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Linguagem Jurídica
Prof. Luciana Fiamoncini Frainer
2019
Edição 1
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. Luciana Fiamoncini Frainer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
F812l
 Frainer, Luciana Fiamoncini
 Linguagem jurídica. / Luciana Fiamoncini Frainer. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2019.
 190 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0271-6
1. Direito - Brasil - Linguagem - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 340.14
III
apresentação
A Língua Portuguesa é um universo a ser explorado. Utilizada em 
todas as situações do cotidiano, é ela que faz com que sejamos seres sociáveis. 
A linguagem é o que nos faz humanos. Este material, Linguagem Jurídica, 
trará para você, acadêmico, um pouco mais do que é a língua portuguesa e 
de que maneira ela deve ser utilizada no meio jurídico. 
A linguagem jurídica possui muitas peculiaridades, como vocabulário 
específico, jargões e outras situações que fazem com que ela se torne objeto 
de estudos em inúmeras esferas do conhecimento. 
Neste material, você estudará algumas das principais regras que 
pautam o uso da linguagem jurídica e também terá disponíveis algumas 
dicas importantes relacionadas ao uso da linguagem jurídica nos aspectos 
oral e escrito, adequados a inúmeras situações do cotidiano.
Espero que com este material você consiga aprimorar o uso da nossa 
Língua Portuguesa adequando-a às mais inusitadas situações da esfera 
jurídica. Aproveite-o ao máximo, realize as autoatividades disponíveis e 
acesse as referências utilizadas. Assim, você potencializará ainda mais seu 
aprendizado. 
Tenha uma excelente jornada de estudos. 
Cordialmente, 
Luciana Fiamoncini Frainer.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 - COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS................................1
TÓPICO 1 - ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO ......................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 AFINAL, O QUE É COMUNICAR? ...............................................................................................3
2.1. O CONCEITO DE COMUNICAÇÃO ........................................................................................4
2.2. QUANDO E COMO SURGIU A COMUNICAÇÃO? .............................................................5
2.3. AS DIFERENTES MANEIRAS DE COMUNICAR ..................................................................7
2.3.1 Comunicação verbal .............................................................................................................7
2.3.2 Comunicação não verbal .....................................................................................................8
3 OS ELEMENTOS E AS CARACTERÍSTICAS DA (BOA) COMUNICAÇÃO .......................9
3.1. OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO .................................................................................9
3.2. CARACTERÍSTICAS DA BOA COMUNICAÇÃO E DO BOM COMUNICADOR ..........14
3.3. A EXCELÊNCIA NA COMUNICAÇÃO: COMO CONSEGUI-LA? ....................................17
4 A PALAVRA: MATÉRIA-PRIMA DA LINGUAGEM JURÍDICA ............................................19
4.1. O QUE É A PALAVRA, AFINAL? .............................................................................................20
4.2. O PODER DAS PALAVRAS ........................................................................................................21
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................24
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................25
TÓPICO 2 - O ESTILO JURÍDICO DE COMUNICAR ..................................................................27
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................27
2 AS FIGURAS DE LINGUAGEM NO DISCURSO JURÍDICO .................................................27
2.1. AS FIGURAS DE PALAVRAS .....................................................................................................27
2.2. AS FIGURAS DE PENSAMENTO .............................................................................................29
2.3. AS FIGURAS DE SINTAXE ........................................................................................................30
3. A ESTILÍSTICA DO TEXTO JURÍDICO .....................................................................................32
3.1. O ESTILO JURÍDICO DE ESCREVER ......................................................................................32
3.2. A RETÓRICA .................................................................................................................................36
4. VÍCIOS DE LINGUAGEM: A CORREÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA .........................38
4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS VÍCIOS DE LINGUAGEM ...............................................................39
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................40
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................42
TÓPICO 3 - REGRAS PARA A BOA COMUNICAÇÃO ...............................................................45
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................45
2 O CÓDIGO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA ..................................................45
2.1. REGRAS GERAIS .........................................................................................................................472.2. ACENTUAÇÃO ...........................................................................................................................48
2.3. HÍFEN ............................................................................................................................................49
3 ALGUNS TRATADOS SINTÁTICOS PARA A COMUNICAÇÃO .........................................49
3.1. CONCORDÂNCIA NOMINAL ................................................................................................50
3.2. CONCORDÂNCIA VERBAL .....................................................................................................53
3.3. REGÊNCIA NOMINAL ..............................................................................................................56
3.4. REGÊNCIA VERBAL ..................................................................................................................57
sumário
VIII
4 EXPRESSÃO CORPORAL: PARTE ESSENCIAL DA COMUNICAÇÃO ...............................60
4.1 SEU CORPO FALA ........................................................................................................................60
4.2 ENFRENTANDO O MEDO..........................................................................................................63
4.3 TÉCNICAS DE RELAXAMENTO ...............................................................................................64
4.4 DICAS PARA UMA BOA POSTURA NA HORA DE FALAR ................................................65
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................67
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................72
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................73
UNIDADE 2 - PRODUZIR E INTERPRETAR TEXTOS: CONSIDERAÇÕES ..........................75
TÓPICO 1 - DECODIFICANDO E INTERPRETANDO TEXTOS ...............................................77
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................77
2 A PRÁTICA DE LEITURA ................................................................................................................77
2.1 A MOTIVAÇÃO PARA LER .......................................................................................................79
2.2 OS TIPOS DE LEITORES .............................................................................................................80
3 NOÇÕES METODOLÓGICAS DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO .....................................82
3.1 É POSSÍVEL APRENDER A LER? ...............................................................................................86
3.2 VOCABULÁRIO TÉCNICO: COMO INTERPRETAR? ..........................................................87
3.3 A LEITURA DO PARÁGRAFO ...................................................................................................88
4 ESTRATÉGIAS DE LEITURA ..........................................................................................................89
4.1 SKIMMING E SCANNING .........................................................................................................89
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................91
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................92
TÓPICO 2 - A PRODUÇÃO DE TEXTOS POR ESCRITO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................95
2 LEITURA, ANÁLISE E PRODUÇÃO TEXTUAL: CONSIDERAÇÕES ..................................95
2.1 PARA ESCREVER É PRECISO ANTES APRENDER A LER ...................................................97
2.2 OS OBJETIVOS DA ESCRITA ......................................................................................................98
3 COESÃO E COERÊNCIA .................................................................................................................100
3.1 CONCEITO DE COESÃO .............................................................................................................100
3.2 A COESÃO NA PRÁTICA ...........................................................................................................103
3.3. CONCEITO DE COERÊNCIA ....................................................................................................106
3.4 A COERÊNCIA NA PRÁTICA ...................................................................................................107
3.4.1 Coerência semântica .............................................................................................................108
3.4.2 Coerência sintática ................................................................................................................109
3.4.3 Coerência estilística ..............................................................................................................109
3.4.4 Coerência pragmática ...........................................................................................................109
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113
TÓPICO 3 - A PRODUÇÃO DE TEXTOS ORAIS ..........................................................................115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
2 A ARGUMENTAÇÃO COMO RECURSO PERSUASIVO ........................................................115
2.1 A PERSUASÃO E A ARTE DO CONVENCIMENTO ..............................................................116
2.2 OS TIPOS DE ARGUMENTOS ....................................................................................................118
2.3 COMO SE DEVE FAZER UM DISCURSO ................................................................................119
3 A EXPRESSÃO ORAL COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO EFICAZ ....................................120
3.1 OS RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO ORAL ..............................................................................120
3.2 DICAS PARA UMA COMUNICAÇÃO ORAL EFICAZ .........................................................121
3.3 PRATICANDO O IMPROVISO ...................................................................................................122
IX
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................124
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
UNIDADE 3 - A COMUNICAÇÃO JURÍDICA ...............................................................................129
TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À COMUNICAÇÃO JURÍDICA ....................................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 O VOCABULÁRIO JURÍDICO .......................................................................................................131
2.1 OS JARGÕES JURÍDICOS ...........................................................................................................135
2.2 DICAS PARA AUMENTAR O VOCABULÁRIO .....................................................................1362.3 A ESTRUTURA FRÁSICA: CLAREZA NAS IDEIAS ..............................................................137
3 LINGUAGEM JURÍDICA .................................................................................................................139
3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A LINGUAGEM JURÍDICA .......................................................140
3.1.1 Vocábulos unívocos ..............................................................................................................140
3.1.2 Vocábulos equívocos ............................................................................................................140
3.1.3 Vocábulos análogos ..............................................................................................................140
3.1.4 Parônimos ..............................................................................................................................140
3.1.5 Arcaísmo ................................................................................................................................141
3.1.6 Estrangeirismos .....................................................................................................................142
3.1.7 Latinismos ..............................................................................................................................143
3.2 A ELOQUÊNCIA ..........................................................................................................................143
3.3 A SEMIÓTICA E SUA RELAÇÃO COM O DIREITO .............................................................144
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148
TÓPICO 2 - O DISCURSO JURÍDICO..............................................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 ENUNCIAÇÃO E DISCURSO JURÍDICO ....................................................................................149
2.1 O QUE É UM ENUNCIADO? ......................................................................................................150
2.2 DISCURSO DE DEFESA E DISCURSO DE ACUSAÇÃO .......................................................151
2.3 A TÉCNICA DA REFUTAÇÃO ..................................................................................................151
3 REDAÇÃO JURÍDICA ......................................................................................................................153
3.1 A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO .............................................................................................153
3.2 COMO REDIGIR UM BOM TEXTO JURÍDICO ........................................................................156
3.3 A ELABORAÇÃO DAS PEÇAS JURÍDICAS ............................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163
TÓPICO 3 ORATÓRIA FORENSE .....................................................................................................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 ASPECTOS LINGUÍSTICOS E REDACIONAIS DE PEÇAS JURÍDICAS ............................165
3 A ORATÓRIA FORENSE ..................................................................................................................169
3.1 A FORMAÇÃO DO ORADOR ....................................................................................................171
3.1.1 Modulação da voz ................................................................................................................171
3.1.2 Autoconfiança ........................................................................................................................172
3.1.3 Empatia ..................................................................................................................................172
3.1.4 Capacidade de síntese ..........................................................................................................172
3.1.5 Bom humor ............................................................................................................................173
3.1.6 O orador na tribuna e o uso do microfone ........................................................................173
3.2 A VOZ, A DICÇÃO E A PRONÚNCIA .....................................................................................176
3.3 INTENSIDADE, FLUTUAÇÃO, VELOCIDADE ......................................................................178
X
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................180
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................183
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................184
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................187
1
UNIDADE 1
COMUNICAÇÃO: A BASE DAS 
PRÁTICAS JURÍDICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o conceito de comunicação, bem como as diferentes maneiras de 
comunicar de acordo com a situação; 
• conhecer os elementos da comunicação, reconhecendo as características da boa 
comunicação e do bom comunicador a partir da sua aplicação nas práticas co-
tidianas; 
• reconhecer as figuras de palavras, de pensamento e de sintaxe envolvidas na 
produção textual jurídica, seja ela oral ou escrita; 
• conceituar a retórica, bem como os vícios de linguagem utilizados na lingua-
gem jurídica; 
• compreender o uso da acentuação, hifenização e demais regras da Língua Por-
tuguesa de acordo com o código ortográfico brasileiro; 
• aplicar concordância nominal, verbal e regência nominal e verbal quando no 
uso da Língua Portuguesa; 
• saber portar-se quando num discurso, com a consciência de que seu corpo fala;
• utilizar técnicas de relaxamento, bem como dicas para perder o medo de falar 
e para ter uma boa postura na hora de falar publicamente.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO 
TÓPICO 2 – O ESTILO JURÍDICO DE COMUNICAR
TÓPICO 3 – REGRAS PARA A BOA COMUNICAÇÃO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ELEMENTOS BÁSICOS DA 
COMUNICAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A comunicação não é algo desenvolvido há pouco tempo, nem menos novo 
para nós. Comunicar, mesmo que não através das palavras, é uma habilidade que 
já existe há milhares de anos, seja a partir de sinais, de grunhidos ou mesmo da 
arte rupestre. 
A comunicação é, teoricamente, a maneira que temos para nos relacionar 
com a sociedade de maneira geral, mas é preciso consciência para saber que, para 
cada ocasião, é necessário um estilo diferente de comunicar. Para o ambiente 
jurídico, não seria diferente.
Quando num contexto jurídico, algumas são as regras essenciais para que a 
comunicação se estabeleça de maneira eficaz. Para tanto, neste tópico, trabalharemos 
o que é a comunicação, seu conceito, quando surgiu e o que é preciso fazer para 
tornar-se um bom comunicador. Está pronto? Então, vamosadiante. 
2 AFINAL, O QUE É COMUNICAR? 
Parece muito fácil conceituar a palavra comunicação, mas para que 
possamos refletir acerca dos múltiplos significados da palavra, vamos ao 
dicionário: 
Comunicar (verbo transitivo)
1. Ação de dar a conhecer, divulgar ou informar; expor, noticiar ou 
veicular. Por exemplo: Vou comunicar a informação relevante aos 
encarregados de educação.
2. Colocar-se em contato ou relação com outrem; principiar 
comunicação com. Por exemplo: Vou comunicar com minha amiga. 
3. Atribuir passagem ou possuir conexão entre dois ou mais locais; 
interligar ou dar para. Por exemplo: o quintal comunica com a cozinha 
da casa.
4. Ato de transmitir ou contar alguma informação ou dado novo a 
alguém.
5. Ficar ou estar em comunicação ou contato com. 
6. Divulgar-se, espalhar-se ou transmitir-se. Por exemplo: comunique 
da mudança da data da reunião.
Sinônimos de Comunicar
advertir, avisar, conversar, discursar, enviar, expedir, exprimir, falar, 
informar, inteirar, intimar, legar, notificar, orar, remeter, transmitir 
(LÉXICO, 2018).
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
4
A partir de todas estas explicações, podemos chegar à conclusão de que 
são muitos os significados para a palavra comunicar, mas que todos eles têm algo 
em comum: a conexão com a sociedade. Nenhuma comunicação se efetiva se não 
tem o propósito de estabelecer um relacionamento, seja ele amistoso, de alerta, de 
advertência, por necessidade ou apenas para deleite. 
A seguir, trabalharemos mais aprofundadamente a temática que neste 
material queremos propor, que é a comunicação voltada ao aspecto jurídico. 
Vamos adiante. 
2.1. O CONCEITO DE COMUNICAÇÃO
Conceituar a comunicação, conforme já mencionamos, não é uma tarefa 
simples. Nesta seção, trabalharemos o conceito de comunicação mais aplicado 
à realidade atual: a transmissão de informações. Também focaremos no aspecto 
jurídico, que é o objetivo deste material. 
Observe a tirinha: 
FIGURA 1 - ESTUDAR DIREITO – CAMILO E ARMANDINHO
FONTE: <https://goo.gl/GMYkvb>. Acesso em: 20 dez. 2018.
Aqui, percebemos que ocorre uma falha na comunicação, quando 
Armandinho não compreende o sentido da palavra “direito”, dita por Camilo. 
Camilo se refere ao curso de Direito, mas Armandinho compreende que “estudar 
direito” significa estudar da maneira correta. 
Este é um dos muitos exemplos que poderíamos citar como problema na 
comunicação. De acordo com Berlo (1991), devemos pensar em todas as formas 
de comunicação, bem como em seus instrumentos de transmissão. Antes mesmo 
que possamos identificar todos eles, vários outros já serão criados neste espaço de 
tempo, tão rápida é a velocidade da comunicação.
Se analisarmos a tecnologia da comunicação, desde 1950 percebemos as 
inúmeras inovações que vêm ocorrendo. Basta que observemos a televisão e sua 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
5
evolução. Também os aparelhos de telefones celulares, que hoje se apresentam 
acoplados à mini câmeras e transmissores altamente sofisticados, o que nos 
permite conversar em tempo real com pessoas de qualquer parte do mundo. 
Berlo (1991) propõe que pensemos no tempo das cavernas. A comunicação 
de lá para cá mudou muito, pois mudou também a sociedade. Apesar de o 
objetivo principal permanecer o mesmo, a tecnologia que permeia este ambiente 
mudou de modo expoente. A sociedade precisa hoje da comunicação para tornar 
comum um conhecimento, divulgar uma informação, mostrar uma decisão, dar 
uma opinião, relatar um fato ou, em linhas gerais, passar uma mensagem.
Na época das cavernas, a comunicação era voltada ao relacionamento 
da tribo, para o mantimento das necessidades básicas, como a caça e a fuga dos 
predadores, entre outros. A comunicação, de acordo com Berlo (1991), afasta ou 
aproxima, provocando a reação do outro. 
Mas, afinal, qual é o conceito da comunicação aplicado à atualidade? 
Nos dicionários, como você pôde observar na seção anterior, existem inúmeros 
significados. A palavra comunicar vem da etimologia latina, a partir do termo 
comunicativo, e significa ação de comunicar, partilhar, dividir. 
A seguir, apresentamos o conceito que mais está de acordo com o que 
propomos neste material.
NOTA
A comunicação é o processo que envolve a transmissão e a recepção de 
mensagens que partem de um emissor (destinatário) a um receptor (remetente). As 
informações (mensagens) são transmitidas por intermédio de recursos físicos (fala, escrita, 
audição, visão, tato) ou de aparelhos tecnológicos (celulares, cartazes, e-mails). Estes são 
codificados pelo emissor e decodificados pelo receptor. 
2.2. QUANDO E COMO SURGIU A COMUNICAÇÃO?
Definir quando e como surgiu a comunicação é uma tarefa delicada, pois 
desde que existe a humanidade, existe alguma forma de comunicar. É fato que 
a comunicação surgiu por conta da necessidade de interação com o mundo. O 
ser humano necessita comunicar-se com o mundo que o rodeia, trocando ideias, 
expressando sentimentos ou adquirindo conhecimentos. 
Assim como foi evoluindo o homem, também evoluíram os meios de 
comunicação, e a partir da sua capacidade cerebral, eles foram ficando cada vez 
mais específicos para um determinado objetivo. Hoje em dia, além da comunicação 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
6
em tempo real, ainda temos a comunicação a partir de livros, e-mail, circulares, 
televisão, telefonia celular e inúmeros outros recursos.
Mas, voltemos às origens. De acordo com Tattersall (2006), os primeiros 
vestígios de comunicação surgiram há cerca de 20 mil anos, quando os homens 
faziam desenhos nas paredes das cavernas. Com os estudos posteriores, ficou 
comprovado que estes desenhos objetivavam retratar aspectos da vida cotidiana 
ou ainda retratar técnicas de caça. Este último registro tinha por intuito transmitir 
o conhecimento para as próximas gerações. 
Você sabia que as tintas usadas nas pinturas rupestres eram feitas com plantas, flores 
coloridas, terra e carvão e tinham uma alta durabilidade? No Brasil, ainda é possível ver os 
registros em cavernas de vários estados, mas as mais visitadas são em Minas Gerais e no Piauí.
NOTA
Depois da pintura rupestre, surgiram outros meios tecnológicos mais 
eficientes para registrar a escrita e conservá-la, como o papiro, a tinta, o grafite, 
o papel e todas as demais maneiras de comunicar que conhecemos hoje e ainda 
preservamos. Com o advento da tecnologia, telefones e internet tornaram a 
comunicação ainda mais eficaz. 
Observe a imagem a seguir: 
FIGURA 2 - A EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO
FONTE: <https://goo.gl/N6E1yE>. Acesso em: 28 nov. 2018.
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
7
Assim como mostra a imagem, podemos perceber que a comunicação 
evolui ao passo que evolui a tecnologia. De uma era de símbolos, hoje temos a 
informação que facilmente pode ser acessada a qualquer momento. Na próxima 
seção trabalharemos um pouco mais especificamente cada uma das maneiras de 
comunicar.
2.3. AS DIFERENTES MANEIRAS DE COMUNICAR
Como já mencionamos anteriormente, existem inúmeras maneiras de 
comunicar. Nesta seção, trabalharemos com algumas características de cada 
uma delas.
Vamos lá? 
2.3.1 Comunicação verbal
É a maneira mais convencional de comunicação entre pares, pois, por 
ser momentânea, pode transmitir ideias e pensamentos de qualquer nível de 
complexidade. A comunicação verbal é caracterizada pelo uso das palavras. 
Podemos classificar a linguagem verbal em dois tipos: 
• Escrita: esta maneira de se comunicar verbalmente é determinada pelo fato de 
que o receptor não está presente na conversa. Mesmo que haja interação, esta, 
na maioria das vezes, não é momentânea. Para este tipo de comunicação, deve-
se levar em consideração que o estilo da escrita deve estar alinhado ao objetivo 
da mensagem. 
• Oral: a comunicação oral, diferente da escrita, em sua maioria apresenta a interação 
imediata. Ela pode ocorrer independente do fato de o interlocutor estar no mesmo 
local, como é o caso deuma conversa por telefone. Para uma boa comunicação oral, 
é preciso estar atento à naturalidade e à objetividade da mensagem. 
FIGURA 3 - EXEMPLO DE LINGUAGEM VERBAL
FONTE: disponível em: <https://goo.gl/dAtn5x>. Acesso em: 28 nov. 2018.
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
8
A comunicação oral, por ser imediata (quando não se tratar de uma gravação, 
por exemplo), permite ao falante clarear a mensagem, esclarecendo certos mal-
entendidos que podem ocorrer no ato, diferente da escrita, que precisa ser muitíssimo clara 
para que o leitor não compreenda mal o que o escritor quis dizer. 
NOTA
A comunicação verbal eficaz ocorre de maneira passiva e ativa, sendo 
que a primeira ocorre quando recebemos a mensagem (lemos ou ouvimos) e a 
segunda ocorre quando emitimos a mensagem (escrevemos ou falamos).
2.3.2 Comunicação não verbal
Ao contrário da comunicação verbal, a comunicação não verbal é feita a 
partir de cores, gestos, códigos, imagens ou sons. A comunicação não verbal está 
presente no nosso dia a dia a partir de inúmeras manifestações, como semáforos, 
buzinas, sinais de trânsito e a Língua Brasileira de Sinais (Libras). 
FIGURA 4 - EXEMPLO DE LINGUAGEM NÃO VERBAL
FONTE: <https://goo.gl/ipEFd5>. Acesso em: 28 nov. 2018.
Caro acadêmico, independentemente da modalidade de comunicação 
escolhida, é primordial levar em consideração a assertividade da comunicação. 
Assim sendo, seja ela verbal ou não, é importante compreender que se não houver 
clareza, o objetivo não será cumprido. Na próxima seção, você conhecerá quais 
são os elementos da comunicação. Está pronto? Vamos lá. 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
9
3 OS ELEMENTOS E AS CARACTERÍSTICAS DA (BOA) 
COMUNICAÇÃO 
A comunicação precisa de alguns elementos para ser efetivada. Nesta 
etapa dos seus estudos, conheceremos cada um destes elementos e a sua função 
dentro do processo da comunicação. 
Vamos adiante. 
3.1. OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
De acordo com Vanoye (2003), temos alguns elementos que são primordiais 
para que o processo comunicativo se efetive. São eles o emissor, o receptor, o 
referente, o canal, o código e a mensagem. 
A partir de agora faremos uma análise detalhada de cada um destes 
elementos e sua função dentro do processo comunicativo. 
• EMISSOR: é aquele que codifica (ou transmite) a mensagem. Em um processo 
de escrita, por exemplo, o emissor é aquele que escreve. O emissor deve 
preocupar-se em transmitir a mensagem de uma maneira clara para facilitar 
o processo de interpretação do receptor. É representado no discurso pela 
primeira pessoa (eu/nós). 
• RECEPTOR: é aquele que decodifica (ou recebe) a mensagem. No mesmo 
processo de escrita, ele seria, por exemplo, aquele que lê a mensagem. A 
percepção do receptor faz toda a diferença quando se trata da decodificação da 
mensagem, pois é ele quem interpreta, colocando na mensagem a sua emoção. 
É representado no discurso pela segunda pessoa (tu) ou ainda pelos pronomes 
de tratamento (Vossa Excelência, você, Sua Santidade etc.).
Você conhece os pronomes de tratamento? Preparamos uma tabela para que 
você possa relembrá-los. 
PRONOMES DE TRATAMENTO.
DICAS
Vossa Alteza    V. A.   Duques e príncipes
Vossa Eminência V. Ema.(s) Cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) Bispos e sacerdotes
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) Altas autoridades
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) Reitores de universidades
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
10
FONTE: A autora (2018). 
Vossa Majestade V. M. Reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) Autoridades em geral
Vossa Onipotência V. O. Deus
• REFERENTE: é o popular “assunto”, ou seja, o objeto (ou a pessoa) do qual 
o emissor está falando. É representado no discurso pela terceira pessoa (ele, 
ela, eles, elas ou ainda pelos pronomes demonstrativos este, esta, esse, essa, 
aquele, aquela, isso, isto). 
• CANAL: é o meio que conecta o emissor ao receptor. O canal dependerá 
muito do código que for escolhido para a transmissão da mensagem. O canal 
pode ser físico ou psicológico, dependendo do tipo de comunicação efetivada. 
Como exemplo de canal físico indicamos o rádio, a televisão, o telefone, a 
carta, a internet. Como exemplo de canal psicológico indicamos as expressões 
corporais, as piscadas, os sorrisos.
• CÓDIGO: é o conjunto de signos que o emissor escolhe para transmitir a 
mensagem. O código tem estreita relação com o canal. Exemplos de códigos 
são o Morse, o alfabeto, as placas de trânsito, escrita braile e outros. 
• MENSAGEM: é o que se transmite de fato. Pode ser um aviso, uma notificação, 
uma notícia, um lembrete ou uma informação.
Para que você possa compreender o processo que desencadeia a 
comunicação, observe a imagem a seguir (Figura 5), que conecta todos os 
elementos da comunicação em seu funcionamento. 
Algo que deve ser enfatizado também é o fato de que há, no processo de 
comunicação, o uso das FUNÇÕES DA LINGUAGEM. As funções da linguagem 
são geradas por cada um dos elementos da comunicação. 
Mas em que consistem estas funções de linguagem? De acordo com 
Bechara (2009), as funções são o foco da mensagem em um dos seis elementos da 
comunicação que trabalhamos anteriormente. Cada uma delas, de acordo com o 
autor, possui características bem particulares.
Agora que você já sabe o que são as funções de linguagem, vamos à 
explicação detalhada de cada uma delas:
• Função Referencial ou Denotativa: esta função traz informações reais, que 
trazem ao leitor os fatos como eles são. 
o Por exemplo: os jornais e documentários sempre utilizam esse tipo de 
linguagem porque relatam situações que realmente ocorreram.
 o Foco: referente. 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
11
FIGURA 5 - FUNÇÃO REFERENCIAL
FONTE: <https://goo.gl/9iwpoG>. Acesso em: 20 nov. 2018.
• Função Emotiva ou Expressiva: essa função traz as emoções do emissor. 
É o tipo de função que explicita as opiniões e emoções de quem escreve a 
mensagem.
o Por exemplo: poemas ou textos de cunho literário ou poético, canções. 
o Foco: emissor. 
FIGURA 6 - FUNÇÃO EMOTIVA - AMOR ANTIGO, POEMA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
FONTE: <https://goo.gl/zWmXBt>. Acesso em: 20 nov. 2018.
O Amor Antigo
O amor antigo vive de si mesmo, 
não de cultivo alheio ou de presença. 
Nada exige nem pede. Nada espera, 
mas do destino vão nega a sentença. 
O amor antigo tem raízes fundas, 
feitas de sofrimento e de beleza. 
Por aquelas mergulha no infinito, 
e por estas suplanta a natureza. 
Se em toda a parte o tempo desmorona 
aquilo que foi grande e deslumbrante, 
o antigo amor, porém, nunca fenece 
e a cada dia surge mais amante. 
Mais ardente, mas pobre de esperança. 
Mais triste? Não. Ele venceu a dor, 
e resplandece no seu canto obscuro, 
tanto mais velho quanto mais amor. 
• Função Fática: tem por objetivo dar continuidade à conversa. Um dos seus 
principais detalhes é a repetição dos termos. 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
12
o Por exemplo: conversas ao telefone. 
o Foco: canal. 
FIGURA 7 - FUNÇÃO FÁTICA
FONTE: <https://goo.gl/GjF8Fi>. Acesso em: 20 nov. 2018.
• Função Conativa ou Apelativa: tem por objetivo influenciar o receptor a partir 
do apelo. 
o Por exemplo: propagandas de modo geral.
o Foco: receptor.
FIGURA 8 - FUNÇÃO CONATIVA
FONTE: <https://goo.gl/C78mdo>. Acesso em: 20 nov. 2018.
• Função Metalinguística: esta função de linguagem utiliza o código para 
explicar o próprio código. 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
13
o Por exemplo: dicionários da língua portuguesa, quando usamos palavras 
para explicar palavras.
o Foco: código
FIGURA 9 - FUNÇÃO METALINGUÍSTICA
FONTE: <https://www.dicio.com.br/conectar/>. Acesso em: 20 nov. 2018.
• Função Poética: esta função visa enfatizar a mensagem, ressaltando a maneira 
como ela é estruturada para dar ênfase ao seu significado. Quando o escritor 
escolhe a função poética, ele preocupa-semuito mais com as rimas, com a 
estrutura e com a imagem do que com as palavras em si. 
o Por exemplo: poemas. 
o Foco: mensagem.
FIGURA 10 - FUNÇÃO POÉTICA
FONTE: <https://goo.gl/pgygVD>. Acesso em: 20 nov. 2018.
Para compreender melhor esta estrutura, observe a figura a seguir: 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
14
FIGURA 11 - A COMUNICAÇÃO E SEUS ELEMENTOS
FONTE: <https://goo.gl/om3BUh>. Acesso em: 28 nov. 2018.
Agora que você já conhece todos os elementos da comunicação e já 
compreende as funções da linguagem que as cercam, vamos adiante. A partir de 
agora, estudaremos um pouco mais acerca das características da boa comunicação 
e do bom comunicador. 
Adiante! 
3.2. CARACTERÍSTICAS DA BOA COMUNICAÇÃO E DO 
BOM COMUNICADOR 
Antes de iniciarmos nossa conversa, leia atentamente os dois recados a 
seguir: 
• Recado 1: Amanhã vir uniformizados às 10h para a reunião no pátio da 
empresa com o diretor da ISO 9001. 
• Recado 2: Amanhã todos os funcionários deverão vir uniformizados para a 
reunião que ocorrerá às 10h, no pátio da empresa, com o diretor da ISO 9001. 
Ambos os recados trazem exatamente a mesma mensagem, mas se você 
notar, o recado de número 2 está mais claro, não é mesmo? Assim ocorre a 
comunicação. Quanto mais clara e organizada for a mensagem, menores são os 
possíveis problemas que isso pode causar. 
Comunicar-se, conforme já mencionamos, é essencial em todas as esferas 
da vida, seja na família, com os amigos ou para negócios. Na área jurídica, que 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
15
é o foco deste material, também. Trocando em miúdos, para que tenhamos bons 
relacionamentos interpessoais, devemos aperfeiçoar nossa conversação, porque a 
partir dela podemos tudo ganhar ou tudo perder. Isso é sério, não é?
ATENCAO
Você sabia que de acordo com o site da revista Exame, 57% dos projetos 
fracassam por causa da má comunicação entre as partes? 
Saber ouvir é tão importante (ou mais) do que saber falar. Buscar falar com 
espontaneidade traz um ambiente mais amigável e pode ser uma porta aberta 
para negociações ou amizades. Já uma conversa fechada, sem muita abertura, 
pode ser o desperdício de uma chance para quem sabe, futuros negócios. 
Conforme Maciel (2016, s.p.), “conversar é também uma arte. O tom 
de voz, os gestos, uma linguagem bem falada, com conteúdo e palavras bem 
pronunciadas, são fatores importantes em uma conversação”. Para uma pessoa 
que trabalha na área jurídica, especificamente, o sucesso depende de saber usar 
as palavras. 
Por mais que pareçam coisas sem importância, pequenos detalhes podem 
ser cruciais para causar uma boa impressão (ou não). Ainda de acordo com Maciel 
(2016), até mesmo o tom de voz que usamos revela nossa personalidade. Uma voz 
firme transmite muito mais confiança do que uma voz trêmula e insegura. 
Você deve estar se perguntando, acadêmico, o que, de fato, se caracteriza 
como uma boa comunicação e o que faz um bom comunicador, correto? Para que 
a comunicação seja eficaz, é preciso que a mensagem seja corretamente entendida 
pelo receptor e que de certa forma cumpra o que se propõe a fazer. 
Vamos a um exemplo: se um vendedor consegue convencer quem o está 
ouvindo a comprar um televisor em sua loja, a comunicação dele foi eficaz. Se 
os funcionários compareceram uniformizados e reuniram-se no pátio às 10h, a 
comunicação foi eficaz. 
Lembre-se: a comunicação não depende somente do emissor, mas também do 
receptor. 
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
16
Maciel (2016, s.p.) nos apresenta algumas dicas para sermos bons 
comunicadores, listando o que não devemos fazer quando conversamos. Estas 
dicas podem ser usadas em todas as esferas da comunicação. Vamos conhecê-las? 
O que devemos evitar durante a conversação, no que tange aos 
aspectos físicos: 
• Falar baixo ou alto demais.
• Falar rápido ou devagar demais.
• Fazer caretas, gaguejar ou balbuciar.
• Roer as unhas ou morder os lábios.
• Arrumar a roupa de outras pessoas.
• Bater nos ombros ou coçar a cabeça.
• Mascar chiclete. 
Devemos evitar também, no aspecto intelectual: 
• Ser indiscretos ou curiosos.
• Ser excessivamente francos. 
• Ser muito polidos ou muito descolados.
• Ficar em silêncio (o popular “dar vácuo”).
• Exibir nossas qualidades. 
• Interromper as pessoas no meio dos seus pensamentos. 
• Fazer fofocas ou comentários maldosos.
Ressaltamos que estas dicas são preciosas e se você conseguir evitá-las na 
hora da conversa, certamente será um bom comunicador. O excesso de franqueza, 
por exemplo, embora possa parecer politicamente correto, pode estar ligado à 
falta de educação e, de certa forma, afasta as pessoas de você. Já a sinceridade 
sim, esta é ligada ao raciocínio e ao bom caráter. 
Ao conversar, seja mais sincero do que franco. 
UNI
Outra observação que deve ser levada em consideração e que pode parecer 
inofensiva é prestar atenção somente ao que nos interessa. Ouça o que a pessoa 
está falando. É extremamente desagradável ouvir ao final da pergunta ou da frase 
as expressões “hum?” ou “desculpe?”. É claro que há casos em que realmente a 
audição possa ser prejudicada, como em uma festa, um local com muitas pessoas, 
mas não se justifica quando estiverem sentados no sofá de sua casa ou na mesa 
do escritório. Lembre-se de soltar o celular quando você conversa com as pessoas. 
Outra dica importante que se soma às anteriores: não chame de “querido”, 
de “amado”, de “meu bem” pessoas com quem você não tenha muita intimidade. 
Isso pode passar a imagem de que você está querendo “forçar a barra”. Com 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
17
quem não conhece, evite também ser aquela pessoa que só fala de tragédias, más 
notícias ou piadas sem graça. 
Maciel (2016) também ressalta que olhar nos olhos das pessoas com quem 
se fala demonstra consideração, e, assim como o saber ouvir, faz parte da regra de 
que é inaceitável deixar o interlocutor falando sozinho, e isso infelizmente ocorre 
muito. Se você olhar no olho, evita distrair-se. 
Lembre-se sempre: para ser um bom comunicador, use a regra do OPA: 
OUÇA quem está falando com PACIÊNCIA e preste ATENÇÃO no seu interlocutor. Assim, 
você não dará nenhuma bola fora. 
ATENCAO
3.3. A EXCELÊNCIA NA COMUNICAÇÃO: COMO 
CONSEGUI-LA? 
Conversamos bastante a respeito de como ser um bom comunicador, mas 
de que maneira conseguir a excelência? Ou seja, como podemos fazer para que 
nossa comunicação seja eficaz em mais de 90% das nossas empreitadas? 
Gross (2013) elenca algumas dicas de ouro para que possamos ter sucesso 
nas negociações a partir da comunicação. A seguir, selecionamos para vocês, 
acadêmicos, cinco destas dicas criadas pelo autor. Você perceberá que algumas 
delas muito têm a ver com o que já estudamos até agora. 
Está pronto? Vamos lá, então. 
QUADRO 1 – DICAS DE OURO PARA TER SUCESSO NAS NEGOCIAÇÕES A PARTIR DA 
COMUNICAÇÃO
Dica número 1: Fique atento ao perfil de quem receberá a mensagem.
Isso quer dizer que você precisa observar se a pessoa para quem você está 
transmitindo a mensagem irá compreender o que você vai dizer. Gross 
(2013) ainda ressalta que por mais que isso pareça óbvio, nem todos os 
comunicadores estão atentos a isso. Quer ver um exemplo? Quando um 
técnico de informática chega à sua casa para resolver um problema com seu 
computador e usa termos específicos, você provavelmente terá dificuldades 
em entender o que ele quer dizer, não é mesmo? Gross (2013) destaca que 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
18
isso não está atrelado à falta de capacidade, mas sim, à falta de vocabulário 
específico ou mesmo de conhecimento técnico. 
Dica número 2: Invista nas três esferas da comunicação
De acordo com pesquisas no laboratório de psicologia da UCLA 
(Universidade da Califórnia) citadas no livro de Gross (2013), a comunicação 
humana face a face é composta da seguinte maneira: 55% são mensagens 
não verbais, 38% acontecem pelo tom de voz e7% são verbais. Desta 
maneira, muitos comunicadores acabam pecando por focarem em apenas 
uma pequena parte desta composição (geralmente apenas nos 7% que 
correspondem ao verbal). A postura, o olhar, a roupa que você usa, o aperto 
de mão e outros detalhes são extremamente importantes ao comunicar. De 
acordo com Gross (2013, p. 13), “explorar as três esferas da comunicação 
aumenta a possibilidade de sermos bem-sucedidos e compreendidos em 
nossas mensagens”. 
Dica número 3: Saiba ouvir
Olha o que nos aparece novamente? Esta dica de ouro já foi mencionada 
anteriormente, em outra seção, não é mesmo? Assim, podemos ter ainda 
mais certeza de que a comunicação é eficaz quando o comunicador ouve 
com atenção. Ao afirmar que “durante uma conversa, quando você se 
silencia e escuta o outro de maneira focada, envia uma mensagem que é 
interpretada positivamente pelo receptor: ele me ouve, valoriza as minhas 
ideias, respeita e me considera como indivíduo” (GROSS, 2013, p. 44), o 
autor desconstrói a percepção comum que as pessoas têm de que quanto 
mais elas falarem e expuserem suas ideias, mais poder de influência elas 
terão. Resumindo: se você deseja ser um influenciador, deve interagir com 
as pessoas, e para isso é preciso fugir de monólogos. Lembre-se da regra do 
“OPA”: OUÇA quem está falando com PACIÊNCIA e preste ATENÇÃO no 
seu interlocutor. 
Dica número 4: Aposte na assertividade
Ser claro, objetivo e agir com sinceridade são características de quem é 
assertivo. A transparência, por mais que não pareça, é sim percebida por 
quem ouve. Lembre-se do que mencionamos anteriormente: ser sincero 
é diferente do que ser franco. Olhar para quem fala, manter um tom de 
voz firme e moderado são, de acordo com Gross (2013), características 
raras em quem comunica. O autor ainda afirma que muitas pessoas não 
são sinceras por terem medo das retaliações, mas se omitir por este medo 
causa mal à saúde. 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
19
Dica número 5: Use técnicas para aumentar o impacto da mensagem
Quando a mensagem é impactante, ela marca muito mais, não é mesmo? 
Quem se lembra da série de propagandas relacionadas ao “Se beber, não 
dirija”? O impacto é causado a partir do uso de técnicas. Os publicitários 
são a classe que mais utiliza esta técnica, e não é para menos, pois eles 
têm por objetivo vender ou divulgar produtos ou serviços, na maioria das 
vezes, tentando “seduzir” o leitor ou telespectador. Gross (2013) cita como 
algumas das táticas usadas por ele o uso de textos, fotos, símbolos, cores, 
formas e imagens que despertem a atenção do receptor. Quebrar o padrão 
da rotina também é algo que chama a atenção. Não caia na mesmice. Seja 
autêntico. Depois, observe sua “plateia”. Adéque sua linguagem. Observe se 
são jovens, se são idosos, se são policiais, se são professores, se são médicos, 
se são funcionários públicos, se são vendedores etc. Estimulá-los para 
descobrir os motivos que os fariam mudar de atitude é a chave. “Ofereça 
algo que lhe traga satisfação ou que possa resolver um problema que o 
aflige” (GROSS, 2013, p. 48). Para finalizar, basta colher o que você plantou. 
Pode ser conquistar um cliente, vender um carro, convencer alguém a parar 
de fumar, vender um projeto.[...] 
FONTE: Adaptado de Gross (2013)
Estas dicas foram valiosas, não é mesmo? Aproveite cada uma delas e não 
as deixe no papel. Coloque-as em prática. Você sentirá a diferença. 
Chegamos ao fim da seção 3. Mas ainda temos muito pela frente. Vamos 
lá? Fique firme e você aprenderá muitas técnicas interessantes. 
4 A PALAVRA: MATÉRIA-PRIMA DA LINGUAGEM JURÍDICA
Não é novidade afirmar que a palavra é a matéria-prima de quem trabalha 
na área jurídica, não é mesmo? Seja na escrita ou na fala, o bom uso delas é 
essencial para quem deseja ser bem-sucedido na carreira. 
Nesta última seção do Tópico 1, estudaremos o conceito e o uso das 
palavras de maneira a retirar delas a sua melhor essência. 
Vamos lá. 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
20
4.1. O QUE É A PALAVRA, AFINAL? 
Para que possamos iniciar, vamos a um poema.
As Palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
(ANDRADE, 1981, p. 89)
FONTE: ANDRADE, E. As palavras. In: ______. Poemas de Eugénio de Andrade: o homem, 
a terra, a palavra. Portugal: Seara Nova, 1981.
DICAS
Um poema não se explica, apenas se interpreta. A partir dele, você 
consegue perceber a complexidade das palavras, não é mesmo? Mas, afinal, qual 
é o conceito de palavra? 
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
21
PA. LA. VRA (nome feminino)
1. unidade linguística dotada de sentido, constituída por fonemas organizados numa 
determinada ordem, que pertence a uma (ou mais) categoria(s) sintática(s) e que, na escrita, 
é delimitada por espaços brancos; termo, vocábulo;
2. faculdade de falar;
3. doutrina, ensinamento;
4. promessa verbal;
5. sentença;
6. expressão conceituosa;
7. opinião, parecer;
8. afirmação;
9. recado, mensagem;
10. exortação, discurso;
11. permissão de falar.
FONTE: <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/palavritas>. Acesso em: 
20 nov. 2018. 
NOTA
Palavras são elementos que, organizados, podem construir ou desconstruir, 
dependendo do ponto de vista de quem as emite e de quem as recebe. Basta ter o 
discernimento de que elas precisam ser bem escolhidas, sempre de acordo com o 
objetivo da comunicação. Definir palavra não é, portanto, algo que se possa fazer, 
mas, certamente, os resultados dos seus usos dependem das escolhas feitas. 
4.2. O PODER DAS PALAVRAS
Nesta seção, acadêmico, focaremos no poder das palavras. Teremos, a 
partir de agora, a possibilidade de explorar um pouco mais a força que as palavras 
têm para construir ou desconstruir, conforme já mencionamos anteriormente. 
Dizer coisas sem pensar é algo comum do ser humano. Quem nunca disse 
algo de que tenha se arrependido profundamente logo em seguida? As consequências 
geradas por palavras ou expressões mal formuladas podem ser devastadoras, 
dependendo da situação em que são proferidas. Além de ofender pessoas, elas 
podem afetar relacionamentos e até mesmo levar quem as disse ao fundo do poço 
com a perda de empregos ou, no caso da linguagem jurídica, de causas. 
O momento da fala é por vezes muito mais rápido do que nossos 
pensamentos. Observe a tirinha: 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
22
FONTE: <https://goo.gl/UCaxgZ>. Acesso em: 29 nov. 2018.
Na tira, a resposta de Linus é dita sem pensar, situação que o próprio 
menino percebe quando sai correndo da irmã Lucy, que joga a almofada em 
cima dele. Quando ele afirma “a boca é mais rápida que o cérebro”, ele toma 
consciência de que sua resposta à irmã não foi conveniente para o momento. Para 
que situações como a de Linus não ocorram, alguns cuidados podem ser tomados. 
Vamos conhecê-los? 
• Pense antes de falar:
 
Este é um dos maiores causadores de problemas, seja em família, entre 
amigos, no trabalho ou mesmo em relacionamentos. A raiva, a emoção negativa 
ou mesmo o nervosismo, em determinados momentos, nos tomam conta e nos 
“sequestram” de nós mesmos, fazendo com que nosso sistema nervoso autônomo 
aja sem nosso consentimento e reflita isso nos atos e palavras que proferimos. 
Aquela velha regrinha de “conte até dez quando estiver nervoso” é preciosa, 
pois na verdade, é o tempo que precisamos para conseguirmos voltar à nossa 
consciência antes de proferirmos qualquer palavra sem que estejamos conscientes 
dela. Gerir as emoções é fundamental. 
 
FIGURA 12 - PENSE ANTES DE FALAR
TÓPICO 1 | ELEMENTOS BÁSICOS DA COMUNICAÇÃO
23
• Como você diz é tão importante quanto o que vocêdiz: 
 
É muito comum ouvir a seguinte expressão: “você pode dizer tudo o que 
quiser, mas depende da maneira como você fala”. Cuidar com a maneira como as 
coisas são ditas não quer dizer que você deva deixar de expressar suas opiniões, 
mas sim, que precisa saber como dizer sem magoar ou ofender a outra pessoa. 
Você pode fazer uma crítica, por exemplo, ajudando uma pessoa a melhorar ou 
colocá-la no fundo do poço apenas a partir da maneira como você diz a mesma 
coisa. Lembre-se: o que determina que uma crítica seja construtiva ou destrutiva 
é como você a faz. Aqui também entram o tom da voz e o saber silenciar. Nem 
sempre a pessoa com quem você vai falar está pronta para ouvir. Por vezes, o 
mais sábio a fazer é apenas calar-se.
 
• Corrija com calma: 
Se a sua correção for necessária, seja discreto. Jamais corrija alguém em 
público ou em voz autoritária. Sempre se coloque na posição de igualdade para 
fazê-lo e certamente você será muito melhor ouvido. Ninguém gosta de críticas ou 
correções, lembre-se disso. Isso serve para filhos, cônjuge, um colega de trabalho, 
o chefe, um funcionário seu, pedestres, ciclistas ou motoristas irregulares, alunos, 
enfim. Use esta regra para toda e qualquer correção que precise ser aplicada. 
Certamente a partir destas dicas, você conseguirá controlar a sua maneira 
de usar as palavras e fará com que elas tenham muito mais poder. 
Chegamos ao fim da Unidade 1. Vamos agora ao resumo para relembrar 
o que você estudou neste tópico. 
Até breve.
24
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A comunicação existe desde que existe a humanidade. 
• São muitos os significados para a palavra comunicar, mas todos elas têm algo 
em comum: a conexão com a sociedade.
• A comunicação surgiu por conta da necessidade de interação com o mundo.
• Comunicação verbal é a maneira mais convencional de comunicação entre 
pares, e usa a palavra como matéria-prima. Divide-se em escrita e oral. 
• Comunicação não verbal utiliza sinais, cores, buzinas, como em placas de 
trânsito, por exemplo. 
• São elementos da comunicação o emissor, o receptor, o referente, o canal, o 
código e a mensagem. 
• As funções de linguagem são a Referencial ou Denotativa; a Emotiva ou 
Expressiva; a Fática; a Conativa ou Apelativa; a Metalinguística e a Poética, e 
cada uma delas faz referência a um dos elementos da comunicação. 
• O bom comunicador é aquele que sabe dosar bem as palavras e a postura.
• As dicas de ouro, quando seguidas, podem ajudá-lo a tornar-se um comunicador 
exemplar. 
• Ao conversar, devemos ser mais sinceros do que francos. 
• A palavra é a matéria-prima de todo comunicador.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
1 De acordo com o conceito de comunicação, assinale com V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas. 
( ) Comunicar é apenas colocar-se em contato ou em relação com outrem.
( ) Comunicar não pode ser considerado sinônimo de avisar. 
( ) Comunicar apresenta múltiplos significados. 
( ) A comunicação eficaz depende tanto do emissor quanto do receptor. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) V – F – F – V. 
b) ( ) F – V – V – F. 
c) ( ) V – V – F – F. 
d) ( ) F – F – V – V. 
2 Quanto aos elementos da comunicação, assinale de acordo com o código.
A – Emissor. 
B – Receptor.
C – Canal. 
D – Código. 
E – Referente. 
F – Mensagem. 
( ) é aquele que decodifica (ou recebe) a mensagem;
( ) é o popular “assunto”;
( ) é aquele que codifica (ou transmite) a mensagem;
( ) é o meio que conecta o emissor ao receptor;
( ) é o que se transmite de fato; 
( ) é o conjunto de signos que o emissor escolhe para transmitir a mensagem.
Agora, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) B – F – C – D – A – E. 
b) ( ) B – E – A – C – F – D. 
c) ( ) E – A – C – F – D – B. 
d) ( ) A – E – C – B – D – F. 
3 Sobre as regras para tornar-se um bom comunicador, assinale a alternativa 
CORRETA: 
a) ( ) Para o bem comunicar, falar muito e em tom alto é um elemento 
importante. 
AUTOATIVIDADE
26
b) ( ) Para o bem comunicar, não se deve usar imagens em sua apresentação. 
c) ( ) Para o bem comunicar, o que é mais importante é a roupa do 
comunicador. 
d) ( ) Para o bem comunicar, saber ouvir é um dos elementos mais importantes. 
4 De acordo com as características da comunicação, analise as sentenças a 
seguir: 
I- As placas de trânsito são todas verbais. 
II- Um semáforo é um exemplo de linguagem não verbal. 
III- Uma bula de remédios é um exemplo de linguagem verbal. 
IV- Braile é linguagem verbal. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. 
b) ( ) As sentenças II e III estão corretas. 
c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. 
d ) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 
5 De acordo com o surgimento da comunicação, assinale com V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas. 
( ) A comunicação surgiu em 2000 a.C. 
( ) Existe uma data exata para o surgimento da comunicação. 
( ) A comunicação existe desde que existe a humanidade. 
( ) Desde os primórdios a comunicação é baseada nas palavras. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) F – F – V – F. 
b) ( ) V – F – V – F. 
c) ( ) F – V – F – V. 
d) ( ) V – V – F – V.
27
TÓPICO 2
O ESTILO JURÍDICO DE 
COMUNICAR
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, seja bem-vindo ao novo tópico do seu material de Linguagem 
Jurídica. Você já deve ter percebido que nesta primeira unidade trabalharemos 
algumas regras gerais da comunicação, para que depois possamos entrar mais 
especificamente na linguagem jurídica. 
Neste tópico, abordaremos as figuras de linguagem utilizadas na língua 
portuguesa e que são amplamente utilizadas na linguagem jurídica. Vamos 
conhecê-las? 
2 AS FIGURAS DE LINGUAGEM NO DISCURSO JURÍDICO
As figuras de linguagem, como são chamadas no Brasil, são algumas 
estratégias aplicadas, pelo escritor, ao texto para conseguir diferentes efeitos na 
interpretação. Elas podem, de acordo com Bechara (2009), ser de ordem semântica, 
fonológica ou sintática, por isso, dividem-se em figuras de palavras, figuras de 
pensamento e figuras de sintaxe. 
As figuras de linguagem são amplamente utilizadas no cotidiano das 
pessoas e na literatura. A seguir, estudaremos uma a uma, de acordo com a sua 
classificação. Vamos adiante. 
2.1. AS FIGURAS DE PALAVRAS
Também chamadas de figuras de semântica, elas são oito: metáfora; me-
tonímia; comparação ou símile; perífrase ou antonomásia; sinestesia; sinédoque; 
alegoria e catacrese. Vamos agora estudá-las e exemplificá-las uma a uma: 
• Metáfora: ocorre quando há a comparação implícita de dois elementos que 
tenham características em comum. A comparação deve ser subentendida. 
Exemplos de metáfora:
− Aquela cena era um filme de guerra (Aquela cena era como um filme de guerra 
– a comparação está subentendida). 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
28
− Mariana é uma flor. 
− Hoje ela acordou uma pimenta. 
• Metonímia: ocorre quando há a substituição de uma palavra por uma de 
sentido próximo. Pode ser dito o efeito no lugar da causa, a parte no lugar do 
todo, a marca no lugar do produto, o autor no lugar da obra. 
Exemplos de metonímia:
− Ela comprou um Omo® (na verdade, ela comprou sabão em pó da marca 
Omo®). 
− Ontem eu li Casimiro de Abreu (na verdade, eu li o livro escrito por Casimiro 
de Abreu).
• Comparação: como o próprio nome já sugere, é a comparação explícita entre 
dois elementos. Sempre deve haver um conectivo comparativo (como, tal qual, 
que nem) para que esta figura de palavra ocorra. 
Exemplos de comparação:
− Paula é ágil como um foguete. 
− Ela é linda que nem a mãe. 
− Os garotos jogam tal qual o treinador orientou. 
• Perífrase: ocorre quando aparece uma expressão simbólica que indique, de 
maneira indireta, algo que poderia ser diretamente dito com poucas palavras. 
Exemplos de perífrase:
− O rei da selva é feroz (rei da selva = leão).
− Faz frio na terra da garoa (terra da garoa = São Paulo). 
• Sinestesia: Ocorre quandodo texto misturam-se as sensações expressas pelos 
sentidos humanos (tato, olfato, paladar, audição e visão). 
Exemplo de sinestesia:
− Ouvi os amargos gemidos de socorro (ouvir – audição; amargo – paladar). 
− Senti o cheiro doce do seu perfume (cheiro – olfato; doce – paladar). 
− Pude ver as macias nuvens no céu (ver – visão; macias – tato).
 
• Sinédoque: é caracterizada pela substituição de um termo por outro que pode 
ou ampliar ou reduzir seu sentido. O termo referido pode ser o singular ao 
invés do plural, a classe ao invés do indivíduo ou a parte no lugar do todo. 
Exemplo de sinédoque:
− A mulher é um ser delicado (generaliza as mulheres). 
− O baiano adora acarajé (generaliza os baianos). 
− Os professores gostam das férias (generaliza os professores). 
− O homem é um ser pensante (generaliza o homem). 
• Alegoria: Trata-se de um conjunto criado para transmitir uma mensagem de 
maneira figurada. 
TÓPICO 2 | O ESTILO JURÍDICO DE COMUNICAR
29
Exemplo de alegoria:
− Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
− Quem não tem cão, caça com gato. 
• Catacrese: Ocorre quando se utiliza uma palavra para nomear outra coisa 
porque, para este, não há nome específico. 
Exemplo de catacrese:
− Machucou a batata da perna.
− Queimou o céu da boca. 
− Quebrou o bico do bule.
2.2. AS FIGURAS DE PENSAMENTO 
São construções usadas para que a expressividade da mensagem seja 
enfatizada. Elas são oito: antítese; apóstrofe; eufemismo; gradação; hipérbole; 
ironia; paradoxo e prosopopeia. Elas podem causar emoção a partir da alteração 
do sentido semântico da frase. 
• Antítese: caracteriza-se pela aproximação de conceitos contrários. 
Exemplo de antítese:
− Prometo-te ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. 
− Dias e noites passo me martirizando. 
• Apóstrofe: ocorre quando o emissor chama uma pessoa ou algo personificado, 
criando uma conexão. 
Exemplo de apóstrofe:
− Ei, senhor, aqui está seu chapéu. 
− Moça, não se apresse. Ainda está cedo.
 
• Eufemismo: ocorre quando usamos uma palavra para suavizar um termo que 
pode ser desagradável, polêmico ou impactante. 
Exemplo de eufemismo:
− Ele partiu desta para uma melhor (ao invés de falar a palavra “morreu”). 
− Ela não atingiu a média esperada (ao invés de usar a palavra “reprovou”). 
• Gradação: ocorre quando há um encadeamento crescente ou decrescente de 
ideias que suaviza ou intensifica uma mensagem. 
Exemplo de gradação:
− Te darei a mão, um abraço, um beijo, minha vida. 
− Nós nascemos, crescemos, evoluímos e morremos. 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
30
• Hipérbole: ocorre quando há exagero na mensagem, propositalmente. 
Exemplo de hipérbole:
− Morri de rir com sua risada. 
− Já repeti um milhão de vezes. 
• Ironia: ocorre quando se transmite intencionalmente o contrário do que se 
quer, satirizando uma pessoa ou situação. 
Exemplo de ironia:
− Que maravilha! Saiu a energia mais uma vez. 
− Parabéns, você conseguiu destruir a festa. 
• Paradoxo: é também chamado de oximoro e ocorre quando há a associação de 
dois conceitos que se contradizem.
Exemplo de paradoxo:
− Eu sonho acordada com esse momento. 
− Este fogo não me queima. 
• Personificação: também chamada de prosopopeia, ela ocorre quando se dá 
características humanas a seres inanimados ou irracionais. 
Exemplo de personificação:
− O vento assobiava alegre. 
− As árvores choravam pelo calor intenso. 
2.3. AS FIGURAS DE SINTAXE 
Também são conhecidas como figuras de construção. As principais são 
nove: pleonasmo; anáfora; anacoluto; elipse; zeugma; assíndeto; polissíndeto; 
hipérbato e silepse. Elas enfatizam o aspecto sintático e provocam mudanças na 
estrutura da oração. 
• Pleonasmo: também chamado de redundância, ocorre quando usamos 
excessivamente palavras que por vezes não são necessárias. 
Exemplo de pleonasmo:
− Ela gritou alto seu nome. 
− Ele morreu de morte natural. 
− O pássaro saiu pra fora assim que abrimos a janela. 
• Anáfora: mais comum na linguagem literária, ocorre quando repetimos uma 
ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos.
TÓPICO 2 | O ESTILO JURÍDICO DE COMUNICAR
31
Exemplo de anáfora:
− Eu te amo, eu te quero aqui; eu te odeio, eu quero que partas daqui. 
− Ela é guerreira, ela é uma deusa, ela é mulher de verdade. 
• Anacoluto: ocorre mais na fala, quando ocorre uma interrupção para antecipar 
um termo que seria dito depois, desconectando-o da oração. 
Exemplo de anacoluto:
− Mulheres? Ame-as ou deixe-as. 
− Eu, quando chego, você me enche de carinho. 
• Elipse: ocorre mais na fala e se caracteriza pela omissão de um termo da 
oração, mas isso não prejudica a compreensão da frase.
Exemplo de elipse do sujeito:
− Na minha estante, livros de todos os tipos (termo omitido: havia). 
− Não fosse você, eu não teria conseguido (termo omitido: se). 
• Zeugma: é a omissão de algum termo da oração já citado anteriormente sem 
prejudicar a compreensão da frase. 
Exemplo de zeugma:
− Meu pai gosta de Caetano Veloso, minha mãe, de Roberto Carlos. 
− Eu tomo açaí e meu marido, sorvete. 
• Assíndeto: ocorre quando há ausência de conectores para ligar as palavras ou 
frases. 
Exemplo de assíndeto:
− Gosto de comer frutas: maçãs, bananas, laranjas, abacaxis, todas. 
− Ela dança, canta, desenha, pinta... que mais lhe falta? 
• Polissíndeto: ocorre quando há uso excessivo de conectores para ligar as 
palavras ou frases. 
Exemplo de polissíndeto:
− Gosto de comer frutas: maçãs e bananas e laranjas e abacaxis e todas. 
− Ela dança e canta e desenha e pinta... que mais lhe falta? 
• Hipérbato: ocorre quando há uma inversão brusca da colocação natural das 
palavras da sentença, trocando a ordem das mesmas. 
Exemplo de hipérbato:
− Cantavam ciranda meus filhos no parque (Meus filhos cantavam ciranda no 
parque). 
− Tranquila dormia minha esposa (Minha esposa dormia tranquila). 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
32
• Silepse: ocorre quando há uma concordância ideológica e não uma 
concordância gramatical. A concordância se dá de acordo com a ideia que se 
pretende transmitir. 
Exemplo de silepse:
− São Paulo é cheia de mistérios. 
− A população chegou agitada e levavam cartazes. 
3. A ESTILÍSTICA DO TEXTO JURÍDICO 
Agora que você conhece as principais figuras de linguagem e como elas 
são utilizadas, vamos compreender um pouco mais acerca do estilo jurídico de 
escrever. Cada esfera de atuação utiliza-se de conhecimentos específicos para que 
sua comunicação seja mais assertiva. 
Não é diferente quando se trata da linguagem jurídica. Nesta etapa de 
estudos, faremos a análise do estilo jurídico de escrever, fazendo da maneira 
mais prática possível para que você, acadêmico, possa absorver ao máximo deste 
conteúdo. 
Vamos adiante? 
3.1. O ESTILO JURÍDICO DE ESCREVER 
Escrever textos é uma grande responsabilidade. Trabalhar com textos 
jurídicos mais ainda. Por ser uma área que não pode permitir ambiguidades, a 
responsabilidade ao escrever de maneira a ser bem compreendido é imensa. As 
pessoas que trabalham na área jurídica, como os juízes, promotores, procuradores 
e advogados, possuem importantes destinatários, por isso, tanto eles quanto a 
população necessitam compreender o que se quer dizer. 
Na linguagem jurídica, há o que se costuma chamar de “juridiquês” ou 
“estilo jurídico”, que nada mais é do que o estilo de escrever mais rebuscado ou 
difícil de compreender. De acordo com Maciel (2007), isto é uma característica da 
linguagem jurídica no Brasil. 
Ainda de acordo com o autor, são comuns, especificamente, três usos que 
não soam nada naturais na língua portuguesa. Estes galicismos (usos franceses 
trazidos para a língua portuguesa) poderiam ser substituídos por termos de mais 
fácil compreensão. São eles: 
• o uso de “em se tratando”, “em havendo” e semelhantes. De acordo com Maciel 
(2007), os franceses escreveriam desta maneira, mas em língua portuguesa não 
é necessário usar o “em” antes de gerúndio;
TÓPICO 2 | O ESTILOJURÍDICO DE COMUNICAR
33
• o uso do verbo restar nas seguintes construções: “restou provado”; “restou 
decidido” e semelhantes. Esta é uma tradução literal do francês “rester”, que 
para nós seria o mesmo que dizer “ficou” provado, “ficou” decidido;
• o uso de “parte integrante”, como em “o anexo é parte integrante do contrato”. 
De acordo com Maciel (2007), os franceses usavam esta formação. Não é 
necessário ser redundante. Na língua portuguesa, podemos usar “o anexo 
integra o contrato” ou “o anexo é parte do contrato”. 
O autor trata do assunto de maneira descontraída (Figura 13), fazendo 
uma espécie de brincadeira com os exageros utilizados, mas de certa maneira 
chama a atenção para que, mesmo dentro do ambiente jurídico, a linguagem a 
ser utilizada seja o mais simples possível para atender ao que já mencionamos 
anteriormente: o que está escrito deve ser acessível a todos. 
FIGURA 13 - PRESO OU SOLTO?
FONTE: <https://goo.gl/5WaAg4>. Acesso em: 20 nov. 2018.
Em algumas situações, o excesso de rigor formal pode ser considerado 
uma demonstração exagerada de respeito que, por vezes, não se faz necessária. 
Em 11 de agosto de 2005 a AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros lançou 
a “Campanha pela Simplificação da Linguagem Jurídica”. Esta campanha tem 
por objetivo incentivar os profissionais do Direito a usarem uma linguagem mais 
objetiva e simples, 
Junto à campanha lançou-se o livreto O Judiciário ao alcance de todos: noções 
básicas de juridiquês. O livreto traz como início um pequeno texto intitulado 
Entendeu? O objetivo do livreto é mostrar que a simplificação da linguagem 
jurídica é importante para que todos possam compreender. 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
34
Veja o texto: 
Entendeu?
Diagnosticada a mazela, põe-se a querela a avocar o poliglotismo. A solvência, 
a nosso sentir, divorcia-se de qualquer iniciativa legiferante. Viceja na dialéti-
ca meditabunda, ao inverso da almejada simplicidade teleológica, semiótica e 
sintática, a rabulegência tautológica, transfigurada em plurilinguismo ululante 
indecifrável. Na esteira trilhada, somam-se aberrantes neologismos insculpi-
dos por arremedos do insigne Guimarães Rosa, espalmados com o latinismo 
vituperante. Afigura-se até mesmo ignominioso o emprego da liturgia instru-
mental, especialmente por ocasião de solenidades presenciais, hipótese em que 
a incompreensão reina. A oitiva dos litigantes e das vestigiais por eles arroladas 
acarreta intransponível óbice à efetiva saga da obtenção da verdade real. Ad 
argumentandum tantum, os pleitos inaugurados pela Justiça pública, precei-
tuando a estocástica que as imputações e defesas se escudem de forma ininteli-
gível, gestando obstáculo à hermenêutica. Portanto, o hercúleo despendimento 
de esforços para o desaforamento do “juridiquês” deve contemplar igualmen-
te a magistratura, o ínclito Parquet, os doutos patronos das partes, os corpos 
discentes e docentes do magistério das ciências jurídicas. (ASSOCIAÇÃO DOS 
MAGISTRADOS BRASILEIROS, 2007, p. 4).
Percebeu a complexidade do texto? É claro, acadêmico, que aqui foi 
utilizada uma maneira exagerada justamente para enfatizar o que se pretende, 
que é o uso da linguagem prolixa. Não é difícil ler um texto da área jurídica e 
associá-lo ao arcaísmo. 
O propósito principal da comunicação, como já mencionamos no tópico 
anterior, é transmitir uma mensagem a partir da sua matéria-prima, que é a 
palavra. Por este motivo, é necessário cuidar com o que escrevemos para que 
sejamos entendidos. 
Maciel (2007, s.p.) aponta que a frase é um dos “galhos da árvore textual, 
cujo fruto é a comunicação”. Quanto mais longa, mais fácil de quebrar. Utilize esta 
analogia também para os textos. As frases curtas permitem melhor concatenação 
de ideias, facilitando o ato de escrever (e de ler, com certeza). 
Não é preciso dizer que para que isso se concretize, a clareza e a 
objetividade devem ser grandes aliados na linguagem jurídica, não é mesmo? 
Elencamos, a seguir (Quadro 2), algumas dicas para aprimorar a escrita dos seus 
textos e não os deixar prolixos. Vamos a elas: 
QUADRO 2 – DICAS DE ESCRITA
1. Dominar o português: o conhecimento gramatical deve ser o primeiro 
passo para quem deseja escrever textos jurídicos. Além de ser o mínimo que 
se espera em um texto jurídico, demonstra confiabilidade. 
2. Ser objetivo: evite a repetição de ideias ou palavras. Ler peças de Direito 
é difícil, porque muitos operadores jurídicos acreditam que o tamanho 
importa, mas na verdade o ideal é que se entregue todas as informações 
necessárias no primeiro momento.
TÓPICO 2 | O ESTILO JURÍDICO DE COMUNICAR
35
3. Ser claro: manter uma linha lógica de raciocínio é o que confere coesão ao 
texto. Na conclusão, retome brevemente o que foi debatido, assim, a coesão 
estará garantida do início ao final. 
4. Escolher bem o vocabulário: usar verbos fortes quando o texto tiver 
o objetivo de convencer é a chave. Evitar adjetivos, advérbios e outras 
expressões vagas também é aconselhado. 
5. Deixar a erudição de lado: utilize palavras conhecidas. Considerar o 
público-alvo quando for escrever um texto é o mais adequado. Em linhas 
gerais, deve-se atender desde o Ministério Público até a população. 
6. Alternar a extensão das frases: Procure alternar as sentenças de tamanhos 
diferentes para dar mais fluidez à leitura. Em linhas gerais: a frase curta 
entrega a informação, e a longa a desenvolve.
7. Planejar a escrita do texto: faça um rascunho, crie tópicos com todos os pon-
tos a serem abordados. Na hora de escrever, isso o ajudará a manter o raciocínio. 
8. Destacar com moderação: destacar tudo é o mesmo que não destacar. 
Lembre-se de que apenas as partes realmente importantes devem ser 
realçadas. Apenas o que deve chamar a atenção. 
9. Ser elegante: usar negrito, caixa alta e pontos de exclamação ou 
interrogação somente quando necessário. Quando usados sem medidas, 
eles poluem o texto e perdem sua função. 
10. Utilizar o latim moderadamente: na linguagem jurídica, o latim é uma 
língua presente, mas seu uso deve acontecer apenas quando houver um 
conceito complexo por trás dela. Um uso interessante é utilizar o latim para 
destacar algo. Neste caso, a tradução virá no corpo do texto.
11. Usar um dicionário jurídico: na escrita técnica, como é o caso da 
linguagem jurídica, há uso de inúmeras palavras próprias de um campo 
de conhecimento, portanto, ter um bom dicionário é uma forma de evitar 
qualquer tipo de erro desnecessário. 
12. Fundamentar o texto de maneiras variadas: usar argumentos variados 
sobre o tema ajuda a dar credibilidade ao texto. Pense sempre em doutrina, 
lei, jurisprudência e costumes na hora de unir ideias para escrever. 
13. Utilizar as jurisprudências com moderação: seu uso é muito bem-vindo 
ao escrever textos jurídicos, mas não exagerar é importante. 
14. Contextualizar a peça: o leitor deve entender do que se trata a peça 
quando ela for lida de maneira isolada. Portanto, ao escrever um texto 
jurídico, verifique se haverá necessidade de anexar algum documento para 
que a compreensão do seu texto seja completa. 
UNIDADE 1 | COMUNICAÇÃO: A BASE DAS PRÁTICAS JURÍDICAS
36
15. Revisar: esta é a última, mas não menos importante das dicas. Ela é o 
fechamento das boas práticas de escrita jurídica. Deve ser feita depois de 
um tempo, para que a leitura não esteja mais tão viciada. 
FONTE: Adaptado de CONAMP (2017). Disponível em: <http://blog.conamp.org.br/dicas-de-
escrita-saiba-escrever-textos-juridicos-de-qualidade/>. Acesso em: 30 nov. 2018.
Agora que você já observou estas dicas, podemos ir adiante, pois se você 
conseguir levá-las em consideração na hora da escrita, certamente não cairá no 
“juridiquês”. 
3.2. A RETÓRICA
Acadêmico, você sabe o que é retórica? Vamos iniciar nossa conversa a 
partir do que nos diz o próprio Aristóteles. 
Entendamos por retórica a capacidade de descobrir o que é adequado a 
cada caso com o fim de persuadir. Esta não é seguramente

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