → Remoção pela neuraminidase dos receptores de HA da superfície celular → Liberação dos novos vírions por brotamento. • Após o brotamento, os virions migram para o trato respiratório inferior e ocasiona pneumonite, forma mais grave da doença, que cursa com síndrome respiratória aguda grave, insuficiência respiratória e morte. • A patogénese viral se deve ao acometimento do epitélio ciliado das vias respiratórias. Infecção secundaria → pneumonia bacteriana. • Pandemias: Epidemia de ocorrência mundial que afeta simultaneamente vários países. Pré-requisito: novo vírus, com virulência alta, que pode se propagar rapidamente de humano para humano em uma população que não tem imunidade vacinal prévia. Como surgem? Ocorre uma recombinação genética (SHIFT) entre dois tipos virais, um humano e um aviário, quando um mesmo animal, normalmente porco, é contaminado pelos dois tipos ao mesmo tempo. ✓ Gripe espanhola (1918): vírus A (H1N1), de origem aviária, causou 50 milhões de mortes em pessoas de faixa etária variada, 20 a 50 anos. ✓ Gripe asiática (1957): vírus A (H2N2), matou 2 milhões de crianças. ✓ Gripe de Hong Kong (1968): vírus A (H3N2), matou 1 milhão de pessoas. Quadro comum nos dias de hoje – até mais agressivo ➢ Classificação de níveis de alerta de uma pandemia segundo a WHO: Período interpandemico: detectado novo vírus em animais, ainda sem relato em humanos Alerta de pandemia: detectado novo vírus capaz de causar infecção humana e com aumento no risco de transmissão inter-humana Pandemia: situação fora de controle Um surto epidêmico de gripe pode ser percebido pelo aumento súbito de mortalidade entre indivíduos portadores de doenças cronicas, principalmente cardiopulmonares. INFECÇÕES PELO VÍRUS DA INFLUENZA A • Transmitido pelo contato com gotículas • Curto período de incubação, a transmissão começa dois dias antes do início dos sintomas e pode chegar ate 7 dias depois • Quadro de início súbito: febre (38º a 40º), mialgia, cefaleia, tosse seca, dor ocular, coriza, calafrios, fadiga. Duração de 1 a 2 semanas. Menos frequente, pode causar náuseas, dores abdominais, diarreia e fotofobia • Grupos de risco: extremos de idade, imunodeprimidos, condições cronicas associadas (DM, cardiopatia, pneumopatia, hemoglobinopatia, doença renal cronica, obesidade e gravidez) Grave em grávidas: diminuição da capacidade residual funcional; diminuição da imunidade celular; maior consumo de O2; aumento desproporcional da massa eritrocitária e do volume plasmático diminuição da pressão oncótica, edema de tecidos moles (tendo aumento do risco de edema pulmonar) e aumento do débito cardíaco. • Gripe suína: pandemia em 2009, pelo vírus A (H1N1). Foi controlada pelo desenvolvimento de vacinas e uso de medicamento anti-gripal, associada a medidas preventivas (uso de máscaras, álcool antisséptico e lavagem correta das mãos). Diferença da gripe espanhola, pelo mesmo vírus, em 1918 é uma diferença mínima no sequenciamento genómico. Em 1918 matava mais por infecção secundaria, como pneumonia bacteriana. Em 2009, dano pulmonar direto por alta concentração de citocinas. Mais doentes jovens em 2009 pq os mais velhos já tiveram contato com o vírus em 1918, mesmo com diferenças. • Complicações: Pneumonia primária: progressão do vírus para o trato respiratório inferior. Quadro agudo, que evolui com febre persistente; dispneia; cianose; escarro escasso (hemoptóicos); estertores difusos; radiografia de tórax com infiltrados intersticiais difusos; na gasometria há hipóxia. Pneumonia bacteriana secundária por Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Haemophylus influenzae. Febre contínua, tosse produtivo com escarro purulento, RX consolidado. Exacerbações (DPOC, asma e IC), síndrome de Reye, miosite/mioglobinuria, miocardite/pericardite, ence- falite/mielite tranasversa / guillain-barré, síndrome de choque toxico (no caso de infecção por S. aureus após influenza) • Diagnóstico: Cultivo de material de swabs de orofaringe ou lavados de nasofaringe; Sorologia. • Tratamento: Repouso, hidratação, analgésico e antitérmico. Evitar aspirina e AAS (associação com síndrome de Reye). Uso de antigripal de segunda geração somente em formas graves (mecanismo: inibição da neuroaminidase), que não bloqueiam os sintomas da gripe, mas evitam sua disseminação para o pulmão. • Prevenção e controle: Imunização: vacina desenvolvida anualmente através das 3 cepas virais mais prevalentes no ano – vacina trivalente. Pode causar reações vacinais autolimitadas (dor e hiperemia no local de aplicação) ou reações sistémicas (febre e mialgia). Não impede a doença, mas protege contra formas graves. Lavagem correta das mãos, uso de álcool gel e mascaras. GRIPE X RESFRIADO Sintomas Resfriado Influenza Febre Criança – 39ºC Adulto pouco frequente Pode elevar-se até 40º, dura de 3 a 4 dias Cefaleia Raras vezes Inicio brusco e de grande intensidade Dores musculares Leve a moderado Grande intensidade Cansaço e debilidade Leve a moderado Grande intensidade Decaimento Leve Inicio brusco e de grande intensidade Ardor/dor de garganta Frequente Algumas vezes Tosse Leve a moderada Quase sempre Congestão nasal Frequente Algumas vezes PAPILOMAVÍRUS HUMANO – HPV • Vírus pequenos, não envelopados, com DNA circular de dupla fita, oncogênicos e com ciclo reprodutivo de replicação lítica • Determina uma hiperproliferação dos queratinócitos, levando à formação de uma lesão exofítica característica, a verruga, que demora de 3 a 4 meses para se desenvolver • Pode causar doenças renais e leucoencefalopatia multifocal progressiva • • Papilomavírus Humano: ➢ Existem cerca de 70 tipos distintos de HPV. Nem todos são capazes de originar tumores, sendo o 16 e o 18 os responsáveis por 60% dos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo. ➢ Existe vacina!!!! (meninas e mulheres entre 9-26 anos (3 doses) ➢ O tropismo tecidual depende do tipo de HPV ➢ Processo de Replicação: HPV → Inoculação no epitélio → Mãos, pés, garganta ou colo uterino
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