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Tema_4_Poluição Urbana Difusa_Texto

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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo 
PHD 2537 –Águas em Sistemas Urbanos I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poluição urbana difusa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rogério dos Santos Cardoso 3127810 
Igor Alves Fukushiro 3117833 
Antonio Lucas Zillo 3110137 
Tiago Yasou Nii 3135570 
Paulo Esperandio Jr. 3167631 
Rafael Agostinho Langoni 3166025 
Felipe Rogério Higuchi 3120389 
 
São Paulo, 11 de novembro de 2003 
 2
ÍNDICE 
 
Introdução............................................................................................................................... 3 
Poluição difusa ....................................................................................................................... 3 
Principais fontes geradoras da carga difusa e seus respectivos poluentes.............................. 4 
Impactos sobre a qualidade de água do corpo receptor .......................................................... 6 
Método de controle da poluição por cargas difusas ............................................................... 7 
Conclusão ............................................................................................................................. 10 
Bibliografia........................................................................................................................... 11 
 
 3
Introdução 
 
A poluição dos corpos de água nem sempre são causadas somente pelos esgotos 
domésticos e despejos industriais não tratados. Atualmente sabe-se que parte dessa poluição 
gerada em áreas urbanas tem origem no escoamento superficial em áreas impermeáveis 
(pavimentação, construções, impermeabilização, etc.). Dessa maneira, uma parcela 
significativa de poluição é carregada pelo escoamento ao encontro dos corpos de água. 
Além disso, a impermeabilização eleva a velocidade de escoamento, gerando maior 
capacidade de arraste e, portanto, maiores cargas poluidoras. As redes de drenagem urbanas 
são responsáveis pela veiculação dessas cargas que são grandes fontes de degradação de 
rios, lagos e estuários. 
A origem da poluição difusa é bastante diversificada, podendo vir do desgaste das 
ruas pelos veículos, lixo acumulado nas ruas e calçadas, atividades de construção civil, 
resíduos de combustíveis e óleos e graxas deixadas por veículos. Eventos de precipitações 
podem elevar as concentrações de metais tóxicos no corpo receptor até níveis altos. 
 
 
 
Poluição difusa 
 
 A poluição gerada pelo escoamento superficial da água em zonas urbanas é dita de 
origem difusa, uma vez que provém de atividades que depositam poluentes de forma 
esparsa, sobre a área de contribuição da bacia hidrográfica. A fonte da poluição difusa é 
caracterizada por cinco condições: 
 
• Lançamento da carga poluidora é intermitente e está relacionado à 
precipitação. 
• Os poluentes são transportados a partir de extensas áreas. 
• As cargas poluidoras não podem ser monitoradas a partir de seu ponto de 
origem, mesmo porque não é possível identificar a sua origem. 
• O controle de poluição difusa, obrigatoriamente, deve incluir ações sobre a 
área geradora de poluição, ao invés de incluir apenas, o controle do efluente 
quando do lançamento. 
• É difícil o estabelecimento de padrões de qualidade para o lançamento do 
efluente, uma vez que a carga poluidora lançada varia de acordo com a 
intensidade e duração do evento meteorológico, a extensão da área de 
produção e outros fatores que tornam a correlação vazão x carga poluidora 
praticamente impossível de ser estabelecida. 
 
É difícil estabelecerem-se diferenças nas produções das cargas de poluição entre 
zonas urbanas residenciais, industriais ou comerciais. Isso se deve a diferentes taxas de 
ocupação, assim como zonas industriais podem ser formadas por indústrias leves ou mais 
poluidoras. Sendo assim de fácil constatação que em zonas residenciais de baixa densidade 
de ocupação, há uma menor contribuição de volumes gerados no escoamento. 
A correta avaliação dos problemas causados pelas cargas difusas e a conseqüente 
escolha das medidas mitigadoras a serem implantadas são dificultadas pelo possível efeito 
 4
conjunto com outras descargas poluidoras, que tendem a mascarar o problema, pela 
irregularidade e imprevisibilidade do processo, pela variação temporal e espacial dos 
impactos causados e pela dificuldade da coleta de dados. Além disso, as medidas de 
controle das cargas difusas devem contemplar toda a bacia produtora e, por serem 
distribuídas, têm sua eficiência difícil de ser avaliada. Os melhores resultados são 
alcançados quando o gerenciamento e controle da poluição difusa são incorporados já na 
implantação de novos loteamentos ou distritos industriais. 
 
 
 
Principais fontes geradoras da carga difusa e seus respectivos poluentes 
 
 
Deposição atmosférica 
 
 
A “deposição seca” é formada pela deposição dos poluentes do ar sobre telhados, 
ruas e demais superfícies da área urbana. A chuva “lava” essas superfícies e, assim, tais 
poluentes são carregados até os corpos dágua. Os que estão pressentes com maior 
freqüência são enxofre, metais, pesticidas, compostos orgânicos, fungos, pólen, solo, 
nutrientes, asfalto, cinzas e compostos químicos como óxidos, nitritos e nitratos, cloretos, 
fluoretos e silicatos. 
Os poluentes podem ser carreados pelo escoamento superficial, após usa deposição 
seca, ou podem ser trazidos pela própria chuva, naquilo que é chama de deposição úmida. 
Nesse caso, gases e partículas presentes na atmosfera dissolvem-se ou são arrastados pela 
chuva e trazidos ao solo. 
A indústria e os veículos são as principais fontes de poluição do ar, sendo que 
veículos são responsáveis principalmente por óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e 
hidrocarbonetos voláteis, e as indústrias, por material particulado e óxidos de enxofre. 
Talvez, o problema mais importante associado à poluição atmosférica, no que se 
refere às cargas difusas, seja a chamada chuva ácida, isto é, a diminuição do pH da água da 
chuva. O menor valor de pH esperado para água pura é de 5,6. Em locais com 
concentrações elevadas de dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio na atmosfera, podem 
reduzir o valor para aproximadamente 2,7. 
 
 
 
 
Deposição de poluentes nas ruas 
 
A acumulação de poluentes nas ruas podem ser gerados por desgaste da 
pavimentação, resíduos deixados por veículos, resto de vegetação, dejetos de animais, lixo 
e partículas de solo como areia e argila. Esses materiais acumulam-se nas guias e sarjetas. 
 
 
 
 5
• Desgaste do pavimento 
 
Pedaços de asfalto, partículas de cimento e de qualquer outro material 
utilizado na pavimentação soltam-se, devido ao desgaste, e são carreados pela 
chuva; o material do pavimento asfáltico solta-se mais do que o do pavimento de 
concreto. A quantidade gerada dessas partículas é proporcional às condições dos 
pavimentos e pelas condições meteorológicas. 
 
• Veículos 
 
Os veículos contribuem com o derrame de combustível, óleo lubrificante, 
fluído de freio, líquido refrigerante, partículas que se soltam com desgaste de freios 
e pneus, além de ferrugem, partículas de tinta e etc. Apesar de representarem menos 
do que 5% do total de poluentes, estes poluentes são os mais tóxicos e 
potencialmente prejudiciais à vida aquática. 
 
• Lixo 
 
Estes podem ser caracterizados como: embalagens, matéria orgânica como 
cascas de fruta, dejetos de animais, folhas secas, grama cortada e lixos deixados por 
descuido na coleta. A quantidade de lixo depende da densidade de ocupação das 
áreas, do movimento de pedestres e de veículos e, principalmente, da educação da 
população. 
 
 
Tóxicos 
 
Pode-se dividir os tóxicos que mais freqüentemente aparecem nas cargas difusas de 
poluição de origem urbana nos grupos: metais pesados, pesticidasorganoclorados e 
bifelinas policloradas (PCB´s), que apesar de banidos, ainda estão presentes no ambiente. 
Os metais pesados como cádmio, zinco, chumbo, cromo e etc são os que aparecem 
com mais freqüência. Sua principal fonte são os veículos, mas também estão presentes nas 
tintas, materiais galvanizados e tubulações metálicas. 
Pesticidas organoclorados são utilizados no controle de insetos e pragas, que 
danificam jardins e parques. Apesar de aparecerem em pequenas quantidades, são tóxicos e 
acumulam-se na cadeia alimentar. 
 
 
Erosão 
 
A urbanização leva taxas aceleradas de erosão, principalmente devido a obras de 
construção civil. A erosão depende das características do solo, do clima, da topografia e 
outros. Maiores taxas de erosão significam maior arraste e, portanto, maior quantidade de 
sedimentos que chegará aos cursos de água. 
Excesso de sedimentos é a mais visível forma de poluição gerada de forma difusa. 
Resultando no assoreamento ou alteração das características hidráulicas do corpo de água, 
 6
mudanças na fauna e flora aquáticas e respectivas fontes de alimento e deterioração dos 
aspectos estéticos do corpo de água, aumentando a turbidez e transportando outros 
poluentes como metais, amônia e outros tóxicos. 
 
 
Impactos sobre a qualidade de água do corpo receptor 
 
 
É vantajosa a preservação da várzea natural dos cursos de água e da vegetação 
ribeirinha, já que representam uma forma de controle de enchentes e também da qualidade 
da água, por ser mantida a capacidade assimilativa natural do ecossistema. 
A magnitude do impacto causado pelo lançamento da drenagem urbana depende de 
fatores como o estado do corpo de água antes do lançamento, sua capacidade assimilativa e 
quantidade e distribuição das chuvas, uso dos solos da bacia, tipo e quantidade de poluente 
arrastado. Os problemas então gerados podem ser subdivididos em seis grandes categorias: 
1. Alterações estéticas: a transparência de água é afetada pelo aumento da 
concentração dos sedimentos em suspensão, assim como a turbidez, cor e 
aparência e possível ocasionamento de odor (decomposição de matéria 
orgânica). 
2. Depósito de sedimentos: o leito do corpo de água receptor é alterado 
causando diminuição da capacidade de escoamento, destruição de habitat e 
diminuição da população dos organismos que vivem junto ao fundo, uma 
vez que afetam locais de reprodução e fontes de alimentos dessas espécies. 
3. Depleção da concentração de oxigênio dissolvido: o problema da poluição 
por matéria orgânica é o consumo do oxigênio dissolvido na água pelos 
organismos que processam sua decomposição. Outra forma de depleção de 
oxigênio é a resuspensão de sedimentos no ponto de lançamento devido à 
erosão no local. 
4. Contaminação por organismos patogênicos: o uso do corpo de água para 
recreação pesca e irrigação, fica prejudicada pela presença de coliformes 
fecais. 
5. Eutrofização: aumento da população de algas e vegetais devido ao afluxo de 
nutrientes (nitrogênio e fósforo) ao corpo receptor das águas de drenagem 
urbana. 
6. Danos devido à presença de tóxicos: o impacto causado pela presença dos 
tóxicos é de curto prazo quando pode ser avaliado pelos índices de 
mortalidade provocada após seu lançamento. Os efeitos de longo prazo são 
mais difíceis de serem avaliados. Esses tóxicos favorecem ao aumento da 
concentração das substâncias tóxicas nos tecidos dos organismos nos níveis 
mais elevados da cadeia alimentar. 
 
 
 
 
 
 
 7
Método de controle da poluição por cargas difusas 
 
 
O controle da poluição difusa deve ser feito através de ações sobre a bacia 
hidrográfica, de modo a se ter redução das cargas poluidoras antes do lançamento da 
drenagem no corpo receptor. Essas medidas baseiam-se em práticas como educação da 
população, limpeza da cidade e estruturas de controle. 
 
Medidas não-estruturais 
 
 
São aquelas relativas a programas de prevenção e controle de emissão dos poluentes 
e apresenta a maior relação benefício/custo. Ainda englobam medidas de planejamento 
urbano, ordenando a ocupação da área, espaços livres, etc. Como se vê, são medidas que 
requerem a participação da população e, para isso, é necessário haver programas de 
esclarecimento e conscientização do público em geral. 
As medidas não estruturais mais comuns para a prevenção desse tipo de poluição 
são: 
• Controle do uso do solo urbano 
• Regulamentação para áreas em construção 
• Áreas verdes 
• Controle de ligações clandestinas 
• Varrição de ruas 
• Controle de coleta e disposição final do lixo 
• Educação da população 
 
 
 
Medidas estruturais 
 
 
São aquelas construídas para reduzir o volume e/ou remover os poluentes do 
escoamento. 
Deve-se levar em conta se a área está em processo de urbanização. Sendo assim, a 
implementação dessas medidas é mais viável do que em áreas já urbanizadas. 
A gestão da qualidade da água do escoamento urbano será mais eficiente quanto 
mais cedo se iniciar a implantação das medidas de controle. 
Deve-se salientar que as medidas não estruturais e estruturais são sempre 
complementares. 
As medidas estruturais mais comuns para a prevenção desse tipo de poluição são: 
• Remoção eficiente dos poluentes presentes no escoamento superficial 
• Minimizar os impactos do lançamento da drenagem urbana no corpo 
receptor 
• Apresentar uma relação custo/benefício aceitável 
• Selecionar alternativas que apresentem necessidades futuras de operação e 
manutenção viáveis em longo prazo. 
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• Associar essas alternativas a soluções com usos múltiplos, como áreas de 
recreação e parques. 
• Minimização da área diretamente conectada, isto é, direcionar o escoamento 
gerado em superfícies impermeáveis como telhados, para áreas gramadas e 
jardins. Esta prática reduz o volume de escoamento superficial e aumenta a 
oportunidade de infiltração, retendo sólidos em suspensão e outros 
poluentes. 
• Valetas gramadas: utilizadas para coletar o escoamento superficial urbano ao 
longo de ruas e estradas, substituindo guias e sarjetas. São projetadas para 
permitir o escoamento a baixas velocidades e pequenas lâminas, de forma a 
diminuir as vazões para lançamento no corpo receptor. Não são muito 
eficientes para remoção de poluentes para eventos de chuva intensa. A 
manutenção dessas valetas é essencial e deve ser feita com freqüência, 
elevando os custos. 
 
 
• Pavimento poroso: substituição da tradicional pavimentação asfáltica ou de 
concreto por blocos porosos pode ser feita em áreas externas de zonas 
comerciais, edifícios e áreas de estacionamento, sendo uma forma de 
diminuir a área diretamente conectada à rede de drenagem. É um tipo de 
pavimentação mais caro. 
• Bacias de detenção secas: a idéia é que a bacia armazene o escoamento 
superficial e vá liberando aos poucos, através de pequeno orifício de saída, 
as vazões a jusante. Sugere-se um tempo de resistência de 40 horas para que 
se aumente a eficiência da remoção dos poluentes 
 
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• Bacias de detenção alagadas: permanecem com a parte inferior inundada 
constantemente. Quando chove, o escoamento é retido no espaço deixado 
como volume de espera. A vazão que entra mistura-se com a água ali 
armazenada, e aos poucos, o excesso vai sendo descarregado. A taxa de 
remoção de poluentes é alta. Porém, pode ocorrer o aparecimento de 
mosquitos e a retirada do acúmulo de sedimentos apresente grande 
dificuldade. 
 
 
 
 
• Alagadiços: são criados como forma de reter sedimentos e poluentes do 
escoamento superficial. É necessário que haja um pequeno escoamento de 
base, para manter a lâmina sempre no fundo. São eficientes para remover 
compostos de fósforo de nitrogênio, alguns metais, compostos orgânicos e 
sedimentos. 
 
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Os principais mecanismos de remoção de poluentes que atuamnas medidas 
estruturais são: 
 
• Sedimentação: bacias de detenção que armazenam o escoamento por 
períodos maiores de tempo removem quantidades maiores de sedimentos e 
poluentes adsorvidos. 
• Filtração: utilização de filtros de areia. 
• Infiltração: filtração pelo solo 
• Remoção biológica: plantas e microorganismos usam nutrientes como 
fósforo e o nitrogênio 
 
 
 
 
Conclusão 
 
 Devemos cada vez mais aprofundar os estudos a respeito da poluição difusa, pois 
esta é responsável por grande parte da poluição causada em área urbana. Apesar da 
dificuldade de identificar a fonte geradora da poluição, ações bem elaboradas têm sido bem 
implementadas, tanto na causa como na conseqüência. 
 Deve-se cobrar das autoridades uma possível mudança na legislação, a fim de que 
se reservem áreas nas construções, destinadas à retenção do escoamento superficial, 
diminuindo assim a propagação da poluição difusa. 
 Em curto prazo devemos investir mais nas medidas não estruturais, pois estas 
necessitam de investimentos menores. Os órgãos governamentais podem criar incentivos 
para que medidas que requerem maior investimentos possam ser aplicados na prática. 
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Bibliografia 
 
o Drenagem Urbana – Carlos Tucci 
o http://www2.netcon.com.br/~dalcanale/def.html 
o http://www.cetesb.sp.gov.br

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