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ATEROSCLEROSE 1.RESUMO (AMÁBILE) A aterosclerose é a doença responsável pelo maior índice de morbidade e mortalidade no mundo. A lesão aterosclerótica é a anormalidade mais comum encontrada nas artérias, decorrente inicialmente de dois processos básicos: acúmulo de colesterol e proliferação de células musculares lisas na túnica íntima o que leva à inflamação. Esse processo dará origem a uma placa fibrosa que se projeta para dentro do lúmen, modificando a túnica média, levando a uma série de complicações circulatórias decorrentes da resposta inflamatória desencadeada na parede do vaso. Assim, nesta revisão veremos o envolvimento da resposta inflamatória e do estresse oxidativo no desencadeamento e no estabelecimento da doença aterosclerótica promovido por macrófagos, uma das principais células envolvidas nesse processo, além de discutir sobre os principais marcadores bioquímicos como as citocinas, proteínas de fase aguda e moléculas de adesão. Palavras- chave: Aterosclerose; Lipoproteínas do Colesterol LDL; Receptores de LDL Oxidados; Citocinas; Macrófagos; Monócitos. 2.INTRODUÇÃO (AMÁBILE) (ETIMOLOGIA) A palavra aterosclerose deriva do grego atero, que significa caldo ou pasta, e esclerose, que corresponde a endurecimento. (CONCEITO) A aterosclerose é uma doença multifatorial, lenta, de caráter vascular crônico e progressivo resultante de uma série de respostas celulares e moleculares altamente específicas caracterizada pela inflamação crónica da túnica íntima das artérias de grande e médio calibre;. É uma inflamação que se deve basicamente, mas não se limita, à acumulação e oxidação de lipoproteínas na parede arterial e que produz um conjunto dinâmico de lesões multifocais, sendo a mais comum a placa aterosclerótica. O acúmulo de lipídeos, células inflamatórias e elementos fibrosos, que se depositam na parede das artérias, são os responsáveis pela formação de placas ou estrias gordurosas, e que geralmente ocasionam a obstrução das mesmas, esse acúmulo causa o estreitamento das artérias, prejudicando o fluxo sanguíneo. Na patogenia da doença aterosclerótica, um conjunto de fatores de risco clássicos e emergentes têm sido correlacionados. Contudo, as lipoproteínas, principalmente as lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) têm ocupado um papel de destaque na etiologia da doença aterosclerótica, ainda que, muitos indivíduos desenvolvem doença cardiovascular na ausência de anormalidades no perfil das lipoproteínas. Embora qualquer artéria possa ser afetada, (CONSEQUÊNCIAS) os principais alvos da doença são a aorta e as artérias coronárias e cerebrais, tendo como principais consequências o infarto do miocárdio, a isquemia cerebral e o aneurisma aórtico. Estudos têm sugerido duas fases interdependentes na evolução da doença aterosclerótica– a fase “aterosclerótica”, predomina a formação anatômica da lesão aterosclerótica sob a influência dos “fatores de risco aterogênicos” clássicos e que leva décadas para evoluir. Devido à sua história lenta e gradual, sua evolução geralmente não traz consigo manifestações clínicas dramáticas; – a fase trombótica, a influência dos “fatores de risco trombogênicos” determina a formação aguda de trombo sobre a placa aterosclerótica, fenômeno este diretamente ligado aos eventos agudos coronarianos, como infarto do miocárdio, angina instável e morte súbita. Manifestações agudas, como angina instável (AI) e o infarto agudo do miocárdio (IAM), são geralmente desencadeadas por desestabilização da placa aterosclerótica, com redução significativa e abrupta da luz do vaso devida à formação local do trombo. Sobretudo, constitui uma das principais colaboradoras para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A doença aterosclerótica é a principal representante dos processos patológicos cardiovasculares ligados ao envelhecimento, uma vez que se manifesta em indivíduos adultos, cuja incidência aumenta exponencialmente a partir dos 45 anos de idade. No entanto, alguns estudos detectaram a prevalência de placas ateroscleróticas superior a 40% nas autópsias de adultos jovens, sugerindo que o processo aterosclerótico ocorra precocemente. Além disso, Napoli et al. postulam que a aterosclerose pode iniciar na fase fetal, intra-uterina (podendo ser potencializada por hipercolesterolemia materna), progredir lentamente na adolescência e apresentar manifestações clínicas na idade adulta. Nas sociedades ocidentais, a aterosclerose é causa primária de 50% de todas as mortes relacionadas com infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Contudo, países como a Groenlândia, Islândia e Japão têm baixa prevalência de aterosclerose, principalmente entre os esquimós, sugerindo uma forte relação com o estilo de vida, dieta e composição genética dos indivíduos O conhecimento da fisiopatologia desta doença tem evoluído desde o século passado, quando, em 1970, a ideia da existência de relação direta entre lipídeos e aterosclerose dominava o pensamento médico devido a estudos experimentais e clínicos demonstrando forte relação entre hiperlipidemia e formação de ateroma. Entretanto, atualmente as evidências científicas demonstram que os mecanismos envolvidos na gênese da doença aterosclerótica são extremamente complexos e envolvem a interação de componentes genéticos, ambientais e resposta inflamatória. 3.(ETIOLOGIA) (AMÁBILE) A aterosclerose é causada pela combinação de múltiplos fatores (etiologia multifatorial e fatores de risco cardiovascular fatores genéticos, tabagismo, hipercolesterolemia, síndrome metabólica, diabetes mellitus, hipertensão, obesidade, hiper-homocisteinemia, sedentarismo. A estes acrescente-se outros fatores para os quais as evidencias costumam ser menos estritas: álcool, agentes infecciosos (especialmente Chlamydophila pneumonia), periodontite, algumas doenças inflamatórias crónicas como Doença pulmonar obstrutiva crónica, a artrite reumatoide, a doenças renais crónicas. A multiplicidade de possíveis agentes etiológicos e a longa evolução de décadas das lesões refletem-se na extrema complexidade do processo de formação patológica (patogênese). 4.ETIOPATOGENIA 4.1. LESÃO/INJÚRIA ENDOTELIAL (AMÁBILE) A lesão de células endoteliais é o pilar da hipótese da resposta à lesão. A perda endotelial decorrente de qualquer tipo de lesão — induzida experimentalmente por desnudamento mecânico, forças hemodinâmicas, deposição de imunocomplexos, irradiação ou produtos químicos — promove o espessamento da íntima; na presença de dietas ricas em lipídios, resulta na formação de ateromas típicos (Figura 1 quero dizer 9-10). No entanto, as lesões ateroscleróticas iniciais na espécie humana começam em locais intactos, mas com disjunção endotelial. A disjunção das células endoteliais apresenta aumento da permeabilidade e da adesão plaquetária, e alteração na expressão genética, sendo todos esses fatores contribuintes para o desenvolvimento da aterosclerose. Acredita-se que estímulos desencadeadores das lesões ateromatosas iniciais incluam hipertensão, hiperlipidemia, toxinas da fumaça do cigarro, homocisteínas e até mesmo agentes infecciosos. As citocinas inflamatórias (p. ex., fator de necrose tumoral [TNF]) também podem estimular a expressão gênica dos padrões proaterogênicos nas células endoteliais. Entretanto, as duas causas mais importantes de disjunção endotelial são os distúrbios hemodinâmicos e a hipercolesterolemia. 4.2. RESPOSTA INFLAMATÓRIA (KAROL) A inflamação contribui para iniciação, progressão e complicação das lesões ateroscleróticas (Figura 2 quero dizer 1). Os vasos em condições normais não se ligam às células inflamatórias. No estágio da aterogênese, no entanto, as