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AULA 1 GESTÃO DE EQUIPES DE MANUTENÇÃO Prof. Newton Nauro Tasso Faraco 2 TEMA 1 – GESTÃO DE PESSOAS 1.1 O desenvolvimento da gestão de pessoas Para o aprofundamento dos conceitos que abordam a gestão de equipes, primeiro é necessário estudar o desenvolvimento do tema que se refere à gestão de pessoas, que teve início no século passado. Essa viagem ao tempo se faz necessária para que se possa avaliar sua importância no desenvolvimento dos trabalhos em grupos ou equipes, efetuados nas organizações contemporâneas. Essa evolução pode ser mais bem percebida com base em fatos significativos como a globalização, a abertura dos mercados, os novos costumes, a poluição e a degradação ambiental, os novos processos da economia, o aumento da incerteza quanto ao futuro e as diferentes probabilidades de escolha de estruturas e processos organizacionais. Assim, os mais expressivos são os que se enquadram nas atuais abordagens de gerenciamento de pessoas, que buscam a inclusão dos seus conceitos ao equilíbrio entre a vida pessoal e a organizacional. Para Chiavenato (2000), as empresas precisam de pessoas para existir. A principal vantagem competitiva das empresas decorre das pessoas que nelas trabalham. A maneira como as pessoas se comportam, atuam, trabalham, executam, aperfeiçoam suas atividades, cuidam dos clientes e administram os negócios das empresas varia em grandes dimensões. Essa variação depende, em parte, das políticas e diretrizes das organizações a respeito de como lidar com as pessoas em suas atividades, tanto que, em muitas organizações, falava- se até há pouco tempo em relações industriais. Sendo assim, uma abordagem temporal do gerenciamento de pessoas segue a evolução socioeconômica contemporânea e está ligada à evolução da administração. Sua origem está relacionada à história da moderna administração, que surgiu no início do século XX e pode ser resumida pelas seguintes teorias que seguem. 1.1.1 Administração científica Conforme Chiavenato (2000), a administração científica desenvolvida por Frederick Taylor, cuja preocupação era com a organização das tarefas no 3 ambiente de trabalho e com a racionalização do trabalho dos operários, tendo como característica a ênfase nas tarefas e no aumento da eficiência. A gestão de pessoas nesse período era baseada na seleção, no preparo, no controle e na execução dos funcionários, sempre visando a acelerar o processo produtivo, produzindo mais em menos tempo, porém com qualidade. Chiavenato (2000) cita que a primeira empresa a colocar em prática os conceitos da administração cientifica foi a Ford Motor Company de Henry Ford executando em sua linha de produção os conceitos da teoria desenvolvida por Taylor. A produção em massa buscava produzir em maior escala seus carros em tempos menores e a um custo também menor e, assim, atender a um maior número de consumidores. Portanto, o fordismo foi responsável pela produção em massa, e cada trabalhador tinha que executar apenas uma tarefa na linha montagem dos carros. 1.1.2 Teoria clássica Para Ribas e Salim (2016), a Teoria clássica, idealizada por Henri Fayol, caracteriza-se pela ênfase na estrutura organizacional, pela visão do homem econômico e pela busca da máxima eficiência. Também é caracterizada pelo olhar sobre todas as esferas da organização (operacionais e gerenciais), bem como na direção de aplicação do topo para baixo (da gerência para a produção). Os órgãos eram divididos na linha vertical (autoridade) e horizontal (departamentalização) e, ainda, em órgãos de staff e órgãos de linha. Seus princípios são semelhantes aos da administração científica, e as práticas de gestão de pessoas na época foram influenciadas pelos princípios básicos da teoria de Fayol, tais como a divisão do trabalho com a finalidade de produzir mais e melhor; a especialização dos funcionários na busca do aumento da produtividade; a aplicação da autoridade, responsabilidade e disciplina para controle do comportamento dos colaboradores; a unidade de comando e direção para redução dos conflitos e remuneração justa, tanto para o funcionário quanto para a empresa, como também definiu os elementos do processo administrativo, quais sejam: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. 4 1.1.3 Relações humanas Conforme Ribas e Salim (2016), essa teoria foi idealizada por Elton Mayo nos anos 1940, opondo-se à teoria clássica. O foco estava nas pessoas e nos grupos sociais, buscando humanizar e democratizar a administração. Essas concepções vieram a influenciar de forma irreversível a técnica de gestão de pessoas nas empresas. Essa teoria teve papel fundamental em outras teorias relacionadas à satisfação, à motivação, ao comportamento, à liderança, à capacitação, ao clima e à cultura organizacional, trazendo como conceitos básicos a relação entre a produção e as relações sociais, o comportamento do indivíduo focado no grupo, as relações humanas e os aspectos emocionais, como determinantes do processo produtivo, considerando-se a relação direta entre a eficiência do funcionário e o conteúdo do cargo. 1.1.4 Teoria dos sistemas Teoria geral dos sistemas, também conhecida pela sigla TGS, foi aplicada entre as décadas de 1950 e 1970 por Ludwig Von Bertalanffy. Essa teoria é significativa tendo em vista a necessidade de se avaliar a organização como um todo e não somente em departamentos ou setores. Conforme Chiavenato (2010), as empresas podem ser consideradas como um sistema aberto, pois necessitam da constante interação com o meio no qual estão inseridas, como forma de se obterem insumos para sua entrada e oferecer o resultado de sua saída para ser absorvido e consumido pelo meio. Sua abordagem influenciou as técnicas de gestão de pessoas, levando em consideração o ambiente das empresas, um dos pontos que influenciam o comportamento organizacional, assim como a interdependência entre os atores no processo produtivo, a resiliência como a habilidade de superar revoltas, a busca da sinergia para a ampliação do resultado e a entropia como um dos responsáveis pelas perdas e desperdícios. 1.1.5 Teoria neoclássica Peter Drucker desenvolveu, por meio de um conjunto de abordagens que se iniciaram na década de 1950, a Teoria neoclássica. Para Drucker (2007), o foco de qualquer organização deve ser o cliente e não o produto. Hoje essa afirmativa se assemelha aos padrões do mercado, porém, em sua época, 5 parecia bem revolucionária. Assim, o cliente deve ser o componente principal da organização, o foco fundamental das atenções. Os clientes estavam ficando cada vez mais exigentes em função dos níveis de escolaridade. Por causa das mudanças na sociedade, as organizações se obrigaram a reavaliar os seus modelos de administração, buscando modelos que atendam a esses anseios. Portanto, as empresas deverão buscar em seus funcionários novas formas de valorizá-los como seres humanos, com suas experiências de vida, expectativas, qualidades. Conforme Boaratti (2014), o objetivo é fazer com que o trabalhador contribua mais para a organização como um todo. E, para isso, a empresa deve quebrar formas rígidas de administração, flexibilizando, por exemplo, a hierarquização nas decisões. Mas esse não é um desafio simples, uma vez que requer a reflexão e a criação de novas regras e rotinas, ou talvez até uma reestruturação de todo o sistema. TEMA 2 – EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS 2.1 Um processo evolutivo dos modelos de gestão de pessoas Para Ribas e Salim (2016), “uma organização depende, em maior ou menor grau, dodesempenho das pessoas para seu sucesso. Por esse motivo, desenvolve e organiza uma forma de atuação sobre o comportamento que se convencionou chamar de modelo de gestão de pessoas”. Esse modelo é determinado por fatores internos e externos à própria organização. O modelo deve, assim, por definição, diferenciar a empresa em seu mercado, contribuindo para a fixação de sua imagem e de sua competitividade. Fischer (2002) descreve “o modelo de gestão de pessoas como a maneira pela qual uma empresa organiza-se para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho”. Para isso, a empresa deve ser estruturada, definindo princípios, estratégias, políticas e práticas ou processos de gestão. Por meio dessas estruturas, desenvolve as diretrizes e orienta os modos de atuação dos gestores em sua relação com seus funcionários. 2.2 Gestão do comportamento humano De acordo com Fischer (2002), a propagação da Escola de Relações Humanas foi necessária para os recursos humanos, porque reforçava a 6 necessidade de as organizações darem atenção à gestão de pessoas de forma focada, separando a gestão de outros recursos, o que fez elevar, na prática, uma estruturação do departamento de pessoal nas empresas, bem como surgir muitas das principais leis que regulam as relações entre as empresas e seus empregados. Conforme Fischer (2002), o ponto de partida foi o treinamento gerencial, as relações interpessoais, os processos de avaliação de desempenho e de estímulo ao desenvolvimento de perfis gerenciais, coerentes com o processo de gestão de pessoas desejado pela empresa. A motivação e a liderança formam os pontos-chave do modelo humanista. Para Ribas e Salim (2016), “os departamentos de recursos humanos consideram as pessoas como recursos vivos e inteligentes, e não mais como um prolongamento da máquina, portanto como recurso fundamental e estratégico na busca dos objetivos da empresa”. Assim, as empresas buscam hoje como modelo de comportamento humano uma gestão que reconheça e articule o envolvimento-motivação, fidelidade-estabilidade e assistência-submissão. Ou seja, é papel da empresa desenvolver a motivação das pessoas e, dessa forma, manter as pessoas permanecer envolvidas com os projetos da empresa, visando sempre à excelência. 2.3 Gestão estratégica de pessoas Com o surgimento no início dos anos 1990 da era competitiva, houve a necessidade de uma nova postura da gestão de recursos humanos. De acordo com Fischer (2002), “a intenção de criar vínculos cada vez mais próximos entre desempenho e resultados da empresa, intensifica-se a ponto de requerer nova definição conceitual do modelo, a julgar pelo movimento dos anos 1990, a descentralização da área de recursos humanos continua”. Como área estratégica, o recurso humano vem a auxiliar na assessoria das outras áreas da empresa na atração e na retenção de pessoas. Fischer (2002) afirma que o recurso humano foi denominado em algumas organizações como gestão de pessoas, gestão de talentos, gestão de gente, gestão estratégica de recursos humanos, entre outras, mas sempre tendo como foco a gestão de competências e, ao menos no discurso, a construção de modelos de gestão de pessoas, mais flexíveis e orgânicos. 7 2.4 Três períodos da evolução Chiavenato (2014) define que, para que haja uma evolução da área de gestão de pessoas, é necessário dividi-la em três períodos, que são descritos como: as relações industriais, relacionadas à Era da industrialização clássica; a administração de recursos humanos, relacionada à Era da industrialização neoclássica; e a gestão de pessoas, relacionada à Era da informação. Na Figura 1, são descritas as características de cada fase. Figura 1 – As três etapas das organizações no decorrer do século XX Era Industrialização clássica Industrialização neoclássica Informação Período 1900 a 1950 1950 a 1990 Após 1990 Estrutura organizacional predominante Burocrática, funcional, piramidal, centralizadora, rígida e inflexível. Ênfase nos órgãos Mista, matricial, com ênfase na departamentalização por produto ou serviço ou unidade estratégica de negócios Fluida, ágil e flexível, totalmente descentralizada. Ênfase nas redes de equipes multifuncionais Cultura organizacional predominante Foco no passado, nas tradições e nos valores conservadores. Ênfase na manutenção do status quo. Valor à tradição e à experiência Foco no presente e no atual. Ênfase na adaptação ao ambiente. Valor à renovação e à revitalização Foco no futuro e no destino. Ênfase na mudança e na inovação. Valor ao conhecimento e à criatividade Ambiente organizacional Estático, previsível, poucas e gradativas mudanças. Poucos desafios ambientais Intensificação e aceleração das mudanças ambientais Mutável, imprevisível, turbulento, com grandes e intensas mudanças Modos de lidar com as pessoas Pessoas como fatores de produtos inertes e estáticos. Ênfase nas regras e nos controles rígidos para regular as pessoas Pessoas como recursos organizacionais que devem ser administrados. Ênfase nos objetivos organizacionais para dirigir as pessoas Pessoas como seres humanos proativos e inteligentes que devem ser impulsionados. Ênfase na liberdade e no comprometimento para motivar as pessoas Administração de pessoas Relações industriais Administração de recursos humanas Gestão de pessoas Fonte: Chiavenato, 2014. Chiavenato (2006) define que a gestão de pessoas deve contribuir para a eficácia organizacional mediante os seguintes meios: Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e a realizar sua missão; Proporcionar competitividade à organização; proporcionar à organização empregados bem treinados e bem motivados; aumentar a autoatualização e a satisfação dos empregados no trabalho; desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho; administrar a mudança; manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável. 8 2.5 As competências individuais das pessoas Conforme Chiavenato 2015, quando se fala de competências básicas das pessoas, isso significa que tudo começa com o conhecimento e depende do aprendizado, e isso valoriza justamente a Era da informação. Para tanto, é preciso ter as seguintes premissas: 1. Conhecimento: é o saber. Depende de aprendizagem. As pessoas precisam ter oportunidades maiores, além do simples mecanismo de treinamento convencional, para aprender mais e efetivamente, estando aptas a analisar e solucionar problemas. Serem incentivadas a aumentar seu conhecimento e seu capital intelectual constantemente, buscando sempre o aprimoramento. Porém o conhecimento não pode ficar escondido a sete chaves, senão teria o menor valor. Para ser útil, ele precisa ser aplicado, isto é, transformado em ação. 2. Habilidade: saber fazer. É a capacidade de utilizar de maneira eficiente e eficaz o conhecimento para agregar valor. Algumas habilidades importantes são: capacidade de aprender e de reaprender por conta própria; capacidade de analisar, sintetizar e avaliar situações, capacidade de se comunicar, ter pensamento crítico, criatividade e inovação; capacidade de identificar e resolver problemas e conflitos; capacidade de tomar decisões, trabalhar em equipe, ter cultura de qualidade e de excelência; saber usar de maneira eficiente a tecnologia da informação, etc. Mas a habilidade sozinha, não funciona em ambientes desfavoráveis à sua implementação. 3.Julgamento: saber analisar e decidir. O conhecimento e a habilidade requerem julgamento da pessoa a respeitode onde, como e quando serão aplicadas. O julgamento envolve necessariamente visão ampla e global da situação, análise de dados e fatos concretos, discernimento do entorno e tomada de decisão. É o julgamento da situação que permite descobrir o que está́ acontecendo, qual o problema a ser resolvido, a necessidade a ser satisfeita a tendência dos acontecimentos e, enfim, o que fazer. O julgamento direciona a ação, apruma o comportamento e direciona a tomada de decisão. 4. Atitude: saber fazer acontecer. Conhecimento, habilidades e julgamento requerem atitudes das pessoas, para que possam ser colocados em pratica. Atitude é a capacidade de conseguir fazer as coisas e agregar valor na organização, por meio da mudança e da inovação, mesmo em situações críticas, negativas ou desfavoráveis. É a atitude da pessoa que faz com que seu conhecimento, habilidades e julgamento realmente possuam um papel relevante nas coisas que acontecem nas empresas. Atitude significa espírito empreendedor, capaz de realizar e fazer acontecer o esperado e o necessário, iniciativa própria e determinação. (Chiavenato, 2015) Segundo Chiavenato (2015), a competência de cada pessoa depende da conjunção de seus conhecimentos, habilidades, julgamentos e atitudes empreendedoras. 9 TEMA 3 – RELAÇÕES INTERESSOAIS 3.1 Conceito Para Moscovici (2008), a relação interpessoal é conceituada na esfera da relação entre duas ou mais pessoas. O tipo de relacionamento é definido pelo argumento em que ele está implantado. Assim, pode estar inserido na família, na escola, no trabalho ou na comunidade. A relação interpessoal tem como base uma relação social, portanto aborda um conjunto de normas de comportamento que irão nortear as interações entre membros de uma sociedade. Uma relação interpessoal é complexa, pois aborda vários níveis e envolve diferentes sentimentos como o amor, compaixão, amizade, dentre outros. Um relacionamento desse tipo também pode ser marcado por características e situações como: competência, transações comerciais, inimizade, dentre outras. Assim sendo, qualquer relacionamento pode sofrer alterações ou divergências advindas de um conflito interpessoal, em função de algum desacordo dos indivíduos. 3.2 Relacionamento intrapessoal Para Marques (2016), “o relacionamento intrapessoal é o ato de conhecer a si mesmo, identificando seus pontos fortes e que precisam de melhoria, emoções e habilidades”. Portanto, trata-se da maneira como percebemos o mundo e a nós mesmos e como reagimos perante as demais situações. Precisamos sempre estar em busca do autoconhecimento, do autocontrole emocional, da automotivação e da autoestima. Quando equalizamos o domínio sobre as situações do dia a dia como o controle sobre suas emoções, teremos mais sucesso na convivência com as pessoas de nossa equipe e as demais que fazem parte da empresa. Segundo Marques (2016), se tivermos consciência da própria personalidade, dominaremos nossas atitudes. O incremento de habilidade na criação de um ambiente de trabalho que busque um crescimento pessoal, profissional e de harmonia com a equipe será necessário: humildade (estar sempre disposto a aprender); persistência (alcançar os objetivos, apesar das 10 dificuldades); resiliência (recomeçar após os fracassos); disciplina (cumprir as metas com firmeza e foco); flexibilidade (enxergar novas possibilidades e se adaptar a situações desconhecidas ou inesperadas); iniciativa (ser proativo) e motivação (encarar a rotina). Ampliando seu relacionamento intrapessoal, isso levará ao desenvolvimento dos bons ambientes de trabalho, o que fará sua equipe render mais e com isso gerar excelentes resultados. 3.3 Relacionamento interpessoal no trabalho Conforme Moscovici (2008), o relacionamento interpessoal no trabalho deve ter como premissa que a pessoa consiga lidar bem com os diferentes, é uma característica exigida pelos líderes na hora de contratar um colaborador para assumir qualquer função na empresa. Para tanto, na hora de contratar, o líder deverá buscar no profissional as seguintes características: Ter capacidade de sentir empatia; Conseguir se comunicar; Agir com ética; Compreender e respeitar as diferenças; Trabalhar com qualidade; Saber fazer bons contatos dentro e fora da empresa; Ter flexibilidade perceptiva e comportamental; Ter sentimento de coletividade; Ter autoconhecimento; Ter inteligência emocional; Nossas conexões sociais são construídas com base na credibilidade e confiança, assim, devemos ser íntegros, isto é, ter honestidade e firmeza de caráter. O profissional confiável atua com transparência e compartilha informações. Portanto, é importante manter a boa convivência tanto com seus pares quanto com os que ocupam papéis diferentes do seu na hierarquia da empresa. Para que se obtenha êxito nas relações interpessoais em uma organização, é preciso ter consciência de que “relacionar-se é dar e receber ao 11 mesmo tempo, é abrir-se para o novo, é aceitar e fazer-se aceito, buscar ser entendido e entender o outro” (Moscovici, 2008). 3.4 Fatores que não favorecem na relação interpessoal no trabalho No ambiente de trabalho em que as relações interpessoais não geram benefícios, é comum haver as seguintes características: desconfiança, prejuízos na comunicação, competitividade desleal, inimizades, baixo desempenho e queda na produtividade. Portanto, devem ser combatidos os rótulos, os prejulgamentos, o preconceito e a discriminação. Existem ainda outros elementos que deverão dificultar as relações interpessoais, tais como: sensibilidade exagerada, luta por status ou poder e competição e ainda as distorções na comunicação. Como se pode perceber, as pessoas não nascem sabendo relacionar-se, pois esse é um aprendizado constante que se estabelece no convívio, que acontece na interação entre as pessoas. TEMA 4 – GESTÃO DE EQUIPE (1) 4.1 Gestão de pessoas e a formação de equipes Para Fisher e Fleury (1998), “gestão de pessoas é o conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização, objetivando orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho”. Esse termo vem substituir a antiga expressão administração de recursos humanos, aplicada para relacionar-se com as pessoas nas organizações. Para Lacombe (2005), “o ponto de partida é a formação de uma equipe competente: a qualidade do pessoal admitido é fundamental”. É fundamental a condução dessa equipe, com o objetivo de motivá-la e obter a fidelidade com a empresa, pois o seu desenvolvimento é essencial para aprimorar a competência e o conhecimento por meio de programas de treinamento formais e informais. 4.2 Trabalho em equipe Assim, segundo Easton (1993), equipe, por definição, é um grupo de trabalhadores que conjuntamente compartilham um objetivo e possuem a 12 habilidade de monitorar seu próprio desempenho por meio de um feedback contínuo. Além disso, cada membro sabe como cada um afeta o resultado final e o objetivo da equipe e também sabe qual foi a forma utilizada pelos demais para conseguirem realizar as suas tarefas. Conforme Ribas e Salim 2016, “o trabalho em equipe gera uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um nível de desempenho maior do que a soma das contribuições individuais”. A concepção e a ampliação de equipes de trabalho nas empresas é um fator importante na busca de vantagens competitivas, porque o intercâmbio entre as pessoas envolvidas pode se transformar na base de sustentação da organização. As equipesde trabalho são consideradas como elemento básico para o processo de desempenho, diante do cenário de mudança nas organizações. Sendo assim, é deve-se acreditar que o trabalho desenvolvido em equipe possa contribuir para a aprendizagem organizacional, sendo, portanto, um elemento-chave na competitividade da organização. 4.3 Times de trabalho Pode-se afirmar que a diferença entre grupo de trabalho e time de trabalho, seja ele funcional ou qualitativo, é apresentada da seguinte maneira: funcionalmente, os membros dos times colaboram entre si em todos os aspectos do desempenho da tarefa e de maneira qualitativa realizam algo, sempre buscando agregar valor. Membros de um time, repartem com mais facilidade informações, resolvem seus conflitos com rapidez, e os bons resultados são abertos à discussão. Quatro características são necessárias para que se possa reconhecer o processo de mudança: o atingimento dos resultados que os distinguem; o emprego de métodos adequados de processos informais; o desenvolvimento das pessoas certos tipos de sentimentos; e o desenvolvimento da liderança, que tem como premissa tanto o desenvolvimento do time quanto o desempenho. TEMA 5 – GESTÃO DE EQUIPE (2) 5.1 Ciclo do trabalho em equipe e aprendizagem Conforme Santos e Franco (2011), é possível perceber que o trabalho em equipe e a aprendizagem, por meio da gestão com pessoas e suas práticas, 13 podem favorecer um ciclo contínuo de troca de conhecimento e experiência, proporcionando adaptações nos processos de comunicação, no feedback para a solução de problemas e no compartilhamento de ideias, para obter as habilidades necessárias, visando a viabilizar o aprendizado individual e organizacional, ensejando atingir as metas e melhorar os resultados, conforme apresentado na Figura 2. Figura 2 – Ciclo do trabalho em equipe e aprendizagem Fonte: Santos e Franco, 2011. A gestão com pessoas favorece o diálogo e a discussão para a solução de problemas, utilizando o trabalho em equipe para desenvolver um novo modelo de gestão, focando no como fazer, por que fazer e no aprender a aprender. 5.2 Ciclo do trabalho na formação de uma equipe Conforme Robbins (2005), o psicólogo Bruce Tuckman descreveu o caminho que a maioria das equipes segue para atingir o alto desempenho. Para Robbins (2005), Desenvolvendo o método Tuckman, que é descrito em seis estágios para levar em consideração no processo de formação de uma equipe são: 1º Estágio – Formação: nesse momento a equipe ainda tem ideias imprecisas e a visão comum ainda não está desenvolvida. As metas estão sendo traçadas. Os membros da equipe pensam de maneira positiva e atuam de forma educada. Não se tem consciência das diferenças e o potencial de aprendizagem se desenvolve 14 individualmente. Os procedimentos para reunir e trabalhar a informação ainda estão ausentes. Os membros estão começando a estabelecer seu nível de confiança, onde a comunicação é cuidadosa. Alguns estão ansiosos porque estão em um ambiente incerto cercado por novas pessoas. Tem pouca compreensão do que é o projeto. Esse estágio dura por algum tempo, à medida que as pessoas começam a trabalhar juntas e descobrirem suas responsabilidades. 2º Estágio – Confrontação: é quando as diferenças começam a aparecer, depois de um entusiasmo inicial, surgem problemas com a equipe e com o projeto quando as atividades iniciam. Com a consciência das diferenças, os conflitos começam a ser enfrentados e ainda não há consenso sobre a visão e objetivos. São estabelecidos novos prazos, job rotacion dos membros da equipe, dificuldades na execução das atividades, personalidades diferentes dos integrantes da equipe. Busca-se um estilo para trabalhar, com estabelecimento de práticas e dando início a uma comunicação mais aberta, ocorrendo o início do potencial de aprendizagem em equipe. 3º Estágio – Normatização: Começa a existir o consenso sobre visão, objetivos mais claros e entendidos. O entendimento das diferenças e validação de talentos, habilidades e estilos de cada um. A comunicação é mais clara, fortalecendo a confiança entre os membros da equipe, e o potencial de aprendizagem não é mais individual nem da equipe, mas é voltado para a organização. Pleno 4º Estágio – Atuação: a equipe trabalhando dentro da normalidade e o desempenho integral passam a existir. O senso de propósito, comunicação aberta, confiança e respeito mútuo, adaptabilidade e flexibilidade, liderança compartilhada e procedimentos de trabalho eficazes passam a ser parte integrante da equipe. 5º Estágio – Dissolução: o comodismo é plenamente desfavorável. Com o alto desempenho nos resultados, aparece à autoconfiança excedida e assim, a conformidade e à acomodação e o início da decadência do desempenho da equipe. Os sentimentos de soberba, falta de comunicação e o desinteresse contribui para que a equipe regrida e volte a ser um grupo. Com este desequilíbrio ocorrem conflitos entre participantes e choques de lideranças. Este é o estágio em que será preciso ocorrer intervenções, como: rediscussão dos objetivos, desenvolvimento de novas lideranças, renovação da equipe, proposição de novos desafios e assim por diante. 6º Estágio – Transformação: É necessária para que a equipe continue a viver, portanto, após a intervenção ocorrida no estágio de dissolução, serão observados comportamentos diferentes na equipe, como: mudanças de propósito, rediscussão da visão e dos objetivos, compartilhamento das diferenças para que haja recuperação da autoestima. É o estágio que necessitará de mudança global em que uma nova postura emerge dos membros que passam a questionar, rediscutir e redefinir a visão, os objetivos, os processos, procedimentos e os propósitos, tanto da equipe quanto do trabalho. Nesta fase, a visão do grupo trabalha a fim de até mesmo ampliar a visão da empresa e evoluir a sua forma de funcionamento da empresa. A Figura 3 representa esse processo de formação conforme o modelo de Tuckman. 15 Figura 3 – Modelo Tuckman Fonte: Robbins, 2005. Robbins (2005) diz que se deve ter em mente o método Tuckman, que serve de forma natural para o desenvolvimento da equipe, que deve ser antecipado e, em muitos aspectos, faz parte de um ciclo virtuoso. 16 REFERÊNCIAS BOARATTI, A. As teorias da administração em foco: de Taylor a Drucker. Administradores, 5 nov. 2014. Disponível em: <http://www.administradores.com .br/artigos/academico/as-teorias-da-administracao-em-foco-de-taylor-a- drucker/82427/>. Acesso em: 27 mar. 2019. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri: Manole, 2015. _____. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri: Manole, 2014. _____. A gestão de pessoas em um ambiente dinâmico e competitivo. São Paulo: Atlas, 2006. _____. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. DRUCKER, P. O gestor eficaz. São Paulo: LTC, 2007. EASTON, S. Team analysis: center for the study of work teams. Newsletter, v. 3, n. 3, 1993. Disponível em: <www.workteamns.unt.edu/newsletter>. Acesso em: 27 mar. 2019. FISCHER, A. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas. In: Fleury, M. (Org.). As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. FLEURY, M. T. L.; FISCHER, R. M. Processo e relações do trabalho no Brasil. São Paulo: Atlas, 1998. LACOMBE, F. J. M. Recursos humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva 2005. MARQUES J. R. 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