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Processo Legislativo - Medida Provisória

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O Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou Projeto De Lei Complementar modificando artigos do Código Civil, nos termos do Art. 22, Inciso I, CF. 3 meses após a entrada em vigor da referida Lei Complementar, o Presidente da República editou Medida Provisória modificando novamente os referidos artigos do Código Civil com redação dada pela Lei Complementar. leo
Analise a constitucionalidade dos atos normativos mencionados. 
Os atos normativos mencionados na questão são Constitucionais. De início, é importante fixar que a Constituição Federal, em seu Art. 62, Inciso III, CF PROÍBE A edição de Medidas Provisórias sobre matérias que o próprio Texto Constitucional reserva à Lei Complementar. Todavia, no caso em discussão, a Lei Complementar sancionada NÃO CUIDAVA de matéria reservada, pela Constituição, à Lei Complementar. A hipótese, portanto, é de “Lei FORMALMENTE Complementar”, mas que cuida de matéria típica de Lei Ordinária (ou seja, Lei Complementar com status de Lei Ordinária). Em situações assim, NÃO HÁ vedação a que uma Medida Provisória modifique a Lei Complementar, pois a proibição constitucional, repita-se, é no sentido de proibir que uma Medida Provisória trate de matéria reservada à Lei Complementar, e o Código Civil é matéria de Lei Ordinária, NÃO DE Lei Complementar. 
Deveria o candidato abordar, ainda, a inexistência de hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária. Embora ainda haja divergência na doutrina sobre o assunto, a maioria dos autores, e também o STF (no RE 14629, por exemplo), aderem ao entendimento de que NÃO HÁ hierarquia entre essas 2 Espécies de Leis. As diferenças entre Lei Complementar e Lei Ordinária são apenas de procedimento, quorum de aprovação (a Lei Complementar exige “Maioria Absoluta” para a sua aprovação e a Lei Ordinária exige “Maioria Simples”) e de cabimento (para certas matérias, a Constituição exige expressamente Lei Complementar; quando ela não faz essa exigência, a hipótese é de Lei Ordinária). NÃO HAVENDO hierarquia entre tais modalidades legislativas (Lei Complementar e Lei Ordinária), nada impede que uma Lei Ordinária modifique uma “Lei que seja apenas FORMALMENTE Complementar”, ou seja, uma Lei que, apesar de ser Lei Complementar, não tratou de matéria reservada a tal espécie legislativa. 
São basicamente 2 as diferenças entre a Lei Complementar e a Lei Ordinária: (i) enquanto a 1ª (Lei Complementar) demanda um quórum de aprovação de “Maioria Absoluta”, a 2ª (Lei Ordinária) pode ser aprovada por “Maioria Simples” (presente à sessão a “Maioria Absoluta Dos Membros Da Casa Legislativa”); (ii) há determinadas matérias que só podem ser reguladas por meio de Lei Complementar e estas matérias estão definidas expressamente no Texto Constitucional. NÃO EXISTE, portanto, hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária, uma vez que esta (Lei Ordinária) não decorre daquela (Lei Complementar). Ambas decorrem da Constituição. Este entendimento, que conta com o apoio da maioria dos doutrinadores, já foi confirmado pelo STF (RE419.629). Uma Lei Complementar que disponha sobre matéria para a qual a Constituição não exige “Maioria Absoluta” (típica de Lei Complementar) poderá ser modificada por Lei Ordinária. É dizer, neste caso, será uma Lei Complementar com status de Lei Ordinária. Embora a Constituição determine que não será objeto de Medida Provisória a matéria reservada a Lei Complementar, tal vedação não afeta o caso em tela, pois a matéria de que trata a referida Lei Complementar (Direito De Família) não é reservada a Lei Complementar, podendo neste caso ser modificada por Medida Provisória. Ambos os atos normativos, portanto, são Constitucionais.

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