Prévia do material em texto
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica 1 Ciclos de refrigeração 2017/2 2 Organização: � Ciclo de Carnot � Ciclo padrão de um estágio de compressão � Subresfriamento e superaquecimento � Refrigerantes � Compressores � Ciclos de dois estágios de compressão � Ciclo em cascata � Ciclo transcrítico do CO2 Material: http://www.professor.unisinos.br/mhmac/ Refrigeração: Capítulos 1 a 7 3 Ciclo ideal (reversível) é o modelo ideal para o ciclo de refrigeração operando entre duas temperaturas fixas ou entre dois fluidos a diferentes temperaturas e cada um com capacidade térmica infinita (duas bacias térmicas). � Nenhum ciclo de refrigeração pode possuir um coeficiente de performance, COP, maior que o ciclo de Carnot, operando entre as mesmas temperaturas; Ciclo de Carnot 4 líquido Trabalho útil ãoRefrigeraç =COP Efeitos das temperaturas T2 ↓ COP ↑ T1 ↑ COP ↑ Ciclo de Carnot (1) (2) 5 Refrigerante com mudança de fase Compressão “seca” Expansão irreversível Refrigerante 6 Irreversibilidades Redução do efeito de refrigeração Aumento do trabalho mecânico 7 Ciclo padrão de refrigeração por compressão mecânica Ou ciclo reverso de Rankine ou ciclo de Evans-Perkins 8 Circuito básico de um sistema de refrigeração de um estágio de compressão 9 Refrigerador doméstico 10 Diagrama pressão vs. entalpia 11 Diagrama pressão vs. entalpia: R134a e R717 TC = 35 °C TE = -10 °C R134a R717 12 Ciclo real de refrigeração 13 Balanço de energia nos dispositivos Pela 1ª. Lei da Termodinâmica: saientra EE && = ++− ++=− e e ees s ss gz VhmgzVhmWQ 22 22 &&&& (3) (4) onde é a taxa de massa do refrigerante, é a taxa de calor e a taxa de trabalho cruzando as fronteiras do v.c. Nessa mesma equação, h é a entalpia, V a velocidade, z a altura e g a aceleração da gravidade. m& Q& W& 14 Hipóteses aplicadas ao balanço de energia permanente Regime ldesprezíve potencial energia de Variação 0 EP ldesprezíve cinética energia de Variação 0 →== →= →= mmm EC es &&& ∆ ∆ Assim: ( )es hhmWQ −=− &&& Para os dois trocadores de calor (condensador e evaporador): ( )es hhmQ −= && Para o compressor, considerando um processo isentrópico e adiabático: ( )es hhmW −= && Para o processo de expansão, considerando a taxa de transferência de calor desprezível: es hh = (5) (6) (7) (8) 15 Chamando de a capacidade do evaporador (ou sua potência frigorífica): ( )41 hhmQmQ EE −== &&& ( )[ ]s/kghh Q m E 41 − = & & A potência térmica dissipada no condensador: ( )32 hhmQmQ CC −== &&& A taxa de deslocamento do compressor: = s mmV 3 11 && ν A potência mecânica do compressor, considerando um processo isentrópico: ( ) compsms,comp QhhmWmW &&&& +−== 12 (9) Balanço de energia EQ& (10) (11) (12) (13) 16 O título do refrigerante na entrada do evaporador é dado : ( ) ( ) ( )l l ll hh hh x hhxhh − − = −+= 1 4 4 144 Lembrando que: O COP do ciclo é dado por: comp E W QCOP & & = O afastamento do ciclo padrão em relação ao ciclo reversível é chamado de rendimento de refrigeração: ( )revR COP COP =η Balanço de energia (14) (15) 34 hh = (16) (17) (18) lh 17 Utilizando as Equações (9) e (12), a capacidade do evaporador pode ser escrita como: O último termo no lado direito da equação é chamado de efeito volumétrico de refrigeração, dado em kJ/m3 ou kPa, sendo uma característica de cada refrigerante. Da mesma forma, a Eq. (13) pode ser reescrita como: O termo marcado no lado direito da Eq. (20) é chamado de trabalho volumétrico do compressor ou pressão media efetiva. A potência real entregue ao compressor pode ser encontrada através da sua eficiência isentrópica: Observações (19) (20) (21) ( ) ( ) 1 41 141 v hhVhhmQE − =−= &&& ( ) 1 12 1 v hh VW ss,comp − = && ( ) 1 12 1 v hh VW isen s s,comp η − = && 18 Subresfriamento e superaquecimento Subresfriamento Subresfriamento Subresfriamento (∆Tsub) é a diminuição da temperatura do líquido, na saída do condensador, abaixo da temperatura de saturação. liqc,satsub TTT −=∆ Superaquecimento (22) 19 Superaquecimento Subresfriamento Superaquecimento (∆Tsup) é o aumento da temperatura na saída do evaporador, acima da temperatura de saturação. e,satvapsup TTT −=∆ Subresfriamento e superaquecimento Superaquecimento (23) 20 Superaquecimento Função: Impedir a entrada de líquido no compressor → diluição do óleo lubrificante, desgaste peças móveis, etc. 21 Subresfriamento Função: Evitar a formação de vapor do refrigerante na entrada do dispositivo de expansão, devido às perdas de pressão na linha de líquido, prejudicando o seu desempenho. 22 Subresfriamento e superaquecimento Uso de um trocador de calor (LSHX) que realiza os dois processos simultaneamente. 23 Subresfriamento e superaquecimento h1 h1’ h3h3’ Balanço de energia no trocador (LSHX) ( ) ( )1133 hhmhhmQ ''LSHX −=−= &&& ( ) ( )1133 TTcTTc 'v,p'l,p −=− ( ) ( )1133 TT c c TT ' l,p v,p ' −=− <1 ( ) ( )1133 TTTT '' −<− ( ) ( ) ( ) ( )13 11 13 11 TT TT TTcm TTcm Q Q ' v,p 'v,p max real LSHX − − = − − == & & & & ε (24) (25) (26) (27) (28) mcp é a máxima taxa de capacidade calorífica 24 Compressores O compressor é um dos quatro componentes principais de um sistema de refrigeração por compressão mecânica de vapor. O compressor é o responsável pela circulação do refrigerante no ciclo, de forma contínua. Nesse processo o compressor aumenta a pressão do refrigerante (e, consequentemente, sua temperatura), enviando o vapor ao condensador. Há dois tipos básicos de compressores: os de deslocamento positivo e os dinâmicos, conforme esquema mostrado na figura abaixo. 25 Compressores Os compressores de deslocamento positivo aumentam a pressão do vapor do refrigerante através da redução do volume da câmara de compressão através da aplicação de trabalho mecânico no mecanismo de compressão. Exemplos desses compressores são os alternativos, os rotativos (parafuso, scroll, pistão rolante e palhetas). Os compressores dinâmicos aumentam a pressão do vapor do refrigerante através da transferência contínua de momento angular pelas pás do rotor, acelerando o refrigerante, seguido de uma conversão desse momento em um aumento de pressão, isso é, a conversão da energia cinética em energia de pressão. Os compressores centrífugos são exemplos de compressores dinâmicos. 26 Compressores alternativos Se baseiam no movimento de um pistão dentro de um cilindro. Quando o pistão desloca-se do ponto morto superior (PMS) para o ponto morto inferior (PMI), o vapor entra no cilindro através de uma válvula se sucção, que se abre automaticamente pela diferença de pressão. Nesse deslocamento, o volume do cilindro é quase que totalmente preenchido pelo vapor do refrigerante. No movimento ascendente, o pistão se movimenta desde o PMI até o PMS. Nesse momento a válvula de sucção encontra-se fechada pela ação de uma mola e a pressão no interior do cilindro aumenta pela diminuição do volume do cilindro. Esse processo continua até que a pressão no interior do cilindro consiga vencer a pressão da mola da válvula de descarga, próximada pressão de condensação. Nesse processo, parte do vapor permanece dentro do cilindro, na pressão de descarga, uma vez que o pistão não consegue varrer todo o volume do cilindro. 27 Compressores alternativos O espaço morto ou também chamado de espaço nocivo é definido como Vc e é geralmente representado como uma fração do volume varrido, Vsw. sw c V V c = (29) 28 Compressores alternativos O efeito do espaço morto no diagrama pressão vs. volume para um compressor ideal é mostrado na figura abaixo. Assim, o volume de vapor Vc no ponto C expande à medida que o pistão se movimenta desde o PMS até o PMI. Nesse processo, a pressão no interior do cilindro não se reduz imediatamente para p1, mas segue a curva C-D. Para o caso de um compressor ideal, o processo C-D é considerado adiabático e reversível, isso é, a entropia constante. Compressor ideal Compressor ideal com espaço morto 29 Compressores alternativos O primeiro efeito observável no diagrama é que o espaço morto reduz o volume de vapor aspirado desde VA, no caso de compressor sem espaço morto, para (VA-VD), conforme a figura. Assim, define-se rendimento volumétrico do compressor como: sw DA CA DA max real idc,v V VV VV VV V V − = − − ==η Depois de algumas elucubrações matemáticas, pode-se chegar na seguinte equação: onde vD e vC são os volumes específicos do refrigerante nas condições de aspiração e descarga do compressor, similarmente a v1 e v2. (30) (31) ssC D idc,v v v cc v v cc −+= −+= 2 111η 30 Compressores alternativos Se o valor de k (coeficiente isentrópico) é conhecido e o refrigerante puder ser tratado como um gás ideal: a Eq. (31) pode ser reescrita como: Entre os valores limites de ηv, id= 1 quando (p2/p1) = 1 e ηv, id= 0 quando (p2/p1)max, a variação do ηv, id é mostrada na fig. abaixo, onde a condição k = 1,3 é para o caso do R-717. Na prática, elevadas relações de pressão não são utilizadas, pois implicam em baixos rendimentos volumétricos e elevadas temperaturas de descarga. v p c c k = (32)kkkk p p v v p p v v vpvp 1 1 2 2 1 1 2 2 1 2211 =⇒= ⇒= k idc,v p p cc 1 1 21 −+=η (33) (34) 31 Compressores alternativos Para relações de pressão usualmente utilizadas, o ηv, id é apresentado abaixo, em função da relação de pressões. A taxa de massa circulada em um compressor ideal com espaço morto é dada por: e a potência do compressor em um processo isentrópico: onde a taxa do volume varrido é dada por: 1v V m swidc,v && η = (35) ( ) ( ) 1 12 12 v hh VhhmW sswidc,vsidc − =−= &&& η (36) LNnDVsw 4 2pi = & (37) 32 Compressor alternativo real A diferença mais óbvia entre o comportamento de um compressor real e de um compressor ideal com espaço morto é que a sucção e a descarga não acontecem com pressão constante, como mostrado na figura abaixo. Como as válvulas possuem massa, uma diferença de pressão é necessária para acelerá-las desde o repouso até o momento em que ficam totalmente abertas. Além disso, as curvas relativas aos processos de compressão não são mais isentrópicas, devido aos efeitos de transferência de calor entre o fluido e as paredes do cilindro e também devido aos vazamentos. 33 Compressor alternativo real O rendimento volumétrico real é obtido através de testes onde a taxa de massa é medida em condições de regime permanente e o volume específico, na entrada do compressor, calculado a partir da temperatura e pressão. swteórica real v V vm m m & & & & 1 ==η (38) 34 Compressor alternativo real Através dos dados medidos é possível então obter uma equação representativa do desempenho do compressor, como por exemplo, o polinômio mostrado abaixo. onde a variável X pode representar a taxa de massa, , o rendimento volumétrico, ηv e/ou a potência absorvida pelo compressor, . . Nessa equação, Te é a temperatura de vaporização e Tc a temperatura de condensação. As constantes Ci são obtidas através de ajuste. (39) compW& m& 3 10 2 9 2 8 3 7 2 65 2 4321 cceececceece TcTTcTTcTcTcTTcTcTcTccX +++++++++= 35 Compressor parafuso Na figura abaixo é apresentado um corte transversal dos parafusos macho e fêmea, onde o rotor macho tem 4 lóbulos enquanto o rotor fêmea tem 6 reentrâncias, que é um desenho usual desses compressores para aplicações de refrigeração. Nesses compressores, o rotor macho geralmente é o acionado. Se esse rotor gira a uma velocidade w1 = N, a velocidade de giro do rotor fêmea será igual a w2 = 2N/3, conforme a equação: 3 2 6 4 2 1 2 2 1 NNw z z w w ==→= (40) 36 Compressor parafuso Utilizando a nomenclatura mostra na figura anterior, onde af é a área transversal livre do rotor fêmea e am é a área transversal livre do rotor macho, a taxa de deslocamento do compressor é dada por: onde N é a velocidade de rotação do rotor macho e L é o comprimento dos rotores (fusos). Definindo uma nova variável: a taxa de deslocamento do compressor pode ser reescrita conforme ( )LaaNLaaNV fmfmsw += += 4 3 264& (41) 4 2D aa K fm pi + = (42) LNDKVsw 2pi=& (43) 37 Rendimento isentrópico de um compressor real O rendimento isentrópico (ou adiabático) de um compressor real é dado pela relação entre o trabalho de compressão ideal, isentrópico, e o trabalho de compressão real, como definido pela equação: ( ) ( )real compressão de trabalho oisentrópic compressão de trabalho =iseη (44) ( ) ( ) 10012 12 x hh hh r s ise − − =η (45) 38 Quando a diferença entre as temperaturas de condensação e de evaporação torna-se muito elevada: Ciclos de múltiplos estágios de compressão i. Redução da capacidade de refrigeração; ii. As perdas no processo de estrangulamento aumentam; iii. As perdas pelo superaquecimento aumentam; iv. A temperatura na descarga no compressor aumenta; v. O título do refrigerante na entrada do evaporador aumenta; vi. O volume específico na entrada do compressor aumenta, com redução do rendimento volumétrico do compressor; vii. Problemas de resfriamento e de lubrificação do compressor; viii. A relação entre as pressões também aumenta. 39 Ciclos de múltiplos estágios de compressão A análise do sistema de compressão com múltiplos estágios oportuniza o estudo de dois conceitos presentes nesses sistemas: o resfriamento intermediário e a remoção do vapor de “flash”. Resfriamento intermediário O resfriamento intermediário é um processo normalmente adotado em instalações de múltiplos estágios de compressão. Sua função é reduzir a temperatura do vapor na saída de um estágio antes de ser aspirado pelo compressor do estágio seguinte. 40 Ciclos de múltiplos estágios de compressão Utilização de um trocador de calor com água ou ar: No caso de compressor para refrigeração, a transferência de calor através da água ou do ar apresenta um uso relativamente limitado. No caso de um compressor de R-717, por exemplo, a temperatura de entrada do vapor no primeiro estágio é muito inferior à temperatura ambiente e o que pode ser esperado é desuperaquecer o vapor do primeiro estágio até uma temperatura próxima a temperatura de condensação. 41 Resfriamento intermediário com injeção de líquido Uma forma mais efetiva de realizar o resfriamento intermediário é através da injeção de refrigerante líquido no vapor entre os estágios, como mostrado esquematicamente nas figuras abaixo. Nesseprocesso, a temperatura do vapor pode ser reduzida até a temperatura de saturação, dependendo da quantidade de líquido injetado. Uma importante questão é como a injeção de líquido afeta o coeficiente de performance do ciclo uma vez que o refrigerante líquido utilizado para o desuperaquecimento é aparentemente perdido uma vez que não produzirá efeito de refrigeração no evaporador. 42 Resfriamento intermediário com injeção de líquido 332266 hmhmhm &&& =+ 25 2 6 3 2 3 3 2 3 2 2 2 6 2 6 hh m mh m mh m mh m mh m m +=⇒=+ & & & & & & & & & & 1por dividindo e como 2 6 2 3 2263 +=→+= m m m m mmmm & & & & &&&& ( )y m m m m y +== 1 então e 2 3 2 6 & & & & (46) (47) (48) (49) onde y é a fração da massa de líquido injetada em relação à massa que circula no evaporador e (1+y) a fração de massa que passa pelo compressor do segundo estágio em relação à massa que passa pelo compressor do primeiro estágio. h6=h5 y Lembrar que 21 mm && = 43 Introduzindo a Eq. (49) na Eq. (47): Resfriamento intermediário com injeção de líquido 325 1 h)y(hyh +=+ Resolvendo a Eq. (50) para y: (50) ( ) ( )( )53 32 5332 hh hh yhhyhh − − =→−=− (51) 3 25 3 2 3 51 h hyh h h h h y)y( +=+=+ Resolvendo a Eq. (50) para (1+y) ( ) ( ) ( )533 523 353 53321 hhh hhh hhh hhhh)y( − − = − − =+ E substituindo a Eq. (51) em (52) (52) (53) ( ) ( )( )53 521 hh hh y − − =+ 44 Resfriamento intermediário com injeção de líquido Considerando uma vazão mássica unitária circulando pelo evaporador, o deslocamento volumétrico através do compressor do segundo estágio do ciclo 1-2- 3-4-5 será proporcional a (1+y)v3 e para o ciclo 1-2-4’-5 será proporcional a (1.v2), onde v3 e v2 são os volumes específicos na sucção dos compressores. O deslocamento volumétrico através do compressor do segundo estágio do ciclo com desuperaquecimento será menor do que o do ciclo sem desuperaquecimento se: ( ) 231 vvy <+ ( ) ( ) ( ) ( ) 3 53 2 52 23 53 52 v hh v hh vv hh hh − < − ⇒< − − (55) (54) ( )ym m m +== 1 1 3 2 3 & & & Isso é, se o descolamento volumétrico do compressor de alta for menor do que o deslocamento volumétrico do compressor sem resfriamento intermediário 45 Resfriamento intermediário com injeção de líquido O resfriamento intermediário não reduz somente o trabalho de compressão mas também reduz, de maneira mais importante, a temperatura na descarga do compressor melhorando a lubrificação e aumentando sua vida útil. No caso da amônia (R-717) o resfriamento intermediário reduz a potência de compressão enquanto que para o R-22, por exemplo, aumenta. O maior benefício obtido pelo resfriamento intermediário é a redução da temperatura de descarga do refrigerante na saída do compressor. 46 Remoção do vapor de “flash” Como fica evidente pela análise anterior, à medida que a temperatura do evaporador diminui para uma temperatura de condensação constante, a irreversibilidade associada ao processo de expansão aumenta. Também pode ser verificada que a fração de vapor na saída do dispositivo de expansão torna-se elevada, isso é, o título na entrada do evaporador aumenta. Título do refrigerante Temperatura descarga compressor 47 Remoção do vapor de “flash” Esse vapor formado no processo de estrangulamento, chamado “vapor de flash”, promove a redução da temperatura do refrigerante ao passar pelo dispositivo de expansão, absorvendo a entalpia de vaporização. No entanto, sua função no evaporador pouco ou nada contribui para a troca térmica, pois já se encontra na fase vapor e, além disso, incrementa a perda de pressão (carga) no evaporador e deve ser recomprimido outra vez até a pressão do condensador, consumindo trabalho. Uma forma de reduzir a irreversibilidade do processo de expansão é realizar uma expansão fracionada. 48 Expansão fracionada Uma forma de aumentar o COP do sistema é remover o vapor de flash tão logo seja formado, evitando sua entrada no evaporador. Como a remoção contínua desse vapor é um processo difícil de ser realizado, opta-se por fazer uma remoção de vapor a uma pressão intermediária, utilizando um tanque de “flash”, chamado aqui de tanque separador de líquido. Esse ciclo é comumente chamado de “Economizer” e é muito utilizado para aplicações a baixas temperaturas utilizando compressores parafuso, uma vez que possuem uma porta capaz de aspirar o vapor a uma pressão intermediária. 49 Expansão fracionada O processo de separação do vapor pode ser visto representado em um diagrama pxh abaixo. Pela análise dessa figura, se vê claramente que na ausência do tanque separador, a condição do refrigerante na entrada do evaporador seria aquela correspondente ao estado 8’, que possui um título consideravelmente maior que o do estado 8. 50 Expansão fracionada A capacidade de refrigeração do evaporador, , pode ser determinada por: ou, conhecendo essa capacidade, determinar a taxa de massa no evaporador por: Fazendo um balanço de massa e energia no tanque separador de líquido (SL), conforme esquema mostrado, obtém-se as seguintes relações: EQ& ( ) 811 hhmQE −= && (56) ( )811 hh Q m E − = & & (57) 765 mmm &&& += 776655 hmhmhm &&& += (58) (59) ( ) 7766576 hmhmhmm &&&& +=+ E substituindo (58) em (59): (60) 51 Expansão fracionada ( ) ( )57 65 1 7 hh hh m m − − = & & A solução da Eq. (60) fornece então a relação entre a taxa de massa que circula pelo compressor de baixa e a taxa de massa que é fracionada no tanque separador, isso é: A taxa de massa no compressor de alta é dada por: O estado do vapor no ponto 3 é fixado pela pressão intermediária e a entalpia específica é conhecida através de um balanço de energia na entrada do compressor de alta: (61) 713 mmm &&& += (62) 3 7721 3 m hmhmh & && + = (63) 52 Expansão fracionada Segundo Domanski (1995), a temperatura intermediária ótima, Ti, é praticamente uniforme para a maioria dos refrigerantes utilizados e pode ser aproximada corretamente pela temperatura média entre a temperatura do condensador e a do evaporador: A pressão média geométrica, dada pela equação abaixo, utilizada para determinar a pressão intermediária para minimizar o trabalho de compressão em sistemas de dois estágios, considerando um gás ideal com resfriamento completo, subestima a pressão ótima para gases reais no ciclo Economizer. (64) (65) 2 EC i TT T + = ECi PPP = 53 Sistema combinado: expansão fracionada e resfriamento intermediário A mistura do vapor proveniente do tanque separador com o vapor proveniente do compressor do primeiro estágio ocasiona algum desuperaquecimento mas a redução da temperatura do vapor que entra no segundo estágio de compressão não será suficiente para aqueles refrigerantes que apresentem elevada temperatura de descarga, como é o caso da amônia, principalmente. Para esse refrigerante, o desuperaquecimento é geralmente realizado em um sistema como o mostrado abaixo. Ali, o vapor do refrigerante proveniente do compressor do primeiro estágio é borbulhado, através de um tubo perfurado, no refrigerante líquido presente no tanque separador que, nesse caso, também é o tanque resfriador intermediário. 54 Sistema combinado: expansão fracionada e resfriamento intermediário O processo de borbulhamento se caracteriza por uma elevada área de contato entre o vapor e o líquido, permitindo um resfriamento eficiente do vapor até, aproximadamente, a temperaturado líquido do tanque. A temperatura do líquido nesse tanque corresponde à temperatura de saturação na pressão intermediária. 33772266 hmhmhmhm &&&& +=+ (66) 171263 e ; mmmmmm &&&&&& === Como: ( ) ( )63 72 1 3 hh hh m m − − = & & (67) 55 Sistema combinado: expansão fracionada e resfriamento intermediário A vazão mássica de refrigerante que circula no evaporador, , é determinada a partir da capacidade de refrigeração requerida pelo processo: As taxas de deslocamento dos compressores dos estágios de alta e baixa são calculadas através das equações: A potência térmica dissipada no condensador é dada por: As potencias dos compressores de alta e baixa, considerando processos de compressão isentrópicos, são dadas por: E o COP: 1m& ( )811 hh Q m E − = & & (68) 333111 e vmVvmV &&&& == (69) ( )543 hhmQC −= && (70) ( ) ( ) s,comps,comp hhmWhhmW 34331211 e −=−= &&&& (71) ( ) ( ) ( ) 31343121 811 ,comp,comp E ss WW Q hhmhhm hhmCOP && & && & + = −+− − = (72) 56 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Os evaporadores podem ser classificados como: Expansão direta: nesse caso, o refrigerante líquido, proveniente do condensador é alimentado através de um dispositivo de expansão. Assim, na entrada do evaporador existe uma mistura de líquido+vapor, cujo título é função das características termodinâmicas do refrigerante e da diferença entre as pressões de entrada e saída do dispositivo de expansão. Um dispositivo de expansão muito utilizado é a válvula de expansão termostática, TXV. Ela controla o fluxo de refrigerante para o evaporador de tal forma que o vapor na saída esteja levemente superaquecido, garantindo que não entre líquido no compressor. As válvulas TXV são utilizadas quando o refrigerante vaporiza dentro dos tubos do evaporador. 57 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Os evaporadores podem ser classificados como: Evaporador inundado: nesse caso, o evaporador é alimentado exclusivamente por refrigerante líquido proveniente de um tanque separador, na pressão de vaporização, onde apenas uma fração do líquido vaporiza, isso é, a vazão mássica do refrigerante no evaporador é superior a sua capacidade de vaporização. A circulação acontece por gravidade (ou termossifão), conforme representação esquemática abaixo, onde a pressão estática na perna de líquido é maior que aquela da mistura de vapor e líquido no evaporador. Essa diferença de pressão é a força motora responsável pelo fluxo de refrigerante no evaporador. 58 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado O coeficiente de transferência de calor do refrigerante no escoamento interno de um evaporador é uma função da fluxo do refrigerante, da taxa de transferência de calor mas, principalmente, do título do refrigerante, como pode ser visto abaixo. Nessa figura, o refrigerante é amônia (R-717) vaporizando em um tubo a -10 °C. 59 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Um valor elevado de hi produzirá uma menor diferença de temperatura de aproximação (entre o refrigerante e o ar) e uma maior efetividade do evaporador. Como consequência, o evaporador poderá ter um volume menor, portanto mais compacto, e de menor custo. Na figura anterior, pode ser notado que o valor de hi é elevado quando o título do refrigerante ficar entre a faixa de títulos de 0,2 a 0,7. Nessa faixa, o escoamento bifásico apresenta um padrão anular, formando um filme de líquido nas paredes dos tubos do evaporador, com o vapor escoando no centro do tubo. No processo de secagem (dry out) há uma brusca redução do valor do coeficiente de transferência de calor e, portanto, não é uma condição favorável para o desempenho do evaporador. Para títulos próximos da unidade e na região de superaquecimento, o valor de hi é muito baixo, devido também à baixa condutividade térmica do vapor. 60 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Esse problema pode ser resolvido utilizando um evaporador inundado, com superalimentação de líquido. Assim, o título do refrigerante será mantido em valores adequados, evitando-se a condição de secagem. Para isso, coloca-se o evaporador em um loop separado, cuja taxa de massa de líquido no evaporador é mantida através de uma bomba. 61 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Uma representação desse ciclo em um diagrama pressão vs. entalpia é mostrada abaixo, onde utiliza como referência os estados definidos no esquema ao lado. 62 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Utilizando o tanque separador (SL) como volume de controle e realizando um balanço de energia, conforme representação na Fig. 6.18, chega-se nas seguintes expressões: e como 9911101088 hmhmhmhm &&&& +=+ 91018 e mmmm &&&& == ( ) ( )9109811 hhmhhm −=− && ( ) ( )81 910 9 1 hh hh m m − − = & & (73) (74) (75) (76) 1m& 9m& 3m& 63 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado A vazão mássica no evaporador é determinada pela capacidade de refrigeração do sistema, conforme a Eq. 6.54. Realizando um balanço de energia no tanque separador de líquido/resfriador intermediário, representado na figura abaixo, resulta em: ( )9109 hh Q m E − = & & 77336621 hmhmhmhm &&&& +=+ Como: 36721 e mmmmm &&&&& === 63 72 1 3 hh hh m m − − = & & (77) (78) (79) (80) 1m& 9m& 3m& 64 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Um benefício fundamental da recirculação de líquido é o incremento do coeficiente de transferência de calor do lado do refrigerante no evaporador, principalmente em função do aumento da velocidade do refrigerante. O número de recirculação, Nr, é definido como: ou seja, o evaporador é superalimentado de refrigerante onde apenas uma pequena parcela de líquido vaporiza. A condição de saída da mistura líquido-vapor dos evaporadores (estado x10) está associada com o número de recirculação, Nr, de acordo com o vaporizadterefrigeran de mássica Vazão evaporador ao fornecida terefrigeran do mássica Vazão =Nr Nrx 1 10 = (81) (82) 65 Sistema combinado: expansão fracionada, resfriamento intermediário e evaporador inundado Valores recomendados para o número de recirculação, Nr, Refrigerante Fator de recirculação R-717 Alimentação por cima e tubos de grande diâmetro 6 a 7 Alimentação normal e tubos de pequeno diâmetro 2 a 4 R-134a 2 R-22 (alimentação por cima) 3 66 Ciclo cascata Em um ciclo cascata, ciclos separados de um estágio de compressão são arranjados em série. Os ciclos são integrados termicamente através de um trocador de calor, chamado de "condensador cascata”. O ciclo do estágio superior rejeita calor para o ambiente, na temperatura de condensação. O ciclo inferior rejeita calor para o estágio superior do ciclo cascata, no trocador de calor, enquanto o refrigerante vaporiza no evaporador, retirando calor do meio. 67 A vantagem desse ciclo reside no fato de que, quando a diferença entre a temperatura na qual o calor é rejeitado (condensador) e a temperatura na qual a refrigeração é demandada é tão elevada que um único refrigerante com propriedades adequadas para operar nessa faixa de pressões/temperaturas não é encontrado. Como as curvas de pressão de vapor de todos os refrigerantes possuem formato similar, nãoé possível encontrar um refrigerante que apresente pressão elevada adequada no evaporador e uma razoavelmente baixa pressão no condensador quando as diferenças de temperatura são elevadas. Ciclo cascata 68 Para o ciclo superior (de alta), pode-se utilizar como refrigerantes o R-22, R-717, R- 134a, R404a, etc. Para o ciclo inferior (de baixa), as opções são: o dióxido de carbono (R-744), até -50 °C, o R-508b, de -40 °C até -100 °C, o R-23, até -70 °C, etc. Ciclo cascata 69 Ciclo cascata – representação em um diagrama P vs h � � �� � � � 70 Usos: � Congelamento de alimentos a temperaturas muito baixas (< -50 °C); � Liquefação de vapores de petróleo; � Liquefação de gases industriais; � Fabricação de gelo seco; � Aplicações específicas: câmaras climáticas para choques térmicos, congelamento de plasma sanguíneo, etc. Ciclo cascata 71 Ciclo cascata A temperatura do refrigerante saindo do condensador é especificada pela diferença de temperatura de aproximação, conforme a equação: onde TH é a temperatura do meio onde o calor será dissipado. Na ausência de subresfriamento na saída do condensador, a condição de saída do refrigerante é de líquido saturado, x8 = 0. A temperatura do refrigerante na saída do evaporador é especificada pela diferença de temperatura de aproximação no evaporador, conforme a equação: onde TL é a temperatura do meio onde o calor será retirado. Na ausência de superaquecimento na saída do evaporador, a condição de saída do refrigerante é de vapor saturado, x2 = 1. HH TTT ∆+=8 (83) LL TTT ∆−=2 (84) T TL TH W QH QL Tc Te HHc TTT ∆+= LLe TTT ∆−= ∆∆∆∆TH ∆∆∆∆TL Temp. condensação Temp. vaporização 72 Ciclo cascata A temperatura do refrigerante do estágio superior na entrada do trocador de calor é especificada pela temperatura intermediária, conforme a equação abaixo mas que deve ser otimizada: Caso a perda de pressão no TC seja desprezível: Na ausência de superaquecimento na saída do trocador de calor, a condição de saída do refrigerante é de vapor saturado, x6 = 1. → A análise dos compressores é similar aos exemplos analisados nos ciclos anteriores. A temperatura do refrigerante do estágio inferior, na saída do trocador de calor é dada pela diferença de temperatura de aproximação no trocador, conforme a equação: e na ausência de subresfriamento na saída do trocador, a condição de saída do refrigerante é de líquido saturado, x4 = 0. intTT =5 (85) 56 PP = (86) CHXTTT ∆+= 54 (87) 73 Ciclo cascata Realizando um balanço de energia no trocador de calor: (89) (88) ba mmmmmm &&&&&& ==== 4365 e 44663355 hmhmhmhm &&&& +=+ Como: 4635 h m mh m mh m mh m m a b a a a b a a & & & & & & & & +=+ (90) resultando em: 4635 h m mhh m mh a b a b & & & & +=+ (91) A solução da Eq. (91) fornece a relação entre as taxas de massa do evaporador e do condensador, conforme: 43 56 hh hh m m a b − − = & & (92) am& bm& Substituindo a Eq. (89) na (88) e dividindo por am& 74 Ciclo cascata A capacidade do evaporador (no estágio inferior) é dada por: e a capacidade do evaporador em função da taxa de deslocamento dos compressores pode ser calculada como: ( )12 hhmQ bE −= && (94) + = + = 26 26 v m m vm Q vmvm Q V Q a b a E ba E c E & & & & && & & & O cálculo do COP é realizado conforme visto anteriormente. Obs.: A temperatura intermediária deverá ser otimizada em função das temperaturas de condensação e de vaporização em cada um dos ciclos e também em função dos refrigerantes utilizados. (93) 75 Operação perto no ponto crítico O uso do dióxido de carbono (R-744) foi bastante popular até a década de 60 do século passado, principalmente em aplicações industriais, como a indústria pesqueira (principalmente em navios e barcos). Em função das questões ambientais surgidas com o uso de refrigerantes halogenados (CFCs) seu uso intensificou nos últimos anos+. Características do dióxido de carbono (R-744): � Elevada pressão de operação; � Ponto tríplice em pressão elevada (-56,6 °C e 5,2 bar); � Ponto crítico em temperatura muito baixa (31 °C e 73,6 bar); � Mas seu custo pode chegar de 1/10 a 1/20 do custo dos halogenados. +Lorentzen, G., 1994. Revival of carbon dioxide as a refrigerant. International Journal of Refrigeration, 17(5); 292-301. 76 Operação perto no ponto crítico Temperatura, °°°°C Pressão, kPa R717 CO2 26,7 951,5 6.577,6 1,7 455,1 3.543,9 -42,8 40,6 792,9 77 Devido ao seu baixo ponto crítico de apenas 31 °C, a condensação do dióxido de carbono acontece muito próxima à temperatura crítica quando se utiliza água entre 20 e 25 °C. Em temperaturas mais elevadas, a condensação não é mais possível devido à diferença de temperatura de aproximação que deve ser mantida no condensador, entre refrigerante e água. Um ciclo considerando aspiração pelo compressor desde a condição de vapor saturado é mostrada abaixo. Pode-se notar que a diferença de entalpia (h1-h4) para uma dada temperatura de vaporização é muito pequena e diminui à medida que o estado 3 é movido sobre a linha de líquido saturado em direção ao ponto crítico. Operação perto no ponto crítico 78 Se a temperatura do meio de condensação é mais alta para permitir a condensação, o vapor a alta pressão no “condensador” tem apenas sua temperatura reduzida, determinada pela temperatura do meio e da área disponível para a transferência de calor. Esse ciclo, chamado de transcrítico, é apresentado abaixo. A temperatura final do vapor supercrítico situa-se sobre uma isoterma T3. O refrigerante no estado 3 entra no dispositivo de expansão, reduzindo sua pressão e temperatura, atingindo o estado 4. O efeito específico de refrigeração (h1-h4) é bastante baixo, quase a metade da entalpia de vaporização na temperatura de saturação. Operação perto no ponto crítico 79 80 Uma peculiaridade de operação nessa condição é que a capacidade de refrigeração e o coeficiente de performance (COP) do ciclo podem ser melhorados aumentando a pressão no lado de alta. Ou seja, mantendo a mesma temperatura final, T3, aumentando levemente a pressão, do estado 2L para 2, até que o estado final atinja a condição 3. Isso faz com que o efeito específico de refrigeração passe de (h1-h4L) para (h1-h4). Pode-se notar também que o aumento de pressão causa um aumento da diferença de entalpias (h2- h1) mas que, devido à pouca curvatura de linha de entropia constante, esse aumento é insignificante perto do incremento de (h1-h4). Operação perto no ponto crítico 81 No entanto, esse incremento apresenta um limite acima do qual o aumento do efeito de refrigeração não compensa o aumento do trabalho mecânico. Quando a pressão na descarga do compressor passa de 2 para 2H, para a mesma temperatura na saída do gas cooler, o incremento da variação de entalpia no evaporador (h1-h4H) não é mais tão significativo como havia sido na primeira análise. Assim, há um aumento do trabalho de compressão mais significativo do que o aumento do efeito de refrigeração. Como resultado o COP diminui. Resumindo: existe uma pressão de alta ótima que maximiza o COP. Operação perto no ponto crítico 82 A pressão ótima que maximiza o COP depende da pressão (e temperatura) de vaporização. Operação perto no ponto crítico +Groll, E.A. e Kim, J.-H., 2007. Review of recent advances toward transcritical CO2 cycle technology. HVAC&R Research, 13(3); 499-520. 83 Ciclo transcrítico simples de CO2 ( ) 1 12 2 h hh h isen is, + − =η (95) ( )41 hhmQE −= && (96) ( )32 hhmQgc −= && Rejeição de calor no “gas cooler”: ( )12 hhmWcomp −= && comp E W QCOP & & = (97) (98) (99) 84 Na figura abaixo é mostrada uma representação do ciclo transcrítico do CO2 em um diagrama T- s. Durante a expansão desse refrigerante em um dispositivo com restrição de área, o incremento da entropia é significativo, reduzindo o efeito de refrigeração. Para compensar esse efeito, buscam-se outras alternativas de desenho do ciclo, como por exemplo, o uso de trocador de calor interno, como mostrado na figura abaixo (direita). Operação perto no ponto crítico LSHX LSHX 85 Outra forma de aumentar o desempenho do ciclo é substituir o dispositivo de expansão por um dispositivo de recuperação do trabalho de expansão, como uma turbina, por exemplo: Operação perto no ponto crítico +Pérez-García, V., Belman-Flores, J.M., Navarro-Esbrí, J., Rubio-Maya, C., 2013. Comparative study of transcritical vapor compression configurations using CO2 as refrigeration mode base on simulation. Applied Thermal Engineering, 51, 1038:1046. 86 Dispositivos de expansão Responsáveis pela redução da pressão do refrigerante, desde a pressão do condensador até a pressão de evaporação ou condição similar para o caso de sistemas de múltiplos estágios. Tipos: � Restrição de área fixa (tubo capilar ou de orifício); � Válvula de expansão termostática (VXT); � Válvula de expansão eletrônica (EXT); � Válvula de expansão tipo boia de baixa pressão; � Válvula manual. 87 Tubo capilar 88 Tubo capilar - Modelo Hipóteses do modelo: � O tubo capilar é reto, horizontal e com área da seção transversal constante; � O escoamento compressível viscoso é unidimensional na direção axial; � As perdas de pressão na entrada e na saída do tubo são desprezíveis; � O escoamento é bifásico e homogêneo; � O escoamento meta estável é desprezado; � O escoamento pode ser considerado isentálpico; � A perda de pressão devido a aceleração é desprezível em relação ao termo de atrito. 89 Tubo capilar - Modelo Fonte: Hermes, C.J.L.; Melo, C.; Knabben, F.T. , 2010. Algebraic solution of capillary tube flows. Part I: Adiabatic capillary tubes. Applied Thermal Engineering, v. 30, p. 449-457. Representação esquemática para o cálculo do ponto de flash. (a) Líquido subresfriado (b) Estado bifásico 90 Tubo capilar - Modelo Conforme Hermes et al. (2010), a vazão mássica, em kg/s, pelo capilar pode ser calculada como: Fonte: Hermes, C.J.L.; Melo, C.; Knabben, F.T. , 2010. Algebraic solution of capillary tube flows. Part I: Adiabatic capillary tubes. Applied Thermal Engineering, v. 30, p. 449-457. ( )d f eef f fc df ddd bap bapln a b a pp v pp L D c m − −−− + +− + − = 2 1 2 5322 2 η pi & onde L é o comprimento do tubo, em m; D é o diâmetro interno do tubo capilar, em m; pc, pe e pf são as pressões de condensação, evaporação e do ponto de “flash”, respectivamente, em Pa; vf é o volume específico no ponto de “flash”, em m 3/kg (95) 91 Tubo capilar - Modelo ( )d f eef f fc df ddd bap bapln a b a pp v pp L D c m − −−− + +− + − = 2 1 2 5322 2 η pi & onde hi é a entalpia na entrada do capilar, em J/kg; f é o fator de atrito, adimensional, ηf é a viscosidade no ponto de “flash”, em Pa.s, c e d são constantes obtidas de regressão com dados experimentais. ( )fliqf pvv = ( )kva f −= 1 kpvb ff= 720510631 ,fpx,k − = ( )iliqevapf hhpp == ( ) 218 /f −= piΦ d fD m cf − = ηpi &4 140,c = 150,d = (95) 92 Válvula de expansão termostática Fonte: Eames, I.W. , 2013. Modelling thermostatic expansion valves. International Journal of Refrigeration. In Press. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijrefig.2013.06.010 93 Fonte: ASERCON, 2005. Capacity rating of thermostatic expansion valves. Lembrando que o superaquecimento é definido como a diferença entre a temperatura na saída do evaporador em relação a temperatura de saturação do refrigerante na pressão do evaporador. - Superaquecimento estático (SS) é definido como o superaquecimento no qual a válvula permanece fechada e acima do qual a válvula começa abrir; - Superaquecimento de abertura (OS) é o superaquecimento incremental acima de SS requerido para alcançar a capacidade nominal da válvula. - Superaquecimento de trabalho (WS) é a soma de SS+OS Válvula de expansão termostática 94 Válvula de expansão termostática A capacidade de uma válvula termostática é dada por uma equação geral descrita como: De tal forma que a taxa de massa é descrita como: onde C é o coeficiente de descarga, Av é a área do estrangulamento, Pc é a pressão no condensador, Pe é a pressão no evaporador e ρ é massa específica do líquido saturado na pressão do condensador. ( )( )41 hhPPCAQ m ecvE −−= 44 344 21 & & ρ ( )ecv PPCAm −= ρ& 95 Existem diversos modelos na literatura, a maioria considerando que o produto CAv pode ser considerado como uma constante, tanto para válvulas TXV quanto EXV. Válvula de expansão termostática Fonte: Li, H.; Braun, J.E.; Shen, B. 2004. Modeling adjustable throat-area expansion valves. International Refrigeration and Air Conditioning Conference. Paper 705. 96 Conforme Eames et al. (2013): Fonte: Eames, I.W. , 2013. Modelling thermostatic expansion valves. International Journal of Refrigeration. In Press. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijrefig.2013.06.010 ( ) ( )[ ] oebebv PPPPA −−−= β onde β é a constante da área de escoamento da válvula, Pb é a pressão no bulbo. O sub-índice “o” representa a condição dos pontos no momento de abertura da válvula. Dessa forma, a equação que representa a taxa de massa pela válvula é dada por: ( )[ ] ( )eceb PPPPm −−−= ραβ& onde ( ) oeb PP −=α é o equivalente de pressão para o superaquecimento estático (SS). Válvula de expansão termostática 97 Válvula de expansão eletrônica 98 Válvula tipo boia de baixa pressão 99 Compressores Modelos utilizando as curvas de desempenho do equipamentos 100 A capacidade real do compressor pode ser corrigida à partir dos dados do fabricante: Fonte: Manske, K.A., 1999. Performance optimization of industrial refrigeration systems. Master Thesis. University of Wiscosin- Madison. USA. fab real real fab fabreal h h v v CapCap ∆ ∆ = onde Capfab é a capacidade (potência frigorífica) do compressor nas condições definidas pelo fabricante, vfab é o volume específico do vapor na condição nominal, vreal é o volume específico na condição real, ∆hreal é a diferença de entalpia entre a sucção do compressor e a entrada no evaporador na condição real e ∆hfab na condição nominal. Correção da capacidade do compressor 101 Condensador evaporativo A capacidade de um condensador evaporativo é dada por: ( )cT,TbuFRCcapacidade nominal capacidade = onde FRC é o fator de rejeição de calor, função da TBU e da temperatura de condensação. 102 Uma forma de modelar o condensador evaporativo é através da utilização do conceito de efetividade. Assim: − − == i,aTo,aa i,aTo,aa hhm hhm sat,r sat,o,a & & capacidade máxima nominal capacidade ε onde o sub-índice “a” representa o ar, “o” a condição de saída e “i” a condição de entrada; Tr a temperatura do refrigerante e “sat” a condiçãode saturação. Condensador evaporativo 103 cTaa 21 −=ε Efetividade do condensador evaporativo 104 Pode ser modelado de forma similar ao condensador, onde a capacidade máxima é quando a condição do ar na saída do evaporador for igual a condição do refrigerante. )Thh(m )Thh(m rs,are,are,ar ars,are,are,ar evap − − == & & capacidade máxima nominal capacidade ε onde o sub-índice “ar” representa o ar, “s” a condição de saída do ar, na saturação e “e” a condição de entrada do ar e Tr a temperatura do refrigerante. Evaporador 105 Efetividade do evaporador eTaa 21 −=ε 106 Bibliografia Gosney, W.B., 1982. Principles of refrigeration. London: Cambridge University Press. Stoecker, W.F., 1998. Industrial refrigeration handbook. New York: MacGraw-Hill. 107 Apêndices Eq.(53): como: e 3 251 h hyh)y( +=+ ( ) ( )53 521 hh hh)y( − − =+ ( ) ( )53 32 hh hhy − − = ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 3 2 353 5352 3 2 53 5352 3 25 53 32 1 h h hhh hhhh h h hh hhhh h hh hh hh )y( + − − = + − − = + − − =+ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )533 523 353 5323 353 2353 353 52235352 353 25353521 hhh hhh hhh hhhh hhh hhhh hhh hhhhhhhh hhh hhhhhhh)y( − − = − − = − +− = = − −+− = − −+− =+