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1 Minimização de Perdas de Água em Sistemas de Abastecimento Hidráulica e Saneamento Ambiental Hidrometria Profº Roberto Abranches Cleverson Travassos Cesar Ricardo S. Moralejo George H. da S. Mota Suellen Soares São Paulo, junho de 2019. 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3 2. ABASTECIMENTO DE ÁGUA ........................................................................................ 4 2.1 – MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM REDE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA .................................................................................................................................. 4 2.2 – MUNICÍPIOS QUE AINDA FORNECEM ÁGUA SEM TRATAMENTO ........ 5 2.3 - MENOS DE UM TERÇO DOS MUNICÍPIOS TÊM LEIS PARA PROTEÇÃO DE MANANCIAIS ............................................................................................................. 6 2.4 - DOMICÍLIOS ATENDIDOS POR REDE DE ÁGUA AUMENTAM 30,8% ENTRE 2000 E 2008 ........................................................................................................... 6 3. TERMINOLOGIA E BALANÇO HÍDRICO ................................................................ 6 4. INDICADORES DE DESEMPENHO – IWA ............................................................... 13 5. AÇÕES PRIORITÁRIAS ............................................................................................... 21 5.1. MACROMEDIÇÃO ................................................................................................ 21 5.2. INFRAESTRUTURA: SUBSTITUIÇÃO DE REDES E RAMAIS..................... 24 5.3. SUBSTITUIÇÃO DE REDES ................................................................................ 24 5.4. SUBSTITUIÇÃO DE RAMAIS .............................................................................. 25 5.5. PESQUISA DE VAZAMENTOS ........................................................................... 26 5.5.1. VAZAMENTOS "NÃO VISÍVEIS" .......................................................................... 27 5.5.2. VAZAMENTOS VISÍVEIS ...................................................................................... 29 5.6. AUTOMAÇÃO E MANUTENÇÃO DE VRPS ..................................................... 29 5.7. INTEGRAÇÃO DOS DADOS COM O CCO ........................................................ 30 6. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 32 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ......................................................................... 33 3 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem o objetivo de apresentar alguns parâmetros que proporcionam um melhor acompanhamento do controle e redução de perdas reais na rede de abastecimento de água. De modo geral, a incidência de perdas reais se dá principalmente nos ramais prediais e nas redes de distribuição. As principais causas são a idade da rede, a má qualidade do material utilizado e as falhas na execução dos serviços de instalação. Avaliando os materiais empregados, estes devem ter capacidade de suportar não somente as pressões internas estáticas e dinâmicas, mas também os esforços externos atuantes sobre a mesma como os ocasionados pelo peso de reaterro e a influência de transito de veículos assim sofrem deflexão, por vezes, acima da máxima permitida, com esmagamentos e rupturas. Para a qualidade da execução dos serviços pode ocorrer algumas falhas como: torque excessivo aplicado no adaptador, instalação deficiente do tubo na vala, má fixação da peça, falta de estanqueidade, dentre outros, são comumente verificadas. Outro aspecto de vulnerabilidade são as intermitências de fornecimento de água e grandes variações de pressão que tendem a aumentar os vazamentos favorecendo a ampliação das perdas no sistema de abastecimento. Em consonância com essas causas apontadas, o atual trabalho comtempla os seguintes temas: Indicadores de Desempenho; Macromedição; Infraestrutura: substituição de redes e ramais; Pesquisa de vazamentos; Automação e manutenção de VRPs; Integração dos dados com o CCO de forma que gradativamente esta gestão passe a ser automatizada e possa futuramente ser integrada com o sistema comercial. Para um acompanhamento dos serviços, devem-se implantar indicadores gerenciais que servirão de base, bem como servirão para a tomada de decisões de caráter administrativo e estratégico, podendo ser avaliados individualmente quanto aos aspectos comerciais, operacionais, administrativos e gerenciais. 4 2. Abastecimento de água De acordo com a PNSB 2008, em somente 17% dos municípios as prefeituras realizavam o abastecimento de água de forma exclusiva, ficando a prestação desse serviço, em maior medida, com outras entidades (58,2%) ou de forma combinada (24,7%). A situação se invertia quando se tratava do serviço de coleta de esgoto: em 55,6 % dos municípios, as prefeituras executavam o serviço de forma exclusiva, e 41,6% tinham a execução sob a responsabilidade de outras entidades. O manejo de águas pluviais era executado quase que exclusivamente pelas prefeituras municipais (98,6%). No manejo dos resíduos sólidos a maior parte das prefeituras se incumbia exclusivamente da prestação dos serviços (59,1%), enquanto em 31,2% delas a forma de execução compreendia outras entidades. Quanto à existência de instrumentos legais reguladores dos serviços de saneamento básico, constatou-se que o abastecimento de água era regulado em 32,5% dos municípios, o esgotamento sanitário, em 18,4%, e o manejo de águas pluviais, em 18%. 2.1 Municípios brasileiros com rede de abastecimento de água Em 2008, 5.531 (99,4%) dos 5.564 municípios brasileiros tinham abastecimento de água por rede geral, mesmo que apenas em parte do município. Entre 1989 e 2008 a cobertura desse serviço cresceu 3,5%, sendo que o maior avanço foi na região Norte (de 86,9% para 98,4% dos municípios). Desde 2000, o Sudeste é a única região com todos os municípios abastecidos por rede geral de água em pelo menos um distrito. Gráfico 1 – Domicílios abastecidos de água por rede geral segundo as grandes regiões – 2000/2008 Em 33 municípios distribuídos em nove estados não havia rede geral de abastecimento de água, afetando cerca de 320 mil pessoas. Essa situação vem diminuindo sistematicamente no país: 5 em 1989, eram 180 municípios sem rede de água, e em 2000, 116. Dos 33 municípios sem rede de água em 2008, 21 se localizavam na região Nordeste, com destaque para os estados da Paraíba (11 municípios) e Piauí (5), e 7 estavam na região Norte, com destaque para o estado de Rondônia (4 municípios). Além desses 33 municípios sem rede geral de abastecimento de água em nenhum distrito, outras 794 cidades tinham ao menos um distrito em que também não havia rede, somando 827 municípios (14,9% do total) em que a água era fornecida por formas alternativas, como carros- pipas e poços particulares. O Nordeste tinha o maior percentual de municípios com outras formas de abastecimento (30,1%), sendo que os maiores percentuais entre os estados estavam no Piauí (58,3%), Ceará (35,9%) e Maranhão (30,4%). 2.2 Municípios que ainda fornecem água sem tratamento Em 2008, a maior parte dos municípios (87,2%) distribuía a água totalmente tratada. Em 6,2% dos municípios a água distribuída era apenas parcialmente tratada e em 6,6% a água não tinha nenhum tratamento. Em 2000, os municípios onde não se realizava nenhumtipo de tratamento na água representavam 18,1% do total. A região com maior percentual de municípios distribuindo água sem nenhum tratamento em 2008 era a Norte (20,8%), onde Pará (40%) e Amazonas (38,7%) tinham os maiores percentuais. Em seguida vinha o Nordeste (7,9%), com destaque para Piauí (24,3%) e Maranhão (21,8%). Dos municípios que forneciam água sem tratamento, 99,7% tinham população de até 50 mil habitantes e densidade demográfica menor que 80 mil habitantes por quilômetro quadrado. A fluoretação da água para prevenção da cárie dental era realizada em 3.351 municípios (60,6% do total). Em 1.296 municípios (23,4%) ocorreu racionamento de água em 2008, e as regiões com maior ocorrência foram Nordeste (40,5%) e Norte (24,9%). No Nordeste chama a atenção o conjunto de municípios em Pernambuco (77,3%), Ceará (48,9%) e Rio Grande do Norte (46,7%); no Norte, os de Amazonas (43,5) e Pará (41,4%). Os motivos mais apontados pelos municípios eram seca/estiagem (50,5%), insuficiência de água no manancial (39,7%), deficiência na produção (34,5%) e deficiência na distribuição (29,2%). 6 2.3 Menos de um terço dos municípios têm leis para proteção de mananciais Em 1.749 municípios havia legislação municipal sobre proteção de mananciais (fontes de água utilizadas para abastecimento) em 2008. Dentre os 3.141 municípios (56,4% do total) que efetuam captação superficial de água, 83,2% informaram alguma proteção: isolamento com cerca (85,7%), preservação da vegetação (54,3%) e a proibição de despejos (44,6%). Menos da metade (45,1%) dos municípios brasileiros tinham legislação que exigia aprovação e implantação de sistema de abastecimento de água para loteamentos novos. 2.4 Domicílios atendidos por rede de água aumentam 30,8% entre 2000 e 2008 O número de domicílios abastecidos por rede geral de água cresceu 30,8%, de 34,6 milhões, em 2000, para 45,3 milhões, em 2008, segundo a PNSB. O maior crescimento foi no Nordeste (39,2%) e no Centro-Oeste (39,1%), e o menor no Norte (23,1%). Os 5.531 municípios do país com abastecimento de água por rede geral tinham mais de 40 milhões de ligações das quais 84,2% contavam com medidores. Nos últimos oito anos, cresceu 30,8% no país o uso de hidrômetros, com destaque para o Norte (54,2%) e Centro-Oeste (53,1%). Os menores crescimentos foram no Sudeste (28,9%) e Nordeste (38,8%). No Sudeste, o baixo crescimento deveu-se aos avanços já obtidos: a região tem 92,5% das ligações de água com medidores. Em 2008, em 94% dos municípios beneficiados por rede geral de distribuição, havia cobrança pelo serviço de abastecimento de água. A região Sul apresentava o menor percentual de municípios que não faziam cobrança (0,7%) e a Norte, o maior (13,6%). 3. TERMINOLOGIA E BALANÇO HÍDRICO A seguir são apresentados os principais conceitos a serem considerados para o cálculo de um balanço hídrico conforme padrões IWA (International Water Association). O cálculo do balanço hídrico requer estimativas dos volumes de água em cada ponto de controle de vazão. Sempre que possível deve recorrer-se a medidores calibrados. Na sua ausência, será necessário utilizar estimativas baseada em outros dados disponíveis ou aplicar outras de técnicas de engenharia. Normalmente o balanço hídrico é calculado para um período de 12 meses, pelo que representa a média anual de todos os componentes. 7 Devido à grande variedade de interpretações do termo “água não contabilizada” em todo o mundo, os grupos de trabalho sobre “Perdas de água” e sobre “Indicadores de desempenho” não recomendam a sua utilização. Se este termo for, no entanto, utilizado, deve ser definido e calculado como a água não faturada. Água captada: volume de água obtida a partir de captações de água bruta para entrada em estações de tratamento de água (ou diretamente em sistemas de adução e de distribuição), durante o período de referência. Água fornecida ao tratamento: volume de água bruta que aflui às instalações de tratamento, durante o período de referência. Água produzida: volume de água tratada que é fornecida à adução ou diretamente ao sistema de distribuição, durante o período de referência. (O volume de água sem tratamento prévio que é distribuído aos consumidores também deve ser contabilizado como água produzida.) Água tratada, importada ou exportada: volume de água tratada transferido de e para o sistema (as transferências podem ocorrer em qualquer ponto a jusante do tratamento), durante o período de referência. Caso exista, o volume de água sem tratamento prévio que é captado e distribuído aos consumidores também deve ser contabilizado como “ÁGUA TRATADA” no contexto do balanço hídrico. Água fornecida à adução: volume de água tratada que aflui ao sistema de adução, durante o período de referência. Água fornecida para distribuição: volume de água tratada que aflui ao sistema de distribuição, durante o período de referência. Água fornecida para distribuição direta: diferença entre a água fornecida para distribuição e a água tratada exportada (sempre que não seja possível separar a adução da distribuição, a água fornecida para distribuição direta corresponde à diferença entre a água fornecida à adução e a água tratada exportada). Água entrada no sistema: volume introduzido na parte do sistema de abastecimento de água, durante o período de referência. (Se o balanço hídrico se referir a uma parte do sistema global, a água entrada no sistema deve corresponder a essa parte do sistema.) Consumo autorizado: volume de água, medido ou não medido, fornecido a consumidores registados, à própria entidade gestora e a outros que estejam implícitas 8 ou explicitamente autorizados a fazê-lo para usos domésticos, comerciais e industriais, durante o período de referência. Inclui a água exportada. O consumo autorizado pode incluir combate a incêndios, lavagem de coletores de esgoto, lavagem de ruas, irrigação de espaços verdes municipais, alimentação de fontes, proteção contra congelação, fornecimento de água para obras, etc. Este consumo pode ser faturado ou não faturado, medido ou não medido, de acordo com a prática local. Consumo autorizado inclui as fugas de água e o desperdício, por parte de clientes registados, que não são medidos. Perdas de água: diferença entre a água entrada no sistema e o consumo autorizado. As perdas de água podem ser consideradas para todo o sistema, ou calculadas em relação a subsistemas como sejam a rede de água não tratada, o sistema de adução ou o de distribuição. Em cada caso as componentes do cálculo são consideradas em conformidade com a situação. As perdas de água dividem-se em perdas reais e perdas aparentes. Perdas reais: perdas físicas de água do sistema em pressão, até ao contador do cliente, durante o período de referência. O volume de perdas através de todos os tipos de fissuras, rupturas e extravasamentos depende da frequência, da vazão e da duração média de cada fuga. Apesar das perdas físicas localizadas a jusante do contador do cliente se encontrarem excluídas do cálculo das PERDAS REAIS, são muitas vezes significativas em particular quando não há contagens) e merecedoras de atenção no contexto dos objetivos da gestão dos consumos. Perdas aparentes: contabiliza todos os tipos de imprecisões associadas às medições da água produzida e da água consumida, e ainda o consumo não-autorizado (por furto ou uso ilícito). Os registos por defeito dos medidores de água produzida, bem como registos por excesso em contadores de clientes, levam a uma subavaliação das perdas reais. Os registos por excesso dos medidores de água produzida, bem como registos por defeito em contadoresde clientes levam a uma sobre avaliação das perdas reais. Água não faturada: diferença entre a água entrada no sistema e o consumo autorizado faturado. A água não faturada inclui não só as perdas reais e aparentes, mas também o consumo autorizado não faturado. 9 Na figura 2 apresenta-se os tópicos que compõem o balanço hídrico conforme padrões IWA (International Water Association). Nele são considerados os conceitos técnicos indicados a seguir: A3 – Água entrada no sistema (m³) Volume introduzido no sistema de abastecimento de água durante o período de referência. O volume de água entrada no sistema deve incluir a água captada e toda a água importada, bruta e tratada. A4 – Máximo diário de água tratada (m³/dia) Volume diário máximo de água tratada durante o período de referência nas estações de tratamento. Esta variável corresponde ao máximo da soma dos valores diários tratados no sistema e não à soma dos valores máximos individuais de cada estação de tratamento, por forma a ter em conta a não simultaneidade de ocorrência dos volumes máximos nas diferentes estações de tratamento. A5 – Água bruta exportada (m³) Volume total de água bruta transferida para outra entidade gestora ou para outro sistema da mesma área de abastecimento, durante o período de referência. A6 – Água produzida (m³) Volume total de água tratada para entrar nas condutas de adução de água ou diretamente no sistema de distribuição durante o período de referência. 10 A B C D E Á gu a en tr ad a no s is te m a A3 Consumo autorizado A14 = A10+A13 Consumo autorizado faturado A10 = A8+A9 Consumo faturado medido A8 Água faturada A20 = A8+A9 Consumo faturado não Medido A9 Consumo autorizado não faturado A13 = A11+A12 Consumo não faturado medido A11 Água não faturada (perdas comerciais) A21 = A3-A20 Consumo não faturado não medido A12 Perdas de água A15 = A3- A14 Perdas aparentes A18 = A16+A17 Consumo não autorizado A16 Perdas de água por erros de medição A17 Perdas reais A19 = A15-A18 Fugas nos tubos de adução e/ou distribuição Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou distribuição Fugas nos ramais (a montante do ponto de medição) Figura 1 – Balanço Hídrico Fonte: Indicadores de Desempenho para Serviços de Abastecimento de Água da IWA (International Water Association). A8 – Consumo faturado medido (m³) Consumo total autorizado que é medido e faturado (incluindo a água exportada) durante o período de referência. Este dado de entrada é a resulta da soma das leituras dos contadores dos clientes. Como, em geral, as datas das leituras não coincidem com o período exato da avaliação, serão necessárias interpolações para obter a melhor estimativa possível do valor verdadeiro. 11 A9 – Consumo faturado não medido (m³) Consumo total autorizado que não é medido e que é faturado (incluindo a água exportada) durante o período de referência. Este dado de entrada é a melhor estimativa disponível, baseada em inquéritos ou em quaisquer outras formas de avaliação a que a entidade gestora possa recorrer. A10 – Consumo autorizado faturado (m³) Consumo total autorizado que foi faturado durante o período de referência. Note-se que o consumo autorizado faturado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de bombeiros, lavagem de condutas e de coletores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de fontanários públicos, proteção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc., caso sejam faturados. A11 – Consumo não faturado medido (m³) Consumo total autorizado que foi medido, mas não faturado (incluindo a água exportada) durante o período de referência. Note-se que o consumo autorizado não faturado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de bombeiros, lavagem de condutas e de coletores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de fontanários públicos, proteção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc.... Estes consumos podem ser medidos ou não medidos, de acordo com a prática local. A12 – Consumo não faturado não medido (m³) Consumo total autorizado não medido e não faturado (incluindo a água exportada) durante o período de referência. Este dado de entrada é a melhor estimativa disponível, baseada em inquéritos ou em quaisquer outras formas de avaliação a que a entidade gestora possa recorrer. Note-se que o consumo autorizado não faturado não medido pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de bombeiros, lavagem de condutas e de coletores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de 12 fontanários públicos, proteção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc., caso não sejam faturados nem medidos. A13 – Consumo autorizado não faturado (m³) Consumo total autorizado e não faturado durante o período de referência. Note-se que o consumo autorizado não faturado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de bombeiros, lavagem de condutas e de coletores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de fontanários públicos, proteção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc., caso não sejam faturados. Estes consumos podem ser medidos ou não medidos, de acordo com a prática local. A14 – Consumo autorizado (m³) Consumo total autorizado durante o período de referência, medido e/ou não medido, de clientes registados, da própria entidade gestora e de outros que estejam implícitas ou explicitamente autorizados a fazê-lo pelo fornecedor de água, para usos domésticos, comerciais, industriais ou públicos. Inclui a água exportada. Note-se que o consumo autorizado pode incluir consumos para combate a incêndios e formação de bombeiros, lavagem de condutas e de coletores, lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de fontanários públicos, proteção contra baixas temperaturas, obras de construção civil, etc. Estes consumos podem ser faturados ou não faturados, medidos ou não medidos, de acordo com a prática local. A15 – Perdas de água (m³) Diferença entre água entrada no sistema e consumo autorizado. As perdas de água podem ser consideradas como um volume total para todo o sistema, ou por subsistemas tais como os sistemas de adução e de distribuição. Em cada caso os componentes do cálculo devem ser considerados em conformidade com a situação. As perdas de água consistem em perdas reais e perdas aparentes. A16 – Consumo não autorizado (m³) Consumo total não autorizado durante o período de referência, incluindo furto. 13 Este dado de entrada é a melhor estimativa disponível, baseada em inquéritos ou em quaisquer outras formas de avaliação a que a entidade gestora possa recorrer. A17 – Perdas de água por erros de medição (m³) Consumo total de água não contabilizada durante o período de referência devido a erros de medição. Este dado de entrada é a melhor estimativa possível, baseada principalmente em dados resultantes da calibração dos contadores existentes e/ou de inspeções realizadas para esse objetivo. A18 – Perdasaparentes (m³) Consumo total de água não contabilizada durante o período de referência devido ao consumo não autorizado e a erros de medição. A19 – Perdas reais (m³) Volume total de perdas físicas de água do sistema em pressão, até ao contador do cliente, durante o período de referência. O volume de perdas durante o período de referência através de todos os tipos de fugas de água, roturas e extravasamentos depende das frequências, dos caudais e da duração média das fugas. A20 – Água faturada (m³) Consumo total autorizado faturado (incluindo a água exportada) durante o período de referência. A21 – Água não faturada (m³) Diferença entre os volumes de água entrada no sistema e do consumo autorizado faturado (incluindo a água exportada) durante o período em análise. A água não faturada inclui não só as perdas reais e aparentes, mas também o consumo autorizado não faturado. 4. INDICADORES DE DESEMPENHO – IWA Os indicadores normalmente recomendados em toda a abrangência de uma concessionária pública de água e esgoto abrangem aspectos operacionais, comerciais, administrativos e 14 gerenciais. Por um lado, podem abranger aqueles previstos pelo SNIS – Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico, que também seguem os preceitos daqueles recomendados pela IWA – International Water Assotiation. A própria IWA recomenda que os indicadores não sejam utilizados para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Preferencialmente, devem ser analisados valores anuais em conjuntos de vários anos. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. Para atingir os seus objetivos de gestão, as entidades gestoras devem procurar elevados padrões de eficiência e de eficácia. A eficiência mede até que ponto os recursos disponíveis são utilizados de modo optimizado para a produção do serviço. A eficácia mede até que ponto os objetivos de gestão, definidos específica e realisticamente, foram cumpridos. Um indicador de desempenho é uma medida quantitativa de um aspecto particular do desempenho da entidade gestora ou do seu nível de serviço. É um instrumento de apoio à monitorização da eficiência e da eficácia da entidade gestora, simplificando uma avaliação que de outro modo seria mais complexa e subjetiva. O benefício para as entidades gestoras são: Facilita uma melhor e mais oportuna resposta por parte dos gestores; Permite uma melhor monitorização dos efeitos das decisões de gestão; Fornece a informação-chave de suporte a uma atitude proativa da gestão, em alternativa a uma atitude reativa, baseada nas disfunções aparentes dos sistemas; Permite destacar os pontos fortes e fracos dos diversos sectores das entidades gestoras, e assim apoiar a adopção de medidas corretivas para melhoria da produtividade, dos procedimentos e das rotinas de trabalho; Facilita a implementação de um sistema de Gestão pela Qualidade Total, constituindo um meio de valorização da qualidade global e da eficiência no seio da organização; Facilita a implementação de rotinas de “benchmarking”, quer internamente à entidade gestora (comparando o desempenho obtido em unidades operacionais ou em subsistemas diferentes), quer externamente (comparando o seu desempenho com o de outras entidades gestoras semelhantes), promovendo melhorias de desempenho; 15 Proporciona uma base técnica de suporte a processos de auditoria da atividade da entidade gestora e de previsão dos efeitos de recomendações resultantes dessas auditorias. Para Gestão das Perdas Físicas (Reais) são recomendados, inicialmente, os seguintes indicadores referenciados ao Guia Indicadores de Desempenho para Serviços de Abastecimento de Água da IWA (International Water Association): OP18 - SUBSTITUIÇÃO DE REDES (%/ANO) QS25 - EFICIÊNCIA NA REPARAÇÃO DE LIGAÇÕES (DIAS) OP27 - PERDAS REAIS POR RAMAL (L/RAMAL/DIA COM SISTEMA EM PRESSÃO) OP29 - ÍNDICE INFRAESTRUTURA DE FUGAS/ PERDAS OP31 - AVARIAS EM REDES (N.º/100 KM/ANO) OP32 - AVARIAS EM RAMAIS (N.º/1000 RAMAIS/ANO) WR1- INEFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS (%) 16 OP18 - SUBSTITUIÇÃO DE REDES (%/ANO) SIGLA OP18 NOME Substituição de Rede (%/ano) TIPO Operacional ENTIDADE (IWA) FÓRMULAS OP18 = (D22 x 365 / H1) / C8 x 100 VARIÁVEIS C8 - Comprimento de rede (km) D22 - Substituição de redes (Km) H1 - Duração do período de referência (dia) Recomenda-se que este indicador não seja utilizado para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Preferencialmente, devem ser analisados valores anuais em conjuntos de vários anos. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. D22 – Substituição de tubulações (km): Comprimento de redes substituídas durante o período de referência. H1 – Duração do período de referência (dia): Duração do período adoptado como referência para o cálculo dos indicadores e das variáveis. QS25 - EFICIÊNCIA NA REPARAÇÃO DE LIGAÇÕES (DIAS) SIGLA QS25 NOME Eficiência na reparação de ligações (dias) TIPO Qualidade do Serviço ENTIDADE (IWA) FÓRMULAS QS25 = F13 / F14 VARIÁVEIS F13 - Tempo de reparação dos ramais (dia) F14 - Ramais reparados (n°) Recomenda-se que este indicador não seja calculado para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. 17 F13 - Tempo de reparação de ramais (dia): Soma, para todos os ramais reparados durante o período de referência, do tempo total despendido desde as notificações de avaria até ao restabelecimento do serviço. F14 – Ramais reparados (nº): Número total de ligações reparadas durante o período de referência. OP27 - PERDAS REAIS POR RAMAL (L/RAMAL/DIA COM SISTEMA EM PRESSÃO) SIGLA OP27 NOME Perdas reais por ramal (l/ramal/dia com sistema em pressão) TIPO Operacional ENTIDADE (IWA) FÓRMULAS OP27 = A19 x 1000 / (C24 x H2 / 24) VARIÁVEIS A19 - Perdas reais (m³) C24 - Número de ramais (n.º) H2 - Tempo de pressurização do sistema (horas) Deve ser utilizado apenas o indicador OP27 ou o OP28, em alternativa. O OP28 aplica-se se a densidade de ramais < 20/km de rede (por exemplo, no caso de sistemas de produção e adução). O OP27 aplica-se em todas as restantes situações. Recomenda-se que este indicador não seja calculado para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. A19 – Perdas reais (m³): Volume total de perdas físicas de água do sistema em pressão, até ao contador do cliente, durante o período de referência. C24 – Número de ramais (nº) Número total de ramais, na data de referência. 18 OP29 - ÍNDICE INFRAESTRUTURA DE FUGAS/ PERDAS SIGLA OP29 NOME Índice de vazamento da infraestrutura (-) TIPO Operacional ENTIDADE (IWA) FÓRMULAS OP29 = OP27 / (18 x C8 / C24 + 0,7 + 0,025 x C25) / (D34/10) VARIÁVEIS C8 - Comprimento de rede (km) C24 - Número de ramais (n.º) C25 - Comprimento médiodos ramais (m) D34 - pressão média de operação (kPa) Recomenda-se que este indicador não seja calculado para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. As perdas reais mínimas, entendidas como o valor mínimo tecnicamente atingível, correspondem à melhor estimativa das chamadas Perdas Reais Inevitáveis Média. Estas podem ser calculadas através da equação determinada pelo Grupo de Trabalho da IWA sobre Perdas de Água (artigo da revista AQUA de dezembro de 1999 e brochura da série “Blue Pages” sobre “Losses from water supply systems”): PRIM (litros/ramal/dia) = (18 x Lm/Nc + 0,7 + 0,025 x Lp) x (P/10) Esta equação, baseada em resultados de observações em casos de estudo internacionais, entra em conta com a influência das seguintes variáveis nas perdas reais de: Comprimento da rede, Lm, em km (C8); Número de ramais, Nc (C24); Comprimento médio dos ramais, Lp, em m (C25); Pressão média de operação, P, em kPa (D34). Em geral, sistemas com boa manutenção tendem a apresentar valores deste índice próximos de 1,0, enquanto sistemas com deficiente manutenção apresentarão valores mais elevados. 19 OP31 - AVARIAS EM REDES (N.º/100 KM/ANO) SIGLA OP31 NOME Avarias em rede (n°/100 Km/ano) TIPO Operacional ENTIDADE (IWA) FÓRMULAS OP31 = (D28 x 365 / H1) / C8 x 100 VARIÁVEIS C8 - Comprimento de rede (km) D28 - Avarias em rede (n°) H1 - Duração do período de referência (dia) Recomenda-se que este indicador não seja calculado para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. Se forem utilizadas as estatísticas de avarias de redes para fins de regulação, é aconselhável o uso de um indicador complementar, semelhante a OP31, mas que exclua avarias provocadas por terceiros, uma vez que não são da responsabilidade direta da entidade gestora. Esse número deve excluir as reparações devidas ao controle ativo de vazamentos. OP32 - AVARIAS EM RAMAIS (N.º/1000 RAMAIS/ANO) SIGLA OP32 NOME Avarias em ramais (n°/1000 ramais/ano) TIPO Operacional ENTIDADE (IWA) FÓRMULAS OP32 = D29 x 365 / H1) / C24 x 1000 VARIÁVEIS C24 - Número de ramais (n°) D29 - Avarias em ramais (n°) H1 - Duração do período de referência (dia) Recomenda-se que este indicador não seja calculado para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. Se forem utilizadas falhas tipo avaria de ramal para fins de regulação, é aconselhável o uso de um indicador complementar, semelhante ao OP32, mas que exclua avarias provocadas por 20 terceiros, uma vez que não são da responsabilidade direta da entidade gestora. Esse número deve excluir as reparações devidas ao controle ativo de vazamentos. WR1- INEFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS (%) SIGLA WR1 NOME Ineficiência na utilização dos recursos hídricos TIPO Recursos Hídricos ENTIDADE (IWA) FÓRMULAS WR1 = A19 / A3 x 100 VARIÁVEIS A3 - Água entrada no sistema (m³) A19 - perdas reais (m³) Recomenda-se que este indicador não seja calculado para períodos inferiores a um ano porque os valores obtidos podem induzir em erros de interpretação. Se por algum motivo o período de referência utilizado for inferior ao ano, as comparações internas devem ser feitas com prudência e devem ser evitadas comparações externas. A19 - PERDAS REAIS (M3) SIGLA A19/TPF NOME Perdas Reais (%) TIPO Variável componente do Balanço Hídrico/intermediário ENTIDADE (IWA) /PMSS FÓRMULAS A19 = (A3 - A8 –A9 -A11 - A12 - A16 - A17) / A3 x 100 VARIÁVEIS A3 - Água entrada no sistema (m³) A8 - Consumo faturado medido (m³) A9 - Consumo faturado não medido (m³) A11 - Consumo não faturado medido (m³) A12 - Consumo não faturado não medido (m³) A16 - Consumo não autorizado (m³) A17 - Perdas de água por erro de medição (m³) O volume de perdas durante o período de referência através de todos os tipos de fugas de água, rupturas e extravasamentos depende das frequências, das vazões e da duração média das fugas. 21 5. AÇÕES PRIORITÁRIAS De acordo com publicações recentes da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) em 2013 e 2015, no tocante às perdas reais, dentre as ações estruturais e estruturantes, devem ser estudadas: Macromedição; Infraestrutura: substituição de redes e ramais; Pesquisa de vazamentos; Automação e manutenção de VRPs; Integração dos dados com o CCO. Tais iniciativas atendem as necessidades de diagnóstico operacional e gradual melhoria das informações técnicas do sistema. 5.1. MACROMEDIÇÃO A proposição de implantar e avaliar os sistemas de macromedição objetivam a determinação dos volumes e vazões de água, em vários pontos do sistema e análise desses valores tomando em conta comportamentos esperados. Define-se a macromedição como o conjunto de medições de vazão realizadas de maneira permanente ao longo do sistema de abastecimento de água incluindo as vazões captadas nos mananciais e outras fontes, as tratadas e distribuídas no sistema de abastecimento. É um procedimento fundamental para o controle de perdas reais e aparentes, para o controle operacional e para avaliação das demandas e desempenho de setores de abastecimento. No sistema de distribuição, seguindo os preceitos da setorização, é importante que a macromedição englobe todo o sistema para permitir o controle das perdas em regiões individualizadas, como é o caso das zonas de medição e controle. Destaca-se que os macromedidores devem estar sempre bem aferidos e instalados e em perfeito funcionamento, em seus limites de precisão. De forma a organizar as informações destes dispositivos, ampliar e assegurar a confiabilidade dos dados de vazão observados são indicadas as seguintes ações: Planejar a implantação do sistema de macromedição, seguindo um critério de prioridades baseado na macromedição; 22 Atualizar o inventário cadastral dos macromedidores existentes, incluindo localização e caracterização física e operacional, com atualização no SIG; Verificar a adequabilidade do dispositivo instalado e das condições de instalação dos macromedidores; Seguir plano de aferição e verificação da calibração dos macromedidores. A macromedição é um instrumento imprescindível para orientar a operação do sistema de abastecimento de água e obter as estatísticas de produção e distribuição, tais como: Evolução permanente das condições reais hidráulicas de funcionamento do sistema de abastecimento se água; Determinação dos volumes e vazões de água em vários pontos do sistema e análise desses valores levando em conta comportamentos esperados; Monitoramento dos reflexos no sistema de abastecimento, produzidos por alterações de variáveis de uma válvula de controle; Determinação da pressão nas tubulações e análise dos níveis de água em reservatórios e poços, para orientar a operação de rotina do sistema; Analisar a evolução do tempo de saturação dos sistemas em função da evolução demográfica, socioeconômica e culturaldas comunidades; Determinação periódica das perdas em um sistema de distribuição, através da diferença de volumes de água transferidos ao sistema de distribuição e os volumes de água medidos por um sistema de micromedição mais os faturados e estimados; Determinação periódica dos componentes de perdas, tais como erros de macromedição, erros de micromedição, perda de água por vazamentos, conexões clandestinas, consumos especiais e consumos operacionais; Determinação de componentes de consumo tais como consumo per capita, coeficientes relativos a hora e dia de maior consumo, consumo por extensão da rede, consumo por conexão domiciliar, consumo mínimo noturno; Determinação do volume de água potável produzido e fornecido ao sistema de distribuição; 23 Determinação dos volumes de água utilizados no processo de tratamento de água; Determinação dos volumes de água perdidos em uma estação de tratamento; Evolução dos sistemas de micromedição existentes, incluindo grau de adequação dos medidores domiciliares ao regime de demanda dos domicílios, grau de precisão e sensibilidade dos medidores e equipamentos, eficiência de manutenção, planificação de substituição de medidores e grau de eficiência de leitura e processamento de dados; Planejamento da implantação de sistema de micromedição seguindo um critério de prioridades baseado na macromedição. Para o planejamento operacional e otimização das práticas de operação, para permitir o acesso operativo de uma unidade para manutenção com menor prejuízo possível para o sistema de abastecimento de água, sugere-se as seguintes atividades: Elaborar uma escala de prioridade para a implantação de sistemas de macromedição (vazão, pressão, e nível de água) em vários sistemas de água; Fazer um reconhecimento minucioso de todos os macromedidores existentes no sistema, condições de instalação e funcionamento; Definição do nível de tratamento das variáveis obtidas em cada ponto de medição, tais como indicação, integração, registro, forma de transmissão e recepção de dados; Seleção dos tipos de medidores indicados para cada sistema de abastecimento de água; Desenho em detalhe de cada ponto de medição; Definição de mecanismos para a recepção, processamento, análises e divulgação dos dados; Seleção e especificação dos macromedidores a comprar, tendo em vista o aproveitamento dos equipamentos existentes; Elaboração do manual de operação e manutenção dos medidores; Treinamento do pessoal; Elaboração do cronograma da programação. 24 Atenção especial deve ser data aos aglomerados urbanos irregulares, como as favelas e seus núcleos habitacionais localizadas geralmente em encostas e fundos de vale ou próximos às principais vias públicas, ocupadas indevidamente por pessoas de baixa renda. O sistema de macromedição deve ser capaz de avaliar este grande volume de água consumido nessas habitações e não medida nem faturada, representando dessa forma elevada participação no índice de perdas aparentes. 5.2. INFRAESTRUTURA: SUBSTITUIÇÃO DE REDES E RAMAIS No que tange a infraestrutura existente, gerenciá-la compreende planejar e viabilizar melhorias às suas condições operacionais, otimizando resultados e reduzindo perdas. Pode-se destacar como as principais ações para a infraestrutura: Reabilitação e substituição de redes; Substituição de ramais – corretiva e preventiva; Controle de qualidade dos serviços. A eficiência no gerenciamento depende fundamentalmente dos recursos humanos envolvidos na sua gestão e execução. Assim, a melhoria da qualidade da mão de obra empregada na execução dos serviços de manutenção, operação e obras, é essencial para o controle de perdas. Deve-se, portanto, revisitar os procedimentos que orientem estas atividades visando incorporar as melhores práticas na execução de serviços. É muito importante a qualificação dos profissionais em todos os níveis do programa de controle de perdas. Toda a gestão se inicia com o conhecimento das condições do sistema, tais como: idade, materiais, histórico das manutenções, condições das instalações e dos equipamentos, dentre outras. 5.3. SUBSTITUIÇÃO DE REDES Para o plano de substituição de redes, busca-se a identificação das áreas com redes com baixo desempenho, assim entendidas as redes com alto índice de vazamento ou com idade de operação acima de 40 anos. 25 Outros trechos também necessitam de remanejamento das ligações domiciliares, pelo motivo de profundidade inadequada, que causam constantes vazamentos. Por ser um programa de longo prazo, apresentamos os serviços, etapas de execução, e custos dentro de diferentes períodos de execução do Programa. a) Etapa 1 - Recuperação nos trechos mais problemáticos Indicação de vazamentos constantes, ou com grande acúmulo de sedimentos em suas paredes internas, que causam rupturas ou a diminuição da vazão necessária; b) Etapa 2 – Substituição de redes mais antigas Identificação de redes mais antigas, com alta probabilidade de ruptura e idade de operação superior a 40 anos. Uma rede de distribuição mal dimensionada provoca muitos vazamentos, rompimentos e desperdícios, aumentando ainda mais os problemas no abastecimento e o fluxo de serviços das equipes que efetuam os reparos. A recuperação completa das redes é conveniente que seja efetuada após a elaboração/complementação do cadastro digitalizado, geofonamento e da setorização, quando se poderão aferir quais trechos que hoje apresentam problemas, poderão ser reaproveitados. As redes que apresentam vazamentos constantes devem ser trocadas imediatamente, sem a necessidade de estudos mais específicos sobre seu comportamento dentro do sistema. 5.4. SUBSTITUIÇÃO DE RAMAIS De modo similar ao plano de substituição de redes, o plano de ramais, também será com a identificação das regiões com alta incidência de vazamentos em ramal. Estas análises serão baseadas no histórico de vazamentos do local. Um procedimento de reparo de ramais seguida por sua substituição o qual foi baseado nas melhores práticas do setor e com sugestão de materiais a serem aplicados, procedimento esse a ser adotado como rotina padrão da empresa nas suas atividades cotidianas. Serviço de ligação de água avulsa ou substituição de ramal de ligação de água em tubo, compreende aos serviços de: Mobilização e deslocamento de equipe e equipamentos (inclusive para visitas improdutivas), pesquisa de interferências, locação da rede, sinalização local 26 conforme norma vigente, passadiço para travessia de pedestres e/ou veículos, escavação de vala em solo de qualquer natureza, exceto rocha, disposição ao lado da vala sobre encerado, escoramento para profundidade superior a 1,25 m, assentamento de tubo com envoltório de areia, instalação/troca da tomada de água, eliminação da corrida (em casos de substituição de ligação), conexão à rede e ao cavalete ou unidade de medição, cadastro, eventual troca de solo, reaterro compactado com controle, carga, transporte a qualquer distância, pagamento de taxa de aterro e descarga de material excedente em bota-fora, e limpeza do local. Devem ser registradas imagens fotográficas, conforme especificação técnica. Estão inclusos no preço todos os custos diretos e indiretos, bem como encargos sociais e B.D.I. (Benefícios e Despesas Indiretas). 5.5. PESQUISA DE VAZAMENTOS Neste tema, busca-se reduzir ao mínimo o tempo que transcorre entre o surgimento de um vazamento e sua eliminação através da revisão e ajuste de procedimentos e metodologia de manutenção. Através de ações gerenciais eficazes se deve buscar a redução do volume de água perdido emcada vazamento por meio da redução a um mínimo factível, desde o ponto de vista técnico econômica – de seu tempo de existência. Para tal, deverá ser implantado um serviço de identificação, informação, reparação e contabilização de vazamentos visíveis em que haja participação ativa e consciente da população e dos funcionários. Intensificar o controle ativo de vazamentos é agir diretamente no principal fator de perdas reais e a demora na detecção do vazamento ocasiona aumento do volume perdido nos vazamentos ao longo do tempo e aumento significativo das perdas. Na sequência são indicadas ações recomendadas para controle ativo de vazamentos: Procedimentos para comunicação de vazamentos visíveis para a população; Estabelecimento de procedimentos para um correto e eficiente atendimento ao público; Procedimento para eliminação rápida de vazamentos; 27 Participação dos funcionários no esforço de comunicar vazamentos visíveis encontrados enquanto se realizam trabalhos externos; Identificação de áreas críticas onde há maior incidência de vazamentos e adoção de medidas corretivas; Instrumentação de um serviço de detecção e localização de vazamentos não visíveis através de processos compatíveis com as condições tecnológicas, operacionais, econômica e financeira. A determinação do processo mais adequado de detecção e localização de vazamentos, para cada sistema de distribuição, deverá ser fundamentada em análises de custo e benefício; Aquisição de equipamentos; Capacitação pessoal; Modelo para caracterização de vazamentos encontrados; Tratamento estatístico dos dados correspondentes dos vazamentos para efeito de evolução dos trabalhos de detecção e localização e para que sirva como base para decisões gerenciais com respeito a problemática global de perdas; Ações para redução de vazamentos que ocorrem nas instalações prediais mediante a instalação de medidores e campanhas de conscientização dos usuários para melhorar a manutenção de suas instalações hidráulicas; Redução das perdas de água por vazamentos mediante a redução de pressão na rede de distribuição. 5.5.1. VAZAMENTOS "NÃO VISÍVEIS" Denominados como vazamentos "não visíveis", estes são os mais críticos pois são mais dificilmente identificados e podem demorar a serem reparados proporcionando grandes volumes de perdas d’água. Como não afloram à superfície, são descobertos e identificados somente por meio do emprego de técnicas de pesquisa e detecção acústica, com maior tempo de localização e reparo e ficam condicionados às pesquisas rotineiras para detecção de vazamentos. 28 Deve-se, portanto, programar pesquisa e detecção de vazamentos "não visíveis" e monitorar o serviço de detecção controlando a incidência de acertos na detecção de vazamentos, a carteira de vazamentos "não visíveis", o tempo médio de reparo de vazamentos; e o índice de reincidência. Detecção de Vazamentos Com pessoal treinado, qualificado e certificado, do uso de equipamentos calibrados e de procedimentos de execução adequado, deve-se priorizar as áreas críticas onde há maiores incidências de vazamentos. Monitorar o Serviço de Detecção A execução dos serviços de pesquisa e detecção de vazamentos devem ser sempre monitorados pois é muito factível a incidência de erros. Com a utilização de equipamentos sensíveis à interferência de ruídos, é comum a ocorrência de erros do operador pois o ruído de um vazamento pode ser confundido com qualquer outro barulho. Incidência de Acertos na Detecção de Vazamentos (confirmação) Para acompanhar a eficiência dos serviços de detecção, deve-se avaliar o índice de acertos. Este número é a relação entre o número de vazamentos efetivos confirmados pela sondagem (escavação local) e o número de vazamentos apontados na pesquisa em percentual. Carteira de Vazamentos e Tempo médio de reparo O acompanhamento das quantidades de vazamentos detectados e seus registros, quando não são executados prontamente geram acúmulo de vazamentos pendentes. A carteira de vazamentos se dá com o acúmulo e concentração de outros serviços operacionais, ou em função de alguma dificuldade técnica ou devido a urgências e emergências operacionais que se sobrepõem e impedem a imediata realização dos serviços. A meta a ser alcançada é de que os vazamentos confirmados sejam imediatamente reparados e quanto menor o tempo de ocorrência do reparo, menor o volume perdido. Índice de Reincidência de Vazamentos. A reincidência de vazamentos encontrados e que voltam a vazar novamente ocorre principalmente em outro agravante é quando existem redes de cimento amianto e redes muito 29 antigas. Normalmente quando há consertos nessas redes ocorrem movimentações que resultam em novos vazamentos. 5.5.2. VAZAMENTOS VISÍVEIS Nesta situação, os vazamentos afloram à superfície e são rapidamente identificados, ou por equipes próprias ou até pela própria população, contribuindo reportando as ocorrências às centrais de atendimento das concessionárias. Sempre, o tempo de reparo deve ser minimizado e é dependente basicamente da eficiência da empresa, que deve planejar: Equipes e campanhas de caça-vazamentos; Minimizar a carteira de vazamentos reclamados aumentando a eficiência de reparos; Trabalhar para reduzir o tempo médio de reparo de vazamentos; Atender um índice satisfatório atendimento de reparos. Os vazamentos visíveis ocorrem com maior frequente em áreas sujeitas a rodízio e intermitência de abastecimento. A equipe de caça-vazamentos tem o objetivo específico de procurar vazamentos visíveis através de inspeção visual nas ruas da cidade, por varredura (rua por rua), periodicamente. Essa ação resulta em aumento no número de registro de vazamentos, fato que pode gerar represamento de serviços, pendências operacionais. Para suportar essa ação deve haver um planejamento prévio de equipes visando atender a demanda e impedir o acúmulo. Além disso é muito importante realizar o controle e acompanhamento diário dos serviços de manutenção do sistema de abastecimento de água, os quais são indispensáveis para a realização do plano de ação de redução de perdas e para o cumprimento de metas. 5.6. AUTOMAÇÃO E MANUTENÇÃO DE VRPS A automação das principais unidades do sistema de abastecimento permitirá um melhor funcionamento de todo o sistema, evitando a perda de água por extravazão e economizando energia elétrica. 30 Deve-se avaliar, projetar e instalar um sistema de automatização do sistema de abastecimento, com interligação com central de operação. A integração dos dados com o CCO de forma que gradativamente esta gestão passe a ser automatizada e possa futuramente ser integrada com o sistema comercial. Especificamente com as VRPs, o objetivo do controle de pressões é ajustar as pressões do sistema de abastecimento para os valores operacionais mais adequados, conforme as definições da concessionária. Recomendam-se as pressões operacionais variando entre a máxima de 40 mca e a mínima de 10 mca. Deve-se destacar que o controle das pressões operacionais é altamente eficiente proporcionando uma diminuição significativa nos índices de perdas reais. Outro aspecto é a diminuição das ocorrências de ruptura nas instalações, quando o sistema é submetido a variações bruscas (intermitências, rodízio, desabastecimento e reabastecimento). A vazão dos vazamentos de água numa tubulação está diretamente relacionada com a pressão de água nessa tubulação e as ações de redução de pressões mais utilizadas preveem o rearranjo de pressões com a implantação de Booster e Válvula redutora de pressão VRP. Estes contribuempara equalizar as pressões, para diminuir o aparecimento de novos vazamentos e para a redução da vazão de vazamentos preexistentes. 5.7. INTEGRAÇÃO DOS DADOS COM O CCO Como já mencionado, a automação das unidades do sistema de abastecimento permitirá um melhor funcionamento de todo o sistema. Neste capitulo, a ênfase é para integração com o CCO de forma esta gestão passe a ser automatizada, potencializando o sistema de gestão e controle operacional, reduzindo as perdas e que possa, também, ser integrada futuramente com o sistema comercial. Dentre as principais ações, propõe-se: Avaliação dos sistemas atuais de operação e controle; Avaliação do sistema de coleta de dados e comunicação entre as unidades operacionais e o sistema CCO (telemetria, rádio, celular, etc); 31 Controle de perda de água por extravazão em unidades de reservação com resultados complementares economizando energia elétrica; Projetar e instalar sistema de automatização do sistema de abastecimento com interligação com central de operação CCO; Integração dos dados operacionais com o CCO de forma planejada e gradativa. Esta gestão passe a ser automatizada e possa futuramente ser integrada com o sistema comercial. 32 6. CONCLUSÃO A quantidade de água perdida em um sistema de distribuição é um importante indicador de quão positiva ou negativa é a evolução da eficiência do sistema. A análise destes valores, como tendência ao longo dos anos, é fundamental. Volumes de perdas altos e crescentes, que são um indicador de planejamento e construção não efetivos, e baixa atividade de manutenção operacional, devem ser o gatilho para o início de um programa de controle ativo de vazamentos. Entretanto, um sistema de distribuição totalmente livre de vazamentos não é um objetivo realizável, nem técnica nem economicamente, e um nível baixo de perdas não pode ser evitado, mesmo nos sistemas mais bem operados e mantidos, aonde as empresas cuidam com muita atenção deste controle de perdas. Com a crescente tendência internacional de se valorizar aspectos como sustentabilidade, eficiência econômica e proteção ambiental, o problema de perdas de água em sistemas de abastecimento passa a ser de grande interesse em todo o planeta. Ambos aspectos, técnico e financeiro, têm recebido crescente atenção, especialmente durante os períodos de racionamento de água ou de rápido crescimento da demanda. 33 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ABES. Controle e redução de perdas nos sistemas públicos de abastecimento de água - Posicionamento e contribuições técnicas da ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. São Paulo, 2015. ABES. Perdas em sistemas de abastecimento de água: diagnóstico, potencial de ganhos com sua redução e propostas de medidas para o efetivo combate - ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. São Paulo, 2013. IWA. Controle de perdas de água em sistemas públicos de adução e distribuição, IWA e Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR), Portugal, 2005. REVISTA HYDRO. Inovações na gestão da operação, pp: 30-33, março 2018.
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