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SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA FILOSOFICA

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SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA 
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA 
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA FILOSOFICA
As características fundamentais da sociedade contemporânea que têm impacto sobre a educação são, pois, maior complexidade das relações sócio produtivas, uso mais intenso de tecnologia, redimensionamento da compreensão das relações de espaço e tempo, trabalho mais responsabilizado, com maior mobilidade, exigindo um trabalhador multicompetente, multiqualificado, capaz de g erir situações de grupo, de se adaptar a situações novas e sempre pronto a aprender. 	 
 Em suma, queremos que a partir do conhecimento das novas tecnologias de interação e do estudo independente, você, caro estudante, torne-se um profissional autônomo em term 	os de aprendizado e capaz 	de 	construir 	e 	reconstruir conhecimentos, afinal esse é o trabalhador que o mercado atualmente exige. Dessa forma, participe de todas as atividades e aproveite ao máximo esse novo tipo de relação com os seus colegas, tutores e professores, e nos ajude a construir uma FATE e uma sociedade cada vez melhor. 
 
 – INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A antropologia é a ciência que estuda o ser humano de uma forma integral. Para abarcar a matéria de seu estudo, a Antropologia recorre a ferramentas e conhecimentos produzidos pelas ciências sociais e as ciências naturais. A aspiração da disciplina antropológica é produzir conhecimento sobre o ser humano em diversas esferas, tentando abarcar tanto as estruturas sociais da atualidade, a evolução biológica da nossa espécie, o desenvolvimento e os modos de vida dos povos que desapareceram e a diversidade de expressões culturais e linguísticas que caracterizam a humanidade. 
 
 
Figura 1: O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci 
 
As diversas facetas do ser humano implicaram uma especialização dos campos da Antropologia. Cada um dos campos de estudo do ser humano implicou o desenvolvimento de disciplinas que atualmente são consideradas como ciências independentes, ainda que mantenham constante diálogo entre elas. Trata-se da Antropologia Física, a Arqueologia, a Linguística e a Antropologia Social. 
 
Com muita frequência, o termo Antropologia só aplica-se a esta última, que, por 
sua vez, ramificou-se em diversas áreas, dependendo da orientação teórica, a matéria de seu estudo ou como resultado da interação entre a Antropologia Social e outras disciplinas. 
 
A antropologia se constituiu como disciplina independente a segunda metade 
do século XIX. Um dos fatores que favoreceu sua aparição foi a difusão da teoria da evolução, que no campo dos estudos sobre a sociedade deu origem ao evolucionismo social, entre cujos principais autores se encontra Herbert Spencer. 
 
Os primeiros antropólogos pensavam que assim como as espécies evoluíam 
de simples organismos a outros mais complexos, as sociedades e as culturas dos humanos deviam seguir o mesmo processo de evolução até produzir estruturas complexas como sua própria sociedade. Vários dos primeiros antropólogos eram advogados por profissão, de modo que as questões jurídicas apareceram frequentemente como tema central de suas obras. Esta época corresponde ao descobrimento dos sistemas de parentesco por parte de Lewis Henry Morgan. 
 
Desde o final do século XIX o enfoque adotado pelos primeiros antropólogos foi 
amplamente criticado pelas gerações seguintes. Depois da crítica de Franz Boas à Antropologia Evolucionista do século XIX, a maior parte das teorias produzidas pelos antropólogos da primeira geração é considerada obsoleta. 
 
A partir de então, a Antropologia viu a aparição de várias correntes durante o 
século XIX e XX, entre elas a Escola Culturalista dos Estados Unidos, o Estruturalfuncionalismo, o Estruturalismo Antropológico, a Antropologia Marxista, o Processualismo, o Indigenismo, dentre outros. 
 
A Antropologia é, principalmente, uma ciência integradora que estuda o homem 
no marco da sociedade e cultura às que pertence e, ao mesmo tempo, como produto destas. Podemos defini-la como a ciência que estuda a origem e desenvolvimento de toda a gama da variabilidade humana e seus modos de comportamentos sociais por meio do tempo e o espaço, ou seja, do processo biossocial da existência da espécie humana. 
 
 
O OBJETO DE ESTUDO ANTROPOLÓGICO 
 
O Objeto de estudo da Antropologia foi matéria de debate desde o nascimento 
da disciplina, ainda que seja comum a todas as posturas compartilhar a preocupação por produzir conhecimento sobre o ser humano. A maneira que qual se aborda a questão é o que configura o desacordo, pois a matéria pode ser abordada a partir de diversos pintos de vista. 
 
No entanto, desde o início a configuração epistemológica da Antropologia 
consistiu na pergunta pelo outro. Esta é uma questão central nas ciências e disciplinas antropológicas que vem se configurando desde o renascimento. 
 
Depois do desenvolvimento de diferentes tradições teóricas nos diversos 
países, entrou em debate qual era o aspecto da vida humana que correspondia estudar a Antropologia. Para essa época, os linguistas e arqueólogos já haviam definido seus próprios campos de ação. 
 
Edward Taylor, nas primeiras linhas do primeiro capítulo de sua obra Cultura Primitiva, havia proposto que o objeto de estudo era a cultura ou civilização, entendida como um “todo complexo” que inclui as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e quaisquer outros hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Esta proposta está presente em todas as correntes da antropologia. 
 
No entanto, a partir do debate apresenta-se um fenômeno de constante 
atomização na disciplina, a tal grau que para muitos autores – para citar o exemplo mais conhecido –, o estudo da cultura seria da Antropologia Cultural; o das estruturas sociais seria responsabilidade da Antropologia Social propriamente dita. 
 
A Antropologia é uma ciência que estuda as respostas do ser humano diante 
do meio, das relações interpessoais e o marco sociocultural em que nos quais se desenvolvem, cujo objeto vai ser o estudo do homem em suas múltiplas relações; ademais estuda a cultura como elemento diferenciador dos demais seres humanos. 
 
Estuda o homem em sua totalidade, incluindo os aspectos biológicos e 
socioculturais como parte integral de qualquer grupo ou sociedade. Se converteu em uma ciência empírica que reuniu muita informação. Além disso, foi a primeira ciência que introduziu o trabalho de campo e surge dos relatos de viajantes e missionários. Alguns autores como Manuel Marzal (1998: 16) sustenta que a Antropologia Cultural, Antropologia Social e Etnologia são a mesma disciplina. 
 
 
CAMPOS DE AÇÃO DA ANTROPOLOGIA 
 
A Antropologia como ciência que pretende abarcar os fenômenos do ser 
humano como parte de uma sociedade diversificou-se em seus métodos e suas teorias. A diversificação obedece ao interesse de dar melhor conta dos processos que enfrenta a espécie em diversas dimensões. De acordo com a American Anthropological Association 
(AAA), os quatro campos da Antropologia são: Antropologia Cultural, Antropologia Biológica, Arqueologia e a Antropologia Linguística. 
 
A Antropologia Biológica ou física é o campo da Antropologia que se 
especializa no estudo dos seres humanos desde o ponto de vista evolutivo e adaptativo. Ao adotar uma postura evolucionista, os antropólogos físicos pretendem dar conta não somente das grandes mudanças nos aspectos biológicos do ser humano – o que se chama de humanização –, mas nas pequenas mudanças que se observam entre as populações humanas. 
 
A diversidade física do ser humano inclui questões como a pigmentação da 
pele, as formas dos crâneos, o tamanho médio de um grupo, tipo de cabelo e outras numerosas questões. Para abordar esta diversidade, a Antropologia física não somente lança mão de estudos propriamente anatômicos, mas também de interações entre os seres humanos e outras espécies, animais e vegetais, o clima, questões relativas à saúde e a interação entre distintassociedades. 
 
 
Figura 2: O crânio domenino de Taung, descoberto na África do Sul. 
Esse menino era un Australopithecus Africanus, uma forma intermediária de hominídeo 
 
O campo da Antropologia biológica também é interesse de outras ciências com 
as quais mantem um diálogo, por exemplo, com a Primatologia, a Demografia, a Ecologia ou as ciências da saúde. Conta entre suas especializações a Paleontologia e a Antropologia Médica. 
 
A Arqueologia é uma das ciências antropológicas com maior difusão entre o 
público não especializado. Se trata do estudo científico dos vestígios do passado humano. Poderíamos dizer que este interesse foi encontrado em diversas épocas e lugares, ainda que a Arqueologia tem um antecedente muito claro no colecionismo de antiguidades nas sociedades europeias. Para conseguir seus propósitos, os arqueólogos perguntam nos depósitos destes materiais, que são chamados jazigos arqueológicos – ou sítios arqueológicos – aos quais se tem acesso por meio de escavações. 
 
Apesar dos estereótipos sobre os arqueólogos e os lugares comuns sobre o 
que é Antropologia, o método arqueológico não compreende unicamente as técnicas de escavação. Antes de tudo se trata de interpretar os achados, tanto em relação com seu contexto arqueológico como em relação aos conhecimentos já comprovados. 
 
A Antropologia Social, Cultural ou Etnologia estuda o comportamento humano, 
a cultura, as estruturas das relações sociais. Na atualidade, a antropologia social se converteu ao estudo do Ocidente e sua cultura. Ainda que para os antropólogos dos países centrais (EUA, Grã Bretanha, França, etc.) este é um enfoque novo. 
 
É necessário destacar que esta prática é comum na antropologia de muitos 
países da América Latina. Dependendo de onde surja, por exemplo, da tradição anglosaxônica se conhece como Antropologia Cultural. No entanto, se surge da escola francesa denomina-se Etnologia. 
 
Talvez tenha sido diferenciado da Antropologia Social enquanto que o estudo 
seja essencialmente dirigido à análise do outro, enquanto que o trabalho da antropologia social resulte geralmente mais imediato. Um de seus principais estudiosos é Claude LéviStrauss, que propõe uma análise do comportamento do homem baseado num enfoque estrutural no qual as regras de comportamento de todos os sujeitos de uma determinada cultura são existentes em todos os sujeitos, a partir de uma estrutura invisível de ordena a sociedade. [1: O outro, na abordagem antropológica, se refere a uma construção identitária, processo pelo qual um grupo constitui um outro grupo de valores, representações, sentidos. ]
 
A Antropologia Linguística, ou Linguística Antropológica, estuda as linguagens humanas. Dado que a linguagem é uma ampla parte constitutiva da cultura, os antropólogos a consideram como uma disciplina separada. Os linguistas se interessam pelo desenvolvimento das línguas. 
 
Assim mesmo, se ocupam de perceber as diferenças das linguagens vivas, 
como se vinculam ou diferem, e em certos processos que explicam as migrações e a difusão da informação. Também se perguntam sobre as formas nas quais as linguagens se opõem ou refletem outros aspectos da cultura. 
 
Dentro das ciências sociais, disciplinas como a Linguística e a Antropologia 
mantiveram uma relação que tomou a forma de um complexo processo articulatório influído, ao longo do tempo, pelas distintas condições históricas, sociais e teóricas imperantes. 
 
A linguística, assim como a etnologia, a arqueologia, a antropologia social, a 
antropologia física e a história, é uma das disciplinas que conformam o campo da Antropologia, a partir de algumas perspectivas. A Linguística estuda a linguagem para encontrar fenômenos linguísticos. Dependendo de seus objetivos, estuda as estruturas cognitivas da competência linguística humana ou a função e relação da linguagem com fatores sociais e culturais. 
 
A relação entre a linguística e a antropologia respondeu a diferentes interesses. Durante o século XIX e a primeira metade do século XX, a antropologia e a linguística comparativa tentavam traças as primeiras relações genéticas e o desenvolvimento histórico das línguas e famílias linguísticas. Posteriormente, a relação entre as duas disciplinas tomou outra perspectiva, pela proposta a partir do estruturalismo. 
 
Os modelos linguísticos foram adotados como modelos de comportamento 
cultural e social numa tentativa por interpretar e analisar os sistemas socioculturais, dentro das correntes da antropologia. A tendência estrutural pode optar pela influência da linguística, tanto no teórico, como no metodológico. 
 
No entanto, ao excluir as condições materiais e o desenvolvimento histórico, 
questionou-se que a cultura e a organização social puderam ser analisadas do mesmo modo que um código linguístico, tomando a linguagem como o modelo básico sobre o que se estrutura todo o pensamento ou classificação. 
 
Apesar destes pontos de vista diferentes, pode-se chegar à aproximações 
produtivas, reconhecendo que a cultura e a sociedade são produtos tanto de condições objetivas ou materiais como de construções conceituais ou simbólicas. 
 
Dessa forma, a interação entre estas duas dimensões nos permite abordar aos 
sistemas socioculturais como uma realidade material ao mesmo tempo que uma estrutura conceitual. As línguas implicam ou expressam teorias do mundo e, portanto, são objetos ideais de estudo para os cientistas sociais. 
 
A linguagem como ferramenta conceitual aborda o mais complexo sistema de 
classificação de experiências, pelo que cada teoria, seja esta antropológica, linguística ou a união de ambas, contribui à nossa compreensão de cultura como um fenômeno complexo, já que: 
 
(...) a linguagem é o que faz possível o universo de padrões de entendimento e comportamento que chamamos de cultura. É também parte da cultura, já que é transmitido de uma geração para a outra, através da aprendizagem e da imitação, assim como outros aspectos da cultura. (BOAS, 1984, p.157). 
 
Jakobson (1978) destaca que, 
 
(...) os antropólogos nos provam, repetindo-o sem cessar, que língua e cultura se implicam mutuamente, que a língua deve ser concebida como parte integrante da vida da sociedade e que a linguística está em estreita conexão com a antropologia cultural. (JAKOBSON, 1978, p. 44) 
 
Para este autor, a língua, como principal sistema semiótico, é o fundamento da 
cultura: 
 
Agora, somente podemos dizer [...] que não de igualdade perfeita entre os sistemas de signos, e que o sistema semiótico primordial, básico e mais importante, é a língua: a língua é, para dizer a verdade, o fundamento da cultura. Com relação à língua, os demais sistemas de símbolos não passam de ser concomitantes ou derivados. A língua é o meio principal de comunicação informativa. (JAKOBSON, 1978, p. 44) 
 
 
A ORIGEM DA PERGUNTA ANTROPOLÓGICA. 
 
A pergunta antropológica é, antes de tudo, uma pergunta pelo outro. Em 
termos estritos está presente em todo indivíduo e em todo grupo humano na medida em que nenhuma das duas entidades pode existe de maneira isolada, mas em relação com o outro. Esse outro é o referencial para a construção de identidade, posto que esta se constitui por oposição à ou a favor de. A preocupação por aquele que gera as variações de sociedade em sociedade é o interesse fundador da antropologia moderna. Foi dessa maneira que para Krotz, o assombro é o pilar de interesse pelo outro (alter), e são as 
“alteridades” que marcam tal contraste binário entre os homens. 
 
Apesar de todos os povos compartilharem essa inquietação, é no Ocidente 
onde, por condições históricas e sociais particulares, adquire uma importância superior. No entanto, quando a Europa se encontrou diante de povos desconhecidos, e que resultavam tão extraordinários, interpretou tais exóticas formas de vida, ora fascinada, ora atônita. 
 
 
Figura 3: Colombo tomando posse do novo mundo. 
 
A conquista da América constitui um grande passo à pergunta antropológicamoderna. Os escritos de Cristóvão Colombo e outros navegantes revelam que o choque cultural que se viu imersa a velha Europa. Especial importância têm os trabalhos dos missionários indianos no México, Peru, Colômbia e Argentina nas primeiras aproximações às culturas aborígenes. 
 
Com as novas descobertas geográficas se desenvolveu o interesse para com 
as sociedades que eram encontradas pelos exploradores. No século XVI o pensador francês Montaigne se preocupou com os contrastes entre os costumes de diferentes povos. 
 
Em 1724 o missionário jesuíta Lafitau publicou um livro que no qual comparava 
os costumes dos índios americanos com os costumes do mundo antigo. Em 1760 Charles de Brosses descreve o paralelismo entre a religião africana e a do Antigo Egito, dentre outros aspectos históricos que destacam a evolução da Antropologia como ciência e disciplina. 
 
Na era moderna, Charles Darwin e acontecidos históricos como a Revolução Industrial, contribuiriam para o desenvolvimento da Antropologia como uma disciplina científica. 
ANTROPOLOGIA MODERNA 
 
Para o estabelecimento de uma ciência, que sejam incorporados às teorias 
filosóficas e os programas gerais já elaborados, seriam necessários certos avanços metodológicos que não aconteceram até os anos finais do século XVIII e anos iniciais do século XX. 
 
Nesta época foram produzidas as primeiras classificações raciais sistemáticas. Durante este mesmo período surgiu a linguística moderna, dominada durante o século XIX pela ideia de que os idiomas podiam ser classificados em famílias e que os pertencentes a uma mesma família seriam ramificações de um eixo comum mais antigo. Isso deu lugar ao desenvolvimento de métodos comparativos sistemáticos com o objetivo de poder reconstruir o idioma ancestral. 
 
A regularidade das correspondências fonéticas nos idiomas emprestados foi 
apresentada por R. Rask (1787 – 1832) e divulgada por J. Grimm (1785 – 1863) no início do século XIX. Com isso, contribuíram à consolidação da ideia geral da existência de regularidades na mudança cultural humana. 
 
Outro tipo de descobertas realizadas nesse período ampliou de maneira 
importante o horizonte temporal do desenvolvimento humano e outorgaram legitimidade à ideia de um progresso cultural gradual. Por uma parte, a tradução da escrita egípcia, em 1821, alterou de forma radical as ideias tradicionais acerca da idade do homem. Posteriormente, em meados do século XIX, o reconhecimento da validez do descobrimento dos utensílios humanos do Paleolítico, contemporâneos de mamíferos já extintos. Desse modo, a arqueologia e as teorias de Darwin contribuíram em oferecer uma imagem do homem como a de um ser solidamente fixado entre as demais espécies animais do passado, que deixa de ser um antropoide carente de atributos culturais e passa a transformar-se num homem ao longo de um prolongado período de centenas de milhares de anos. 
 
É durante a primeira metade do século XIX que a antropologia começa a 
adquirir a patente de disciplina científica independente e criam-se as primeiras sociedades etnológicas na Inglaterra, França e Alemanha. Nesse último país a palavra “Kultur” adquire o sentido técnico que reveste na atualidade, termo que será posteriormente introduzido no mundo de língua inglesa por E.B. Tylor em sua obra clássica A Cultura Primitiva, publicada em 1871. Em detalhado e amplo panorama da evolução cultural humana e com uma clara exposição das perspectivas teóricas de uma ciência da cultura, o livro de Tylon representa uma obra fundacional no desenvolvimento da Antropologia Moderna. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BOAS, Franz. Cuestiones fundamentales de antropología cultural. Solar / Hachette: Buenos Aires, 1964. 
 
DURKHEIM, Émile e Marcel MAUSS, Algumas formas primitivas de classificação: contribuição para o estudo das representações coletivas. Em Marcel Mauss, Ensaios de Sociologia, São Paulo, Perspectiva, 1981, pp. 399-455. 
 
MALINOWSKI, Bronislaw. Crime e Costume na Sociedade Selvagem, Brasília: UnB, 2003. 
 
EVANS-PRITCHARD, E.E. Os Nuer. São Paulo, Editora Perspectiva, 2002. 
 
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a Dádiva. In: Sociologia e Antropologia. Rio de Janeiro: Cosac & Naify, 2004. 
 
LÉVI-STRAUSS, Claude. O Pensamento Selvagem. São Paulo: Companhia Nacional, 1976. 
 
SAHLINS, Marshall. Ilhas de História. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1990. 
 
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, Zahar, 1978. 
 
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Negros estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África. São Paulo: Brasiliense, 1985. 
 
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectivismo e Multinaturalismo na América Indígena. In: A Inconstância de Alma Selvagem. São Paulo: Cosac &Naify, 2002. 
 
MATTA, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 4 ed. Zahar, 1983. 
 
MATTA, Roberto da. Relativizando: uma introdução à antropologia social. 4 ed. Rocco, 1993. 246 p. 
 
RIBEIRO, Darcy. Os Índios e a civilização: A integração das populações indígenas no Brasil moderno. 6 ed. Vozes, 1993. 
 
 
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O índio e o mundo dos brancos. 3 ed. Brasília: UnB, 1981.

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