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ENGENHARIA DE USABILIDADE E INTERFACES (22)

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ALINE COUTO OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
ENGENHARIA DE USABILIDADE 
APLICADA NO SISTEMA 
“CADASTRO AMBIENTAL RURAL”: 
UM ESTUDO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
LAVRAS – MG 
2014 
 
 
ALINE COUTO OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
ENGENHARIA DE USABILIDADE APLICADA NO SISTEMA 
“CADASTRO AMBIENTAL RURAL”: 
UM ESTUDO DE CASO 
 
 
 
 
Monografia de Graduação apresentada ao 
Departamento de Ciência da Computação da 
Universidade Federal de Lavras como parte das 
exigências do Curso de Sistemas de Informação 
para obtenção do título de Bacharel em Sistemas 
de Informação. 
 
 
 
Orientador 
Professor André Pimenta Freire 
 
 
LAVRAS – MG 
2014 
 
 
 
 
 
Ao meu pai Antônio Donizetti Oliveira 
À minha mãe Elivânia Aparecida do Couto Oliveira 
À minha irmã Ana Paula Oliveira e Rezende. 
Ao meu sobrinho Daniel Oliveira Rezende 
DEDICO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem 
durante toda esta longa caminhada, o que seria de mim sem a fé que eu tenho 
nele. 
Aos meus pais Donizetti e Elivânia, à minha irmã Ana Paula, ao meu 
sobrinho Daniel e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não 
mediram esforços para que eu vencesse esta etapa de minha vida. 
A todos os mestres e amigos de verdade, que me ensinaram, 
incentivaram e ajudaram, direta ou indiretamente, contribuindo assim, para que 
eu pudesse crescer. 
 A todos da DGTI e do LEMAF pelo apoio no meu crescimento 
profissional. Eu posso dizer que a minha formação, inclusive pessoal, não teria 
sido a mesma se eu não tivesse tido a oportunidade de ter trabalhado com eles. 
Ao meu orientador, André Pimenta Freire, pela paciência, dedicação, 
incentivo e sabedoria que muito me auxiliou para conclusão deste projeto. 
A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de 
mim, fazendo esta vida valer cada vez mais a pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A preocupação com a aplicação de técnicas para melhoria da usabilidade 
nos sistemas é crescente. Pois a usabilidade é um atributo muito importante para 
a qualidade de software. A utilização de técnicas de Engenharia de usabilidade 
como parte do processo de desenvolvimento de um produto traz melhorias 
significativas para a qualidade de um software. O objetivo do trabalho 
apresentado nesta monografia é efetuar um estudo de caso sobre a introdução de 
técnicas de avaliação de usabilidade, mais especificamente técnicas de 
Avaliação Heurística e Testes com Usuários, no processo de desenvolvimento 
do laboratório de tecnologia da informação do Laboratório de Estudos e Projetos 
em Manejo Florestal (LEMAF) da Universidade Federal de Lavras. O sistema 
utilizado para avaliação foi o Cadastro Ambiental Rural (CAR). São 
apresentados os resultados alcançados com a realização de avaliação heurística 
com membros do laboratório com experiência em usabilidade e testes com cinco 
produtores rurais, bem como análise do processo de desenvolvimento da 
organização antes da introdução de tais técnicas e análise da recepção dos 
resultados das avaliações pelos desenvolvedores. O estudo de caso apontou uma 
contribuição significativa da introdução das técnicas de avaliação de usabilidade 
para melhor identificação dos problemas do produto analisado, principalmente 
com a apresentação de testes com usuários reais para esclarecimento da equipe 
de desenvolvimento sobre o impacto dos problemas de usabilidade nos usuários. 
 
Palavras Chave: Interação Humano-Computador, Engenharia de Usabilidade, 
Avaliação Heurística de Usabilidade, Teste com Usuários 
 
 
ABSTRACT 
 
The concern with the application of techniques to improve the usability 
of systems is increasing. For usability is a very important software quality 
attribute. The use of usability engineering techniques as part of the product 
development process brings significant improvements to the quality of software. 
The aim of the work presented in this study is to perform a case study on the 
introduction of usability evaluation techniques, more specifically techniques 
Heuristic Evaluation and testing with users, in the development process of 
information technology department of the Laboratory of Studies and Projects in 
Forest Management (LEMAF) of the Federal University of Lavras. The system 
used in the evaluation was the Rural Environmental Registry (CAR). This 
document the results achieved with the completion of heuristic evaluations 
performed by lab members with experience in usability and user testing with 
five farmers, as well as analysis of the development process of the organization 
prior to the introduction of such techniques and analysis of receiving the results 
of the reviews developers. The case study revealed a significant contribution 
from the introduction of usability evaluation techniques to better identify the 
problems of the analyte, especially with the presentation of tests with real users 
to clarify the development team on the impact of usability issues on users. 
 
Keywords: Human Computer Interaction, Usability Engineering, Heuristic 
Evaluation of Usability Testing with User. 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1: As Dez Heurísticas de Nielsen ............................................................ 29 
 
Tabela 2: Número de violações das heurísticas na avaliação .............................. 58 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1: Ciclo de vida do projeto com usabilidade, adaptado de 
 Winckler e Pimenta, 2002. ................................................................... 20 
 
Figura 2: Processo de engenharia de requisitos, adaptado de Jacobson, 
 1999. .................................................................................................... 21 
 
Figura 3: Esquema do desenvolvimento de software no LEMAF com as 
 etapas de usabilidade............................................................................ 55 
 
Figura 4: Número de problemas encontrados na Avaliação Heurística de 
 acordo com a severidade. ..................................................................... 59 
 
Figura 5: Número de problemas encontrados no Teste com Usuários 
 classificados de acordo com sua severidade ........................................ 62 
 
Figura 6: Problemas encontrados com maior frequência pelos usuários ............ 63 
 
Figura 7: Problema 1 – Página Inicial................................................................. 64 
 
Figura 8: 1ª Proposta de Solução para o Problema 1 .......................................... 64 
 
Figura 9: 2ª Proposta de Solução para o Problema 1 .......................................... 65 
 
Figura 10: 3ª Proposta de Solução para o Problema 1 ........................................ 65 
 
Figura 11: Problema 2 – Etapa Iniciar ................................................................ 66 
 
Figura 12: Proposta de Solução para o Problema 2 ............................................ 66 
 
Figura 13: Problema 3 – Opção de cadastrar um novo imóvel ........................... 67 
 
Figura 14: Proposta de Solução para o Problema 3 ............................................ 67 
 
Figura 15: Problema 4 – Título de dados de contato .......................................... 68 
 
Figura 16: Proposta de Solução para o Problema 4 ............................................ 68 
 
 
 
Figura 17:Problema 5 – Lista de Proprietários .................................................. 69 
 
Figura 18: Proposta de Solução para o Problema 5 ............................................ 69 
 
Figura 19: Problema 6 – Botão Voltar ................................................................ 70 
 
Figura 20: Proposta de Solução para o Problema 6 ............................................ 70 
 
Figura 21: Problema 7 – Ferramentas da etapa Geo ........................................... 71 
 
Figura 22: Proposta de Solução para o Problema 7 ............................................ 71 
 
Figura 23: Problema 8 – Botão Finalizar ............................................................ 72 
 
Figura 24: 1ª Proposta de Solução para o Problema 8 ........................................ 72 
 
Figura 25: 2ª Proposta de Solução para o Problema 8 ........................................ 73 
 
Figura 26: 3ª Proposta de Solução para o Problema 8 ........................................ 73 
 
Figura 27: Problema 9 – Baixar Manual do CAR ............................................... 74 
 
Figura 28: Proposta de Solução para o Problema 9 ............................................ 74 
 
Figura 29: Problemas Encontrados nas duas Técnicas ....................................... 75 
 
Figura 30: Concordância dos desenvolvedores com os problemas 
 encontrados na Avaliação Heurística ................................................. 77 
 
Figura 31: Concordância dos desenvolvedores com os problemas 
 encontrados no Teste com Usuários ................................................... 77 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
IHC Interação Humano Computador 
 
LEMAF Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal 
 
CAR Cadastro Ambiental Rural 
 
DCF Departamento de Ciências Florestais 
 
UFLA Universidade Federal de Lavras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 14 
1.1 Contextualização e Motivação .............................................................. 14 
1.2 Objetivos ............................................................................................... 15 
1.3 Organização da Monografia .................................................................. 16 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 17 
2.1 Interação Humano Computador e Usabilidade ..................................... 17 
2.2 Engenharia de Usabilidade ................................................................... 18 
2.3 Métodos e Técnicas para Engenharia de Usabilidade ........................... 20 
2.3.1 Requisitos de Usuários (Conhecer Usuários e suas Tarefas) ................ 20 
2.3.2 Prototipação .......................................................................................... 24 
2.3.3 Avaliação de Usabilidade ...................................................................... 27 
2.3.3.1 Inspeção de usabilidade ........................................................................ 27 
2.3.3.2 Teste de Usabilidade ............................................................................. 32 
2.4 Trabalhos Relacionados ........................................................................ 33 
 
3 METODOLOGIA ............................................................................... 37 
3.1 Tipo de pesquisa ................................................................................... 37 
3.2 Procedimentos Metodológicos .............................................................. 38 
3.2.1 Desenho ................................................................................................ 38 
3.2.2 Participantes .......................................................................................... 40 
3.2.2.1 Entrevista Inicial .................................................................................... 40 
3.2.2.2 Avaliação Heurística ............................................................................ 40 
3.2.2.3 Teste de Usabilidade ............................................................................ 41 
3.2.2.4 Desenvolvedores .................................................................................. 42 
3.2.3 Materiais ............................................................................................... 43 
3.2.3.1 Sistema ................................................................................................. 43 
3.2.3.2 Roteiros de Entrevistas ........................................................................ 43 
3.2.3.3 Equipamentos......................................................................................... 44 
3.2.3.4 Formulários para Avaliação Heurística .................................................. 44 
3.2.3.5 Questionários ......................................................................................... 45 
3.2.4 Procedimentos ........................................................................................ 45 
3.2.4.1 Procedimentos para Pesquisa Bibliográfica ........................................... 46 
3.2.4.2 Entrevista Inicial .................................................................................... 46 
3.2.4.3 Treinamento ........................................................................................... 47 
3.2.4.4 Avaliação Heurística .............................................................................. 47 
 
 
3.2.4.5 Teste com Usuários ................................................................................ 48 
3.2.5 Análise de Dados ...................................................................................... 49 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 51 
4.1 Diagnóstico da utilização de métodos para usabilidade no 
 laboratório ............................................................................................. 51 
4.2 Resultados da Avaliação Heurística ...................................................... 56 
4.2.1 Violações das Heurísticas na Avaliação ................................................ 56 
4.2.2 Severidade dos Problemas Encontrados ............................................... 58 
4.3 Resultados do Teste com Usuários ....................................................... 60 
4.3.1 Número de Problemas Encontrados ...................................................... 61 
4.4 Soluções para os Problemas .................................................................. 62 
4.5 Problemas encontrados com mais frequência ....................................... 62 
4.5.1 Problema 1 ............................................................................................ 63 
4.5.2 Problema 2 ............................................................................................ 65 
4.5.3 Problema 3 ............................................................................................ 66 
4.5.4 Problema 4 ............................................................................................ 67 
4.5.5 Problema 5 ............................................................................................ 68 
4.5.6 Problema 6 ............................................................................................ 69 
4.5.7 Problema 7 ............................................................................................ 70 
4.5.8 Problema 8 ............................................................................................ 71 
4.5.9 Problema 9 ............................................................................................ 74 
4.6 Número de problemas encontradosnas duas técnicas utilizadas .......... 74 
4.7 Impressão obtida no debate com os desenvolvedores ........................... 75 
4.8 Impressões dos desenvolvedores após receber os resultados................ 75 
 
5 CONCLUSÕES ................................................................................... 79 
 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 81 
 
 
APÊNDICES 
 
 
APÊNDICE A: Acordo para realização de estudo de caso com sistema 
 desenvolvido no LEMAF para trabalho de conclusão de curso de 
 Aline Couto Oliveira ................................................................. 87 
 
APÊNDICE B: Entrevista sobre o processo de desenvolvimento dos projetos no 
 LEMAF. ................................................................................... 88 
 
APÊNDICE C: Entrevista sobre o estado atual do uso de engenharia de 
 usabilidade dos projetos no LEMAF. ....................................... 89 
 
APÊNDICE D: Cenário e Tarefa de Uso – Avaliação Heurística ...................... 90 
 
APÊNDICE E: Cenário e Tarefa de Uso – Testes com Usuários ....................... 91 
 
APÊNDICE F: Formulário de Consentimento do Participante do Teste de 
 Usabilidade ............................................................................... 92 
 
APÊNDICE G: Questionário Demográfico para Participantes da Avaliação 
 Heurística ................................................................................. 94 
 
APÊNDICE H: Questionário Avaliadores – Avaliação Heurística .................... 95 
 
APÊNDICE I: Questionário Usuários – Testes com Usuários ........................... 99 
 
APÊNDICE J: Questionário para medir a satisfação do usuário na utilização do 
 sistema .................................................................................... 103 
 
APÊNDICE K: Lista de problemas encontrados na Avaliação Heurística ...... 105 
 
APÊNDICE L: Lista de problemas encontrados no Teste com Usuários ........ 107 
 
APÊNDICE M: Questionário para os responsáveis pelo CAR (Antes do Debate 
 sobre os Problemas Encontrados nas Avaliações) .................. 111 
 
APÊNDICE N: Questionário para os responsáveis pelo CAR (Depois do Debate 
 sobre os Problemas Encontrados nas Avaliações) ................. 114 
 
 
 
APÊNDICE O: Lista de Problemas encontrados na Avaliação Heurística com as 
 soluções Propostas ................................................................. 116 
 
APÊNDICE P: Lista de Problemas encontrados no Teste com Usuários com as 
 soluções Propostas ................................................................. 120 
 
 
ANEXOS 
 
 
ANEXO A: As 10 heurísticas de Nielsen utilizadas para avaliação ................ 127 
 
ANEXO B: Planilha de Identificação de Problemas de Usabilidade ............... 128 
 
ANEXO C: Planilha de Atribuição de Grau Severidade dos Problemas ......... 129 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
Este capítulo faz uma introdução sobre o assunto tratado, 
contextualizando o conceito de usabilidade. Ao final, faz-se uma breve 
descrição dos demais capítulos componentes deste estudo. 
1.1 Contextualização e Motivação 
A usabilidade é um atributo de qualidade que avalia a facilidade na 
utilização de interfaces de usuário, tendo uma relação entre as ferramentas e os 
seus utilizadores. Portanto, para que uma ferramenta seja eficaz, é preciso que os 
seus utilizadores a realizem da melhor forma possível. 
A Usabilidade assumiu uma grande importância na economia da Internet 
como nunca teve antes (NIELSEN, 1999). 
De acordo com Norman (1986), um sistema orientado para a usabilidade 
possui uma interface que deve ser usada para executar determinadas tarefas, bem 
como permitir que os usuários não precisassem focalizar a sua energia na 
interface em si, mas no trabalho que eles desejam executar. 
Com isso, a interface deve permitir que a informação pudesse fluir mais 
naturalmente, onde o desenvolvimento dos projetos possa atender as 
necessidades e expectativas dos seus usuários, permitindo um enfoque maior nos 
objetos com os quais trabalham diretamente, que, por sua vez, devem refletir 
mais o mundo real no qual eles trabalham (ROBERTS, 1998). 
Segundo Nielsen (1993), para aplicação que se obtenha sistemas com 
boa usabilidade, não se deve fazê-lo só por que isso é desejado pelo 
desenvolvedor, e sim a partir de uma perspectiva gerencial. Para tanto, é 
necessário que algumas ações sejam tomadas, como: reconhecer a necessidade 
de usabilidade em sua organização; certificar-se de que a usabilidade tenha 
apoio gerencial; alocar recursos para a engenharia de usabilidade; integrar 
15 
 
 
sistematicamente as atividades de engenharia de usabilidade a todas as etapas do 
ciclo de desenvolvimento, incluindo as preliminares; e certificar-se que todas as 
interfaces com o usuário estejam sujeitas a testes de usabilidade. 
O processo de desenvolvimento é um aspecto importante quando se trata 
de usabilidade. Desta forma, no contexto deste trabalho, pretende-se efetuar a 
implementação de atividades ligadas à Engenharia de Usabilidade durante o 
desenvolvimento de um sistema. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) que vem 
sendo desenvolvido no Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal 
(LEMAF), inserido no Departamento de Ciências Florestais (DCF), da 
Universidade Federal de Lavras (UFLA), visando uma melhor interação do 
usuário com este sistema. 
1.2 Objetivos 
O presente trabalho tem como principal objetivo a análise do processo 
de implantação de atividades de Engenharia de Usabilidade em uma 
organização, com ênfase em técnicas de avaliação e a aplicação criteriosa destas 
técnicas em um sistema usado como estudo de caso para este trabalho. 
Os objetivos do trabalho incluem a elaboração de avaliações para 
identificar os problemas de usabilidade, tanto ao longo do processo de 
desenvolvimento da interface Web, como quando o sistema estiver pronto. 
Desta forma, uma vez identificados os problemas, eles poderão ser solucionados, 
ou ao menos, ter seus efeitos minimizados, como a redução do tempo de acesso 
à informação e facilidade de encontrar informações no site pelos usuários. 
Assim, para alcançar os objetivos, serão aplicados métodos de avaliação 
que podem ser utilizados nas etapas do desenvolvimento deste projeto, incluindo 
Métodos de Inspeção de Usabilidade que buscam possíveis problemas de 
usabilidade por especialistas em interface que a utilizam e Testes Empíricos com 
a participação de Usuários, que são caracterizados pela observação direta ou 
16 
 
 
indireta de usuários durante a utilização da interface, obtendo informações que 
possam ser levadas a identificação de problemas e pelo uso de questionários. 
1.3 Organização da Monografia 
Este trabalho encontra-se organizado da seguinte maneira: 
O Capítulo 2 apresenta o Referencial Teórico, no qual são abordados os 
principais conceitos teóricos relacionados à avaliação de usabilidade 
contemplada nesta pesquisa. 
No Capítulo 3, tem-se a Metodologia, onde é apresentada a classificação 
desta pesquisa e os procedimentos metodológicos utilizados, contendo a 
explicação de como serão realizadas as avaliações e análise dos dados. 
No Capítulo 4 são apresentados os resultados do trabalho. Ao final, no 
Capítulo 5, são relatadas as conclusões da monografia e indicações paratrabalhos futuros. 
17 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Neste capítulo, são abordados os principais conceitos teóricos 
relacionados aos assuntos contemplados neste estudo. 
Inicialmente, na Seção 2.1 são apresentadas algumas definições do 
conceito de Interação Humano Computador (IHC) e Usabilidade. 
A Seção 2.2 apresenta conceitos de Engenharia de Usabilidade, sendo 
mais detalhados na Seção 2.3 onde são mostrados os métodos e técnicas 
utilizados na Engenharia de Usabilidade. 
Na Seção 2.4 são discutidos os trabalhos relacionados à implantação de 
atividades de Engenharia de Usabilidade no processo de desenvolvimento de 
sistemas das organizações. 
2.1 Interação Humano Computador e Usabilidade 
O estudo sobre Interação Humano-Computador (IHC) constitui um 
campo multidisciplinar envolvendo aspectos de ergonomia, psicologia, 
informática e outros, que tem como objetivo: facilitar o projeto, a execução e 
avaliação de ambientes computacionais, buscando desenvolver um modelo 
teórico de performance humana bem como, criar ferramentas capazes de medir a 
facilidade de seu uso. 
De acordo com o ACM SIGCHI (2009) a disciplina IHC observa os 
principais fenômenos que cercam os usuários e preocupa-se com o design, 
avaliação e implementação de sistemas computacionais interativos para uso 
humano. A área preza pelo desenvolvimento de interfaces visando facilitar o uso 
do software e permitir maior facilidade na aprendizagem. Porém, para evitar o 
desenvolvimento de interfaces com baixa usabilidade, é necessária a utilização 
de métodos adequados para desenvolver sistemas com boa usabilidade, visando 
à redução de problemas que possam ser encontrados por usuários. 
18 
 
 
Segundo Hix e Hartson (1993), a área de IHC é responsável pelo estudo 
da forma com que homem e máquina interagem. 
Em relação à definição de usabilidade, Nielsen e Loranger (2004) 
definem como, “A usabilidade é um fator qualitativo utilizado para definir a 
facilidade de uso de algo”. 
De acordo com Nielsen e Loranger (2004), esta facilidade de uso está 
relacionada a cinco (5) características: 1) a eficiência, que diz respeito à melhor 
maneira de passar à mensagem desejada escrevendo o essencial, e à realização 
de tarefas com uso mínimo de recursos, 2) a satisfação subjetiva, que se 
caracteriza a satisfação do usuário com o sistema, 3) a facilidade de 
aprendizado, que diz respeito à capacidade do usuário em acessar e concluir o 
que deseja de maneira fácil e rápida, nas primeiras vezes em que esteja 
utilizando o sistema, 4) capacidade de memorização, que se refere à capacidade 
de o usuário conseguir realizar as operações no sistema em futuros acessos e 5) a 
tendência a erros, importante para reduzir a propensão a que usuários 
comentam erros no sistema. 
Outra visão em relação à usabilidade é o conceito de qualidade do uso. 
A qualidade do uso do sistema deve ser levada em conta no momento do 
desenvolvimento de uma interface de interação (ROCHA e BARANAUSKAS, 
2003). 
Segundo a norma ISO 9241 (2002) a usabilidade é a “capacidade que 
um sistema interativo oferece a seu usuário, em um determinado contexto de 
operação, para a realização de tarefas de maneira eficaz, eficiente e agradável”. 
2.2 Engenharia de Usabilidade 
É uma parte do entendimento das interações entre seres humanos e 
outros elementos de um sistema, específica para a ciência da computação e que 
trata da questão de como projetar software que seja fácil de usar. 
19 
 
 
A usabilidade, segundo Hix e Hartson (1993), do ponto de vista técnico 
é uma combinação de cinco características: 
 
 Facilidade de aprendizado. 
 Alto desempenho ao completar uma tarefa. 
 Taxas de erro reduzidas. 
 Satisfação subjetiva do usuário. 
 Retenção da informação com o tempo. 
 
 Segundo Nielsen (1993) a Engenharia de Usabilidade a partir de uma 
visão sobre desenvolvimento da interação entre usuários com sistemas 
informatizados, estabelece objetivos, tais como, oferecer técnicas e métodos que 
possam ser utilizadas, sistematicamente, no desenvolvimento de mecanismos 
com um alto grau de usabilidade na interface de softwares. 
Mayhew (1999) considera o ciclo de Engenharia de Usabilidade a partir 
de um modelo proposto por ela, o “Modelo de Ciclo de Vida da Engenharia de 
Usabilidade”, onde é estabelecido por três etapas, são elas: análise de requisitos; 
projeto, testes e implementação e instalação. 
 Para uma maior competitividade do produto, obtendo um diferencial 
importante, a utilização dessas técnicas de usabilidade é imprescindível. Para 
isso, devem-se utilizar estes desenvolvidos métodos e práticas de engenharia, 
estabelecidas no processo de desenvolvimento de software, que asseguram uma 
eficiência na interação computador usuário, este sendo um ciclo contínuo de 
design e avaliações de usabilidade, como representado na Figura 1 (PÁDUA, 
2012). 
Tanto no aspecto de eficiência e eficácia da interface como em 
processos de desenvolvimento de softwares mais produtivos, confiáveis e com 
20 
 
 
maior satisfação dos usuários, os objetivos são visados pela aplicação de 
técnicas de Engenharia de Usabilidade. 
 
 
Figura 1: Ciclo de vida do projeto com usabilidade, adaptado de Winckler e Pimenta, 
2002. 
2.3 Métodos e Técnicas para Engenharia de Usabilidade 
De acordo com as fases descritas na Figura 1, serão explicados os passos 
para o desenvolvimento de produtos de software com aplicação das técnicas de 
usabilidade. 
2.3.1 Requisitos de Usuários (Conhecer Usuários e suas Tarefas) 
A definição de requisitos pode ser definida, resumidamente, por três 
atividades: elicitação, modelagem e análise (Leite, 1988), como ilustrado na 
Figura 2. 
21 
 
 
 
Figura 2: Processo de engenharia de requisitos, adaptado de Jacobson, 1999. 
 
• Elicitação – é utilizado pelo engenheiro de requisitos, técnicas para 
descobrir os requisitos do sistema a ser desenvolvido, sendo algumas delas a 
leitura de documentos, observação, entrevistas, questionários, reuniões 
(GOGUEN, 1994). 
• Modelagem – a partir das informações obtidas na elicitação, elas são 
registradas e organizadas em modelos de requisitos, tais como, casos de uso 
(Jacobson, 1992), cenários (Leite, 1997), dentre outros. Para a construção desses 
modelos, exige um maior conhecimento sobre as necessidades dos usuários e 
também informações técnicas, sendo muitas vezes necessário retornar à 
elicitação para esclarecer, acrescentar ou corrigir o conhecimento adquirido. 
• Análise – uma análise feita a partir de diferentes perspectivas tais 
como: viabilidade, custo, tempo, prioridades, reuso, variabilidade, evolução, 
dentre outras. 
22 
 
 
Estas atividades geralmente ocorrem simultânea e incrementalmente 
num processo evolutivo que passa por todo o processo de desenvolvimento de 
software (JACOBSON, 1999). 
Engenharia de Requisitos, segundo Sommerville (2003), é o processo de 
descobrir, analisar, documentar e verificar as funções e restrições do sistema. E 
os seus objetivos são: 
 
 Estabelecer e manter concordância com os clientes e desenvolvedores; 
 Registrar e acompanhar requisitos ao longo de todo o desenvolvimento; 
 Definir as fronteiras do sistema; 
 Fornecer a base para o cronograma/custo de desenvolvimento do 
sistema. 
 
Independentemente da abordagem e técnicas utilizadas, a etapa de 
análise de requisitos, que engloba um conjunto de atividades de fundamental 
importância para o processo de desenvolvimento de um software, deve ser 
realizada de maneira à elicitar e descrever os requisitos do software que atenda 
às necessidades e correspondam àforma como os usuários realizam suas tarefas. 
A equipe de projeto deve procurar envolver o máximo possível os 
potenciais usuários do sistema. Esse envolvimento pode dar-se de três formas: o 
envolvimento informativo, consultivo e participativo. O usuário passa a ser visto 
como fonte de informação, podendo assim buscar informações necessárias para 
o projeto, através de técnicas de entrevistas, questionários ou de sua observação 
em seu trabalho. No envolvimento consultivo, o usuário é consultado sobre 
decisões do projeto para que ele as verifique e emita uma opinião sobre elas, 
utilizando-se de versões da interface produzidas pela equipe do projeto (GODOI 
E PADOVANI, 2009). 
23 
 
 
Técnicas de brainstorming ou de sessões de arranjo e organização, 
também podem ser empregadas, quando o projetista transfere ao usuário o poder 
de decisão do projeto, nas quais os usuários manifestam a sua perspectiva sobre 
determinados aspectos do sistema, por exemplo, a organização modular ou o 
vocabulário da interface. 
As diferentes técnicas de envolvimento do usuário devem ser conhecidas 
e aplicadas da maneira mais adequada à etapa corrente do desenvolvimento da 
interface humano-computador, entre as quais se podem citar (POMPEU, 2012): 
 
 Entrevistas e questionários, uma técnica simples de utilizar, mas 
eficaz na fase inicial de obtenção de dados, condicionada a 
alguns fatores como: a influência do entrevistador nas respostas 
do cliente, relação pessoal entre os intervenientes na entrevista, 
predisposição do entrevistado, a capacidade de seguir um plano 
para a entrevista; 
 Workshop de requisitos, um grupo de analistas e um grupo 
representando o cliente reúnem-se para obter um conjunto de 
requisitos bem definidos; 
 Cenários, com exemplos práticos descritivos, levam as pessoas a 
imaginarem o comportamento de um sistema, a partir de alguns 
elementos como: o estado do sistema no início do cenário, 
sequência de eventos esperados, listagem de erros que podem 
ocorrer e o estado do sistema depois de terminar; 
 Prototipagem trata-se de uma versão inicial do sistema, feita em 
diversas fases do processo de engenharia de requisitos, baseada 
em requisitos ainda pouco definidos, mas que auxiliam na 
descoberta de falhas que ainda não foram identificadas; 
24 
 
 
 Etnografia é a análise de componente social das tarefas 
desempenhadas numa dada organização. Quando uma pessoa se 
acostuma com um conjunto de tarefas, é de se esperar que esta 
sinta dificuldade em articular todos os passos que segue ou todas 
as pessoas com as quais interage para levá-las a cabo. 
 
A escolha do usuário, a figura central da organização, deve ser feita com 
base no conhecimento sobre a tarefa e sobre o sistema, mas também devido a 
sua liderança e comprometimento para com os colegas e usuários finais do 
sistema. Os envolvidos devem receber treinamento especial para que 
compreenda os formalismos e técnicas de descrição empregadas nos projetos de 
interfaces. Para cada categoria prevista de usuários, devem ser coletadas 
informações sobre: categoria de uso, faixa etária, perfil profissional, frequência 
de uso, experiência na tarefa, experiências em tecnologias de informática, 
experiências em sistemas similares e motivação, obtendo certamente uma 
oportunidade de conhecer mais sobre a satisfação, as queixas em relação ao 
sistema e as ideias sobre oportunidades para o futuro sistema. 
2.3.2 Prototipação 
A segunda fase do ciclo de vida de um projeto com usabilidade 
corresponde à elaboração de protótipos interativos. Um protótipo é uma 
aplicação, normalmente experimental e incompleta, desenvolvida para que 
projetistas possam avaliar suas ideias de desenvolvimento durante o processo de 
criação da aplicação pretendida (Rubin, 1994). Ele deve ser construído 
rapidamente, com baixo custo e seu tempo de vida não é definido. As 
informações importantes que devem ser extraídas de um protótipo são: a 
funcionalidade necessária ao sistema, consequências de operação, necessidades 
25 
 
 
de suporte ao usuário, representações necessárias e comunicabilidade da 
aplicação (PÁDUA, 2012). 
Um protótipo pode ser classificado em relação: à técnica de construção, 
à sua função no processo de desenvolvimento e o seu objetivo de avaliação. 
Facilidade na qual, faz com que esta etapa do teste possa ser feita com um 
orçamento menor, onde se tem a participação dos próprios clientes (SOUZA, 
LEITE e PRATES, 1999). 
Segundo Pressman (1995), deverão ser observados três conceitos 
fundamentais na prototipação: 
 
 Protótipo é um conjunto de rotinas e programas (modelo) de 
software a ser desenvolvido e construído para avaliação do 
desenvolvimento e do cliente; 
 Modelo é o protótipo em fase de testes e refinamentos; 
 Pacote é o modelo já depurado em fase de produção, 
funcionamento na empresa do cliente. 
 
Envolve a produção de versões iniciais de um sistema futuro com o qual 
se podem realizar verificações e experimentos, com intuito de avaliar algumas 
de suas características antes que o sistema venha realmente a ser construído, de 
forma definitiva. 
Para a geração de protótipos, existem várias formas e ferramentas, sendo 
as mais usuais. Modelo de papel, que ilustra como o software irá se comportar e 
interagir com o usuário de forma a capacitar a todos o modo de como ocorrerão 
os processos de interação. E modelos de trabalho, são implementadas algumas 
características do software, em sua maioria a interface de comunicação com 
usuário como a navegação de telas e as funcionalidades existentes no sistema. 
 
26 
 
 
Os protótipos se classificam em: 
 
 Protótipos de Baixa Fidelidade: são aqueles que não se 
assemelham com o produto final, são úteis para a exploração e 
testes na fase inicial de desenvolvimento do sistema (ROGERS, 
SHARP, PREECE 2002); 
 Protótipos de Alta Fidelidade: Os protótipos de alta fidelidade 
são aqueles que mais se assemelham com o produto final, 
utilizam as mesmas técnicas e materiais que o sistema final 
(ROGERS, SHARP, PREECE 2002). 
 
De acordo com as diferenças surgidas, há alguns tipos de protótipos 
como a prototipação em papel, os protótipos funcionais, e outros. 
 Na prototipação funcional é permitida uma interação no protótipo do 
produto, que possua algumas funcionalidades do produto original. E na 
prototipação em papel é um método que por meio de simulações de uso com 
participação de usuários potenciais, avalia a usabilidade de uma interface 
representada em papel, este sendo um modo rápido e barato, identificando os 
problemas antes mesmo de implementar a interface. É mais indicada quando o 
sistema a desenvolver é software. Não é necessário desenvolver software 
executável (ROGERS, SHARP, PREECE 2002). 
Para identificar as partes da interface que funcionam corretamente e as 
que apresentam problemas de usabilidade, e feita uma simulação onde os 
usuários executam algumas tarefas utilizando papéis com as interfaces 
desenhadas neles, com isso fazem-se gestos e escrevem como querem sua 
interação com o sistema (BARBOSA E SANTANA, 2010). 
27 
 
 
2.3.3 Avaliação de Usabilidade 
E para concluir as fases do ciclo de vida de um projeto com usabilidade, 
a avaliação de usabilidade do sistema. Ela detém o objetivo de identificar os 
pontos fracos da interface do produto, a partir destas avaliações pode-se obter 
precocemente problema de usabilidade e obter críticas e comentários 
importantes para o melhoramento da usabilidade da interface. (NEVES, 
VASCONCELOS, FREITAS 2008). 
A avaliação não deve ser vista como uma etapa única dentro do processo 
dedesign, ela deve ocorrer durante o ciclo de vida do design e utilizar os 
resultados para melhorias gradativas da interface. Mas para realizar extensivas 
avaliações na interface durante todo o processo de design, é possível apenas, se 
utilizar de avaliações informais e analíticas. 
De acordo com os diferentes estágios do desenvolvimento da interface, 
há diferentes tipos de avaliações. Nos estágios iniciais, avaliações informais 
como discussões sobre as ideias e protótipos iniciais fornecem bom retorno 
sobre as características de interfaces em desenvolvimento. Por outro lado, em 
estágios mais avançados, testes formais são necessários para obter um retorno 
mais aprofundado e para identificar problemas de design a serem corrigidos. 
Rocha e Baranauskas (2003) apresentam dois grupos de métodos de 
avaliação: Inspeção de Usabilidade e Testes de Usabilidade. A seguir são 
detalhados diferentes tipos de métodos de avaliação de usabilidade. 
2.3.3.1 Inspeção de usabilidade 
De acordo com Barbosa e Santana (2010), os métodos de inspeção 
permitem ao avaliador inspecionar ou examinar uma solução de IHC para tentar 
prever os possíveis problemas e consequências de certas decisões de design. 
28 
 
 
Os avaliadores podem ser especialistas em usabilidade, consultores de 
desenvolvimento de software, especialistas em um determinado padrão de 
interface ou usuários finais com conhecimento sobre métodos de inspeção. 
Para o tipo Inspeção de Usabilidade serão descritos os seguintes 
métodos: Avaliação Heurística, Percurso Cognitivo, Inspeção Semiótica e 
Percurso Pluralístico. 
Avaliação heurística – é um método tradicional (Winckler, Pimenta 
2002) e analítico (Prates, Barbosa 2006), onde avaliadores examinam aspectos 
de uma interface visando, segundo Nielsen (1993), identificar problemas de 
usabilidade através de um conjunto de heurísticas, descritas na Tabela 1. 
Diferentes conjuntos de heurísticas podem ser utilizados em uma 
avaliação, dependendo do sistema a ser avaliado. Além do conjunto de 
heurísticas apresentado por Nielsen, no estudo de Petrie e Power (2012) eles 
também desenvolveram um conjunto para sistemas web, divididos por quatro 
grandes categorias: apresentação física, conteúdo, arquitetura da informação e 
interatividade. E também apresentada por Dias (2003), as heurísticas para 
projetos que envolvem interfaces gráficas criadas por Bem Shneiderman, 
chamada “As Oito Regras de Ouro”, são elas: consistência; atalhos para usuários 
assíduos; feedback informativo; diálogos que indiquem término da ação; 
prevenção e tratamento de erros; reversão de ações; controle e baixa carga de 
memorização. 
De acordo com Nielsen (1993) tais heurísticas foram fundamentadas em 
cima da experiência adquirida em anos pelos profissionais de IHC. Com isso, se 
pode compreender que é necessário envolver um conjunto de avaliadores onde 
diferentes pessoas encontram diferentes problemas, havendo uma melhora 
significativa dos resultados da avaliação heurística utilizando múltiplos 
avaliadores, onde são recomendados, segundo Nielsen (1993), de três a cinco 
avaliadores. 
29 
 
 
Tabela 1: As Dez Heurísticas de Nielsen 
Heurística Descrição 
1. Visibilidade do estado do 
sistema 
O sistema deve manter o usuário 
informado sobre o que está acontecendo. 
2. Relacionamento entre o 
sistema e o mundo 
Devem ser seguidas conversões do mundo 
real, as informações. 
3. Controle e liberdade do usuário 
Se o usuário realizar uma ação indesejada, 
ele deve poder desfazê-la. 
4. Consistência e padrões 
As mesmas ações devem ser nomeadas da 
mesma forma, devem ser seguidos padrões. 
5. 5. Prevenção de erros 
Deve-se eliminar situações onde possam 
ocorrer erros. Se isto não for possível, 
deve-se ter uma opção de confirmação da 
ação. 
6. Reconhecer ao invés de 
relembrar 
Deixar visíveis objetos, ações e opções. 
Instruções devem ser visíveis e fáceis de 
recuperar. 
7. Flexibilidade e eficiência de 
uso 
Usuários especialistas devem ter ações 
facilitadas. 
8. Estética e design minimalista 
Mostrar somente informações realmente 
necessárias. 
9. Auxílio aos usuários para 
reconhecer, diagnosticar e 
recuperar ações erradas. 
Mensagens de erro devem ser mostradas 
em linguagem simples e indicar 
precisamente qual o erro. 
10. Ajuda e documentação 
O sistema deve oferecer alguma forma de 
documentação e a busca por informações 
deve ser facilitada. 
 
Na Avaliação Heurística Colaborativa os participantes realizam a 
avaliação como um time (Danino, 2001). Quando um grupo de avaliadores 
trabalha individualmente no mesmo sistema, há uma tendência de encontrar 
30 
 
 
problemas duplicados quando uma comparação é feita, porém quando a 
avaliação é realizada em conjunto pode ser mais efetiva devido às contribuições 
de vários avaliadores juntos (BABAJO, 2012). 
Segundo Danino (2001), todos os problemas devem ser registrados, caso 
um participante considerar um item inválido, ele deve atribuir a aquele item a 
severidade zero. De acordo com Babajo (2012), podem se considerar como 
pontos positivos da avaliação heurística colaborativa: uma maior concordância 
entre avaliadores a respeito de problemas; avaliadores se tornam mais 
experientes; a classificação de severidade mais confiável, porque os avaliadores 
veem os problemas ao mesmo tempo; avaliadores atribuem individualmente às 
severidades dos problemas, evitando assim a realização da reunião de 
consolidação; duplicação de esforços mais reduzidos. 
Para a realização da Avaliação Heurística é seguida uma série de fases: 
 
1. Treino pré-avaliação: dar conhecimento aos avaliadores da 
funcionalidade; informação sobre cenários de interação; 
2. Avaliação: colaborativa, todos avaliam conjuntamente o sistema; 
3. Classificação de severidade: determinar individualmente a gravidade 
de cada problema; 
4. Relato: discutir resultados com a equipe do projeto. 
 
Percurso cognitivo – é um método de inspeção de usabilidade onde a 
interface é avaliada quanto a sua facilidade de aprendizagem, particularmente 
por exploração. Usuários preferem aprender sobre um software enquanto 
trabalham em suas atividades usuais, adquirindo conhecimentos sobre as 
características do software à medida que delas necessitem ao invés de investir 
tempo em treinamento formal ou leitura de manuais, segundo LEWIS (1990, 
citado por ROCHA e BARANAUSKAS 2003). 
31 
 
 
Inspeção semiótica - avalia a qualidade da emissão da 
metacomunicação do designer codificada na interface. Deste modo, não é 
necessário envolver usuários nesta avaliação. A engenharia semiótica classifica 
os signos (tudo aquilo que signifique algo pra alguém) codificados na interface 
em três tipos: estáticos, dinâmicos e metalinguísticos, essa classificação orienta 
o trabalho do avaliador durante a inspeção semiótica (BARBOSA e SANTANA 
2010). 
Avaliação de comunicabilidade – este método observa a qualidade da 
comunicação da metamensagem do designer para os usuários. Possui 
semelhanças com a inspeção semiótica, mas eles possuem uma visão diferente. 
Na avaliação de comunicabilidade avalia-se a qualidade de recepção da 
metacomunicação do designer e na inspeção semiótica é avaliada a qualidade da 
emissão dessa metacomunicação. Observadas e registradas essas experiências 
em vídeos de interação, onde utilizando o sistema em um ambiente controlado, 
são convidados representantes de usuários para realizarem um conjunto de 
tarefas (BARBOSA e SANTANA 2010). 
Percurso pluralístico – permite avaliar uma sequência de telas 
observando o percurso de interação dos usuários, desenvolvedorese 
especialistas em usabilidade, descrevendo as ações que tomariam em cada 
situação, discutindo sobre a usabilidade relacionada à interface em cada cenário 
de interação, avançando para o próximo painel, onde tentarão explicar os 
motivos do sistema ser daquela forma (DIAS e FILHO 2008). 
O roteiro para aplicação do percurso pluralístico pode ser resumido 
como (ALMEIDA, 2005): 
 
 Entrega do material aos participantes com os painéis e instruções 
sobre a atividade de avaliação; 
 Registro das ações que seriam executadas no painel em questão; 
32 
 
 
 Anúncio da ação projetada para o painel em questão; 
 Comentários dos usuários; 
 Comentários dos desenvolvedores; 
 Após a análise de todos os painéis, responde-se a um 
questionário sobre a interação com o software. 
2.3.3.2 Teste de Usabilidade 
Teste de Usabilidade ou Ensaios de Interação são atividades em que se 
observa se o usuário real está acessando e executando facilmente as tarefas em 
uma interface, podendo ser realizado a partir de um protótipo, ou quando o 
sistema estiver pronto e implementado. Durante o teste, os usuários poderão ter 
de efetuar determinadas tarefas ou responder a algumas perguntas, constituindo 
os cenários de teste, sendo estimulados pelos avaliadores a informar o que estão 
fazendo e pensando. É uma forma de avaliação mais eficaz de melhorar a 
usabilidade, pois todos os problemas sérios são encontrados, porém também a 
mais cara. 
Testes de usabilidade são feitos usando diversas técnicas, que incluem: 
 
 Pensando em voz alta (think aloud) – uma técnica criada para 
ser usada como um método de pesquisa em Psicologia. O usuário 
enquanto usa um sistema é solicitado a dizer o que pensa, com isso 
espera-se que seus pensamentos mostrem como cada item da interface é 
interpretado pelo usuário. Esta técnica não é recomendável para medidas 
de performance, uma vez que quando usuários pensam em voz alta, 
geralmente ficam mais lentos e cometem menos erros, prejudicando a 
eficiência da técnica (ROCHA e BARANAUSKAS 2003); 
 Medidas de performance – um método que avalia se foram 
efetivamente atingidos os objetivos de usabilidade e para comparar 
33 
 
 
produtos competitivos, através de métricas que possuem uma 
importância na usabilidade. Há uma observação dos usuários pelos 
avaliadores das seguintes formas: utilizando vídeo conferência, 
diretamente em um laboratório, utilizando softwares que geram logs 
sobre as informações dos usuários (ROCHA e BARANAUSKAS 2003). 
2.4 Trabalhos Relacionados 
Nesta seção, são apresentados trabalhos relacionados à implementação 
de Engenharia de Usabilidade em processos de desenvolvimento de sistemas das 
organizações. 
No trabalho desenvolvido por Rabello (2012), intitulado “Integração de 
engenharia de usabilidade em um modelo de maturidade/capacidade de processo 
de software”, é reportada a experiência com a integração de processos de 
engenharia de usabilidade em um modelo de maturidade/capacidade de processo 
de software. Neste trabalho, foi proposto um modelo em que se avaliam os 
processos de software e de usabilidade para contribuir com a melhoria do 
desenvolvimento em organizações. Para isso esse modelo deve estar sempre em 
constante evolução, destacando ainda mais os pontos fortes, corrigindo ou 
diminuindo ao máximo os pontos fracos e implementando as sugestões de 
melhoria dos especialistas. 
Em outro trabalho, desenvolvido por Franco (2011), “Um modelo de 
Guia para seleção e aplicação de métodos de avaliação de interface do usuário”, 
a usabilidade da interface é um fator determinante no nível de satisfação, na 
eficácia e na eficiência com que ocorre a interação entre o usuário e o sistema, 
por isso há alguns métodos de avaliação necessários para o auxilio na resolução 
dos problemas de interface. Com o desenvolvimento deste guia, os profissionais 
podem ter como apoio para escolherem o melhor método a se utilizar para 
avaliar uma determinada interface e como aplicá-lo. 
34 
 
 
A partir de estudos sobre a Avaliação Heurística, um dos métodos de 
avaliação de interfaces, foi apresentado em um estudo feito por Oeiras, Bentolila 
e Figueiredo (2008), “Heva, uma ferramenta de suporte à avaliação heurística 
para sistemas web”, onde esta ferramenta auxilia na redução de sobrecarga dos 
avaliadores, capturando telas e registrando os problemas encontrados, chegando 
ao final da avaliação com um relatório no formato Rich Text Format (RTF) ou 
Portable Document File (PDF). Neste estudo, a ferramenta Heva foi utilizada em 
duas disciplinas de IHC e também testada na Regional Belém do Serviço Federal 
de Processamento de Dados (SERPRO). Para verificar a aceitabilidade da 
ferramenta no aspecto de sua utilidade e após esta verificação foram anotadas as 
dificuldades e problemas encontrados. Como resultado da experiência, no 
contexto da empresa, houve uma descoberta a qual prejudicou a realização dos 
testes, os softwares selecionados anteriormente para avaliação não funcionaram 
adequadamente em outro navegador, pelo fato de ter sido desenvolvido, a pedido 
do cliente, para a Internet Explorer; e sobre os aspectos de usabilidade, foram 
encontrados os seguintes problemas: tanto os profissionais da empresa, quanto 
os alunos tiveram dificuldade na janela de “Interface para descrever o problema 
selecionado”, onde os usuários eram induzidos a escolher apenas uma heurística 
para cada problema encontrado e quando queriam assinalar mais de uma, não 
sabiam como fazê-lo. De modo geral, a ferramenta foi bem aceita socialmente, 
tanto na academia quanto na indústria, e de acordo com as manifestações dos 
alunos que usaram a Heva, afirmaram que a ferramenta facilitou a tarefa por não 
terem que usar e manter vários aplicativos abertos ao mesmo tempo para 
registrar os problemas de usabilidade e quanto aos profissionais da indústria, 
eles reconheceram a importância de IHC para a qualidade de seus produtos e 
mostraram interesse em desenvolver parcerias para a incorporação desse tipo de 
atividades no ciclo de desenvolvimento de seus projetos. 
35 
 
 
Barbosa, Furtado e Gomes (2008), apresenta em seu estudo “Uma 
Estratégia de Apoio à Institucionalização da Usabilidade em Ambientes de 
Desenvolvimento Ágil”, seu objetivo era a partir de um conjunto de práticas de 
usabilidade, institucionalizá-las no processo de desenvolvimento de sistemas da 
organização, o qual era composto de quatro etapas principais, sendo elas: Jogo 
do Planejamento, Desenvolvimento, Deploy e Entrega. Depois de aplicada 
parcialmente esta estratégia utilizando as atividades previstas no plano de 
melhoria e monitorando a execução das atividades de desenvolvimento, podem-
se chegar as seguintes contribuições obtidas: a integração das práticas foi bem 
“minimalista”; observado o quão era estreita a relação entre IHC e o negócio da 
organização, foi feita uma aproximação deles, deixando bem claro a importância 
da usabilidade nas organizações; com a adoção de tais práticas neste trabalho, 
houve uma maior valorização do profissional; consultores se sentiram apoiados a 
conduzir a organização, realizando as atividades de prioridade e no 
monitoramento da motivação e da produtividade das equipes; e para que 
concretizasse e permanecessem utilizando as práticas de usabilidade inseridas na 
organização, foi inserida a existência de um gestor em usabilidade, o qual 
orienta e estimula a equipe de desenvolvimento. 
Rodrigues e Alves (2011), em seu trabalho “Avaliação da Usabilidade 
de um Sistema de Informação Acadêmico” realizaram uma avaliação de 
usabilidade da interface Web de um Sistema de Informação Acadêmico e 
recomendamelhorias para aumentar sua usabilidade. Primeiramente, 
aprofundaram-se o conhecimento sobre sistemas de informação e usabilidade, 
com ênfase para aplicações Web, e posteriormente, foi desenvolvido um 
questionário e feita uma análise crítica ao sistema para coletar dados sobre o 
perfil dos usuários, a qualidade de interface, o desempenho do sistema e 
problemas encontrados no seu uso. Com os resultados obtidos através do 
questionário e da análise crítica, chegou-se a algumas recomendações de 
36 
 
 
usabilidade a serem feitas no sistema, sendo grande parte delas factíveis de 
serem adotadas e implementadas em curto prazo. Desenvolvidas estas 
recomendações, beneficiaria tanto o usuário que ficará mais satisfeito com o 
sistema, quanto ao responsável pelo sistema que terá um aumento do seu poder 
competitivo perante aos outros sistemas. Porém, o questionário não foi validado 
e não realizaram uma pesquisa qualitativa, onde os resultados gerados se 
encontram em um nível menos aprofundado de detalhes, não atingindo uma 
visão mais real da importância do sistema para os seus usuários. 
37 
 
 
3 METODOLOGIA 
Este capítulo descreve a metodologia adotada para a realização deste 
estudo. Na Seção 3.1 é apresentada a classificação do tipo da pesquisa e na 
Seção 3.2 são descritos os procedimentos metodológicos utilizados. 
3.1 Tipo de pesquisa 
A classificação da pesquisa deste trabalho se enquadra como uma 
pesquisa empírica, uma vez que não trabalhamos apenas com teorias e métodos 
científicos, mas também com aplicações práticas e experiências vividas. 
Este trabalho se trata da análise da introdução de dois métodos de 
avaliação de usabilidade no contexto do processo de desenvolvimento de uma 
empresa, portanto caracteriza um estudo de caso. De acordo com Rampazzo 
(2002), um estudo de caso é representado através de uma pesquisa descritiva que 
trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própria realidade. Para isto são 
utilizadas as técnicas de observação, entrevista e questionário. 
A abordagem será qualitativa, mas também com alguns aspectos 
quantitativos. No estudo foram coletados dados qualitativos referentes às 
impressões dos avaliadores sobre os métodos de avaliação utilizados e também 
foram obtidas as quantidades de problemas em cada método de avaliação e os 
graus de severidade atribuídos aos problemas. 
Como houve a atuação do pesquisador no desenvolvimento do trabalho, 
a pesquisa também tem aspectos de Pesquisa-Ação, pois o pesquisador está mais 
próximo dos dados, pesquisa-se durante a presença do pesquisado, enquanto ele 
está vivenciando a situação, com a participação ativa do pesquisador na 
introdução e condução dos métodos de avaliação utilizados. Esse tipo de método 
ajuda a entender a experiência pelo qual o sujeito está passando. 
38 
 
 
3.2 Procedimentos Metodológicos 
3.2.1 Desenho 
A pesquisa proposta neste trabalho combina elementos de pesquisa 
bibliográfica e de estudo de caso com pesquisa-ação. A partir de uma revisão 
bibliográfica de assuntos pertinentes a aplicação de métodos e técnicas de 
engenharia de usabilidade em um sistema e com o recolhimento das propostas e 
contribuições para a solução do problema, foi implementado o conjunto de 
métodos e técnicas no projeto usado como estudo de caso. Os principais 
elementos da pesquisa para analisar a aplicação de métodos de Engenharia de 
Usabilidade no desenvolvimento do sistema Cadastro Ambiental Rural. 
Pesquisa-ação é uma forma de pesquisa qualitativa que busca modificar 
o ambiente que está sendo estudado através da ação do pesquisador, onde os 
participantes não são reduzidos a cobaias e desempenham um papel ativo. Desta 
forma, neste projeto, foram seguidas as etapas básicas para a realização de uma 
pesquisa-ação, segundo o framework descrito por WAINER (2007): 
 
 Infraestrutura cliente-sistema: a definição de um 
acordo/contrato entre o pesquisador e a organização (ou 
comunidade) sobre o escopo da pesquisa. 
 Nesta fase foi realizado um diálogo com o responsável pelo laboratório 
onde foi desenvolvido o software usado no estudo de caso, adquirindo-se uma 
autorização formal, uma colaboração e discussão com as pessoas envolvidas 
diretamente no desenvolvimento do sistema. O que foi de fundamental 
importância para conhecer as várias visões a respeito da atividade de 
desenvolvimento do sistema como estudo de caso. 
 
39 
 
 
 Diagnóstico a definição conjunta e colaborativa do que é o 
problema a ser resolvido. 
Nesta fase, foi realizada a avaliação do estado atual do uso de 
engenharia de usabilidade e quais são as etapas de desenvolvimento de projetos 
utilizadas no LEMAF, onde está sendo desenvolvido o sistema usado como 
estudo de caso. 
 
 Planejamento da ação é a construção da solução que se espera 
resolver o problema. 
De acordo com o diagnóstico desenvolvido, houve um planejamento 
para selecionar os métodos de Engenharia de Usabilidade que seriam integrados 
no processo de desenvolvimento do sistema usado como prova de conceito. 
 
 Tomada da ação é a implantação da solução. 
A implantação da solução contou com a utilização de um método de 
inspeção de usabilidade – a Avaliação Heurística de Usabilidade de Nielsen 
(1993) – com a participação de três membros da organização com experiência 
em usabilidade e de testes de usabilidade com usuários parte do público-alvo da 
aplicação. Foram feitos registros sobre o processo de implantação, onde 
constaram quais foram às dificuldades encontradas, os sucessos obtidos e as 
observações encontradas durante o processo. 
 
 Avaliação é a análise/avaliação dos resultados da ação. 
Analisando os registros obtidos na fase de tomada da ação foi realizada 
uma avaliação dos resultados da aplicação das técnicas e métodos e análise do 
impacto da utilização no processo de desenvolvimento, em particular sobre a 
aceitação e conscientização dos desenvolvedores sobre a importância da 
40 
 
 
realização das avaliações de usabilidade e da correção dos problemas 
encontrados. 
 
 Aprendizado é a adaptação das teorias que foram usadas para 
formular a solução, tendo em vista a avaliação. 
A partir das lições apreendidas com o processo aplicado, pode-se refletir 
e discutir melhor sobre a utilização de técnicas de Engenharia de Usabilidade 
numa organização de desenvolvimento de software com vistas à utilização das 
técnicas em outros projetos da organização e como base para elaboração de um 
plano para melhoria das atividades para usabilidade no desenvolvimento de 
aplicações na organização. 
3.2.2 Participantes 
3.2.2.1 Entrevista Inicial 
Primeiramente, na etapa inicial, dois funcionários do LEMAF foram 
entrevistados para avaliar o estado atual do uso de Engenharia de Usabilidade 
nos projetos lá desenvolvidos. 
Ambos do sexo masculino, formados em Ciência da Computação. Um 
deles atua como líder da equipe de qualidade de software (documentação e 
testes) e o outro com experiência em desenvolvimento web (com foco quase 
total em back-end). 
3.2.2.2 Avaliação Heurística 
Participaram da avaliação heurística três colaboradores do LEMAF, dois 
já formados na Universidade Federal de Lavras em Sistemas de Informação e 
um ainda em formação em seu curso superior em Sistemas de Informação. 
41 
 
 
Todos já tinham conhecimento básico sobre usabilidade e avaliação 
heurística, adquiridos na graduação, na disciplina de “Interface Homem 
Máquina”. 
O avaliador A1 era do sexo feminino, tinha 24 anos, atuava como 
analista de sistemas no laboratório e relatou já ter participado duas vezes de 
avaliações de usabilidade utilizandoavaliações heurísticas. 
O avaliador A2 era do sexo masculino, tinha 22 anos, e ainda se 
encontrava em formação, com experiência em testes funcionais, informou que 
sentiu um pouco de dificuldade em aprender o conjunto de heurísticas. 
O avaliador A3 também era do sexo masculino, tinha 25 anos, atuava 
como analista de sistema no laboratório. Possui bastante experiência com 
usabilidade, sendo a sua principal área de interesse pessoal, na qual desenvolve 
projetos de interfaces e websites. A sua participação em avaliações heurísticas se 
deram em trabalhos de faculdade, aplicações práticas em projetos institucionais 
e em sua monografia. 
3.2.2.3 Teste de Usabilidade 
De acordo com o sistema usado no estudo de caso, os participantes do 
teste de usabilidade foram os usuários alvo dele, ou seja, proprietários de 
imóveis rurais. 
Foram feitos testes com cinco usuários, dos quais quatro são homens e 
uma mulher. Eles nunca haviam participado de testes de usabilidade em 
sistemas. 
O participante P1 tinha 56 anos, trabalha como técnico em agropecuária 
no Instituto Mineiro de Agropecuária, possui pouca experiência com 
computador e informou que o utiliza apenas no trabalho. 
O participante P2 tinha 29 anos, com curso superior, possui bastante 
experiência com computador e com um nível de dificuldade baixo ao utilizá-lo. 
42 
 
 
O participante P3 era do sexo feminino, de 32 anos, com curso técnico. 
Ela se declara com experiência razoável com computador, possuindo um nível 
mais alto de dificuldade na sua utilização e declara utilizá-lo no trabalho, para 
estudos, lazer e para se comunicar com outras pessoas. 
O participante P4 tinha 33 anos, não possui formação superior, atua 
como empresário no ramo de produtos agropecuários. Afirma possuir um nível 
médio de experiência com computador, o qual o utiliza no trabalho, no lazer, 
para fazer compras e para se comunicar. 
O participante P5 tinha 30 anos, não possui formação superior, apenas o 
Ensino Médio, porém possui bastante experiência com computador. Ele nos 
informou que se sentiu um pouco desconfortável pelo fato de suas interações 
com o sistema serem gravadas. 
De acordo com as idades dos participantes envolvidos no teste de 
usabilidade, a média foi de 36 anos com desvio padrão de 11,29. 
3.2.2.4 Desenvolvedores 
Participaram do debate, o qual foi relatado todos os problemas 
encontrados nas avaliações, três responsáveis pelo desenvolvimento do sistema. 
O desenvolvedor D1 tinha 24 anos, formando em Ciência da 
Computação, atua como analista de sistemas no LEMAF e possui experiência 
com desenvolvimento de software há três anos. 
O desenvolvedor D2 tinha 31 anos, possui curso superior em Ciência da 
Computação, com experiência há quatro anos e atua como analista de sistemas. 
O desenvolvedor D3 tinha 24 anos, formado em Sistemas de 
Informação, atua como analista de sistema, com experiência em 
desenvolvimento de software. 
43 
 
 
Todos declararam que nunca haviam participado de avaliações de 
usabilidade e que nunca receberam algum tipo de resultado de avaliação 
heurística e de teste com usuários de um sistema que eles desenvolveram. 
3.2.3 Materiais 
3.2.3.1 Sistema 
O objeto da avaliação foi um sistema desktop para cadastro de 
propriedades rurais. 
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um importante instrumento para 
gerar e integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, 
compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental 
e econômico e combate ao desmatamento. Os órgãos ambientais em cada Estado 
e no Distrito Federal disponibilizarão programa de cadastramento na rede 
mundial de computadores (internet), destinado à inscrição no CAR, bem como à 
consulta e acompanhamento da situação de regularização ambiental dos imóveis 
rurais. 
Para a utilização deste sistema, foi desenvolvido um acordo assinado 
pelo gerente de tecnologia da informação do LEMAF, onde o sistema usado no 
estudo de caso está sendo desenvolvido, autorizando a utilização dele e a 
realização de algumas atividades, como apresenta no Apêndice A. 
3.2.3.2 Roteiros de Entrevistas 
As informações referentes ao processo de desenvolvimento dos projetos 
no LEMAF e o uso atual da engenharia de usabilidade, foram colhidas através 
de entrevistas, mostradas nos Apêndices B e C. Nessas entrevistas foram 
coletados dados sobre como é o fluxo de atividades realizadas para o 
desenvolvimento dos sistemas, de que forma são realizados os testes, qual o 
44 
 
 
conhecimento que eles têm de usabilidade, quais as atividades são realizadas 
para melhorar a usabilidade e qual a sua importância em utilizá-las. 
3.2.3.3 Equipamentos 
Para realizar a avaliação heurística foram utilizados os seguintes 
equipamentos: um laptop para passar o sistema aos avaliadores; um projetor para 
projetar a imagem com maior clareza e que fosse possível que todos os 
avaliadores pudessem acompanhar o processo juntos e uma sala restrita para 
aplicação da técnica. 
A realização do teste com usuários contou com a utilização dos 
equipamentos, tais como: um laptop para que eles pudessem realizar a tarefa de 
cadastrar um imóvel rural no sistema CAR, com a versão do Windows 7 
Ultimate de 64 bits; o próprio sistema CAR já baixado no laptop; a webcam 
própria do laptop e o software para gravação dos testes o “Morae”, onde realiza 
a captura nuance da sessão de testes, fornecendo dados concretos e vivos. Os 
testes com usuários se tornaram muito mais eficientes, uma vez que o morae foi 
introduzido no mercado. 
3.2.3.4 Formulários para Avaliação Heurística 
Para a realização das avaliações foram utilizadas as heurísticas de 
Nielsen (1993). Foi disponibilizado para cada participante uma lista com as 
heurísticas, como descrito no Anexo A. 
Os problemas de usabilidade e as heurísticas afetadas apontadas por 
qualquer membro da equipe avaliadora foram registrados na planilha de 
identificação de problemas de usabilidade, onde consta a localização do 
problema no sistema, uma descrição dele e as heurísticas aplicadas, 
disponibilizada no Anexo B. 
45 
 
 
Cada participante recebeu ainda uma planilha para registro da 
severidade dos problemas, apresentada no Anexo C. 
Foi feito um formulário de consentimento do participante para que todos 
os participantes do teste com usuário pudessem assinar informando a sua 
participação voluntária no teste de usabilidade, como disponível no Apêndice F. 
3.2.3.5 Questionários 
Foram utilizados questionários para coletar informações demográficas, 
profissionais e também a opinião dos participantes da avaliação heurística sobre 
o método executado. Estes questionários coletam informações como, idade, 
sexo, formação acadêmica, experiência em usabilidade, disponível nos 
Apêndices G e H. 
Os questionários aplicados para usuários dos testes de usabilidade 
tiveram objetivo de coletar dados referentes a eles e outro questionário para 
medir a satisfação dele na utilização do sistema testado. É coletada nestes 
questionários informações importante como, sexo, idade, formação acadêmica, 
se já participaram de testes de usabilidade e algumas perguntas sobre a 
satisfação dos usuários em utilizar este sistema, mostrados nos Apêndices I e J. 
3.2.4 Procedimentos 
Na etapa de Planejamento da Ação, onde houve uma seleção dos tipos 
de avaliação de usabilidade que seriam utilizados neste trabalho, ficou decidido 
à utilização de dois destes: 
Inspeção de Usabilidade, com a utilização do método de “Avaliação 
Heurística” que é um método tradicional, onde avaliadores examinam aspectos 
de uma interface visando identificar problemas de usabilidadeatravés de um 
conjunto de heurísticas (NIELSEN, 1993). 
46 
 
 
E o outro tipo de avaliação de usabilidade, Teste de Usabilidade onde se 
observa se o usuário real está acessando e executando facilmente as tarefas em 
uma interface. Também foi utilizado o método “Pensando em voz alta (think 
aloud)” em que o usuário é solicitado para dizer o que pensa, com isso obtém-se 
uma resposta melhor do teste, pois seus pensamentos mostram como ele 
interpretou cada item da interface do sistema (ROCHA e BARANAUSKAS 
2003). 
3.2.4.1 Procedimentos para Pesquisa Bibliográfica 
Pesquisa Bibliográfica, onde foram feitas diversas consultas em outros 
artigos referentes ao tema do nosso projeto. As fontes a serem consultadas: 
ACM Digital Library, IEEExplore, Springerlink, Sciencedirect utilizando as 
palavras chaves , “usability engineering”, “usability industry”, “usability case 
study”. 
3.2.4.2 Entrevista Inicial 
Para coletar maiores informações sobre como é o desenvolvimento de 
software no LEMAF e qual o estado atual do uso de técnicas de usabilidade nos 
seus sistemas, foram feitas algumas entrevistas para saber qual método seria o 
escolhido para estar aplicando no sistema em questão. 
Para a realização dessas entrevistas, foi agendado um dia para que eu 
pudesse me encontrar com os dois entrevistados. 
No dia da entrevista com o primeiro entrevistado, foi feito um 
interrogatório com as perguntas já pré-definidas e quando surgiam algumas 
informações relevantes, ele era interrogado em mais detalhes. 
Com o segundo entrevistado, o que é experiente em desenvolvimento 
web, também foi aplicada uma entrevista e quando surgia alguma coisa 
interessante, este era interrogado em mais detalhes. Ele se sentiu bastante 
47 
 
 
confortável e conversou bastante durante a entrevista e ao final colocou a sua 
opinião de forma efetiva, dando um maior ganho na obtenção das informações. 
3.2.4.3 Treinamento 
Para que o estudo de caso obtivesse um resultado satisfatório e que 
pudesse fornecer algo construtivo para o LEMAF, foi realizado um treinamento 
com três de seus funcionários. Visto que eles tinham contato limitado com 
questões de usabilidade e que isto era preciso para que todos obtivessem um 
nível maior de conhecimento para realizar as avaliações, foram apresentados os 
conceitos e práticas necessárias para a realização da avalição heurística. 
No treinamento foram apresentados aos participantes os conceitos de 
usabilidade, interação humano-computador, as heurísticas de Nielsen (1993) e os 
conceitos de avaliação heurística colaborativa. Para que pudessem consolidar o 
conhecimento adquirido, os colaboradores participaram de uma avaliação 
heurística colaborativa, onde avaliaram o site do Jornal do Estado de São Paulo 
com a utilização do conjunto de heurísticas do Nielsen (1993), disponível no 
Anexo A. 
3.2.4.4 Avaliação Heurística 
Na Avaliação Heurística Colaborativa, os três participantes se reuniram 
e avaliaram o sistema de forma colaborativa, a partir de uma tarefa a eles 
apresentada, para servir de guia para a avaliação, constante no Apêndice D. Uma 
quarta pessoa ficou responsável por operar o sistema e por registrar os 
problemas encontrados pelos avaliadores na planilha de identificação dos 
problemas, sendo todos os problemas encontrados considerados e registrados. 
Foi informado a eles que no final da avaliação conjunta, cada um 
receberia a planilha com todos os problemas encontrados e relatados por eles 
para que pudessem atribuir o grau de severidade que eles acharam para cada 
48 
 
 
problema detectado e para isto foi entregue uma planilha de atribuição 
individual do grau de severidade dos problemas para cada um. Caso um 
avaliador considerasse um problema inválido, ele simplesmente atribuía 
severidade nula para evitar perder tempo com discussões. 
Concluída as avaliações, os participantes responderam um questionário a 
fim de obter maiores informações sobre a participação deles na avaliação. 
3.2.4.5 Teste com Usuários 
Para os testes de usabilidade com usuários, foram recrutados usuários 
foco do sistema, que se enquadram no perfil de proprietários de imóveis rurais. 
Para a realização dos testes, o modulo off-line do sistema foi instalado 
no computador, juntamente com o software de gravação de procedimentos, o 
Morae, onde o usuário pode estar realizando a tarefa a qual foi designada a ele, 
testando assim a usabilidade do sistema, o quanto de dificuldade ou facilidade 
ele tem ao utilizar este sistema. A tarefa encontra-se disponível no Apêndice E. 
Para a realização do Teste com Usuários foram seguidas uma série de 
etapas: 
 
 Preparação dos recursos: os testes foram realizados utilizando 
um laptop; 
 Apresentação da tarefa de teste aos usuários: fornecido aos 
usuários uma determinada tarefa; 
 Teste: evitar auxiliar os usuários, deixando ao máximo eles se 
sentirem a vontade para fazer o que quiserem, informando que 
quem estava sendo testado é o sistema e não eles, e foi pedido 
para que eles utilizassem a técnica “Think Aloud”, o qual ao 
utilizar o sistema, eles falassem em voz alta tudo o que estavam 
pensando; 
49 
 
 
 Sessão final: usuários foram convidados a comentar o teste que 
acabaram de realizar, sugerir mudanças e responder aos 
questionários; 
3.2.5 Análise de Dados 
Tanto dados qualitativos quanto quantitativos são relevantes na 
aplicação de um estudo de caso (YIN, 2003). 
Neste estudo de caso foram utilizados critérios qualitativos e 
quantitativos para análise de dados. Os critérios são descritos a seguir. 
A análise qualitativa foi feita considerando as respostas dos 
questionários relacionados às impressões dos participantes sobre cada tipo de 
avaliação, utilizada para identificar a adequação de cada método ao ambiente do 
laboratório usado no estudo. Utilizando de uma análise de conteúdo feita por 
temas como, evidências de utilização e a observação dos métodos de Engenharia 
de Usabilidade estudados e as percepções sobre usabilidade da organização 
através das entrevistas realizadas com o pessoal do laboratório, identificando a 
aplicabilidade de tais técnicas no laboratório. 
A análise quantitativa mostrou o número de problemas encontrados que 
foram relatados pela equipe, tanto na avaliação heurística colaborativa quanto no 
teste com usuários. 
Na avaliação heurística, a análise quantitativa da severidade dos 
problemas foi utilizada para comparar os níveis de severidade dos problemas 
encontrados. Para determinar a severidade dos problemas encontrados foi 
utilizada a média aritmética das severidades atribuídas por cada avaliador. 
No teste com usuário, a análise quantitativa dos problemas encontrados 
foi feita a partir da revisão dos vídeos gravados durante o teste, gerando uma 
lista de problemas encontrados por cada um e os seus vídeos clips mostrando 
onde e o porquê daquele problema encontrado pelo usuário. Foi dada uma 
50 
 
 
classificação a cada problema de acordo com o grau de objeção encontrado pelos 
usuários, o que impossibilitou a realização de determinadas partes da tarefa. 
A partir da lista de problemas encontrados, foi realizado um debate, o 
qual tais problemas foram expostos aos desenvolvedores do LEMAF, 
responsáveis pelo CAR. 
Com os problemas relatados em mãos e os vídeos sendo apresentados, 
eles puderam observar o grau de dificuldade que os usuários tiveram em utilizar 
o sistema e assim sugerir possíveis soluções para resolver os problemas. 
 
 
51 
 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Neste capítulo são descritos os dados obtidos com a realização do 
processo de implementação de métodos

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