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ALINE COUTO OLIVEIRA ENGENHARIA DE USABILIDADE APLICADA NO SISTEMA “CADASTRO AMBIENTAL RURAL”: UM ESTUDO DE CASO LAVRAS – MG 2014 ALINE COUTO OLIVEIRA ENGENHARIA DE USABILIDADE APLICADA NO SISTEMA “CADASTRO AMBIENTAL RURAL”: UM ESTUDO DE CASO Monografia de Graduação apresentada ao Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Lavras como parte das exigências do Curso de Sistemas de Informação para obtenção do título de Bacharel em Sistemas de Informação. Orientador Professor André Pimenta Freire LAVRAS – MG 2014 Ao meu pai Antônio Donizetti Oliveira À minha mãe Elivânia Aparecida do Couto Oliveira À minha irmã Ana Paula Oliveira e Rezende. Ao meu sobrinho Daniel Oliveira Rezende DEDICO. AGRADECIMENTOS Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem durante toda esta longa caminhada, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. Aos meus pais Donizetti e Elivânia, à minha irmã Ana Paula, ao meu sobrinho Daniel e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu vencesse esta etapa de minha vida. A todos os mestres e amigos de verdade, que me ensinaram, incentivaram e ajudaram, direta ou indiretamente, contribuindo assim, para que eu pudesse crescer. A todos da DGTI e do LEMAF pelo apoio no meu crescimento profissional. Eu posso dizer que a minha formação, inclusive pessoal, não teria sido a mesma se eu não tivesse tido a oportunidade de ter trabalhado com eles. Ao meu orientador, André Pimenta Freire, pela paciência, dedicação, incentivo e sabedoria que muito me auxiliou para conclusão deste projeto. A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de mim, fazendo esta vida valer cada vez mais a pena. RESUMO A preocupação com a aplicação de técnicas para melhoria da usabilidade nos sistemas é crescente. Pois a usabilidade é um atributo muito importante para a qualidade de software. A utilização de técnicas de Engenharia de usabilidade como parte do processo de desenvolvimento de um produto traz melhorias significativas para a qualidade de um software. O objetivo do trabalho apresentado nesta monografia é efetuar um estudo de caso sobre a introdução de técnicas de avaliação de usabilidade, mais especificamente técnicas de Avaliação Heurística e Testes com Usuários, no processo de desenvolvimento do laboratório de tecnologia da informação do Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (LEMAF) da Universidade Federal de Lavras. O sistema utilizado para avaliação foi o Cadastro Ambiental Rural (CAR). São apresentados os resultados alcançados com a realização de avaliação heurística com membros do laboratório com experiência em usabilidade e testes com cinco produtores rurais, bem como análise do processo de desenvolvimento da organização antes da introdução de tais técnicas e análise da recepção dos resultados das avaliações pelos desenvolvedores. O estudo de caso apontou uma contribuição significativa da introdução das técnicas de avaliação de usabilidade para melhor identificação dos problemas do produto analisado, principalmente com a apresentação de testes com usuários reais para esclarecimento da equipe de desenvolvimento sobre o impacto dos problemas de usabilidade nos usuários. Palavras Chave: Interação Humano-Computador, Engenharia de Usabilidade, Avaliação Heurística de Usabilidade, Teste com Usuários ABSTRACT The concern with the application of techniques to improve the usability of systems is increasing. For usability is a very important software quality attribute. The use of usability engineering techniques as part of the product development process brings significant improvements to the quality of software. The aim of the work presented in this study is to perform a case study on the introduction of usability evaluation techniques, more specifically techniques Heuristic Evaluation and testing with users, in the development process of information technology department of the Laboratory of Studies and Projects in Forest Management (LEMAF) of the Federal University of Lavras. The system used in the evaluation was the Rural Environmental Registry (CAR). This document the results achieved with the completion of heuristic evaluations performed by lab members with experience in usability and user testing with five farmers, as well as analysis of the development process of the organization prior to the introduction of such techniques and analysis of receiving the results of the reviews developers. The case study revealed a significant contribution from the introduction of usability evaluation techniques to better identify the problems of the analyte, especially with the presentation of tests with real users to clarify the development team on the impact of usability issues on users. Keywords: Human Computer Interaction, Usability Engineering, Heuristic Evaluation of Usability Testing with User. LISTA DE TABELAS Tabela 1: As Dez Heurísticas de Nielsen ............................................................ 29 Tabela 2: Número de violações das heurísticas na avaliação .............................. 58 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Ciclo de vida do projeto com usabilidade, adaptado de Winckler e Pimenta, 2002. ................................................................... 20 Figura 2: Processo de engenharia de requisitos, adaptado de Jacobson, 1999. .................................................................................................... 21 Figura 3: Esquema do desenvolvimento de software no LEMAF com as etapas de usabilidade............................................................................ 55 Figura 4: Número de problemas encontrados na Avaliação Heurística de acordo com a severidade. ..................................................................... 59 Figura 5: Número de problemas encontrados no Teste com Usuários classificados de acordo com sua severidade ........................................ 62 Figura 6: Problemas encontrados com maior frequência pelos usuários ............ 63 Figura 7: Problema 1 – Página Inicial................................................................. 64 Figura 8: 1ª Proposta de Solução para o Problema 1 .......................................... 64 Figura 9: 2ª Proposta de Solução para o Problema 1 .......................................... 65 Figura 10: 3ª Proposta de Solução para o Problema 1 ........................................ 65 Figura 11: Problema 2 – Etapa Iniciar ................................................................ 66 Figura 12: Proposta de Solução para o Problema 2 ............................................ 66 Figura 13: Problema 3 – Opção de cadastrar um novo imóvel ........................... 67 Figura 14: Proposta de Solução para o Problema 3 ............................................ 67 Figura 15: Problema 4 – Título de dados de contato .......................................... 68 Figura 16: Proposta de Solução para o Problema 4 ............................................ 68 Figura 17:Problema 5 – Lista de Proprietários .................................................. 69 Figura 18: Proposta de Solução para o Problema 5 ............................................ 69 Figura 19: Problema 6 – Botão Voltar ................................................................ 70 Figura 20: Proposta de Solução para o Problema 6 ............................................ 70 Figura 21: Problema 7 – Ferramentas da etapa Geo ........................................... 71 Figura 22: Proposta de Solução para o Problema 7 ............................................ 71 Figura 23: Problema 8 – Botão Finalizar ............................................................ 72 Figura 24: 1ª Proposta de Solução para o Problema 8 ........................................ 72 Figura 25: 2ª Proposta de Solução para o Problema 8 ........................................ 73 Figura 26: 3ª Proposta de Solução para o Problema 8 ........................................ 73 Figura 27: Problema 9 – Baixar Manual do CAR ............................................... 74 Figura 28: Proposta de Solução para o Problema 9 ............................................ 74 Figura 29: Problemas Encontrados nas duas Técnicas ....................................... 75 Figura 30: Concordância dos desenvolvedores com os problemas encontrados na Avaliação Heurística ................................................. 77 Figura 31: Concordância dos desenvolvedores com os problemas encontrados no Teste com Usuários ................................................... 77 LISTA DE SIGLAS IHC Interação Humano Computador LEMAF Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal CAR Cadastro Ambiental Rural DCF Departamento de Ciências Florestais UFLA Universidade Federal de Lavras Sumário 1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 14 1.1 Contextualização e Motivação .............................................................. 14 1.2 Objetivos ............................................................................................... 15 1.3 Organização da Monografia .................................................................. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 17 2.1 Interação Humano Computador e Usabilidade ..................................... 17 2.2 Engenharia de Usabilidade ................................................................... 18 2.3 Métodos e Técnicas para Engenharia de Usabilidade ........................... 20 2.3.1 Requisitos de Usuários (Conhecer Usuários e suas Tarefas) ................ 20 2.3.2 Prototipação .......................................................................................... 24 2.3.3 Avaliação de Usabilidade ...................................................................... 27 2.3.3.1 Inspeção de usabilidade ........................................................................ 27 2.3.3.2 Teste de Usabilidade ............................................................................. 32 2.4 Trabalhos Relacionados ........................................................................ 33 3 METODOLOGIA ............................................................................... 37 3.1 Tipo de pesquisa ................................................................................... 37 3.2 Procedimentos Metodológicos .............................................................. 38 3.2.1 Desenho ................................................................................................ 38 3.2.2 Participantes .......................................................................................... 40 3.2.2.1 Entrevista Inicial .................................................................................... 40 3.2.2.2 Avaliação Heurística ............................................................................ 40 3.2.2.3 Teste de Usabilidade ............................................................................ 41 3.2.2.4 Desenvolvedores .................................................................................. 42 3.2.3 Materiais ............................................................................................... 43 3.2.3.1 Sistema ................................................................................................. 43 3.2.3.2 Roteiros de Entrevistas ........................................................................ 43 3.2.3.3 Equipamentos......................................................................................... 44 3.2.3.4 Formulários para Avaliação Heurística .................................................. 44 3.2.3.5 Questionários ......................................................................................... 45 3.2.4 Procedimentos ........................................................................................ 45 3.2.4.1 Procedimentos para Pesquisa Bibliográfica ........................................... 46 3.2.4.2 Entrevista Inicial .................................................................................... 46 3.2.4.3 Treinamento ........................................................................................... 47 3.2.4.4 Avaliação Heurística .............................................................................. 47 3.2.4.5 Teste com Usuários ................................................................................ 48 3.2.5 Análise de Dados ...................................................................................... 49 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 51 4.1 Diagnóstico da utilização de métodos para usabilidade no laboratório ............................................................................................. 51 4.2 Resultados da Avaliação Heurística ...................................................... 56 4.2.1 Violações das Heurísticas na Avaliação ................................................ 56 4.2.2 Severidade dos Problemas Encontrados ............................................... 58 4.3 Resultados do Teste com Usuários ....................................................... 60 4.3.1 Número de Problemas Encontrados ...................................................... 61 4.4 Soluções para os Problemas .................................................................. 62 4.5 Problemas encontrados com mais frequência ....................................... 62 4.5.1 Problema 1 ............................................................................................ 63 4.5.2 Problema 2 ............................................................................................ 65 4.5.3 Problema 3 ............................................................................................ 66 4.5.4 Problema 4 ............................................................................................ 67 4.5.5 Problema 5 ............................................................................................ 68 4.5.6 Problema 6 ............................................................................................ 69 4.5.7 Problema 7 ............................................................................................ 70 4.5.8 Problema 8 ............................................................................................ 71 4.5.9 Problema 9 ............................................................................................ 74 4.6 Número de problemas encontradosnas duas técnicas utilizadas .......... 74 4.7 Impressão obtida no debate com os desenvolvedores ........................... 75 4.8 Impressões dos desenvolvedores após receber os resultados................ 75 5 CONCLUSÕES ................................................................................... 79 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 81 APÊNDICES APÊNDICE A: Acordo para realização de estudo de caso com sistema desenvolvido no LEMAF para trabalho de conclusão de curso de Aline Couto Oliveira ................................................................. 87 APÊNDICE B: Entrevista sobre o processo de desenvolvimento dos projetos no LEMAF. ................................................................................... 88 APÊNDICE C: Entrevista sobre o estado atual do uso de engenharia de usabilidade dos projetos no LEMAF. ....................................... 89 APÊNDICE D: Cenário e Tarefa de Uso – Avaliação Heurística ...................... 90 APÊNDICE E: Cenário e Tarefa de Uso – Testes com Usuários ....................... 91 APÊNDICE F: Formulário de Consentimento do Participante do Teste de Usabilidade ............................................................................... 92 APÊNDICE G: Questionário Demográfico para Participantes da Avaliação Heurística ................................................................................. 94 APÊNDICE H: Questionário Avaliadores – Avaliação Heurística .................... 95 APÊNDICE I: Questionário Usuários – Testes com Usuários ........................... 99 APÊNDICE J: Questionário para medir a satisfação do usuário na utilização do sistema .................................................................................... 103 APÊNDICE K: Lista de problemas encontrados na Avaliação Heurística ...... 105 APÊNDICE L: Lista de problemas encontrados no Teste com Usuários ........ 107 APÊNDICE M: Questionário para os responsáveis pelo CAR (Antes do Debate sobre os Problemas Encontrados nas Avaliações) .................. 111 APÊNDICE N: Questionário para os responsáveis pelo CAR (Depois do Debate sobre os Problemas Encontrados nas Avaliações) ................. 114 APÊNDICE O: Lista de Problemas encontrados na Avaliação Heurística com as soluções Propostas ................................................................. 116 APÊNDICE P: Lista de Problemas encontrados no Teste com Usuários com as soluções Propostas ................................................................. 120 ANEXOS ANEXO A: As 10 heurísticas de Nielsen utilizadas para avaliação ................ 127 ANEXO B: Planilha de Identificação de Problemas de Usabilidade ............... 128 ANEXO C: Planilha de Atribuição de Grau Severidade dos Problemas ......... 129 14 1 INTRODUÇÃO Este capítulo faz uma introdução sobre o assunto tratado, contextualizando o conceito de usabilidade. Ao final, faz-se uma breve descrição dos demais capítulos componentes deste estudo. 1.1 Contextualização e Motivação A usabilidade é um atributo de qualidade que avalia a facilidade na utilização de interfaces de usuário, tendo uma relação entre as ferramentas e os seus utilizadores. Portanto, para que uma ferramenta seja eficaz, é preciso que os seus utilizadores a realizem da melhor forma possível. A Usabilidade assumiu uma grande importância na economia da Internet como nunca teve antes (NIELSEN, 1999). De acordo com Norman (1986), um sistema orientado para a usabilidade possui uma interface que deve ser usada para executar determinadas tarefas, bem como permitir que os usuários não precisassem focalizar a sua energia na interface em si, mas no trabalho que eles desejam executar. Com isso, a interface deve permitir que a informação pudesse fluir mais naturalmente, onde o desenvolvimento dos projetos possa atender as necessidades e expectativas dos seus usuários, permitindo um enfoque maior nos objetos com os quais trabalham diretamente, que, por sua vez, devem refletir mais o mundo real no qual eles trabalham (ROBERTS, 1998). Segundo Nielsen (1993), para aplicação que se obtenha sistemas com boa usabilidade, não se deve fazê-lo só por que isso é desejado pelo desenvolvedor, e sim a partir de uma perspectiva gerencial. Para tanto, é necessário que algumas ações sejam tomadas, como: reconhecer a necessidade de usabilidade em sua organização; certificar-se de que a usabilidade tenha apoio gerencial; alocar recursos para a engenharia de usabilidade; integrar 15 sistematicamente as atividades de engenharia de usabilidade a todas as etapas do ciclo de desenvolvimento, incluindo as preliminares; e certificar-se que todas as interfaces com o usuário estejam sujeitas a testes de usabilidade. O processo de desenvolvimento é um aspecto importante quando se trata de usabilidade. Desta forma, no contexto deste trabalho, pretende-se efetuar a implementação de atividades ligadas à Engenharia de Usabilidade durante o desenvolvimento de um sistema. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) que vem sendo desenvolvido no Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (LEMAF), inserido no Departamento de Ciências Florestais (DCF), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), visando uma melhor interação do usuário com este sistema. 1.2 Objetivos O presente trabalho tem como principal objetivo a análise do processo de implantação de atividades de Engenharia de Usabilidade em uma organização, com ênfase em técnicas de avaliação e a aplicação criteriosa destas técnicas em um sistema usado como estudo de caso para este trabalho. Os objetivos do trabalho incluem a elaboração de avaliações para identificar os problemas de usabilidade, tanto ao longo do processo de desenvolvimento da interface Web, como quando o sistema estiver pronto. Desta forma, uma vez identificados os problemas, eles poderão ser solucionados, ou ao menos, ter seus efeitos minimizados, como a redução do tempo de acesso à informação e facilidade de encontrar informações no site pelos usuários. Assim, para alcançar os objetivos, serão aplicados métodos de avaliação que podem ser utilizados nas etapas do desenvolvimento deste projeto, incluindo Métodos de Inspeção de Usabilidade que buscam possíveis problemas de usabilidade por especialistas em interface que a utilizam e Testes Empíricos com a participação de Usuários, que são caracterizados pela observação direta ou 16 indireta de usuários durante a utilização da interface, obtendo informações que possam ser levadas a identificação de problemas e pelo uso de questionários. 1.3 Organização da Monografia Este trabalho encontra-se organizado da seguinte maneira: O Capítulo 2 apresenta o Referencial Teórico, no qual são abordados os principais conceitos teóricos relacionados à avaliação de usabilidade contemplada nesta pesquisa. No Capítulo 3, tem-se a Metodologia, onde é apresentada a classificação desta pesquisa e os procedimentos metodológicos utilizados, contendo a explicação de como serão realizadas as avaliações e análise dos dados. No Capítulo 4 são apresentados os resultados do trabalho. Ao final, no Capítulo 5, são relatadas as conclusões da monografia e indicações paratrabalhos futuros. 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo, são abordados os principais conceitos teóricos relacionados aos assuntos contemplados neste estudo. Inicialmente, na Seção 2.1 são apresentadas algumas definições do conceito de Interação Humano Computador (IHC) e Usabilidade. A Seção 2.2 apresenta conceitos de Engenharia de Usabilidade, sendo mais detalhados na Seção 2.3 onde são mostrados os métodos e técnicas utilizados na Engenharia de Usabilidade. Na Seção 2.4 são discutidos os trabalhos relacionados à implantação de atividades de Engenharia de Usabilidade no processo de desenvolvimento de sistemas das organizações. 2.1 Interação Humano Computador e Usabilidade O estudo sobre Interação Humano-Computador (IHC) constitui um campo multidisciplinar envolvendo aspectos de ergonomia, psicologia, informática e outros, que tem como objetivo: facilitar o projeto, a execução e avaliação de ambientes computacionais, buscando desenvolver um modelo teórico de performance humana bem como, criar ferramentas capazes de medir a facilidade de seu uso. De acordo com o ACM SIGCHI (2009) a disciplina IHC observa os principais fenômenos que cercam os usuários e preocupa-se com o design, avaliação e implementação de sistemas computacionais interativos para uso humano. A área preza pelo desenvolvimento de interfaces visando facilitar o uso do software e permitir maior facilidade na aprendizagem. Porém, para evitar o desenvolvimento de interfaces com baixa usabilidade, é necessária a utilização de métodos adequados para desenvolver sistemas com boa usabilidade, visando à redução de problemas que possam ser encontrados por usuários. 18 Segundo Hix e Hartson (1993), a área de IHC é responsável pelo estudo da forma com que homem e máquina interagem. Em relação à definição de usabilidade, Nielsen e Loranger (2004) definem como, “A usabilidade é um fator qualitativo utilizado para definir a facilidade de uso de algo”. De acordo com Nielsen e Loranger (2004), esta facilidade de uso está relacionada a cinco (5) características: 1) a eficiência, que diz respeito à melhor maneira de passar à mensagem desejada escrevendo o essencial, e à realização de tarefas com uso mínimo de recursos, 2) a satisfação subjetiva, que se caracteriza a satisfação do usuário com o sistema, 3) a facilidade de aprendizado, que diz respeito à capacidade do usuário em acessar e concluir o que deseja de maneira fácil e rápida, nas primeiras vezes em que esteja utilizando o sistema, 4) capacidade de memorização, que se refere à capacidade de o usuário conseguir realizar as operações no sistema em futuros acessos e 5) a tendência a erros, importante para reduzir a propensão a que usuários comentam erros no sistema. Outra visão em relação à usabilidade é o conceito de qualidade do uso. A qualidade do uso do sistema deve ser levada em conta no momento do desenvolvimento de uma interface de interação (ROCHA e BARANAUSKAS, 2003). Segundo a norma ISO 9241 (2002) a usabilidade é a “capacidade que um sistema interativo oferece a seu usuário, em um determinado contexto de operação, para a realização de tarefas de maneira eficaz, eficiente e agradável”. 2.2 Engenharia de Usabilidade É uma parte do entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema, específica para a ciência da computação e que trata da questão de como projetar software que seja fácil de usar. 19 A usabilidade, segundo Hix e Hartson (1993), do ponto de vista técnico é uma combinação de cinco características: Facilidade de aprendizado. Alto desempenho ao completar uma tarefa. Taxas de erro reduzidas. Satisfação subjetiva do usuário. Retenção da informação com o tempo. Segundo Nielsen (1993) a Engenharia de Usabilidade a partir de uma visão sobre desenvolvimento da interação entre usuários com sistemas informatizados, estabelece objetivos, tais como, oferecer técnicas e métodos que possam ser utilizadas, sistematicamente, no desenvolvimento de mecanismos com um alto grau de usabilidade na interface de softwares. Mayhew (1999) considera o ciclo de Engenharia de Usabilidade a partir de um modelo proposto por ela, o “Modelo de Ciclo de Vida da Engenharia de Usabilidade”, onde é estabelecido por três etapas, são elas: análise de requisitos; projeto, testes e implementação e instalação. Para uma maior competitividade do produto, obtendo um diferencial importante, a utilização dessas técnicas de usabilidade é imprescindível. Para isso, devem-se utilizar estes desenvolvidos métodos e práticas de engenharia, estabelecidas no processo de desenvolvimento de software, que asseguram uma eficiência na interação computador usuário, este sendo um ciclo contínuo de design e avaliações de usabilidade, como representado na Figura 1 (PÁDUA, 2012). Tanto no aspecto de eficiência e eficácia da interface como em processos de desenvolvimento de softwares mais produtivos, confiáveis e com 20 maior satisfação dos usuários, os objetivos são visados pela aplicação de técnicas de Engenharia de Usabilidade. Figura 1: Ciclo de vida do projeto com usabilidade, adaptado de Winckler e Pimenta, 2002. 2.3 Métodos e Técnicas para Engenharia de Usabilidade De acordo com as fases descritas na Figura 1, serão explicados os passos para o desenvolvimento de produtos de software com aplicação das técnicas de usabilidade. 2.3.1 Requisitos de Usuários (Conhecer Usuários e suas Tarefas) A definição de requisitos pode ser definida, resumidamente, por três atividades: elicitação, modelagem e análise (Leite, 1988), como ilustrado na Figura 2. 21 Figura 2: Processo de engenharia de requisitos, adaptado de Jacobson, 1999. • Elicitação – é utilizado pelo engenheiro de requisitos, técnicas para descobrir os requisitos do sistema a ser desenvolvido, sendo algumas delas a leitura de documentos, observação, entrevistas, questionários, reuniões (GOGUEN, 1994). • Modelagem – a partir das informações obtidas na elicitação, elas são registradas e organizadas em modelos de requisitos, tais como, casos de uso (Jacobson, 1992), cenários (Leite, 1997), dentre outros. Para a construção desses modelos, exige um maior conhecimento sobre as necessidades dos usuários e também informações técnicas, sendo muitas vezes necessário retornar à elicitação para esclarecer, acrescentar ou corrigir o conhecimento adquirido. • Análise – uma análise feita a partir de diferentes perspectivas tais como: viabilidade, custo, tempo, prioridades, reuso, variabilidade, evolução, dentre outras. 22 Estas atividades geralmente ocorrem simultânea e incrementalmente num processo evolutivo que passa por todo o processo de desenvolvimento de software (JACOBSON, 1999). Engenharia de Requisitos, segundo Sommerville (2003), é o processo de descobrir, analisar, documentar e verificar as funções e restrições do sistema. E os seus objetivos são: Estabelecer e manter concordância com os clientes e desenvolvedores; Registrar e acompanhar requisitos ao longo de todo o desenvolvimento; Definir as fronteiras do sistema; Fornecer a base para o cronograma/custo de desenvolvimento do sistema. Independentemente da abordagem e técnicas utilizadas, a etapa de análise de requisitos, que engloba um conjunto de atividades de fundamental importância para o processo de desenvolvimento de um software, deve ser realizada de maneira à elicitar e descrever os requisitos do software que atenda às necessidades e correspondam àforma como os usuários realizam suas tarefas. A equipe de projeto deve procurar envolver o máximo possível os potenciais usuários do sistema. Esse envolvimento pode dar-se de três formas: o envolvimento informativo, consultivo e participativo. O usuário passa a ser visto como fonte de informação, podendo assim buscar informações necessárias para o projeto, através de técnicas de entrevistas, questionários ou de sua observação em seu trabalho. No envolvimento consultivo, o usuário é consultado sobre decisões do projeto para que ele as verifique e emita uma opinião sobre elas, utilizando-se de versões da interface produzidas pela equipe do projeto (GODOI E PADOVANI, 2009). 23 Técnicas de brainstorming ou de sessões de arranjo e organização, também podem ser empregadas, quando o projetista transfere ao usuário o poder de decisão do projeto, nas quais os usuários manifestam a sua perspectiva sobre determinados aspectos do sistema, por exemplo, a organização modular ou o vocabulário da interface. As diferentes técnicas de envolvimento do usuário devem ser conhecidas e aplicadas da maneira mais adequada à etapa corrente do desenvolvimento da interface humano-computador, entre as quais se podem citar (POMPEU, 2012): Entrevistas e questionários, uma técnica simples de utilizar, mas eficaz na fase inicial de obtenção de dados, condicionada a alguns fatores como: a influência do entrevistador nas respostas do cliente, relação pessoal entre os intervenientes na entrevista, predisposição do entrevistado, a capacidade de seguir um plano para a entrevista; Workshop de requisitos, um grupo de analistas e um grupo representando o cliente reúnem-se para obter um conjunto de requisitos bem definidos; Cenários, com exemplos práticos descritivos, levam as pessoas a imaginarem o comportamento de um sistema, a partir de alguns elementos como: o estado do sistema no início do cenário, sequência de eventos esperados, listagem de erros que podem ocorrer e o estado do sistema depois de terminar; Prototipagem trata-se de uma versão inicial do sistema, feita em diversas fases do processo de engenharia de requisitos, baseada em requisitos ainda pouco definidos, mas que auxiliam na descoberta de falhas que ainda não foram identificadas; 24 Etnografia é a análise de componente social das tarefas desempenhadas numa dada organização. Quando uma pessoa se acostuma com um conjunto de tarefas, é de se esperar que esta sinta dificuldade em articular todos os passos que segue ou todas as pessoas com as quais interage para levá-las a cabo. A escolha do usuário, a figura central da organização, deve ser feita com base no conhecimento sobre a tarefa e sobre o sistema, mas também devido a sua liderança e comprometimento para com os colegas e usuários finais do sistema. Os envolvidos devem receber treinamento especial para que compreenda os formalismos e técnicas de descrição empregadas nos projetos de interfaces. Para cada categoria prevista de usuários, devem ser coletadas informações sobre: categoria de uso, faixa etária, perfil profissional, frequência de uso, experiência na tarefa, experiências em tecnologias de informática, experiências em sistemas similares e motivação, obtendo certamente uma oportunidade de conhecer mais sobre a satisfação, as queixas em relação ao sistema e as ideias sobre oportunidades para o futuro sistema. 2.3.2 Prototipação A segunda fase do ciclo de vida de um projeto com usabilidade corresponde à elaboração de protótipos interativos. Um protótipo é uma aplicação, normalmente experimental e incompleta, desenvolvida para que projetistas possam avaliar suas ideias de desenvolvimento durante o processo de criação da aplicação pretendida (Rubin, 1994). Ele deve ser construído rapidamente, com baixo custo e seu tempo de vida não é definido. As informações importantes que devem ser extraídas de um protótipo são: a funcionalidade necessária ao sistema, consequências de operação, necessidades 25 de suporte ao usuário, representações necessárias e comunicabilidade da aplicação (PÁDUA, 2012). Um protótipo pode ser classificado em relação: à técnica de construção, à sua função no processo de desenvolvimento e o seu objetivo de avaliação. Facilidade na qual, faz com que esta etapa do teste possa ser feita com um orçamento menor, onde se tem a participação dos próprios clientes (SOUZA, LEITE e PRATES, 1999). Segundo Pressman (1995), deverão ser observados três conceitos fundamentais na prototipação: Protótipo é um conjunto de rotinas e programas (modelo) de software a ser desenvolvido e construído para avaliação do desenvolvimento e do cliente; Modelo é o protótipo em fase de testes e refinamentos; Pacote é o modelo já depurado em fase de produção, funcionamento na empresa do cliente. Envolve a produção de versões iniciais de um sistema futuro com o qual se podem realizar verificações e experimentos, com intuito de avaliar algumas de suas características antes que o sistema venha realmente a ser construído, de forma definitiva. Para a geração de protótipos, existem várias formas e ferramentas, sendo as mais usuais. Modelo de papel, que ilustra como o software irá se comportar e interagir com o usuário de forma a capacitar a todos o modo de como ocorrerão os processos de interação. E modelos de trabalho, são implementadas algumas características do software, em sua maioria a interface de comunicação com usuário como a navegação de telas e as funcionalidades existentes no sistema. 26 Os protótipos se classificam em: Protótipos de Baixa Fidelidade: são aqueles que não se assemelham com o produto final, são úteis para a exploração e testes na fase inicial de desenvolvimento do sistema (ROGERS, SHARP, PREECE 2002); Protótipos de Alta Fidelidade: Os protótipos de alta fidelidade são aqueles que mais se assemelham com o produto final, utilizam as mesmas técnicas e materiais que o sistema final (ROGERS, SHARP, PREECE 2002). De acordo com as diferenças surgidas, há alguns tipos de protótipos como a prototipação em papel, os protótipos funcionais, e outros. Na prototipação funcional é permitida uma interação no protótipo do produto, que possua algumas funcionalidades do produto original. E na prototipação em papel é um método que por meio de simulações de uso com participação de usuários potenciais, avalia a usabilidade de uma interface representada em papel, este sendo um modo rápido e barato, identificando os problemas antes mesmo de implementar a interface. É mais indicada quando o sistema a desenvolver é software. Não é necessário desenvolver software executável (ROGERS, SHARP, PREECE 2002). Para identificar as partes da interface que funcionam corretamente e as que apresentam problemas de usabilidade, e feita uma simulação onde os usuários executam algumas tarefas utilizando papéis com as interfaces desenhadas neles, com isso fazem-se gestos e escrevem como querem sua interação com o sistema (BARBOSA E SANTANA, 2010). 27 2.3.3 Avaliação de Usabilidade E para concluir as fases do ciclo de vida de um projeto com usabilidade, a avaliação de usabilidade do sistema. Ela detém o objetivo de identificar os pontos fracos da interface do produto, a partir destas avaliações pode-se obter precocemente problema de usabilidade e obter críticas e comentários importantes para o melhoramento da usabilidade da interface. (NEVES, VASCONCELOS, FREITAS 2008). A avaliação não deve ser vista como uma etapa única dentro do processo dedesign, ela deve ocorrer durante o ciclo de vida do design e utilizar os resultados para melhorias gradativas da interface. Mas para realizar extensivas avaliações na interface durante todo o processo de design, é possível apenas, se utilizar de avaliações informais e analíticas. De acordo com os diferentes estágios do desenvolvimento da interface, há diferentes tipos de avaliações. Nos estágios iniciais, avaliações informais como discussões sobre as ideias e protótipos iniciais fornecem bom retorno sobre as características de interfaces em desenvolvimento. Por outro lado, em estágios mais avançados, testes formais são necessários para obter um retorno mais aprofundado e para identificar problemas de design a serem corrigidos. Rocha e Baranauskas (2003) apresentam dois grupos de métodos de avaliação: Inspeção de Usabilidade e Testes de Usabilidade. A seguir são detalhados diferentes tipos de métodos de avaliação de usabilidade. 2.3.3.1 Inspeção de usabilidade De acordo com Barbosa e Santana (2010), os métodos de inspeção permitem ao avaliador inspecionar ou examinar uma solução de IHC para tentar prever os possíveis problemas e consequências de certas decisões de design. 28 Os avaliadores podem ser especialistas em usabilidade, consultores de desenvolvimento de software, especialistas em um determinado padrão de interface ou usuários finais com conhecimento sobre métodos de inspeção. Para o tipo Inspeção de Usabilidade serão descritos os seguintes métodos: Avaliação Heurística, Percurso Cognitivo, Inspeção Semiótica e Percurso Pluralístico. Avaliação heurística – é um método tradicional (Winckler, Pimenta 2002) e analítico (Prates, Barbosa 2006), onde avaliadores examinam aspectos de uma interface visando, segundo Nielsen (1993), identificar problemas de usabilidade através de um conjunto de heurísticas, descritas na Tabela 1. Diferentes conjuntos de heurísticas podem ser utilizados em uma avaliação, dependendo do sistema a ser avaliado. Além do conjunto de heurísticas apresentado por Nielsen, no estudo de Petrie e Power (2012) eles também desenvolveram um conjunto para sistemas web, divididos por quatro grandes categorias: apresentação física, conteúdo, arquitetura da informação e interatividade. E também apresentada por Dias (2003), as heurísticas para projetos que envolvem interfaces gráficas criadas por Bem Shneiderman, chamada “As Oito Regras de Ouro”, são elas: consistência; atalhos para usuários assíduos; feedback informativo; diálogos que indiquem término da ação; prevenção e tratamento de erros; reversão de ações; controle e baixa carga de memorização. De acordo com Nielsen (1993) tais heurísticas foram fundamentadas em cima da experiência adquirida em anos pelos profissionais de IHC. Com isso, se pode compreender que é necessário envolver um conjunto de avaliadores onde diferentes pessoas encontram diferentes problemas, havendo uma melhora significativa dos resultados da avaliação heurística utilizando múltiplos avaliadores, onde são recomendados, segundo Nielsen (1993), de três a cinco avaliadores. 29 Tabela 1: As Dez Heurísticas de Nielsen Heurística Descrição 1. Visibilidade do estado do sistema O sistema deve manter o usuário informado sobre o que está acontecendo. 2. Relacionamento entre o sistema e o mundo Devem ser seguidas conversões do mundo real, as informações. 3. Controle e liberdade do usuário Se o usuário realizar uma ação indesejada, ele deve poder desfazê-la. 4. Consistência e padrões As mesmas ações devem ser nomeadas da mesma forma, devem ser seguidos padrões. 5. 5. Prevenção de erros Deve-se eliminar situações onde possam ocorrer erros. Se isto não for possível, deve-se ter uma opção de confirmação da ação. 6. Reconhecer ao invés de relembrar Deixar visíveis objetos, ações e opções. Instruções devem ser visíveis e fáceis de recuperar. 7. Flexibilidade e eficiência de uso Usuários especialistas devem ter ações facilitadas. 8. Estética e design minimalista Mostrar somente informações realmente necessárias. 9. Auxílio aos usuários para reconhecer, diagnosticar e recuperar ações erradas. Mensagens de erro devem ser mostradas em linguagem simples e indicar precisamente qual o erro. 10. Ajuda e documentação O sistema deve oferecer alguma forma de documentação e a busca por informações deve ser facilitada. Na Avaliação Heurística Colaborativa os participantes realizam a avaliação como um time (Danino, 2001). Quando um grupo de avaliadores trabalha individualmente no mesmo sistema, há uma tendência de encontrar 30 problemas duplicados quando uma comparação é feita, porém quando a avaliação é realizada em conjunto pode ser mais efetiva devido às contribuições de vários avaliadores juntos (BABAJO, 2012). Segundo Danino (2001), todos os problemas devem ser registrados, caso um participante considerar um item inválido, ele deve atribuir a aquele item a severidade zero. De acordo com Babajo (2012), podem se considerar como pontos positivos da avaliação heurística colaborativa: uma maior concordância entre avaliadores a respeito de problemas; avaliadores se tornam mais experientes; a classificação de severidade mais confiável, porque os avaliadores veem os problemas ao mesmo tempo; avaliadores atribuem individualmente às severidades dos problemas, evitando assim a realização da reunião de consolidação; duplicação de esforços mais reduzidos. Para a realização da Avaliação Heurística é seguida uma série de fases: 1. Treino pré-avaliação: dar conhecimento aos avaliadores da funcionalidade; informação sobre cenários de interação; 2. Avaliação: colaborativa, todos avaliam conjuntamente o sistema; 3. Classificação de severidade: determinar individualmente a gravidade de cada problema; 4. Relato: discutir resultados com a equipe do projeto. Percurso cognitivo – é um método de inspeção de usabilidade onde a interface é avaliada quanto a sua facilidade de aprendizagem, particularmente por exploração. Usuários preferem aprender sobre um software enquanto trabalham em suas atividades usuais, adquirindo conhecimentos sobre as características do software à medida que delas necessitem ao invés de investir tempo em treinamento formal ou leitura de manuais, segundo LEWIS (1990, citado por ROCHA e BARANAUSKAS 2003). 31 Inspeção semiótica - avalia a qualidade da emissão da metacomunicação do designer codificada na interface. Deste modo, não é necessário envolver usuários nesta avaliação. A engenharia semiótica classifica os signos (tudo aquilo que signifique algo pra alguém) codificados na interface em três tipos: estáticos, dinâmicos e metalinguísticos, essa classificação orienta o trabalho do avaliador durante a inspeção semiótica (BARBOSA e SANTANA 2010). Avaliação de comunicabilidade – este método observa a qualidade da comunicação da metamensagem do designer para os usuários. Possui semelhanças com a inspeção semiótica, mas eles possuem uma visão diferente. Na avaliação de comunicabilidade avalia-se a qualidade de recepção da metacomunicação do designer e na inspeção semiótica é avaliada a qualidade da emissão dessa metacomunicação. Observadas e registradas essas experiências em vídeos de interação, onde utilizando o sistema em um ambiente controlado, são convidados representantes de usuários para realizarem um conjunto de tarefas (BARBOSA e SANTANA 2010). Percurso pluralístico – permite avaliar uma sequência de telas observando o percurso de interação dos usuários, desenvolvedorese especialistas em usabilidade, descrevendo as ações que tomariam em cada situação, discutindo sobre a usabilidade relacionada à interface em cada cenário de interação, avançando para o próximo painel, onde tentarão explicar os motivos do sistema ser daquela forma (DIAS e FILHO 2008). O roteiro para aplicação do percurso pluralístico pode ser resumido como (ALMEIDA, 2005): Entrega do material aos participantes com os painéis e instruções sobre a atividade de avaliação; Registro das ações que seriam executadas no painel em questão; 32 Anúncio da ação projetada para o painel em questão; Comentários dos usuários; Comentários dos desenvolvedores; Após a análise de todos os painéis, responde-se a um questionário sobre a interação com o software. 2.3.3.2 Teste de Usabilidade Teste de Usabilidade ou Ensaios de Interação são atividades em que se observa se o usuário real está acessando e executando facilmente as tarefas em uma interface, podendo ser realizado a partir de um protótipo, ou quando o sistema estiver pronto e implementado. Durante o teste, os usuários poderão ter de efetuar determinadas tarefas ou responder a algumas perguntas, constituindo os cenários de teste, sendo estimulados pelos avaliadores a informar o que estão fazendo e pensando. É uma forma de avaliação mais eficaz de melhorar a usabilidade, pois todos os problemas sérios são encontrados, porém também a mais cara. Testes de usabilidade são feitos usando diversas técnicas, que incluem: Pensando em voz alta (think aloud) – uma técnica criada para ser usada como um método de pesquisa em Psicologia. O usuário enquanto usa um sistema é solicitado a dizer o que pensa, com isso espera-se que seus pensamentos mostrem como cada item da interface é interpretado pelo usuário. Esta técnica não é recomendável para medidas de performance, uma vez que quando usuários pensam em voz alta, geralmente ficam mais lentos e cometem menos erros, prejudicando a eficiência da técnica (ROCHA e BARANAUSKAS 2003); Medidas de performance – um método que avalia se foram efetivamente atingidos os objetivos de usabilidade e para comparar 33 produtos competitivos, através de métricas que possuem uma importância na usabilidade. Há uma observação dos usuários pelos avaliadores das seguintes formas: utilizando vídeo conferência, diretamente em um laboratório, utilizando softwares que geram logs sobre as informações dos usuários (ROCHA e BARANAUSKAS 2003). 2.4 Trabalhos Relacionados Nesta seção, são apresentados trabalhos relacionados à implementação de Engenharia de Usabilidade em processos de desenvolvimento de sistemas das organizações. No trabalho desenvolvido por Rabello (2012), intitulado “Integração de engenharia de usabilidade em um modelo de maturidade/capacidade de processo de software”, é reportada a experiência com a integração de processos de engenharia de usabilidade em um modelo de maturidade/capacidade de processo de software. Neste trabalho, foi proposto um modelo em que se avaliam os processos de software e de usabilidade para contribuir com a melhoria do desenvolvimento em organizações. Para isso esse modelo deve estar sempre em constante evolução, destacando ainda mais os pontos fortes, corrigindo ou diminuindo ao máximo os pontos fracos e implementando as sugestões de melhoria dos especialistas. Em outro trabalho, desenvolvido por Franco (2011), “Um modelo de Guia para seleção e aplicação de métodos de avaliação de interface do usuário”, a usabilidade da interface é um fator determinante no nível de satisfação, na eficácia e na eficiência com que ocorre a interação entre o usuário e o sistema, por isso há alguns métodos de avaliação necessários para o auxilio na resolução dos problemas de interface. Com o desenvolvimento deste guia, os profissionais podem ter como apoio para escolherem o melhor método a se utilizar para avaliar uma determinada interface e como aplicá-lo. 34 A partir de estudos sobre a Avaliação Heurística, um dos métodos de avaliação de interfaces, foi apresentado em um estudo feito por Oeiras, Bentolila e Figueiredo (2008), “Heva, uma ferramenta de suporte à avaliação heurística para sistemas web”, onde esta ferramenta auxilia na redução de sobrecarga dos avaliadores, capturando telas e registrando os problemas encontrados, chegando ao final da avaliação com um relatório no formato Rich Text Format (RTF) ou Portable Document File (PDF). Neste estudo, a ferramenta Heva foi utilizada em duas disciplinas de IHC e também testada na Regional Belém do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). Para verificar a aceitabilidade da ferramenta no aspecto de sua utilidade e após esta verificação foram anotadas as dificuldades e problemas encontrados. Como resultado da experiência, no contexto da empresa, houve uma descoberta a qual prejudicou a realização dos testes, os softwares selecionados anteriormente para avaliação não funcionaram adequadamente em outro navegador, pelo fato de ter sido desenvolvido, a pedido do cliente, para a Internet Explorer; e sobre os aspectos de usabilidade, foram encontrados os seguintes problemas: tanto os profissionais da empresa, quanto os alunos tiveram dificuldade na janela de “Interface para descrever o problema selecionado”, onde os usuários eram induzidos a escolher apenas uma heurística para cada problema encontrado e quando queriam assinalar mais de uma, não sabiam como fazê-lo. De modo geral, a ferramenta foi bem aceita socialmente, tanto na academia quanto na indústria, e de acordo com as manifestações dos alunos que usaram a Heva, afirmaram que a ferramenta facilitou a tarefa por não terem que usar e manter vários aplicativos abertos ao mesmo tempo para registrar os problemas de usabilidade e quanto aos profissionais da indústria, eles reconheceram a importância de IHC para a qualidade de seus produtos e mostraram interesse em desenvolver parcerias para a incorporação desse tipo de atividades no ciclo de desenvolvimento de seus projetos. 35 Barbosa, Furtado e Gomes (2008), apresenta em seu estudo “Uma Estratégia de Apoio à Institucionalização da Usabilidade em Ambientes de Desenvolvimento Ágil”, seu objetivo era a partir de um conjunto de práticas de usabilidade, institucionalizá-las no processo de desenvolvimento de sistemas da organização, o qual era composto de quatro etapas principais, sendo elas: Jogo do Planejamento, Desenvolvimento, Deploy e Entrega. Depois de aplicada parcialmente esta estratégia utilizando as atividades previstas no plano de melhoria e monitorando a execução das atividades de desenvolvimento, podem- se chegar as seguintes contribuições obtidas: a integração das práticas foi bem “minimalista”; observado o quão era estreita a relação entre IHC e o negócio da organização, foi feita uma aproximação deles, deixando bem claro a importância da usabilidade nas organizações; com a adoção de tais práticas neste trabalho, houve uma maior valorização do profissional; consultores se sentiram apoiados a conduzir a organização, realizando as atividades de prioridade e no monitoramento da motivação e da produtividade das equipes; e para que concretizasse e permanecessem utilizando as práticas de usabilidade inseridas na organização, foi inserida a existência de um gestor em usabilidade, o qual orienta e estimula a equipe de desenvolvimento. Rodrigues e Alves (2011), em seu trabalho “Avaliação da Usabilidade de um Sistema de Informação Acadêmico” realizaram uma avaliação de usabilidade da interface Web de um Sistema de Informação Acadêmico e recomendamelhorias para aumentar sua usabilidade. Primeiramente, aprofundaram-se o conhecimento sobre sistemas de informação e usabilidade, com ênfase para aplicações Web, e posteriormente, foi desenvolvido um questionário e feita uma análise crítica ao sistema para coletar dados sobre o perfil dos usuários, a qualidade de interface, o desempenho do sistema e problemas encontrados no seu uso. Com os resultados obtidos através do questionário e da análise crítica, chegou-se a algumas recomendações de 36 usabilidade a serem feitas no sistema, sendo grande parte delas factíveis de serem adotadas e implementadas em curto prazo. Desenvolvidas estas recomendações, beneficiaria tanto o usuário que ficará mais satisfeito com o sistema, quanto ao responsável pelo sistema que terá um aumento do seu poder competitivo perante aos outros sistemas. Porém, o questionário não foi validado e não realizaram uma pesquisa qualitativa, onde os resultados gerados se encontram em um nível menos aprofundado de detalhes, não atingindo uma visão mais real da importância do sistema para os seus usuários. 37 3 METODOLOGIA Este capítulo descreve a metodologia adotada para a realização deste estudo. Na Seção 3.1 é apresentada a classificação do tipo da pesquisa e na Seção 3.2 são descritos os procedimentos metodológicos utilizados. 3.1 Tipo de pesquisa A classificação da pesquisa deste trabalho se enquadra como uma pesquisa empírica, uma vez que não trabalhamos apenas com teorias e métodos científicos, mas também com aplicações práticas e experiências vividas. Este trabalho se trata da análise da introdução de dois métodos de avaliação de usabilidade no contexto do processo de desenvolvimento de uma empresa, portanto caracteriza um estudo de caso. De acordo com Rampazzo (2002), um estudo de caso é representado através de uma pesquisa descritiva que trabalha sobre dados ou fatos colhidos da própria realidade. Para isto são utilizadas as técnicas de observação, entrevista e questionário. A abordagem será qualitativa, mas também com alguns aspectos quantitativos. No estudo foram coletados dados qualitativos referentes às impressões dos avaliadores sobre os métodos de avaliação utilizados e também foram obtidas as quantidades de problemas em cada método de avaliação e os graus de severidade atribuídos aos problemas. Como houve a atuação do pesquisador no desenvolvimento do trabalho, a pesquisa também tem aspectos de Pesquisa-Ação, pois o pesquisador está mais próximo dos dados, pesquisa-se durante a presença do pesquisado, enquanto ele está vivenciando a situação, com a participação ativa do pesquisador na introdução e condução dos métodos de avaliação utilizados. Esse tipo de método ajuda a entender a experiência pelo qual o sujeito está passando. 38 3.2 Procedimentos Metodológicos 3.2.1 Desenho A pesquisa proposta neste trabalho combina elementos de pesquisa bibliográfica e de estudo de caso com pesquisa-ação. A partir de uma revisão bibliográfica de assuntos pertinentes a aplicação de métodos e técnicas de engenharia de usabilidade em um sistema e com o recolhimento das propostas e contribuições para a solução do problema, foi implementado o conjunto de métodos e técnicas no projeto usado como estudo de caso. Os principais elementos da pesquisa para analisar a aplicação de métodos de Engenharia de Usabilidade no desenvolvimento do sistema Cadastro Ambiental Rural. Pesquisa-ação é uma forma de pesquisa qualitativa que busca modificar o ambiente que está sendo estudado através da ação do pesquisador, onde os participantes não são reduzidos a cobaias e desempenham um papel ativo. Desta forma, neste projeto, foram seguidas as etapas básicas para a realização de uma pesquisa-ação, segundo o framework descrito por WAINER (2007): Infraestrutura cliente-sistema: a definição de um acordo/contrato entre o pesquisador e a organização (ou comunidade) sobre o escopo da pesquisa. Nesta fase foi realizado um diálogo com o responsável pelo laboratório onde foi desenvolvido o software usado no estudo de caso, adquirindo-se uma autorização formal, uma colaboração e discussão com as pessoas envolvidas diretamente no desenvolvimento do sistema. O que foi de fundamental importância para conhecer as várias visões a respeito da atividade de desenvolvimento do sistema como estudo de caso. 39 Diagnóstico a definição conjunta e colaborativa do que é o problema a ser resolvido. Nesta fase, foi realizada a avaliação do estado atual do uso de engenharia de usabilidade e quais são as etapas de desenvolvimento de projetos utilizadas no LEMAF, onde está sendo desenvolvido o sistema usado como estudo de caso. Planejamento da ação é a construção da solução que se espera resolver o problema. De acordo com o diagnóstico desenvolvido, houve um planejamento para selecionar os métodos de Engenharia de Usabilidade que seriam integrados no processo de desenvolvimento do sistema usado como prova de conceito. Tomada da ação é a implantação da solução. A implantação da solução contou com a utilização de um método de inspeção de usabilidade – a Avaliação Heurística de Usabilidade de Nielsen (1993) – com a participação de três membros da organização com experiência em usabilidade e de testes de usabilidade com usuários parte do público-alvo da aplicação. Foram feitos registros sobre o processo de implantação, onde constaram quais foram às dificuldades encontradas, os sucessos obtidos e as observações encontradas durante o processo. Avaliação é a análise/avaliação dos resultados da ação. Analisando os registros obtidos na fase de tomada da ação foi realizada uma avaliação dos resultados da aplicação das técnicas e métodos e análise do impacto da utilização no processo de desenvolvimento, em particular sobre a aceitação e conscientização dos desenvolvedores sobre a importância da 40 realização das avaliações de usabilidade e da correção dos problemas encontrados. Aprendizado é a adaptação das teorias que foram usadas para formular a solução, tendo em vista a avaliação. A partir das lições apreendidas com o processo aplicado, pode-se refletir e discutir melhor sobre a utilização de técnicas de Engenharia de Usabilidade numa organização de desenvolvimento de software com vistas à utilização das técnicas em outros projetos da organização e como base para elaboração de um plano para melhoria das atividades para usabilidade no desenvolvimento de aplicações na organização. 3.2.2 Participantes 3.2.2.1 Entrevista Inicial Primeiramente, na etapa inicial, dois funcionários do LEMAF foram entrevistados para avaliar o estado atual do uso de Engenharia de Usabilidade nos projetos lá desenvolvidos. Ambos do sexo masculino, formados em Ciência da Computação. Um deles atua como líder da equipe de qualidade de software (documentação e testes) e o outro com experiência em desenvolvimento web (com foco quase total em back-end). 3.2.2.2 Avaliação Heurística Participaram da avaliação heurística três colaboradores do LEMAF, dois já formados na Universidade Federal de Lavras em Sistemas de Informação e um ainda em formação em seu curso superior em Sistemas de Informação. 41 Todos já tinham conhecimento básico sobre usabilidade e avaliação heurística, adquiridos na graduação, na disciplina de “Interface Homem Máquina”. O avaliador A1 era do sexo feminino, tinha 24 anos, atuava como analista de sistemas no laboratório e relatou já ter participado duas vezes de avaliações de usabilidade utilizandoavaliações heurísticas. O avaliador A2 era do sexo masculino, tinha 22 anos, e ainda se encontrava em formação, com experiência em testes funcionais, informou que sentiu um pouco de dificuldade em aprender o conjunto de heurísticas. O avaliador A3 também era do sexo masculino, tinha 25 anos, atuava como analista de sistema no laboratório. Possui bastante experiência com usabilidade, sendo a sua principal área de interesse pessoal, na qual desenvolve projetos de interfaces e websites. A sua participação em avaliações heurísticas se deram em trabalhos de faculdade, aplicações práticas em projetos institucionais e em sua monografia. 3.2.2.3 Teste de Usabilidade De acordo com o sistema usado no estudo de caso, os participantes do teste de usabilidade foram os usuários alvo dele, ou seja, proprietários de imóveis rurais. Foram feitos testes com cinco usuários, dos quais quatro são homens e uma mulher. Eles nunca haviam participado de testes de usabilidade em sistemas. O participante P1 tinha 56 anos, trabalha como técnico em agropecuária no Instituto Mineiro de Agropecuária, possui pouca experiência com computador e informou que o utiliza apenas no trabalho. O participante P2 tinha 29 anos, com curso superior, possui bastante experiência com computador e com um nível de dificuldade baixo ao utilizá-lo. 42 O participante P3 era do sexo feminino, de 32 anos, com curso técnico. Ela se declara com experiência razoável com computador, possuindo um nível mais alto de dificuldade na sua utilização e declara utilizá-lo no trabalho, para estudos, lazer e para se comunicar com outras pessoas. O participante P4 tinha 33 anos, não possui formação superior, atua como empresário no ramo de produtos agropecuários. Afirma possuir um nível médio de experiência com computador, o qual o utiliza no trabalho, no lazer, para fazer compras e para se comunicar. O participante P5 tinha 30 anos, não possui formação superior, apenas o Ensino Médio, porém possui bastante experiência com computador. Ele nos informou que se sentiu um pouco desconfortável pelo fato de suas interações com o sistema serem gravadas. De acordo com as idades dos participantes envolvidos no teste de usabilidade, a média foi de 36 anos com desvio padrão de 11,29. 3.2.2.4 Desenvolvedores Participaram do debate, o qual foi relatado todos os problemas encontrados nas avaliações, três responsáveis pelo desenvolvimento do sistema. O desenvolvedor D1 tinha 24 anos, formando em Ciência da Computação, atua como analista de sistemas no LEMAF e possui experiência com desenvolvimento de software há três anos. O desenvolvedor D2 tinha 31 anos, possui curso superior em Ciência da Computação, com experiência há quatro anos e atua como analista de sistemas. O desenvolvedor D3 tinha 24 anos, formado em Sistemas de Informação, atua como analista de sistema, com experiência em desenvolvimento de software. 43 Todos declararam que nunca haviam participado de avaliações de usabilidade e que nunca receberam algum tipo de resultado de avaliação heurística e de teste com usuários de um sistema que eles desenvolveram. 3.2.3 Materiais 3.2.3.1 Sistema O objeto da avaliação foi um sistema desktop para cadastro de propriedades rurais. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um importante instrumento para gerar e integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. Os órgãos ambientais em cada Estado e no Distrito Federal disponibilizarão programa de cadastramento na rede mundial de computadores (internet), destinado à inscrição no CAR, bem como à consulta e acompanhamento da situação de regularização ambiental dos imóveis rurais. Para a utilização deste sistema, foi desenvolvido um acordo assinado pelo gerente de tecnologia da informação do LEMAF, onde o sistema usado no estudo de caso está sendo desenvolvido, autorizando a utilização dele e a realização de algumas atividades, como apresenta no Apêndice A. 3.2.3.2 Roteiros de Entrevistas As informações referentes ao processo de desenvolvimento dos projetos no LEMAF e o uso atual da engenharia de usabilidade, foram colhidas através de entrevistas, mostradas nos Apêndices B e C. Nessas entrevistas foram coletados dados sobre como é o fluxo de atividades realizadas para o desenvolvimento dos sistemas, de que forma são realizados os testes, qual o 44 conhecimento que eles têm de usabilidade, quais as atividades são realizadas para melhorar a usabilidade e qual a sua importância em utilizá-las. 3.2.3.3 Equipamentos Para realizar a avaliação heurística foram utilizados os seguintes equipamentos: um laptop para passar o sistema aos avaliadores; um projetor para projetar a imagem com maior clareza e que fosse possível que todos os avaliadores pudessem acompanhar o processo juntos e uma sala restrita para aplicação da técnica. A realização do teste com usuários contou com a utilização dos equipamentos, tais como: um laptop para que eles pudessem realizar a tarefa de cadastrar um imóvel rural no sistema CAR, com a versão do Windows 7 Ultimate de 64 bits; o próprio sistema CAR já baixado no laptop; a webcam própria do laptop e o software para gravação dos testes o “Morae”, onde realiza a captura nuance da sessão de testes, fornecendo dados concretos e vivos. Os testes com usuários se tornaram muito mais eficientes, uma vez que o morae foi introduzido no mercado. 3.2.3.4 Formulários para Avaliação Heurística Para a realização das avaliações foram utilizadas as heurísticas de Nielsen (1993). Foi disponibilizado para cada participante uma lista com as heurísticas, como descrito no Anexo A. Os problemas de usabilidade e as heurísticas afetadas apontadas por qualquer membro da equipe avaliadora foram registrados na planilha de identificação de problemas de usabilidade, onde consta a localização do problema no sistema, uma descrição dele e as heurísticas aplicadas, disponibilizada no Anexo B. 45 Cada participante recebeu ainda uma planilha para registro da severidade dos problemas, apresentada no Anexo C. Foi feito um formulário de consentimento do participante para que todos os participantes do teste com usuário pudessem assinar informando a sua participação voluntária no teste de usabilidade, como disponível no Apêndice F. 3.2.3.5 Questionários Foram utilizados questionários para coletar informações demográficas, profissionais e também a opinião dos participantes da avaliação heurística sobre o método executado. Estes questionários coletam informações como, idade, sexo, formação acadêmica, experiência em usabilidade, disponível nos Apêndices G e H. Os questionários aplicados para usuários dos testes de usabilidade tiveram objetivo de coletar dados referentes a eles e outro questionário para medir a satisfação dele na utilização do sistema testado. É coletada nestes questionários informações importante como, sexo, idade, formação acadêmica, se já participaram de testes de usabilidade e algumas perguntas sobre a satisfação dos usuários em utilizar este sistema, mostrados nos Apêndices I e J. 3.2.4 Procedimentos Na etapa de Planejamento da Ação, onde houve uma seleção dos tipos de avaliação de usabilidade que seriam utilizados neste trabalho, ficou decidido à utilização de dois destes: Inspeção de Usabilidade, com a utilização do método de “Avaliação Heurística” que é um método tradicional, onde avaliadores examinam aspectos de uma interface visando identificar problemas de usabilidadeatravés de um conjunto de heurísticas (NIELSEN, 1993). 46 E o outro tipo de avaliação de usabilidade, Teste de Usabilidade onde se observa se o usuário real está acessando e executando facilmente as tarefas em uma interface. Também foi utilizado o método “Pensando em voz alta (think aloud)” em que o usuário é solicitado para dizer o que pensa, com isso obtém-se uma resposta melhor do teste, pois seus pensamentos mostram como ele interpretou cada item da interface do sistema (ROCHA e BARANAUSKAS 2003). 3.2.4.1 Procedimentos para Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Bibliográfica, onde foram feitas diversas consultas em outros artigos referentes ao tema do nosso projeto. As fontes a serem consultadas: ACM Digital Library, IEEExplore, Springerlink, Sciencedirect utilizando as palavras chaves , “usability engineering”, “usability industry”, “usability case study”. 3.2.4.2 Entrevista Inicial Para coletar maiores informações sobre como é o desenvolvimento de software no LEMAF e qual o estado atual do uso de técnicas de usabilidade nos seus sistemas, foram feitas algumas entrevistas para saber qual método seria o escolhido para estar aplicando no sistema em questão. Para a realização dessas entrevistas, foi agendado um dia para que eu pudesse me encontrar com os dois entrevistados. No dia da entrevista com o primeiro entrevistado, foi feito um interrogatório com as perguntas já pré-definidas e quando surgiam algumas informações relevantes, ele era interrogado em mais detalhes. Com o segundo entrevistado, o que é experiente em desenvolvimento web, também foi aplicada uma entrevista e quando surgia alguma coisa interessante, este era interrogado em mais detalhes. Ele se sentiu bastante 47 confortável e conversou bastante durante a entrevista e ao final colocou a sua opinião de forma efetiva, dando um maior ganho na obtenção das informações. 3.2.4.3 Treinamento Para que o estudo de caso obtivesse um resultado satisfatório e que pudesse fornecer algo construtivo para o LEMAF, foi realizado um treinamento com três de seus funcionários. Visto que eles tinham contato limitado com questões de usabilidade e que isto era preciso para que todos obtivessem um nível maior de conhecimento para realizar as avaliações, foram apresentados os conceitos e práticas necessárias para a realização da avalição heurística. No treinamento foram apresentados aos participantes os conceitos de usabilidade, interação humano-computador, as heurísticas de Nielsen (1993) e os conceitos de avaliação heurística colaborativa. Para que pudessem consolidar o conhecimento adquirido, os colaboradores participaram de uma avaliação heurística colaborativa, onde avaliaram o site do Jornal do Estado de São Paulo com a utilização do conjunto de heurísticas do Nielsen (1993), disponível no Anexo A. 3.2.4.4 Avaliação Heurística Na Avaliação Heurística Colaborativa, os três participantes se reuniram e avaliaram o sistema de forma colaborativa, a partir de uma tarefa a eles apresentada, para servir de guia para a avaliação, constante no Apêndice D. Uma quarta pessoa ficou responsável por operar o sistema e por registrar os problemas encontrados pelos avaliadores na planilha de identificação dos problemas, sendo todos os problemas encontrados considerados e registrados. Foi informado a eles que no final da avaliação conjunta, cada um receberia a planilha com todos os problemas encontrados e relatados por eles para que pudessem atribuir o grau de severidade que eles acharam para cada 48 problema detectado e para isto foi entregue uma planilha de atribuição individual do grau de severidade dos problemas para cada um. Caso um avaliador considerasse um problema inválido, ele simplesmente atribuía severidade nula para evitar perder tempo com discussões. Concluída as avaliações, os participantes responderam um questionário a fim de obter maiores informações sobre a participação deles na avaliação. 3.2.4.5 Teste com Usuários Para os testes de usabilidade com usuários, foram recrutados usuários foco do sistema, que se enquadram no perfil de proprietários de imóveis rurais. Para a realização dos testes, o modulo off-line do sistema foi instalado no computador, juntamente com o software de gravação de procedimentos, o Morae, onde o usuário pode estar realizando a tarefa a qual foi designada a ele, testando assim a usabilidade do sistema, o quanto de dificuldade ou facilidade ele tem ao utilizar este sistema. A tarefa encontra-se disponível no Apêndice E. Para a realização do Teste com Usuários foram seguidas uma série de etapas: Preparação dos recursos: os testes foram realizados utilizando um laptop; Apresentação da tarefa de teste aos usuários: fornecido aos usuários uma determinada tarefa; Teste: evitar auxiliar os usuários, deixando ao máximo eles se sentirem a vontade para fazer o que quiserem, informando que quem estava sendo testado é o sistema e não eles, e foi pedido para que eles utilizassem a técnica “Think Aloud”, o qual ao utilizar o sistema, eles falassem em voz alta tudo o que estavam pensando; 49 Sessão final: usuários foram convidados a comentar o teste que acabaram de realizar, sugerir mudanças e responder aos questionários; 3.2.5 Análise de Dados Tanto dados qualitativos quanto quantitativos são relevantes na aplicação de um estudo de caso (YIN, 2003). Neste estudo de caso foram utilizados critérios qualitativos e quantitativos para análise de dados. Os critérios são descritos a seguir. A análise qualitativa foi feita considerando as respostas dos questionários relacionados às impressões dos participantes sobre cada tipo de avaliação, utilizada para identificar a adequação de cada método ao ambiente do laboratório usado no estudo. Utilizando de uma análise de conteúdo feita por temas como, evidências de utilização e a observação dos métodos de Engenharia de Usabilidade estudados e as percepções sobre usabilidade da organização através das entrevistas realizadas com o pessoal do laboratório, identificando a aplicabilidade de tais técnicas no laboratório. A análise quantitativa mostrou o número de problemas encontrados que foram relatados pela equipe, tanto na avaliação heurística colaborativa quanto no teste com usuários. Na avaliação heurística, a análise quantitativa da severidade dos problemas foi utilizada para comparar os níveis de severidade dos problemas encontrados. Para determinar a severidade dos problemas encontrados foi utilizada a média aritmética das severidades atribuídas por cada avaliador. No teste com usuário, a análise quantitativa dos problemas encontrados foi feita a partir da revisão dos vídeos gravados durante o teste, gerando uma lista de problemas encontrados por cada um e os seus vídeos clips mostrando onde e o porquê daquele problema encontrado pelo usuário. Foi dada uma 50 classificação a cada problema de acordo com o grau de objeção encontrado pelos usuários, o que impossibilitou a realização de determinadas partes da tarefa. A partir da lista de problemas encontrados, foi realizado um debate, o qual tais problemas foram expostos aos desenvolvedores do LEMAF, responsáveis pelo CAR. Com os problemas relatados em mãos e os vídeos sendo apresentados, eles puderam observar o grau de dificuldade que os usuários tiveram em utilizar o sistema e assim sugerir possíveis soluções para resolver os problemas. 51 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo são descritos os dados obtidos com a realização do processo de implementação de métodos
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