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INSS- APOSNTADORIA HIBRIDA

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EXCELENTÍSSIMO SR(A) DR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA DA COMARCA DE ITAPORANGA-PB.
Damião Soares de Araújo, brasileiro, divorciado, inscrito no CPF sob o número 068.633.104-49, residente e domiciliado na rua Francisco Clementino, 72, Centro, Itaporanga-PB, CEP 58.780-000, através de seu procurador que esta subscreve, conforme instrumento de mandato incluso, com arrimo no art. 49, §3º, da Lei nº 8.213/91, vem à presença de V. Excelência propor a presente 
Ação Ordinária de Aposentadoria por Idade Híbrida/Mista
Em face do INSS-INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito público, com endereço a Rua Irineu Rodrigues da Silva 116, Centro de Itaporanga – PB, CEP: 58780-000, pelas razões de fato e direito a seguir expostas:
1- Sinopse Fática
O requerente, nascido em 25/11/1945, encontra-se com 73 (setenta e três anos) de idade e, até a presente data, não conseguiu a sua almejada aposentadoria, o que lhe é devido, conforme abaixo delimitado.
Importante destacar, ab initio, que o requerente primeiramente tentou sua aposentadoria rural no ano de 2008, contudo tal pleito foi indeferido administrativamente.
Embora o requerente tenha passado toda a adolescência e boa parte da vida adulta na agricultura, esse fato não era suficiente para validar, per si, a sua aposentadoria como trabalhador rural, eis que de fato houve, ainda que de forma inconsciente, a sua mudança para as atividades urbanas no longínquo ano de 1979.
Não obstante os fatos acima aludidos, o requerente recolheu através de carnês de pagamento como autônomo, ate a presente data, mais de 08 (oito) anos de contribuição previdenciária, ou seja, desde o mês de maio de 2011 até junho de 2019.
Além disso, o mesmo já havia recolhido aproximadamente 04 (quatro) anos de contribuição ao INSS, como empregado de algumas empresas privadas, no período de 1985 até 1993, conforme documentação em anexo. Portanto, inquestionavelmente o requerente possui cerca de 12 (doze) anos de recolhimentos.
Nessa toada, em virtude de sua elevada idade, por não ter mais condições de trabalhar como autônomo e ciente de sua condição real de ruralista durante toda a sua juventude - fato este facilmente comprovado com sua certidão do seu primeiro casamento, na qual consta que o mesmo era agricultor, filho de pais agricultores e todos residentes no Sitio Cantinho, nesta cidade de Itaporanga, além da reservista do serviço militar, na qual consta a profissão de agricultor-, o requerente procurou informações a respeito de alguma possibilidade de finalmente se aposentar, momento em que descobriu que isto é plenamente possível através da aposentadoria híbrida.
Assim, resumidamente o promovente teve sua vida laboral dividida, EM PERÍODOS DISTINTOS, ENTRE URBANA E RURAL:
- Período anterior a 1973 – desenvolvido na agricultura – conforme Certidão de Casamento/Reservista do Serviço Militar(indícios);
- Em períodos não contínuos entre 1985 a 1993: segurado empregado urbano, totalizando 04 anos, 10 meses e 20 dias;
- A partir de maio de 2011 como contribuinte individual (urbano);
Neste norte, resta evidenciado que o autor laborou na agricultura dos 14 anos de idade até 1973, ostentando qualidade de segurado especial neste período, tendo ainda contribuído, na qualidade de segurado urbano, pois mais de 12 anos.
A par disto, procurou mais uma vez a agência do INSS para tentar sua aposentadoria por idade híbrida, mas a autarquia previdenciária negou o pleito, sob argumento de falta de período de carência.
Ciente da injustiça da decisão do demandado, o autor resolveu buscar o judiciário para ter a aposentadoria por idade híbrida a que faz jus.
2 Dos fundamentos jurídicos
Em suma, a aposentadoria por idade híbrida, retratada no Art. 49, §3º, da Lei nº
 8.213/91, leva em consideração dois fatores: a idade completa de 65 (sessenta e cinco) anos e a carência mediante a comprovação de que o beneficiário realmente laborou no campo e na cidade, ainda que durante a sua juventude, independente de que no momento do requerimento administrativo o mesmo já não mais se encontrava na agricultura. Nessa senda cumpre colacionar abaixo excerto extraído do Memorando-Circular Conjunto nº 1 /DIRBEN/PFE/INSS :
Decisão judicial com deferimento de execução provisória na Ação Civil Pública - ACP nº 5038261-15.2015.4.04.7100/RS para fins de assegurar o direito à aposentadoria por idade na modalidade híbrida, independentemente de qual tenha sido a última atividade profissional desenvolvida – rural ou urbana. 1. A decisão judicial proferida com deferimento de execução provisória na Ação Civil Pública - ACP nº 5038261-15.2015.4.04.7100/RS, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, determinou ao INSS assegurar o direito à aposentadoria por idade na modalidade híbrida, independentemente de qual tenha sido a última atividade profissional desenvolvida – rural ou urbana – ao tempo do requerimento administrativo ou do implemento dos requisitos, e independente de contribuições relativas ao tempo de atividade comprovada como trabalhador rural. 
Ademais, conforme jurisprudência consolidada dos Tribunais Regionais Federais pátrios e até mesmo do Superior Tribunal de Justiça, o trabalho na agricultura antes de 1991 é totalmente apto para ser utilizado como fins de complementação de carência na aposentadoria híbrida. Sobre o tema, colaciona-se os seguintes julgados que tratam de situação semelhante à do caso em tela:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. CONSECTÁRIOS. - O trabalhador tem direito a se aposentar com as idades citadas no § 3º do art. 48 da Lei 8.213/1991, qual seja, 60 (sessenta) anos, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos, se homem, desde que cumprida a carência prevista no art. 142 do referido texto legal, com a utilização de labor urbano ou rural, independentemente da predominância do labor exercido no período de carência ou no momento do requerimento administrativo ou, ainda, no implemento do requisito etário - Tempo de labor campesino e urbano que superam a carência necessária, sendo devida a concessão do benefício de aposentadoria por idade híbrida - Tempo de labor rurícola que pode ser computado para fins de carência, independentemente de contribuições, para concessão do benefício - A correção monetária deve ser aplicada em conformidade com a Lei n. 6.899/81 e legislação superveniente (conforme o Manual de Cálculos da Justiça Federal), observados os termos da decisão final no julgamento do RE n. 870.947, Rel. Min. Luiz Fux - Os honorários advocatícios deverão ser fixados na liquidação do julgado, nos termos do inciso II, do § 4º, c.c. § 11, do artigo 85, do CPC/2015.
(Processo Ap 00082496120184039999 SP Orgão Julgador NONA TURMA Publicação e-DJF3 Judicial 1 DATA:08/06/2018 Julgamento 23 de Maio de 2018 Relator DESEMBARGADOR FEDERAL GILBERTO JORDAN)
Ementa PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. DIREITO AO BENEFÍCIO MEDIANTE SOMA DO TEMPO DE SERVIÇO RURAL COM O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO VERTIDO SOB OUTRAS CATEGORIAS DE SEGURADO. INTELIGÊNCIA DO ART. 48, § 3º DA LEI 8.213/1991. PRECEDENTES DO STJ. 1. Na hipótese dos autos, extrai-se do acórdão vergastado que o acolhimento da pretensão recursal demanda reexame do contexto fático-probatório, mormente para avaliar se estão presentes os requisitos para a concessão do benefício pleiteado. 2. Outrossim, percebe-se que o entendimento do Sodalício a quo está em consonância com a orientação do Superior Tribunal de Justiça de que é possível a concessão de aposentadoria por idade para qualquer espécie de segurado mediante a contagem de períodos de atividade, como segurado urbano ou rural, com ou sem a realização de contribuições facultativas de segurado especial, não constituindo óbice à concessão do benefício o fato de que a última atividade exercida pelo segurado, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício ou ao implemento da idade mínima, não tenha sido de natureza agrícola. 3. Recurso Especialnão conhecido.
(Processo REsp 1695751 SP 2017/0195800-5 Orgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Publicação DJe 11/10/2017 Julgamento 3 de Outubro de 2017 Relator Ministro HERMAN BENJAMIN)
Com efeito, verifica-se de maneira cristalina que a aposentadoria por idade aplica-se perfeitamente no presente caso.
Primeiramente porque o requerente já possui 73 (setenta e três) anos de idade, ou seja, desde 25/11/2010 o mesmo já atingira o requisito de idade. Segundo, considerando que a atividade no campo era permitida desde os 14 anos de idade, conforme vigência do Art. 157, IX, da Constituição Federal de 1946, afere-se que o requerente iniciou o trabalho no campo em 1959, tendo permanecido nesta atividade até meados de 1973, conforme corrobora sua certidão de casamento de 1971 e sua carteira de reservista, como já dito acima, e com base nas sus primeiras declarações prestadas com maior franqueza perante o INSS no ano de 2008. Logo, conclui-se que o mesmo permaneceu trabalhando no campo por aproximadamente quatorze anos.
Esclarece-se que o trabalho urbano NÃO FOI CONCOMITANTE com o trabalho rural.
Não há óbice legal à soma dos períodos distintos para a obtenção do benefício previdenciário de aposentadoria por idade híbrida – rural/urbana, justamente por atender ao critério do §3º do art. 48 da Lei 8.213/91.
Portanto, consideradas as contribuições na atividade urbana (em torno de doze anos) com o período de quatorze anos de atividade rurais, percebe-se facilmente que o requerente atingiu sobremaneira a carência estabelecida no Art. 142 da Lei nº 8213/91.
Destarte, conforme tudo acima exposto, pleiteia-se a aposentadoria por idade na modalidade híbrida, porque, além de todos os requisitos legais já preenchidos, é uma medida de Justiça e Dignidade ao idoso em questão.
3 Da gratuidade de Justiça
O promovente postula pela gratuidade judiciária nos termos da Lei 1.060/50 e Art. 5º, LXXIV da CF/88, por não dispor de condições financeiras para custear a demanda, sem prejuízo seu e de sua família.
4 Do pedido
Em razão dos argumentos acima delineados, pleiteia-se:
a) A Citação do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS na pessoa de seu representante legal, no endereço acima nomeado, para querendo, responder a presente ação;
b) A condenação do INSS à concessão do benefício de APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA – RURAL/URBANA (art. 48, §§ 1° e 2° da Lei 8.213/91) retroativo à DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO; com pagamento das prestações vencidas e vincendas, acrescidas de juros legais moratórios e correção monetária durante todo o período;
c) Que seja deferida a Gratuidade Judiciária nos termos da Lei nº 1.060/50 e Art. 5º, LXXIV da CF/88;
d) A produção de todos os meios de provas admitidas em direito.
e) Condenação do promovido em custas e honorários advocatícios.
Atribui à causa o valor de R$ 11.976,00 (onze mil, novecentos e setenta e seis reais) para os fins legais.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Itaporanga, datado e assinado digitalmente.

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