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TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE

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Magistratura e MP 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direto Ambiental 
 Professor: Luiz Antonio 
Aulas: 01 e 02 | Data: 10/10/2016 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 
I. Introdução 
II. Princípios de direito ambiental 
 
 
 
TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
I. Introdução 
 
Até os anos 80, haviam leis esparsas tratando do meio ambiente. Não era uma proteção sistemática, era uma 
proteção indireta, reflexa. 
 
A CF/88 amplia o conceito de meio ambiental e dá ao direito de proteção do meio ambiente o status de direito 
fundamental. A partir de 88, o direito ambiental ganha maior proteção. 
 
O ano de 1980 é um marco na proteção do meio ambiente, pois, até esta data, o que se gastava de meio ambiente 
era recuperado. A partir de 1981 essa recuperação passa a ser insuficiente, ou seja, não se consegue mais recuperar 
o meio ambiente na mesma proteção em que este é gasto. 
 
A proteção sistêmica do meio ambiente se inicia com a LPNMA (Lei 6938/81), pois ela cria o sistema nacional do 
meio ambiente. Ela traz o conceito de meio ambiente, as responsabilidades, determina quem é poluidor, traz uma 
estrutura de proteção ambiental em nível federal por meio do SISNAMA. Isso permite que os Estados criem seus 
sistemas estaduais do meio ambiente (SISNEMA) e que os municípios, por sua vez, criem os seus sistemas 
ambientais (SISMUNA). 
 
(Dê mais atenção aos sistemas estaduais, se for prestar provas de procuradorias). 
 
A lei 6938 em conjunto com a CF traz uma proteção sistêmica do meio ambiente. 
 
 
1. Conceito 
 
A CF não traz um conceito de meio ambiente. Ela trouxe novos aspectos de meio ambiente. O conceito de meio 
ambiente ainda é legal, estando previsto na LPNMA lei 6938/81, art. 3, I. 
 
Lei 6938/81 - Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e 
rege a vida em todas as suas formas; 
 
 
 
 
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Ela só fala de meio ambiente no aspecto físico ou natural. Não fala do meio ambiente cultural, do trabalho e urbano 
(etc). Hoje o espectro de meio ambiente é mais amplo. A lei dá um conceito mais limitado/restrito. 
 
Atenção, pois nas provas o que eles pedem, na parte objetiva, é, em regra, a letra de lei. (Lembre-se de dar bastante 
atenção ao enunciado). 
 
 
2. CF/88 
A CF/88 dá um conceito mais amplo. Traz 4 espécies/ aspectos: 
 Físico/natural 
 Urbano/artificial 
 Cultural 
 Trabalho 
(Quem fala bastante desta visão é José Afonso da Silva.) 
 
Vamos falar um pouco mais destas: 
 
 Físico/natural  solo, ar, agua, fauna e flora. (Princípios 2, 3 e 5 da Declaração de Estocolmo de 72) 
 Urbano/artificialé a proteção do espaço urbano, que pode ser fechado ou aberto. (Princípios 15 da 
Declaração de Estocolmo de 72) 
- Espaço urbano fechado: é o conjunto de edificações 
- Espaço urbano aberto: são os equipamentos públicos. 
 Cultural  trata do patrimônio histórico cultura (CF o art. 216 - fala do patrimônio cultural brasileiro. Vale 
analisar os seguintes julgados: RE 153531/SC e ADI 1856/RJ e ADI 4983/CE (Vaquejada) 
 Trabalho  CF, art. 20, VIII – Na Espanha temos o crime de assédio ambiental. 
 
 
Declaração da Conferência de ONU no Ambiente Humano 
Princípio 2 
Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a 
fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas 
naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes 
e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento. 
Princípio 3 
Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a 
capacidade da terra em produzir recursos vitais renováveis. 
Princípio 5 
Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que 
se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a 
humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização. 
Princípio 15 
Deve-se aplicar o planejamento aos assentamentos humanos e à 
urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o meio 
ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos e 
ambientais para todos. A este respeito devem-se abandonar os 
projetos destinados à dominação colonialista e racista. 
 
 
 
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CF/88 – Art. 20. São bens da União: 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de 
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em 
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória 
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais 
se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços 
destinados às manifestações artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, 
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá 
e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, 
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras 
formas de acautelamento e preservação. 
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da 
documentação governamental e as providências para franquear sua 
consulta a quantos dela necessitem. 
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento 
de bens e valores culturais. 
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na 
forma da lei. 
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de 
reminiscências históricas dos antigos quilombos. 
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo 
estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua 
receita tributária líquida, para o financiamento de programas e 
projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento 
de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 
19.12.2003) 
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos 
investimentos ou ações apoiados. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: RE 153531 SC 
Relator(a): FRANCISCO REZEK 
 
 
 
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Julgamento: 03/06/1997 
Órgão Julgador: Segunda Turma 
Publicação: DJ 13-03-1998 PP-00013 EMENT VOL-01902-02 PP-00388 
Parte(s): APANDE-ASSOCIAÇÃO AMIGOS DE PETROPOLIS PATRIMÔNIO PROTEÇÃO AOS ANIMAIS E DEFESA 
DA ECOLOGIA E OUTROS 
ESTADO DE SANTA CATARINA 
Ementa 
COSTUME - MANIFESTAÇÃO CULTURAL - ESTÍMULO - RAZOABILIDADE - PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA - 
ANIMAIS - CRUELDADE. 
A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a 
difusão das manifestações, não prescinde da observância da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição 
Federal, no que veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. Procedimento discrepante da norma 
constitucional denominado "farra do boi". 
 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: ADI 1856 RJ 
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO 
Julgamento: 26/05/2011 
Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-02 PP-00275 
Ementa 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - BRIGA DE GALOS (LEI FLUMINENSE Nº 2.895/98)- LEGISLAÇÃO 
ESTADUAL QUE, PERTINENTE A EXPOSIÇÕES E A COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇASCOMBATENTES, FAVORECE 
ESSA PRÁTICA CRIMINOSA - DIPLOMA LEGISLATIVO QUE ESTIMULA O COMETIMENTO DE ATOS DE CRUELDADE 
CONTRA GALOS DE BRIGA - CRIME AMBIENTAL (LEI Nº 9.605/98, ART. 32)- MEIO AMBIENTE - DIREITO À 
PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225)- PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE 
METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O 
POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA FAUNA (CF, ART. 225, § 1º, VII)- 
DESCARACTERIZAÇÃO DA BRIGA DE GALO COMO MANIFESTAÇÃO CULTURAL - RECONHECIMENTO DA 
INCONSTITUIONALIDADE DA LEI ESTADUAL IMPUGNADA - AÇÃO DIRETA PROCEDENTE. LEGISLAÇÃO ESTADUAL 
QUE AUTORIZA A REALIZAÇÃO DE EXPOSIÇÕES E COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇAS COMBATENTES - NORMA 
QUE INSTITUCIONALIZA A PRÁTICA DE CRUELDADE CONTRA A FAUNA - INCONSTITUCIONALIDADE 
. - A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação ambiental, configura 
conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja 
natureza perversa, à semelhança da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como 
inocente manifestação cultural, de caráter meramente folclórico. Precedentes 
. - A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos 
ou domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em 
cláusula genérica, qualquer forma de submissão de animais a atos de crueldade 
. - Essa especial tutela, que tem por fundamento legitimador a autoridade da Constituição da República, é motivada 
pela necessidade de impedir a ocorrência de situações de risco que ameacem ou que façam periclitar todas as 
formas de vida, não só a do gênero humano, mas, também, a própria vida animal, cuja integridade restaria 
comprometida, não fora a vedação constitucional, por práticas aviltantes, perversas e violentas contra os seres 
irracionais, como os galos de briga (“gallus-gallus”). Magistério da doutrina. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA PETIÇÃO 
INICIAL 
 
 
 
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. - Não se revela inepta a petição inicial, que, ao impugnar a validade constitucional de lei estadual, (a) indica, de 
forma adequada, a norma de parâmetro, cuja autoridade teria sido desrespeitada, (b) estabelece, de maneira clara, 
a relação de antagonismo entre essa legislação de menor positividade jurídica e o texto da Constituição da 
República, (c) fundamenta, de modo inteligível, as razões consubstanciadoras da pretensão de 
inconstitucionalidade deduzida pelo autor e (d) postula, com objetividade, o reconhecimento da procedência do 
pedido, com a conseqüente declaração de ilegitimidade constitucional da lei questionada em sede de controle 
normativo abstrato, delimitando, assim, o âmbito material do julgamento a ser proferido pelo Supremo Tribunal 
Federal. Precedentes. 
 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: ADI 4983 CE 
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO 
Julgamento: 27/07/2013 
Publicação: DJe-150 DIVULG 02/08/2013 PUBLIC 05/08/2013 
Decisão 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE LIMINAR JULGAMENTO DEFINITIVO. 1. Esta ação direta de 
inconstitucionalidade tem como objeto a Lei nº 15.299, de 8 de janeiro de 2013, do Estado do Ceará, que 
regulamenta a “vaquejada” como prática desportiva e cultural. A racionalidade própria ao Direito direciona a 
aguardar-se o julgamento definitivo. 2. Aciono o disposto no artigo 12 da Lei nº 9.868/99. Providenciem as 
informações, a manifestação do Advogado-Geral da União e o parecer do Procurador-Geral da República. 3. 
Publiquem.Brasília, 27 de julho de 2013.Ministro MARÇO AURÉLIORelator 
 
 
 
3. Natureza jurídica 
 
CF/88 - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; (Regulamento) (Regulamento) 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a 
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que 
justifiquem sua proteção; (Regulamento) 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
 
 
 
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ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; (Regulamento) 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente; (Regulamento) 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção 
de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar 
o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida 
pelo órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, 
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, 
e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que 
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso 
dos recursos naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. 
 
 
Art. 225, caput da CF determina que se trata de um meio ambiente: 
- Direito difuso - bem de fruição coletiva 
- Função coletiva 
- Direito fundamental da pessoa humana 
- Intergeracional. 
 
 
É possível tem dignidade humana sem isso? Não. 
 
 
4. Destinatários do meio ambiente 
 
É o homem ou a natureza? Quem serve quem? 
 
Pela leitura do art. 3º, da lei 6938/81: há uma simbiose. 
Pela leitura do art. 225, caput: parece que o homem vem como destinatário, mas também como autor do processo 
do preservação. Além disso, a mensagem de destino da natureza é feita à coletividade e não ao indivíduo/homem. 
 
 
 
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5. Estado Constitucional Ecológico ou socioambiental 
(Socioambiental nome usado por Ingo Sarlet) 
 
É possível ter dignidade urbana sem a dignidade ambiental? Não! No art. 3º da CF temos: 
 
 
CF/88 - Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem porfim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e 
de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
6, de 1995) 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 
A livre iniciativa é possível, pois sem ela não é possível gerar riqueza e diminuir desigualdade, mas é necessário 
trabalhar com avanços sociais e a defesa do meio ambiente. É a ideia de desenvolvimento sustentável, que é o 
desenvolvimento econômico feito com sustentabilidade e cooperando com a sociedade e o meio ambiente. Não se 
pode ter um capitalismo unilateral. O mercado é um bem de natureza difusa. 
 
 
Buscando dar 
dignidade às pessoas 
 
 
 
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II. Princípios de direito ambiental 
Todos os princípios de direito ambiental estão na CF, mesmo que implicitamente. 
 
1. Art. 225, caput 
 
CF/88 - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: é indisponível, inapropriável e trata-se de 
direito humano. 
 Bem de uso comum do povo: daqui decorre o princípio do usuário pagador (atr. 4º, VII da Lei 6938/81). Ex.: 
cobrança de água: art. 5º, LPNRH – Lei 9433/97 – note, ainda não pagamos por água (líquido). Nós pagamos hoje 
pelo tratamento da água. Do art. 11 a 18 desta lei temos a disciplina da outorga do uso de água autorização e 
não licença! 
Em SP, essa cobrança passou a ser cobrada só a partir de 2012. Além disso, hoje temos regras quanto ao reuso de 
água. 
Princípio do usuário pagador – está no art. 4º, VII da Lei 6938/81 – determina que quem usa bens ambientais com 
fins econômicos deve devolver isso à coletividade, já que o meio ambiente pertence à coletividade. 
Ex.: na Grande SP, temos a Lei 12.183/05 que autoriza a cobrança de água no Estado de SP. A partir de 2012 passou 
a se exigir cobrança para quem utiliza mais que determinado percentual de água. O valor é encaminhado para um 
fundo especial para investir em recursos hídricos. 
Essa cobrança de água é uma das primeiras iniciativas no sentido do princípio do usuário pagador. 
 
 
Lei 6938/81 - Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 
e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela 
utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 
 
Ordem econômica 
fundada na livre 
iniciativa
Princ. Da Função 
social
Defesa do meio 
ambiente
 
 
 
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Lei 9433/97 - Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se 
nos seguintes fundamentos: 
I - a água é um bem de domínio público; 
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o 
consumo humano e a dessedentação de animais; 
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso 
múltiplo das águas; 
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da 
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com 
a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. 
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: 
I - os Planos de Recursos Hídricos; 
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos 
preponderantes da água; 
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; 
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; 
V - a compensação a municípios; 
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. 
Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser 
suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo 
determinado, nas seguintes circunstâncias: 
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; 
II - ausência de uso por três anos consecutivos; 
III - necessidade premente de água para atender a situações de 
calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; 
IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental; 
V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, 
para os quais não se disponha de fontes alternativas; 
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade 
do corpo de água. 
Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á 
por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. 
Art. 17. (VETADO) 
Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são 
inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. 
 
 
 
 
 Essencial à sadia qualidade de vida  daqui extraímos os princípios do mínimo existencial e a proibição/vedação 
ao retrocesso. 
- Princípio do mínimo existencial ecológico ou 
- Princípio da proibição do retrocesso ecológico e socioambiental. 
 
 
 
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É vedado o retrocesso à proteção. Nossas leis não poderiam diminuir a proteção – ocorre que nosso Código Florestal 
atua teve uma redução de aproximadamente 66,7% de proteção (cálculo feito por universidade mineira). 
É por isso que ADIs foram propostas contra o Código ambiental – ADI 4901, 4902, 49031 e 49372 (ainda não 
julgadas). Ocorre que até hoje nem a liminar foi avaliada. O problema é que o que já foi feito neste meio tempo 
(desde a edição da lei até hoje) não tem volta. 
 
 Poder público e coletividade 
Princípio da intervenção estatal obrigatória  isso garante a indisponibilidade do bem e a supremacia do interesse 
público. 
 
 
Mas não basta o poder público agir – a coletividade também precisa participar. Daí o princípio da 
participação/compartilhamento. Quando se busca a participação da coletividade, propõem-se meios para 
incentivá-la. Diante disso, criaram-se sanções punitivas. Outra política pública obrigatória criada foi a de se 
desenvolver o ensino ambiental – art. 225, parágrafo 1º, VI, CF educação ambiental. 
 
 
CF/88 - Art. 225. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
 
 
Há também a lei – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9394/96 – art. 26, parágrafo 7º 
 
Lei 9394/96 - Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino 
fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser 
complementada, em cada sistema de ensino e em cada 
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas 
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia 
e dos educandos. 
§ 7º A Base Nacional Comum Curricular disporá sobre os temas 
transversais que poderão ser incluídos nos currículos de que trata o 
caput. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746,de 2016) 
 
Há inclusive uma lei que fala da educação ambiental  LPNEA - Lei 9795/99 – regra como a educação ambiental 
será dada. 
 
Lei 13186/15 – traz a política nacional de consumo sustentável. Nas aulas de educação ambiental também se trata 
do consumo sustentável. 
 
 
1 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=228842 
2 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=235536 
 
 
 
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Outra forma de incentivar a participação é por meio de prêmios  Princípio do protetor provedor: é uma forma de 
premiar aquele que protege/cuida do meio ambiente. É uma sanção premial, que pode se revelar como uma 
compensação, subsídio, isenção etc. 
 
O nome “protetor provedor” surgiu no art. 6º da LPNRS Lei 12305/10 (lembrar que o nome vem com essa lei, mas 
a prática não é tão nova – já era feita antes). 
 
Lei 12305/10 - Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos: 
I - a prevenção e a precaução; 
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; 
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as 
variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de 
saúde pública; 
IV - o desenvolvimento sustentável; 
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, 
a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam 
as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do 
impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no 
mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do 
planeta; 
VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor 
empresarial e demais segmentos da sociedade; 
VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como 
um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e 
promotor de cidadania; 
IX - o respeito às diversidades locais e regionais; 
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; 
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. 
 
 
 Defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Temos que ressaltar 2 princípios: da prevenção e da precaução. 
(Note, cai muitíssimo!) 
 
 
 Defendê-lo e preservá-lo  Presentes e futuras gerações 
Prevenção Precaução Art. 4º, VII Lei 6938/81 
Dano certo e futuro. 
Trabalha-se para evitar o dano. 
O que se busca: 
 
Ex.: quando se faz um licenciamento 
ambiental, é necessário que se faça 
um projeto e se apresente um 
estudo. Neste caso, é possível 
Há um dano incerto e futuro. 
Trabalha-se com o risco. 
In dubio pro natura  como não 
se tem certeza do dano, se 
trabalha com o risco. 
 
Na dúvida, deve-se privilegiar a 
natureza. E se o dano não 
Dano pretérito já consolidado 
 
Diante de dano pretérito, aplica-se 
o princípio do poluidor- pagador, 
exigindo-se 
1. Reparação do dano 
ambiental (É A RESTAURAÇÃO é a 
paração in natura). 
 
 
 
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verificar o dano futuro, podendo o 
órgão exigir evitar o que for evitável 
e compensar o que for inevitável. 
Assim, temos equilíbrio e um 
desenvolvimento sustentável. 
 
1. Evitar o dano. 
2. compensação prévia. 
 
acontecer? Não há ressarcimento. 
Trata-se de um dano que decorre 
da atividade. 
 
(Jurisprudência STJ fala de 
inversão do ônus da prova). 
Atenção: não usar o termo 
recuperar  restaurar é chegar o 
mais próximo de como era antes. 
Recuperar pode não ser similar ao 
que era antes. 
2. A compensação ou 
indenização: isso para a parte que 
não for possível reparar. 
 
 
Lei 6938/81- Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela 
utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 
 
2. Art. 170, CF 
Temos que analisar o caput e incisos III e IV 
 
 
CF/88 - Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os 
seguintes princípios: 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
 
No caput fala-se do princípio da livre iniciativa, princípios da função social (inciso III) e defesa do meio ambiente 
(inciso VI). 
 
a) Princípio do desenvolvimento sustentável e função socioeconômica e ambiental. 
Se divide para alcançar entre a sustentabilidade e dignidade. 
b) Princípio da função sócio-econômico ambiental da propriedade  está prevista no art. 1228, parágrafo 1º no 
CC. 
 
CC/02 - Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e 
dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que 
injustamente a possua ou detenha. 
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com 
as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam 
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a 
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio 
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula que vem falaremos de: 
III. Competência 
IV. Deveres do Poder Pública e tutela administrativa ambiental 
 Trazer lei 6938/81, Resolução Conama 237/97 e 01/86)

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