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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Campus Sorocaba Prática IX – Volumetria de Precipitação - Determinação de cloretos em soro fisiológico - Métodos de Mohr, Fajans e Volhard Docente: Profª Drª Luciana Camargo de Oliveira Discentes: Franciny Oliveira Rodrigues R.A.: 641286 Jorge Fernandes Filho R.A.: 608033 Marco Antonio Albuquerque Gaspar R.A.: 608181 Sorocaba, 27 de Novembro de 2017 1.0 Resultados e Discussão Foi feita a determinação de cloretos no soro fisiológico por três métodos diferentes a fim de se comparar as metodologias. 1.1 Método de Mohr O presente método consiste na precipitação gravimétrica, utilizando-se uma solução já padronizada de nitrato de prata para análises de cloreto, fundamentada no produto de solubilidade de cada sal formado e suas respectivas solubilidades em mol L-1 No caso apresentado a seguir, a amostra utilizada foi a de soro fisiológico titulado com AgNO3 e um indicador cromato de potássio em água. O procedimento foi realizado em duplicata. Os resultados das titulações são observados na tabela 1. Tabela 1: Resultados experimentais das titulações pelo método de Mohr Titulação Volume de AgNO3 (mL) pH da solução com indicador 1 12,8 8 2 12,9 8 Fonte: RODRIGUES. F. O et al Calculando-se a média aritmética dos volumes de AgNO3 adquiridos durante a execução do experimento, temos um valor de 12,85 mL de AgNO3, que será utilizado para os cálculos da determinação dos cloretos. De acordo com a seguinte reação entre o soro fisiológico de NaCl e o AgNO3: NaCl(aq) + AgNO3(aq) → AgCl (s) + NaNO3(aq) (VOGEL,2002) Sabemos que a relação estequiométrica entre o Ag e o Cl é de 1:1, portanto, calculamos a quantidade em mols de Ag+ pela solução de AgNO3, afim de descobrir o número de mols de Cl-. Com a concentração da solução de AgNO3, de 0,3 M, calculamos o número de mols de AgNO3 nos 12,85 mL titulados: 0,3 mols AgNO3 - 1000 mL X mols AgNO3 - 12,85 mL Obtendo-se um valor de 3,9x10-3 mols de AgNO3, logo, essa quantidade de mols correspondem à quantidade de Ag+ e Cl- em mols. Como a solução de soro fisiológico é feita pela dissolução do NaCl, sabemos que o número de mols de Cl- é igual ao número de mols de NaCl. Assim, com a massa molar do NaCl de 58,44 g mol-1, calculamos a quantidade em gramas de NaCl contida na solução de 25 mL. 58,44 g de NaCl - 1 mol Y g de NaCl - 3,9x10-3 Obtendo-se o valor de 0,23 g de NaCl presente na solução de 25 mL. Como sabemos que o soro fisiológico tinha porcentagem (m/v) de 0,9%, calculamos a quantidade em massa de NaCl para 1L de solução: 0,23 g de NaCl - 25 mL Z g de NaCl - 100 mL Encontrado assim o valor de 0,92 g de NaCl presente em 100 mL de solução, obtendo 9,2% (m/v). É importante ressaltar que o experimento foi realizado em pH 8, pois a precipitação do AgCl acontece com pH entre 6,5 e 9,0, onde caso abaixo de 6,5 não há reação, e acima de 9,0 há precipitação do AgOH (VOGEL, 2002). 1.2 Método de Fajans O método de Fajans utiliza os indicadores de adsorção para sinalizar o ponto final da titulação. A titulação ocorre de forma direta entre íons cloreto e a solução padrão de nitrato de prata. Antes do ponto de equivalência, partículas coloidais de AgCl são carregadas negativamente devido à adsorção dos íons Cl existentes na solução. Os íons Cl adsorvidos formam uma camada primária, tornando as partículas coloidais negativamente carregadas, que atraem os íons positivos da solução a fim de se formar uma segunda camada, mais fraca. O excesso de íons Ag+ desloca os íons Cl da camada primária, e as partículas se tornam positivamente carregadas (BACCAN, 2001). Para o presente método, tomou-se 10 mL solução de soro fisiológico e titulou-se com a solução de AgNO3 a 3,0 M, porém, utilizando o indicador de fluoresceína (0,1%), um ácido orgânico fraco, que quando adicionado, seu ânion FI não é adsorvido pelo AgCl coloidal. Porém, quando em excesso, os íons Ag+ pode atrair íons FI para a superfície das partículas positivamente carregadas. (BACCAN,2001) Os valores de volume de AgNO3 e do pH da solução são dispostos na tabela 2. Tabela 2: Resultados experimentais do método de Fajans Titulação Volume de AgNO3 (mL) pH do indicador 1 5 8 Fonte: RODRIGUES. F. O et al Como a reação envolvida foi a mesma do método de Mohr, o raciocínio matemático para a determinação da quantidade em massa de NaCl também foi igual. Dessa forma, o número de mols de AgNO3 encontrado foi de 1,5x10-3, que equivale aos mols de Cl- e de NaCl. Assim, calculamos a quantidade em gramas de NaCl, para 100 mL de soro fisiológico, obtendo-se o valor de 0,088 g. Então, calculamos a quantidade em massa de NaCl para 100 mL de solução, de 0,88 g, com uma porcentagem (m/v) de 0,88%. A reação foi realizada em pH 8, pois para que a fluoresceína possa atuar como indicador, o pH da solução deve estar entre 7 e 10, pois em soluções mais ácidas, com pH menor que 7, a concentração dos íons FI- é tão pequena que nenhuma coloração é observada. Em casos contrários, ela não libera íons H+, tornando-se indisponível para reagir com o Ag+ presente no meio reacional (BACCAN, 2001). 1.3 Método de Volhard O método de Volhard envolve a titulação do íon prata, em meio ácido, com uma solução padrão de tiocianato e o íon Fe(3) como indicador, que produz uma coloração vermelha na solução com o primeiro excesso de tiocianato. (BACCAN, 2001) No presente experimento pelo método de Volhard utilizou-se solução de soro fisiológico, e adicionou-se ácido nítrico e nitrato de prata a 0,1 M. Tomou-se 25 mL do filtrado de excesso de íons prata, e titulou-se com indicador de nitrato férrico e tiocianato de potássio (0,1M). O procedimento foi realizado em duplicata, e os resultados obtidos estão dispostos na tabela 3. Tabela 3: volume de tiocianato de potássio obtidos no experimento Titulação Volume de tiocianato de potássio (mL) 1 2,7 2 2,6 Fonte: RODRIGUES. F. O et al Com os valores de volume de tiocianato obtidos fez-se a média aritmética obtendo o valor de 2,65 mL, que será utilizado nos cálculos da determinação dos cloretos. Assim, sabemos que a reação que ocorre no experimento é : Ag+ (excesso) + Cl - (aq) → AgCl(s) + Ag+ (residual) Ag+ (residual) + SCN- → AgSCN(s) (BACCAN, 2001) Sabendo que a estequiometria das reações é de 1:1, calculamos as quantidades de cloreto na solução da seguinte forma. Inicialmente calculou-se o número de mols de tiocianato em 2,65 mL: 0, 1 mol de tiocianato - 1000 mL X mol de tiocianato - 2,65 mL A quantidade de tiocianato em 2,65 mL titulados foi de 2,65x10-4, esse valor representa a quantia de Ag+ em excesso, pela estequiometria, porém para os 25 mL do filtrado, logo, calculamos o número de mols de Ag+ em excesso para a solução de 100 mL. 2,65x10-4 mols de Ag+- 25 mLY mols de Ag+ - 100 mL Dessa forma, a quantidade em mols de Ag+ na solução de 100 ml é de 1,06x10-3. É importante saber o excesso de prata na solução pois o método utiliza da retrotitulação, onde se subtrai um excesso conhecido do reagente, do total adicionado, para se determinar a quantidade reagida. Como foi adicionado 30 mL de nitrato de prata (0,1 M) à solução, temos um total de 3,0 x10-3 mols de Ag +, subtraindo-se o excesso, temos 1,2x10-3 mols de Ag+ reagido, que equivale à quantidade de Cl -. Multiplicando o número de mols de Cl - pela massa molar do NaCl (58,44) e pelos 10 mL da solução de inicial de soro fisiológico, obtivemos um valor de 1,1 g de NaCl, que corresponde a 1,1% (m/v) da solução. O íon Fe(3) é um indicador extremamente sensível para o íon SCN- (Tiocianato). A literatura nos apresenta resultados de cálculos onde mostram que o erro do indicador varia muito pouco à medida que a concentração dos íons Fe(3) aumenta de 0,005 a 1,5 mol/L. Concentrações maiores que 0,2 mo/L dão à solução uma coloração amarela que mascara a mudança de cor do indicador. (BACCAN, 2001). O cloreto de prata é mais solúvel do que o tiocianato de prata, sendo necessária a remoção do AgCl por meio da filtração. 2.0 Conclusão Observando os valores de massa de NaCl calculados para os três métodos diferentes, notamos que todos se aproximaram do valor teórico de 0,9 g. Porém, há diferenças entre os métodos que podem ser citadas: No caso do método de Mohr, ele apresenta um ponto de viragem fácil de ser identificado, por conta da formação do precipitado. A reação ocorre em uma faixa de pH relativamente larga, entre 6,5 e 9,0, mas o método utiliza quantidades maiores de reagente e amostra, quando comparado com os outros dois. O método de Fajans também apresenta um ponto de viragem fácil de ser identificado por coloração, além de utilizar quantidades menores de reagente. No entanto, essa metodologia trabalha com uma faixa de pH, entre 7 e 10. Por fim, o método de Volhard é o que apresenta o procedimento experimental mais complexo, mas ainda assim simples, o maior cuidado a ser tomado é no momento da realização dos cálculos, com cuidado em calcular corretamente as quantidades reagidas e excedentes, ligado a isso, durante a preparação da solução de soro fisiológico e nitrato de prata é necessário ter atenção para adição da quantidade excedente de Ag+. Um ponto positivo do método de Volhard é que ele não necessita maior preocupação e controle com o pH da solução. Analisando os três métodos realizados para a determinação de cloretos no soro fisiológico, concluímos que todas as metodologias se mostram efetivas, seja pela coleta de dados que se dá de maneira simples, ou pelo processo matemático para se obter o valor de massa desejado, que aparentemente é fácil de ser executado, excluindo-se alguns cuidados que devem ser tomados ao se realizar os métodos, como cuidados com pH e atenção nas quantidades de reagentes adicionados. 3.0 Referências bibliográficas D. A. SKOOG, D. M. WEST e F. J. HOLLER – Fundamentals of Analytical Chemistry, 6a ed., Saunders, 1991. Baccan, N., Química Analítica Quantitativa Elementar . 3a Ed. Edgard Blucher LTDA, 2001. Vogel, A., Análise Química Quantitativa, 4a Ed., LTC, 2002.
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