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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS-FUPAC Rua Carmita Monteiro, S/N - Chácara D. Euzébia-Leopoldina / M.G. Fone: (32) 3441-4293 E-mail: fapac@fapacleopoldina.com.br ADRIANA BARBOSA HUGO FERNANDES MARIANA ANDRADE PATRICIA CAMPOS TATIANE DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS CAUSADA PELA VOÇOROCA NO DISTRITO DE PIACATUBA-MG Leopoldina –MG 2018 FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS-FUPAC Rua Carmita Monteiro, S/N - Chácara D. Euzébia-Leopoldina / M.G. Fone: (32) 3441-4293 E-mail: fapac@fapacleopoldina.com.br ADRIANA BARBOSA HUGO FERNANDES MARIANA ANDRADE PATRÍCIA CAMPOS TATIANE DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS CAUSADA PELA VOÇOROCA NO DISTRITO DE PIACATUBA-MG Trabalho referente à disciplina de Recuperação de Áreas Degradadas da Fundação Antônio Carlos – FUPAC, do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, orientado pelo Professor José Márcio Gonçalves Lima, realizada pelos alunos Adriana Barbosa ,Hugo Fernandes ,Mariana Andrade, Patrícia Campos e Tatiane de Oliveira. Leopoldina –MG 2018 RESUMO As voçorocas representam um impacto socioambiental capaz de trazer sérios prejuízos, desde o desequilíbrio de ecossistemas até grandes perdas econômicas, uma vez que uma das principais consequências desse processo erosivo é a grande perda de massa de solo. O presente projeto teve como área de atuação a voçoroca localizada na estrada que liga Piacatuba / Argirita à 1,36 km do distrito de Piacatuba e à 23,76 km do município de Leopoldina – MG. O projeto buscou-se um melhor conhecimento a respeito do funcionamento da voçoroca: quais são seus mecanismos de formação, qual o papel da ação do homem no que diz respeito ao agravamento da degradação da área, quais os possíveis métodos a serem utilizados visando à recuperação da área degradada, mediante o uso de medidas físicas e vegetacionais. 1. INTRODUÇÃO A erosão é o processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo causado pela água ou pelo vento. Os processos erosivos são causados por forças ativas, estas, relacionadas com as chuvas, declividade do terreno e capacidade de absorção de água do solo, e por forças passivas, como a resistência que exerce o solo à ação erosiva da água e a densidade da cobertura vegetal (BERTONI & LOMBARDI NETO, 2010). A ausência de vegetação de uma determinada área deixa-a exposta à erosão. Após um longo período de precipitação, acaba-se gerando um fluxo de sedimentos que podem originar sulcos, e se tal processo for contínuo e provocar um incessante aprofundamento do solo, pode-se chegar ao nível de uma voçoroca. (FURTADO et al., 2006). Erosões do tipo voçorocas podem chegar a vários metros de comprimento e de profundidade, suas dimensões e a extensão dos danos que podem causar estão intimamente relacionados com o clima, topografia do terreno, gênese do solo, forma de manejo e classe de solo. (FERREIRA et al., 2007). 2. OBJETIVO A voçoroca a ser analisada encontra-se num estágio de crescimento acentuado. Este trabalho teve como objetivo discutir a formação, bem como as principais medidas preventivas e corretivas para conter o avanço dessa voçoroca. 3. ESTUDO DA ARTE A erosão podem ser divididos em dois grandes grupos: de ordem natural, como os tipos de solos, a intensidade e quantidade de chuvas, as características das encostas e a cobertura vegetal. De um modo geral, mesmo acontecendo erosão em terras não cultivadas, ela geralmente não é tão intensa, quanto nas áreas com agricultura e pecuária, onde o uso inadequado do solo, sem práticas conservacionistas, causa quase sempre ravinas e voçorocas, alem do que chamamos de erosão laminar, que pode retirar muitas toneladas de solo por hectar, comprometendo a fertilidade natural dos solos, tornando pobres e quase estéreis (GUERRA, 1999). Com bases em uma revisão de literatura feita a partir do plano de saneamento básico do município de Leopoldina-MG, obtivemos as seguintes informações de clima, relevo, geomorfologia, geologia, vegetação, florestas nativas e atividades antrópicas daquela região. A principal característica da paisagem é a presença de um relevo fortemente ondulado e montanhoso, com morros em meia laranja, resultantes da dissecação fluvial (SOARES, 2011 et. al. apud NUNES et. al., 2001). O clima de Leopoldina é do tipo tropical , segundo (Köppen,1948) com temperatura média anual em torno de 21 °C, invernos secos e amenos e verões chuvosos com temperaturas moderadamente altas. A precipitação média anual é de 1.307 mm. As maiores precipitações são registradas no período de outubro a março, sendo os meses de inverno marcados pela estiagem. Na média, julho é o mês mais seco, quando ocorrem apenas 14,2 mm, e dezembro o mês mais chuvoso, cuja média fica em 277,1 mm. Sabendo-se dos impactos negativos causados pelas voçorocas, se faz necessário um estudo e utilização de técnicas para a recuperação do ambiente degradado. Para ser realizada uma eficaz recuperação de áreas onde ocorrem voçorocas, ainda segundo a EMBRAPA (2006) é necessário que haja o isolamento da área afetada, realizando uma análise química e textural do solo do local para se conhecer sua fertilidade e textura. A utilização de espécies nativas visando à reabilitação de áreas é uma das melhores alternativas. De acordo com Angelis Neto, Angelis e Oliveira (2004, p. 69), a vegetação é um elemento estabilizador do processo, podendo ser usada como uma medida biológica e como uma medida física, ou seja, servindo como uma barreira natural. Outras técnicas proposta para a recuperação da área degradada pela voçoroca, é a construção de terraços com intuito da redução da velocidade da água da chuva, o uso de biomanta para proteção do solo, e o uso de paliçada para retenção de sedimentos escoados. 4. METODOLOGIA A voçoroca está localizada na estrada que liga Piacatuba / Argirita à 1,36 km do distrito de Piacatuba e à 23,76 km do município de Leopoldina – MG. De acordo com o levantamento realizado na área de atuação do projeto, foi observado as seguintes características do local: região de clima tropical, relevo montanhoso, solo argilo arenoso em processo de intemperismo susceptível a erosão e declividade acentuada. Figura 1. Localização via satélite do Distrito de Piacatuba-MG Fonte: Google Maps Figura 2. Foto via satélite da voçoroca Fonte: Google Maps 4.1 Características Geográficas da Região O Município de Leopoldina pertence à Região da Zona da Mata, especificamente na Microrregião de Cataguases. O nome da região de Zona da Mata Mineira foi atribuído em virtude da fisionomia da vegetação natural, hoje praticamente inexistente em consequência do processo de ocupação marcado, sobretudo no seu início, pela forte atividade agrária que propiciou uma devastação da mata primária de maneira generalizada (SOARES, 2011 et al apud VALVERD, 1958; MARCHI et. al., 2005). Destacam-se as bacias dos rios Paraíba do Sul e Doce, que influenciaram decisivamente no modo de ocupação da área guiado pela orientação dos vales fluviais. Leopoldina possui uma área territorial de 943,076km² (IBGE, 2010), constituído de 6 distritos, em divisão territorial feita em 1963, sendo eles: Leopoldina (sede),Abaíba, Piacatuba, Providência, Ribeiro Junqueira e Tebas. Suas coordenadas geográficas são 21° 31' 12” latitude sul e 42° 38' 43" longitude oeste. Possui altitude média de 250 metros do nível do mar (Cidade Brasil, 2016). As principais rodovias que dão acesso a Leopoldina são as BR – 116 e BR – 120, conforme pode ser visualizado na Figura 1 (DER – MG). A rodovia que dá acesso ao distrito de Piacatuba é a BR- 120 altura do quilometro 15, suas coordenadas geográficas são 21º 29’ 9’' latitude sul e 42º 47’ 13’’ longitude oeste. Figura 3. Principais rodovias de acesso a Leopoldina-MG Fonte:DER-MG 4.2 Características Demográficas A população total recenseada, em ano 2018 no Distrito de Piacatuba-MG, foi de 2334 habitantes (Secretaria Municipal de Saúde de Leopoldina-MG). 4.3 Condições Climáticas do Município e da Região e dados Fisio- Hidrotopográficos Levando em consideração a classificação climática realizada por Köppen (1948), o Município de Leopoldina, que é o Cfa (clima subtropical, com verão quente), caracteriza-se, segundo a EMBRAPA, pela presença de temperaturas superiores a 22ºC, no verão e com mais de 30 mm de chuva no mês mais seco. Os dados climáticos de um município são considerados consolidados quando sua coleta perdura por, pelo menos, 30 anos. O gráfico 5 abaixo apresenta as médias de precipitação por mês, em todos os meses do ano e no horizonte de 30 anos. Figura 4. Gráfico sobre a precipitação x mês de Leopoldina-MG no período de 30 anos Fonte: Clima Tempo A compilação dos 30 anos de dados da estação de Leopoldina, demonstra que os meses mais chuvosos, na história do Município, são Janeiro e Dezembro, com médias de precipitação de 247 mm e 298 mm, respectivamente. 4.4 Relevo e tipo de Formação Geológicas Ao realizar análise dos mapas de hipsometria e declividade do Município de Leopoldina, percebe-se que o território é bem recortado, com índices de altitude que variam de 0% a 3%, considerado como áreas planas, até 45%, sendo considerado relevo montanhoso. Ao juntar as informações relacionadas à localização do núcleo urbano de Leopoldina com os locais mais planos do município, verifica-se que esta área se localiza na parte mais baixa da extensão territorial. A predominância no relevo de Leopoldina é de formações com leve ondulação até as formações montanhosas. As altitudes no município variam entre 123 metros a 769 metros. Figura 5. Declividade do Município de Leopoldina-MG Figura 6. Hipsometria do Município de Leopoldina-MG Fontes: DPZ- Gestão Ambiental No que diz respeito à formação geomorfológica do Município de Leopoldina é caracterizada pela presença de depressões, escarpas e reversos. A figura expõe o tipo de solo predominante no Município de Leopoldina, que é o Latossolo Vermelho - Amarelo Distrófico. Figura 7. Geomorfologia do Município de Leopoldina-MG Figura 8. Pedologia do Município de Leopoldina-MG Fontes: DPZ- Gestão Ambiental De acordo com a classificação da Agência EMBRAPA de Informação Tecnológica, os Latossolos Vermelho-Amarelos são profundos, porosos e propiciam a condição ideal para o desenvolvimento das raízes em profundidade. O Latossolo Vermelho-Amarelos está presente em diversas localidades pelo território nacional, sempre em extensas áreas, que apresentam relevo plano, suave ondulado ou ondulado. Essas áreas apresentam boa capacidade de drenagem, profundidade e uniformidade de textura e cor. O solo recebe uma terceira classificação da EMBRAPA, visando especificar ainda mais o tipo de solo presente em determinada área. No caso do Município de Leopoldina, o Latossolo Vermelho-Amarelo que predomina é distrófico, que apresenta baixa fertilidade. Os componentes que determinam os tipos de solo juntamente com o relevo e declividade que compõem o território trabalhado geram o quadro físico e determinam as variantes a serem trabalhadas, definidas como obstáculos ou não. 4.5 Vulnerabilidade á Erosão A erosão pode estar associada a inúmeros fatores, podendo gerar vários níveis de degradação e tornando uma área vulnerável e restrita a inúmeras atividades. Em termos qualitativos, as classes de vulnerabilidade à erosão, variam de muito baixa a muito alta. O trecho mineiro da Bacia do Rio Paraíba do Sul é o que apresenta menor área ocupada pelas classes de muito alta e alta vulnerabilidade à erosão, estando a maior parte da região (90%) compreendida pelas classes de média e baixa vulnerabilidade. Essa condição é determinada principalmente pelo relevo, que se apresenta de fraco a moderado na maior parte da bacia, tendendo a reduzir o efeito da erodibilidade natural dos solos, onde predominam os latossolos vermelho-amarelos, que apresentam média vulnerabilidade à erosão. 4.6 Características Hidrológicas dos cursos d’água e características quantitativas e qualitativas dos mananciais e usos dos diversos dos recursos hídricos no município Leopoldina faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. De acordo com o CEIVAP (2006), a bacia possui área de drenagem com cerca de 60.000 km², se estendendo a outras unidades federativas.O Rio Paraíba do Sul é formado pela união dos rios Paraibuna e Paraitinga, e o seu comprimento, calculado a partir da nascente do Paraitinga, é de mais de 1.100 km. Dentro da Bacia do Rio Paraíba do Sul, Leopoldina está inserido na Bacia do rio Pomba e Muriaé. Está sub-bacia abrange 68 municípios, com população estimada de 776.608 habitantes e uma área de drenagem de 13.552 Km². O clima é semi-úmido, com período seco durando entre quatro e cinco meses por ano, situando-se a disponibilidade hídrica entre 10 e 20 litros por segundo por quilômetro quadrado. O Município de Leopoldina possui como os principais rios o Pomba e o rio Novo. O território de Leopoldina é banhado por vários cursos d’água. Os principais rios, córregos e os seus afluentes que compõem a rede hidrográfica do Município de Leopoldina são: Rio Pardo; Rio Pomba; Rio Novo; Córrego Santa Rita; Córrego Feijão Cru; Córrego Santa Cruz; Córrego Cachoeirinha; Córrego Retiro; Rio Pirapetinga; Ribeirão São Francisco; Córrego Cruz Alta; Rio Pirapetinguinha; Córrego Araribá; Córrego Desengano. Figura 9. Hidrografia Município de Leopoldina-MG Fonte: DPZ- Gestão Ambiental 4.7 Vegetação Com a intervenção humana a mata nativa foi removida para dar lugar a pastagem e logo depois começaram fazer a extração de saibro, não existe unidade de conservação, APP, reserva legal ao entorno da área degradada. A Unidade de Conservação mais próxima é a Reserva Biológica da Lapinha, de 368 hectares, que fica localizada na Lajinha. A distância dessa reserva biológica até a área da voçoroca degrada é de 10 km. A área é utilizada para a criação de gado, não possui uma população que depende diretamente da sua produção para a sua sobrevivência. 4.8 Descrição da situação da área degradada A extensão da área que foi afetada é aproximadamente 300 m, é da área a ser recuperada é 175 m, a voçoroca apresenta das seguintes dimensões: 31,27 m de largura no topo, 10,26 m de largura no meio, 4,75 m de largura no final, 175 m de comprimento e aproximadamente 35 m de profundidade. Figura 10. Faixa afetada pela voçoroca em 300m Fonte: Google Earth Figura 11. Distância da Voçoroca para a Vegetação Nativa Fonte: GoogleEarth Como mostra nas figuras a baixo, a propria natureza está realizando a regeneração do local, mas devido a aceleração da interferência humana, ela não consegui finalizar o processo, a voçoroca não é utilizada para depositos de nenhum tipo de resíudo só para o carreamento das partidas de areia pelas enxurradas aumentando os sulcos. Figura 12 e 13. Regeração de forma natural na voçoroca O relevo da região e montanhoso, e a area degradada é no topo do morro. Figura 14. Foto tirada do topo da voçoroca. Figuras 15 e 16. Perfis do solo No perfil do solo dá para diferenciar os horizontes R, C e B. (figura 15) Rocha sofrendo intemperismo e inicio da formação do solo. (figura 16) Atualmente a area não possui cobertura vegetal, esta sofrendo regeneção em alguns pontos com o crescimento de braquiaria e capim gordura, e ao entorno na pastagem a vegetação é braquiaria. Há presença de vegetação nativa a 109 m da area degradada. A area esta isolada com isso os animais não ajudam no processo de degradação. 4.9 Origem da degradação A voçoroca surgiu devido à remoção da cobertura vegetal e da extração de saibro, o solo já possui uma susceptibilidade a erosão e devido a intervenção humana acelerou o processo erosivo como mostra na figura abaixo. Figuras 17 e 18. Processo de degradação bem acentuado. 4.10 Plano de Recuperação de Voçorocas Para que seja feita a recuperação de forma eficaz se faz necessário a utilização de várias técnicas de forma simultânea, que envolvem o movimento de massa a utilização de vegetação e estruturas de cotenção. (FERREIRA, 2015) • Isolamento da área O primeiro passo para se recuperar a voçoroca consiste no isolamento da área em questão. As áreas de atuação no entorno da voçoroca serão isoladas através de cercamento para diminuir o trânsito de animais, pessoas e veículos, de modo a evitar acidentes e proteger os trabalhos que serão realizados nas vizinhanças e dentro da erosão (BRANDÃO, 1985 apud FERREIRA, 2015). Esse isolamento pode ser feito a partir de cercas de madeira. Na voçoroca em estudo a área ainda é utilizada para a extração de saibro, portanto é necessário pausar a atividade. • Construção de linhas de Drenagem e Bacias de Captação Para a redução dos processos erosivos e estabilização das áreas afetadas pelos processos erosivos é preciso que a água proveniente da chuva seja redirecionada para fora da área da voçoroca, dissipando a energia com que a água atinge o solo e melhorando a capacidade de infiltração (CHAVES et al, 2012). Dessa forma uma técnica utilizada para redirecionar a águas pluviais é a construção de linhas de drenagem acima da cabeceira da voçoroca, essas linhas servirão para redirecionar a água para as laterais de forma que as mesmas não incidam sobre a voçoroca. Em conjunto com as linhas de drenagem se faz necessária a construção de bacias de infiltração nas laterais das linhas (ainda acima da cabeceira da voçoroca). Essas bacias são reservatórios utilizados para reter a água e permitir maior tempo de contato com o solo, aumentando a infiltração da mesma. Dessa forma evita-se que a água escoe com muita velocidade e carregue partículas de solo e vegetação, diminuindo consideravelmente o processo erosivo. Figura 19. Canais de Drenagem e Bacia de Captação Fonte: EMATER-MG • O Uso de Paliçadas As paliçadas são estruturas artificiais que podem ser colocar no interior das voçorocas, com a finalidade de reter o escoamento de água e acumular os sedimentos que possam vim a serem carregados (PRUSKI et al., 2006 apud GUIMARÃES et al., 2012). As paliçadas servem como barreiras e devem ser construídas nos estreitamentos dos canais erosivos. Suas dimensões vão variar, mas é recomendável que a altura máxima da paliçada abaixo esteja na mesma altura da base da paliçada acima. A fixação deve ser feita através de uma vala cuja profundidade seja no mínimo 50% do comprimento da peça de madeira. É importante também, que sejam aplicados retentores de sedimentos na interface das laterais das paliçadas com o solo, a fim de evitar que os sedimentos passem pelas interfaces. (COUTO et al., 2010 apud GUIMARÃES et al., 2012). O material para confeccionar a paliçada poderá ser madeira roliça, dormentes ou bambu ou fardos de material vegetativo enraizável, chamados paliças vivas (PEREIRA & COELHO, 2006 apud GUIMARÃES et al., 2012). Por se tratar de uma técnica de extrema eficácia e baixo custo (MACHADO, 2007 apud GUIMARÃES et al.,2012), se torna uma prática de retenção de sedimentos escoados muito viável para a aplicação na voçoroca estudada. Figura 20. Voçoroca com uso de paliçadas Fonte: EMBRAPA,2015 • Biomantas As biomantas são biomateriais constituídos de fibra vegetal, palha agrícola, fibra de coco e fibra sintética, que são costuradas de modo a formando uma trama resistente, protegida por redes de polipropileno ou juta. São feitas de forma industrial e possuem uma aplicação rápida e fácil (DEFLOR, 2005 apud GUIMARÃES et al.,2012). A principal vantagem vista nessa técnica de bioengenha e pelo qual ela servirá nesse projeto, é a proteção do solo de forma imediata e podendo assim recuperá-lo enquanto a vegetação não se recupera totalmente. Figura 21.Uso de biomantas Fonte : GEOFOCO BRASIL • Revegetação Para se escolher a melhor técnica de revegetação da área erodida é necessário levar em consideração algumas condições, são elas: vegetação predominante na matriz; presença no entorno da voçoroca de fragmentos florestais nativos; e presença de espécies nativas se regenerando naturalmente (GUIMARÃES, 2012). Na voçoroca estudada observa-se o crescimento de espécies vegetais rasteiras como o capim gordura e braquiária. Segundo Gandolfi e Rodrigues (2007 aput Guimarães, 2012) nas situações em que são observadas a regeneração natural na borda da voçoroca o simples isolamento e retirada dos fatores de erosão serão o suficiente para que a vegetação encontre o equilíbrio ideal. Dessa forma nesse projeto optara-se por permitir que a vegetação se recupere através da sucessão ecológica. Figura 22. Revegetação nativa da área. • Custos do Projeto Os custos envolvidos num projeto de recuperação de voçorocas em geral são altos, e dependendo do grau de degradação se faz necessário a utilização de muitas técnicas o que encarece ainda mais o projeto. Devido o alto custo muitos produtores optam por não recuperar a área o que gera com o tempo ainda mais degradação e perda de áreas produtivas (PICCOLI et al., 2013). Machado, Rezende e Campello (2006), estudaram os custos relacionados aos projetos de recuperação de voçorocas e determinaram que os maiores gastos estão relacionado a gastos com mão de obra e encargos tributários. A utilização de mudas e o transporte das mesmas também é uma parcela significativa. A área estuda pelos autores é em torno de 15.000 m2, é o custo final do projeto ficou em R$ 10.904,10 enquanto a área levada em consideração nesse projeto é de 30.000 m2. Dessa forma podemos afirmar de forma empírica que o projeto ficaria em torno de R$ 21.808,20. No entanto os custos podem variar de acordo com o comprimento da rampa, a quantidade de mudas (se necessárias) e o número de trabalhadores (MACHADO, RESENDE e CAMPELLO, 2006). 5. CONSIDERÇÕES FINAIS Após as investigaçõesrealizadas, permitem concluir que as erosões surgiram em áreas naturalmente susceptíveis ao voçorocamento e que os tipos de uso do solo implantados na região contribuíram para a degradação e progressão da referida voçoroca. As características físico-hídricas dos solos afetados pela voçoroca associadas a outros elementos, como a declividade, o clima tropical da região, o tipo de relevo , concentração e intensidade das chuvas, tipos de solos e a retirada da cobertura vegetal, favoreceu a progressão da voçoroca. Para a recuperação da voçoroca, foram propostas medidas para minimizar os impactos ambientais causados, como o isolamento da área, linhas de drenagem e bacias de infiltração, o uso de biomanta, o uso de paliçada e o plantio de gramíneas e árvores nativas visando o repovoamento espontâneo e induzido para a completa estabilização da voçoroca e a consequente redução da perda de solos e biodiversidade local. Tais medidas que se fossem aplicadas no local, conseguiria fazer a recuperação da área degradada pela voçoroca. 6. REFERÊNCIAS AGÊNCIA EMBRAPA DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA. Latossolos VermelhoAmarelos. Disponível em Acesso em 01 de novembro de 2018. ANGELIS NETO, G.; ANGELIS, B. L. D. de; OLIVEIRA, D. S. de. O USO DA VEGETAÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS URBANAS DEGRADADAS. Acta Scientiarum (Maringá), v.26, n. 1, p. 65-73, 2004. BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. CONSERVAÇÃO DO SOLO. 7. ed. São Paulo: Ícone, 2010. CHAVES, Tiago de Andrade, et al. RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR EROSÃO NO MEIO RURAL, 2012. Disponível em: http://www.pesagro.rj.gov.br/downloads/riorural/34%20Recuperacao_areas_degradadas% 20.pdf. Acesso em: 03 de novembro de 2018. CLIMATEMPO. CLIMATOLOGIA DE LEOPOLDINA. Disponível em: https://www.climatempo.com.br/previsao-do-tempo/cidade/2039/leopoldina-mg Acesso em01 01 de novembro de 2018 . >. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA PRODUÇÃO DE INFORMAÇÃO; Minas Gerais : Embrapa Solos, 1999. 421p. FERREIRA, R. R. M. et al. ORIGEM E EVOLUÇÃO DE VOÇOROCAS EM CAMBISSOLOS NA BACIA DO ALTO RIO GRANDE, Minas Gerais. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2007, Gramado-RS. Anais, 2007. FERREIRA, Rogério Resende Martins. RECUPERAÇÃO DE VOÇOROCAS DE GRANDE PORTE, 2015. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/130802/1/25736.pdf. Acesso em: 01 de novembro de 2018. FURTADO, M. S. et al. 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