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Magistratura e MP CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direto Ambiental Professor: Luiz Antonio Aulas: 01 e 02 | Data: 10/10/2016 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE I. Introdução II. Princípios de direito ambiental TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE I. Introdução Até os anos 80, haviam leis esparsas tratando do meio ambiente. Não era uma proteção sistemática, era uma proteção indireta, reflexa. A CF/88 amplia o conceito de meio ambiental e dá ao direito de proteção do meio ambiente o status de direito fundamental. A partir de 88, o direito ambiental ganha maior proteção. O ano de 1980 é um marco na proteção do meio ambiente, pois, até esta data, o que se gastava de meio ambiente era recuperado. A partir de 1981 essa recuperação passa a ser insuficiente, ou seja, não se consegue mais recuperar o meio ambiente na mesma proteção em que este é gasto. A proteção sistêmica do meio ambiente se inicia com a LPNMA (Lei 6938/81), pois ela cria o sistema nacional do meio ambiente. Ela traz o conceito de meio ambiente, as responsabilidades, determina quem é poluidor, traz uma estrutura de proteção ambiental em nível federal por meio do SISNAMA. Isso permite que os Estados criem seus sistemas estaduais do meio ambiente (SISNEMA) e que os municípios, por sua vez, criem os seus sistemas ambientais (SISMUNA). (Dê mais atenção aos sistemas estaduais, se for prestar provas de procuradorias). A lei 6938 em conjunto com a CF traz uma proteção sistêmica do meio ambiente. 1. Conceito A CF não traz um conceito de meio ambiente. Ela trouxe novos aspectos de meio ambiente. O conceito de meio ambiente ainda é legal, estando previsto na LPNMA lei 6938/81, art. 3, I. Lei 6938/81 - Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Página 2 de 13 Ela só fala de meio ambiente no aspecto físico ou natural. Não fala do meio ambiente cultural, do trabalho e urbano (etc). Hoje o espectro de meio ambiente é mais amplo. A lei dá um conceito mais limitado/restrito. Atenção, pois nas provas o que eles pedem, na parte objetiva, é, em regra, a letra de lei. (Lembre-se de dar bastante atenção ao enunciado). 2. CF/88 A CF/88 dá um conceito mais amplo. Traz 4 espécies/ aspectos: Físico/natural Urbano/artificial Cultural Trabalho (Quem fala bastante desta visão é José Afonso da Silva.) Vamos falar um pouco mais destas: Físico/natural solo, ar, agua, fauna e flora. (Princípios 2, 3 e 5 da Declaração de Estocolmo de 72) Urbano/artificialé a proteção do espaço urbano, que pode ser fechado ou aberto. (Princípios 15 da Declaração de Estocolmo de 72) - Espaço urbano fechado: é o conjunto de edificações - Espaço urbano aberto: são os equipamentos públicos. Cultural trata do patrimônio histórico cultura (CF o art. 216 - fala do patrimônio cultural brasileiro. Vale analisar os seguintes julgados: RE 153531/SC e ADI 1856/RJ e ADI 4983/CE (Vaquejada) Trabalho CF, art. 20, VIII – Na Espanha temos o crime de assédio ambiental. Declaração da Conferência de ONU no Ambiente Humano Princípio 2 Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento. Princípio 3 Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a capacidade da terra em produzir recursos vitais renováveis. Princípio 5 Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização. Princípio 15 Deve-se aplicar o planejamento aos assentamentos humanos e à urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos. A este respeito devem-se abandonar os projetos destinados à dominação colonialista e racista. Página 3 de 13 CF/88 – Art. 20. São bens da União: VIII - os potenciais de energia hidráulica; Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) EMENTA Dados Gerais Processo: RE 153531 SC Relator(a): FRANCISCO REZEK Página 4 de 13 Julgamento: 03/06/1997 Órgão Julgador: Segunda Turma Publicação: DJ 13-03-1998 PP-00013 EMENT VOL-01902-02 PP-00388 Parte(s): APANDE-ASSOCIAÇÃO AMIGOS DE PETROPOLIS PATRIMÔNIO PROTEÇÃO AOS ANIMAIS E DEFESA DA ECOLOGIA E OUTROS ESTADO DE SANTA CATARINA Ementa COSTUME - MANIFESTAÇÃO CULTURAL - ESTÍMULO - RAZOABILIDADE - PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA - ANIMAIS - CRUELDADE. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no que veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucional denominado "farra do boi". EMENTA Dados Gerais Processo: ADI 1856 RJ Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 26/05/2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-02 PP-00275 Ementa AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - BRIGA DE GALOS (LEI FLUMINENSE Nº 2.895/98)- LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE, PERTINENTE A EXPOSIÇÕES E A COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇASCOMBATENTES, FAVORECE ESSA PRÁTICA CRIMINOSA - DIPLOMA LEGISLATIVO QUE ESTIMULA O COMETIMENTO DE ATOS DE CRUELDADE CONTRA GALOS DE BRIGA - CRIME AMBIENTAL (LEI Nº 9.605/98, ART. 32)- MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225)- PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA FAUNA (CF, ART. 225, § 1º, VII)- DESCARACTERIZAÇÃO DA BRIGA DE GALO COMO MANIFESTAÇÃO CULTURAL - RECONHECIMENTO DA INCONSTITUIONALIDADE DA LEI ESTADUAL IMPUGNADA - AÇÃO DIRETA PROCEDENTE. LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE AUTORIZA A REALIZAÇÃO DE EXPOSIÇÕES E COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇAS COMBATENTES - NORMA QUE INSTITUCIONALIZA A PRÁTICA DE CRUELDADE CONTRA A FAUNA - INCONSTITUCIONALIDADE . - A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação ambiental, configura conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja natureza perversa, à semelhança da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como inocente manifestação cultural, de caráter meramente folclórico. Precedentes . - A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos ou domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula genérica, qualquer forma de submissão de animais a atos de crueldade . - Essa especial tutela, que tem por fundamento legitimador a autoridade da Constituição da República, é motivada pela necessidade de impedir a ocorrência de situações de risco que ameacem ou que façam periclitar todas as formas de vida, não só a do gênero humano, mas, também, a própria vida animal, cuja integridade restaria comprometida, não fora a vedação constitucional, por práticas aviltantes, perversas e violentas contra os seres irracionais, como os galos de briga (“gallus-gallus”). Magistério da doutrina. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL Página 5 de 13 . - Não se revela inepta a petição inicial, que, ao impugnar a validade constitucional de lei estadual, (a) indica, de forma adequada, a norma de parâmetro, cuja autoridade teria sido desrespeitada, (b) estabelece, de maneira clara, a relação de antagonismo entre essa legislação de menor positividade jurídica e o texto da Constituição da República, (c) fundamenta, de modo inteligível, as razões consubstanciadoras da pretensão de inconstitucionalidade deduzida pelo autor e (d) postula, com objetividade, o reconhecimento da procedência do pedido, com a conseqüente declaração de ilegitimidade constitucional da lei questionada em sede de controle normativo abstrato, delimitando, assim, o âmbito material do julgamento a ser proferido pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes. EMENTA Dados Gerais Processo: ADI 4983 CE Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 27/07/2013 Publicação: DJe-150 DIVULG 02/08/2013 PUBLIC 05/08/2013 Decisão AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE LIMINAR JULGAMENTO DEFINITIVO. 1. Esta ação direta de inconstitucionalidade tem como objeto a Lei nº 15.299, de 8 de janeiro de 2013, do Estado do Ceará, que regulamenta a “vaquejada” como prática desportiva e cultural. A racionalidade própria ao Direito direciona a aguardar-se o julgamento definitivo. 2. Aciono o disposto no artigo 12 da Lei nº 9.868/99. Providenciem as informações, a manifestação do Advogado-Geral da União e o parecer do Procurador-Geral da República. 3. Publiquem.Brasília, 27 de julho de 2013.Ministro MARÇO AURÉLIORelator 3. Natureza jurídica CF/88 - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio Página 6 de 13 ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Art. 225, caput da CF determina que se trata de um meio ambiente: - Direito difuso - bem de fruição coletiva - Função coletiva - Direito fundamental da pessoa humana - Intergeracional. É possível tem dignidade humana sem isso? Não. 4. Destinatários do meio ambiente É o homem ou a natureza? Quem serve quem? Pela leitura do art. 3º, da lei 6938/81: há uma simbiose. Pela leitura do art. 225, caput: parece que o homem vem como destinatário, mas também como autor do processo do preservação. Além disso, a mensagem de destino da natureza é feita à coletividade e não ao indivíduo/homem. Página 7 de 13 5. Estado Constitucional Ecológico ou socioambiental (Socioambiental nome usado por Ingo Sarlet) É possível ter dignidade urbana sem a dignidade ambiental? Não! No art. 3º da CF temos: CF/88 - Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem porfim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. A livre iniciativa é possível, pois sem ela não é possível gerar riqueza e diminuir desigualdade, mas é necessário trabalhar com avanços sociais e a defesa do meio ambiente. É a ideia de desenvolvimento sustentável, que é o desenvolvimento econômico feito com sustentabilidade e cooperando com a sociedade e o meio ambiente. Não se pode ter um capitalismo unilateral. O mercado é um bem de natureza difusa. Buscando dar dignidade às pessoas Página 8 de 13 II. Princípios de direito ambiental Todos os princípios de direito ambiental estão na CF, mesmo que implicitamente. 1. Art. 225, caput CF/88 - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: é indisponível, inapropriável e trata-se de direito humano. Bem de uso comum do povo: daqui decorre o princípio do usuário pagador (atr. 4º, VII da Lei 6938/81). Ex.: cobrança de água: art. 5º, LPNRH – Lei 9433/97 – note, ainda não pagamos por água (líquido). Nós pagamos hoje pelo tratamento da água. Do art. 11 a 18 desta lei temos a disciplina da outorga do uso de água autorização e não licença! Em SP, essa cobrança passou a ser cobrada só a partir de 2012. Além disso, hoje temos regras quanto ao reuso de água. Princípio do usuário pagador – está no art. 4º, VII da Lei 6938/81 – determina que quem usa bens ambientais com fins econômicos deve devolver isso à coletividade, já que o meio ambiente pertence à coletividade. Ex.: na Grande SP, temos a Lei 12.183/05 que autoriza a cobrança de água no Estado de SP. A partir de 2012 passou a se exigir cobrança para quem utiliza mais que determinado percentual de água. O valor é encaminhado para um fundo especial para investir em recursos hídricos. Essa cobrança de água é uma das primeiras iniciativas no sentido do princípio do usuário pagador. Lei 6938/81 - Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Ordem econômica fundada na livre iniciativa Princ. Da Função social Defesa do meio ambiente Página 9 de 13 Lei 9433/97 - Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias: I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos; III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas; IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental; V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água. Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável. Art. 17. (VETADO) Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. Essencial à sadia qualidade de vida daqui extraímos os princípios do mínimo existencial e a proibição/vedação ao retrocesso. - Princípio do mínimo existencial ecológico ou - Princípio da proibição do retrocesso ecológico e socioambiental. Página 10 de 13 É vedado o retrocesso à proteção. Nossas leis não poderiam diminuir a proteção – ocorre que nosso Código Florestal atua teve uma redução de aproximadamente 66,7% de proteção (cálculo feito por universidade mineira). É por isso que ADIs foram propostas contra o Código ambiental – ADI 4901, 4902, 49031 e 49372 (ainda não julgadas). Ocorre que até hoje nem a liminar foi avaliada. O problema é que o que já foi feito neste meio tempo (desde a edição da lei até hoje) não tem volta. Poder público e coletividade Princípio da intervenção estatal obrigatória isso garante a indisponibilidade do bem e a supremacia do interesse público. Mas não basta o poder público agir – a coletividade também precisa participar. Daí o princípio da participação/compartilhamento. Quando se busca a participação da coletividade, propõem-se meios para incentivá-la. Diante disso, criaram-se sanções punitivas. Outra política pública obrigatória criada foi a de se desenvolver o ensino ambiental – art. 225, parágrafo 1º, VI, CF educação ambiental. CF/88 - Art. 225. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; Há também a lei – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9394/96 – art. 26, parágrafo 7º Lei 9394/96 - Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. § 7º A Base Nacional Comum Curricular disporá sobre os temas transversais que poderão ser incluídos nos currículos de que trata o caput. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746,de 2016) Há inclusive uma lei que fala da educação ambiental LPNEA - Lei 9795/99 – regra como a educação ambiental será dada. Lei 13186/15 – traz a política nacional de consumo sustentável. Nas aulas de educação ambiental também se trata do consumo sustentável. 1 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=228842 2 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=235536 Página 11 de 13 Outra forma de incentivar a participação é por meio de prêmios Princípio do protetor provedor: é uma forma de premiar aquele que protege/cuida do meio ambiente. É uma sanção premial, que pode se revelar como uma compensação, subsídio, isenção etc. O nome “protetor provedor” surgiu no art. 6º da LPNRS Lei 12305/10 (lembrar que o nome vem com essa lei, mas a prática não é tão nova – já era feita antes). Lei 12305/10 - Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - a prevenção e a precaução; II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; IV - o desenvolvimento sustentável; V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; IX - o respeito às diversidades locais e regionais; X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; XI - a razoabilidade e a proporcionalidade. Defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Temos que ressaltar 2 princípios: da prevenção e da precaução. (Note, cai muitíssimo!) Defendê-lo e preservá-lo Presentes e futuras gerações Prevenção Precaução Art. 4º, VII Lei 6938/81 Dano certo e futuro. Trabalha-se para evitar o dano. O que se busca: Ex.: quando se faz um licenciamento ambiental, é necessário que se faça um projeto e se apresente um estudo. Neste caso, é possível Há um dano incerto e futuro. Trabalha-se com o risco. In dubio pro natura como não se tem certeza do dano, se trabalha com o risco. Na dúvida, deve-se privilegiar a natureza. E se o dano não Dano pretérito já consolidado Diante de dano pretérito, aplica-se o princípio do poluidor- pagador, exigindo-se 1. Reparação do dano ambiental (É A RESTAURAÇÃO é a paração in natura). Página 12 de 13 verificar o dano futuro, podendo o órgão exigir evitar o que for evitável e compensar o que for inevitável. Assim, temos equilíbrio e um desenvolvimento sustentável. 1. Evitar o dano. 2. compensação prévia. acontecer? Não há ressarcimento. Trata-se de um dano que decorre da atividade. (Jurisprudência STJ fala de inversão do ônus da prova). Atenção: não usar o termo recuperar restaurar é chegar o mais próximo de como era antes. Recuperar pode não ser similar ao que era antes. 2. A compensação ou indenização: isso para a parte que não for possível reparar. Lei 6938/81- Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 2. Art. 170, CF Temos que analisar o caput e incisos III e IV CF/88 - Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; No caput fala-se do princípio da livre iniciativa, princípios da função social (inciso III) e defesa do meio ambiente (inciso VI). a) Princípio do desenvolvimento sustentável e função socioeconômica e ambiental. Se divide para alcançar entre a sustentabilidade e dignidade. b) Princípio da função sócio-econômico ambiental da propriedade está prevista no art. 1228, parágrafo 1º no CC. CC/02 - Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. Página 13 de 13 Aula que vem falaremos de: III. Competência IV. Deveres do Poder Pública e tutela administrativa ambiental Trazer lei 6938/81, Resolução Conama 237/97 e 01/86)
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