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15 26_Apelação em ação de execução de alimentos extinta sem julgamento de mérito

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Apelação em ação de execução de alimentos extinta sem julgamento de mérito
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível do Foro de Mogi das Cruzes-SP.
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação de Execução de Alimentos
G. G. P. da S., já qualificada, por seu Advogado, que essa subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua João Vicente Amaral, nº 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, onde recebe intimações (e-mail: gediel@gsa.com.br), nos autos do processo que move em face de A. P. da S., vem à presença de Vossa Excelência, não se conformando com a respeitável sentença de fls. 16/18, apelar para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, consoante razões que apresenta anexo.
Requer-se seja o presente recurso recebido e regularmente processado.
Termos em que,
p.deferimento.
Mogi das Cruzes, 00 de novembro de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000
RAZÕES DO RECURSO
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação de Execução de Alimentos
Quarta Vara Cível do Foro de Mogi das Cruzes-SP
Recorrente: G. G. P. da S.
Recorrido: A. P. da S. / o Juízo
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Dos Fatos:
Em 00 de outubro de 0000, a apelante ajuizou ação de execução de alimentos em face de seu genitor, asseverando, em apertada síntese, que ele estava em mora com suas obrigações alimentícias vencidas nos meses de agosto, setembro e outubro de 0000. Requereu, por fim, a citação do executado para que efetuasse o pagamento do débito, vencidas e vincendas (art. 323, CPC), no prazo de 03 (três) dias, sob pena de ser decretada sua prisão civil.
Recebida a exordial, o ilustre Magistrado de primeiro grau determinou a citação do executado, contudo, alguns dias depois ele chamou os autos a conclusão e, por sentença, julgou extinto o processo sem julgamento de mérito.
Em síntese, os fatos.
Do Mérito:
Não obstante o respeito e admiração de que é sabidamente merecedor o ilustre Magistrado de primeiro grau, a r. sentença de fls. 16/18 não representa o melhor direito para o caso submetido ao crivo do Poder Judiciário, razão pela qual deve ser revista.
Argumenta o douto Juiz que faltaria “interesse de agir” à recorrente, visto que em se tratando de execução de título judicial caberia à parte proceder com a execução, parte satisfativa, nos próprios autos; alega, ademais, que deixa de remeter os autos ao juízo competente visto que os presentes autos são digitais e os autos onde foi formado o título são físicos.
Antes de se contra-argumentar a questão principal, pede-se vênia para registrar que até recentemente a Comarca de Mogi das Cruzes contava com o Foro Distrital de Brás Cubas, onde, de fato, foi formado o título judicial, qual seja, sentença proferida nos autos do Processo no 482/08, com trâmite na 1ª Vara Distrital de Brás Cubas. Entretanto, o referido Foro foi extinto pela Lei Complementar nº 1.254, de 14 de outubro de 2014, passando suas varas a integrar a Comarca de Mogi das Cruzes. Neste sentido o art. 1º da referida Lei, in verbis:
“Artigo 1º Fica extinto o Foro Distrital de Brás Cubas, passando suas Varas a integrar a Comarca de Mogi das Cruzes.
Parágrafo único. A competência das Varas será estabelecida por resolução do Órgão Especial”. 
Ora, extinto o antigo Foro de Brás Cubas e não tendo ainda ocorrido a redistribuição de seu acervo; não se tendo, da mesma forma, estabelecida a competência de suas antigas varas, não restava à recorrente outra atitude senão a de distribuir livremente a presente execução de alimentos.
Sabe muito bem o douto Juiz de primeiro grau que as execuções de alimentos não mais tramitam ordinariamente nos autos originais, mas são distribuídas como ações autônomas (autos próprios ou apartados). Não é o caso de se relembrar, ou se discutir, as razões pelas quais assim se passou agir, visto que o “fato” é que assim se convencionou na Justiça Paulista, tanto isso é verdade, que este tipo de ação tem item próprio no sistema e-SAJ (“classe do processo” – 1112 – execução de alimentos).
Na verdade, é difícil que um Magistrado aceite que o credor peça a execução de alimentos nos próprios autos (cumprimento da sentença); quando isso ocorre, situação das mais raras, o comum é que se determine a distribuição autônoma (por dependência, quando a distribuição ocorre na mesma Comarca onde foi formado o título judicial).
Em voto proferido no julgamento do Agravo de Instrumento nº 0201175-02.2010.8.26.0000, o Desembargador FORTES BARBOSA observou que “a decisão recorrida não negou a aplicação das regras rituais previstas na Lei 11.232/05, mas, isso sim, determinou seja providenciada a formação separada de autos e a distribuição por dependência; as providências ordenadas dizem respeito apenas à organização do serviço judiciário e não trazem prejuízo aos agravantes; pretende-se, evidentemente, racionalizar a atividade cartorária e evitar a caótica sobreposição de execuções nos mesmos autos”.
É claro que o douto Magistrado de primeiro grau não ignora tais fatos, visto que na sua vara (Quarta Vara Cível do Foro de Mogi das Cruzes-SP), tramitam centenas, quiçá milhares, de processos autônomos de execução de alimentos (autos apartados). Ora, se este é o padrão na vara da qual é titular, por qual razão então extinguiu ele a presente execução?
Claramente não é porque ele acredita que a execução de alimentos deve ocorrer nos mesmos autos onde foi formado o título executivo (apesar de sua declaração expressa neste sentido na sentença recorrida), visto que assim não se faz ordinariamente na sua própria vara.
Talvez o ilustre Juiz esteja inconformado com a extinção abrupta do Antigo Foro de Brás Cubas e determinar de forma desarrazoada que a execução de alimentos proposta pela recorrente ocorra nos próprios autos em que foi homologado o acordo de alimentos seja a sua maneira de mostrar este inconformismo com o súbito aumento de trabalho das varas do Foro de Mogi das Cruzes, mormente em razão do fato de ainda não se ter estabelecida a competência das antigas varas daquele foro.
Se esse é o caso, a recorrente tem muito que lamentar. Veja-se, a execução envolve os direitos de uma criança pobre que se encontra abandonada materialmente pelo próprio pai; mesmo que fosse possível, e necessária, a execução nos autos originais, e não o é, visto que a 1ª Vara Distrital de Brás Cubas “não mais existe”, a parte teria que esperar meses pelo simples desarquivamento dos autos (esta, com certeza, é uma das razões pelas quais se passou a se aceitar ações autônomas de execução de alimentos; outra, sem dúvida, eram os volumes enormes que se formavam em razão da repetição de ações sucessivas).
Não se pode crer que o Magistrado de primeiro grau tenha optado por fazer política justamente em processo que trata de assunto tão delicado, que envolve uma criança carente. Se não está fazendo política, ele está, ao menos, esquecendo qual é o papel do Poder Judiciário. Veja-se a lição, sobre o tema, do mestre CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO:
“Não basta afirmar o caráter instrumental do processo sem praticá-lo, ou seja, sem extrair desse princípio fundamental e da sua afirmação os desdobramentos teóricos e práticos convenientes. Pretende-se que em torno do princípio da instrumentalidade do processo se estabeleça um novo método do pensamento do processualista e do profissional do foro. O que importa acima de tudo é colocar o processo no seu devido lugar, evitando os males do exagerado processualismo e ao mesmo tempo cuidar de predispor o processo e seu uso de modo tal que os objetivos sejam convenientemente conciliados e realizados tanto quanto possível. O processo há de ser, neste contexto, instrumento eficaz para o acesso a ordem jurídica justa” (A instrumentalidade do processo, Malheiros, 2001).
As palavras do professor Dinamarco ganham muito mais importância ao se observar que o presente feito trata de “execução de alimentos”. Com efeito, MARIA BERENICE DIAS declara, discorrendo sobre a importância deste tema, que:
“A obrigação alimentar é, com certeza, se não o mais,
um dos mais importantes encargos previsto no ordenamento jurídico, tanto que merece proteção constitucional superior ao direito à liberdade. Como os alimentos visam a assegurar a sobrevivência, a garantia do seu adimplemento se fundamenta em um punhado de princípios que resguardam o respeito à dignidade humana. Daí a necessidade de se aplicar a legislação mais eficaz, os procedimentos mais céleres, de modo a assegurar ao credor, do modo mais ágil possível, o direito mais sagrado: o direito à vida”. (“O Cumprimento da Sentença e a Execução de Alimentos”, Maria Berenice Dias e Roberta Vieira Larratéa, http://www.mariaberenice.com.br/uploads/33_o_cumprimento_da_senten%E7a_e_a_execu%E7%E3o_de_alimentos.pdf).
Tratando de questão semelhante, a ilustre Desembargadora MARY GRÜN, deste Egrégio Tribunal, declarou que 
“a atuação dos magistrados deve orientar-se pelos princípios da eficiência, instrumentalidade e razoabilidade; processo eficiente é aquele conduzido de acordo com as boas técnicas de gestão que buscam extrair o máximo de resultado de um determinado meio, usando o menor gasto possível; não há razão, portanto, para obstar a continuidade desta ação de execução, priorizando-se, assim, a eficiência e instrumentalidade do processo” (Apelação nº 0002751-10.2013.8.26.019, 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, DJ 01.10.2014).
De qualquer forma, os procedimentos adotados pela recorrente não merecem qualquer reparo. Diante da inadimplência do alimentante, ela preparou ação autônoma de execução de alimentos, como é de praxe e regular na justiça paulista; depois, ela distribuiu livremente a referida ação junto ao Foro de Mogi das Cruzes, visto que o Antigo Foro de Brás Cubas simplesmente não mais existe.
Do Pedido:
Ante o exposto, requer-se seja provido o presente recurso de apelação, reformando-se a r. sentença de primeiro grau, com escopo receber a inicial de execução, determinando-se a citação do executado nos termos formulados na petição inicial.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes / São Paulo, 00 de novembro de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000

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