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Recurso Inominado JEF

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EXMO. SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL 
FEDERAL CIVEL DE BELÉM -PA. 
 
 
 
Proc. nº xxxxxxxxxxxxxxxxx 
 
 
 
 
JOSÉ COSTA, já devidamente qualificado, no processo epígrafe, que move em face de 
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, devidamente qualificada nos autos, vêm a presença de Vossa 
Excelência, no prazo legal e por sua advogada que esta subscreve, não se conformando, data 
vênia, com a respeitável sentença exarada nos autos, e com fundamento no art. 41° da Lei 
9.099/1995 e art. 5° da Lei 10.259/2001, interpor RECURSO INOMINADO para a TURMA 
RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL, requerendo que o Douto Juiz admita o apelo 
em anexo e cumpridas as formalidades legais, ordene a remessa dos autos virtuais àquela 
Turma como de direito e justiça. 
 
 
 
Belém - PA, 10 de junho de 2019. 
 
 
 
 
Ana Paula Machado 
OAB/PA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA BELÉM – PA. 
 
 
 
Proc. nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 
8ª Vara do Juizado Especial Cível 
Recorrente: José Costa 
Advogada: Ana Paula Machado – OAB/PA 
Recorrida: Caixa Econômica Federal 
Advogado: 
 
 
Sob o pálio da gratuidade judiciária 
 
 
Colenda Turma 
Eméritos Julgadores 
 
 
DAS RAZÕES PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO 
 
 
DOS FATOS 
Em agosto de 2018, o recorrente ingressou com a ação de restituição de valores c/c 
dano moral em face da recorrida Caixa Econômica Federal, após tentativas de resolução no 
âmbito administrativo, sobre 3 saques indevidos em sua conta poupança nº 00000, Op. 013, 
Agencia 00, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). 
 
Rejeitada a conciliação, ocorrida no dia outubro de 2018, a recorrida apresentou 
contestação alegando que visto as assinaturas contestadas do comprovante de saque, 
juntadas aos autos pelo próprio autor da ação, são idênticas às apresentadas na ficha de 
autógrafos de sua conta. E ainda argumenta que por não haver ato ilícito praticado, não há que 
se falar em dano moral. 
 
Impugnando pela contestação, o recorrente argumenta sobre a necessidade de perícia 
grafotécnica que comprove o alegado e ainda questiona o fato de ter solicitado as copias das 
filmagens ao gerente da agencia, com menos de 30 dias do ocorrido e não obteve êxito, 
alegando o gerente que não estavam disponíveis. 
 
 
 
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A recorrida deixou de se pronunciar a respeito da inexistência de comprovante de 
retirada de saque realizado no dia 09/04/2018 no valor de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos 
reais). 
 
Decidiu o MM Juiz, em 20/02/2019, despachando nos autos: 
 
“Converto o julgamento do feito em diligência. 
Trata-se de ação de restituição de valores, cumulada com indenização por dano 
moral em que a parte autora afirma ter sido efetuados indevidamente 3 (três) 
saques da sua conta poupança, no mês de abril/2018, perfazendo o total de 
8.200,00 (oito mil e duzentos reais). 
Em contestação, a CEF requer a improcedência da ação alegando que a 
assinatura no comprovante de saque é idêntica às assinaturas opostas na ficha 
de autógrafos elaborada no momento da abertura da conta do autor. 
Diante da controvérsia existente quanto à assinatura do autor, 
encaminhem-se os autos para a Central de Perícias para realização de 
perícia grafotécnica nas assinaturas apostas nos documentos 
COMPROVANTE DE GUIA DE RETIRADA, anexadas aos autos em 
27/07/2018, atribuídas ao autor CLEBER COSTA. Após a realização da 
perícia, intimem-se às partes. Em seguida, conclusos.” 
 
Em 13/03/2019, o perito junta aos autos a seguinte informação: 
 
“Venho por intermédio deste meio de comunicação, respeitosamente, informar a 
V. S.ª, que apesar de muito honrado com a designação, neste momento 
encontro-me impossibilitado de exercer o encargo em comento, em razão de 
estar com várias demandas periciais da Assistência Judiciária Gratuita - 
AJG, o que inviabiliza a aceitação para atuar como Perito Judicial nos 
autos do Processo n.º xxxxxxxxxxxxxxxxx. Dessa forma, apresento minhas 
sinceras escusas e fico à disposição deste Juízo para maiores esclarecimentos, 
assim como a para atuar como Perito Judicial, quando atender as demandas 
periciais a que fui nomeado. Isto posto, requeiro a dispensa do encargo e a 
juntada desta aos autos do processo para tornar ciente ao juízo e as partes 
interessadas e, para os devidos fins de direito. Atenciosamente, João Lurine 
Perito Judicial” 
 
Por fim, o recorrente é surpreendido com a publicação de sentença no seguinte teor, da 
fundamentação: 
 
”(...) FUNDAMENTAÇÃO: Inicialmente, pontuo que a relação estabelecida entre 
as partes enquadra-se no conceito de relação de consumo, em que se busca a 
responsabilidade civil do fornecedor pelo defeito no fornecimento de serviço, de 
sorte que merece ser analisada sob a égide da disciplina consumerista, 
consoante dicção dos artigos 2º, caput, 3º, § 2º e 14, § 1º, da Lei nº 8.078/90, 
bem como da súmula nº 297, do STJ. 
As relações contratuais e extracontratuais entre o consumidor e o fornecedor de 
serviços fundam-se na teoria do risco do empreendimento, segundo a qual, todo 
aquele que se dispõe a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de 
bens e serviços, tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do 
 
 
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empreendimento independentemente de culpa, sendo cabível, desse modo, a 
indenização de seus clientes, considerando que nesses casos a 
responsabilidade é objetiva, consoante preconiza o art. 14 do Código de Defesa 
do Consumidor. 
Nessa senda, para que surja o dever de indenizar, deve-se comprovar a 
prestação defeituosa do serviço praticado pelo infrator, o dano material ou moral 
experimentado pela vítima e o nexo de causalidade entre um e outro. Não há 
que se perquirir quanto à existência de culpa, de maneira que o causador do 
dano só se exime da responsabilidade se provar: a) inexistência de defeito na 
prestação do serviço; b) fato exclusivo do consumidor ou de terceiro; ou c) a 
ocorrência de caso fortuito ou força maior. Em tais hipóteses, estará excluído o 
nexo causal necessário à responsabilização. 
No caso em testilha, a questão da prova, mais precisamente do ônus da prova, 
assume relevância. Ao alegar que não realizou os saques em sua conta 
poupança (fato negativo) normalmente o autor transfere a instituição financeira o 
dever de provar que os saques foram realizados pelo próprio autor ou pessoa 
por ele devidamente autorizada. 
Além disso, princípio da aptidão para a prova aponta no sentido de que a ré 
possui ou ao menos deveria possuir meios adequados de demonstrar a 
regularidade do levantamento dos valores contestados pelo autor. 
Ladooutro, considerando que se trata de alegação de saques fraudulentos ao 
autor deve ser exigido diligências que evidenciem ter buscado resguardar seu 
direito. Neste sentido, consta nos autos ocorrência policial e contestação perante 
a ré da não realização dos saques. 
Em contestação a ré apresentou a ficha de autógrafos do Autor que, aduzindo 
que as assinaturas realizadas na ocasião dos saques são idênticas. Inclusive, 
converge com os contra recibos acostados aos autos pelo próprio Requerente, 
os quais possuem semelhança com seus documentos de identidade e com a 
procuração anexada aos Autos. 
Pois bem, atento as circunstâncias do ocorrido, não assiste razão a autora. 
A despeito da não realização de perícia grafotécnica, circunstância que impede 
deste juízo afirmar com total segurança que as assinaturas apostas durante os 
saques sejam mesmo da autora, apesar da semelhança não poder ser ignorada, 
há outros elementos de convicção que permitem afastar as alegações da autora. 
De fato, a partir do extrato da conta poupança em questão é possível identificar 
uma regularidade de operações durante o mês de abril, sobretudo por meio de 
cartão e senha, efetuadas perante o caixa 24 horas. Tais operações continuaram 
sendo realizadas durante todo o mês de abril, inclusive após os saques 
questionados, sem que a autora se preocupasse em consultar os valores na 
referida conta. Além disso, nota-se que os saques eram realizados quase 
imediatamente após o crédito de valores na conta da autora, mas não abrangiam 
todos os valores. Como se trata de alegação de fraude não é razoável admitir 
que os saques tenham sido efetuados da forma como foram, sem que a pessoa 
que o realizou estivesse em posse de todos os dados da autora, sabendo 
exatamente quando tais recursos estariam disponíveis. Tais as circunstâncias, 
resta prejudicada a verossimilhança das alegações da autora, e por 
consequência, nego também a transferência do ônus da prova para a parte ré. 
Entendo, portanto, que a alegada fraude (fato constitutivo do direito do autor) 
não foi devidamente comprovada, arcando o requerente com o ônus da não 
comprovação da causa petendi. Nesse contexto, considerando o que foi 
explanado, não merecem prosperar os pedidos da Parte Autora. DISPOSITIVO: 
 
 
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Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, nos termos do art. 487, I, do 
CPC. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita. Sem custas e sem 
honorários nesta instância, consoante previsão do art. 55, caput, da Lei nº 
9.099/95. 
 
Sentença improcedente, silenciando e contrariando ao próprio despacho dos autos que 
determinava a prova técnica, prolatada sem a devida intimação da impossibilidade do perito 
realizar a perícia grafotécnica determinada pelo juízo. 
 
PRELIMINARMENTE 
a) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
Cabe ratificar que o devido processo, correu sobre o pálio da gratuidade judiciaria. Por 
força do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal que garante a assistência judiciaria gratuita, 
juntamente com no artigo 4º e seguintes da Lei 1.060/50, sendo o benefício da Gratuidade de 
Justiça em prol do autor, vez que conforme declaração, o mesmo não possui meios de arcar 
com as custas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. 
 
Sendo assim, pede dispensa de preparo do recurso. 
 
 
b) DA NULIDADE DA SENTENÇA 
O art. 38 da Lei 9.099/95 determina que a sentença proferida nos juizados “mencionará 
os elementos de convicção do juiz ...”. Tal preceito vem em socorro ao Princípio da Valoração 
da Prova, já que em suas palavras o Douto Magistrado arguiu, ao deferir o pedido de prova 
pericial, que “... Diante da controvérsia existente quanto à assinatura do autor, encaminhem-se 
os autos para a Central de Perícias para realização de perícia grafotécnica nas assinaturas 
apostas nos documentos ...” 
 
Ímpetos julgadores, no artigo 371 do NCPC “o juiz apreciará a prova constante dos 
autos independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da 
formação de seu convencimento”, contradizendo seu próprio argumento que primeiramente 
reconheceu a controvérsia e converteu o julgamento em diligencia, a qual não acorreu. 
 
Ocorre que, o perito justificou a impossibilidade de realização da perícia por estar com 
várias demandas periciais da Assistência Judiciária Gratuita, e no curso do processo não foi 
intimado o autor a cerca da possibilidade de arcar com as custas processuais da perícia, o que 
certamente teria feito. 
 
Os fatos alegados e a devida consideração diante da produção de provas, garante ao 
juiz um poder discricionário de, conforme seus critérios pessoais, dizer quais provas são ou 
não capazes de formar o seu convencimento, e este apontou no processo a necessidade da 
perícia grafotécnica para que fosse comprovado a alegação de falsidade arguida pelo autor. 
 
 
 
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O Novo CPC traz um modelo processual cooperativo, de acordo com o art. 6º deste 
diploma, o juiz e as partes atuam juntos, de forma cooparticipativa, na construção em 
contraditório do resultado do processo, busca-se um fim comum: um processo justo. Assim, 
não seria compatível com este modelo um juiz passivo, que se limite a valorar as provas que as 
partes produzem, devendo se valer de meios de prova que poderão ser produzidos no curso do 
processo e garantindo a ampla defesa e o contraditório. 
 
A valoração da prova, objetiva encontrar a verdade através dos elementos de prova a 
ele fornecidos. E como não pode haver duas verdades, cabe ao juiz encontrar esta verdade 
para que se produza uma decisão correta e justa. 
O autor está longe de litigar de ma-fé, busca pelo que é seu por direito, a descoberta 
da verdade é através da prova, que no caso em concreto se daria pela perícia realizada nos 
documentos acostados aos autos e que mesmo assim ainda seria insuficiente já que falta um 
dos recibos de saque. 
 
Desta forma, nobres julgadores, a sentença aqui recorrida não merece prosperar, visto 
que está obstinada por vicio processual, qual seja, descumprimento da decisão de converter o 
julgamento em diligencia que não foi realizada e com a ausência de intimação de ciência ao 
autor. 
 
 A informalidade do Juizado Especial não pode servir de desculpa para que os direitos 
do recorrente sejam atropelados e ignorados. A respeitável sentença, ora impugnada, não 
reúne, data vênia, os mínimos requisitos para amparar uma decisão sobe os fundamentos de 
suposições de movimentação da conta poupança do autor, estando maculada em sua 
formalidade, razão pela qual deve ser declarada nula. 
 
2 – DO DIREITO 
A defesa de mérito, se a tanto chegar-se, encontra-se irremediavelmente prejudicada, 
em razão da sentença trazer elementos fáticos entranhados de suposições e com ausência de 
fundamentação, sobre a movimentação, saldo e afins da conta poupança do autor, que diz 
somente respeito a ele mesmo, não podendo ser tida como prova crucial para a referida 
decisão. 
 
Considerando que a fundamentação do Magistrado a quo se fez pelo reconhecimento 
da relação de consumo, elencando os dispositivos art. 2º, caput, 3º, § 2º e 14, § 1º, da Lei nº 
8.078/90, bem como da súmula nº 297, do STJ, seria congruente que acatasse a inversão doônus da 
prova, o que não o fez, contrariando o diploma legal base de sua fundamentação, qual seja, o Código 
de Defesa do Consumidor. 
 
Versa o artigo 6º do CDC que: 
 
“São direitos básicos do consumidor: 
 
 
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Inciso VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 
ônus da prova, a seu favor no processo civil, quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras 
ordinárias de experiencia” 
 
Nobres, não foi honroso com sua decisão, o douto magistrado, quando nega ao autor a 
inversão do ônus da prova, sendo ele a parte hipossuficiente para produzi-las além das já 
acostadas nos autos. Como poderia o mesmo comprovar a falsidade de assinatura, se não 
pela pericia !!?? Para além disso a recorrida, nem ao menos se deu ao trabalho de juntar os 
recibos de saque, juntou apenas a ficha de autógrafos do autor desta ação e nem ao menos se 
pronunciou quanto a inexistência das filmagens da câmera de segurança. 
 
Silencia e contradiz, a ausência da perícia por ele deferida, quando diz que, in verbis: 
“A despeito da não realização de perícia grafotécnica, circunstância que impede deste 
juízo afirmar com total segurança que as assinaturas apostas durante os saques sejam 
mesmo da autora, apesar da semelhança não poder ser ignorada, há outros elementos 
de convicção que permitem afastar as alegações da autora”. 
 
Por estes motivos de fatos e de direito é que se requer a anulação do feito. 
Reformando a sentença no todo em favor do recorrente. 
 
DOS PEDIDOS 
Isto posto, aguarda o Recorrente, serenamente, a decisão dessa Turma Recursal, 
requerendo o acolhimento do presente recurso, a manutenção da gratuidade judiciaria, para: 
 
a) Decidirem por decretar a nulidade da r.sentença, determinando então que seja 
realizada a pericia grafotécnica nos termos do despacho que determina a diligencia 
nos autos, devidamente intimado o autor. 
 
b) Ou ainda que proceder à reforma da r.sentença a fim de ajustá-la ao melhor direito, 
reformando-a para conceder procedência ao pedido com a condenação da parte 
recorrida em restituir o valor total de R$ 8.200,00 (oito mil e duzentos reais), 
atualizado com juros e correção monetária, já que se trata de uma conta poupança. 
 
 
Termos em que, 
Pedem deferimento. 
Belém, 10 de junho de 2019. 
 
 
Ana Paula Machado 
OAB-PA

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