Buscar

ECONOMIA E MERCADO geral_pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ECONOMIA E MERCADO – EAD 
Módulo 1 - Questões Básicas da Economia 
1.1. Conceito de Economia 
Todos nós temos uma série de necessidades. Precisamos comer, precisamos 
nos vestir, precisamos estudar, precisamos nos locomover, etc. Estas 
necessidades são crescentes e ilimitadas. No entanto, para conseguir suprir 
todas estas necessidades, em geral dispomos de uma renda que é insuficiente 
para conseguir todos os bens e serviços desejados para satisfazer estas 
necessidades. 
Da mesma forma como os indivíduos, a sociedade possui necessidades que 
precisam ser satisfeitas coletivamente, como por exemplo, estradas, defesa, 
justiça, escolas, hospitais, etc. Assim como ocorre com as pessoas 
individualmente, a sociedade em geral possui mais necessidades do que meios 
de satisfazê-las. Os fatores produtivos disponíveis para a produção não são 
suficientes para atender todas as necessidades desta sociedade. 
Sendo assim, em qualquer sociedade, as necessidades humanas são 
ilimitadas, ao passo que os recursos produtivos são escassos. É preciso, 
portanto, definir como empregar estes fatores produtivos escassos na produção 
de bens e serviços, de forma que eles possam contribuir da melhor maneira 
para a satisfação das necessidades não apenas dos indivíduos, mas também 
da sociedade. 
A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com 
o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os 
membros da sociedade. Isto significa tentar compreender como os indivíduos 
deveriam empregar sua renda para ter o maior aproveitamento possível, e de 
como a sociedade alcançaria o maior nível de bem-estar material possível a 
partir dos recursos disponíveis. 
1.2. Os Problemas Econômicos Fundamentais 
No nosso dia-a-dia nos deparamos, a todo momento, com diversos problemas 
econômicos com os quais temos de lidar, seja através dos jornais, rádio, 
televisão, ou até mesmo nas questões mais rotineiras de nosso cotidiano, 
como por exemplo: 
a) Por que o nordestino possui uma renda muito inferior à do paulista? 
b) Até que ponto os juros altos reduzem o consumo e estimulam os preços? 
c) Por que está tão difícil conseguir um emprego nos dias atuais? 
d) Por que o aumento no salário mínimo provoca uma deterioração nas contas 
do governo? 
e) Por que a carga tributária brasileira está tão elevada? 
f) Como são definidos os preços dos produtos? 
g) Como são definidos os aumentos de salários? 
h) Como são definidas as taxas de juros do Banco Central? 
 
Todas estas questões trazem implícitos diversos conceitos importantes, que 
são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: escolha, escassez, 
necessidades, recursos, produção, distribuição. Mas para respondê-las é 
preciso entender os problemas econômicos fundamentais. 
Em primeiro lugar é preciso decidir o que produzir e em que quantidades 
produzir, dado que os recursos de produção são escassos e as necessidades 
humanas ilimitadas, como já mencionamos no tópico anterior. Essas escolhas 
dependem de vários fatores, como a perspectiva de lucro (do ponto de vista 
dos empresários) ou opções de política econômica e as necessidades da 
sociedade (do ponto de vista da sociedade). 
Depois é preciso definir como produzir, onde a sociedade terá de escolher, 
dado o conhecimento tecnológico existente, quais recursos produtivos serão 
utilizados para a produção de bens e serviços. Em outras palavras, a decisão 
de como produzir implica a escolha das técnicas, e dentre os métodos mais 
eficientes, em geral se escolhe aquele mais barato, ou seja, com o menor custo 
possível. 
Posteriormente é preciso decidir para quem produzir. Ou seja, é preciso definir 
para quem se destinará a produção e também definir como os indivíduos 
participarão da distribuição dos resultados de sua produção. Esta distribuição 
depende fundamentalmente de como foi instituída e dividida a propriedade 
privada numa determinada sociedade, e de como esta propriedade se 
transmite por herança. A distribuição da renda dependerá também do 
mecanismo de preços que atua por meio do equilíbrio entre oferta e demanda 
para a determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos 
benefícios de capital. 
Poderíamos nos perguntar quais as questões econômicas fundamentais de um 
indivíduo que recebe uma renda, mas não é empresário. Neste caso, os 
indivíduos devem decidir como vão gastar sua renda entre os diferentes bens e 
serviços ofertados para satisfazer suas necessidades, ou se escolherão poupar 
parte de sua renda ao invés de consumir todo o montante recebido. Na hora de 
suas decisões de consumo, o indivíduo levará em conta não apenas as suas 
necessidades, mas os preços dos bens e suas preferências, inclusive entre 
consumo presente ou consumo futuro (representado pela poupança). 
É preciso ter em mente que estas questões: o que, quanto, como e para quem 
produzir, e até mesmo o que consumir não seriam problemas se os recursos 
produtivos disponíveis fossem ilimitados. Sendo assim, a economia e seus 
problemas fundamentais originam-se da carência de recursos produtivos 
escassos. 
1.3. A lei da escassez de recursos 
Na economia tudo está pautado na busca de produzir o máximo de bens e 
serviços com os recursos limitados disponíveis, pois como já destacamos 
anteriormente, não é possível a produção de uma quantidade infinita de cada 
bem capaz de satisfazer completamente os desejos humanos. Isto porque os 
nossos desejos materiais são virtualmente ilimitados e insaciáveis, e os 
 
recursos produtivos são escassos. Desta feita, não podemos ter tudo o que 
desejamos e, portanto, é imperativo que o homem faça escolhas. 
Portanto, o objeto da ciência econômica é o estudo da escassez, porque esta 
consiste no problema econômico por excelência. Conseqüentemente, a 
escassez de recursos de produção resulta na escassez dos bens. Dizer que os 
bens são econômicos quer dizer que eles são relativamente raros ou limitados. 
Ora, mas o fato de existir um bem em pouca quantidade não o define como 
escasso. É preciso para isto que este bem seja desejado, portanto, 
procurado. A escassez só existe se houver procura (ou demanda) para a 
obtenção do bem. 
Ora, mas poderíamos nos perguntar porque um determinado bem é procurado 
(ou demandado). Um bem é demandado porque tem a capacidade de 
satisfazer uma necessidade humana, ou seja, tem utilidade. Um bem é 
procurado porque é útil. Sendo assim, os bens econômicos são aqueles 
escassos em quantidade, dada sua procura, e apropriáveis. Os bens 
econômicos têm como característica a utilidade, a escassez e a possibilidade 
de transferência. Os bens livres, por outro lado, são aqueles disponíveis em 
quantidade suficiente para satisfazer a todo o mundo; são, portanto, ilimitados 
em quantidade ou muito abundantes e não são apropriáveis. 
Mas o que seriam então as necessidades humanas? Este poderia ser um 
conceito relativo vago e filosófico, já que os desejos dos indivíduos não são 
fixos. Mas para a economia as necessidades humanas relevantes são aqueles 
desejos que envolvam a escolha de um bem econômico capaz de contribuir 
para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo. 
As necessidades podem ser classificadas em: 
a) Básicas ou primárias: são aquelas indispensáveis para nossa sobrevivência 
ou que sem as quais nossa vida seria insuportável. Exemplo: alimentação, 
saúde, habitação, vestuário, entre outras. 
b) Necessidades secundárias: são aquelas desejadas pelo convívio social. 
Exemplo: educação, transporte, lazer, turismo. 
1.3.1. Tipos de Bens Econômicos 
Como já vimos, os bens econômicos são aqueles que possuem uma raridade 
relativa, ou seja, possuem um preço. 
Estes bens econômicos, quando se destinam à satisfação direta de 
necessidades humanas são chamados bens de consumo ou bens finais. São 
todos aquelesbens que já estão aptos a serem consumidos sem que haja 
necessidade de qualquer outra transformação. Os bens de consumo podem ser 
divididos em bens de consumo durável, que podem ser utilizados por um 
período mais prolongado – automóvel, geladeira -; e os bens de consumo não 
durável, que devem ser consumidos imediatamente ou são utilizados apenas 
uma vez ou poucas vezes, como alimentos e roupas. 
 
Os bens que são destinados à fabricação de outros bens e que são absorvidos 
pelo processo de produção são chamados de bens intermediários. Estes bens 
sofrem novas transformações antes de se converterem em bens de consumo 
ou de capital, e possuem um ciclo curto no processo produtivo, sendo 
totalmente consumidos no processo produtivo. São exemplos de bens 
intermediários as matérias-primas, material de escritório, insumos, barras de 
ferro, peças de reposição, etc. 
Os bens de capital também são utilizados na geração de outros bens, mas não 
se desgastam totalmente no processo produtivo, ou seja, não são absorvidos 
no processo de produção. Uma característica importante destes bens é que 
contribuem para a melhoria da produtividade da mão-de-obra. São exemplos 
de bens de capital as máquinas, equipamentos e instalações. Os bens de 
capital, como não são consumidos no processo de produção, também são bens 
finais. 
1.4. Os Recursos ou Fatores de Produção 
Para que se obtenha a satisfação das necessidades humanas é necessário 
produzir bens e serviços. E a produção exigiria o emprego de recursos 
produtivos e bens elaborados. 
Os recursos de produção ou fatores de produção da economia são aqueles 
utilizados no processo produtivo para obter outros bens e serviços, com o 
objetivo de satisfazer as necessidades dos consumidores. 
Os fatores de produção são: a terra, ou recursos naturais, incluindo água, 
minerais, madeiras, solo para fábricas; recursos humanos, englobando o 
trabalho enquanto faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que 
intervêm no processo produtivo, e a capacidade empresarial, que se constitui 
daqueles indivíduos que reúnem os capitais para adquirir recursos produtivos e 
produzir bens e serviços para o mercado; capital, que engloba os bens e 
serviços necessários para a produção de outros bens e serviços, como 
máquinas, equipamentos, instalações, dinheiro, ferramentas, capital financeiro; 
e tecnologia. 
É importante ressaltar que para cada fator de produção corresponde uma 
remuneração. Ao trabalho corresponde o pagamento de salários. O juro paga o 
uso do capital. O aluguel constitui a remuneração da terra. A tecnologia é paga 
com royalties. À capacidade empresarial corresponde o lucro. 
FATOR DE PRODUÇÃO TIPO DE REMUNERAÇÃO 
 
TRABALHO SALÁRIO 
CAPITAL JURO 
TERRA ALUGUEL 
TECNOLOGIA ROYALTIES 
CAPACIDADE EMPRESARIAL LUCRO 
A produção, portanto, seria o processo de transformar matérias-primas em 
produtos acabados utilizando para tanto os bens de capital, os bens 
intermediários e a mão-de-obra. 
 
Módulo 2 - Custos de Oportunidade e Curva de Possibilidades de 
Produção 
2.1. Custo de Oportunidade 
Conforme vínhamos analisando, os recursos produtivos são escassos e as 
necessidades humanas ilimitadas, e porque existe a escassez os agentes 
econômicos têm que decidir onde e como aplicar os recursos disponíveis. 
Fazemos isso todo o tempo no nosso dia-a-dia, no supermercado, em nossas 
decisões de compras. Isto porque como os fatores de produção são limitados, 
só é possível satisfazer uma necessidade abrindo mão da satisfação de uma 
outra. Não há capital, nem trabalho, nem terra, nem tecnologia suficientes para 
produzir tudo aquilo que se deseja. A remuneração destes fatores também é 
restrita, restringindo as possibilidades de consumo. 
A escassez força os indivíduos, as famílias, as empresas e até os governos a 
fazer escolhas. Os indivíduos, por exemplo, têm de decidir como gastar sua 
renda e que necessidades devem priorizar. As empresas têm de decidir se 
ampliam o capital produtivo ou investem no mercado financeiro. Os governos 
precisam decidir se pagam uma parcela de suas dívidas ou fazem 
investimentos em educação e saúde. 
Mas uma vez que um destes agentes econômicos tome uma decisão, estarão 
necessariamente abrindo mão de outras possibilidades. Assim, em um mundo 
de recursos limitados, a oportunidade de produzir um bem significa deixar de 
produzir outro. Como toda escolha, a escolha de satisfação de certas 
necessidades em detrimento de outras envolve ganhos e perdas. Por isso, 
quando decidem gastar ou produzir, empresas, governos ou famílias estarão 
renunciando a outras possibilidades. A opção que se deve abandonar para 
poder produzir ou obter outra coisa se associa ao conceito de custo de 
oportunidade. 
O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens 
ou serviços a que se deve renunciar para obtê-lo. Em outras palavras, o custo 
de oportunidade é o sacrifício do que se deixou de produzir, o custo ou a perda 
do que não foi escolhido e não o ganho do que foi escolhido. O custo de 
oportunidade também é chamado custo alternativo, por representar o custo da 
produção alternativa sacrificada. 
2.2. Curva de Possibilidades de Produção 
Dada a escassez de recursos da economia, os agentes econômicos são 
obrigados a fazer escolhas. Quando um bem é escasso, os indivíduos são 
forçados a escolher como usá-lo. Em conseqüência passa a haver uma troca – 
satisfazer uma necessidade significa a não satisfação de uma outra. 
A curva de possibilidades de produção mostra as trocas que os indivíduos, as 
empresas, ou os governos são obrigados a fazer por causa da escassez de 
recursos. 
 
Suponhamos uma determinada sociedade, onde exista um certo número de 
indivíduos, uma tecnologia dada, uma quantidade definida de empresas, 
instrumentos de produção e de recursos naturais. Como os fatores produtivos 
são limitados, a produção total desta sociedade tem um limite máximo a que 
chamaremos de produto de pleno emprego. Neste nível de produção, todos os 
recursos disponíveis estão empregados, todos os trabalhadores que querem 
estão trabalhando, todos os instrumentos de produção estão sendo utilizados, 
todas as fábricas estão a pleno funcionamento e os recursos naturais estão 
sendo plenamente aproveitados. 
Vamos supor ainda que esta economia produza apenas alimentos e roupas. 
Haverá sempre uma quantidade máxima de alimentos produzidos 
mensalmente quando todos os recursos forem destinados à sua produção, sem 
que nenhum se destine à produção de roupas. Haverá também uma 
quantidade máxima de roupas produzidas mensalmente quando todos os 
recursos forem destinados à sua produção, sem que nenhum se destine à 
produção de alimentos. Entre as quantidades máximas de roupas e alimentos 
que podem ser produzidas, existem uma série infinita de possibilidades de 
combinações de quantidades de roupas e alimentos que podem ser produzidos 
naquela sociedade, com aquele nível de tecnologia e aqueles recursos 
disponíveis, com todos os recursos sendo plenamente utilizados. Suponhamos 
que as alternativas de produção de roupas e alimentos sejam as colocadas na 
tabela abaixo. 
Alternativas de 
produção 
Alimentos(toneladas) Roupas (milhares) 
1 10 160 
2 20 150 
3 30 130 
4 40 100 
5 50 60 
6 60 0 
 
FIGURA 1 – CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 
 
A essa curva que ilustra essas possibilidades de combinações intermediárias 
entre roupas e alimentos eu vou chamar de curva de possibilidades de 
produção ou curva de transformação. Ela indica todas as possibilidades de 
produção de alimentos e roupas nessa construção econômica hipotética. A 
curva de possibilidades de produção é um conceito teórico para ilustrar a 
capacidade produtiva de uma sociedade. 
Através desta curva podemos perceber claramente que numa economiaem 
pleno emprego, ao produzir um bem estaremos sempre desistindo da produzir 
uma certa quantidade de um outro bem. Em outras palavras, Para 
conseguirmos uma quantidade constante adicional de um bem (alimentos), 
precisaremos renunciar a quantidades crescentes do outro bem. 
Tendo em vista que cada uma das combinações sobre a curva de 
possibilidades de produção é tecnicamente eficiente, a sociedade escolherá 
uma delas em função dos preços dos produtos e das quantidades desejadas 
de cada um deles. 
Para as firmas também é possível construir uma curva de possibilidades de 
produção semelhante ao exemplo que elaboramos acima. Mas no lugar dos 
bens produzidos pela sociedade, construiremos a curva de possibilidades de 
produção contrapondo os produtos a serem produzidos por essa firma. Uma 
empresa precisa sempre decidir quais produtos produzir e em que quantidade 
produzir. Será a interação entre preços e quantidades de mercado que darão 
essa resposta, supondo-se que os empresários são agentes racionais e 
procuram sempre economizar os fatores escassos com o objetivo de maximizar 
lucros. 
Observemos a figura abaixo: 
 
De acordo com o gráfico acima, se houver uma expansão dos fatores de 
produção, ou se houver um melhor aproveitamento dos recursos produtivos já 
utilizados, ou ainda se a tecnologia utilizada sofrer algum avanço, haverá 
crescimento econômico naquela sociedade e a curva de possibilidades de 
produção se deslocará para cima e para a direita. Isto significa que a economia 
poderá dispor de maiores quantidades tanto de alimentos quanto de roupas. 
A expansão dos fatores produtivos ou a melhora no seu aproveitamento, bem 
como os avanços tecnológicos dependem significativamente de um aumento 
nos investimentos. Isto significa que os agentes econômicos – famílias, 
empresas e governo – precisam reduzir o seu consumo atual e direcionar parte 
de seus recursos para a poupança, a fim de que ela esteja disponível para 
investimento. Um outro elemento importante para o crescimento econômico, 
tanto quanto o investimento, é a divisão do trabalho. Um aumento da divisão do 
trabalho permite que os trabalhadores se tornem mais produtivos, com um 
aumento da especialização do trabalho, elevando também os volumes 
negociados no comércio. 
2.3. Análise Marginal 
Diante do que foi exposto, como então a população poderia alocar seus 
recursos escassos de modo a obter o maior proveito possível? A fim de 
responder a esta pergunta fundamental da economia, os economistas utilizam 
a chamada análise marginal. Esta técnica é amplamente utilizada na tomada 
de decisão das firmas, onde se faz a análise dos custos e benefícios de uma 
unidade adicionada de um bem ou insumo para o montante da produção, a 
chamada unidade marginal. 
Em qualquer situação, os indivíduos querem maximizar os chamados 
 
benefícios líquidos. O benefício líquido seria o benefício total subtraídos os 
custos totais. 
BENEFÍCIO LÍQUIDO = BENEFÍCIO TOTAL – CUSTO TOTAL 
A fim de maximizar seus benefícios, pode-se alterar alguma das variáveis 
envolvidas no processo, como a quantidade de um produto que compram ou a 
quantidade que produzem. Essa variável seria chamada de variável de 
controle. A análise marginal identifica se a alteração da variável de controle 
proporciona um aumento do benefício total e de quanto seria esse aumento; ou 
se a alteração da variável de controle ocasiona um aumento do custo total, e 
em que medida esse custo aumenta. 
Sendo assim, é preciso primeiro identificar a variável de controle. Feito isto, 
deve-se determinar qual seria o aumento do benefício total se fosse 
acrescentada uma unidade da variável de controle. O aumento do benefício 
total decorrente do aumento de uma unidade da variável de controle 
determinaria o chamado benefício marginal da unidade adicional. 
Por outro lado, devemos identificar a variável de controle, para depois 
determinar também qual seria o aumento do custo total se houvesse uma 
elevação de uma unidade desta variável de controle. O custo marginal seria 
justamente o aumento no custo total decorrente do aumento de uma unidade 
da variável de controle. 
Se o benefício marginal da unidade adicional da variável de controle for maior 
ou igual ao custo marginal, teremos uma variação positiva do benefício líquido. 
Portanto, o benefício líquido aumenta e a unidade marginal da variável de 
controle deve ser adicionada, pois desta elevação resulta um impacto positivo, 
de maximização de benefício líquido. 
BENEFÍCIO MARGINAL = AUMENTO DO BENEFÍCIO TOTAL 
É preciso ter em mente que apenas as alterações do benefício total e do custo 
total devem ser analisadas, porque o benefício marginal representa o aumento 
do benefício total, enquanto que o custo marginal representa o aumento do 
custo total. 
CUSTO MARGINAL = AUMENTO DO CUSTO TOTAL 
Portanto, teremos que a variação do benéfico líquido é dada pela diferença 
entre benefício total e custo total. 
VARIAÇÃO DO BENEFÍCIO LÍQUIDO = BENEFÍCIO MARGINAL – CUSTO 
MARGINAL 
Em uma firma, o benefício líquido ao atuar nos negócios é o lucro. O benefício 
total corresponderia à receita total auferida pela empresa, e os custos totais 
teriam a mesma denominação. Assim, a análise marginal estudaria as 
repercussões sobre o lucro total, a partir dos efeitos sobre a receita total 
(preços x quantidades) e o custo total (custo médio x quantidades). A decisão 
 
do empresário dependerá da análise marginal que efetuar, a partir de uma 
equação fundamental, derivada daquelas que construímos acima. Sendo 
assim, numa empresa, a fórmula acima apresentada seria modificada para: 
LUCRO = RECEITA TOTAL – CUSTO TOTAL 
A variação do lucro total seria dada pela diferença entre receita marginal e 
custo marginal. A receita marginal seria a receita proporcionada pela venda de 
uma unidade adicional do produto. O custo marginal seria o custo da produção 
de uma unidade adicional de produto. 
VARIAÇÃO DO LUCRO TOTAL = RECEITA MARGINAL – CUSTO 
MARGINAL 
A firma continuará a produzir unidades adicionais do produto até o ponto em 
que o custo marginal for igual ao preço. O ponto de equilíbrio da produção de 
uma firma, para a teoria econômica, é justamente quando o custo marginal 
iguala o seu preço. 
Módulo 3 - O Sistema Econômico 
3.1. O que vem a ser um sistema econômico? 
Sabe-se que a economia de cada país funciona de maneira distinta, no entanto 
podemos dizer que, em linhas gerais, a maior parte dos países no mundo 
possuem o mesmo sistema econômico. Mas afinal o que viria a ser um sistema 
econômico? Ora, se as questões fundamentais da economia giram em torno da 
decisão de o que, quanto, como e para quem produzir de forma eficiente, num 
contexto de necessidades ilimitadas, mas com recursos produtivos e tecnologia 
limitada, é necessário que uma sociedade se organize para tal. As atividades 
comuns a qualquer sistema econômico são a produção, o consumo e as trocas. 
E a forma de adoção das trocas é diferente em cada sistema econômico. 
O sistema econômico seria a forma como a sociedade organiza a sua 
produção, distribuição e consumo de bens e serviços, para que seja alcançado 
nesta sociedade o maior nível de bem-estar possível. Essa organização 
envolve a dimensão econômica, mas também a dimensão social e política de 
 
uma sociedade. No entanto, é preciso ter em mente que as comunidades não 
simplesmente “escolhem” um sistema econômico, mas ele é fruto de um 
processo histórico de lutas, guerras, disputas de interesses que acabam 
definindo a forma da sociedade se organizar política, social e economicamente. 
Um sistema econômico seria então o conjunto de relações técnicas, básicas e 
institucionais que caracterizam a organização econômica, social e política da 
sociedade. Essas relações condicionam as decisões fundamentaisda 
sociedade e quais as atividades que serão as mais importantes dentro daquela 
comunidade. 
Tradicionalmente, classificam-se os sistemas econômicos em: 
a) sistema capitalista ou economia de mercado: a base deste sistema 
econômico é a propriedade privada dos bens de produção e do capital, onde 
predomina a livre iniciativa. Numa economia de mercado, as decisões de o 
quê, como e para quem produzir seriam definidas a partir da concorrência e do 
sistema de preços, regulado pelo mecanismo de oferta e demanda, com pouca 
interferência do Estado. O que produzir seria definido pela demanda dos 
consumidores no mercado; quanto produzir seria determinado pela interação 
entre consumidores e produtores no mercado, com o devido ajustamento dos 
preços; como produzir seria determinado pela concorrência entre os 
produtores; e o para quem produzir seria determinado pela oferta e demanda 
no mercado de fatores de produção. A produção se destina a quem tem renda 
para pagar. 
b) Economias mistas: surgem a partir da década de 30 do século XX, quando 
ainda prevalecem a livre iniciativa, a propriedade privada e as forças de 
mercado, mas há grande participação do Estado, não apenas na produção de 
bens e serviços, mas também na alocação e na distribuição de recursos. O 
Estado também atua nas áreas de infra-estrutura, energia, saneamento e 
telecomunicações. 
c) Economias socialistas ou economia planificada: nestas economias, as 
decisões sobre o que, quanto, como e para quem produzir são determinadas 
por órgãos de planejamento do governo, e não pelo sistema de preços e pela 
concorrência inter-capitalista. Os meios de produção – máquinas, 
equipamentos, matérias-primas, instrumentos, terras, minas, bancos, etc – são 
considerados propriedade de todo o povo (propriedade coletiva ou social). Os 
meios de sobrevivência como roupas, automóveis, eletrodomésticos, móveis, 
etc pertencem aos indivíduos. As residências pertencem ao Estado. 
O que seria então o “mercado”? Como já vimos, numa economia de mercado 
os preços dos produtos a serem vendidos são em geral estabelecidos pela livre 
concorrência entre os produtores e os consumidores, e pelo mecanismo de 
preços, onde há a compra e venda de bens e serviços, mas também de fatores 
de produção. O mercado seria toda instituição social na qual bens, serviços e 
fatores de produção são trocados livremente, troca esta mediada pela moeda. 
Na economia de mercado os consumidores tentarão maximizar o seu bem-
estar e os produtores tentarão maximizar o seu lucro. 
 
E como funcionaria então o mecanismo de preços? Quando os consumidores 
vão ao mercado em busca por maiores quantidades de certa mercadoria, o 
preço desta mercadoria sobe, indicando ao produtor que há falta deste produto 
no mercado. O produtor por sua vez eleva a produção desta mercadoria, com o 
objetivo de obter maiores lucros ao vendê-la a um preço mais alto. Com o 
aumento contínuo dos preços, os consumidores passam então a demandar 
uma quantidade menor desta mercadoria, e ao reduzir o consumo, elevam-se 
os estoques dos produtores, que são obrigados a reduzir o preço daquela 
mercadoria. A queda na demanda e nos preços sinaliza ao produtor a 
necessidade de reduzir a produção daquela mercadoria. 
3.2. Os Fluxos Reais e Monetários da Economia 
O funcionamento de uma economia de mercado depende do entendimento de 
quem são os principais agentes econômicos que interferem no sistema 
econômico e que papel cada um deles exerce dentro da organização do 
sistema econômico. 
Como já vínhamos citando ao longo desta aula, os principais agentes 
econômicos são as famílias, as empresas e o governo. São estes agentes os 
responsáveis por toda a atividade econômica de uma determinada sociedade. 
As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem para as 
empresas, ao mesmo tempo em que consomem os bens e serviços produzidos 
por estas mesmas empresas. As empresas utilizam os fatores de produção 
fornecidos pelas famílias e através de sua combinação, produzem bens e 
serviços que são fornecidos para o consumo das famílias. O governo cuida da 
segurança, educação, saúde, da defesa dos cidadãos e de seus direitos. Além 
disso, o governo assegura o pleno funcionamento da economia, através da 
coordenação e regulação dos mercados (bens e serviços e mercado de fatores 
de produção). Ao longo do século XX, o governo assumiu outras funções, 
atuando como empresário fornecendo bens públicos. 
Numa economia de mercado, estes diferentes agentes econômicos podem ser 
agrupados em três grandes setores: o setor primário, que engloba a agricultura, 
a pesca, a pecuária e a mineração; o setor secundário, onde há combinação de 
fatores de produção para a transformação de bens, e inclui as atividades 
industriais; e o setor terciário, ou setor de serviços, que inclui serviços, 
comércio, transporte, bancos, educação, entre outros. 
Para entender melhor o funcionamento do sistema econômico, vamos supor 
uma economia de mercado que não tenha interferência do governo, não tenha 
transações comerciais nem financeiras com o exterior e não possua um setor 
financeiro desenvolvido. As atividades econômicas estarão centradas nas 
ações de dois grandes agentes: as empresas, que reúnem os fatores 
produtivos para a produção de bens e serviços, e as famílias, constituídas 
pelos indivíduos que são proprietárias dos recursos de produção (terra, 
trabalho, capital e capacidade empresarial). 
 
Como vimos, as unidades familiares fornecem recursos produtivos para as 
empresas e as empresas fornecem bens e serviços finais para as unidades 
familiares. A interação entre as famílias e as empresas é feita através do 
mercado de bens e serviços e do mercado de fatores de produção. Desta 
interação, resultam dois fluxos: 
a) Fluxo real da economia ou circulação real: quando houver deslocamento 
físico do bem; pode ser definido a partir do fornecimento de recursos de 
produção, do uso destes recursos e de sua combinação na produção de bens e 
serviços intermediários e finais. Há emprego efetivo de fatores produtivos e dos 
produtos gerados. Há troca material de recursos produtivos e de bens e 
serviços. Engloba o mercado de recursos de produção e o mercado de bens e 
serviços. O fluxo real da economia, no entanto, só torna-se possível com a 
presença da moeda, que é utilizada para pagar os bens e serviços e os fatores 
de produção. Paralelamente ao fluxo real temos o fluxo monetário da 
economia. 
GRÁFICO 1 – FLUXO REAL DA ECONOMIA 
 
Fonte: VASCONCELOS (2000, p.06) 
b) Fluxo monetário da economia: quando há apenas transferência de 
propriedade, representada pelos pagamentos monetários efetuados pelos 
produtos (bens e serviços) e pelos fatores de produção. Também vai englobar 
o mercado de recursos ou fatores de produção e o mercado de bens e 
serviços. 
 
Tanto o fluxo real quanto o fluxo monetário vão envolver as famílias e as 
empresas, bem como os mercados de recursos e de bens e serviços. 
No mercado dos recursos de produção serão transacionados recursos 
necessários às atividades de produção, tais como mão-de-obra, matérias-
primas, tecnologia, formação de capital, capacidade administrativa, entre 
outros. Neste mercado quem oferta recursos são as famílias e a demanda é 
representada pelas empresas. Neste mercado, as unidades produtoras, ou 
seja, as empresas, pagam às famílias uma remuneração pelos fatores de 
produção de sua propriedade, na forma de salários, aluguéis, juros e lucros. 
As famílias (ou os indivíduos que as compõem) vão até o mercado de fatores 
de produção e oferecem seus “produtos” ou “serviços”, em busca de uma renda 
(oferta de fatores). As empresas, por sua vez, precisam destes fatores 
produtivos a fim de combiná-los na produção de seus produtos e vão ao 
mercado de fatores com o objetivo de comprá-los (demandade fatores). Os 
preços dos fatores (salários – trabalho, aluguéis – terra, juros – capital, lucros – 
capacidade empresarial) serão determinados pela interação entre a oferta e a 
demanda. A soma dos salários, aluguéis, juros e lucros formam a renda da 
economia. Ao receberem essa renda, as famílias têm condições de comprar 
produtos ofertados pelas empresas no mercado de bens e serviços. 
Assim, as empresas combinam os fatores de produção adquiridos no mercado 
de fatores e produzem bens e serviços e vão ao mercado de bens e serviços 
oferecê-los para as famílias, que estão de posse de suas respectivas rendas. 
Os preços de cada bem ou serviço vai ser determinado a partir da interação 
entre a oferta e a demanda de cada um deles. A nossa hipótese inicial foi a de 
que não haveria um setor financeiro, portanto os consumidores gastam toda a 
sua renda neste mercado. As empresas acabam absorvendo essa renda. Ao se 
dirigirem ao mercado de fatores, as empresas acabam distribuindo esta renda 
na forma de salários, aluguéis, juros e lucros. 
 
No mercado de bens e serviços são transacionados bens e serviços 
necessários à satisfação humana, tais como alimentação, saúde, vestuário, 
habitação, calçados, transportes. Quem representa a oferta neste mercado são 
as empresas, na condição de produtores, e quem representa a demanda são 
as famílias, na condição de consumidores. Aqui, as famílias ou os 
consumidores acabam transferindo os pagamentos recebidos das empresas 
pelo uso dos fatores de produção, para essas mesmas empresas, como forma 
de pagamento monetário dos bens e serviços adquiridos. 
O fluxo circular da renda é constituído pela união dos fluxos real e monetário, 
onde em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da 
demanda, determinando o preço. 
GRÁFICO 3 – FLUXO CIRCULAR DE RENDA 
 
Como podemos observar, famílias e empresas exercem um duplo papel. No 
mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços enquanto 
as empresas ofertam estes mesmos bens e serviços; no mercado de fatores de 
produção, as famílias é que oferecem os serviços dos fatores de produção, de 
sua propriedade, e as empresas vão demandar estes mesmos fatores. 
No equilíbrio, então, teremos o seguinte esquema: 
FLUXO REAL = FLUXO MONETÁRIO 
FLUXO REAL DE FATORES = RENDA 
 
FLUXO REAL DE BENS E SERVIÇOS = FLUXO MONETÁRIO DO 
MERCADO DO PRODUTO 
É necessário fazer uma observação importante. Para a teoria econômica, tanto 
os consumidores, na figura das famílias, como os produtores, representados 
acima pelas empresas, são racionais nas suas decisões. O que isto significa? 
Significa que os indivíduos, enquanto consumidores, buscam obter o máximo 
de produtos gastando o mínimo possível. Já as empresas, ou os produtores, 
buscam obter o maior lucro possível, e para isto quer diminuir custos e vender 
os seus produtos o mais caro possível. Cada um dos agentes que interferem 
no processo econômico agem buscando o seu próprio interesse, a partir de 
uma racionalidade meramente econômica. 
É importante ressaltar que estes fluxos sofrem algumas alterações com a 
introdução do setor público (governo) e das transações com o setor externo. 
Com a incorporação do setor público ao fluxo anterior, teremos o impacto dos 
impostos e dos gastos públicos no fluxo da renda. Ao se incluir o governo, este 
impõe sobre empresas e famílias impostos, que diminuem tanto o poder de 
compra das unidades familiares, como o lucro das empresas. Por outro lado, 
ao conceder subsídios[1], que nada mais é do que uma ajuda do governo a 
determinados setores produtivos ou parcelas da sociedade, aumentam as 
possibilidades de investimentos das empresas. 
Por outro lado, se eu introduzo no esquema acima o comércio internacional, há 
um aumento da demanda por produtos no mercado de bens e serviços, na 
medida em que parte dos bens e serviços disponibilizados pelas empresas irão 
ser exportados. Há também um aumento na oferta neste mesmo mercado, 
através das importações, o que acaba por elevar a concorrência, podendo 
ocasionar uma queda nos preços destes produtos e uma melhoria na 
qualidade. 
3.3. Divisão do Estudo Econômico 
Quando pensamos ou discutimos a economia podemos definir se queremos ter 
uma visão mais ampla ou mais restrita dos fenômenos econômicos. Para 
analisar o sistema econômico podemos nos concentrar no estudo das unidades 
familiares e produtivas, ou podemos trabalhar com os grandes agregados. 
Neste sentido, sobretudo por razões didáticas, costuma-se dividir a economia 
em quatro ramos de estudo fundamentais: microeconomia, macroeconomia, 
desenvolvimento econômico e economia internacional. 
A microeconomia ou teoria de formação de preços estuda a formação de 
preços em mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas se 
relacionam no mercado, por meio da ação conjunta de oferta e demanda, e 
definem os preços para que as necessidades tanto dos consumidores quanto 
dos produtores sejam satisfeitas ao mesmo tempo. Em outras palavras, a 
 
microeconomia ocupa-se da análise do comportamento das unidades 
econômicas, como as famílias, os consumidores ou as empresas. Para a 
microeconomia, as diferentes unidades econômicas atuam como se fossem 
unidades individuais, e estuda a racionalidade dos indivíduos (consumidores e 
empresas) diante do problema da escassez de recursos, bens e serviços. 
A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto, 
ocupando-se da determinação e do comportamento dos grandes agregados 
nacionais, como o produto interno bruto (PIB), que mede o total do que é 
produzido no país, investimento agregado, a poupança agregada, o emprego, o 
consumo agregado, o nível geral de preços, os juros da economia, os índices 
econômicos. O objetivo da macroeconomia é oferecer uma visão simplificada 
da economia, mas que forneça condições para o conhecimento e atuação 
sobre o nível de atividade econômica de um país, através das políticas 
governamentais. A análise macroeconômica trabalha com as condições de 
equilíbrio estável entre a renda e a despesa nacionais, e com as políticas 
econômicas de intervenção que procuram estabelecer este equilíbrio. 
Os estudos do desenvolvimento econômico se concentram no entendimento 
dos processos econômicos e na busca de melhorar as condições de vida da 
sociedade ao longo do tempo, através da acumulação de recursos escassos e 
da geração de tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços 
daquela sociedade. Para isto, o desenvolvimento econômico discute medidas 
que devem ser adotadas pelos países no longo prazo, a fim de que uma 
sociedade obtenha um crescimento econômico equilibrado, auto-sustentado e 
com uma distribuição de renda mais eqüitativa. Busca, portanto, entender como 
se processa a acumulação de recursos escassos e a geração de tecnologia 
que resultariam no aumento da produção de bens e serviços para a sociedade. 
A economia internacional por sua vez procura compreender as relações 
econômicas internacionais, através do estudo dos fluxos comerciais e 
financeiros que interligam os países e os indivíduos habitantes em cantos 
distintos do globo. É o ramo da economia que estuda, portanto, as condições 
de equilíbrio entre importações e exportações, e os fluxos de capital entre as 
nações do mundo. Ocupa-se, portanto, das relações econômicas entre 
residentes e não-residentes do país, sejam elas transações de bens e serviços 
ou de capital. 
-------------------------------------------------------------------------------- 
[1] Auxílio concedido pelo governo de um país a determinados setores ou 
empresas (públicas ou privadas), tecnicamente definido por: benefícios pagos, 
sem contrapartida em produtos ou serviços; transferência de recursos de uma 
esfera do governo em favor de outra; despesas governamentaispara cobrir 
prejuízos de empresas; benefícios a consumidores, sob a forma de preços 
inferiores aos níveis normais do mercado; benefícios a produtores e 
vendedores mediante preços mais elevados. Disponível em: 
http://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&q=o+que+s%C3%A3o+subs%C3%ADdios&meta=. Acesso em 20 jun. 
2006. 
 
Módulo 4 - As Origens do Pensamento Econômico 
As escolas de pensamento econômico constituem um conjunto sistematizado 
de idéias, valores e princípios teóricos, mas sempre vinculados às questões 
políticas, sociais e éticas. Sendo assim, os pressupostos e conclusões de cada 
corrente de pensamento econômico, bem como os resultados de suas 
investigações científicas estão inteiramente condicionados por sua matriz 
ideológica. 
Durante muito tempo a economia constituiu um conjunto de soluções a 
problemas específicos e orientava-se por princípios gerais de ética, justiça e 
igualdade. As justificativas dos conceitos eram muito mais de natureza moral, 
não existindo, até Smith, um estudo sistemático das relações econômicas. 
4.1. O Pensamento Econômico na Antiguidade 
Na Antiguidade Clássica, a maior parte da população era composta de 
escravos, que trabalhavam em troca do básico para a sua subsistência (roupas 
e alimentos). Todo o produto excedente a essas necessidades básicas dos 
trabalhadores era apropriado pelos senhores de escravos. A economia era 
eminentemente rural e as cidades desenvolveram-se com o avanço das trocas 
comerciais. Estas cidades eram politicamente independentes umas das outras, 
e a navegação desenvolveu-se com a expansão do intercâmbio comercial. 
Os autores da Antigüidade, tanto na Grécia, quanto em Roma, não possuíam 
um pensamento econômico geral e independente. Havia o domínio da Filosofia 
e da Política sobre o pensamento econômico. 
Neste sentido, embora o termo “economia” (oikosnomos[1]) tenha surgido na 
Grécia, a predominância da Filosofia sobre a sociedade não favorecia o 
desenvolvimento da análise econômica. 
Existem algumas reflexões de ordem econômica em Platão (427-347 a.C.) e 
Xenofontes (440-335 a.C.), mas muito incipientes. Aristóteles apresentou 
algumas contribuições interessantes às teorias do valor, dos preços e da 
moeda, mas tratava sobretudo de aspectos das transações comerciais e das 
finanças públicas. 
 
 
Os grandes pensadores gregos partiam da premissa que o trabalho era indigno 
do homem e que deveria ser reservado aos escravos, considerados inferiores. 
Assim, Platão e Aristóteles faziam a defesa da escravidão argumentando que 
alguns homens eram naturalmente inferiores a outros. Defendia-se a igualdade 
entre os cidadãos (homens livres, nascidos na Cidade-Estado e proprietários 
de terras) e havia um certo desprezo pela riqueza e o luxo. Isto dificultava o 
desenvolvimento das relações econômicas, e assim, portanto, do próprio 
pensamento econômico. Sendo assim, na Grécia apareceram poucas idéias 
econômicas, fragmentadas em estudos filosóficos e políticos. 
O pensamento romano também não deu uma grande contribuição ao 
desenvolvimento das idéias econômicas. Os romanos não desprezavam a 
riqueza e o luxo, e havia uma economia de trocas muito mais intensa em Roma 
que na Grécia, com o desenvolvimento de companhias comerciais e 
sociedades por ações. Mas o pensamento de Roma centrou-se nas questões 
da política, e o desenvolvimento da sociedade romana estava centrado em 
torno de objetivos muito mais políticos do que econômicos, o que anulou a sua 
contribuição ao pensamento econômico. 
4.2. O pensamento econômico na Idade Média 
Com o declínio do Império Romano e as invasões bárbaras, surgiu o 
feudalismo, cuja base era o trabalho dos servos nas terras dos senhores. 
Apesar do servo não ser livre, por estar ligado à terra e a seu senhor, não era 
propriedade do senhor, como o escravo na Antigüidade. 
Existia também uma hierarquia dentro da classe de senhores feudais. Um 
senhor devia lealdade a um senhor mais poderoso, e este a outro, e a outro, 
até chegar ao rei. Os vassalos recebiam a terra de seus senhores para cultivá-
las em troca de dinheiro, alimentos, trabalho e lealdade militar. Em 
contrapartida, o senhor oferecia proteção militar a seu vassalo. 
Ao longo da Idade Média há um amplo desenvolvimento das trocas nas 
cidades, ampliando-se a atividade econômica regional e inter-regional através 
do surgimento das feiras periódicas. O avanço das trocas propiciou o 
desenvolvimento da divisão do trabalho: surgem as corporações de ofício e 
ocorre uma ampliação crescente das trocas entre as áreas urbanas e rurais. 
Com as Cruzadas expande-se o comércio através do Mediterrâneo, fazendo 
surgir grandes centros comerciais como Gênova, Veneza, Pisa e Florença. 
Assim como na Antiguidade Clássica, o pensamento econômico medieval não 
constituía um corpo teórico independente e sistematizado, e tinha um caráter 
eminentemente prático. Ao invés de estar pautado por questões filosóficas e 
políticas, a moral cristã orientava e subordinava o pensamento econômico na 
Idade Média, através da dominação exercida pela Igreja Católica em todas as 
dimensões da sociedade. 
Neste sentido, a teologia católica, ao subverter a ética do trabalho, não apenas 
defendendo a dignidade do trabalho, mas o colocando como meio de expiação 
 
dos pecados do homem, revoluciona as relações econômicas, dando a elas um 
grande impulso de desenvolvimento. 
 
A ética paternalista cristã, no entanto, condenava a aquisição e acumulação de 
bens materiais. A Igreja condenava a busca desenfreada pelo interesse 
individual, e tentava moralizar as ações econômicas dos indivíduos e a conduta 
humana, inclusive com a instituição de leis paternalistas, como a Lei dos 
Pobres. Permitia-se a propriedade privada, mas esta deveria ser usada com 
moderação. Surge a partir desta idéia de moderação dos agentes econômicos 
a concepção de justiça nas trocas, onde buscava-se o “justo preço” e o “justo 
salário”. 
E o que vinha a ser o justo preço? Seria o preço baixo o bastante para que o 
consumidor pudesse comprar, sem extorsão, e aquele elevado o suficiente 
para que o vendedor tivesse interesse em vender para poder viver de maneira 
decente. O justo salário seria aquele que permitiria ao trabalhador e sua família 
viver dignamente. Havia também a noção de justiça nas trocas, onde o lucro 
não deveria permitir aos comerciantes enriquecer (já que a riqueza era 
condenada), mas apenas viver de forma decente. Dessa concepção de justiça 
nas trocas advém também a condenação do empréstimo a juros, já que o 
dinheiro reembolsado ao emprestador seria maior que o dinheiro tomado 
emprestado. 
No entanto, com o desenvolvimento do comércio e das trocas, e com o 
desenvolvimento das atividades manufatureiras, estas concepções caem por 
terra, e a subordinação da economia à teologia é substituída pela busca 
desenfreada de acumular metais preciosos. 
4.3. O Mercantilismo 
A partir do século XV, uma série de transformações intelectuais, religiosas, 
políticas associadas ao desenvolvimento das trocas e do comércio e à 
expansão ultramarina e aos grandes descobrimentos impulsionaram o avanço 
da atividade econômica de forma significativa. 
A Reforma Protestante abre as portas para o individualismo, ao exaltar a 
atividade econômica e o sucesso material, e ao justificar a busca do lucro, os 
empréstimos a juros e o enriquecimento. Não mais se condenava a riqueza, 
 
mas o pecado agora era a ociosidade. O enriquecimento era sinal da salvação 
de Deus e o trabalho não era mais um meio de expiação de pecados, mas 
instrumento para alcançar a graça divina e o êxito material. 
Há neste período o enfraquecimento dos feudos e a centralização da política 
com o surgimento dos Estados Nacionais. O Estado passa a coordenar as 
forças materiais e os recursos humanos, fazendode cada país um organismo 
econômico integrado. O Estado nacional passa a assumir o lugar da Igreja de 
supervisionar o bem-estar da sociedade. 
É neste contexto que surge o mercantilismo, considerada por alguns 
estudiosos como a primeira escola econômica, apesar de não representar um 
conjunto teórico e técnico homogêneo e sistematizado. No entanto, o 
mercantilismo já apresenta algumas preocupações explícitas com acumulação 
de riquezas de uma nação. 
Para os mercantilistas, o governo de um país seria mais forte e poderoso 
quanto mais rico ele fosse e esta riqueza seria tanto maior quanto fosse o seu 
estoque de metais preciosos (ouro e prata). 
No sentido de garantir um aumento no saldo de ouro e prata, os mercantilistas 
defendiam uma política de aumento das exportações, a proibição da saída de 
metais preciosos e redução significativa, senão a proibição da entrada de 
mercadorias estrangeiras em seu país. 
Para desenvolver a industrialização interna, exportar mais e reduzir as 
importações ao mínimo possível, os mercantilistas defendiam uma política 
intervencionista na indústria e o protecionismo alfandegário, efetivamente 
implantados em alguns países. Há também um controle e proteção das 
atividades de comércio internacional, já que o comércio e as navegações eram 
as principais fontes de riqueza nacional neste período. Assim, os mercantilistas 
eram entusiastas da ampla intervenção do Estado nos negócios privados e da 
imposição de barreiras ao comércio internacional como forma de promover um 
saldo comercial positivo. 
A política colonial mercantilista também foi fundamental para o 
desenvolvimento da economia mundial neste período. O “pacto colonial” entre 
as metrópoles européias e suas respectivas colônias no além-mar foi 
estabelecido para elevar o saldo comercial e o fluxo de metais preciosos para 
as metrópoles. As colônias só poderiam consumir produtos da metrópole, só 
poderiam exportar para a metrópole, que controlava também o transporte das 
mercadorias. Os níveis de preços dos produtos a serem importados pelas 
colônias eram fixados pelas metrópoles em níveis os mais altos possíveis; 
enquanto que os produtos exportados pelas colônias tinham seus preços 
estabelecidos em níveis bem baixos. Isso permitiu um aumento significativo 
dos saldos comerciais das metrópoles e uma ampliação do fluxo de metais 
preciosos. 
Embora o mercantilismo tenha uma contribuição pouco significativa para a 
constituição da análise econômico-científica, foi fundamental para o surgimento 
 
do capitalismo. O mercantilismo teve uma contribuição significativa para 
fortalecer a economia nacional, ampliar as relações comerciais, na expansão 
dos mercados, para desenvolver o sistema manufatureiro, na formação dos 
grandes capitais que financiaram a revolução industrial e no surgimento do 
trabalho assalariado. Todos esses elementos foram fundamentais para a 
consolidação posterior do capitalismo. 
4.4. A Fisiocracia 
As primeiras tentativas de sistematização da ciência econômica remontam ao 
trabalho dos fisiocratas. A fisiocracia é um movimento econômico que surgiu no 
século XVIII como uma reação às distorções do mercantilismo: a excessiva 
regulamentação e intervenção do Estado nos negócios privados e o abandono 
da agricultura em benefício da indústria. Sua principal preocupação era a 
circulação ou distribuição do produto social. 
A fisiocracia acredita que a economia, como o universo de Newton, é regida 
por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais estabelecidas por um ente 
divino para a felicidade do homem. Caberia ao homem, por meio da razão, 
descobrir esta ordem e trabalhar no sentido de respeitar as leis que regulam a 
ordem natural. Sendo assim, os fenômenos econômicos deveriam fluir 
livremente, seguindo estas leis naturais. 
Portanto, os fisiocratas consideravam desnecessária e até mesmo prejudicial 
qualquer intervenção do Estado nas relações econômicas, pois criaria 
obstáculos à ordem natural, inibindo a circulação de pessoas e de bens. A 
função da autoridade governamental era entender esta ordem natural e servir 
de intermediário para que as leis da natureza pudessem ser respeitadas e 
cumpridas. O Estado não deve intervir na economia mais do que o necessário 
para assegurar a vida, a propriedade e para manter a liberdade. 
Um dos grandes pensadores desta corrente de pensamento, François Quesnay 
(1694-1774), defendeu alguns princípios que serviriam mais tarde de base para 
a construção da análise econômica posterior. A principal obra deste autor é O 
quadro econômico. Quesnay elaborou o princípio utilitarista de busca da 
obtenção de máxima satisfação com um mínimo de esforço, que seria 
desenvolvido amplamente pelos economistas da escola marginalista no século 
XIX. Ele é precursor também da idéia de que a busca do interesse individual 
numa economia competitiva originaria uma compatibilidade de interesses 
pessoais, levando a sociedade à harmonia e ao bem-estar coletivo. Além disso, 
Quesnay evidencia a interdependência entre as atividades econômicas, 
desenvolvendo pela primeira vez uma análise dos fluxos de rendas e de bens 
de uma nação, e suas variações. 
 
Os fisiocratas não acreditavam que a riqueza de um país dependia de seus 
estoques de metais preciosos, como defendiam os mercantilistas. Para a 
fisiocracia, a riqueza de uma nação dependia de sua capacidade de produção, 
mais especificamente no setor agrícola. 
A agricultura era a única atividade realmente produtiva, pois somente a 
atividade agrícola é capaz de gerar excedentes; portanto era a única atividade 
que gerava valor – só a terra tinha capacidade de multiplicar a riqueza. Os 
demais setores da economia, como a indústria e o comércio eram apenas 
desdobramentos da agricultura, pois apenas transformam e transportam bens. 
Dependiam, assim, dos excedentes gerados na agricultura. Portanto, era 
primordial para os fisiocratas o incentivo à agricultura para elevar o produto 
social. 
Os fisiocratas propunham, além da redução da intervenção estatal na 
economia, a eliminação das barreiras ao comércio interno e internacional, tão 
características do mercantilismo, uma política de promoção das exportações. 
Também sugeriam políticas de combate aos oligopólios (mercado controlado 
por poucos vendedores) e o fim das restrições às importações. 
-------------------------------------------------------------------------------------- 
[1] Existem controvérsias entre os autores da História do Pensamento 
Econômico sobre quem utilizou pela primeira vez o termo “economia”. Para 
alguns, este termo foi utilizado pela primeira vez por Xenofontes, se referindo 
aos princípios de gestão dos bens privados. Para outros, Aristóteles teria 
cunhado o termo oidosnomos em seus estudos sobre aspectos da 
administração privada e sobre finanças públicas. 
Módulo 5 - A Construção da Ciência Econômica 
Há um consenso entre os cientistas econômicos de que o marco inicial de uma 
teoria econômica sistematizada remonta à publicação da obra de Adam Smith 
A riqueza das nações em 1776. Até o surgimento da teoria de Smith, a 
economia era tratada e estudada como um ramo da Filosofia Moral, da Ética e 
do Direito. 
5.1. Escola Clássica 
 
O pensamento econômico clássico opõe-se aos fisiocratas franceses, na 
medida em que preconizavam que não apenas a agricultura era produtora de 
excedentes e de valor, mas também a indústria criaria valor. A economia 
clássica é pautada pelo individualismo, liberdade pessoal, tanto econômica 
quanto política, e crença no comportamento racional dos agentes econômicos. 
Defendiam a propriedade privada, a iniciativa individual e o controle individual 
da empresa. Estes seriam princípios básicos capazes de harmonizar interesses 
individuais e coletivos e gerar o progresso social. 
O Estado, tal qual na teoria fisiocrata,deveria atuar somente na defesa, na 
justiça e na manutenção de algumas obras públicas, sem intervir 
significativamente na atividade econômica nem no funcionamento do mercado. 
Mantém-se aqui a visão de um mundo regido por leis naturais e harmônicas, 
que se refletia na economia, a qual deveria ser deixada livre de intervenções, a 
fim de chegar a um equilíbrio que proporcionaria o bem-estar de todos. 
O pensamento clássico surge em meio à revolução industrial, onde a economia 
apresenta um avanço significativo de produtividade, refletindo-se numa 
mudança na estrutura política e social do mundo. Há um crescimento 
estrondoso da urbanização, um amplo êxodo rural, a consolidação dos Estados 
nacionais e da democracia representativa como sistema político. A partir da 
contribuição dos economistas clássicos, a economia passa a formar um corpo 
teórico próprio e a desenvolver um instrumental de análise específico para as 
questões econômicas. Busca-se sobretudo encontrar leis gerais e 
regularidades no comportamento econômico, e o interesse primordial passa a 
ser a análise abstrata das relações econômicas. Não mais são priorizados os 
pressupostos morais e as conseqüências sociais das atividades econômicas, 
como antes. 
Os clássicos acreditam que o valor dos bens é determinado pela quantidade de 
trabalho neles incorporada, e assim, o elemento crucial para a determinação 
dos preços seria o custo de produção. A análise é centrada, portanto, na oferta. 
A grande preocupação destes primeiros economistas é a determinação das 
causas do desenvolvimento da riqueza. 
É preciso ter em mente que o liberalismo econômico característico da escola 
clássica se manteve muito mais no plano da retórica, pois na prática houve 
muito dirigismo estatal na sociedade capitalista desde o seu surgimento. 
5.1.1. Adam Smith 
Adam Smith (1723-1790) é o grande precursor desta corrente de pensamento 
econômico, sendo considerado por muitos o “pai da economia”, já que na sua 
obra A riqueza das nações de 1776 ele desenvolve a teoria econômica com um 
corpo teórico próprio, como um conjunto científico sistematizado. 
 
Para Smith, os indivíduos, na busca da satisfação de seus próprios interesses 
e de maximização de seu bem-estar, acabariam contribuindo para a obtenção 
do máximo bem-estar da sociedade. Isto porque o indivíduo se esforça para 
empregar o seu capital da maneira mais vantajosa, e isto o conduziria, 
naturalmente, a preferir o emprego de capital mais vantajoso para a sociedade. 
Para promover o bem-estar o melhor caminho seria o estímulo a busca 
individual do próprio interesse e à concorrência. Se todos os indivíduos são 
assim deixados livres, haveria como que uma “mão invisível” orientando todas 
as decisões da economia, sem necessidade de atuação do Estado. Através da 
livre concorrência, a sociedade chegaria à harmonia e à maximização do bem-
estar de todos. 
O mercado seria então o regulador das ações econômicas e traria benefícios 
para a coletividade independente da ação do Estado. Smith postulava que os 
governos são ineficazes e têm a tendência de favorecer alguns em detrimento 
da maioria da sociedade, portanto sua interferência no mercado tende a 
provocar distorções e ampliar desigualdades. Se o governo não interferir nos 
assuntos econômicos, a ordem natural poderia ser alcançada através do uso 
da razão. Seus argumentos baseavam-se na livre iniciativa e no laissez-faire. 
Smith acreditava que a origem da riqueza não estava na agricultura ou no 
acúmulo de metais preciosos, mas sim no trabalho humano produtivo. Este sim 
seria o elemento essencial da riqueza e gerador de valor. Sempre que uma 
mercadoria é vendida a um preço superior a seu custo de produção, temos 
geração de valor, mesmo fora da agricultura. 
Para Smith a divisão do trabalho e a especialização de tarefas é um elemento 
essencial para aumentar a habilidade pessoal, para promover o aumento de 
produtividade, para ampliar o desenvolvimento tecnológico e, 
conseqüentemente, elevar a produção. O aprofundamento da divisão do 
trabalho decorre da expansão das trocas e dos mercados. Assim, para 
promover o aumento da produtividade e da riqueza é preciso ampliar os 
mercados e a iniciativa privada. 
Smith acreditava que os lucros dos empresários, ao se converterem em 
maquinaria e expansão produtiva, permitiria a ampliação da divisão do trabalho 
e da produção, o que impulsionaria o crescimento da riqueza. Portanto, para 
 
ele a acumulação de lucros pelos empresários era algo essencial para 
promover o desenvolvimento da sociedade. 
5.1.2. David Ricardo 
Este pensador clássico acreditava que o crescimento demográfico exerce um 
efeito negativo sobre a economia. Sua obra principal é Princípios de economia 
política e tributação. Segundo Ricardo (1772-1823), o aumento da população 
acompanharia a expansão econômica, e isto faria com que as necessidades de 
alimentos aumentassem. Estas necessidades só poderiam ser satisfeitas a 
custos mais altos. 
 
Assim, o aumento da população geraria um crescimento da demanda de 
alimentos, que provocaria um aumento de preços. Isto ocasionaria uma 
elevação dos salários industriais e uma redução da taxa média de lucro da 
economia. Assim, haveria uma conseqüente redução dos investimentos, com 
redução do emprego e da produção. Com esta análise, Ricardo mostra que o 
processo de desenvolvimento econômico poderia minar suas próprias bases. 
O problema central residia na incapacidade da agricultura de produzir 
alimentos baratos para o consumo dos trabalhadores, pois possuía 
rendimentos decrescentes. À medida que aumentava a população, a produção 
ampliava-se em terras cada vez piores, o que provocaria aumento de custos, 
aumento de salários e redução de lucros. Isto inibiria os investimentos e a 
produção na agricultura, o que se refletiria posteriormente em toda a economia. 
Defendia como possíveis soluções para tais problemas o controle da natalidade 
e a livre importação de alimentos para o consumo dos trabalhadores. 
Ricardo também desenvolveu a teoria das vantagens comparativas. Ele 
defendia que cada país deveria se especializar naqueles produtos que 
tivessem os custos comparativos mais baixos, e importar aqueles cujo custo 
comparativo fosse maior. Cada país deveria, assim, dedicar-se à produção que 
se mostra comparativamente mais lucrativa. A conseqüência disto seria que o 
trabalho seria distribuído com maior eficiência, a produção geral se elevaria, e 
promoveria-se o bem-estar geral e a harmonia de interesses dos diferentes 
países a nível internacional. 
 
5.1.3. Thomas Malthus 
Malthus (1766-1834) coloca-se contra a visão otimista dos outros pensadores 
clássicos. As instituições sociais não seriam as responsáveis pelas misérias e 
vícios dos indivíduos, mas o próprio instinto de reprodução humana os teriam 
gerado. Em sua obra An essay on the principle of population, Malthus propugna 
que a população, quando não controlada, cresce em proporções geométricas 
(1,2,4,8,...) enquanto que a produção de alimentos (subsistência) quando muito 
cresce a taxas aritméticas (1,2,3,4,...). A conseqüência disto é que mais 
inevitavelmente o número de habitantes ultrapassaria a quantidade de 
alimentos necessária para mantê-los. 
 
Assim, o crescimento da população depende da oferta de alimentos: sempre 
que os salários nominais estiverem acima do salário de subsistência, haverá 
incentivo para o casamento e para o aumento no tamanho das famílias, 
provocando o aumento populacional. 
Malthus sugeria uma série de políticas para conter o avanço populacional como 
o adiamento dos casamentos, a limitação voluntária de nascimentos nas 
famílias. Tudo isto a fim de evitar uma crise na produção de alimentos. Malthus 
também reconhecia que as guerras, os vícios, a miséria e as doenças seriam 
obstáculos importantespara limitar o crescimento da população, e portanto 
deveriam ser aceitos como soluções para interromper o crescimento 
populacional. 
No entanto, é preciso destacar que Malthus não levou em conta o ritmo e o 
impacto do progresso tecnológico para a elevação da produtividade e do 
produto total da agricultura, que representam uma resposta importante para o 
descompasso natural entre a produção de alimentos e o crescimento 
populacional. Malthus também não poderia prever a revolução nas técnicas de 
limitação da fertilidade, que representam um passo importante para deter o 
avanço populacional. 
5.1.4. John Stuart Mill 
John Stuart Mill (1806-1873) sistematizou e divulgou o corpo teórico do 
pensamento econômico de sua época. Ele avança na teoria ao incorporar em 
sua obra elementos institucionais, e ao definir de forma mais precisa as 
restrições, vantagens e o funcionamento de uma economia de mercado. Ele 
 
introduz nas suas análises a preocupação com a justiça social, e com as 
conseqüências sociais da industrialização em sua época. Sua principal obra é o 
livro Princípios de Economia Política. 
 
Mill percebe que o instrumental teórico deixado pelos clássicos, baseado nos 
pressupostos de harmonia de interesses, de ordem natural e de um mercado 
regulado para atender o bem-estar de todos não se confirmava na prática em 
sua época. Se por um lado o crescimento industrial propiciou de fato aumento 
da produção, do volume de comércio internacional e crescimento da 
acumulação de capital, por outro lado gerou a deterioração do padrão de vida 
da classe trabalhadora, com reduzidos salários, longas jornadas de trabalho, 
ausência de legislação trabalhista, péssimas condições de moradia, entre 
outras coisas. 
Para Mill era evidente que a economia capitalista, em expansão, não 
apresentava um sistema de distribuição de renda que funcionasse bem, e não 
gerava o bem-estar geral da coletividade como preconizavam os outros 
pensadores clássicos. Para Mill, era necessário políticas de promoção do bem-
estar geral, especialmente voltadas para a classe trabalhadora. 
Além disso, Mill percebe que o sistema capitalista não possui uma tendência ao 
equilíbrio, pelo contrário, há uma tendência do sistema à instabilidade, com 
taxas de lucros decrescentes, queda do nível de atividade econômica e 
elevadas taxas de desemprego entre a população trabalhadora. 
 
Módulo 6 - A Evolução da Ciência Econômica 
6.1. Os Socialistas 
O pensamento socialista surge em meio à revolução industrial, com suas 
grandes fábricas. Os trabalhadores possuíam condições precárias de trabalho 
e de vida, com salários de subsistência, sem direitos políticos nem sociais, em 
condições de miséria e abandono. Deste contexto histórico surge a 
necessidade de despertar a consciência da sociedade para a situação 
econômica das classes desfavorecidas. 
Os socialistas rejeitam a idéia de livre mercado e de harmonia de interesses 
entre as diferentes classes sociais. Não acreditam que a busca egoísta e 
desenfreada dos indivíduos pelos seus próprios interesses levará a sociedade 
à maximização de seu bem-estar. 
O grande teórico desta corrente de pensamento econômico é Karl Marx (1818-
1883). Tal como Stuart Mill, Marx se preocupa com as conseqüências sociais 
da industrialização e do desenvolvimento capitalista. O objetivo de Marx era 
descobrir a estrutura e o funcionamento da economia capitalista e suas leis de 
movimento. Seu objetivo era demonstrar que o capitalismo explorava a classe 
trabalhadora, e como essa exploração conduziria necessariamente à 
destruição desse sistema econômico. 
 
Assim como Smith e Ricardo, Marx também acreditava no trabalho como 
determinante do valor, e que a origem da riqueza estava no trabalho humano 
produtivo. A apropriação do excedente econômico produtivo era a origem da 
acumulação de capital e riqueza. 
O excedente econômico no capitalismo surge do fato do capitalista pagar ao 
trabalhador uma quantidade igual ao valor de sua força de trabalho (insumos 
necessários à subsistência e reprodução do trabalhador), mas esse pagamento 
equivale somente a uma parte daquilo que o trabalhador produz para o 
capitalista em sua jornada de trabalho. O valor das mercadorias produzidas 
pelos trabalhadores em um dado período de tempo é superior ao valor da força 
de trabalho vendida aos capitalistas que a contratam. A diferença destes 
valores é a chamada mais-valia – o valor que excede o valor da força de 
 
trabalho e que é apropriado pelos capitalistas. Seria esta, para Marx, a origem 
dos lucros, juros e aluguéis neste sistema econômico. 
Isto ocorre porque os trabalhadores só possuem sua força de trabalho para 
vender, não possuindo outra fonte de renda alternativa, sendo obrigados a 
aceitar as condições impostas pelos capitalistas, detentores não apenas dos 
meios de produção, mas também dos meios de subsistência. A propriedade 
privada dos meios de produção seria então a chave para compreender a 
exploração no capitalismo. 
6.2. A Escola Neoclássica 
No final do século XIX fez-se necessária uma reavaliação da teoria econômica, 
dadas as transformações estruturais das economias das nações 
industrializadas. No lugar de um capitalismo concorrencial, surge um sistema 
econômico com forte tendência monopolista. Há uma intensa concentração de 
capitais, o que implicou em uma concentração de renda, e uma intenso êxodo 
rural, decorrentes dos processos de industrialização. 
Além disso, evidencia-se nesta época que a atividade econômica tende a 
apresentar-se cada vez menos competitiva. É o período do surgimento e 
consolidação dos movimentos operários e dos sindicatos, que buscam 
defender os interesses dos trabalhadores frente à exploração capitalista. 
O Estado passa a intervir significativamente no campo econômico, 
especialmente após a crise das bolsas de valores na década de 1930. 
Evidencia-se neste período que a idéia clássica de uma economia em 
constante equilíbrio, onde ofertas e procuras reagiriam automaticamente diante 
das alterações de preços não necessariamente verificadas na prática. 
No entanto, os economistas da escola neoclássica, apesar de avançarem 
significativamente na elaboração dos princípios teóricos fundamentais da 
Ciência Econômica, e a despeito das evidências em contrário, continuavam a 
reproduzir a crença cega nos mecanismos reguladores do mercado. Reafirmam 
a tendência do sistema ao equilíbrio pela ação das forças do mercado, e que 
qualquer interferência nestas forças gera custos e reduz o bem-estar social. 
Os pensadores da escola neoclássica propugnam suas idéias como uma 
reação aos movimentos socialistas, reafirmando a crença na economia de 
mercado e na sua capacidade auto-reguladora, mas se contrapondo à idéia 
clássica de que a fonte geradora de riqueza é o trabalho (teoria do valor-
trabalho). Os neoclássicos combatiam também a idéia de que a renda da terra 
não era socialmente justa. 
Estes pensadores deslocam a análise econômica da determinação das causas 
do desenvolvimento da riqueza, para buscar a determinação da alocação dos 
recursos escassos entre usos alternativos, com o objetivo de maximizar a 
satisfação, seja de consumidores, seja de produtores. A economia passa então 
a trabalhar na análise das necessidades dos indivíduos, sua satisfação e a 
atribuição subjetiva de valor aos bens. Passa-se a privilegiar os aspectos 
 
microeconômicos, onde o indivíduo e a firma estão no centro da análise. Ao 
invés de considerar globalmente a economia, suas análises estão centradas 
nas decisões dos agentes econômicos individuais e nas condições e preços do 
mercado. 
Para os neoclássicos, o homem procura o máximo prazer, com um mínimo de 
esforço. Sendo assim, a base para a elaboração de seu arcabouço teórico é o 
desejo dos indivíduos de maximizarem sua satisfação– consumidores estariam 
em busca de maximizar sua utilidade (satisfação no consumo), e produtores 
estariam em busca de maximizar seus lucros. 
Partem do pressuposto de que a economia é “atomizada”, ou seja, formada por 
um grande número de produtores e consumidores, que isoladamente são 
incapazes de influenciar os preços dos produtos e as quantidades no mercado. 
Admitiam a existência dos monopólios, mas este seria uma exceção à regra de 
um mercado onde predominava a concorrência pura. A demanda passa a ser o 
elemento crucial para a determinação dos preços. 
Introduz-se a análise marginal, onde a decisão de produzir ou consumir 
depende do custo ou benefício proporcionado pela unidade adicional de fator 
de produção ou de bem a ser consumido. Assim, o valor de um bem não é 
determinado pela quantidade de trabalho nele incorporado, mas a 
determinação do valor de um bem dependeria da sua utilidade marginal 
(utilidade que gera a última unidade consumida). A demanda dependeria então 
da utilidade marginal. Assim, um produto será mais demandado e terá um 
preço maior quanto mais raro e útil ele for. Os custos incluem o sacrifício e a 
fadiga, que supõem a criação e a administração de uma empresa e a 
acumulação do dinheiro para constituir o capital. 
Os indivíduos atuam racionalmente, calculando as utilidades marginais dos 
diferentes bens, calculando prazer e dor, e estabelecendo um equilíbrio entre 
as necessidades presentes e futuras. 
Os principais pensadores desta escola são Alfred Marshall, William Jevons, 
Leon Walras, Eugene Böhm-Bawerk, Vilfredo Pareto, Francis Edgeworth, 
Joseph Schumpeter e Arthur Pigou. 
6.3. O Pensamento Keynesiano 
A Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão da década de 1930 
abalaram seriamente as economias dos países industrializados do mundo 
ocidental. Os níveis de investimento e de produção caíram vertiginosamente, 
gerando uma queda nos níveis de emprego sem precedentes na história, o que 
acabou por atingir as economias dos países de todo o mundo. 
A teoria econômica prevalecente na época propugnava que as distorções que 
porventura aparecessem no sistema seriam automaticamente corrigidas pelos 
mecanismos automáticos de regulação do mercado. Portanto, os economistas 
acreditavam que a crise econômica era passageira. No entanto, o desemprego 
já atingia níveis elevadíssimos e a economia não dava indicações de que a 
 
situação estaria se autocorrigindo. Era necessário identificar as causas do 
desemprego. E explicação estaria no mau funcionamento das instituições do 
mercado capitalista, o que justificaria a ampliação da intervenção do Estado na 
economia. 
Neste contexto, John Maynard Keynes publica sua Teoria geral do emprego, 
dos juros e da moeda em 1936, rompendo com a tradição neoclássica. Keynes 
procurou entender os problemas de instabilidade de curto prazo e determinar 
as causas das flutuações econômicas. Keynes preocupava-se também com a 
determinação dos níveis de emprego e renda das economias industriais, e 
identificou uma importante inter-relação entre a renda nacional e os níveis de 
emprego. 
 
Segundo este pensador, um dos principais fatores responsáveis pelo nível de 
emprego é explicado pelo nível de produção nacional de uma economia, o qual 
seria determinado pela demanda agregada. Keynes vai assim refutar a teoria 
de um dos pensadores clássicos consagrados, Jean Baptiste Say, que 
acreditava que a oferta cria sua própria procura, onde o aumento da produção 
se transformaria em renda de trabalhadores e empresários, a qual seria gasta 
na compra de outras mercadorias e serviços. Para Keynes, a oferta é 
determinada pela demanda e não o contrário. 
Para Keynes, os principais determinantes da renda e do emprego são os 
gastos com consumo e investimento, sendo o gasto público uma importante 
variável componente do gasto total. Para cada nível de renda, o gasto em 
consumo é uma proporção dada da renda, proporção esta que cai quando a 
renda aumenta. O nível de consumo varia então com a renda. E a renda varia 
porque o investimento ou o gasto público varia. O gasto com investimento seria 
por sua vez determinado pela taxa de juros e pela taxa de retorno esperada 
sobre o custo dos novos investimentos (a que Keynes chamava eficiência 
marginal do capital). 
Keynes acaba mostrando que não existem forças de auto-ajustamento da 
economia, sendo necessária a intervenção governamental através de uma 
política de gastos públicos para garantir melhores níveis de emprego, 
colocando em xeque o princípio do laissez-faire, consagrado pelo pensamento 
econômico clássico e neoclássico. Isto porque quando os gastos com consumo 
e investimento são insuficientes para manter o pleno emprego, o Estado deve 
estar disposto a aumentar o fluxo de renda por meio de gastos financeiros. 
 
A teoria de Keynes influenciou sobremaneira a política econômica dos países 
capitalistas no período pós-guerra e estas políticas mostraram-se eficientes a 
ponto de se considerar este período os “anos dourados” do capitalismo, que se 
encerra com a crise do sistema monetário no início da década de 1970. 
6.4. O Pensamento Econômico no período recente 
Após a publicação da Teoria Geral de Keynes, a teoria econômica apresentou 
um desenvolvimento significativo. Instituiu-se um amplo debate sobre aspectos 
do trabalho de Keynes, incorporando modelos matemáticos e estatísticos, que 
contribuíram para formalizar a ciência econômica e sistematizar ainda mais os 
seus conceitos. 
Várias correntes de pensamento surgiram então. Os monetaristas, cujo 
principal expoente é Milton Friedman, defendem uma mínima intervenção do 
Estado na economia e um amplo controle da moeda. Os fiscalistas 
recomendam o uso de políticas fiscais ativas e uma elevada intervenção do 
Estado nas atividades econômicas, e têm como principais destaques James 
Tobin e Paul Samuelson. Os pós-keynesianos fazem uma releitura da obra de 
Keynes, destacando o papel da especulação financeira no sistema capitalista, 
defendendo também uma maciça participação do Estado na condução da 
atividade econômica. Seus principais economistas são Hyman Minsky, Paul 
Davidson e Alessandro Vercelli. 
Na década de 1970 o mundo assistiu a duas graves crises no abastecimento 
de petróleo, além de uma crise no sistema financeiro internacional e da 
economia dos Estados Unidos. A teoria econômica acaba por apresentar 
algumas transformações importantes. Amplia-se a consciência das limitações e 
possibilidades de aplicação da teoria, consolidam-se as contribuições dos 
períodos anteriores e aprofundam-se as análises empíricas, o que permite uma 
aplicação prática maior. 
Módulo 7 - Demanda, Oferta e Equilíbrio de mercado 
Como vimos, a microeconomia ou teoria dos preços analisa como 
consumidores e empresas interagem no mercado, e como essa interação 
determina o preço e a quantidade de um bem específico. 
A microeconomia preocupa-se, então, com a formação dos preços de bens e 
serviços e de fatores de produção em mercados específicos, através do estudo 
do funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado – 
da interação entre consumidores e produtores obtém-se preços e quantidades 
produzidas num dado mercado. 
Para fazer a análise do comportamento da demanda e da oferta precisamos 
partir de alguns pressupostos básicos que são estabelecidos pela 
microeconomia. 
Em primeiro lugar, para analisar um mercado específico, a microeconomia 
parte da hipótese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante). Ao se 
adotar essa hipótese, pode-se estudar um mercado específico selecionando 
apenas as variáveis cuja influência sobre consumidores e produtores 
 
desejamos analisar neste mercado, independentemente da influência de outros 
fatores ou de outros mercados. Por exemplo, se queremos avaliar o efeito do 
preço sobre a demanda,

Continue navegando