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CADERNO DIREITO PROCESSUAL CIVIL I G1 RENATO BENEDUZI

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▷ INTRODUÇÃO 
Tradicionalmente, o processo civil se divide em: processo de conhecimento, processo cautelar e 
processo de execução (define o que fazer contra aquele que perde o processo e se recusa a 
cumpri-lo). 
 
O processo de conhecimento é o momento em que se decide se a pretensão do autor é ou não 
procedente. O resultado do processo de conhecimento é uma sentença. 
OBS: Havendo procedência da pretensão do autor, caso o réu não cumpra aquilo que foi 
determinado na sentença, o Estado tem o poder de fazer com que a decisão seja cumprida. 
PS: Vale lembrar que, mesmo que haja procedência da pretensão do autor, este não pode se 
utilizar da autotutela para garantir que a sentença seja eficaz, ou seja, não é porque o autor tem 
a razão que ele pode usar a força para obrigar o réu a cumprir a decisão. 
 
Com essa divisão, percebe-se que há um processo para cada atividade jurisdicional específica. 
Entretanto, com a mudança do CPC, estabeleceu-se que, na verdade, não há um processo para 
cada atividade jurisdicional, mas sim um único processo (sincrético = reúne todas as atividades 
jurisdicionais). 
Essa matéria trata do processo de conhecimento, isto é, o intervalo entre a petição inicial e a 
sentença que diz respeito aquilo que foi pedido pelo autor na inicial. 
A jurisdição é um direito de todos. É o direito de pedir ao Estado uma tutela jurisdicional, ou seja, 
se existe um litígio entre duas pessoas, é possível pedir a tutela jurisdicional do Estado. 
 
OBS: Conflito X Litígio 
O litígio é um conflito que possui uma relevância jurídica. É possível se resolver conflitos de 
diversas maneiras, mas a jurisdição e a tutela jurisdicional exercida pelo Estado só é responsável 
pela resolução de litígios. 
 
A ideia do acesso a justiça garante que o indivíduo possa pedir ao Estado a tutela jurisdicional. 
Por isso o processo se diferencia dos demais métodos de solução de conflitos, pois o processo é 
um meio pelo qual todos têm direito de pedir tutela. 
OBS: É um direito de todos, mas este direito pode ser afastado. Não há como obrigar que a 
resolução de um conflito entre duas partes seja levada ao sistema judiciário. Por exemplo, na 
arbitragem é possível estabelecer uma cláusula que renuncia a jurisdição. Logo, em caso de um 
eventual conflito, não se busca a tutela jurisdicional do Estado. 
 
O processo pode ser analisado sobre duas óticas: uma relação jurídica dinâmica entre os sujeitos 
(autor, Estado [juiz] e réu) que se desenvolve ao longo do processo; e um procedimento (atos 
realizados ao longo do processo [petição inicial, citação]). 
OBS: Processo X Procedimento 
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Até meados do século de XIX, o processo não era considerado uma ciência autônoma. Era, na 
verdade, um estudo dos atos que ocorriam dentro de um processo (procedimento). 
Nesse mesmo século, na Alemanha, desenvolveu-se a ideia de que o processo é, na verdade, 
uma relação jurídica. 
Então, o processo = relação jurídica + procedimento (atos). 
 
Todo processo tem quatro subdivisões (momentos) na fase de conhecimento: 
 
 Postulação 
 
Nesse momento, o autor deve dizer o que quer e fundamentar o seu pedido. Todo indivíduo tem 
o direito de pedir a tutela jurisdicional do Estado, mas é preciso que se explicite aquilo que se 
está pedindo e que fundamente o pedido. 
OBS: O réu também pode fazer uma postulação – ele postula se resiste ou não ao pedido do 
autor e qual o fundamento para resistir ou não. 
 
 Saneamento 
 
Para que o processo possa seguir adiante, rumo à sentença, é preciso saber se está tudo em 
ordem. Há uma série de formalidades e requisitos que devem estar presentes para que o 
processo siga. Por exemplo, é preciso analisar se o autor está devidamente representado no 
caso. 
Nesse momento, os vícios que puderem ser sanados, deverão ser consertados para que haja 
continuidade no processo. Mas, se os vícios não puderem ser sanados, o processo será extinto. 
 
 Instrução Probatória 
 
Normalmente, em um processo, existe controvérsia entre as partes (ex.: o empregado diz que 
não recebeu e o empregador diz que pagou). Sendo assim, o juiz deve apurar se as alegações 
feitas pelas partes são ou não verdadeiras – faz-se assim a instrução probatória. 
Por vezes, essa instrução não é necessária e outra vezes ela acaba sendo deslocada para outro 
momento do processo. 
 
 Decisão 
 
O juiz, uma vez corrigidos os possíveis vícios e realizada a instrução probatória, decide quem 
(autor ou réu) tem a razão. Nesse momento, o juiz julga o pedido deduzido pelo autor. 
O juiz, olhando para os fatos ocorridos, aplica o direito que ele entende que deve ser aplicado. 
Ou seja, quando ao julgar um caso, o juiz aplica o direito aplicável aos fatos que ocorreram. Para 
isso, ele precisa identificar os fatos ocorridos, identificar o direito aplicável a tais fatos e, por fim, 
deve aplicar esse direito aplicável corretamente. 
 
OBS: O CPC de73 estabelecia que existiam dois tipos de processo = o procedimento comum, que 
se subdividia em ordinário, sumário e sumaríssimo (juizados especiais), e o procedimento 
especial. O novo CPC, no entanto, acabou com o procedimento sumário, assim o procedimento 
comum passou a ser o procedimento ordinário. Então, o procedimento comum, estabelecido 
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pelo código no artigo 318, seria a regra e o procedimento especial se diferenciaria por uma 
particularidade. 
 
A ideia por trás da distinção feita pelo CPC de 73 é de que a lei deve escolher qual o processo 
mais indicado para o caso. A lei estabelece, em abstrato, o procedimento – não as partes e nem 
o juiz. 
Atualmente, as partes têm mais autonomia para moldar o procedimento (ex.: negócio jurídico 
processual, Art. 194, CPC). Existem limites, mas salvo essas limitações impostas pela lei, as partes 
possuem maior liberdade para moldar o procedimento. Assim como o juiz, que tem maiores 
poderes para adaptar o processo de acordo com aquilo que acha mais eficiente e adequado (Art. 
139, CPC). 
 
O processo que será estudado nessa matéria é o processo comum (processo ordinário no antigo 
código). 
Antigamente, a lei estabelecia qual procedimento deveria ser utilizado e o juiz tinha que encaixar 
o caso no procedimento. Porém, o processo comum se tornou muito mais flexível do que era 
antes. Hoje em dia, adequa-se o processo ao caso concreto, pois as partes e os juízes têm mais 
flexibilidade para moldar o procedimento. 
 
O artigo 318, § 1°, CPC, prevê que o procedimento comum é aplicado subsidiariamente aos 
demais processos especiais e os de execução. Isso significa que, ainda que o processo seja 
especial ou de execução, subsidiariamente, consulta-se as normas do processo comum. 
 
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Resumo: Fase de conhecimento do processo - começa com a demanda (petição inicial) e termina com a 
sentença que julga a demanda. 
 
Subetapas da fase de conhecimento: postulação (aquilo que o autor quer e se o réu resiste ou não) 
saneamento (correção dos vícios), instrutória (alegações controversas) e decisão (juiz proferindo a 
sentença). 
 
 
FASE DE POSTULAÇÃO 
 
PETIÇÃO INICIAL 
 
No procedimento comum do direito brasileiro, a demanda tem por instrumento uma peça 
escrita, a petição inicial. 
Entretanto, a rigor, o processo não precisaria começar pela petição inicial. A demanda, em alguns 
casos, pode ser oral. 
 
Essa petição precisa identificar, com precisão, aquilo que o autor pede, contra quem ele pede e 
com que fundamento ele pede (evento da vida com fundamento no qual o autor deduz a sua 
pretensão). 
Substanciação da petição inicial = a petição inicial precisa ser substanciada. Ou seja, o autor 
precisa identificar, da maneira mais precisa possível, contra quem ele está pedindo, o que ele 
está pedindo e com fundamento em quais fatos ele está pedindo. 
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OBS: A substanciação pressupõea identificação e o detalhamento de certos elementos da 
demanda. 
 
OBS: Não é na petição inicial que se argumenta o caso, entretanto, é recomendável que o autor 
realize uma argumentação jurídica que sustente seu pedido. 
 
O pedido do autor pode ser imediato (espécie de tutela jurisdicional que o autor pede) ou 
mediato (bem da vida). 
É o autor que delimita os limites da demanda – princípio da demanda. 
Princípio da correlação (Arts. 141 e 492, CPC) – vinculação do juiz ao pedido, é o detalhamento 
da petição inicial que vincula o juiz ao pedido feito. O juiz não pode dar ao autor algo diverso do 
que foi pedido pelo autor. 
OBS: O juiz não pode dar ao autor mais do que foi pedido (sentença ultrapetita – art. 492), não 
pode dar algo diverso do que foi pedido pelo autor (sentença extrapetita), também não pode 
deixar de julgar algum dos meus pedidos (sentença citrapetita) e nem pode dar menos do que 
aquilo que foi pedido pelo autor (sentença infrapetita). 
PS: Em razão do princípio da demanda, o juiz deve se ater à pretensão processual do autor. 
 
O processo se inicia com a petição inicial, mais especificamente, ele se inicia com o protocolo da 
petição inicial. Com o protocolo, ocorre a distribuição da demanda e aí se inicia a relação jurídica 
processual. 
Art. 2°, CPC – o processo começa por iniciativa da parte (protocolo da petição inicial). 
O artigo 312 do CPC reforça a ideia de que a partir da entrega do protocolo, o processo nasce. 
Mas, vale ressaltar que, nesse momento, o processo nasce apenas entre autor e Estado (juiz). O 
processo só será triangularizado com a citação do réu. 
 
» O que precisa constar na petição inicial? (Art. 319, CPC) 
 
I. o juízo a que é dirigida; 
É preciso identificar, na petição inicial, o juízo para qual a petição está sendo endereçada. 
OBS: A petição se torna defeituosa se não é identificado o juízo a qual ela se destina. 
OBS: Não se sabe ainda, na petição inicial, o número do processo. Esse número só é sabido com a 
distribuição da demanda, que informa o juízo competente, o número do processo e o 
endereçamento correto. 
 
II. os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o 
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, 
o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; 
 
Dentro da lógica do detalhamento da petição inicial, é preciso identificar autor é réu da maneira 
mais precisa possível. 
 
Cada informação desse inciso tem uma relevância. Por exemplo, se a demanda tiver por objeto 
um bem imóvel, importa para o Direito saber o estado civil do réu, pois assim, se houver cônjuge, 
este também será réu. Outro exemplo, o e-mail (endereço eletrônico) é importante para que 
possam ser feitas intimações eletrônicas. 
 
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Existem casos em que não é possível obter todas as informações das partes e, por vezes, tais 
informações não são essenciais, logo, a falta de determinada informação, que não é essencial, 
não prejudica o andamento do processo. 
Em casos onde as informações são indispensáveis e não é possível o acesso a tais informações 
(Art. 319, §1°, CPC), o autor pode requerer que o juiz realize ofícios ou outras diligências para 
obter tais informações 
ex.: ofício a Caixa Econômica (questiona se há algum tipo de cadastro, uma conta). 
 
Art. 319, § 2° e §3°, CPC – se for oneroso demais conseguir informações ou se as informações 
não são necessárias para o processo e isso dificultar o acesso à justiça, a petição inicial não será 
indeferida. 
Então, há duas soluções para o caso onde não se consegue obter informações sobre as partes: 
diligências feitas pelo juiz ou segue o processo. 
 
III. o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
 
A doutrina discute se os fundamentos jurídicos do pedido fazem parte ou não da causa de pedir 
(evento da vida, os fatos ocorridos). Para não tomar partido na discussão, o legislador colocou no 
inciso tanto os fatos quanto a fundamentação jurídica. 
 
Se os fatos não estão explícitos, a petição inicial está defeituosa. No entanto, se não houver 
fundamentação jurídica na petição inicial, não há defeito. 
 
IV. o pedido com as suas especificações; 
 
A natureza da tutela judicial precisa estar especificada. 
 
Exceção: pedido ilíquido. Existem casos em que não é possível, na petição inicial, indicar aquilo 
que se pede. 
ex.: o dano é recente e eu não tenho conhecimento da extensão do dano. Sofri um acidente de 
carro, vou ter que fazer cirurgia, vou ficar internada, mas não tenho conhecimento do quanto 
isso vai custar. Assim, posso pedir que o réu arque com todas as minhas despesas médicas. 
 
OBS: Eventualmente, esse pedido precisará ser liquidado. 
 
OBS: O pedido da demanda tem que ser certo, determinado e líquido. 
 
V. o valor da causa; 
 
Toda causa precisa de um valor ainda que a causa não tenha uma expressão econômica 
determinável (ex.: a guarda do filho não tem como ser equiparado a um valor) e existem diversos 
critérios que definem o valor da causa. 
 
OBS: Nesses casos em que não há como se extrair um valor monetário, estipula-se um valor de 
alçada. 
 
VI. as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
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Quanto antes, o autor deve indicar, na petição inicial, se pretende realizar alguma prova a fim de 
demonstrar a sua razão. 
 
OBS: Esse não é um critério preclusivo. 
 
VII. a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. 
 
O novo código de processo civil estabeleceu que deve haver uma audiência de conciliação antes 
da contestação do réu. A ideia é que se possa chegar a uma solução negociada. 
Para isso, o autor deve indicar na petição inicial se há ou não interesse em realizar uma audiência 
de conciliação. 
 
Outro elemento está previsto no artigo 77, V, CPC – o advogado (representante) deve indicar na 
petição inicial também o endereço onde ele recebe intimações. 
 
Ao receber a petição inicial, o juiz deve realizar um saneamento preliminar, ou seja, ele deve 
verificar se todos os elementos estão presentes. Não havendo vícios, o processo segue adiante. 
Havendo vícios, aplica-se o artigo 321 do CPC que prevê que o juiz, ao perceber que há um vício 
sanável, deve determinar que o autor corrija o vício. 
OBS: Se houver um vício e este não for sanável, o processo é extinto. 
 
Haverá um protocolo (entrega da petição inicial), a autuação (o processo ganha o número) e a 
distribuição (que deve ser alternada [caso haja mais de uma vara] e paritária [o número de 
distribuições em cada vara deve ser o mesmo]; se houver algum erro na distribuição, o juiz pode 
compensar o erro – Art. 288, CPC). 
 
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O pedido da demanda possui uma relevância estratégica, pois é o pedido que delimita a atuação 
do juiz. O juiz está adstrito ao pedido das partes. 
*Princípio de congruência (Art. 492, CPC) – é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa 
da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe 
foi demandado. 
 
Os artigos 9 e 10 do CPC prevêem o princípio do contraditório. O artigo 9 defende que o juiz não 
pode tomar uma decisão em detrimento a uma parte sem que abra o diálogo com a outra. O 
parágrafo único do mesmo artigo explicita as hipóteses de exceção à essa regra. Já o artigo 10 
estabelece que o juiz precisa provocar as partes e, portanto, não pode tomar uma decisão sem a 
prévia manifestação das partes. 
 
O artigo 55 do CPC prevê que duas demandas podem ser conexas a fim de ter um julgamento em 
conjunto. O artigo 327, seguindo essa lógica, estabelece que é possível fazer a cumulação de 
vários pedidos, contra o mesmo réu em um único processo, mesmo que entre os pedidos não 
haja conexão. 
O artigo 327 enumera os requisitos para haver a cumulação dos pedidos: os pedidosdevem ser 
compatíveis; o juízo deve ser competente para julgar todos os pedidos (se houver cumulação de 
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dois pedidos, a incompetência relativa não impede a cumulação, mas a incompetência absoluta 
sim); e o procedimento deve ser adequado para conhecer todos os pedidos (ex.: não se pode 
cumular um inventário e uma execução). 
Art. 327, §2°, CPC – situação em que se tem dois pedidos e um deles segue um procedimento 
especial. Se for possível tornar o procedimento comum, pode haver conexão. 
 
É possível mudar conteúdo (o objetivo) do pedido? Sim. 
A mudança do pedido pode ser feita até a citação do réu, sem a necessidade de concordância 
deste. Entretanto, após a citação, se o autor desejar alterar o pedido, é necessária a 
concordância do réu para tal (Art. 329, I, CPC). Além disso, estabeleceu-se um limite máximo 
para que possa ser feita a alteração do pedido e este limite é até a fase do saneamento. 
 
 
O pedido pode ser imediato ou mediato. 
 
O pedido imediato é a providência, é aquilo que o autor da demanda pede ao juiz. Já o pedido 
mediato é o bem da vida que o autor pretende tutelar através do pedido. 
 
Quais os atributos do pedido? O pedido deve ser certo e determinado (Art. 322 e Art. 324, CPC). 
Art. 322, §1°, CPC – esse dispositivo traz a hipótese do pedido implícito – compreendem-se no 
pedido principal, os juros, a correção monetária, os honorários advocatícios. 
 
Art. 323, CPC – em caso de prestações sucessivas, estas são incluídas ao pedido. 
ex.: se há um pagamento de uma parcela mês a mês. O devedor deixa de pagar um mês e assim 
o credor entra com uma ação, entende-se que se o devedor deixar de pagar mais prestações, a 
sentença valerá. 
 
Art. 324, §1°, CPC – é possível formular pedidos genéricos em determinadas hipóteses. 
Art. 324, §2°, CPC – reconvenção, a reconvenção é uma pretensão do réu contra o autor. Mas 
por se tratar de um mesmo processo e das mesmas partes, não vale a pena entrar com uma nova 
demanda. 
A reconvenção seria um pedido dentro de outro pedido e este novo pedido precisa ser certo e 
determinado. 
ex.: contrato em que A presto um serviço pra B e ela tem que me pagar pelo serviço prestado, A 
entro com uma ação contra a B, pois B não pagou. No entanto, B protesta dizendo que não 
pagou porque ao prestar o serviço A lhe causou um dano. 
 
Art. 322, §2°, CPC – a interpretação do pedido deve considerar a postulação (os fundamentos, a 
causa de pedir, o que foi colocado na inicial como um todo) e observar o principio da boa-fé. 
Essa interpretação atinge todos os âmbitos jurídicos não apenas a petição inicial. 
 
» Espécies de pedido: 
 
Pedido Alternativo (Art. 325, CPC e Art. 252, CC) = 
Se a obrigação tiver natureza alternativa, o pedido também será alternativo. 
Entretanto, não necessariamente o pedido só é alternativo quando a natureza da obrigação é 
alternativa. O pedido pode ser alternativo por si próprio. 
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A relação desse pedido é horizontal. O autor pede A ou B. 
 
Pedido Subsidiário = o autor quer A, mas se não der, aceita B. 
É uma relação de subsidiariedade e preferência. 
Por haver preferência, o segundo pedido só será apreciado caso o primeiro não tenha sido 
assegurado. 
 
Pedido Sucessivo = 
O pedido sucessivo é aquele em que há mais de um pedido e há uma ordem de preferência entre 
eles. 
ex.: o autor pede um teste de paternidade, se for comprovada a paternidade, o autor demanda o 
pagamento de pensão alimentícia. 
 
Toda causa deve ter um valor – há uma obrigatoriedade em estabelecer um valor para a causa. 
Ainda que o caso não tenha um efeito econômico imediatamente auferível, é preciso indicar um 
valor para fins meramente fiscais. 
 
Há uma relevância processual do valor da causa. Por exemplo, dependendo do valor estipulado o 
caso pode ir para a competência dos juizados especiais, a taxa judiciária varia de acordo com o 
valor das causas, os honorários dos advogados varia. 
 
É preciso haver uma correlação entre a pretensão do pedido e o valor da causa. E havendo uma 
discrepância, o juiz pode decidir que, de ofício, o valor da causa não é compatível (Art. 292, § 3°, 
CPC). 
 
Art. 292, CPC – critérios para estabelecer o valor da causa. 
 
Art. 293, CPC – o réu pode impugnar o valor atribuído à causa e o juiz deve decidir. 
 
21/03 
DESPACHO LIMINAR 
 
O que vem depois da petição inicial? 
 
O despacho liminar é um pronunciamento dado pelo juiz no início do processo. O despacho 
liminar é o momento em que o juiz recebe ou não a petição inicial. 
 
No Brasil, ao receber a petição inicial de um processo, o juiz deve fazer um saneamento 
preliminar. A ideia por trás desse saneamento preliminar é que se houver algum defeito que 
possa ser reconhecido, e este possa ser sanado, o juiz deve indicar, com precisão, ao autor o que 
deve ser corrigido na petição inicial para que o processo siga adiante. Se não for possível sanar o 
vício, o processo é extinto. 
 
OBS: Liminar é aquilo que é dado in limine, ou seja, no início do processo. 
Costuma-se confundir a limitar com uma tutela de urgência. Entretanto, a tutela de urgência 
pode ser pedida em outro momento que não o início do processo. E, é claro que, se a tutela de 
urgência for exigida no início do processo, ela se torna uma liminar. 
 
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O juiz, ao receber a petição inicial, deve ler a petição inicial a fim de entender, minimamente, a 
demanda daquele processo e assim tomar providências. 
 
No despacho liminar, o juiz tem que verificar se a petição inicial está regular. É preciso verificar 
se todos os requisitos necessários estão presentes. 
Não estando, o juiz deve analisar se o defeito é sanável ou não. Sendo sanável, o juiz deve dar ao 
autor a oportunidade de consertar o defeito [Art. 321, CPC]. 
OBS: Se o autor não corrige o vício no tempo determinado pela lei, o juiz pode extinguir o 
processo. 
PS: O juiz pode também dar ao autor outra chance para corrigir o defeito, mas não é uma 
obrigação. 
Não sendo sanável o vício, o juiz extinguirá o processo. 
 
» Improcedência liminar: o CPC permite que o juiz julgue improcedente a demanda. 
 
OBS: Julgar improcedente é diferente de reconhecer um vício formal. Constatado o vício, o juiz 
fica impossibilitado para julgar o mérito. Ao julgar a demanda improcedente, o juiz julga o 
mérito. 
 
Na improcedência liminar, o juiz julga o mérito do pedido, mas contra o autor e em benefício do 
réu num momento do processo em que o réu ainda nem foi citado. Ou seja, o juiz julga o pedido 
em favor do réu, sem que esse tenha sido citado. 
 
Não se fala, no entanto, de procedência liminar, pois não há como o juiz julgar em favor do autor 
sem que tenha sido dada ao réu a oportunidade de se defender. 
 
Existem três possibilidades: a improcedência, a procedência parcial (o autor não leva tudo o que 
queria ex.: o autor pede indenização de 100 reais, o juiz concede indenização de 90 reais) ou a 
procedência (o juiz acata o pedido do autor). 
 
Art. 332, CPC – Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da 
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I. enunciado de súmula do STF ou STJ; 
II. acordão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; 
O que são recursos repetitivos? Vários recursos que tratam da mesma matéria. 
Mas havendo uma decisão do STF ou STJ acerca de um desses recursos, o juiz pode se valer dessa 
decisão para julgar improcedência liminar. 
III. entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV. enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
Os tribunais de justiça dos estados produzem enunciados e estes servem como fundamento para 
a decisão de improcedência liminar, se tratarem de direitos locais. 
 
§ 1° – O juiz também poderá julgar liminarmenteimprocedente o pedido se verificar, desde logo, 
a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
 
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O § 1° desse dispositivo prevê que se o juiz reconhece prescrição ou decadência no processo, ele 
pode julgar improcedência liminar. 
A prescrição é a perda da pretensão e a decadência, a perda de um direito potestativo. 
A grande diferença se dá pelo fato da decadência poder ser reconhecida de ofício pelo juiz e a 
prescrição não. 
Nos últimos anos, a legislação processual, a fim de facilitar as coisas, deu ao juiz a possibilidade 
de conhecer de ofício também a prescrição. 
O problema é que se a pretensão está prescrita, a dívida não pode ser cobrada, mas o devedor 
ainda pode cumprir sua prestação. Então, ao reconhecer, de ofício, a prescrição, o juiz retira a 
possibilidade da prestação ser cumprida. 
 
Então, a aplicação dessa regra gerou discussão: alguns autores acreditam que o artigo só deve 
ser aplicado a casos de decadência e o juiz só pode reconhecer a prescrição se provocado pela 
parte; outros defendem que a lei prevê que o juiz pode reconhecer tanto a decadência quanto a 
prescrição de ofício; uma terceira corrente defende uma teoria mista, que concilia essas duas 
preocupações – o juiz pode julgar de ofício, mas antes deve consultar as partes (princípio da 
cooperação). 
‐ 
Da decisão que julga a demanda, cabe um recurso que, em regra, é a apelação. Se o juiz julga 
liminarmente improcedente o pedido, o réu não pode recorrer, pois a decisão foi em favor dele. 
O autor, por outro lado, pode recorrer. 
§ 2° – Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos 
termos do art. 241. 
 
A demanda é julgada improcedente liminarmente, o autor se conforma com a decisão e não 
recorre. Assim, o réu recebe uma intimação informando-o que houve um processo contra ele, o 
qual o resultado lhe foi favorável. 
 
§ 3° – Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 dias. 
 
Há improcedência liminar, o autor entra com uma apelação e o juiz entende que talvez tenha 
julgado erroneamente. Assim, ele pode se retratar dentro de 5 dias. 
 
§ 4° – Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do 
réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contra-razões no 
prazo de 15 dias. 
 
Se houver retratação, o processo segue adiante e o réu é citado, para que ele integre a relação 
processual. Se não houver retratação, o réu será citado e intimado para responder a apelação 
feita pelo autor. 
 
O artigo 332 do CPC trata da improcedência liminar. 
Num processo em que há controvérsia entre questões de fato, são necessárias provas para 
garantir qual parte tem a razão. Em casos em que não há a necessidade de provas suplementares 
(isto é, o juiz é capaz de decidir a questão de fato com fundamento nas provas já apresentadas 
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sem a necessidade de novas provas), pode-se dispensar a fase de instrução probatória e a 
controvérsia pode ser resolvida na fase postulatória. 
 
Agora, se forem necessárias outras provas, o juiz não é capaz de decidir a fato. 
 
OBS: O artigo 331 do CPC também trata da apelação quando o juiz indefere a petição inicial, por 
haver um vício formal. 
 
Se não há vícios na petição inicial e não for o caso de improcedência liminar, o juiz irá marcar a 
audiência de conciliação e mediação (Art. 334, CPC). 
 
Antes do CPC de 2015, havia uma fase de defesa, onde o réu era citado para se defender. O novo 
código criou a possibilidade de se formar uma audiência preliminar e apenas excepcionalmente a 
parte tem a oportunidade de se defender previamente. 
 
Feito o despacho liminar, o réu será citado para que ele integre o processo. Estando tudo certo 
com a petição inicial, o juiz cita o réu. 
Por meio de uma intimação, o juiz pode intimar o réu para uma audiência de conciliação ou para 
se defender. 
 
OBS: Entre o momento do despacho liminar e a citação do réu, é possível que o juiz decida a 
tutela de urgência (antecipação da tutela e medida cautelar) pedida pelo autor na petição inicial. 
 
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TUTELA PROVISÓRIA 
 
A tutela provisória não é dada apenas entre o despacho liminar e a citação do réu, o juiz pode 
conceder tutela provisória a qualquer momento do processo. 
 
Por alguma razão, pode não ser razoável que aquele que tem a razão tenha que esperar até o fim 
do processo para que sua razão seja reconhecida, por isso, a tutela provisória. 
A provisória se contrapõe a definitiva, essa é dada na sentença judicial. 
 
No sistema do código de 73, o juiz não poderia a tutela ao autor antes do fim do processo (tutela 
definitiva) e, assim, o autor suportava o ônus do processo. 
ex.: uma pessoa precisa fazer uma cirurgia, mas o plano de saúde diz que não vai arcar com os 
custos. Assim, o indivíduo entra com uma ação contra o plano de saúde. 
Processos podem ser demorados e, por exemplo, se a cirurgia for importante e urgente, o autor 
da ação não pode esperar o processo terminar para poder saber se o seguro arcará com as 
despesas ou não. Assim, é um caso de tutela provisória. 
 
A tutela provisória serve para reequilibrar a distribuição do ônus no processo – por vezes, é mais 
razoável que o ônus seja suportado pelo réu e não pelo autor (assim, o autor recebe uma tutela 
provisória, pois se entende que o autor tem a razão do processo); em outros casos, o ônus será 
suportado pelo autor, pois este terá que esperar até o fim do processo, que pode ser longo, para 
conseguir o que queria. 
 
12 
 
Art. 294, CPC – a tutela provisória pode ser de urgência ou de evidência. 
A tutela provisória de urgência é aquela que exige a demonstração do perigo da demora – 
periculum in mora – e a verosimilhança das alegações do autor – fumus boni luris. 
Já a tutela provisória de evidência, não é uma tutela que possui urgência, mas possui uma 
verossimilhança maior do que a tutela de urgência, é uma evidência. Aquilo que é evidente é 
mais seguro, é mais certo do que aquilo que é verossimilhante. 
ex.: reintegração de posse – liminar da reivindicação da posse não precisa de urgência, por isso, a 
tutela é de evidência – não é algo urgente, mas que apresentadas determinadas provas e 
documentos é possível conceder a tutela provisória. 
 
Seja na tutela provisória de urgência seja na tutela provisória de evidência, o juiz dá ao autor algo 
que ele pode dar ou não na tutela definitiva. 
 
OBS: A tutela é provisória no sentido de que se contrapõe a definitiva. Logo, ela é precária, pois o 
juiz pode revê-la. Ou seja, o juiz, ao dar a decisão provisória, pode alterar ou revogar 
posteriormente. 
Alguns autores defendem que o juiz só pode alterar sua decisão, se houver uma alteração de fato 
e de direito na causa, isto é, condicionam a revisão da decisão provisória caso haja novas 
questões de fato ou de direito. 
 
O juiz não pode dar a tutela provisória de ofício (princípio da demanda – juiz está vinculado 
àquilo que o autor pediu na petição inicial). 
Alguns autores entendem que é possível que o juiz conceda tutela provisória de ofício. 
O juiz não pode dar tutela provisória sem que o autor tenha pedido, ou seja, sem a manifestação 
da parte. Se o juiz entender que caberia uma tutela provisória, seguindo o princípio da 
cooperação, ele deveria contatar a parte. 
Se a tutela provisória for revogada posteriormente, o beneficiário (autor) terá que indenizar a 
outra parte. 
Art. 296, CPC – A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a 
qualquer tempo, ser revogada ou modificada. 
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia 
durante o período de suspensão do processo. 
Art. 298, CPC – Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz 
motivará seu convencimento de modo claro e preciso.A decisão da tutela provisória precisa ser fundamentada. 
 
TUTELA DE EVIDÊNCIA: 
Art. 311, CPC – A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de 
perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: 
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da 
parte; 
13 
 
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese 
firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; 
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de 
depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação 
de multa; 
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do 
direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. 
 A tutela provisória de evidência é aquela tutela em que não há urgência. A evidência é um 
estado processual em que as afirmações de fato estão comprovadas. 
Na tutela provisória de urgência, é preciso haver verossimilhança, mas, na tutela provisória de 
evidência é preciso haver mais do que a verossimilhança. 
 
OBS: Graus de certeza = verossimilhança (urgência) < estado processual em que os fatos estão 
comprovados (evidência) < convicção (definitiva). 
 
Existem duas hipóteses de tutela de evidência: uma delas se funda na robustez (sensação de 
segurança) e a outra se baseia numa esfera punitiva. 
Art. 311, I, CPC – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito 
protelatório da parte; 
É um caso de tutela de evidência de caráter punitivo. 
Quando o juiz, ao longo do processo, perceber uma conduta de abuso de direito, ele pode 
conceder uma tutela de evidência para o autor, ainda que não haja urgência. 
 
OBS: Não há como estabelecer que houve abuso de direito (= conduta incompatível com aquilo 
que as partes esperam do processo), por parte do réu, sem que ele tenha sido citado. 
 
Art. 311, II, III e IV, CPC – casos de tutela de evidência por robustez 
 
Inciso II: É possível julgar improcedente com base na existência de jurisprudência dominante. 
Se o juiz entender que as alegações de fato podem ser comprovadas apenas com os fatos 
apresentados e houver jurisprudência acerca disso, o juiz pode conceder a tutela de evidência. 
 
Inciso III (lobby dos bancos): ainda que o banco não tenha urgência em cumprir a restituição do 
depósito, ele pode receber a tutela provisória de evidência. 
Inciso IV: cláusula bem ampla; qualquer situação em que a prova documental exposta na petição 
inical for suficiente e o réu faça uma defesa pouco convincente cabe tutela de evidência. 
 
O parágrafo único do dispositivo prevê que apenas nos incisos II e III a tutela de evidência pode 
ser dada liminarmente, ou seja, no despacho liminar. 
 
14 
 
TUTELA DE URGÊNCIA: 
 
A tutela de urgência se divide em duas espécies: cautelar ou antecipada. 
 
O objetivo da tutela de urgência cautelar é assegurar o resultado útil do processo. Já a tutela de 
urgência antecipada visa dar ao autor, de maneira antecipada, aquilo que foi pedido em caráter 
principal. 
 
ex.: há um processo em relação a um bem; se o autor pede que o bem seja posto em depósito 
para que este não se danifique ou se perca, trata-se de uma tutela de urgência cautelar, mas se o 
autor exige a entrega do bem, a tutela de urgência é antecipada. 
 
OBS: Pode ocorrer que o autor peça por uma das espécies de tutela de urgência, mas o juiz 
entende que, na realidade, é caso para se aplicar a outra espécie, assim, o juiz pode conceder 
uma no lugar da outra. 
 
Art. 301, CPC – A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, 
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra 
medida idônea para asseguração do direito. 
O artigo apresenta as hipóteses típicas de tutela cautelar. Qualquer medida assecuratória pode 
ser pedida ao juiz como tutela cautelar. 
 
OBS: Não confundir tutela antecipada com tutela liminar. 
Liminar significa no início da lide, o juiz pode dar uma tutela antecipada liminarmente ou não. 
 
O juiz não tem discricionariedade ao determinar a tutela antecipada ou cautelar. Se os requisitos 
estão presentes, o juiz deve conceder tutela provisória. 
 
 
30/03 
 
A tutela provisória pode ser de urgência ou evidência. 
 
A tutela de evidência pode ser punitiva ou pode se basear na robustez. 
A tutela de urgência se divide em: tutela de urgência cautelar e tutela de urgência antecipada. 
 
Em todas essas modalidades, o juiz dá ao autor, antes do fim do processo (ou seja, antes do 
julgamento do mérito), aquilo que ele pede. 
É uma tutela provisória, pois não é definitiva. 
 
Na tutela de evidência, antecipa-se a tutela definitiva, pois, embora não se tenha condições de 
dar a tutela definitiva, o juiz está muito convencido de que o autor tem a razão. Por haver uma 
verossimilhança muito alta, não há necessidade de urgência. 
Basta o fumus boni luris -> comumente chamado de fumão, uma vez que a convicção do juiz 
quanto a razão pertencer ao autor deve ser maior do que na tutela de urgência. 
 
A tutela de urgência pressupõe dois elementos: a verossimilhança (fumus boni luris) e a urgência 
(periculum in mora). 
15 
 
A tutela de urgência cautelar visa assegurar o resultado útil do processo; enquanto a tutela de 
urgência antecipada dá, antecipadamente ao autor, aquilo que foi pedido na petição inicial. 
OBS: Na tutela de urgência cautelar, a verossimilhança com os fatos ocorridos é menor do que na 
tutela de urgência antecipada. 
PS: Cautelar = fuminho; Antecipada = fumo 
 
 Tutela de Urgência: 
 
Art. 300, CPC – A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a 
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
‐ Probabilidade = fumus boni luris 
‐ Perigo de dano ou risco = periculum in mora 
‐ Necessidade de se assegurar o resultado útil do processo 
§ 1° Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou 
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a 
caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. 
O juiz pode determinar que o autor preste alguma garantia, seja uma caução (dando um bem) ou 
uma garantia fidejussória idônea (garantia pessoal – no caso de descumprimento de 
determinada obrigação pelo autor, a satisfação do débito será garantida por um terceiro). 
O autor, que pede uma tutela provisória, arca com os riscos de tal, pois parte-se do pressuposto 
que ele está pedindo/recebendo uma vantagem. 
Com a garantia, há um melhor equilíbrio em relação ao risco que a tutela provisória de urgência 
apresenta. Além disso, caso, ao final do processo, o réu venha a ter a razão, com a garantia, a 
concessão da tutela não se torna uma ação irreparável – e isso deixa o juiz mais confortável para 
conceder a tutela. Esse é um sistema que, caso o réu venha a ser a parte dotada da razão, não há 
prejuízos à parte (réu). 
§ 2° A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. 
O juiz pode deferir a tutela de urgência sem ouvir o réu e para isso ele precisa estar bem seguro 
daquilo ou pode optar por ouvir o réu, garantindo o contraditório, para que ele possa decidir 
com mais convicção. 
§ 3° A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de 
irreversibilidade dos efeitos da decisão. 
O juiz deve levar em consideração, ao deferir a tutela de urgência, o risco de que essa decisão 
pode ser irreversível. 
Mas não é porquehá um risco de irreversibilidade que o juiz não deve conceder a tutela, o que o 
parágrafo quer dizer é que em casos onde a decisão é irreversível, o juiz deve ter uma maior 
preocupação quanto a decisão e também uma maior segurança para decidir. 
 
ex.: um sujeito precisa fazer uma cirurgia de urgência, mas o seguro se recusa a pagar, pois o 
médico alegou não aceitar o seguro para aquele tipo de cirurgia. Assim, o sujeito entra com uma 
liminar contra o seguro e o médico. 
16 
 
Se o médico fizer a cirurgia, a tutela de urgência se torna irreversível, no sentido de que a 
cirurgia já foi feita, o médico já se dedicou aquilo e o seguro arcou com os gastos, então, mesmo 
que, ao final do processo, se prove que, de fato, o seguro não cobria tal cirurgia, não há como se 
desfazer a cirurgia, cabe apenas uma indenização paga pelo autor da ação. 
 
Os três parágrafos podem ser interpretados em conjunto: existe um risco em conceder a tutela 
provisória de urgência, porque pode ser que o juiz chegue a conclusão, no final do processo, de 
que o autor não tinha, de fato, o direito. 
OBS: Vale lembrar que esse risco está relacionado com a incerteza que circunda o processo – 
mesmo concedendo a tutela de urgência, dando a razão para o autor, pode ser que o réu venha a 
ser a parte dotada de razão. 
 
O juiz não pode dar a antecipação de tutela de ofício, uma vez que quem suporta o risco da 
reversão é a parte, logo, a parte é quem deve dizer se ela assume o risco ou não. 
Incumbe-se ao processo civil a função de administrar esse risco. E os parágrafos do artigo 300 
indicam instrumentos que o juiz pode utilizar para administrar melhor esse risco. 
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo 
que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: 
I - a sentença lhe for desfavorável; 
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para 
a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias; 
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; 
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. 
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, 
sempre que possível. 
Esse artigo estabelece as hipóteses de responsabilidade do beneficiário da antecipação da tutela. 
 
A parte, em regra, pede pela tutela na petição inicial, mas não é algo obrigatório, não 
necessariamente a tutela será pedida na petição inicial e não há preclusão do direito de pedir 
tutela provisória caso a tutela não seja pedida na petição inicial. A tutela provisória pode ser 
pedida durante todo o procedimento do processo e o juiz pode deferir em qualquer momento 
(p.ex.: o sujeito pede a tutela na petição inicial, mas o juiz não defere, o réu contesta e a 
contestação é fraca, assim, o autor pede novamente que o juiz defira a tutela e ele o faz). 
 
Como foi falado, o juiz pode deferir a tutela provisória na sentença. 
Em regra, se há apelação (recurso), os efeitos da sentença são suspensos. Entretanto, se o juiz 
concede a tutela provisória na sentença e a outra parte entra com recurso, os efeitos da 
sentença não são suspensos. A vantagem disso é que o autor pode se valer dos efeitos da 
sentença mesmo que a outra parte impetre uma apelação. 
 
17 
 
O código de processo civil prevê uma hipótese em que a tutela de urgência é deferida antes de 
se iniciar o processo. Ou seja, antes da petição inicial, o juiz pode deferir uma tutela de urgência. 
É o que se chama de ação cautelar preparatória, o sujeito pleiteava a tutela provisória de 
urgência, pedindo o asseguramento do processo que ainda viria, da petição inicial que seria 
ajuizada posteriormente. 
O problema foi que muitas pessoas pediam a tutela provisória de urgência antes de entrar com a 
petição inicial e, após, receberem aquilo que queriam, não entravam com o processo (ação 
cautelar satisfativa – o autor se satisfazia apenas com a tutela provisória de urgência e não 
ajuizava o processo). 
 
Para tentar organizar as coisas, o CPC, então, cria dois procedimentos anteriores ao processo 
principal: um para concessão de tutela cautelar (Art. 305 e ss) e outro para concessão de tutela 
antecipada (Art. 303, CPC). 
Esses dois procedimentos funcionam como um pedido antecedente. 
OBS: Se e quando vier o processo principal, será o mesmo processo – é como se fosse uma 
continuação. 
 
Qual a lógica desses dois procedimentos? 
Uma causa em que o sujeito não tem elementos suficientes para formular uma petição inicial – 
vale lembrar que a petição inicial deve ser substanciada e, por vezes, parte não sabe 
concretamente qual a causa de pedir, mas há um risco e isso faz com que seja possível requerer 
uma tutela em caráter antecedente. 
 
O CPC criou dois procedimentos um para uma tutela provisória de urgência cautelar e outro para 
uma tutela provisória de urgência antecipada. Os procedimentos são diferentes. 
 
» Tutela Provisória de Urgência Cautelar em Caráter Antecedente 
Art. 305, CPC – A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter 
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva 
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
Na tutela cautelar requerida em caráter antecedente, a petição inicial da ação não precisa ser 
substanciada, o autor não precisa dizer exatamente o que vai pedir no futuro, mas deve fazer 
uma exposição sumária dos direitos que deseja assegurar e, além disso, o autor precisa 
convencer o juiz de que ele tem direito aquela tutela. 
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o 
juiz observará o disposto no art. 303. 
Um sujeito entra com uma ação de tutela cautelar requerida em caráter antecedente, mas o juiz 
pode entender que não é um caso de tutela cautelar e sim um caso de tutela antecipada. Se isso 
ocorrer, o juiz passa a seguir o disposto no artigo 303 do CPC. 
 
OBS: Alguns autores entendem que essa alteração de procedimento (cautelar – antecipada) pode 
ser feita de ofício pelo juiz, mas outros entendem que pelo princípio da demanda e pelo princípio 
da cooperação, o juiz deveria, na medida do possível, alertar a parte. 
18 
 
Art. 306, CPC – O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as 
provas que pretende produzir. 
 
Art. 307, CPC – Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão 
aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias. 
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum. 
 
Esse procedimento que o código cria é, na verdade, um microprocedimento que vai decidir 
acerca da tutela cautelar de caráter antecedente. 
 
Como funciona esse microprocedimento? 
 
O autor formula o pedido e o juiz pode deferir ou não liminarmente a tutela. Assim, ao receber a 
ação, o juiz deve citar o réu, no prazo de 5 dias, para a contestação. Se o juiz se julgar apto para 
julgar a ação após a contestação do réu, ele pode deferir ou não a tutela. Mas, caso o juiz 
entenda que são necessárias mais provas, ele instaura a instrução probatória para depois decidir. 
 
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no 
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o 
pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais. 
 
O artigo 308 expressa a ideia de que a tutela cautelar serve para assegurar o resultado útil do 
processo, logo, pedida a tutela cautelar em caráter antecedente, o autor tem o prazo de 30 dias 
para entrar com a petição inicial. 
Não apresentada, a tutela cautelarde caráter antecedente perde a eficácia. 
§ 1° O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar. 
É possível formular o pedido principal juntamente com o pedido da tutela provisória de urgência 
cautelar requerida em caráter antecedente, mas isso não quer dizer que não será necessária uma 
petição inicial posteriormente. 
§ 2° A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal. 
Reforça a ideia de que não precisa se apresentar a causa de pedir detalhadamente no momento 
em que se pede a tutela cautelar em caráter antecedente. 
§ 3° Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou 
de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de 
nova citação do réu. 
§ 4° Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335. 
OBS: Os §§ 3° e 4° dizem respeito ao processo principal, por isso, serão analisados 
posteriormente. 
Art. 309, CPC – Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se: 
19 
 
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; 
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; 
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo 
sem resolução de mérito. 
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte 
renovar o pedido, salvo sob novo fundamento. 
Art. 310, CPC – O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido 
principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o 
reconhecimento de decadência ou de prescrição. 
O indeferimento do pedido da tutela antecedente não atrela o juiz a indeferir a petição inicial, 
salvo se o motivo for decadência ou prescrição. 
» Tutela de Urgência Antecipada em Caráter Antecedente 
Art. 303, CPC – Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição 
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela 
final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao 
resultado útil do processo. 
Se o autor não possui todos os elementos para formular uma petição inicial completa, o 
procedimento de uma tutela antecipada em caráter antecedente permite que a petição inicial 
esteja incompleta, isto é, deve-se descrever os fatos e a urgência, mas não é cobrado o 
detalhamento que é cobrado em uma petição inicial completa. 
 
Ao contrário do que aconteceria se fosse uma ação de tutela cautelar em caráter antecedente, 
aqui é preciso dizer o que está sendo pedido, visto que é uma antecipação da tutela, ou seja, 
uma antecipação do pedido, logo, este precisa estar definido. 
§ 1° Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: 
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a 
juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou 
em outro prazo maior que o juiz fixar; 
Concedida a antecipação da tutela, o autor tem 15 dias para completar a petição inicial. 
OBS: E se o autor não completar a petição inicial? O processo deverá ser extinto sem o 
julgamento do mérito. 
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 
334; 
O réu deve ser citado. 
20 
 
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335. 
§ 2° Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o processo será 
extinto sem resolução do mérito. 
§ 3° O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem 
incidência de novas custas processuais. 
§ 4° Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da 
causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final. 
§ 5° O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto 
no caput deste artigo. 
O autor deve deixar claro que está se valendo do artigo 303 do CPC e por isso sua petição inicial 
encontra-se incompleta, para que o juiz entenda do que se trata e não indefira a petição inicial 
por falta de substanciação/detalhamento. 
§ 6° Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão 
jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser 
indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito. 
Se o juiz entender que não há necessidade de se deferir uma tutela antecipada em caráter 
antecedente, ele pode exigir que o autor adite a sua petição inicial, a fim de torná-la completa, 
para que se possa seguir o procedimento comum. 
 
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão 
que a conceder não for interposto o respectivo recurso. 
Esse artigo trata da possibilidade de estabilização da tutela antecipada em caráter antecedente. 
 
OBS: No processo comum, quando a tutela antecipada é concedida ela não se estabiliza, ou seja, 
ela não se torna imutável. 
 
Mas, haviam situações em que a parte poderia ter interesse em obter a tutela antecipada em 
caráter antecedente e depois não ter mais interesse em seguir com o processo. 
Se o autor já recebeu o que queria, o réu se conformou com isso e não contestou, não há 
interesse em continuar com o processo. O ato da tutela antecipada em caráter antecedente 
pode se esgotar nele mesmo. 
 
§ 1° No caso previsto no caput, o processo será extinto. 
Se o réu contra quem é deferida a tutela antecipada em caráter antecedente, com fundamento 
no artigo 303, não recorrer (agravo de instrumento) a essa decisão, essa tutela se torna estável. 
Então, o juiz extingue o processo sem julgamento do mérito. 
21 
 
§ 2° Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar 
a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput. 
A tutela adquirir estabilidade não significa que ela se torna uma coisa material julgada, não 
houve uma sentença para aquela ação. 
Assim, qualquer uma das partes pode rever a decisão, por meio de uma nova demanda (visto 
que o antigo processo foi extinto). 
§ 3° A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada 
por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o. 
Enquanto a decisão acerca da tutela antecipada em caráter antecedente não for revista, ela 
mantém seus efeitos. 
§ 4° Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a 
medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a 
tutela antecipada foi concedida. 
Se o réu não entra com recurso, a tutela antecipada em caráter antecedente se estabiliza. Uma 
vez estabilizada, o processo deve ser extinto. 
Mas qualquer das partes tem o direito de pedir, em uma nova ação, a alteração ou a revisão 
dessa decisão. 
Se houver essa revisão, o juízo que julgou a ação de tutela antecipada se torna prevento para 
julgar o novo processo. 
§ 5° O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, 
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos 
termos do § 1o. 
§ 6° A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos 
efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação 
ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo. 
04/04 
CITAÇÃO 
 
A citação tem como objetivo fazer com que o demandado passe a fazer parte da relação jurídica 
processual já existente. 
 
Caso nãohaja nenhum vício na petição inicial, o juiz, ao realizar o despacho liminar, realiza a 
citação do réu. 
 
A função da citação é dar conhecimento ao réu de que existe uma demanda judicial contra ele e 
também dar ciência dos termos da demanda. 
 
22 
 
Art. 238, CPC – Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado 
para integrar a relação processual. 
O réu, a parte contra quem a demanda corre conta, o executado, quando se tratar de um 
processo autônomo de execução, e o interessado, pois em certos casos, chama-se uma pessoa 
interessa que não é parte do processo. 
 
OBS: Citação X Intimação 
 
A comunicação de atos processuais pode se dar por citação ou por intimação. 
 
Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a 
relação processual (Art. 238, CPC). A intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos 
e dos termos do processo (Art. 269, CPC). 
 
A citação é uma função específica de integração na relação jurídica processual, visto que o 
demandado, após a citação, se torna réu e integra o processo. A intimação visa dar ciência a 
alguém acerca de um ato processual e os termos desse ato. 
 
A citação ocorre uma única vez no processo, pois o objetivo desta é fazer com que o réu integre a 
relação processual, uma vez integrado, não se realiza mais nenhuma citação ao longo do 
processo. 
Por outro lado, para cada ato do processo é preciso realizar uma intimação. Por que isso? Para 
honrar o princípio do contraditório – as partes precisam conhecer os atos referentes ao processo 
para que possam reagir a eles. 
 
PS: Existe, no ato da citação, algumas intimações, como, por exemplo, intima-se o demandado a 
comparecer a uma audiência de conciliação. 
 
Tanto a citação quanto a intimação possuem uma dimensão substancial e uma dimensão formal. 
A dimensão substancial representa a mensagem que o ato processual quer passar. Por exemplo, 
na citação, quer se dar ao réu ciência de que há um processo, uma demanda contra ele e quais 
os termos dessa demanda. 
 
A dimensão formal estabelece requisitos positivos, que devem estar presentes, e negativos, que 
não devem estar presentes, para que o ato processual seja válido. 
ex.: se a citação é enviada juntamente com a petição inicial por email para o demandado, por 
mais que seja um ato que dê ciência sobre o processo e explique os termos, não é uma citação 
válida, pois esse não é um dos modos previstos na lei. 
 
Pode ocorrer o comparecimento espontâneo, o citando comparece ao cartório de maneira 
espontânea. E assim, ele faz com que a existência de um vício na citação não produza a 
consequência que esse vício normalmente produziria. 
 
Art. 239, CPC – Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, 
ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do 
pedido. 
23 
 
§1° – O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da 
citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à 
execução. 
 
Se a citação for inválida e o réu aparece por espontânea vontade, esse comparecimento sana a 
invalidade da citação. 
Então, a citação foi inválida e a relação jurídica não se integrou corretamente, mas pelo 
comparecimento espontâneo do réu, o processo poderá seguir, pois o comparecimento 
espontâneo conesta o vício. 
 
ex.: moro no apartamento 502, entregou-se o mandado de citação no apartamento 504, meu 
vizinho. Citação inválida. O vizinho me avisa acerca da citação e eu compareço. 
 
OBS: Como foi uma citação inválida, o réu não perde os prazos para realizar os atos processuais. 
O juiz pode acolher a arguição de que houve falta da citação e o prazo de se realizar atos 
processuais é devolvido ao réu, mas o juiz pode rejeitar a arguição do réu e este é considerado 
revel. 
 
A citação, quando válida, vale para todo o processo. E o comparecimento espontâneo possui 
esse mesmo efeito. 
 
» Classificação 
 
 Qto ao destinatário: 
 
Art. 242, CPC – A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do 
representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado. 
 Pessoal = se é dirigida diretamente ao réu ou ao seu representante legal; 
 Não pessoal = citação feita a quem é autorizado a recebê-la, autorizado pelo próprio réu 
ou pela lei (a lei pode dar o direito a outras pessoas, que não o réu, para receber a citação). 
 
ex.: § 2° – tenho um apartamento, eu o alugo e saio do Brasil. Se não deixo um procurador com 
poderes para receber uma citação, a lei prevê que o administrador do imóvel será o responsável 
por receber a citação. 
 
 Qto a forma: 
Art. 246, CPC – A citação será feita: 
I - pelo correio; 
II - por oficial de justiça; 
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; 
IV - por edital; 
24 
 
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. 
O rol do artigo 246 diz que a citação pode ser feita pelo escrivão, mas essa não é uma 
modalidade de citação, é uma caso de comparecimento espontâneo que supre a falta de 
citação. 
 
Art. 246, §1°, CPC – Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as 
empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em 
autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas 
preferencialmente por esse meio. 
 
OBS: Uma regra do novo código mudou a ordem de preferência. 
A regra, antigamente, era que a citação se dava por oficial de justiça. Porém, quando há muitos 
processos, a citação por oficial de justiça não é algo prático. Assim, surge a modalidade da 
citação por correio, que facilita o envio. Entretanto, mesmo a citação por correios apresenta 
problemas. Então, o novo código, a regra é que a citação ocorra por meio eletrônico. O meio 
eletrônico passa a ser o meio preferencial de se realizar a citação. 
 
Art. 246, § 2°, CPC – O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos 
Municípios e às entidades da administração indireta. 
 
Salvo pessoas físicas e empresas determinadas, todas as empresas e órgãos estatais devem ter 
um cadastro no sistema eletrônico do cartório para receber citações e intimações. 
Art. 270, CPC – As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da 
lei. 
Em regra, as intimações devem ser realizadas por meio eletrônico. Inclusive, a intimação de 
partes. 
 
Por que a parte pode ser intimada eletronicamente, mas não pode ser citada eletronicamente? O 
ato de citação é mais solene, portanto, há uma maior precaução. 
Após citado, presume-se que a parte possui um advogado e a partir daí, a intimação à parte é 
feita ao advogado, que possui cadastro no sistema do tribunal. 
 
Art. 272, CPC – Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações 
pela publicação dos atos no órgão oficial. 
Esse artigo reforça a ideia de que, via de regra, a intimação deve ser feita por meio eletrônico e, 
não feita, considera-se feita a intimação pela publicação no diário oficial. 
OBS: Se o advogado, cadastrado nos órgãos necessários, não toma ciência da publicação no 
Diário Oficial, no prazo de 10 dias, a publicação se torna uma intimação. 
 
§ 1° – Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da 
sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do 
Brasil. 
O advogado deve ter cadastro no sistema do tribunal, mas é possível que eles peçam para que as 
intimações sejam endereçadas ao nome da sociedade advocatícia a qual eles pertencem, desde 
que a sociedade esteja registrada adequadamente na OAB. 
A intimação deve estar vinculada a um advogado. 
25 
 
 
Os demaisparágrafos tratam de formalidades para evitar que a intimação seja defeituosa. Caso a 
intimação seja defeituosa, esta é nula. 
Por exemplo, se não há a identificação do advogado da parte na intimação, a intimação é nula. 
 
Quando a intimação é defeituosa, a parte, ao apelar, deve indicar que houve uma intimação 
defeituosa. 
 
O advogado vai ao cartório e retira os autos do cartório, esse ato indica ciência. A carga dos 
autos pelo advogado indica a tomada de ciência. 
 
06/04 
 
» FORMAS DE CITAÇÃO 
Art. 246, CPC – A citação será feita: 
I - pelo correio; 
II - por oficial de justiça; 
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; 
IV - por edital; 
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. 
O novo código vem tentando transformar a citação eletrônica no meio prioritário de citação (Art. 
270, CPC). 
 
Art. 246, § 1°, CPC – Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as 
empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em 
autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas 
preferencialmente por esse meio. 
Não se inclui, ainda, pessoas físicas. 
 
Art. 246, § 2°, CPC – O disposto no § 1° aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos 
Municípios e às entidades da administração indireta. 
Assim como se aplica também ao Ministério Público e a Defensoria Pública. 
 Citação por correio 
Mesmo com esse momento de transição em que se prioriza a citação por meio eletrônico, a 
citação pelo correio ainda é uma das mais utilizadas. 
Art. 247, CPC – A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto: 
I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3o; 
26 
 
II - quando o citando for incapaz; 
III - quando o citando for pessoa de direito público; 
IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; 
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. 
A vantagem da citação por correio é que ela pode ser feita em qualquer lugar do território 
nacional, ao contrário da citação por oficial de justiça, onde este só pode citar em sua comarca. 
Entretanto, não é possível citar por correio alguém que reside fora do país. Para isso, existe um 
instrumento próprio: a carta rogatória. 
 
Ao receber a citação, é necessário que o citando assine um recibo exigido pelos Correios. 
 
A citação pelo correio possui uma fragilidade: não há tanta segurança na citação pelo correio 
como há na citação por oficial de justiça. 
Embora mais prática, a citação jurídica é menos segura quanto ao recebimento do mandado pelo 
réu – o réu pode fugir, pode haver algum erro na entrega ou até mesmo desencontros. 
 
É por isso que o artigo 247, mesmo consagrando a citação por correio como a mais usual, 
estabelece situações em que não se deve utilizar a citação por correio. Ou seja, o próprio artigo 
estabelece exceções à citação por correio. 
Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando 
cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço 
do juízo e o respectivo cartório. 
No mandado de citação, é preciso constar uma cópia da petição inicial (contrafé – dar ciência ao 
réu da existência de uma demanda contra ele e dar ciência quanto aos termos desta) e algumas 
intimações (intimação para informar o réu o que acontecerá após a citação: se haverá uma 
audiência de conciliação ou mediação ou se o réu precisará se defender). 
§ 1° A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, 
que assine o recibo. 
A carta precisa ser registrada. O carteiro, no entanto, ao contrário do oficial de justiça, não 
possui fé pública, logo, se a pessoa se recusa a assinar o mandado ou se uma pessoa diversa 
assina no lugar do demandado, o carteiro não tem o que fazer. 
§ 2° Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de 
gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de 
correspondências. 
§ 3o Da carta de citação no processo de conhecimento constarão os requisitos do art. 250. 
§ 4o Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega 
do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, 
27 
 
entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o 
destinatário da correspondência está ausente. 
Em caso de condomínios, a citação pode ser entregada ao porteiro e essa entrega é válida. 
OBS: O prazo da citação começa a correr quando ocorre a juntada do mandado de citação aos 
autos. 
Por haver uma fragilidade quanto ao mandado enviado por correio, o código estabeleceu que, 
sendo o réu uma PJ, não apenas os membros capazes de agir em nome da empresa são aqueles 
que podem receber a citação, até mesmo o funcionário que recebe as correspondências pode 
receber o mandado. 
O artigo 247 prevê hipóteses em que a citação não pode ser feita por correio. 
Quando o citando for incapaz; pessoa de direito público; citando reside em local que não é 
atendido pela entrega domiciliar; quando o autor, justificadamente - deve haver uma justificativa 
cível para isso, requerer uma citação de outra maneira. 
 
 Citação por oficial de justiça 
 
Art. 249, CPC – A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses previstas neste 
Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio. 
 
Nas exceções à citação pelo correio, quando não for caso de citação por meio eletrônico ou 
quando houver a frustração na citação por correio, pode haver, por pedido do autor, citação por 
outro modo. 
 
É redigido um mandado de citação no qual deve constar a contrafé e as razões do juízo, este é 
assinado, distribuído e assim o oficial de justiça recebe o mandado. Uma vez recebido o 
mandado, o oficial de justiça deve ir até o domicílio do réu. 
Vale lembrar que o oficial de justiça não pode cumprir a diligência em qualquer comarca do país 
– a área de atuação do oficial de justiça é limitada. 
Para citar alguém, por oficial de justiça, em outra comarca existe o instrumento chamado carta 
precatória. 
 
Art. 255, CPC – Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma 
região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, 
intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. 
Art. 251, CPC – Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde o encontrar, citá-lo: 
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; 
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; 
III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o citando não a apôs no mandado. 
28 
 
Esse dispositivo estabelece algumas formalidades que o oficial de justiça precisa cumprir ao 
encontrar o citando. 
 
Embora a jurisdição 
 
Art. 252, CPC – Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em 
seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar 
qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, 
voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. 
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será 
válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo 
recebimento de correspondência. 
 
O artigo 252 do CPC traz uma espécie especial de citação, a citação por hora certa. 
A citação por hora certa acontece quando o oficial de justiça percebe que o réu está fugindo – 
assim, cabe ao oficial de justiça realizarinvestigações (se aquele é de fato o réu, se o endereço 
está correto). Nesse caso, segundo o artigo 252, quando por duas vezes o oficial de justiça tentar 
citar o demandado e sentir que há uma ocultação por parte deste, o oficial de justiça tem o 
poder de intimar uma pessoa da família ou algum vizinho para determinar a hora que retornará. 
E o parente/vizinho tem o ônus jurídico de alertar o réu. 
Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo 
despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência. 
§ 1° Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da 
ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, 
seção ou subseção judiciárias. 
§ 2° A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que 
houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se 
recusar a receber o mandado. 
§ 3° Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da 
família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
§ 4° O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador 
especial se houver revelia. 
Marcada a hora certa, caso o réu não apareça, o oficial de justiça certifica ou que o réu recebeu, 
ou que o réu não apareceu e dá-se por citado. 
 
Art. 254, CPC – Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, 
executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado 
aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. 
 
A citação por hora certa foi válida, o mandado de citação foi anexado ao processo e o escrivão 
enviará ao réu um ato que lhe dará ciência acerca do processo e dos seus termos. 
 
29 
 
OBS: É uma última chance para o réu. 
 
 
Impedimentos à citação: 
Art. 244, CPC – Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: 
I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; 
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em 
linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias 
seguintes; 
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; 
IV - de doente, enquanto grave o seu estado. 
Art. 245, CPC – Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou 
está impossibilitado de recebê-la. 
§ 1° O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência. 
§ 2° Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5 
(cinco) dias. 
§ 3° Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2o se pessoa da família apresentar declaração do 
médico do citando que ateste a incapacidade deste. 
§ 4° Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à 
sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa. 
§ 5° A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do 
citando. 
Não se citará alguém que é mentalmente incapaz ou que se encontra impossibilitado (ex.: coma). 
Procura-se um médico para realizar um laudo. Estabelecida a incapacidade, o juiz designará um 
curador (que representará o sujeito especificamente naquele caso), observando a previsão legal 
de preferência. 
OBS: O curador é nomeado pelo juiz para, naquele processo específico, representar o citando. 
 
 Citação por edital 
 
A citação por edital se dá quando estão esgotadas todas as maneiras de se descobrir quem é o 
citando ou de se saber o paradeiro do réu. 
Art. 256, CPC – A citação por edital será feita: 
I - quando desconhecido ou incerto o citando; 
30 
 
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; 
III - nos casos expressos em lei. 
§ 1° Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento 
de carta rogatória. 
§ 2°No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será 
divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. 
§ 3° O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua 
localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos 
cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos. 
A citação por edital deve ser feita quando não se sabe exatamente quem é o citando – por 
exemplo, numa ação de usucapião, por vezes, não se sabe quem é o atual proprietário; ou 
quando há incerteza sobre o paradeiro do citando. 
Art. 258, CPC – A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das 
circunstâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-
mínimo. 
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando. 
 
O autor que maliciosamente exigir a citação por edital quando não for caso para citação por 
edital incorre em litigância de má-fé e, como consequência, terá que pagar uma multa, que será 
convertida em benefício ao citando. 
Art. 257, CPC – São requisitos da citação por edital: 
I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias 
autorizadoras; 
II - a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na 
plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos; 
III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo 
da data da publicação única ou, havendo mais de uma, da primeira; 
IV - a advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia. 
O juiz deve nomear o curador, caso contrário, todos os atos do processo serão nulos. 
O edital é uma publicação no átrio (mural) do fórum. 
 
A citação por edital é uma ficção de que aquele que foi citado tomou ciência, mediante o edital, 
da sua citação. 
Com o desenvolvimento tecnológico, se tornou mais fácil a citação por edital. 
 
31 
 
O juiz pode determinar a citação por edital em jornal local de ampla circulação para reforçar as 
chances de o réu tomar conhecimento da citação. 
 
11/04 
 
» EFEITOS DA CITAÇÃO 
 
Os efeitos da citação podem ser materiais ou processuais. 
Art. 240, CPC – A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz 
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos 
arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). 
§ 1° A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que 
proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. 
§ 2° Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para 
viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1o. 
§ 3° A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. 
§ 4° O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência e aos demais prazos 
extintivos previstos em lei. 
Esse dispositivo estabelece que, ainda quando determinada por juízo incompetente, a citação 
continuará válida e ainda gerará efeitos. 
Quando o juízo for incompetente, o juiz que aceita a citação deve remetê-la ao juiz competente. 
A citação não se torna inválida mesmo que determinada por juízo incompetente. 
 
Esse artigo é incompleto, pois não estabelece todos os efeitos da citação – o rol não é taxativo. 
 
A função da citação é completar a relação jurídica processual. Com a citação válida, o réu passa a 
integrar o processo – aquele que

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