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Taxonomia e Sistemática Universidade Estadual “ Júlio Mesquita Filho” Instituto de Biociências - Campus Rio Claro Disciplina: Invertebrados I Profa. Dra. Caroline Rodrigues de Souza Stencel Tree of Life Web Project. Grande diversidade dos seres vivos ( com cerca de 1.350.000 espécies diferentes), resultantes do processo evolutivo que ocorreu ao longo dos tempos. 2018: Três novas espécies de aracnídeos são descobertas em cavernas de Minas Eukoenenia navi, Eukoenenia neytiri e Eukoenenia eywa Exemplar de Eukoenenia sp http://gallery.kunzweb.net/main.php?g2_itemId=65365 Cratera nigrimarginata Cratera aureomaculata Foto: Divulgação/Ilana Rossi Cratera cryptolineata A floresta de Araucárias é considerada um local de grande diversidade de platelmintos da terra, abrigando muitas espécies ainda não descritas. Como conhecer toda essa diversidade de formas? 1.Nomear ( etapa de descrição). 2.Agrupar, organizar. Os humanos sempre sentiram necessidade de agrupar os organismos na natureza, a fim de compreender a diversidade biológica e facilitar seu estudo. 3.Compreender os processos. Pode-se fazer, então, perguntas complexas como: Quais são os mecanismos geradores dessa diversidade? Filogenia é a ciência da relação evolutiva entre grupos de organismos, descoberto por meio de sequenciamento de dados moleculares e matrizes de dados morfológicos. Sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações filogenéticas entre os organismos. Taxonomia é a ciência da descoberta, descrição e classificação das [espécies] e grupo de espécies, com suas normas e princípios “Sem a taxonomia para dar a forma para os tijolos e a sistemática para dizer- nos como colocar eles juntos, a casa da ciência biológica seria uma completa desordem” May (1990) Tree of Life Web Project. Sistema de referência Fácil de usar Preditivo Estável Fácil de memorizar Sistemática Aristóteles ( 384 a.C.- 322 a.C ) Classificação artificial ou empírica Escola essencialista; Tudo na natureza eram tipos naturais; Classificação: semelhanças e diferenças Entidades físicas = Entidades biológicas Carl Linnaeus (1707 – 1787) Segue a lógica aristotélica; TEOLOGIA NATURAL; Em 1758 o botânico sueco Linnée elaborou um sistema de classificação universal denominado "sistema binominal de nomenclatura" ou "sistema naturae", no qual a unidade básica de classificação é a espécie. Organismos não variam. http://tonsoffacts.com/30-awesome-and-interesting-facts-about-carl-linnaeus/ Espécie Conjunto de organismos semelhantes que podem cruzar entre si, originando descendentes férteis. OBS: A restrição "em condições naturais" é importante, pois existem espécies cujos membros podem se cruzar e originar descendentes férteis em condições artificiais de cativeiro, nunca se cruzando, porém, em ambientes naturais. Os leões e os tigres, por exemplo, em cativeiro, podem originar descendentes férteis. Nomenclatura Zoológica Na designação científica os nomes devem ser em latim de origem ou, então, latinizados. Todo nome científico deve estar destacado no texto. Pode ser escrito em itálico, se for impresso, ou sublinhado se for em trabalhos manuscritos. Cada organismo deve ser reconhecido por uma designação binomial, sendo o primeiro termo para designar o seu gênero e o segundo, a sua espécie. Considera-se um erro grave usar o nome da espécie isoladamente, sem ser antecedido pelo gênero. • O nome relativo ao gênero deve ser um substantivo simples ou composto, escrito com inicial maiúscula. O nome relativo à espécie deve ser um adjetivo escrito com inicial minúscula, salvo raríssimas exceções: nos casos de denominação específica em homenagem a pessoa célebre. Por exemplo no Brasil, há quem escreva: Trypanosoma Cruzi, já que o termo Cruzi é a transliteração latina do nome de Oswaldo Cruz, uma homenagem a esse grande sanitarista brasileiro. Em trabalhos científicos, após o nome do organismo é colocado, por extenso ou abreviadamente, o nome do autor que primeiro descreveu e denominou, sem qualquer pontuação intermediária, seguindo-se depois uma vírgula e data da primeira publicação. Exemplos: Cachorro: Canis familiaris Lineu ou L., 1758. A designação para espécies é binomial, mas para subespécies é trinomial. Mycobacterium tuberculosis hominis (tuberculose humana) Mycobacterium tuberculosis bovis (tuberculose bovina) Mycobacterium tuberculosis avis (tuberculose aviária) Em zoologia, a família é denominada pela adição do sufixo idae ao radical correspondente ao nome do gênero-tipo (gênero mais característico da família). Para subfamília, o radical adotado é inae. Gato - gênero: Felis; família: Felidae; sufamília: Felinae. Cascavel - gênero: Crotalus; família: Crotalidae; sufamília: Crotalinae. Antonie Laurenti de Jussie(1748- 1836) Percebe que algumas formas na natureza pareciam ser intermediárias. https://www.goodreads.com/author/show/3404534.Antoine_Laurent_de_Jussieu Darwin (1809-1882) Evolução : organismos mudam através do tempo https://www.urbanarts.com.br/charles-darwin-rs-45246/p DESCENDÊNCIA COM MODIFICAÇÃO Qual exemplo ilustra descendência com modificação – uma alteração em frequência gênica ao longo do tempo? Ernst Haeckel (1834- 1919) https://www.flickr.com/photos/22611996@N02/5728407696 Árvore genealógica sugerida por Ernst Haeckel (1866) Contemporâneo de Darwin Árvore genealógica com direcionamento : seres primitivos e seres superiores Henning (1913-1976) SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA Pressupostos do método: (a) Todos os grupos supra-específicos verdadeiros são oriundos de uma única espécie ancestral (monofilia). (b) A biodiversidade foi produzida pela modificação de caracteres. (c) Possibilidade de reconhecimento das mudanças nos caracteres ao longo do tempo em grupos ou linhagens. Ela difere da Sistemática Clássica em alguns princípios básicos. Por exemplo: Só devem ser utilizadas características exclusivas do grupo em questão, eliminando as características compartilhadas com outros grupos, surgindo assim a ideia de caráter derivado. Ex: Segmentos nos anelídeos se comparado com nematóides Mas como pode ser usada a Sistemática Filogenética? • A utilização apenas dos caracteres derivados privilegia a novidade evolutiva (apomorfia) que cada grupo apresenta e elimina muitos aspectos compartilhados com outros grupos. • Por exemplo, dizer que: • um artrópode se caracteriza por possuir um cordão nervoso ventral, não o distingue de todos os outros organismos protostômios, pois os anelídeos também apresentam esta característica. • Assim, o cordão nervoso ventral é uma simplesiomorfia em artrópodes, ou seja, um caráter primitivo compartilhado. • Já a presença de apêndices articulados revestidos por um exoesqueleto é uma característica exclusiva dos artrópodes e, portanto, uma sinapomorfia ou caráter derivado compartilhado. Se o número de características e de grupos analisados for pequeno, esse procedimento pode ser feito manualmente, sem a ajuda de um programa de computador. No entanto, quando o número de táxons (grupos) e caracteres é grande, os programas auxiliam o pesquisador a encontrar as árvores com o menor número de passos evolutivos, seguindo o Princípio da Parcimônia. Isto significa escolher a árvore que apresenta melhor resolução. A Sistemática Filogenética nunca parte do princípio de que o exemplar em mãos é o ancestral e sim apenas um táxon relacionado (com certo grau de parentesco) aos demais estudados. Clado: É a denominação destes grupos, daí o nome Cladismo também aplicado a esta escola. Cladograma ou Árvore Filogenética: É o diagrama que representa as relações filogenéticas entre os clados. Conceitos da Sistemática Filogenética Grupo monofilético: Grupo que inclui o ancestral e todos os seus descendentes. Exemplo de grupo monofilético. Grupo parafilético: Grupo que possui um ancestral comum, mas não inclui todos os seus descendentes. Grupo-irmão: É o grupo monofilético mais próximo daquele em foco no momento. Exemplo de grupos-irmãos. • Estado derivado : apomorfia (apo: distante, longe de) Pode ser compartilhada (sinapomorfia) ou exclusiva de um grupo ( autapomorfia) • Estado ancestral : plesiomorfia (plesio: “próximo”) Construção de uma árvore filogenética Árvores filogenéticas representam hipóteses sobre as relações evolutivas em um grupo de organismos. Uma árvore filogenética pode ser construída usando-se características morfológicas (formato do corpo), bioquímicas, comportamentais ou moleculares de espécies ou outros grupos. Ao construir uma árvore, nós organizamos as espécies em grupos aninhados com base em características derivadas (características diferentes daquelas do grupo ancestral) compartilhadas. As sequências de genes ou proteínas podem ser comparadas entre espécies e usadas para construir árvores filogenéticas. Espécies estreitamente relacionadas geralmente têm poucas diferenças nas sequências, enquanto espécies menos relacionadas tendem a ter mais diferenças. Imagem modificada de Taxonomy and phylogeny: Figure 2, by Robert Bear et al., CC BY 4.0 O princípio subjacente é a ideia de Darwin de "descendência com modificação". Basicamente, ao olhar o padrão de modificações (características novas) em organismos atuais, podemos descobrir - ou, ao menos, fazer hipóteses sobre - seu caminho de descendência a partir de um ancestral comum • A Sistemática Filogenética identifica e reúne os caracteres derivados em uma matriz de dados. • Nesta matriz, as características precisam ser polarizadas, ou seja: • aquelas que mais se parecem com o ancestral recebem o número 0 e • as mais derivadas recebem números subseqüentes (1, 2, 3). • Esse processo é feito comparando os grupos da análise com um ou mais grupos externos. • A escolha do grupo externo também segue alguns princípios previstos na metodologia, embora, em síntese, possa ser qualquer outro organismo vivo. Como reconhecer e escolher os caracteres (apomorfias) que vão indicar as relações de parentesco? • Característica "dedos nas patas": 0 = ausentes; 1 = presentes. Característica "antenas": 0 = ausentes; 1 = presentes. Representação de três táxons (A, B, C) de um grupo hipotético de animais comparados ao táxon que representa o grupo-externo. • A matriz de dados ilustra a transformação dos estados desses dois caracteres nos três táxons (A, B e C). • Os caracteres listados correspondem a ausência ou presença de dedos nas patas e de antenas nesses animais. • Matriz de Dados e polarização dos caracteres: 0 0 0 0 1 O problema é que, quando construímos uma árvore, nós estamos reconstruindo essa história evolutiva a partir de dados incompletos e alguma vezes imperfeitos. Por exemplo: Nem sempre somos capazes de diferenciar características que refletem ancestralidade compartilhada (características homólogas) de características que são similares mas surgiram de forma independente (características analógas surgidas por evolução convergente). [Veja um exemplo] Características podem ser adquiridas ou perdidas múltiplas vezes ao longo da história evolutiva de uma espécie. Uma espécie pode ter uma característica derivada, mas então perdê-la (reverter à forma ancestral) ao longo do curso da evolução
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