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Português instrumental para Direito

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como elaborar textos jurídicos
Miriam Gold e Marcelo Segai
P E A R S O N
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t I
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Miriam Gold e Marcelo Segai
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© 2 0 0 8 by M iriam Gold e M arcelo Segai
Todos os d ire itos reservados . N e n h u m a p a r te desta pub licação p o d e rá ser 
rep ro d u z id a ou t ran sm it id a de q u a lq u e r m o d o ou p o r q u a lq u e r o u t ro m eio , 
e le t rôn ico ou m ecân ico , in c lu in d o fotocópia, g rav ação ou q u a lq u e r o u t r o t ipo de 
s is tem a de a r m a z e n a m e n to e t ran sm issão de in fo rm ação , sem prév ia au to r ização ,
p o r escrito, da P ea rson E d u c a t io n d o Brasil.
Gerente editorial: R oger T rim er 
Editora sênior: Sabrina Cairo 
Editora de desenvolvimento: Jos ie Rogero 
Editor de texto: H e n r iq u e Z anard i d e Sá 
Preparação: Érica Al v im 
Revisão: Paula M e n d e s 
Capa: A le x a n d re M ieda 
Editoração Eletrônica: Figurativa Editoria l M M Ltda.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Gold, M iriam
Português instrumental para cursos de direito : como elaborar 
tex to s ju r íd ico s / M ir iam Gold e M arce lo Segai . — São Paulo :
P ea rson P ren tice Hall, 2008 .
ISBN 9 7 8 -8 5 -7 6 0 5 -1 5 4 -1
1. P o r tu g u ê s - G ram ática 2. P o r tu g u ê s - R edação
3. R edação ju r íd ica I. Segai, M arcelo . II. Título.
0 7 -8 6 35 ________________________________________________________ C D U -3 4 0 .1 13.2
índice para catalogo sistemático:
1. Textos jurídicos : Redação 340.113.2
2007
Direitos exclusivos para a l íngua p o r tu g u e s a cedidos à 
Pearson E duca t ion do Brasil, 
u m a e m p resa do g ru p o Pearson E d u ca t io n 
Av. E rm a n o M archett i , 1435 
CEP: 05038-001 - São P au lo - SP 
Fone: ( 1 1 ) 2 1 7 8 - 8 6 8 6 - Fax: ( 1 1 ) 2 1 7 8 - 8 6 8 8 
e-mail: v en d as@ p ea rso n ed .co m
A meus pais, Calmon e Hadassa, o meu amor, 
por me ensinarem o valor do estudo e da integridade. 
A meu filho Mareio, por sua bondade e perseverança,
o meu orgulho e meu amor. 
Ao Bill, com quem construo meus castelos.
M iriam Gold
A m inha querida filha Isabella, amor incondicional da m inha vida.
M a rc e lo Segai
Illl SUMARIO
P a r t e I
A COMUNICAÇÃO NO TEXTO JURÍDICO........................................................................................ 1
C apítulo 1
O TEXTO JURÍDICO........................................................................................................................................ 3
A boa escrita................................................................................................................................................ 3
A escrita ju r íd ic a ........................................................................................................................................3
Forma de redação dá s ta tus? .................................................................................................................4
Chocante, mas real................................................................................................................................... 4
Nem todos seguem o conselho ..............................................................................................................5
Uma questão técnica: a inépcia ............................................................................................................ 7
Perigo de trabalhar com os 'm o d e lo s ' ................................................................................................7
C apítulo 2
C onsiderações sobre a l in g u a g e m ............ ................................................................................ 1 0
Teoria da comunicação.......................................................................................................................... 10
Elementos da comunicação...................................................................................................................11
Requisitos para uma boa m ensagem ................................................................................................ 12
Linguagem e língua................................................................................................................................ 12
Dialeto e registro..................................................................................................................................... 13
Língua íalada e língua escrita..............................................................................................................14
Funções da l in g u ag em ..........................................................................................................................14
C apítulo 3
V ocabulário j u r í d i c o ........................................................................................................................ 2 0
Por que vocabulário ju r íd ico? ............................................................................................................ 20
Denotação e cono tação .........................................................................................................................21
V I I I 1 S u m á r io
Sentido unívoco, equívoco e an á log o ...............................................................................................21
H om ônim os............................................................................................................................................... 23
P a rô n im o s ..................................................................................................................................................23
N eo log ism o s .............................................................................................................................................25
E strange ir ism os.......................................................................................................................................25
Expressões la t in a s ...................................................................................................................................26
Gírias........................................................................................................................................................... 26
Palavras de baixo calão ........................................................................................................................27
Pleonasmos ..............................................................................................................................................27
Arcaísmos...................................................................................................................................................27
Um caso especial: a am bigü idade .......................................................................................................28
Erros crassos..............................................................................................................................................28
Recursos gráficos..................................................................................................................................... 29
Aspas......................................................................................................................................................29
Etc............................................................................................................................................................30S ic .......................................................................................................................................................... 30
Ex e r c í c i o s ................................................................................................................................................3 2
P a r t e I I
E m b u s c a d a q u a l i d a d e d o t e x t o ........................................................................................ 3 7
C apítulo 4
C o n str u in d o o t e x t o ..........................................................................................................................3 9
Por onde c o m e ç a r ................................................................................................................................... 39
Plano da m e n sa g e m ................................................................................................................................39
Dicas para escrever b e m ........................................................................................................................ 41
Organização dos p a rág ra fo s .................................................................................................................41
Ordenação por causa e conseqüência............................................................................................... 42
Ordenação por tempo e espaço......................................................................................................... 42
Ordenação por comparação ou contraste........................................................................................ 44
Ordenação por enumeração...............................................................................................................44
Ordenação por explicitação................................................................................................................ 45
C apítulo 5
C omo obter c l a r e z a ............................................................................................................................4 7
Contexto histórico...................................................................................................................................47
Evite ser p ro lixo .......................................................................................................................................47
S u m á r io IX
Leis da legibilidade................................................................................................................................. 47
Redundância: u m pecado a ser e v i ta d o ..........................................................................................48
Fórmula m á g ica ...................................................................................................................................... 49
Inteligibilidade: você sabe o que é? ....................................................................................................51
E os elementos ex tra tex tuais? ..............................................................................................................51
Como deve ser o vocabulário? ............................................................................................................ 51
Pode-se usar linguagem técn ica? .......................................................................................................52
Palavras que contribuem para a obscuridade.................................................................................52
Posicionamento correto das pa lavras ................................................................................................52
Sobre os p a rá g ra fo s ................................................................................................................................52
Você já viu uma frase c e n to p é ic a ? ................................................................................................... 53
Evite a frase l a b i r i n to ............................................................................................................................53
C apítulo 6
C omo obter c o n c is ã o ..........................................................................................................................5 5
É possível ao texto jurídico ser c o n c i s o ? ........................................................................................ 55
O ajuste entre pensam ento e l in g u a g e m ........................................................................................56
A concisão e a capacidade de s ín te se ............................................................................................... 56
Características básicas da concisão ...................................................................................................57
Escreva de forma mais elegante usando ad je tivos.......................................................................57
Concisão e ênfase são com patíveis?..................................................................................................58
C apítulo 7
A UNIDADE DO TEXTO................................................................................................... ...................... 5 9
Unidade: coesão e coerênc ia ............................................................................................................... 59
Q uando u m texto é c o e re n te ? ........................................................................................................... 59
A coerência c o tipo de t e x t o ..............................................................................................................59
Coerência entre palavras e coerência lóg ica ..................................................................................60
Características da c o e rên c ia ................................................................................................................ 60
Conexão entre as palavras...................................................................................................................61
Conexão entre as orações....................................................................................................................61
Conexão entre os parágrafos..............................................................................................................64
A integração em prol da u n id ad e .......................................................................................................65
C apítulo 8
M odalidades de texto e sua aplicação no português f o r e n s e . . . . ........................ . 6 7
iModalidades de te x to .............................................................................................................................67
Narração................................................................................................................................................ 67
Descrição...............................................................................................................................................70
Dissertação............................................................................................................................................. 71
X S u m á r io
C apítulo 9
R a c io c ín io j u r í d i c o ....................................................... .............................. ................. ................7 6
Preâm bulo ..................................................................................................................................................76
Validade das declarações.......................................................................................................................76
Fatos e indícios.........................................................................................................................................77
M é to d o s ......................................................................................................................................................77
Métodos fundamentais e subsidiários do raciocínio....................................................................... 78
A rgum entação ...........................................................................................................................................78
Silogismo.................................................................................................................................................... 78
Sofisma........................................................................................................................................................ 79
Principais sofismas empregados no direito.......................................................................................79
Ex e r c í c i o s ....... ................................................................................. ......................................... . 8 1
P a r t e I I I
P e ç a s p r o c e s s u a i s .............................................................................................................................. 8 9
C apítulo 1 0
P etição i n i c i a l ......................................................................................................................................... 9 1
In trodução .................................................................................................................................................. 91
Requisitos da petição inicial................................................................................................................. 91
Processo como meio ético de so lu ç ã o .............................................................................................. 92
E n d e reçam en to ........................................................................................................................................94
Partes da petição inicial......................................................................................................................... 94
P ro cu ração .................................................................................................................................................96
C apítulo 1 1
C o n testa çã o ....................................................................... ....................................................................... 9 9
Modalidades de resposta .......................................................................................................................99
As preliminares....................................................................................................................................100
Prejudicial de m é r i to .............................................................................................................................101
Mérito em s i ............................................................................................................................................ 102
C apítulo 1 2
R e c u r s o ............................. ............ ...................................................................................................... 1 0 4
Conceito e o b je t ivo .............................................................................................................................. 104
Motivos da existência de recursos................................................................................................... 104
Requisitos dos recu rsos ....................................................................................................................... 104
S u m á r io | X I
Sucumbência.......................................................................................................................................104
Tempestividade....................................................................................................................................105
Preparo.................................................................................................................................................106
Realidade dos recursos ........................................................................................................................ 106
Estrutura do r e c u rs o ............................................................................................................................106
C apítulo 1 3
P a r e c e r . . ................................. ................................ ................... ............................................... . 1 0 9
O que é e sua im por tân c ia ................................................................................................................. 109
Partes do parecer ................................................................................................................................... 110
Ex e r c í c i o s ............................................................................................................................................. 1 1 1
P a r t e I V
I n f o r m a ç õ e s g r a m a t i c a i s .........................................................................................................1 1 3
C apítulo 1 4
La t in is m o s e seus s ig n if ic a d o s .......................... ................... ................................................. 1 1 5
C apítulo 1 5
O EMPREGO DE LETRAS .............................................. ....................................................................... 1 3 1
Os porquês: Por que usamos esses por quês? Ou por que usamos estes po rquês? ...... 131
Este/esse....................................................................................................................................................131
Uso de - s sã o ............................................................................................................................................ 132
Uso de -são ...............................................................................................................................................132
Uso de -ção...............................................................................................................................................133
Uso de - i s a r ...........................................................................................................................................133
Uso de - iz a r ............................................................................................................................................. 133
Uso de - s in h o ....................................................................................................................................... 133
Uso de -z in h o ..........................................................................................................................................134
Verbos 'usar ', 'pôr ' e 'q u e re r ' ............................................................................................................134
Verbos term inados cm - u i r ..............................................................................................................134
Verbos terminados em -uar e - o a r ................................................................................................134
Verbos term inados em - e a r ................................................................................................................134
Verbos term inados em - ia r .................................................................................................................134
Verbos 'ter ' c 'v i r ' ................................................................................................................................134
Verbos 'crcr','dar ', 'ler ' e 'v e r ' ..........................................................................................................134
Verbos 'obter', 'con ter ' e 'd e te r ' .....................................................................................................134
X I I S um á r io
Uso das iniciais maiúsculas .............................................................................................................. 135
Uso da inicial m in ú sc u la .................................................................................................................... 135
Siglas: uso e p lu r a l ............................................................................................................................... 135
Unidades de medida e ho ra ............................................................................................................... 136
Formas de t ra ta m e n to .........................................................................................................................136
C a p í t u l o 1 6
G r a f i a e s i g n i f i c a d o .............................................................................................................................. 1 3 8
A / h á .......................................................................................................................................................... 138
Abaixo/a b a ix o ...................................................................................................................................... 138
À b eça /à bessa ........................................................................................................................................138
Acerca de/a cerca de /há cerca d e .................................................................................................... 139
Acima/a c im a .........................................................................................................................................139
A fim de /a f im ......................................................................................................................................... 139
A folha/a folhas/às folhas/à folhas..................................................................................................139
À medida que/à medida em que /na medida cm q u e ............................................................... 140
A m eu ver/em meu ver/ao meu v e r ..............................................................................................140
A nível de /em nível d e ........................................................................................................................140
A o n d e /o n d e ............................................................................................................................................140
A par/ao p a r ........................................................................................................................................... 140
A ponlo de/ao ponto cie......................................................................................................................141
A rigor/em rigor.....................................................................................................................................141
A todo m om ento /a todo o m o m en to ..............................................................................................141
B em -v indo /B env indo ..........................................................................................................................141
De férias/em férias ................................................................................................................................141
Em face de/face a ..................................................................................................................................142
Em m ã o /e m m ã o s .................................................................................................................................142
Em todo o caso/em todo c a s o .......................................................................................................... 142
Grosso m odo/a grosso m o d o .................................................................................................................142
No meu ponto de vista/sob meu ponto de v is ta ........................................................................142
Pagamento a m aior/pagam ento a m e n o r ..................................................................................... 142
Percen tagem /porcen tagem ............................................................................................................... 142
Por toda a parte /por toda p a r le ........................................................................................................143
Ter de /te r q u e ......................................................................................................................................... 143
Toda ou todo/toda a ou todo o ......................................................................................................... 143
Toda vez que/toda vez cm q u e ......................................................................................................... 143
Ver/vir.......................................................................................................................................................143
Viger/vigir............................................................................................................................................... 143
S u m á r io X I I I
C a p í t u l o 1 7
R e g r a s b á s i c a s d e a c e n t u a ç ã o .................................... ................................................................... 1 4 4
Regras de a c e n tu a ç ã o ..........................................................................................................................144
Acento diferencial.................................................................................................................................145
Uso do t re m a ...........................................................................................................................................145
C a p í t u l o 1 8
P a l a v r a s h o m ô n i m a s e p a r ô n i m a s ................................................................................................. 1 4 6
C a p í t u l o 1 9
U s o DO H Í F E N ................................................................................................................................................ 1 5 0
Regra g e ra l .............................................................................................................................................. 150
Prefixos que exigem hífen antes de qua lquer le tra ....................................................................151
Regra para diferenciar palavras com postas ...................................................................................151
C a p í t u l o 2 0
G ê n e r o d a s p a l a v r a s .............................................................................................................................. 1 5 2
Regra geral de formação do fem in ino ............................................................................................ 152
Tipos especiais........................................................................................................................................ 152
Significados diferentes e forma ig u a l ............................................................................................. 152
Palavras usadas só no m a sc u l in o .....................................................................................................152
Palavras usadas só no f em in in o ....................................................................................................... 153
O gênero e as siglas.............................................................................................................................. 153
Concordância com a palavra 'm ilh ão '............................................................................................ 153
C a p í t u l o 2 1
P l u r a l d o s n o m e s c o m p o s t o s ............................................................................ ......... ............. . 1 5 4
S u b s tan t iv o s ...........................................................................................................................................154
Adjetivos .................................................................................................................................................154
C a p í t u l o 2 2
V a r i a ç õ e s d o a d j e t i v o ........... .......................................... ......... ......................... .......................... 1 5 6
Adjetivos superla tivos......................................................................................................................... 156
Locuções adjetivas.................................................................................................................................158
C a p í t u l o 2 3
C o l o c a ç ã o d o s p r o n o m e s o b l í q u o s á t o n o s ............................................................................ 1 6 5
P ró d ise ......................................................................................................................................................165
X I V S u m á r io
Ênclisc.......................................................................................................................................................165
Mcsóclisc..................................................................................................................................................166
O pronom e á tono nas locuções v e rb a is ........................................................................................ 166
C a p í t u l o 2 4
F o r m a s v e r b a i s q u e s u s c i t a m d ú v i d a s ......... ............................... ........................................... 1 6 7
A bolir ........................................................................................................................................................167
A d e q u a r ................................................................................................................................................... 167
A derir ........................................................................................................................................................167
Colorir .......................................................................................................................................................167
D e te r ......................................................................................................................................................... 168
Dizer.......................................................................................................................................................... 168
E s ta r .......................................................................................................................................................... 168
E n tu p ir ......................................................................................................................................................168
In te rv ir ......................................................................................................................................................168
M a n te r ......................................................................................................................................................168
Mobiliar.................................................................................................................................................... 168
Pôr.............................................................................................................................................................. 169
Possuir.......................................................................................................................................................169
Precaver-se.............................................................................................................................................. 169
C a p í t u l o 2 5
E m p r e g o d o i n f i n i t i v o f l e x i o n a d o ............................................................................................... 1 7 0
Uso do infinitivo impessoal..............................................................................................................170
Uso do infinitivo pessoal.................................................................................................................. 170
C a p í t u l o 2 6
C o n c o r d â n c i a v e r b a l ............................................................................................................................ 1 7 1
Regra g e ra l ...............................................................................................................................................171
Casos especiais ........................................................................................................................................171
Verbo 'haver '.......................................................................................................................................171
Verbo 'fazer'..........................................................................................................................................171
Verbos relativos a fenômenos da natureza.....................................................................................171
Verbo 'ser'.............................................................................................................................................171
'Que' e 'quem '.................................................................................................................................... 172
Pronomes indefinidos........................................................................................................................ 172
'Um dos q u e ' .......................................................................................................................................172
Expressões coletivas...........................................................................................................................172
Expressões coletivas partitivas..........................................................................................................172
S u m á r io ( X V
Um milhão, um bilhão etc.................................................................................................................172
Percentuais e fracionários..................................................................................................................173
Verbos com a partícula 's e ' ................................................................................................................173
C a p í t u l o 2 7
C o n c o r d â n c i a n o m i n a l ........................................................................................................................ 1 7 4
Concordância gramatical.....................................................................................................................174
Concordância a tra t iva .........................................................................................................................174
Casos especiais ....................................................................................................................................... 174
'Anexo' e Incluso'..............................................................................................................................174
'Mesmo', 'próprio', 'só', 'extra', 'leso', 'obrigado', 'quite', 'nenhum', 'junto '..........................174
'É preciso',' é necessário', 'é bom '................................................................................................... 175
'É proibido'.......................................................................................................................................... 175
'Caro', 'barato', 'bastante '.................................................................................................................175
'A olhos vistos', 'alerta', 'haja vista', 'menos', 'de modo q u e ' ....................................................175
'Exceto', pseudo-, 'tirante', 'salvo'..................................................................................................176
'M eio '................................................................................................................................................... 176
'Possível'...............................................................................................................................................176
Adjetivos adverbializados..................................................................................................................176
'Todo'.................................................................................................................................................... 176
Numeral ordinal + substantivo.........................................................................................................176
Dois adjetivos + um substantivo.......................................................................................................176
'Nem um nem outro'......................................................................................................................... 177
C a p í t u l o 2 8
R e g ê n c i a .......................................................................................................................................................... 1 7 8
Tipos de verbos.......................................................................................................................................178
Pronomes pessoais como o b je to s .....................................................................................................178
Principais regências.............................................................................................................................. 179
C a p í t u l o 2 9
C r a s e ................................................................................................................................................................. 1 8 2
Regra g e ra l ...............................................................................................................................................182
Sempre ocorre crase...........................................................................................................................182
Nunca ocorre crase.............................................................................................................................183
C a p í t u l o 3 0
P o n t u a ç ã o ............................................................. .............................................. ........... ........................ 1 8 4
P on to ......................................................................................................................................................... 184
X V I | S u m á r io
Vírgula....................................................................................................................................................... 184
Ponto-e-vírgula...................................................................................................................... 185
Dois p o n to s ..............................................................................................................................................185
Travessão.................................................................................................................................................. 186
E x e r c í c i o s ..................................... ...................... ................................................................................. 1 8 7
G a b a r i t o ............................................................................................................................................... 1 9 8
Illl PREFACIO
Este livro há m uito c idealizado. Pcrccbcmos no m u nd o atual um a alteração no estilo das 
comunicações escritas, que se to rnaram m enos prolixas e mais inteligíveis. Mas tal m udança 
ainda não atingiu como deveria o meio jurídico.
Depois de longo período de am adurecim ento , chega a hora de contribuir para a melhoria 
dessa comunicação. Uma comunicação que se encontra degradada pela descrença em valo­
res éticos, fazendo-nos achar que o exercício da análise e do diálogo — mediatizados pela 
palavra — tem m en o r valor que as articulações politiqueiras. Degradação que vemos ocorrer 
tam bém na manifestação en tre os jovens de uma comunicação quase que restrita aos meios 
eletrônicos, em que o exercício da linguagem é reduzido a meia dúzia de palavras, sempre 
com fins relacionais e imediatistas.
O nde fica en tão o espaço para o exercício da linguagem com o elaboração de p ensa ­
m e n to ?
O meio jurídico é por excelência o da argum entação pela palavra. Por ela constrocm-se 
teses, assim como refutações. Por ela descrimina-se alguém c clama-se por justiça. Pensa­
m en to argum entalivo, exercício da linguagem e articulação convincente são pom os cardeais 
no seio do direito.
E o prim or pelo texto elegante prescinde dos pedantism os com os quais nos defrontamos 
nas lides judiciais. Locuções em desuso e exercícios de virtuosismos estão em desacordo com 
o pensam ento claro, a serviço de esclarecer pontos de vista, c não de obscurecê-los. Q uem 
ainda se vale de recursos como os citados está na contram ão da história, revelando uma 
influência do início do século, q uan do nossa classe média ia te rm inar seus estudos de direito 
nas universidades de a lém -m ar e, ao voltar à 'colônia', fazia questão de diferenciar-se, d a n ­
do-se ares de 'império '.
A Justiça brasileira clama por um a linguagem que impulsione resultados. Não há mais 
espaço para expressões de gosto duvidoso, textos longuíssimos e "fala vazia". Erudição é 
em pregar os recursos da linguagem para expor pensam entos claros c coerentes, precisos cm 
seus argum entos, fortes em seus arrazoados.
Em vista do amplo material objeto de nosso trabalho, dividimos a abordagem da matéria 
em quatro partes: Parte I - "A comunicação no texto jurídico", Parte II - "Em busca da q u a ­
lidade do texto"; Parte III - "Peças processuais" e Parte IV - "Informações gramaticais".
X V I I I ■ P r efá c io
A Parte I aborda a necessidade de m odernizarmos nossa linguagem jurídica, d em o ns tran ­
do que as peças jurídicas não têm como principal objetivo a dem onstração de conhecim ento 
erudito, mas sim a eficácia, que reside na utilização adequada das palavras e do raciocínio.
Nossas considerações sobre a comunicação 110 texto jurídico visam dem onstrar as varia­
ções que ocorrem ao se em pregar diferentes padrões e funções de linguagem, bem como 
cuidar do vocabulário jurídico, exam inando a distinção entre palavras unívocas, equívocas 
e análogas. Destacamos a inconveniência na utilização de neologismos e estrangeirismos, 
recom endandosempre uma consulta ao vocabulário ortográfico da língua portuguesa.
Na Parte II, trabalhamos a construção do texto, destacando que o trabalho de es tru tu ra ­
ção do plano, com sua esquematização das idéias, possibilita eliminar porm enores excessivos 
e inoportunos e adicionar informações necessárias ao funcionam ento articulado da m ensa ­
gem. Alertamos para 0 perigo dos parágrafos longos, das frases rebuscadas, que parecem não 
te rm inar nunca, e convocamos os profissionais do direito a produzir as frases de acordo com 
leis de legibilidade.
A par desses aspectos, incitamos nossos leitores a seguir os passos da clareza, cuja o r ien ­
tação conduz à objetividade e precisão de raciocínio. Defendemos ainda a necessidade de 
concisão do texto jurídico, dem onstrando que ela se constitui em poderosa aliada 11a busca 
pela eficácia da peça processual.
A fim de dem onstrar a importância do encadeam ento do raciocínio, desenvolvemos vá­
rios aspectos que contribuem para a unidade da peça processual, assim como exemplifi­
camos de que m aneira os m odos discursivos estão presentes no texto jurídico e como seu 
domínio auxilia no processo de persuasão.
A Parte III trata exclusivamente das peças processuais. Nela o leitor encontrará com en tá­
rios tanto sobre a forma quan to sobre o conteúdo das petições, contestações, recursos e pare- 
ceres. São abordados aspectos relativos aos requisitos básicos das citadas peças, da linguagem 
que deverá ser empregada aos cuidados com a inépcia, b em como se ressalta a importância 
de um a adequada apresentação formal.
Por fim, a última parle assessora 0 leitor no em prego das norm as gramaticais vigentes. 
Não se pretende, com este livro, elaborar um a gramática completa da língua portuguesa, 
mas sim auxiliar o profissional do direito na utilização de nossa língua.
Partindo desse objetivo, abordam-se itens que no rm alm en te suscitam dúvidas, como a 
ortografia de m uitas palavras c expressões, 0 uso do hífen, as formas verbais que provocam 
hesitações. No aspecto frasal, destacamos as regras que norte iam as concordâncias, as p repo­
sições exigidas pela regência verbal, 0 uso do sinal indicativo da crase, além de noções gerais 
de pontuação, e n o tadam en te o uso da vírgula.
Para finalizar, esperamos contribuir com um a orientação aos estudantes e profissionais 
de direito no sentido de levá-los à construção de 11111 texto mais conciso, mais claro, mais 
persuasivo, mais eficaz e que, ao m esm o tem po que lhes possa conferir maior prazer de rea­
lização, tam bém auxilie a imprimir mais dinamicidadc à nossa Justiça.
Miriam Gold
PARTE I
A COMUNICAÇÃO 
NO TEXTO JURÍDICO
cxn3
U
O TEXTO JURÍDICO
A boa escrita
O médico enterra seus erros; o engenheiro os aprecia; o advogado os assina.
Escrever bem é um a qualidade m uito apreciada na sociedade e, tratando-se do âmbito 
jurídico, transforma-se cm um a imperiosa necessidade para o sucesso profissional. Isso se 
justifica porque, além da desejável inteligência, sagacidade e raciocínio jurídico, mede-se a 
habilidade do profissional de direito pela capacidade de transferir para o p a p e l adequada e 
corretamente, suas teses, decisões e arrazoados.
Para escrever bem e corretam ente, é incontroversa a necessidade de boa leitura, cultiva­
da ao longo do tempo, além dos conhecimentos técnicos básicos da redação jurídica, com a 
qual este livro ousa colaborar.
Dúvida não resiste que, trilhando o caminho proposto por esta obra, o profissional poderá 
otimizar sua forma de redação, beneficiando a tantos quantos dela se valerão.
E, acreditem, ler um a boa petição é um colírio para as fatigadas retinas dos magistrados. 
Pois bem, iniciemos nossa jornada.
A escrita jurídica
A manifestação jurídica reclama escrita formal, devendo ser simples e objetiva, c nunca 
u m exercício de demonstração de conhecim ento restrito a poucos. Explicamos: alguns apli- 
cadores do direito veneram emitir manifestações com tam anha dificuldade de compreensão 
que necessária se faz a proximidade pe rm anen te de um dicionário.
Perguntamos: Para que isso? Respondemos: Para coisa alguma. É vaidade pura e incon­
fessável. A língua acaba sendo um a barreira entre as pessoas, em vez de ser o elo.
Quer ver um exemplo?
"Diagnosticada a mazela, põe-se a querela a avocar o poliglotismo. A solvência, a 
nosso sentir, divorcia-se de qualquer iniciativa legiferante. (...) A oitiva dos litigantes e 
das vestigiais por eles arroladas acarreta intransponível óbice à efetiva saga da obtenção 
da verdade real. Ad argumentandum tantum, os pleitos inaugurados pela Justiça pública, 
preceituando a estocástica que as imputações e defesas se escudem de forma ininteligí-
4 Parte I — A comunicação no texto jurídico
vel, g e s t a n d o o b s tá c u lo à h e r m e n ê u t i c a . P o r ta n to , o h e r c ú le o d e s p e n d i m e n to de esforços
p a ra o d e s a f o r a m e n to d o ' j u r id iq u ê s ' d e v e c o n t e m p l a r ig u a lm e n te a m a g is t r a tu ra , o íncli to
P a rq u e t , os d o u to s p a t r o n o s d as p a r te s , os co rp os d isc e n te s e d o c e n te s d o m ag is té r io das
ciências ju r íd ic a s /1
Você en tend eu? Nem nós.
O texto acima é uma ironia à forma ex trem am en te culta de um petitório ou m anifes­
tação, que, sem dúvida, está divorciado do espírito que norteia a manifestação judicial 
desejável. É como se o texto transmitisse, como principal objetivo, a dem onstração de 
conhecim ento erudito, esquecendo seu criador que as peças jurídicas têm um a finalidade 
que resta irrem ediavelm ente perdida no meio desse espinhoso cam inho, pois a a tenção do 
leitor se volta para a tentativa de decifrar e com preender aquilo que se p re tende — e não 
para o objeto do requerim en to .
No m esm o sentido, o uso de expressões que a maioria desconhece, como 'cártula chéqui- 
ca' (é o nosso velho cheque) e 'ergástulo público' (é a cadeia), são belos exemplos.
Então, opte pela boa escrita porque não é vantagem ser invejado por um a que pouquís­
simas pessoas conhecem e en tendem .
Forma de redação dá status?
A escrita não precisa ser u m exercício constante de dem onstração da exuberância in te­
lectual de seu autor, m esm o porque as pessoas que o fazem geralm ente só conhecem poucas 
palavras difíceis ou incompreensíveis.
A eficácia da redação está na utilização cirúrgica das palavras; escrever pouco, mas con­
ferir ao texto a noção exata do que se pretende. Nada a mais, nada a menos. Isso sim é 
invejável.
Repisamos, m esm o com o risco de sermos repetitivos, que as manifestações jurídicas 
devem ser simples. Mas atenção: dissemos 'simples' e não 'simplórias'. É ex trem am ente im ­
portante que os arrazoados con tenham uma boa fundam entação, em especial aqueles que 
almejam uma decisão judicial de certa importância.
Chocante, mas real
Veja o bom conselho que u m juiz de Santos (SP) dá em suas aulas, citando o poeta fran­
cês Paul Valéry: "Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras 
simples, a mais curta".
Procurando despertar essa consciência em seus alunos, o juiz recorre a u m artifício: pede 
para fecharem os olhos e imaginarem quem vai ler suas petições. Depois, lança a questão: 
"Quem você imagina? Um juiz arrum adinho , com um a paciência enorm e, que espera a tar­
de inteira você chegar para trazer alguma coisa para ele ler?" A classe se choca quando ele 
aconselha: "Você tem que imaginar u m a pessoa cansada, irritada, com um m onte de petições 
para ler e que a sua será, portanto, mais um a delas".
Na magistratura há 15 anos, Coelho comenta que existem muitos que buscam a rg u m en ­
tações na In ternet e as copiam no processo, só para impressionar. Com isso, o que antes era
C a pítu lo 1— O texto jurídico 5
escrito cm duas ou três laudas, agora e feito cm 20 ou 30. "Ele aperta u m ou dois botões, 
copia, recorta, cola", diz o juiz.
O advogado Paulo Guilherme de M endonça Lopes diz que o excesso de páginas em uma 
petição é desnecessário. Segundo ele, a petição que mais gerou repercussão em seu escritório 
foi uma de apenas cinco páginas sobre leasing. A decisão do assunto criou até jurisprudência 
no Superior Tribunal de Justiça (STJ): "A verdade é m uito simples de ser demonstrada em 
poucas páginas".
O advogado Gustavo Castro2 afirma que "o direito m oderno exige objetividade e conci­
são". Segundo ele, som ente em casos mais específicos é preciso um a exposição mais longa 
do assunto.
Benditos os breves, pois deles será a gratidão dos juizes e auditórios.
Nem todos seguem o conselho...
Por mais espantoso que pareça, ainda hoje existem operadores do direito que vinculam 
sua qualidade profissional à quantidade de folhas da petição. Seria um a espécie de te rm ô­
m etro de sua capacidade intelectual, mais ou m enos nessa equação:
t peso da petição = T sagaz e ladino 
T folhas utilizadas = í arguto e perspicaz
Saem, então, a apresentar um a petição com dezenas de laudas para algo relativamente 
simples, que poderia ser sintetizado em poucas folhas. E isso se transforma em sua rotina. 
Para requerim entos de somenos importância, longevas e enfadonhas peças, com citações in­
finitas de jurisprudências, no mais das vezes sem n en h u m a utilidade. Para coisas relevantes, 
então, verdadeiros tratados jurídicos.
Um exemplo real e emblemático de desrespeito à filosofia da simplicidade ocorreu em 
Santa Catarina, quando o juiz Jaime Luiz Vicari m andou um advogado reduzir sua petição 
inicial de 162 páginas para cinco laudas.
Veja o despacho:
"Cuida-se de ação denominada 'ordinária', deflagrada por pessoa natural contra es­
tabelecimento financeiro, contendo múltiplos pedidos, alguns inclusive, aparentemente, de 
natureza cautelar. Observo que a petição inicial é composta por '162' laudas. Exatamente 
isso, CENTO E SESSENTA E DUAS LAUDAS! A ninguém é dado desconhecer os avanços e 
as facilidades que os modernos meios eletrônicos, em especial o computador, trouxeram às 
atividades humanas em geral e às atividades jurídicas no particular.
"Estamos assistindo, contudo, à outra face da moeda que é o exagero, a demasia com que 
se apresentam determinadas situações. O avanço da tecnologia deve servir ao homem, tornar 
mais rápida a solução dos problemas da vida c não o contrário. Numa visão superficial, após ler 
as cento e sessenta e duas laudas que constituem a exordial, conclui-se que o autor é correntista 
de banco, tendo celebrado contrato(s) com esse estabelecimento, com a convicção de que esses 
pactos estariam com algumas cláusulas em desacordo com a legislação em vigor no país.
Parte I — A comunicação no texto jurídico
"Em cinco linhas, então, pode-se colocar a suma. Admito que em cinco páginas ou, qui­
çá, em até dez, pode-se e muito bem fazer uma petição que contenha os requisitos do artigo 
282 do Código de Processo Civil, notadamente, causa(s) de pedir e pedido(s). Mas cento e 
sessenta e duas laudas é uma demasia, afasta-se do razoável, foge da proporcionalidade, seja 
qual for o ângulo em que se examine a questão. Cento e sessenta e duas laudas é dissertação 
de mestrado, tese de doutorado, opúsculo sobre um determinado assunto legal.
"Mas, poder-se-á dizer: o magistrado não dispõe de instrumentos ou atribuições para 
repor as coisas no seu devido caminho, pois a parte deve sempre ter livre acesso à Justiça. 
Data venia, penso de forma diferente. O artigo 125 do Código de Processo Civil qualifica o juiz 
como 'diretor do processo', vale dizer, como o capitão do navio ou do avião. Em tais condi­
ções não só ele tem a faculdade como também, a meu juízo, o dever de adotar as medidas 
que se fizerem necessárias para 'velar pela rápida solução do litígio', inciso II, e 'reprimir atos 
contrários à dignidade da justiça', inciso III, dentre outros.
"O artigo 284 do mesmo Estatuto determina: 'verificando o juiz que a petição inicial 
não preenche os requisitos do artigo 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades 
capazes de dificultar o julgamento do mérito, determinará que o autor a emende ou a com­
plete no prazo de dez dias'.
"O legislador de 1973 não imaginava de que é capaz a tecnologia, em especial quando 
aplicada de maneira abusiva. Não se pode, igualmente, ignorar, que a defesa do réu, diante 
de uma petição com CENTO E SESSENTA E DUAS laudas, fica em muito afetada. Nessa linha 
de raciocínio, cabe lembrar que a Lei 8.952 de 13 de dezembro de 1994 alterou o § único do 
artigo 46 do Código, que disciplina o chamado litisconsórcio rnultitudinário, dispondo que o 
juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este 
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa.
"Sobre esse tema, sustenta Nelson Nery Jr.: 'A aferição da dificuldade da defesa ou 
do comprometimento da rápida solução do litígio deve ser feita pelo juiz casuisticamente. 
É vedado ao magistrado fixar, objetiva e abstratamente, por meio de ato judicial (portaria, 
provimento etc.) qual o número de litigantes que deve ter a causa'. (Eu diria, qual o número 
de páginas de uma inicial.)
"'Quanto ao primeiro motivo ensejador da limitação — 'comprometimento da rápida 
solução do litígio' — pode o juiz exofficio determinar a limitação consorcial, dado que é o juiz, 
enquanto diretor do processo (art. 125), quem tem a primeira noção sobre as dificuldades que
o litisconsórcio rnultitudinário acarretará para a rapidez da entrega da prestação jurisdicional. 
Deve fazê-lo na primeira oportunidade que se lhe apresentar, evitando assim o tumulto pro­
cessual que esse litisconsórcio poderia acarretar'.
"'Por defesa entende-se a possibilidade de a parte ou o interessado, por todos os meios, 
poder deduzir suas manifestações em juízo, em face do pedido do autor. Se o réu quiser, por 
exemplo, reconvir, e tiver dificuldades cm virtude do litisconsórcio rnultitudinário, poderá 
pedir a limitação deste ao juiz, a fim de que possa viabilizar sua pretensão reconvencional'.
"Postas essas considerações que atingiram três laudas, porque o inciso IX do artigo 93 
da Constituição Federal manda que as decisões do juiz devam ser fundamentadas, abro o
C a pítu lo 1 — O texto jurídico 7
prazo de dez dias para que o autor adeque a inicial aos parâmetros razoáveis, não olvidados
os requisitos de l e i / 3
Há um ditado que diz "petição longa, direito curto".
Os autores desta obra longe estão de p re tender limitar vocações literárias inatas, que não 
se controlam e precisam extravasar em algum plano, mas se o jurista é seduzido pela longa 
escrita, prolixa, talvez seja mais adequado escrever um livro ou algo do gênero.
E dizemos isso porque o m u nd o pode estar perdendo u m grande au to r dc livros, trocan­
do-o por um questionável profissional do direito.
Enfim, para o exercício da nobre função jurídica diária, o simples é sempre o melhor.
Uma questão técnica: a inépcia
Qualquer requerim ento necessita ser suficicntemente claro para ensejar sua apreciação 
pelo órgão competente, que irá avaliá-la e deferir (ou não) o pleito. Isso se materializa com 
extrema ênfase na petição inicial, que, carente dos elementos mínimos que perm itam o 
exercício do direito de defesa, será indeferida, como preconiza o artigo 295 do Código de 
Processo Civil (CPC):
A petição inicial será indeferida:
I - quando for inepta; (...)
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: (...)
II - da narração dos faios não decorrer logicamente a conclusão.4
A boa redação tam bém é exigência presente nas sentenças e acórdãos, sob pena de serem 
alvejados pelo recurso de embargos declaratórios,como se vê no próprio CPC, na Consolida­
ção das Leis Trabalhistas (CLT) c no Código de Processo Penal (CPP):
Cabem embargos de declaração quando:
I - houver na sentença ou no acórdão obscuridade ou contradição.5
Caberão embargos de declararão da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo 
seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado 
na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado 
e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.6
Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos 
embargos de declaração, no prazo de 2 (dois) dias contado da sua publicação, quando houver na 
sentença ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão.7
Perigo de trabalhar com os 'modelos'
Não há como negar que a informatização estendeu seus tentáculos para todas as ati­
vidades hum anas , inclusive a jurídica. E isso é um a boa notícia, pois a tecnologia permite 
au m en to da produtividade, democratização da informação e diversos outros benefícios que, 
sem esse im portan te recurso, jamais existiriam.
8 Parte I — A comunicação no texto jurídico
Ate m esm o as peças jurídicas sofreram conseqüências. Petições já padronizadas ou usa­
das em outros processos semelhantes, ou m esm o sentenças já prolatadas em outras causas, 
são instantaneam ente resgatadas com uma simples tecla de computador.
Isso é ex trem am ente útil para o advogado porque evita a construção de raciocínio já rea­
lizado an teriorm ente , quando em regra o profissional se esmerou na fundamentação, mercê 
de u m estudo mais aprofundado sobre determ inado tema.
Nos escritórios mais m odernos c com grande m ovim ento , são criados verdadeiros m ó d u ­
los jurídicos padronizados que, encaixados, produzem a petição que será apresentada.
É algo parecido com uma receita de bolo. Misturados os ingredientes, sai do forno ju ríd i­
co a petição. Nem o advogado pode nela mexer, senão para trocar o endereçam ento, nom e 
da parte e n ú m e ro do processo. Mas há sérios riscos em relação a isso.
O primeiro é que o trabalho indiscriminado com modelos faz o profissional não ler mais 
o escrito ou que, na mais otimista hipótese, faça uma leitura 'em diagonal' do texto, passan­
do rapidam ente os olhos pelo arrazoado; o segundo, como conseqüência lógica e im anen te 
do anterior, é que multiplicam-se os erros, porque cada caso tem suas peculiaridades, que 
acabam sendo tratadas de forma indiscriminada pelos módulos, sem atenção am iúde às par­
ticularidades.
Desse modo, apesar de o trabalho com módulos ser quase inevitável em um m u n d o que 
exige cada vez mais rapidez, eficiência e eficácia, no qual há multiplicação geométrica das 
demandas, o profissional deve sempre ficar a ten to e vigilante aos equívocos que isso pode 
gerar.
O profissional do direito deveria ser um a espécie de alfaiate jurídico, elaborando cada 
peça sob medida para o cliente. Mas isso é um a utopia nos dias de hoje, verdadeira visão 
romantizada e quixotesca do direito. Então, se isso não é viável em razão da avassaladora 
quantidade de prazos a cumprir, que ao m enos o profissional minimize esse problema p o ten ­
cial com um a leitura crítica dos escritos antes de sua apresentação em juízo.
E em com plem ento e ratificação ao que foi escrito alhures, se a petição é simples, com ­
pacta e m enor — sem que isso comprometa sua qualidade —, certam ente os erros não 
ocorrerão com tanta freqüência, ainda que não haja garantia incondicional de que eles não 
acontecerão.
Notas
1 Associação dos Magistrados Brasileiros, 0 judici­
ário ao alcance de todos: noções básicas de juridiquês, 
Brasília: AMB, 2005, p. 4.
2 Disponível em: http://conjur.estadao.com.hr/ 
static/text/28861,1. Acesso em: 12 set. 2007.
3 Jaime Luiz Vicari, apud. "Juiz manda advogado 
adequar petição inicial em SC". Consultor Jurídi­
co, 31 mai. 2001. Disponível em: http://conjur. 
estadao.com.br/static/text/28861,1. Acesso em: 
23 jul. 2007.
4 Brasil, artigo 295, seção III, Lei n- 5.869, de 11 
de janeiro de 1973. Institui o Código de Proces­
so Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 17 jan. 
1973.
C a pítu lo 1 — O texto jurídico 9
5 Brasil, artigo 535, capítulo V, Lei na 5.869, de 11 
de janeiro de 1973. Institui o Código de Proces­
so Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 17 jan. 
1973.
6 Brasil, artigo 897, incluído em 12 de janeiro de 
2000, capítulo VI, Decreto-Lei n" 5.452, de l tt 
de maio de 1943. Consolidação das Leis do Tra­
balho. Diário Oficial da União, Brasília, 9 ago. 
1943.
7 Brasil, artigo 619, capítulo VI, Decreto-Lei na 
3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Pro­
cesso Penal. Diário Oficial da União, Brasília, 13 
out. 1941.
cn
£
3 CONSIDERAÇOES SOBRE
t A LINGUAGEM
Teoria da comunicação
A utilização da teoria da comunicação pelo bacharel em direito favorece a construção 
de um discurso forense mais eficaz, uma vez que, de posse do instrumental teórico, o reda­
tor visualizará em suas peças processuais os elementos necessários à elaboração de boa sus­
tentação.
Para iniciar o processo de compreensão do fenôm eno da comunicação e de como ele 
afetará o discurso jurídico, deve-se perceber que a comunicação não existe por si mesma, 
como algo separado da sociedade. Ela é um a necessidade básica do hom em , do ser social, e, 
como tal, comporta duas acepções: a de estabelecer relações entre os seres hum anos e a de 
transmitir mensagens com finalidades intencionais.
No direito, o texto jurídico é ferramenta de trabalho, por isso pode-se afirmar que a co­
m unicação é sempre estabelecida com um a finalidade.
Quando consideramos as várias teorias da comunicação, notamos diferenças no conceito 
de comunicação abordado por cada um a delas. A razão de tal diversidade consiste na própria 
complexidade do fenômeno, que abrange uma massa de variados domínios do conhecimento.
Já no scculo V antes de Cristo, Aristóteles, em seu estudo sobre a comunicação c a retóri­
ca, ressaltava que devemos olhar para três e lementos da comunicação: o emissor, o discurso 
e a audiência.
Hoje em dia, uma das mais interessantes conceituações de comunicação aparece nas 
palavras de David Berlo:
Firmamos a tese de que o homem deseja influenciar seu meio, seu próprio desenvolvimen­
to e o comportamento de outros. O hom em não é animal auto-suficiente. Precisa comunicar-se 
com outros, para os influenciar por meios que se ajustem aos seus propósitos. No comunicar, 
temos de fazer previsões sobre como outras pessoas se comportarão. Criamos expectativas a res­
peito dos outros e de nós mesmos. Podemos desenvolver estas expectativas ou previsões pelo 
aperfeiçoamento de nossa capacidade empática, de nossa capacidade de projetar-nos na persona­
lidade do outro. Podemos tentar interagir com outros. Já dissemos que a interação é o objetivo 
da comunicação.1
C a pítu lo 2 — Considerações sobre a linguagem 11
A maioria dos modelos atuais de comunicação são similares ao dc Aristóteles, embora 
u m pouco mais complexos. Um dos modelos contem porâneos mais usados foi elaborado, em 
1947, pelo matem ático Claude Shannon e pelo engenheiro eletricista W arren Weaver.
O modelo de Shannon e Weaver,2 que tinha po r princípio a tender às telecomunicações, 
constava dos seguintes elementos: fonte, transmissor, canal, receptor e destinatário.
Os estudiosos da comunicação e os lingüistas adaptaram -no e estabeleceram o modelo 
da figura abaixo:
Em linhas gerais, podemos afirmar que todo ato de comunicação é emitido por alguém 
e tem por escopo a transmissão de uma m ensagem que será decodificada por outrem . Po­
demos afirmar que um advogado, ao redigir u m a petição, deverá fazê-lo de forma clara, 
coerente c precisa,a fim dc que ela seja bem compreendida pelo destinatário, produzindo 
os resultados esperados.
Uma segunda constatação diz respeito ao sistema de sinais que constitui o código: este 
deve ter um a organização consistente, a fim de que a m ensagem — em nosso caso transm i­
tida pela peça processual — não perca a força em decorrência de falhas grosseiras, tais como 
erros gramaticais, que provarão a falta de diligência do advogado.
Um terceiro fator a ser considerado relaciona-se ao contexto. Embora haja conhecim en­
tos culturais com uns ao emissor e receptor, é necessário extremo cuidado para não supor 
que deles advirá o sentido do texto. Este deve ser uma unidade au tônom a, na qual clareza, 
coerência e precisão são qualidades necessárias à decodificação da mensagem.
Como pudem os constatar, a comunicação bem estruturada acom panhará o bom desem ­
p en h o do profissional do direito e se constituirá em discurso jurídico apropriado caso sejam 
utilizados conscientem ente os elementos com ponentes do processo.
Elementos da comunicação
A comunicação verbal é um processo dinâmico, em que ocorre a interdependência do 
emissor e do receptor. A interpretação, obtida por mecanismos de relação entre a palavra 
empregada, seu contexto e o m odo de articulação discursiva, precisa coincidir na transm is­
são c na recepção para que o nível básico de significado seja compreendido.
De forma resumida temos:
1. Quem diz: emissor, transmissor ou rem etente — aquele que emite a mensagem.
1 2 Parte I — A comunicação no texto jurídico
2. A quem diz: rcccptor ou destinatário — aquele que recebe a mensagem.
3. O que diz: m ensagem — o conjunto de informações transmitidas. Pode ser verbal 
(oral ou escrita) ou não verba! (abraço, beijo, sinais de trânsito).
4. Como se diz: código — o conjunto de sinais utilizados para a transmissão. Pode ocor­
rer por meio de signos (palavras) ou símbolos (a cruz, a bandeira etc).
5. Com o que se diz: veículo ou canal — o meio concreto pelo qual a m ensagem é 
transmitida. Pode ser natural, subdividido em visual (fumaça), auditivo (trovão) ou 
artificial (filme, gravação, Internet etc.).
6. Em que circunstância se diz: contexto — situação em que a m ensagem foi cons­
truída.
Aplicando esses e lem entos em um a petição inicial, por exemplo, teremos, conforme dis­
põe o artigo 282 do CPC,’ o seguinte:
1. Emissor: au tor da petição.
2. Receptor: o juiz ou o tribunal a que é dirigida a petição inicial.
3. Mensagem: o fato e seus fundam entos jurídicos, as provas, o pedido e suas especifi­
cações, a argum entação jurídica do pedido e o valor da causa.
4. Código: a linguagem empregada, passando pelo vocabulário, pelas regras da língua c 
pelo jargão técnico utilizado.
5. Canal: folha de papel.
6. Contexto: situação que fundam enta a elaboração da petição inicial.
A comunicação só será completa se todos os elementos que a com põem estiverem p re ­
sentes e, por isso, são todos igualmente importantes.
Requisitos para uma boa mensagem
A fragilidade da comunicação h u m a n a reside no caráter individual presente cm todas as 
fases do processo: a escolha do vocabulário, a organização das palavras em frases, a escolha 
do meio, a intenção e a finalidade.
No cam po do direito, se o texto jurídico contiver falhas, seja na má escolha do vocabu­
lário, seja na falta de conhecim ento lingüístico para a construção clara da mensagem, ele 
poderá ocasionar u m despacho desfavorável ou até m esm o ser considerado inepto.
Então, deve-se verificar se a mensagem:
1. está ajustada ao receptor;
2. tem conteúdo significativo;
3. apresenta sentido claro;
4. não é inconcludenie.
Linguagem e língua
Os dois conceitos — linguagem e língua — são usados hoje em dia de forma quase indis­
tinta. Há, porém, uma diferença fundam ental entre eles.
C a pítu lo 2 — Considerações sobre a linguagem 13
0 term o linguagem refere-se a uma capacidade genérica de atribuir significação a ele­
mentos, o que, segundo estudiosos, seria uma característica praticamente exclusiva aos seres 
hum anos.
Se tivéssemos de resumir em um a palavra a diferença entre comunicação hum ana e 
animal, a palavra Inovação ' seria um a boa escolha.
Cada vez que uma abelha comunica a localização de um suprim ento de néctar, está re­
petindo uma variante de uma m ensagem básica que já foi transmitida u m sem -núm ero de 
vezes entre as abelhas.
Entretanto, não é o que ocorre em relação à linguagem hum ana . Uma das características 
fundamentais do nosso uso da linguagem é a criatividade. Muitas das frases que ocorrem na 
comunicação entre os seres hum anos são novas e nunca ocorreram antes. O falante tem a 
capacidade de com preender e criar um núm ero ilimitado de frases que nunca ouviu antes: 
essa é a característica principal da linguagem dos homens.
Já o termo língua refere-se a um conjunto de regras pertencente a uma determinada 
comunidade. Assim, há a língua francesa, a inglesa, a portuguesa etc.
Sobre a existência de uma chamada 'língua brasileira', não há ainda — de acordo com 
estudos lingüísticos sérios defendidos por Celso Cunha e Barbosa Lima Sobrinho, entre o u ­
tros — indícios de que ela se configure como distinta da língua portuguesa. As variações no 
campo do vocabulário e cm algumas preferências estruturais (como o uso privilegiado no 
Brasil do pronom e 'você' em vez de ' tu ') não conceituam um a língua como diferente de 
outra. Um exemplo paralelo pode ser observado entre a língua inglesa falada na Inglaterra 
e a falada nos Estados Unidos.
Temos, portanto, que:
1. Linguagem: é a faculdade que o h o m e m possui de poder expressar seus p en sa ­
m entos. Envolve sons e sinais de que pode servir-se o hom em para transm itir suas 
idéias, sensações, experiências etc. Há a linguagem falada (sons vocais), a escrita 
(quando se utilizam letras), a mímica (quando em item -se gestos) e outras.
2. Língua: quando o complexo sistema de sons e sinais passa a ser um código e a per­
tencer a um determ inado povo, ele se constitui na língua. A língua é a linguagem 
articulada, atributo específico do ser hum ano .
Dialeto e registro
As situações lingüísticas são m uito complexas. Em u m panoram a sucinto, temos duas 
principais variações:
1. Dialeto: as variações de uso regional, que se verificam na entonação, no vocabulário 
c cm algumas estruturações sintáticas, caracterizando um a com unidade lingüística 
dentro de u m determ inado espaço geográfico.
2. Registro: as variações decorrentes de ajustes em função da situação contextual e 
do destinatário. Em conseqüência, podem os separar várias modalidades e níveis de 
língua: escrita, falada, jurídica, dos economistas, dos in ternautas etc.
1 4 Parte I — A comunicação no texto jurídico
As variações dc dialeto e registro costum am ser usadas para distinção social, qualificando 
os falantes de acordo com sua origem, grau de escolaridade, profissão etc.
Língua falada e língua escrita
A com panhe no Quadro 2.1. um a esquematização ampla sobre as diferentes modalidades 
e níveis da língua.
1. Falada vulgar: não existe preocupação com a norm a gramatical. É geralmente usada 
por pessoas que não tiveram n e n h u m tipo de alfabetização.
2. Falada coloquial despreocupada: é usada na conversação corrente, com gírias e 
expressões familiares, e há pouco policiamento gramatical.
3. Falada culta: há preocupação gramatical, sendo bastante utilizada cm sala de aula, 
reuniões, palestras, sem, no entanto , perder a naturalidade de expressão.
4. Falada formal: similar à escrita, e por isso soa artificial.
5. Escrita vulgar: utilizada por pessoas sem escolaridade, apresentando vários erros.
6. Escrita despreocupada: de caráter híbrido, utilizada por pessoas escolarizadas em 
situações que não exigem tanta atenção com relação

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