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UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 1 TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO (MOSFET) O semicondutor FET de óxido metálico, ou MOSFET (abreviação direta do inglês: Metal Oxide Semicondutor Field Effect Transistor) tem uma porta, uma fonte e um dreno. Ao contrário do JFET, entretanto, a porta é isolada do canal. Por isso, a corrente da porta é extremamente pequena seja a porta positiva ou negativa. Às vezes o MOSFET é chamado IGFET, que quer dizer FET com porta isolada (Insulated Gate). Este capítulo discute os circuitos básicos de polarização, de amplificação e de chaveamento do MOSFET. O MOSFET TIPO DEPLEÇÃO A figura 94 mostra um MOSFET de canal n, uma barra condutora de material n com uma região p à direita e uma porta isolada à esquerda. Os elétrons livres podem fluir da fonte para o dreno através do material n. A região p é chamada substrato (ou corpo); ela reduz fisicamente o percurso condutor formando um canal estreito. Os elétrons que fluem da fonte para o dreno tem que passar através desse canal estreito. É depositada uma camada fina de dióxido de silício (SiO2) do lado esquerdo do canal. Dióxido de silício é o mesmo que vidro, que é um isolante. Num MOSFET a porta é metálica. Pelo fato da porta ser isolada do canal, flui uma corrente da porta desprezível, mesmo quando a tensão da porta é positiva. O diodo pn que existe num JFET foi eliminado no MOSFET. MODO DE DEPLEÇÃO A figura 95-A mostra um MOSFET com uma porta negativa. A alimentação VDD força os elétrons livres a passarem da fonte para o dreno. Estes elétrons fluem através do canal estreito à esquerda do substrato p. Como antes, a tensão da porta pode controlar a largura do canal. Quanto mais negativa a tensão da porta, menor a corrente do dreno. Quando a tensão da porta é suficiente negativa, a corrente do dreno é cortada. Portanto, com tensão de porta negativa, o funcionamento de um MOSFET é semelhante ao de um JFET. Pelo fato da ação com uma porta negativa dos elétrons livres, depender da depleção do canal, chamamos a operação da porta negativa com modo depleção. Mosfet do tipo depleção FIGURA 94 UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 1 MODO DE INTENSIFICAÇÃO Como a porta de um MOSFET é isolado do canal, podemos aplicar uma tensão positiva à porta como mostra a figura 95- B. A tensão positiva da porta aumenta o número de elétrons livres que fluem através do canal. Quanto mais positiva a tensão da porta, maior a condução da fonte ao dreno. O funcionamento do MOSFET com uma tensão positiva da porta depende da intensificação da condutividade do canal. Por esta razão, a operação com porta positiva (figura 95-B) é chamada de modo de intensificação. Devido à camada de isolação, flui uma corrente desprezível na porta em ambos os modos de operação. A resistência de entrada de um MOSFET é incrivelmente alta, tipicamente de 10.000 MΩ até acima de 10.000.000 MΩ. CURVA DO DRENO A figura 96-A mostra curva do dreno típicas para um MOSFET de canal n, juntamente com uma linha de carga cc para um circuito de fonte comum. Observe que as curvas de cima tem um VGS positivo e as curvas de baixo tem um VGS negativo. A curva mais abaixo de todas é dada para VGS = VGS (desligada). Ao longo dessa curva, a corrente do dreno é aproximadamente 0. Quando VGS se situa entre VGS(desligado) e zero, temos o modo de operação de depleção. Por outro lado, VGS maior do que zero resulta no modo de operação de intensificação. CURVA DE TRANSCONDUTÂNCIA A figura 96-B representa a curva de transcondutância de um MOSFET. IDSS ainda representa a corrente do dreno com a porta em curto. Mas agora a curva se estende para a direita da origem, como mostra a figura. A relação entre a corrente do dreno e a tensão da porta fonte ainda é parabólica e, assim sendo, podemos usar a equação da lei quadrática. ID = IDSS 1 - VGS 2 VGS (desligado) Esta equação é idêntica à equação da lei quadrática de um JFET. O valor de VGS, entretanto, agora pode ser positivo ou negativo. (a) Modo de depleção. (b) Modo de intensificação FIGURA 95 Os MOSFETs com uma curva de transcondutância como a da figura 96-B são mais fáceis de polarizar do que os JFETs porque podemos usar o ponto Q UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 4 mostrado na figura 96-C. Com este ponto Q, VGS = 0 e ID = IDSS. Estabelecer um VGS de zero é fácil, não é necessário nenhuma tensão cc na porta. NORMALMENTE LIGADO O MOSFET que acabamos de descrever é chamado de MOSFET do topo de depleção, que pode Ter corrente de dreno tanto no modo de depleção quanto no modo de intensificação. Como este tipo de MOSFET conduz quando VGS = 0, também é conhecido como um MOSFET normalmente ligado. SÍMBOLO ESQUEMÁTICO A figura 97-A mostra o símbolo esquemático de um MOSFET do tipo de depleção. Logo à direita da porta está a linha vertical fina que representa o canal. O terminal do dreno sai pelo topo do canal, e o terminal da fonte está ligado à parte de baixo. A seta no substrato p aponta para o material n. Em algumas aplicações, pode-se aplicar uma tensão ao substrato para um controle adicional da corrente do dreno. Por esta razão, alguns MOSFETs tem quatro terminais externos. Na maioria das aplicações o substrato é ligado à fonte, o que resulta num dispositivo com três terminais cujo símbolo esquemático aparece na figura 97-B. Há também um MOSFET do tipo de depleção de canal p. Ele é formado por uma barra de material p com uma região n à direita e uma porta isolada à esquerda. O símbolo esquemático de um MOSFET de canal p, é análogo ao do MOSFET de canal n com exceção da seta que aponta para fora. No restante deste capítulo, enfatizaremos o MOSFET de canal n. O funcionamento do MOSFET de canal p é complementar, o que significa que todas as correntes e tensões são invertidas. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 4 (a) Curvas do dreno. (b) Curvas de transcodutância (c) Ponto Q conveniente FIGURA 96 POLARIZAÇÃO DO MOSFET DO TIPO DEPLEÇÃO Pelo fato dos MOSFETs do tipo de depleção poderem operar no modo de depleção, todos os métodos de polarização discutidos para os JFETs podem ser usados. Eses incluem a polarização da porta, autopolarização, polarização por fonte de corrente. Além desses métodos de polarização, você tem uma outra opção com os MOSFETs do tipo de depleção. Como um MOSFET do tipo de depleção pode operar tanto no modo de depleção quanto no modo de instensificação, podemos fixar o seu ponto Q em VGS = 0, como mostra a figura 98-A. Então, um sinal CA de entrada na porta pode produzir variações acima e abaixo do ponto Q. A possibilidade de se usar VGS zero constitui uma vantagem quando se tiver que fazer a polarização. Ele permite o uso de um circuito único de polarização como o da figura 98-B. Este circuito não tem nenhuma tensão aplicada à porta ou à fonte. Portanto VGS = 0 e ID = IDSS. A tensão cc de dreno é VDS = VDD – IDSSRD. Símbolos esquemático para o MOSFET do tipo de depleção com canal n FIGURA 97 A polarização zero da figura 98-A é única com MOSFETs do tipo de depleção; ela não funciona com o transistor bipolar ou com um JFET. APLICAÇÕESDO MOSFET DO TIPO DE DEPLEÇÃO Depois do MOSFET do tipo de depleção Ter sido polarizado num ponto Q, ele UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 2 pode amplificar pequenos sinais exatamente como o faz um JFET. Os amplificadores MOSFET são semelhantes aos amplificadores JFET. Por exemplo, um amplificador MOSFET SC tem um ganho de tensão sem carga de –gmRD, um MOSFET seguidor de fonte tem uma impedância de saída de 1/gm e assim por diante. Polarização zero do MOSFET do tipo de depleção FIGURA 98 Se a impedância de entrada de umJFET não for suficientemente alta, você pode usar um MOSFET. Ele forma um amplificador buffer praticamente ideal porque a porta isolada significa que a resistência de entrada aproxima-se de infinito. Além disso, os MOSFETs tem excelentes propriedades de baixo ruído, uma vantagem definitiva para qualquer estágio próximo da parte de entrada de um sistema, onde o sinal é fraco. Como um JFET, o gm de um MOSFET pode ser controlado variando-se a tensão CC da porta. Por isso, os MOSFETs também servem de amplificadores de AGC. Alguns MOSFETs são dispositivos com porta dupla, o que significa que tem duas portas separadas, como o MOSFET do tipo de depleção com porta dupla mostrado na figura 99-A. Uma aplicação de dispositivo como este é, na montagem de amplificador cascode, como o da figura 99-B. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 2 (a) MOSFET de porta dupla. (b) Amplificador cascode usando MOSFET de porta depla. (c) Circuito equivalente FIGURA 99 Por conveniência, o circuito usa polarização zero em cada porta. O sinal de entrada alimenta a porta inferior; a porta superior é aterrada. Devido a sua estrutura interna, o MOSFET de porta dupla é equivalente a um MOSFET alimentado um outro MOSFET, como mostra a figura 99-B. Aqui você pode reconhecer a ligação cascode; a metade inferior age como um amplificador SC, e a metade de cima funciona com um amplificador GC. Resultado, o amplificador cascode tem um ganho de tensão sem carga de –gmRD. O importante a se lembrar é que o MOSFET de porta dupla é uma forma conveniente de se montar um amplificador cascode. Este tipo de amplificador é útil em altas freqüências devido a sua baixa capacitância de entrada. Um amplificador cascode tem uma capacitância de entrada muito baixa do que um amplificador SC comum. EXEMPLO O 3N201 da figura 100 tem um gm de 10.000µS. Calcule o ganho em tensão sem carga, a impedância de entrada e a impedância de saída em baixas freqüências. SOLUÇÃO O ganho de tensão sem carga é: A = -10.000µS X 1,8 KΩ = -18 Em baixas freqüências a impedância de entrada é 1MΩ, o valor do resistor de retorno da porta. A impedância de saída é de aproximadamente 1,8 KΩ o valor do resistor do dreno. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 2 Amplificador cascode FIGURA 100 Em freqüências altas, as impedâncias de entrada e saída diminuem devido aos efeitos capacitivos. O amplificador cascode é importante porque seus efeitos capacitivos são muito menores do que os outros amplificadores. Uma aplicação comum para o amplificador cascode é em circuitos de RF. O MOSFET DO TIPO DE INTENSIFICAÇÃO Variando a estrutura interna de um MOSFET de canal n, podemos produzir um novo tipo de MOSFET que conduz somente no modo de intensificação. Este tipo de MOSFET é amplamente usado em microprocessadores e em memórias de computadores porque ele se comporta como uma chave normalmente desligada. Para se obter a corrente do dreno, você precisa aplicar uma tensão positiva à porta. CRIANDO A CAMADA DE INVERSÃO A figura 101-A mostra um MOSFET do tipo de intensificação de canal n. O substrato estende-se por toda a parte de dióxido de silício, fisicamente, não há mais um canal n entre a fonte e o dreno. Como ele funciona? A figura 101-B mostra a polaridade normal. Quando VGS = 0, alimentação VDD tenta forçar os elétrons livres da fonte para o dreno, mas o substrato p tem apenas alguns elétrons da banda de condução produzidos termicamente. Apesar destes portadores minoritários e de alguma fuga de superfície, a corrente entre a fonte e o dreno é zero. Por esta razão, o MOSFET do tipo de intensificação também é chamado MOSFET normalmente desligado. A porta e o substrato tipo p são como duas placas de um capacitor separadas por um dielétrico (SiO2). Quando a porta é positiva, ela induz cargas negativas no substrato p. Em outras palavras, a porta positiva atrai os elétrons livres da fonte para o canto esquerdo inferior da região p. Quando a porta é suficientemente positiva, ela pode atrair elétrons livres suficientes para formar uma camada fina de elétrons entre a fonte e o dreno. Colocando de outra forma, uma tensão positiva na porta joga elétrons livres no substrato p. Estes elétrons recombinam com algumas lacunas adjacentes ao dióxido de silício. Quando a tensão da porta é suficientemente positiva, todas as lacunas que encostam no dióxido de silício são preenchidas, e os elétrons livres começam a fluir da fonte para o dreno. O efeito é equivalente a se criar UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 8 uma camada fina do material tipo n próximo ao dióxido de silício. Esta camada de elétrons livres é chamada de camada de inversão tipo N. TENSÃO DE LIMIAR O VGS mínimo que cria a camada de inversão tipo n é chamado tensão de limiar VGS (limiar). Quando VGS é menor do que VGS (limiar), flui uma corrente zero da fonte para o dreno. MOSFET do tipo de intensificação FIGURA 101 Mas quando VGS for maior do que VGS (limiar), uma camada de inversão tipo n ligará a fonte ao dreno e obteremos uma corrente. VGS (limiar) pode variar de menos de 1V a mais de 5V, dependendo do dispositivo específico que está sendo usado. O 3N169 é um exemplo de um MOSFET do tipo de intensificação. Ele tem uma tensão máxima de limiar de 1,5V. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 9 (a) Curvas de dreno (b) Curva de transcondutância (c) Exemplo FIGURA 102 CURVA DE DRENO A figura 102-A mostra um conjunto de curva do dreno para um MOSFET do tipo de intensificação de canal n, juntamente com uma linha de carga cc para um circuito de fonte comum. A curva mais baixa é a curva de VGS (limiar). Quando VGS for menor do que VGS (limiar), a corrente do dreno será extremamente pequena. Quando VGS for maior do que VGS (limiar), flui uma corrente do dreno significativa, cuja intensidade depende do valor de VGS. CURVA DE TRANSCONDUTÂNCIA A figura 102-B é a curva de transcondutância. A curva é parabólica ou segue uma lei quadrática. O vértice da parábola situa-se em VGS (limiar). Por isso, a equação para a parábola é diferente da anterior. Agora ela é igual a: ID = K [VGS - VGS (limiar)]2 Onde K é uma constante que depende do determinado MOSFET. As folhas de dados geralmente fornecem as coordenadas de um ponto da curva de transcondutância, como mostra a figura 102-B. Depois de substituir ID (ligado), VGS (ligado) e VGS (limiar) na eq. acima, você precisa determinar o valor de K. Por exemplo, se um MOSFET do tipo de intensificação tiver ID (ligado) = 8 mA, VGS (ligado) = 5V e VGS (limiar)= 3V, a sua curva de transcondutância se parece com a da figura 102-C. Quando você substitui esses valores na eq., vem 0,0008 = K(5 – 3)2 = 4K ou UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 10 K = 0,002 Portanto a equação de transcondutância da figura 102-C é ID = 0,002 (VGS – 3)2 SÍMBOLO ESQUEMÁTICO Quando VGS = 0, o MOSFET do tipo de instensificação está desligado porque não há canal condutor entre a fonte e o dreno. O símbolo esquemático da figura 103-A tem uma linha de canal interrompida para indicar a sua condição normalmente desligada. Como você sabe, uma tensão da porta maior do que a tensão do tipo n que liga a fonte ao dreno. A seta aponta para esta camada de inversão, que age como um canal n quando o dispositivo está conduzindo. Há também o MOSFET do tipo de intensificação com canal p. O símbolo esquemático é semelhante, com exceção da seta que aponta para fora, como mostra a figura 103-B. Num MOSFET do tipo de intensificação de canal p, todas as tensões e correntes são complementares às do MOSFET do tipo de intensificação com canal n. TENSÃO MÁXIMA DA PORTA-FONTE Os MOSFETs dos dois tipos, de depleção e de intensificação tem uma camada fina de dióxido de silício, um isolante que evita a corrente da porta para tensões da porta positiva e negativa. Esta camada isolante é mantida o mais fina possível para dar à porta maior controle sobre a corrente do dreno. Pelo fato da camada isolante ser tão fina, ela é facilmente destruída por uma tensão porta-fonte excessiva. Por exemplo, um 2N3796 tem uma especificação VGS (max) de ± 30V. Se a tensão da porta-fonte tornar-se mais positiva do que ± 30V ou mais negativa do que –30V, você pode jogar fora o MOSFET porque a camada fina de isolante foi destruída. Além de aplicar diretamente um VGS excessivo, você pode destruir a fina película isolante de formas mais sutis. Se você retirar ou se inserir um MOSFET num circuito, enquanto a alimentação estiver ligada, tensões transientes causadas por ricochete indutivo e por outros efeitos podem exceder a especificação de VGS (max), isto inutiliza o MOSFET. Até o fato de pegar um MOSFET pode depositar carga estática suficiente para exceder a especificação de VGS (max). É esta a razão dos MOSFETs serem frequentemente embalados com um anel de arame em volta dos terminais. Você retira o anel depois do MOSFET Ter sido ligado ao circuito. Alguns MOSFETs são protegidos por diodos zener embutidos em paralelo com a porta e a fonte. A tensão zener é menor do que a especificação de VGS (max). Portanto o diodo zener arrebenta antes de qualquer dano ocorrer à fina camada isolante. A desvantagem desses diodos zener internos é que eles reduzem a alta resistência de entrada dos MOSFETs. Apesar disso, a troca é quase sempre válida em muitas aplicações porque os caros MOSFETs são facilmente destruídos em a proteção zener. POLARIZAÇÃO DOS MOSFETs DO TIPO DE INTENSIFICAÇÃO Com os MOSFETs do tipo de intensificação, VGS tem que ser maior do que VGS (limiar) para se obter corrente. Isto elimina a autopolarização, a polarização zero, porque todas elas operam no modo de depleção. Sobra a polarização da porta e a polarização por divisor de tensão. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 2 FIGURA 103 Estas duas funcionam com os MOSFETs do tipo de intensificação porque os dois tipos de polarização podem produzir o modo de intensificação. Além da polarização da porta e da polarização por divisor de tensão, há mais um método de polarizar os MOSFETs do tipo de intensificação. A figura 104-A mostra a polarização por realimentação do dreno, um tipo de polarização que você só pode usar com MOSFETs do tipo de intensificação. Quando o MOSFET está conduzindo, ele tem uma corrente de dreno de ID (ligado) e uma tensão de dreno de VGS (ligado). Como a corrente de porta é de aproximadamente zero, não aparece nenhuma tensão através de RG. Portanto VGS = VGS (ligado). Assim como a polarização por realimentação do coletor, o circuito da figura 104-A tende a compensar as mudanças nas características do FET. Se ID (ligado) tenta aumentar por qualquer razão, VDS (ligado) diminui. Isto reduz VGS, que compensa parcialmente o aumento inicial de ID (ligado). Polarização por realimentação do dreno. (a) Circuito (b) Ponto quiescente FIGURA 104 A figura 104-B mostra o ponto Q na curva de transcondutância. Ele tem por coordenadas ID(ligado) e VDS (ligado). As folhas de dados para os MOSFETs do tipo de intensificação geralmente fornecem um valor de ID(ligado) para VGS = UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 2 VDS (ligado); isto ajuda na fixação do ponto Q. Em projetos, tudo o que você precisa fazer é escolher um valor de RD que estabeleça o VDS especificado. Colocando em fórmula: RD = VDD – VDS (ligado) ID(ligado) Suponha que, por exemplo, a folha de dados de um MOSFET do tipo de intensificação forneça ID(ligado) = 3mA e VDS (ligado) = 10V. Se VDD = 25V, você pode escolher um RD de 5KΩ, como mostra a figura 105-A. Quando ID(ligado) = 3 mA, VDS (ligado) = 10 mV. Portanto o MOSFET do tipo de instensificação está operando no seu ponto Q especificado (figura 105-B). FIGURA 105 AMPLIFICADOR CC Um amplificador cc é aquele que pode operar sempre, até a freqüência zero, sem perda de ganho. Uma forma de se construir um amplificador cc, ou um amp. cc, é eliminar todos os capacitores de acoplamento e de passagem. A figura 106 mostra um amplificador cc usado MOSFETs. O estágio de entrada é um MOSFET do tipo de depleção com polarização zero. O segundo e o terceiro estágios utilizam MOSFETs do tipo de intensificação; cada porta retira o seu VGS do dreno do estágio anterior. O projeto da figura 106 utiliza MOSFETs com correntes de dreno de 3 mA. Por esta razão, cada dreno vai para +10V com relação ao terra. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 13 Amplificador CC de três estágios FIGURA 106 Fizemos uma derivação na tensão de saída final entre os resistores de 100 KΩ. Como o resistor de baixo tem retorno para os –10V, a tensão quiescente de saída é 0 V. Quando um sinal CA alimenta o amplificador, independemente de quão baixa seja a freqüência, obtemos uma tensão de saída amplificada. Há outras formas de se projetar amplificadores cc. A beleza da figura 104 está na sua simplicidade. RESUMO DA POLARIZAÇÃO Examinamos os tipos de polarização usada com os JFETs, podemos calcular quais funcionarão com os MOSFETs. A tabela abaixo resume todos os circuitos de polarização discutidos até aqui. Por conveniência, são usadas abreviações para os MOSFETs do tipo de depleção (D) e para os MOSFETs do tipo de intensificação (E). Como você pode ver, a autopolarização e a polarização por fonte de corrente não funcionarão com um MOSFET E; a polarização zero só funcionará com os MOSFETs do tipo de depleção; e a polarização por realimentação do dreno funcionará com os MOSFETs do tipo de intensificação. MÉTODO JFET MOSFET D MOSFET E Polariza- Sim Sim Sim UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 14ção da porta Auto polariza- ção Sim Sim Não Polariza- ção por divisão de tensão Sim Sim Sim Polariza- ção por fonte de corrente Sim Sim Não Polarizaç ão zero Não Sim Não Polariza- ção por realimen- tação do dreno Não Não Sim APLICAÇÕES DO MOSFET DO TIPO DE INTENSIFICAÇÃO Os computadores são circuitos integrados com milhares de transistores. Estes CI funcionam fabulosamente bem, apesar das variações de temperatura e dos parâmetros do transistor. Como isto é possível? A resposta é o projeto de dois estados, usando apenas dois pontos da linha de carga de cada transistor. Quando usado dessa forma, o transistor se comporta como uma chave e não como fonte de corrente. Os circuitos que utilizam transistores como chaves são chamados circuitos de chaveamento, circuitos digitais, circuitos lógicos e assim por diante. Por outro lado, os circuitos que utilizam o transistor circuitos lineares, circuitos analógicos etc. O MOSFET do tipo intensificação teve o seu maior impacto nos circuitos digitais. Uma das razões é pelo seu baixo consumo de potência. Uma outra é o pequeno espaço que ele ocupa numa pastilha. Em outras palavras, o fabricante pode colocar muito mais transistores MOS numa pastilha d o que se fossem transistores bipolares. Esta é a razão dos MOSFETs serem usados em integração de grande escala nos microprocessadores, em memória, e em outros dispositivos que necessitem de milhares de transistores numa pastilha. Esta seção discute algumas das aplicações para os MOSFETs do tipo de instensificação, especialmente em chaveamento e circuito digitais. AMPLIFICADOR AMOSTRA E MANTÉM (SAMPLE-AND-HOLD) Como o JFET, o MOSFET pode funcionar como uma chave, em derivação ou em séries com carga. O MOSFET do tipo de intensificação é particularmente conveniente em aplicações de chaveamento porque ele normalmente está ligado. A figura 107-A mostra um circuito útil chamado amplificador amostra e mantém. Quando Vcon é alto, o MOSFET se liga, e o capacitor carrega até o valor de tensão de entrada. A constante de tempo de carga é muito curta porque VD (ligado) é pequena. Quando Vcon desce, o MOSFET se abre e o capacitador começa a descarregar através do resistor de carga. Se a constante de tempo de descarga for muito grande, o capacitor poderá manter a sua carga durante um longo tempo. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 15 (a) Amplificador Amostra e mantém (b) formas de ondas de entrada, de corrente e de saída FIGURA 107 Em muitas aplicações precisamos de uma tensão cc de saída igual à tensão de entrada num dado instante. Por exemplo, suponha que desejamos o valor da tensão de entrada no ponto A da figura 107-B. Se aplicarmos um Vcon estreito no ponto A, o Vsaída do amplificador amostra e mantém pode carregar até aproximadamente VA como mostra a figura. Quando Vcon volta a zero, MOSFET se abre, e a tensão de entrada não pode mais afetar o valor da tensão da saída. Dada uma constante de tempo longa, a tensão de saída mantém-se em VA por um período indefinido (veja a figura 107- B). Quando Vcon é alto na figura 107-A, o circuito está amostrando a entrada e o capacitor se carrega até o valor aproximado da tensão de entrada. Quando Vcon desce novamente, o circuito vai para uma condução de manutenção porque o capacitor armazena o valor amostrado da tensão de entrada. Lembre-se da idéia básica de um amplificador amostra e mantém; você a verá muito aplicada em conversores analógico-digitais (circuitos de computadores). CARGA ATIVA A figura 108-A mostra um alimentador MOSFET e uma carga passiva (resistor RD). Neste circuito de chaveamento, Vent ou é alto ou é baixo e o MOSFET funciona como uma chave que está ligada ou desligada. Quando Vent é baixo, UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 16 o MOSFET é cortado e Vsaída é igual a tensão de alimentação. Por outro lado, quando Vent é alto, o MOSFET conduz intensamente e Vsaída cai para um valor baixo. (a) RD é uma carga passava (b) O2 é uma carga ativa FIGURA 108 A figura 108-B mostra um MOSFET alimentador (o MOSFET de baixo) e uma carga ativa (o MOSFET de cima). Por causa da polarização por realimentação do dreno, o MOSFET de cima está sempre conduzindo. Através de projeto deliberado, este MOSFET de cima tem um RDS(ligado) pelo menos 10 vezes maior do que RDS(ligado) do MOSFET de baixo. Por esta razão, o MOSFET superior funciona como um resistor e o inferior como uma chave. A utilização de um MOS alimentador e um MOS como carga leva a circuitos integrados muito menores porque os MOSFETs ocupam menos espaço na pastilha do que os resistores. É por isso que a tecnologia dos MOS domina nas aplicações em computadores; ela lhe permite colocar muito mais circuitos numa pastilha. A principal coisa a ser lembrada é a idéia da carga ativa, usando um componente ativo agindo como carga sobre um outro. Também é possível Ter carga ativa com os transistores bipolares. INVERSOR CMOS Podemos construir circuitos MOS complementares (CMOS) com MOSFETs de canal p e de canal n. Um dos mais importantes é o inversor CMOS mostrado na figura 109-A. Observe que Q1 é um dispositivo de canal p e Q2 de canal n. Este circuito é análogo ao amplificador bipolar push-pull classe B da figura 109. Quando um componente está ligado, o outro está desligado e vice-versa. Por exemplo, quando Vent é baixo na figura 109-A, o MOSFET inferior está desligado, mas o de cima ligado. Portanto a tensão de saída é alta. Por outro lado, quando Vent é alto, o MOSFET de baixo está ligado e o de cima desligado. Neste caso, a tensão de saída é baixa. Como a tensão de saída é UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 17 sempre oposta em fase com a entrada, o circuito é chamado inversor. O inversor CMOS pode ser modificado para se construir outros tipos de circuitos complementares. A vantagem principal em se usar CMOS nos projetos é o seu consumo de potência extremamente baixo. Pelo fato dos dois dispositivos estarem em série, a corrente é determinada pela fuga no componente que está desligado, que é tipicamente em nanoampères. Isto quer dizer que a potência total dissipada no circuito é dada em nanowatts. Este baixo consumo de potência é a razão principal dos circuitos CMOS serem muito populares nas calculadores de bolso, nos relógios de pulso digitais e em satélites. Circuitos complementares (a) Inversor CMOS (b) Inversor v polar FIGURA 109 VMOS A figura 110-A mostra a estrutura de um MOSFET do tipo de intensificação num circuito integrado. A fonte está à esquerda, a porta no meio e o dreno à direita. Os elétrons livres fluem horizontalmente da fonte para o dreno quando VGS é maior do que a tensão de limiar. Esta estrutura convencional limita a corrente máxima porque os elétrons livres precisam fluir ao longo da estreita camada de inversão, simbolizada pela linha pontilhada. Pelo fato do canal ser tão estreito, os componentes MOS convencionais possuem pequenas correntes de dreno, o que implica baixa especificação de potência (tipicamente menor de 1W). CANAL VERTICAL A figura 110-B mostra a estrutura de um MOS vertical (VMOS). Observe que ele possui duas fontes na parte de cima que geralmente estão ligadas. Além disso, agora o substrato age como o dreno. QuandoVGS é maior do que a tensão de limiar, os elétrons livres fluem verticalmente para baixa das duas fontes para o dreno. Pelo fato do canal condutor ser muito largo ao longo dos dois lados do sulco em V, a corrente pode ser muito maior. O efeito total é um MOSFET do tipo de intensificação que pode dar conta de correntes e tensões muito maiores do que um MOSFET convencional. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 18 Antes da invenção do transistor VMOS, os MOSFETs não podiam competir com as especificações de potência dos grandes transistores bipolares. Mas agora, os VMOS oferecem um novo tipo de MOSFET que é melhor do que o transistor bipolar em muitas aplicações que requerem alta potência de carga, incluindo os amplificadores de áudio, os amplificadores de RF, e assim por diante. FALTA DE DERIVA TÉRMICA Uma das maiores vantagens que os transistores VMOS tem sobre os transistores bipolares é a falta de deriva térmica. Como você deve se lembrar, um aumento na temperatura do componente abaixo o VBE de um transistor bipolar. Isto aumenta a corrente do coletor, o que produz um aumento maior na temperatura. Se a dissipação de calor for inadequada, o transistor bipolar pode sofrer deriva térmica e ser destruído pelo excesso de potência dissipada. Um transistor VMOS, por outro lado, tem um coeficiente térmico negativo. À medida que a temperatura do componente aumenta, a corrente de dreno diminui, o que reduz a dissipação e potência. Por isso, o transistor VMOS não pode entrar em deriva térmica, e isto se constitui numa grande vantagem em qualquer amplificador de potência. LIGAÇÃO EM PARALELO Os trasistores bipolares não podem ser ligados em paralelo para aumentar a potência de carga porque a sua queda VBE não se ajusta suficientemente bem. Se você tentar ligá-los em paralelo ocorre a apropriação indevida de corrente (o que tem queda VBE mais baixa tem mais corrente do coletor). (a) Estrutura do MOSFET convencional (b) Estrutura do VMOS UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 20 FIGURA 110 Devido a seus coeficientes de temperatura negativos, dois transistores VMOS podem ser ligados em paralelo para aumentar a potência de carga. Se um dos transistores VMOS tentar se apropriar da corrente, o seu coeficiente negativo de temperatura reduz a corrente através dele, de modo que fluam correntes aproximadamente iguais através dos transistores VMOS em paralelo. MAIOR VELOCIDADE DE CHAVEAMENTO Quando um transistor bipolar de pequeno sinal é usado como chave saturada, um projeto segura procura uma corrente de base que seja aproximadamente um décimo da corrente saturada do coletor. Como a maioria dos transistores tem βcc maior do que 10, um excesso de corrente de base garante a saturação de um transistor para o outro. Mas o excesso de corrente de base também provoca um problema a mais que não mencionamos até agora. Portadores extras são armazenados em região de base de um transistor estruturado. Quando o transitor tenta sair da saturação, há um pequeno atraso chamado tempo de atraso de saturação TS (também chamado tempo de armazenamento). Por exemplo, o tempo de armazenamento de um 2N3713 sair é de 0,3µs. Isto significa que leva aproximadamente 0,3µs para um 2N3713 sair da saturação depois da alimentação da base Ter sido removida. Uma outra vantagem que os transistores VMOS tem sobre o transistor bipolar é a falta do tempo de armazenamento. Pelo fato de não haver cargas extras estocadas no VMOS quando está conduzindo, ele pode sair da saturação quase que imediatamente. Tipicamente, um transistor VMOS pode expulsar ampères de corrente em décimos de nanossegundos. Isto representa de 10 a 100 vezes mais rápido do que um transistor bipolar comparável. Portanto o transistor VMOS tem inúmeras aplicações em circuitos de chaveamento de alta velocidade, em reguladores de chaveamento etc. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 2 Amplificador classe C usando transistor VMOS FIGURA 111 AMPLIFICADOR CLASSE C A figura 111 mostra um amplificador VMOS classe C. Devido à tensão de limiar, a condução não ocorre até que o sinal de entrada excursione acima de VGS(limiar). Isto resulta em operação classe C, desde que o ângulo de condução seja menor em 180º. Como anteriormente, os pulsos de corrente são filtrados pelo circuito tanque para se obter uma tensão de saída senoidal amplificada. O transformador de saída acopla o sinal de RF à carga. INTERFACEANDO Os Cls digitais são dispositivos de baixa potência porque eles podem fornecer somente pequenas correntes de carga. Interfacear significa usar algum tipo de buffer entre um dispositivo de baixa potência (geralmente um Cl digital) e uma carga de alta potência (tal como um relê, um motor, ou uma lâmpada incandescente). O transistor VMOS é um excelente dispositivo para interfacear Cl’s digitais com cargas de alta potência. Como mostra a figura 112, um Cl digital alimenta a porta de um VMOS. Quando a saída digital for baixa, o VMOS estará desligado; quando a saída digital for alta, o VMOS se comportará como uma chave fechada, e fluirá uma corrente máxima através da carga. Interfacear os Cls digitais (tais como CMOS, MOS ou TTL) com cargas de alta potência é uma das aplicações mais importantes dos transistores VMOS. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 21 O transistor VMOS interfaceia um Cl digital de baixa potência com uma carga de alta potência FIGURA 112 EXEMPLO A figura 113 mostra uma parte de um robô. O VN0300M é um transistor VMOS com um RDS(ligado) de 1,2Ω. Ele tem uma especificação de corrente máxima de 700 mA e uma tensão de ruptura de 30V. Explique o que o circuito faz. SOLUÇÃO O ponto central do circuito é interfacear um inversor CMOS com um relê. Tipicamente, em relé consome dezenas a centenas de miliampéres, uma carga pesada demais para um Cl digital como um inversor CMOS. O VN0300M tem uma especificação máxima de corrente de 700 mA, mais do que suficiente para alimentar a corrente do relê. Quando Vent for baixa, o inversor CMOS (Q1 e Q2) terá uma saída alta, que liga o VMOS. Como o VMOS tem um RDS(ligado) de somente 1,2Ω, efetivamente, ele põe em curto a extremidade inferior do relê com a terra. O relé se fecha e o motor começa a rodar. O motor continua a girar enquanto Vent for baixa. Quando Vent sobe, a saída do inversor CMOS desce. O transistor VMOS desliga, o relé se abre e o motor pára. A robótica, a ciência dos robôs, é um campo que está emergindo da eletrônica. Ela lidera a Segunda revolução industrial. Os robôs modernos combinam microprocessadores, circuitos de interfaceamento e dispositivos mecânicos. Por isso, podemos agora construir máquinas que tem dedos e artelhos e até cérebros. Os transistores VMOS como VN0300M são ideais para interfacear dispositivos digitais e cargas de alta potência em sistemas robóticos. UM PLANO DE VÔO PARA O FUTURO 22 Parte de um robô inversor CMOS, interface VMOS relê e motor FIGURA 113