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_____________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ E-mail: anapaulamachado.adv@outlook.com Telefones: 091-98297-8464 EXMO. SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CIVEL DE BELÉM -PA. Proc. nº xxxxxxxxxxxxxxxxx JOSÉ COSTA, já devidamente qualificado, no processo epígrafe, que move em face de CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, devidamente qualificada nos autos, vêm a presença de Vossa Excelência, no prazo legal e por sua advogada que esta subscreve, não se conformando, data vênia, com a respeitável sentença exarada nos autos, e com fundamento no art. 41° da Lei 9.099/1995 e art. 5° da Lei 10.259/2001, interpor RECURSO INOMINADO para a TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL, requerendo que o Douto Juiz admita o apelo em anexo e cumpridas as formalidades legais, ordene a remessa dos autos virtuais àquela Turma como de direito e justiça. Belém - PA, 10 de junho de 2019. Ana Paula Machado OAB/PA _____________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ E-mail: anapaulamachado.adv@outlook.com Telefones: 091-98297-8464 EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA BELÉM – PA. Proc. nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 8ª Vara do Juizado Especial Cível Recorrente: José Costa Advogada: Ana Paula Machado – OAB/PA Recorrida: Caixa Econômica Federal Advogado: Sob o pálio da gratuidade judiciária Colenda Turma Eméritos Julgadores DAS RAZÕES PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DOS FATOS Em agosto de 2018, o recorrente ingressou com a ação de restituição de valores c/c dano moral em face da recorrida Caixa Econômica Federal, após tentativas de resolução no âmbito administrativo, sobre 3 saques indevidos em sua conta poupança nº 00000, Op. 013, Agencia 00, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Rejeitada a conciliação, ocorrida no dia outubro de 2018, a recorrida apresentou contestação alegando que visto as assinaturas contestadas do comprovante de saque, juntadas aos autos pelo próprio autor da ação, são idênticas às apresentadas na ficha de autógrafos de sua conta. E ainda argumenta que por não haver ato ilícito praticado, não há que se falar em dano moral. Impugnando pela contestação, o recorrente argumenta sobre a necessidade de perícia grafotécnica que comprove o alegado e ainda questiona o fato de ter solicitado as copias das filmagens ao gerente da agencia, com menos de 30 dias do ocorrido e não obteve êxito, alegando o gerente que não estavam disponíveis. _____________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ E-mail: anapaulamachado.adv@outlook.com Telefones: 091-98297-8464 A recorrida deixou de se pronunciar a respeito da inexistência de comprovante de retirada de saque realizado no dia 09/04/2018 no valor de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais). Decidiu o MM Juiz, em 20/02/2019, despachando nos autos: “Converto o julgamento do feito em diligência. Trata-se de ação de restituição de valores, cumulada com indenização por dano moral em que a parte autora afirma ter sido efetuados indevidamente 3 (três) saques da sua conta poupança, no mês de abril/2018, perfazendo o total de 8.200,00 (oito mil e duzentos reais). Em contestação, a CEF requer a improcedência da ação alegando que a assinatura no comprovante de saque é idêntica às assinaturas opostas na ficha de autógrafos elaborada no momento da abertura da conta do autor. Diante da controvérsia existente quanto à assinatura do autor, encaminhem-se os autos para a Central de Perícias para realização de perícia grafotécnica nas assinaturas apostas nos documentos COMPROVANTE DE GUIA DE RETIRADA, anexadas aos autos em 27/07/2018, atribuídas ao autor CLEBER COSTA. Após a realização da perícia, intimem-se às partes. Em seguida, conclusos.” Em 13/03/2019, o perito junta aos autos a seguinte informação: “Venho por intermédio deste meio de comunicação, respeitosamente, informar a V. S.ª, que apesar de muito honrado com a designação, neste momento encontro-me impossibilitado de exercer o encargo em comento, em razão de estar com várias demandas periciais da Assistência Judiciária Gratuita - AJG, o que inviabiliza a aceitação para atuar como Perito Judicial nos autos do Processo n.º xxxxxxxxxxxxxxxxx. Dessa forma, apresento minhas sinceras escusas e fico à disposição deste Juízo para maiores esclarecimentos, assim como a para atuar como Perito Judicial, quando atender as demandas periciais a que fui nomeado. Isto posto, requeiro a dispensa do encargo e a juntada desta aos autos do processo para tornar ciente ao juízo e as partes interessadas e, para os devidos fins de direito. Atenciosamente, João Lurine Perito Judicial” Por fim, o recorrente é surpreendido com a publicação de sentença no seguinte teor, da fundamentação: ”(...) FUNDAMENTAÇÃO: Inicialmente, pontuo que a relação estabelecida entre as partes enquadra-se no conceito de relação de consumo, em que se busca a responsabilidade civil do fornecedor pelo defeito no fornecimento de serviço, de sorte que merece ser analisada sob a égide da disciplina consumerista, consoante dicção dos artigos 2º, caput, 3º, § 2º e 14, § 1º, da Lei nº 8.078/90, bem como da súmula nº 297, do STJ. As relações contratuais e extracontratuais entre o consumidor e o fornecedor de serviços fundam-se na teoria do risco do empreendimento, segundo a qual, todo aquele que se dispõe a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de bens e serviços, tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do _____________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ E-mail: anapaulamachado.adv@outlook.com Telefones: 091-98297-8464 empreendimento independentemente de culpa, sendo cabível, desse modo, a indenização de seus clientes, considerando que nesses casos a responsabilidade é objetiva, consoante preconiza o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. Nessa senda, para que surja o dever de indenizar, deve-se comprovar a prestação defeituosa do serviço praticado pelo infrator, o dano material ou moral experimentado pela vítima e o nexo de causalidade entre um e outro. Não há que se perquirir quanto à existência de culpa, de maneira que o causador do dano só se exime da responsabilidade se provar: a) inexistência de defeito na prestação do serviço; b) fato exclusivo do consumidor ou de terceiro; ou c) a ocorrência de caso fortuito ou força maior. Em tais hipóteses, estará excluído o nexo causal necessário à responsabilização. No caso em testilha, a questão da prova, mais precisamente do ônus da prova, assume relevância. Ao alegar que não realizou os saques em sua conta poupança (fato negativo) normalmente o autor transfere a instituição financeira o dever de provar que os saques foram realizados pelo próprio autor ou pessoa por ele devidamente autorizada. Além disso, princípio da aptidão para a prova aponta no sentido de que a ré possui ou ao menos deveria possuir meios adequados de demonstrar a regularidade do levantamento dos valores contestados pelo autor. Ladooutro, considerando que se trata de alegação de saques fraudulentos ao autor deve ser exigido diligências que evidenciem ter buscado resguardar seu direito. Neste sentido, consta nos autos ocorrência policial e contestação perante a ré da não realização dos saques. Em contestação a ré apresentou a ficha de autógrafos do Autor que, aduzindo que as assinaturas realizadas na ocasião dos saques são idênticas. Inclusive, converge com os contra recibos acostados aos autos pelo próprio Requerente, os quais possuem semelhança com seus documentos de identidade e com a procuração anexada aos Autos. Pois bem, atento as circunstâncias do ocorrido, não assiste razão a autora. A despeito da não realização de perícia grafotécnica, circunstância que impede deste juízo afirmar com total segurança que as assinaturas apostas durante os saques sejam mesmo da autora, apesar da semelhança não poder ser ignorada, há outros elementos de convicção que permitem afastar as alegações da autora. De fato, a partir do extrato da conta poupança em questão é possível identificar uma regularidade de operações durante o mês de abril, sobretudo por meio de cartão e senha, efetuadas perante o caixa 24 horas. Tais operações continuaram sendo realizadas durante todo o mês de abril, inclusive após os saques questionados, sem que a autora se preocupasse em consultar os valores na referida conta. Além disso, nota-se que os saques eram realizados quase imediatamente após o crédito de valores na conta da autora, mas não abrangiam todos os valores. Como se trata de alegação de fraude não é razoável admitir que os saques tenham sido efetuados da forma como foram, sem que a pessoa que o realizou estivesse em posse de todos os dados da autora, sabendo exatamente quando tais recursos estariam disponíveis. Tais as circunstâncias, resta prejudicada a verossimilhança das alegações da autora, e por consequência, nego também a transferência do ônus da prova para a parte ré. Entendo, portanto, que a alegada fraude (fato constitutivo do direito do autor) não foi devidamente comprovada, arcando o requerente com o ônus da não comprovação da causa petendi. Nesse contexto, considerando o que foi explanado, não merecem prosperar os pedidos da Parte Autora. DISPOSITIVO: _____________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ E-mail: anapaulamachado.adv@outlook.com Telefones: 091-98297-8464 Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, nos termos do art. 487, I, do CPC. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita. Sem custas e sem honorários nesta instância, consoante previsão do art. 55, caput, da Lei nº 9.099/95. Sentença improcedente, silenciando e contrariando ao próprio despacho dos autos que determinava a prova técnica, prolatada sem a devida intimação da impossibilidade do perito realizar a perícia grafotécnica determinada pelo juízo. PRELIMINARMENTE a) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA Cabe ratificar que o devido processo, correu sobre o pálio da gratuidade judiciaria. Por força do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal que garante a assistência judiciaria gratuita, juntamente com no artigo 4º e seguintes da Lei 1.060/50, sendo o benefício da Gratuidade de Justiça em prol do autor, vez que conforme declaração, o mesmo não possui meios de arcar com as custas do processo, sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Sendo assim, pede dispensa de preparo do recurso. b) DA NULIDADE DA SENTENÇA O art. 38 da Lei 9.099/95 determina que a sentença proferida nos juizados “mencionará os elementos de convicção do juiz ...”. Tal preceito vem em socorro ao Princípio da Valoração da Prova, já que em suas palavras o Douto Magistrado arguiu, ao deferir o pedido de prova pericial, que “... Diante da controvérsia existente quanto à assinatura do autor, encaminhem-se os autos para a Central de Perícias para realização de perícia grafotécnica nas assinaturas apostas nos documentos ...” Ímpetos julgadores, no artigo 371 do NCPC “o juiz apreciará a prova constante dos autos independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento”, contradizendo seu próprio argumento que primeiramente reconheceu a controvérsia e converteu o julgamento em diligencia, a qual não acorreu. Ocorre que, o perito justificou a impossibilidade de realização da perícia por estar com várias demandas periciais da Assistência Judiciária Gratuita, e no curso do processo não foi intimado o autor a cerca da possibilidade de arcar com as custas processuais da perícia, o que certamente teria feito. Os fatos alegados e a devida consideração diante da produção de provas, garante ao juiz um poder discricionário de, conforme seus critérios pessoais, dizer quais provas são ou não capazes de formar o seu convencimento, e este apontou no processo a necessidade da perícia grafotécnica para que fosse comprovado a alegação de falsidade arguida pelo autor. _____________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ E-mail: anapaulamachado.adv@outlook.com Telefones: 091-98297-8464 O Novo CPC traz um modelo processual cooperativo, de acordo com o art. 6º deste diploma, o juiz e as partes atuam juntos, de forma cooparticipativa, na construção em contraditório do resultado do processo, busca-se um fim comum: um processo justo. Assim, não seria compatível com este modelo um juiz passivo, que se limite a valorar as provas que as partes produzem, devendo se valer de meios de prova que poderão ser produzidos no curso do processo e garantindo a ampla defesa e o contraditório. A valoração da prova, objetiva encontrar a verdade através dos elementos de prova a ele fornecidos. E como não pode haver duas verdades, cabe ao juiz encontrar esta verdade para que se produza uma decisão correta e justa. O autor está longe de litigar de ma-fé, busca pelo que é seu por direito, a descoberta da verdade é através da prova, que no caso em concreto se daria pela perícia realizada nos documentos acostados aos autos e que mesmo assim ainda seria insuficiente já que falta um dos recibos de saque. Desta forma, nobres julgadores, a sentença aqui recorrida não merece prosperar, visto que está obstinada por vicio processual, qual seja, descumprimento da decisão de converter o julgamento em diligencia que não foi realizada e com a ausência de intimação de ciência ao autor. A informalidade do Juizado Especial não pode servir de desculpa para que os direitos do recorrente sejam atropelados e ignorados. A respeitável sentença, ora impugnada, não reúne, data vênia, os mínimos requisitos para amparar uma decisão sobe os fundamentos de suposições de movimentação da conta poupança do autor, estando maculada em sua formalidade, razão pela qual deve ser declarada nula. 2 – DO DIREITO A defesa de mérito, se a tanto chegar-se, encontra-se irremediavelmente prejudicada, em razão da sentença trazer elementos fáticos entranhados de suposições e com ausência de fundamentação, sobre a movimentação, saldo e afins da conta poupança do autor, que diz somente respeito a ele mesmo, não podendo ser tida como prova crucial para a referida decisão. Considerando que a fundamentação do Magistrado a quo se fez pelo reconhecimento da relação de consumo, elencando os dispositivos art. 2º, caput, 3º, § 2º e 14, § 1º, da Lei nº 8.078/90, bem como da súmula nº 297, do STJ, seria congruente que acatasse a inversão doônus da prova, o que não o fez, contrariando o diploma legal base de sua fundamentação, qual seja, o Código de Defesa do Consumidor. Versa o artigo 6º do CDC que: “São direitos básicos do consumidor: _____________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ E-mail: anapaulamachado.adv@outlook.com Telefones: 091-98297-8464 Inciso VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiencia” Nobres, não foi honroso com sua decisão, o douto magistrado, quando nega ao autor a inversão do ônus da prova, sendo ele a parte hipossuficiente para produzi-las além das já acostadas nos autos. Como poderia o mesmo comprovar a falsidade de assinatura, se não pela pericia !!?? Para além disso a recorrida, nem ao menos se deu ao trabalho de juntar os recibos de saque, juntou apenas a ficha de autógrafos do autor desta ação e nem ao menos se pronunciou quanto a inexistência das filmagens da câmera de segurança. Silencia e contradiz, a ausência da perícia por ele deferida, quando diz que, in verbis: “A despeito da não realização de perícia grafotécnica, circunstância que impede deste juízo afirmar com total segurança que as assinaturas apostas durante os saques sejam mesmo da autora, apesar da semelhança não poder ser ignorada, há outros elementos de convicção que permitem afastar as alegações da autora”. Por estes motivos de fatos e de direito é que se requer a anulação do feito. Reformando a sentença no todo em favor do recorrente. DOS PEDIDOS Isto posto, aguarda o Recorrente, serenamente, a decisão dessa Turma Recursal, requerendo o acolhimento do presente recurso, a manutenção da gratuidade judiciaria, para: a) Decidirem por decretar a nulidade da r.sentença, determinando então que seja realizada a pericia grafotécnica nos termos do despacho que determina a diligencia nos autos, devidamente intimado o autor. b) Ou ainda que proceder à reforma da r.sentença a fim de ajustá-la ao melhor direito, reformando-a para conceder procedência ao pedido com a condenação da parte recorrida em restituir o valor total de R$ 8.200,00 (oito mil e duzentos reais), atualizado com juros e correção monetária, já que se trata de uma conta poupança. Termos em que, Pedem deferimento. Belém, 10 de junho de 2019. Ana Paula Machado OAB-PA
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