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Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) 
ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA JUDICIÁRIA E EXEC. DE MANDADOS 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo ʹ Aula 17 
 
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(,QFOXVLYH� R� QRPH� ³ODYDJHP� GH� FDSLWDLV´� VXUJLX� GR� LQJOrV� ³0RQH\�
ODXQGULQJ´�� TXH� SRU� VXD� YH]� Wem origem no fato de que os criminosos 
costumavam lavar o dinheiro abrindo lavanderias, vez que o controle é 
difícil). 
Sendo assim, muitas vezes não entendemos como um negócio pode 
não dar lucro e continuar ativo. Provavelmente tem algo estranho 
acontecendo naquele negócio. São as chamadas operações (ou negócios) 
non sense (sem sentido). 
 
A) Fases da Lavagem de Capitais 
 
A lavagem de capitais é composta, em rega, por três fases: 
x Conversão (Ou ocultação, ou colocação, ou placement) ± 
É a primeira fase, na qual o dinheiro sujo é aplicado no sistema 
financeiro (em algum negócio) ou transferido para outro local. 
e�R�PRPHQWR�HP�TXH�R�GLQKHLUR�VH�³GHVJDUUD´�GH�VXD�RULJHP�
LOtFLWD�� *HUDOPHQWH� RV� FULPLQRVRV� ³IUDFLRQDP´� R� GLQKHLUR�� SDUD�
evitar chamar a atenção com a movimentação de grandes 
somas. 
x Dissimulação (Também chamada de controle ou 
estratificação, ou empilage) ± Aqui se busca dissociar 
completamente o dinheiro de sua origem, para dificultar 
qualquer tipo de rastreamento. Geralmente se dá através de 
múltiplas operações, ou através de aumento de lucros 
(inexistentes) em empresas, de forma que o dinheiro é 
injetado nestas como se fossem verbas oriundas de ganhos nos 
negócios. Isso implica no pagamento de impostos sobre esse 
dinheiro que já era deste proprietário, mas é interessante, pois 
HVVH� p� R� SUHoR� TXH� HOH� HVWi� SDJDQGR� SDUD� ³OLPSDU´� VHX�
dinheiro. 
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x Integração (integration) ± Esta é a fase final do processo de 
lavagem do dinheiro, na qual o agente movimenta, de forma 
DEHUWD��R�GLQKHLUR�Mi�³OLPSR´� 
 
 
ATENÇÃO: A Doutrina entende que o delito se consuma com o início da 
primeira fase, não sendo necessária a realização das três etapas para 
que haja a consumação do delito! 
 
Como disse, são inúmeras as formas pelas quais se realiza a lavagem 
de capitais. As principais técnicas são: 
x Mescla ± O agente mistura os recursos ilícitos com recursos 
lícitos; 
x Empresa de fachada ± É criada uma empresa que não 
funciona na prática, mas o dinheiro sujo é injetado na empresa 
na forma de lucros obtidos; 
x Compra e venda de imóveis com declarações falsas de 
valor ± O agente compra um imóvel e depois o vende, mas 
declara tê-lo vendido por valor muito mais alto (Esse valor 
H[FHGHQWH� DR� UHDO� p� ³FRPSXWDGR´� FRPR� R� GLQKHLUR� VXMR� TXH�
será lavado); 
 
Existem muitas outras técnicas, como compra e venda de obras de 
arte, pedras preciosas, etc. 
A Lei 9.613/98 tem como finalidade tutelar a Administração da 
Justiça, embora alguns doutrinadores entendam também que se busca 
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tutelar a Ordem Econômica, mais precisamente a livre-concorrência, eis 
que os negócios ³non sense´�VmR�QHJyFLRV�TXH�SRGHP�OHYDU�j�TXHEUD�GD�
livre-concorrência. 
 
B) Crimes em espécie 
 
A Lei só prevê uma figura típica, e ela se encontra no art. 1º da Lei. 
Vejamos: 
Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação 
ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de 
infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
VII - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
VIII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.683, 
de 2012) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, 
direitos ou valores provenientes de infração penal: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
I - os converte em ativos lícitos; 
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em 
depósito, movimenta ou transfere; 
III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros. 
§ 2º Incorre, ainda, na mesma pena quem: 
I utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores que sabe 
serem provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos neste artigo; 
§ 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
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I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes 
de infração penal; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua 
atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. 
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal. 
§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, nos casos previstos nos incisos I a VI 
do caput deste artigo, se o crime for cometido de forma habitual ou por intermédio de 
organização criminosa. 
§ 5º A pena será reduzida de um a dois terços e começará a ser cumprida em regime 
aberto, podendo o juiz deixar de aplicá la ou substituí la por pena restritiva de direitos, 
se o autor, co autor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, 
prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais e de sua 
autoria ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. 
§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem 
cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. (Redação 
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto 
ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer 
tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar 
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à 
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à 
localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 
12.683, de 2012) 
 
Como já disse a vocês, o posicionamento predominante é no sentido 
de que a objetividade jurídica da lei é tutelar a Administração da Justiça, 
embora alguns autores defendam que também se busca tutelar a Ordem 
Econômica. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, sendo, portanto, um 
CRIME COMUM. 
CUIDADO: O sujeito ativo do crime de lavagem de capitais não 
necessariamente será o sujeito ativo DA INFRAÇÃO PENALANTECEDENTE. Pode ser qualquer pessoa! 
EXEMPLO: Imagine que José pratique um roubo e dê o dinheiro a Maria, 
que, para esconder a origem ilícita desta grande soma de dinheiro, abre 
uma loja de roupas (de fachada), com a finalidade de emitir notas falsas, 
simulando vendas não realizadas, com o objetivo de lavar o dinheiro sujo 
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recebido. Nesse caso, José, que praticou o roubo, não tem relação 
alguma com a lavagem de capitais, que é um delito praticado 
exclusivamente por Maria. 
 
$�FRQGXWD�p�D�GH�³RFXOWDU´�RX�³GLVVLPXODU´��TXH�VmR�GRLV�YHUERV�TXH�
podem ser traduzidos por esconder ou disfarçar a natureza, a 
origem, a localização e a propriedade de determinado bem, valor, 
etc. 
O crime de lavagem de capitais pressupõe uma infração penal 
antecedente, semelhantemente ao que ocorre no crime de receptação. 
Atualmente, com a nova redação trazida pela Lei 12.683/12, haverá 
FULPH�GH� ODYDJHP�GH� FDSLWDLV� TXDQGR� R� DJHQWH� ³RFXOWDU� RX� GLVVLPXODU� D�
natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade 
de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de 
infração penal´�� 9HMDP� TXH� a Lei agora permite que o delito de 
lavagem de capitais fique caracterizado independentemente do 
fato criminoso que deu origem ao dinheiro ilícito que será lavado. 
Percebam quH�D�/HL�XVD�R�WHUPR�³LQIUDomR�SHQDO´��RX�VHMD��p�SRVVtYHO�
que o delito de lavagem de capitais se caracterize, ainda, quando o 
agente pratique a conduta prevista no tipo penal para ³ODYDU�GLQKHLUR´�
proveniente de CONTRAVENÇÃO PENAL (Como nós sabemos, o termo 
infração penal é um gênero que abrange duas espécies: crimes e 
contravenções penais). 
 
Antes das alterações promovidas pela Lei 12.683/12 no crime de 
lavagem de capitais, os crimes antecedentes somente podem ser aqueles 
que estavam previstos no art. 1º da Lei. Caso o agente praticasse a 
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conduta para lavar dinheiro ou bens obtidos através da prática de 
OUTROS CRIMES, que não estivessem previstos naquele rol, NÃO 
HAVERIA CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS (O rol era taxativo, não 
cabia ampliação). 
EXEMPLO: se o agente praticasse a conduta de lavar dinheiro 
proveniente de um crime de furto, NÃO RESPONDERIA PELO CRIME 
DE LAVAGEM DE CAPITAIS, pois o delito de furto não era considerado 
como um dos possíveis crimes antecedentes que permitiam a 
caracterização da lavagem de capitais. 
ISSO ACABOU!! 
 
O ELEMENTO SUBJETIVO É O DOLO, pois o agente deve agir 
voluntariamente com a intenção de dissimular ou ocultar a natureza, a 
origem, etc. Não se admite na forma culposa. 
CUIDADO! Já vi Banca entender que no que se refere ao tipo 
previsto no §1º, há dolo específico (especial fim de agir), pois não basta 
que o agente pratique uma das condutas previstas nos três incisos, mas 
ele deve praticá-ODV� FRP�R� ILP�GH� ³RFXOWDU� RX�GLVVLPXODU� D�XWLOL]DomR�GH�
bens, valores, HWF�´�9HMDPRV�R�TXH�GL]�R�†�ž� 
§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a 
utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração 
penal: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
I - os converte em ativos lícitos; 
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, 
tem em depósito, movimenta ou transfere; 
III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos 
verdadeiros. 
 
Vejam que a parte em negrito significa o que se chama de elemento 
subjetivo específico, ou dolo específico, que consiste numa finalidade 
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especial. Desta forma, não bastaria que alguém importasse ou exportasse 
bens com valores diversos dos verdadeiros para que praticasse lavagem 
de capitais. A pessoa deverá fazer isso com a intenção descrita no 
§1º. 
Com relação à conduta do caput, não há consenso doutrinário, pois 
DOJXQV� HQWHQGHP� TXH� EDVWD� R� GROR� ³JHQpULFR´�� RXWURV� HQWHQGHP�
que é necessário o dolo específico (elemento subjetivo especial). 
ATENÇÃO! A Doutrina cita, ainda, uma teoria denominada de ³WHRULD�GD�
FHJXHLUD�GHOLEHUDGD´� O que seria isso? Tal teoria, também chamada 
de willful blindness doctrine, ou teoria da avestruz, foi desenvolvida 
nos EUA em meados do século XX. 
Para esta teoria, deverá responder pelo delito de lavagem de capitais não 
só aquele que efetivamente praticar a conduta, mas também aquele que, 
FRP� R� LQWXLWR� GH� DXIHULU� YDQWDJHP�� GHOLEHUDGDPHQWH� ³LJQRUDU´�
determinadas situações que possam indicar a existência de lavagem de 
capitais em determinadas transações. 
Assim, podemos considerar que esta teoria prega uma espécie de 
punição a título de dolo eventual. 
 
Como já vimos, o crime se consuma com a prática de qualquer dos 
atos da PRIMEIRA FASE. Ou seja, não é necessário que a lavagem de 
capitais complete seu ciclo. 
Com relação à tentativa, é plenamente admissível, aplicando-
se normalmente a regra do art. 14, II do CP. 
A COMPETÊNCIA para o processo e julgamento deste crime é, em 
rega, da Justiça Estadual, mas será da Justiça Federal quando: 
x Quando o crime for praticado contra o Sistema Financeiro 
ou a Ordem Econômica; 
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x Quando o crime for praticado em detrimento de bens, 
serviços ou interesses da União, ou de suas autarquias 
ou empresas públicas; 
x Quando a INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE for da 
competência da Justiça Federal. 
 
C) Questões processuais 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: 
I ± obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes 
punidos com reclusão, da competência do juiz singular; 
II - independem do processo e julgamento dos crimes antecedentes referidos 
no artigo anterior, ainda que praticados em outro país; 
II - independem do processo e julgamento das infrações penais 
antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz 
competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de 
processo e julgamento; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
III - são da competência da Justiça Federal: 
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-
financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de 
suas entidades autárquicas ou empresas públicas; 
b) quando o crime antecedente for de competência da Justiça Federal. 
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça 
Federal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência do crime 
antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que 
desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime. 
§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no 
art. 366 do Código de Processo Penal.§ 1o A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da 
infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda 
que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da 
infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
§ 2o No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no 
art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 
(Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer 
nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o 
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julgamento, com a nomeação de defensor dativo. (Redação dada pela Lei 
nº 12.683, de 2012) 
 
Muito importante que vocês saibam estas questões processuais. O 
crime de lavagem de capitais será processado pelo rito ordinário, do 
procedimento comum, que é o procedimento por excelência, o mais 
completo, e está regulamentado no CPP. 
 
É muito comum pensar que o crime de lavagem de capitais só poderá ser 
julgado se ficar comprovada a existência da infração penal antecedente. 
ERRADO! A lei não exige sequer que tenha sido ajuizada ação penal 
relativa à infração penal antecedente, DESDE QUE haja INDÍCIOS 
SUFICIENTES da existência da infração penal antecedente 
(Gravem isso!). 
Vejamos o que diz o art. 2º, II da Lei 9.613/98: 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: 
(...) 
II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, 
ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes 
previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; (Redação 
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
 
Para corroborar isto, vejam o que diz o §1º do art. 2º: 
Art. 2º (...) 
§ 1o A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal 
antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido 
ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal 
antecedente. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
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Ficou claro? 
 
Detalhe importante é o §2º, que exclui a aplicação do art. 366 do 
CPP aos processos dos crimes de lavagem de capitais. Mas que diabos 
quer dizer isso? Vejamos o art. 366 do CPP: 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem 
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso 
do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção 
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, 
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) 
 
Assim, se o acusado, citado por edital, não comparecer nem 
FRQVWLWXLU� DGYRJDGR�� ³YLGD� TXH� VHJXH´�� RX� VHMD�� o processo não se 
suspende, nem se suspende o prazo prescricional, sendo nomeado 
defensor dativo para a defesa do acusado no processo. 
Na verdade, atualmente, com a expansão da Defensoria 
Pública, ocorrendo esta situação (réu citado por edital que não 
constitui advogado), os autos serão remetidos à Defensoria 
Pública, para que promova a defesa do acusado. 
O art. 4º prevê que o Juiz poderá, de ofício ou a requerimento do MP, 
ou representação da autoridade policial (ouvido o MP), determinar o 
sequestro ou apreensão de bens do acusado, ou outras medidas 
assecuratórias, com a finalidade de impedir que o acusado (ou seus 
³ODUDQMDV´�� VXPDP� FRP� RV� EHQV� RX� YDORUHV�� Isso poderá ser feito em 
qualquer fase da AÇÃO PENAL OU DO INQUÉRITO POLICIAL. 
Vejamos: 
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Art. 4o O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante 
representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 
(vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá 
decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado 
ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam 
instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das 
infrações penais antecedentes. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos 
bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou 
depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. (Redação 
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
§ 2o O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e 
valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a 
constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação 
dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas 
decorrentes da infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento 
pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste 
artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação 
de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1o. (Redação 
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
§ 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou 
valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou 
da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e 
custas. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
 
Esta medida tem por finalidade garantir a reparação do dano 
decorrente da lavagem de capitais (ou da infração penal 
antecedente) ou, ainda, garantir o pagamento de prestação 
pecuniária, multa e custas judiciais. 
O art. 3º, por sua vez, VEDAVA A APLICAÇÃO DE FIANÇA OU 
LIBERDADE PROVISÓRIA. No entanto, o art. 3º foi INTEGRALMENTE 
REVOGADO. Desta forma, atualmente se admite a concessão de 
liberdade provisória e fiança nestes crimes. 
O §5º do art. 1º traz a chamada DELAÇÃO PREMIADA, que nada 
PDLV� p� TXH� XPD� ³UHFRPSHQVD´� DR� DFXVDGR� TXH� FRODERUDU� FRP� DV�
investigações. Essa recompensa pode ser uma redução de 1/3 a 2/3 na 
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pena, com início do cumprimento em regime aberto, ou, facultativamente, 
pode o Juiz até mesmo DEIXAR DE APLICAR A PENA OU SUBSTITUÍ-
LA POR RESTRITIVAS DE DIREITOS. Vejamos: 
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em 
regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou 
substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, 
coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, 
prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à 
identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, 
direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 12.683, 
de 2012) 
 
Assim, pela redação da Lei, se o camarada ajuda nas investigações,colaborando com as autoridades: 
x Obrigatoriamente o Juiz deverá, no mínimo, reduzir a pena 
de um a dois terços e fixar o regime semiaberto ou aberto 
como o regime inicial de cumprimento; 
x Caso o Magistrado ache que ainda é muito para o pobre 
coitado, poderá converter a pena em restritiva de direitos ou 
até mesmo DEIXAR DE APLICÁ-LA. 
 
&RPR�YRFrV�HVWmR�YHQGR��TXDQGR�R�FULPH�p�³FULPH�GH�ULFR´��D� OHL�p�
BASTANTE BRANDA. 
Para não dizer que é branda demais, o §4º do art. 1º estabelece que 
a pena será aumentada de um a dois terços se o crime, nos casos 
dos incisos I a VI, for praticado de forma REITERADA OU ATRAVÉS DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: 
§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos 
nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de 
organização criminosa. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
 
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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para 
as presentes e futuras gerações. 
 
O conceito de meio-ambiente se encontra no art. 3°, I da Lei 
6.938/81. Vejamos: 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas 
as suas formas; 
 
Este conceito abrange o meio-ambiente natural, o cultural, o artificial 
e o do trabalho. Portanto, o meio-ambiente é composto de elementos 
naturais, artificiais e culturais. 
 
B) Responsabilidade Penal e Considerações Gerais 
A responsabilidade penal significa responder à pergunta: Quem 
pode ser punido pelos crimes contra o meio ambiente? Ou seja, 
quem pode ser sujeito ativo destas infrações penais? 
O art. 2° da Lei 9.605/98, em redação parecida com a do art. 29 do 
CP, estabelece que: 
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes 
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua 
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e 
de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa 
jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a 
sua prática, quando podia agir para evitá-la. 
 
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Mas, a Lei foi além, permitindo a responsabilidade penal das 
PESSOAS JURÍDICAS, em seu art. 3°: 
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja 
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu 
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das 
pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. 
 
Trata-se de regulamentação do §3° do art. 225 da Constituição 
Federal. Vejamos: 
 § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
 
A Jurisprudência do STJ é no sentido de ADMITIR a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica, exigindo, entretanto, a 
punição simultânea da pessoa física causadora do dano, no que se 
convencionou chamar de TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO. 
CUIDADO! Há uma decisão isolada e recente do STF admitindo que a 
pessoa jurídica seja processada sem que a pessoa física também seja 
(em descompasso, portanto, com o princípio da dupla imputação). 
Contudo, trata-se de decisão isolada e que não foi tomada pelo Plenário 
da Corte. 1mR� SRGHPRV�� DLQGD�� FRQVLGHUDU� LVWR� XPD� ³MXULVSUXGrQFLa 
FRQVROLGDGD´�GR�67)��PDV�WDOYH]�VHMD�R�LQGLFDWLYR�GH�XPD�SRVLomR�IXWXUD�
da Corte (RE 548181, informativo 714 do STF). 
 
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2� DUW�� �ƒ� GD� /HL� SHUPLWH�� DLQGD�� TXH� VHMD� ³GHVFRQVLGHUDGD´� D�
personalidade jurídica da pessoa jurídica quando esta ficção jurídica 
estiver atrapalhando o ressarcimento do dano. Vejamos: 
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à 
qualidade do meio ambiente. 
 
Isso se dá porque, em alguns casos, os sócios depredam o 
patrimônio da pessoa jurídica, passando os bens para seus patrimônios 
pessoais, de forma a impossibilitar o ressarcimento do dano. 
Mas como aplicar pena criminal à pessoa jurídica? O art. 21 da 
Lei estabelece as penas aplicáveis às pessoas jurídicas: 
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às 
pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: 
I - suspensão parcial ou total de atividades; 
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; 
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter 
subsídios, subvenções ou doações. 
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem 
obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do 
meio ambiente. 
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§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade 
estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a 
concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. 
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, 
subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos. 
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá 
em: 
I - custeio de programas e de projetos ambientais; 
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
III - manutenção de espaços públicos; 
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com 
o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá 
decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado 
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário 
Nacional. 
 
Na imposição da pena (tanto para a pessoa física quanto para a 
pessoa jurídica), o Juiz deve observar algumas circunstâncias, de forma a 
aplicar uma pena justa e individualizada de acordo com o fato e com o 
infrator: 
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente 
observará: 
I - a gravidadedo fato, tendo em vista os motivos da infração e suas 
conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; 
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de 
interesse ambiental; 
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III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. 
 
No caso de penas restritivas de direitos, elas não são previstas 
isoladamente, sendo SUBSTITUTIVAS das penas privativas de liberdade 
e AUTÔNOMAS em relação a elas, seguindo a linha traçada pelo próprio 
Código Penal. Possuem o mesmo período de duração da pena privativa de 
liberdade aplicada. Vejamos o art. 7° da Lei: 
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as 
privativas de liberdade quando: 
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade 
inferior a quatro anos; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que 
a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do 
crime. 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo 
terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. 
CUIDADO! Em se tratando de pessoas jurídicas, pode ser aplicada 
inicialmente a pena restritiva de direitos, não sendo necessária a 
aplicação de pena privativa de liberdade e sua conversão em restritiva de 
direitos (por questões óbvias). 
 
A Lei prevê, ainda, circunstâncias atenuantes e agravantes da pena. 
Elas estão previstas nos arts. 14 e 15 da Lei: 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
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II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do 
dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; 
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação 
ambiental; 
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle 
ambiental. 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou 
qualificam o crime: 
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o 
meio ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do 
Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
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n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas 
públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das 
autoridades competentes; 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
 
A suspensão condicional da pena (Sursis) pode ser aplicada 
quando a condenação não for superior a TRÊS ANOS, e sua aplicação 
está condicionada aos demais requisitos do art. 77 do CP. A REPARAÇÃO 
DO DANO é uma das condições previstas no CP, e no caso de crimes 
ambientais será verificada através de LAUDO DE REPARAÇÃO DE 
DANO AMBIENTAL. Vejamos os arts. 16 e 17: 
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena 
pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não 
superior a três anos. 
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do 
Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as 
condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção 
ao meio ambiente. 
 
A pena de multa é calculada nos mesmos termos do CP, 
podendo, no entanto, ser aumentada até o TRIPLO, no caso de ser 
considerada insuficiente, ainda que aplicada no máximo: 
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se 
revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser 
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aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica 
auferida. 
 
A ação penal nos crimes ambientais será sempre PÚBLICA 
INCONDICIONADA, nos termos do art. 26 da Lei: 
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública 
incondicionada. 
 
A competência para o processo e julgamento dos crimes ambientais 
é, em regra, da JUSTIÇA ESTADUAL. No entanto, quando o fato lesar 
ou ameaçar bens, interesses ou serviços da União, autarquias ou 
empresas públicas federais ou, quando o sujeito ativo for integrante 
destes entes, a competência será da JUSTIÇA FEDERAL, nos termos do 
art. 109 da Constituição Federal. 
Quando a infração for considerada DE MENOR POTENCIAL 
OFENSIVO, será admitida a TRANSAÇÃO PENAL, prevista no art. 76 
da Lei 9.099/95. A transação penal só poderá ser oferecida pelo MP se 
tiver sido reparado o dano ou tiver o autor comprovado a impossibilidade 
de repará-lo. Vejamos o art. 27 da Lei: 
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 
da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada 
desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata 
o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 
 
Admite-se, AINDA, a SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO, que nada mais é que a suspensão do processo por um 
deteUPLQDGR� SHUtRGR�� QR� TXDO� R� LQIUDWRU� ILFDUi� ³VRE� SURYD´�� GHYHQGR�
³DQGDU�QD�OLQKD´��VRE�SHQD�GH�UHWRPDU�R�DQGDPHQWR�GR�SURFHVVR��6H��DR�
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final, não tiver havido a revogação do benefício, é declarada extinta a 
punibilidade. A suspensão é cabível para crimes cuja pena MÍNIMA NÃO 
EXCEDA UM ANO. 
Entretanto, a extinção da punibilidade só será decretada se o 
dano for integralmente reparado: 
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 
1995, aplicam-se aos crimes de menorpotencial ofensivo definidos nesta Lei, 
com as seguintes modificações: 
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo 
referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano 
ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do 
mesmo artigo; 
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a 
reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período 
máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com 
suspensão do prazo da prescrição; 
(...) 
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de 
punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado 
tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. 
E se o dano não for completamente reparado ao final do prazo 
de suspensão? Neste caso, o prazo deve ser prorrogado. Se ao final 
do prazo máximo de prorrogação, ainda assim o dano não tiver sido 
reparado, não poderá ser decretada a extinção da punibilidade. 
 
C) Crimes Contra a Fauna 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna 
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou 
autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: 
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Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas: 
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em 
desacordo com a obtida; 
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; 
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em 
cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da 
fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos 
dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida 
permissão, licença ou autorização da autoridade competente. 
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada 
ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de 
aplicar a pena. 
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às 
espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que 
tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do 
território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. 
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: 
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que 
somente no local da infração; 
II - em período proibido à caça; 
III - durante a noite; 
IV - com abuso de licença; 
V - em unidade de conservação; 
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar 
destruição em massa. 
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§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça 
profissional. 
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. 
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em 
bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial 
favorável e licença expedida por autoridade competente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais 
silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel 
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem 
recursos alternativos. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do 
animal. 
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o 
perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, 
açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: 
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: 
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura 
de domínio público; 
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem 
licença, permissão ou autorização da autoridade competente; 
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III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre 
bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares 
interditados por órgão competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos 
inferiores aos permitidos; 
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de 
aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes 
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. 
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: 
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito 
semelhante; 
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente: 
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. 
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a 
retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos 
grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou 
não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de 
extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. 
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: 
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua 
família; 
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II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou 
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela 
autoridade competente; 
III ± (VETADO) 
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão 
competente. 
 
D) Crimes contra a flora 
Os crimes contra a fauna tutelam, obviamente, os animais de 
qualquer espécie, vivam eles livremente ou em cativeiro (domesticados). 
Os crimes são DOLOSOS e considerados MATERIAIS, salvo nos 
crimes do art. 30, 31, 34 e 35. 
O art. 37 prevê situações em que não há crime contra a fauna, sendo 
consideradas situações excludentes de ilicitude. 
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação 
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das 
normas de proteção: 
Pena- detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio 
avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la 
com infringência das normas de proteção: (Incluído pela Lei nº 11.428, de 
2006). 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
(Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). 
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, 
sem permissão da autoridade competente: 
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
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Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às 
áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, 
independentemente de sua localização: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as 
Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os 
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei 
nº 9.985, de 18.7.2000) 
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no 
interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada 
circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 
9.985, de 18.7.2000) 
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
Art. 40-A. (VETADO) (Artigo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) 
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas 
de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as 
Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as 
Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do 
Patrimônio Natural. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) 
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no 
interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada 
circunstância agravante para a fixação da pena. (Parágrafo inluído pela Lei nº 
9.985, de 18.7.2000) 
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Parágrafo 
inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) 
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: 
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a 
um ano, e multa. 
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar 
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou 
qualquer tipo de assentamento humano: 
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Art. 43. (VETADO) 
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de 
preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou 
qualquer espécie de minerais: 
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Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada 
por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer 
outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações 
legais: 
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. 
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, 
lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de 
licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se 
da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, 
tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros 
produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem 
ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. 
Art. 47. (VETADO) 
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais 
formas de vegetação: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, 
plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada 
alheia: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. 
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação 
fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, 
plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem 
autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 
11.284, de 2006) 
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência 
imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, 
de 2006) 
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§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será 
aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 
11.284, de 2006) 
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais 
formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou 
instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou 
subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto 
a um terço se: 
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a 
modificação do regime climático; 
II - o crime é cometido: 
a) no período de queda das sementes; 
b) no período de formação de vegetações; 
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça 
ocorra somente no local da infração; 
d) em época de seca ou inundação; 
e) durante a noite, em domingo ou feriado. 
 
Os crimes contra a fauna, por sua vez, tutelam as plantas de 
determinado ambiente. Nesse grupo de crimes existem CRIMES DE 
PERIGO ABSTRATO, como o do art. 46 da Lei e CRIMES CULPOSOS, 
como o previsto no art. 41, § único da Lei. 
A Doutrina entende, no entanto, de maneira pacífica, que nos crimes 
dos arts. 38, 38-A, 39 e 40, temos CRIMES MATERIAIS, ou seja, deve 
ser demonstrada a efetiva ocorrência de dano ao meio ambiente. 
 
E) Crimes de poluição e outros crimes ambientais 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultemou 
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a 
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: 
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º Se o crime é culposo: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
§ 2º Se o crime: 
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; 
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que 
momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos 
à saúde da população; 
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do 
abastecimento público de água de uma comunidade; 
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; 
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou 
detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências 
estabelecidas em leis ou regulamentos: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar 
de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de 
precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. 
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a 
competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo 
com a obtida: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área 
pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, 
concessão ou determinação do órgão competente. 
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, 
fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto 
ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio 
ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus 
regulamentos: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 12.305, de 
2010) 
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em 
desacordo com as normas ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 
12.305, de 2010) 
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II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou 
dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em 
lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) 
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é 
aumentada de um sexto a um terço. 
§ 3º Se o crime é culposo: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Art. 57. (VETADO) 
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão 
aumentadas: 
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio 
ambiente em geral; 
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave 
em outrem; 
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. 
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão 
aplicadas se do fato não resultar crime mais grave. 
Art. 59. (VETADO) 
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer 
parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços 
potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais 
competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares 
pertinentes: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à 
agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Os crimes de poluição visam a proteger a QUALIDADE do 
material que compõe o meio-ambiente, contra atividades que: 
x Prejudiquem a saúde e o bem-estar 
x Prejudiquem as atividades econômicas e sociais 
x Prejudiquem a biota (conjunto de animais e vegetais da região) 
x Prejudiquem as condições estéticas e sanitárias do ambiente 
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Da mesma forma que nos crimes anteriores, existem tipos penais 
DOLOSOS E CULPOSOS, fiquem atentos a isto! As bancas costumam 
afirmar, em suas alternativas que determinados grupos de crimes são 
punidos apenas a título de dolo, de forma a confundir a cabeça dos 
candidatos. 
 
F) Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio 
cultural 
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: 
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão 
judicial; 
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou 
similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de 
detenção, sem prejuízo da multa. 
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente 
protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu 
valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, 
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade 
competente ou em desacordo com a concedida: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, 
assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, 
turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou 
monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo 
com a concedida: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento 
urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada 
pela Lei nº 12.408, de 2011) 
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do 
seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 
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(um) ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 
12.408, de 2011) 
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de 
valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, 
desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou 
arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do 
órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas 
editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e 
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº 
12.408, de 2011) 
 
Protegem-se, aqui, o conjunto de obras que compõem o patrimôniocultural e artístico (Museus, teatros antigos, castelos, etc.), bem como o 
patrimônio urbano, sejam eles de valor cultural ou não. 
8P�H[HPSOR�FOiVVLFR�GHVWHV�FULPHV�p�R�GH�³SLFKDU´��TXH��QR�HQWDQWR��
terá a pena aumentada se praticado em monumentos de valor cultural, 
artístico ou histórico, sendo considerada pichação qualificada. 
Tratam-se, também, de CRIMES DOLOSOS. Apenas o art. 62 traz 
um tipo penal CULPOSO. 
 
G) Dos Crimes contra a administração ambiental 
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a 
verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos 
de autorização ou de licenciamento ambiental: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em 
desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços 
cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de 
detenção, sem prejuízo da multa. 
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de 
cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
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Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem 
prejuízo da multa. 
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de 
questões ambientais: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou 
qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório 
ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: 
(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 
11.284, de 2006) 
§ 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 
2006) 
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano 
significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, 
incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) 
 
Aqui temos crimes COMUNS, mas alguns deles são CRIMES 
PRÓPRIOS, como, por exemplo, os tipos penais dos arts. 66 e 67. 
Tratam-se, em regra, de crimes DOLOSOS, existindo previsão 
de condutas CULPOSAS, como no caso do art. 69-A, §1°. 
 
H) Infrações Administrativas 
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão 
que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação 
do meio ambiente. 
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e 
instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais 
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados 
para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos 
Portos, do Ministério da Marinha. 
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir 
representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito 
do exercício do seu poder de polícia. 
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§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é 
obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo 
administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade. 
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo 
próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas 
as disposições desta Lei. 
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve 
observar os seguintes prazos máximos: 
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de 
infração, contados da data da ciência da autuação; 
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, 
contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou 
impugnação; 
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância 
superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de 
Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; 
IV ± cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento 
da notificação. 
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, 
observado o disposto no art. 6º: 
I - advertência; 
II - multa simples; 
III - multa diária; 
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, 
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza 
utilizados na infração; 
V - destruição ou inutilização do produto; 
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
VII - embargo de obra ou atividade; 
VIII - demolição de obra; 
IX - suspensão parcial ou total de atividades; 
X ± (VETADO) 
XI - restritiva de direitos. 
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-
lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas. 
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei 
e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das 
demais sanções previstas neste artigo. 
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§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou 
dolo: 
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-
las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania 
dos Portos, do Ministério da Marinha; 
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania 
dos Portos, do Ministério da Marinha. 
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. 
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se 
prolongar no tempo. 
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput 
obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. 
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas 
quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem 
obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
§ 8º As sanções restritivas de direito são: 
I - suspensão de registro, licença ou autorização; 
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; 
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em 
estabelecimentos oficiais de crédito; 
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até 
três anos. 
 
Percebam que o art. 70 define o que seriam infrações 
administrativas, o que não impede que estas mesmas condutas sejam 
previstas como CRIMES (e em muitos casos o são). 
Isso decorre da previsão da INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS, de 
forma que a punição administrativa não impedea punição criminal e cível, 
e vice-versa. 
Inclusive esta previsão se encontra no art. 225, §3° da Constituição 
Federal: 
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A Lei 9.099/95 instituiu os Juizados Especiais Criminais, com 
competência para processar e julgar as infrações de menor potencial 
ofensivo, assim entendidas as contravenções penais e os crimes aos quais 
se comine pena máxima não superior a 02 anos. 
À primeira vista, poderíamos pensar que, como o Estatuto do Idoso 
estabeleceu que são de competência dos Juizados Especiais os crimes 
contra o Idoso cuja pena não exceda 04 anos, a Lei teria sido mais 
benéfica àqueles que praticassem crimes contra o Idoso. Isso está errado. 
O que este artigo quer dizer é que aos crimes contra o Idoso cuja 
pena não exceda 04 anos, será aplicado o RITO da Lei 9.099/95 (Lei dos 
Juizados), por ser um rito mais RÁPIDO, de forma a garantir uma punição 
mais RÁPIDA ao autor de tais crimes. 
Contudo, embora seja a estes crimes (com pena máxima não 
superior a 04 anos) prevista a aplicação do rito sumaríssimo (o da Lei 
9.099/95), o STF entende que NÃO PODEM SER APLICADOS OS 
INSTITUOS DESPENALIZADORES previstos na Lei dos Juizados, pois 
isso feriria o espírito da Lei. EM RESUMO: Nos crimes contra o Idoso, 
previstos na Lei 10.741/03, cuja pena NÃO EXCEDA a 04 anos, 
aplica-se o rito SUMARÍSSIMO (da Lei 9.099/95), porém, não cabe 
suspensão condicional do processo, transação penal e demais 
³EHQHItFLRV´� TXH� HVWmR� SUHYLstos na Lei dos Juizados. Ou seja, 
aplica-se o rito sumaríssimo apenas para andar mais rápido o processo, 
mas nada de moleza para o infrator! 
Este entendimento não é meu, é o que diz o STF. Vejamos: 
 
 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 39 E 94 DA 
LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). RESTRIÇÃO À GRATUIDADE DO 
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TRANSPORTE COLETIVO. SERVIÇOS DE TRANSPORTE SELETIVOS E ESPECIAIS. 
APLICABILIDADE DOS PROCEDIMENTOS PREVISTOS NA LEI 9.099/1995 AOS 
CRIMES COMETIDOS CONTRA IDOSOS. (...)2. Art. 94 da Lei n. 10.741/2003: 
interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução de texto, para suprimir a 
expressão "do Código Penal e" Aplicação apenas do procedimento sumaríssimo previsto 
na Lei n. 9.099/95: benefício do idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de 
aplicação de quaisquer medidas despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor 
do crime. 3(...) 
(ADI 3096, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 16/06/2010, 
DJe 164 DIVULG 02 09 2010 PUBLIC 03 09 2010 EMENT VOL 02413 02 PP 00358 
RTJ VOL-00216- PP-00204) 
 
O art. 95, por sua vez, estabelece que os crimes contra o Idoso, 
previstos naquela Lei, são de ação penal pública INCONDICIONADA. 
O referido art. 95 prevê, ainda, que aos crimes praticados contra o 
Idoso não se aplicam os arts. 181 e 182 do CP, que se referem à causa de 
isenção de pena nos crimes contra o patrimônio, quando o infrator por 
cônjuge, ascendente ou descendente da vítima (art. 181 do CP), e da 
necessidade de representação para o ajuizamento da ação penal quando 
o infrator for cônjuge desquitado, irmão, tio ou sobrinho (estes dois 
últimos desde que convivam com a vítima) da vítima (art. 182 do CP). Ou 
seja, nos crimes contra o Idoso, previstos no Estatuto do Idoso, não se 
aplicam estes dois artigos. 
O art. 6º prevê, ainda, o dever de todo cidadão de comunicar à 
autoridade qualquer forma de violação ao Estatuto do Idoso que 
tenha presenciado ou tenha conhecimento: 
 Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade 
competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha 
testemunhado ou de que tenha conhecimento. 
 
b) Dos crimes em espécie 
 
Os delitos em espécie são poucos, todos relativos à proteção do 
Idoso, seja sua saúde, integridade física ou moral. 
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Vejamos: 
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a 
operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por 
qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por 
motivo de idade: 
Pena ± reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou 
discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. 
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob 
os cuidados ou responsabilidade do agente. 
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem 
risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou 
dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses 
casos, o socorro de autoridade pública: 
Pena ± detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa 
permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, 
quando obrigado por lei ou mandado: 
Pena ± detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa. 
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do 
idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou 
privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado 
a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado: 
Pena ± detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. 
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena ± reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 2o Se resulta a morte: 
Pena ± reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) 
ano e multa: 
I ± obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade; 
II ± negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho; 
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III ± recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar 
assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa; 
IV ± deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de 
ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; 
V ± recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da 
ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. 
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a 
execução de ordem judicial expedida nas ações em que for parte ou 
interveniente o idoso: 
Pena ± detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer 
outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua 
finalidade: 
Pena ± reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. 
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência

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