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As proposições básicas de ação formuladas pelo Ministério da Saúde para a assistência integral à saúde da mulher devem ser situadas no contexto da política de expansão e consolidação dos serviços básicos de saúde. Esse programa específico foi oficializado na década de 1980 e configura-se como uma estratégia de destinação seletiva de recursos que permitam a operacionalização de conteúdos de grande prioridade vinculados à população feminina. O programa nasceu com o objetivo: •Aumentar a cobertura e a concentração do atendimento pré-natal com igualdade de oportunidades no serviço em sua utilização; •Melhorar na qualidade da assistência ao parto e principalmente diminuindo as cesáreas desnecessárias; •Aumentar os índices de aleitamento materno, fornecendo as condições para implantação do alojamento conjunto; •Ampliar as atividades de identificação e controle do câncer cérvico-uterino e de mamas como também o controle das DST’s; •Desenvolver atividades de regulação da fertilidade humana, implementando métodos e técnicas de planejamento familiar; •Evitar o aborto provocado, mediante a prevenção da gravidez indesejada. Os conteúdos da assistência a saúde da mulher serão desenvolvidas através de atividades de assistência clínico- ginecológica, assistência pré-natal e assistência ao parto e puerpério imediato. Ações de Saúde da Mulher •Planejamento familiar; •Pré-natal e puerpério; •Prevenção do Câncer de Colo de Útero e Mama; •Climatério; •Assistência nas DST / AIDS PLANEJAMENTO FAMILIAR Consiste na possibilidade de decisão da mulher, do homem ou do casal em ter ou não filhos, o número desses e o momento ideal de concebê-los. Assistência e cuidados na atenção básica consiste em: •Informação quanto aos métodos contraceptivos; •Decisão da cliente quanto a contracepção; •Consulta médica e de enfermagem; •Fornecimento de contraceptivos; •Acompanhamento, educação e orientação. ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO Segundo o Ministério da Saúde (2000) o principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua gravidez, período de mudanças físicas e emocionais, que cada gestante vivencia de formas distintas. A consulta pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas das gestantes, transmitindo nesse momento o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto. Dentro das principais atividades de acompanhamento a gestante, realizado pela equipe de ESF, podemos destacar a EDUCAÇÃO. Faz-se necessário que o setor saúde esteja aberto para as mudanças sociais e cumpra de maneira mais ampla o seu papel de educados e promotor da saúde. A equipe deverá estar preparada para o trabalho educativo. A maioria das questões que emerge em grupos de pré-natal em geral, relaciona-se os seguintes temas: •Importância do pré-natal; •Sexualidade; •Orientação higieno-dietética; •Desenvolvimento da gestação; •Modificações corporais e emocionais; •Sinais e sintomas; •Importância do planejamento familiar; •Informações sobre os benefícios legais; •Importância da participação do pai durante a gestação; •Importância do vínculo pai-filho para o desenvolvimento saudável da criança; •Aleitamento materno; •Preparo psicológico para gestantes soro- positivas(medicações e aleitamento materno); •Importância das consultas puerperais e cuidados com RN; •Cuidados com a criança e importância da assistência a criança( vacinação, higiene,controle peso/ altura. Visitas Domiciliares As visitas domiciliares serão realizadas pelos ACS, onde a gestante será cadastrada para realização do acompanhamento pré-natal na Unidade de saúde. Objetivos para acompanhamento da gestante: •Captar gestantes não inscritas no pré-natal; •Reconduzir gestantes faltosas ao pré-natal, especialmente as de alto risco, uma vez que podem surgir complicações; •Acompanhar a evolução da gestação, segundo orientação da unidade, nos casos em que o deslocamento da gestante a unidade, em determinado período, seja considerado desnecessário; •Completar o trabalho educativo com a gestante e seu grupo familiar; •Reavaliar, dar seguimento ou reorientar as pessoas visitadas sobre outras ações desenvolvidas pela unidade de saúde. # Deverá ser observado o cartão da gestante, discutindo e orientando aspectos como: consultas, vacinação, exames e sintomas que a mesma esteja apresentando e aos aspectos relacionados com os demais membros de sua família. Qualquer alteração deverá ser anotada na ficha de acompanhamento e repassada as informações para a enfermeira ou médico da Unidade. Como condições para uma assistência pré- natal efetiva devemos garantir: •Discussão permanente com a população da área, em especial com as mulheres, sobre a importância da assistência pré-natal nas UBS e nas ações comunitárias; •Identificação precoce de todas as gestantes na comunidade e o pronto início do acompanhamento pré-natal, garantir as mulheres a realização do teste de gravidez na UBS; •Acompanhamento periódico e contínuo de todas as mulheres grávidas, visando assegurar a assistência à gestante nas UBS, domiciliar e reuniões comunitárias; •Sistema eficiente de referência e contra referência adequados. Para que as práticas de assistência sejam desenvolvidas adequadamente se faz necessário: # Recursos humanos capacitados; # Área física adequada para o atendimento da gestante e familiares, condições favoráveis de higiene, ventilação e privacidade; # Equipamentos e instrumentais mínimos para a consulta; # Apoio do laboratório para realização dos exames e entrega eficaz( hematócrito e hemoglobina, tipagem sanguínea + fator Rh, Coombs indireto,VDRL, HIV, glicemia de jejum,TOTG, sumário de urina, urocultura com antibiograma, parasitológico de fezes, exame citológico, secreção vaginal. # Instrumento de registro, processamento e análise dos dados, visando o acompanhamento sistematizado da evolução da gravidez, parto e puerpério, por meio da coleta de dados obtido em cada encontro na UBS ou domicílio (SIS – pré-natal); # Medicamentos essenciais: antiácidos, sulfato ferroso, ácido fólico, supositório de glicerina, analgésicos, antibióticos e tratamento de corrimentos vaginais; # Avaliação permanente da assistência pré-natal, que deverá obedecer os seguintes indicadores: * Distribuição das gestantes por trimestre de início de pré-natal, quantidade de mulheres que realizaram pré-natal registradas na UBS, % de abandono,% de óbitos decorrentes da gestação, % de crianças com tétano neonatal, % de RN com baixo peso(<2.500kg), % de VDRL + em gestantes e RN’s, % de gestantes referenciadas comparadas com a contra-referência. Níveis de atuação nas UBS à Assistência pré- natal: # Agente Comunitário de Saúde •Realização das visitas domiciliares e educação em saúde; •Encaminhar a gestante ao serviço de saúde, sempre comunicando ao enfermeiro ou médico qualquer intercorrência sofrida pela gestante; •Orientar sobre a importância das consultas de pré-natal e identificar situações de risco; •Realiza a captação precoce de gestante para a 1ª consulta; •Realiza visitas no período puerperal, acompanha processo de aleitamento e futuro planejamento familiar pelo casal. # Auxiliar de Enfermagem: •Orientação para as mulheres e familiares, quanto a importância da assistência e amamentação; •Verifica peso e a pressão arterial e anota os dados no cartão da gestante; •Fornece a medicação, mediante receita médica; •Vacinação antitetânica e H1N1; •Participa das atividade educativas. # Enfermeiro: * Orienta gestante e família sobre: importância do pré-natal, amamentação e preparo para o parto; •Realização de consulta pré-natal de gestantes de baixo risco; •Solicita exames de rotina e orienta tratamentoconforma protocolo do serviço; •Encaminha gestante identificadas como de alto risco para acompanhamento médico; •Realiza atividades em grupo de gestantes; •Atualiza e registra no cartão da gestante todos os dados a cada consulta; •Realiza coleta de exame citológico # Médico: •Realiza consulta de pré-natal intercalando com a do enfermeiro (a); •Solicita exames e orienta tratamento conforme as Normas Técnicas e Operacionais; •Identifica as gestantes de risco e as encaminha para unidade de referência; •Realiza coleta de exame citopatológico; •Fornece o cartão da gestante atualizado a cada consulta; •Participa de grupo de gestante e realiza visita domiciliar; •Atende as intercorrências e encaminha as gestantes para unidades de referência quando necessário. CONTROLE DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO E DE MAMA Embora existam tecnologias simples e de baixo custo para prevenção e diagnóstico de estágios precoces do câncer cérvico-uterino, capaz de ser incorporada a todos os serviços de saúde, esta atividade, atualmente atinge uma pequena parte da população feminina no nosso país. Dentre as neoplasias malignas, o câncer cérvico-uterino e de mama constituem as principais causas de óbitos na população feminina. O PAISM preconiza para prevenção do Câncer de Colo de Útero e de mamas: # Rastreamento de câncer de colo de útero e de mama; # Coleta de material para exame de citopatologia; # Realização ou referência para exame citopatológico; # Alimentação do sistema de informação. CÂNCER CÉRVICO-UTERINO O principal objetivo das ações de controle do câncer cérvico-uterino é o de prevenir o carcinoma invasor, através da detecção, diagnóstico e tratamento das lesões cervicais pré-invasoras. Fatores de risco: •Níveis sócio-econômicos baixos; •Início da atividade sexual precoce; •Multiplicidade de parceiros; •História de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente as decorrentes de infecções por: HPV e vírus da Herpes tipo 2; •Tabagismo; •Hipovitaminose A. As ações de controle do câncer cérvico- uterino envolvem atividades preventivas e ou curativas, a seguir descriminadas: •Consulta clínica ginecológica; •Citologia de esfregaço cérvico-vaginal; •Colposcopia; •Teste de Schiller; •Histopatologia; •Tratamento dos processos inflamatórios e displásicos; •Encaminhamento para clínica especializada, dos casos indicados para complementação diagnóstica e tratamento; •Controle dos casos negativos; •Seguimento dos casos tratados. CÂNCER DE MAMA O diagnóstico e o tratamento no estágio de pré-invasão do câncer de mama pode ter influência significativa na diminuição da respectiva mortalidade. O estágio pré-invasor do câncer de mama é longo, podendo durar meses ou mesmo anos. Daí, a importância da intensificação das ações de detecção, mais freqüentemente naquelas mulheres consideradas como de maior risco. FATORES DE RISCO: •História familiar de câncer mamário, •Primeira gestação tardia; •Nuliparidade; •Disfunções hormonais e displasias mamárias; •Obesidade, menarca precoce,menopausa tardia, não lactação, ingesta rica em gordura e exposição às irradiações. Ações de controle do câncer de mama: •Exame clínico das mamas; •Auto exame das mamas; •Exames complementares Exame clínico das mamas *Inspeção; *Palpação; *Expressão Realização dos exames: Mulheres com risco: semestralmente Mulheres sem risco: anualmente Mulheres que detectaram anormalidade: Imediatamente ASSISTÊNCIA AO CLIMATÉRIO O Climatério é um período da vida feminina caracterizado pelo esgotamento dos folículos ovarianos, resultando na queda dos níveis de estrogênio e progeterona, levando a alterações sobre a pele, as mucosas, o esqueleto, metabolismo lipoprotéico e a função emocional. A menopausa representa a última menstruação da vida da mulher, o climatério inicia-se por volta dos 40 anos e se estende até os 65 anos A equipe de saúde da família deverá atuar nos seguintes pontos: •Informação quanto ao climatério; •Consulta médica odontológica e de enfermagem; •Realização ou referência para exames; •Acesso a medicação gratuita; •Acompanhamento das intercorrências nas UBSF; •Encaminhamento a assistência secundária quando necessário; •Atividades educativas e atividades clínicas. Alterações características na fase do climatério: •Doenças cardiovasculares e osteoporose; •Ondas de calor, sudorese e calafrios; •Cefaléia, tonturas, parestesias e palpitações; •Depressão, insônia, fadiga e perda de memória; como também alterações menstruais; •Secura vaginal, síndrome uretral, dispareunia, pele seca e pouco elástica, fragilidade e queda de cabelo; ASSISTÊNCIA NAS DST’S/ AIDS As doenças sexualmente transmissíveis (DST) estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. Segundo a OMS(1990) as DST’S estão entre as 5 principais causas de procura por serviços de saúde. Nos últimos anos, provavelmente devido a alta transcendência da aids, o trabalho com as outras DST’s, doenças que facilitam a transmissão do HIV, passou a ser redobrada sua importância, principalmente no que se refere à vigilância epidemiológica, ao treinamento de profissionais para o atendimento adequado e à disponibilidade e controle medicamentos. É de responsabilidade das equipes de saúde da família, o controle das DST’s, sendo um de seus objetivos junto a assistência às mulheres. ASSISTÊNCIA NAS DST’S / AIDS •Informações quanto as principais DST’S / AIDS; •Acesso aos preservativos masculinos e femininos; •Consulta médica e de enfermagem; •Realização ou referência para exames laboratoriais; •Acompanhamento diante das DST’s /AIDS; •Encaminhamento para assistência secundária quando necessário. PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE NOS CASOS DE DST’S / AIDS. A prevenção, estratégia básica para o controle da transmissão das DST’s e do HIV, dar-se-á por meio da constante informação para a população geral e das atividades educativas que priorizem: a percepção de risco, as mudanças no comportamento sexual e a promoção e adoção de medidas preventivas com ênfase na utilização adequada do preservativo. As atividades de aconselhamentos das pessoas com DST e seus parceiros durante o atendimento, são essenciais, no sentido de buscar que os indivíduos percebam a necessidade de maior cuidado, protegendo a si e seus parceiros. Métodos diagnósticos # Diagnóstico etiológico: Utilização de testes laboratoriais para identificar o agente causador; #Diagnóstico clínico: Utilização da identificação dos sinais e sintomas que possam caracterizar uma determinada DST, baseado na experiência pessoal de cada profissional. CONSULTA DE ENFERMAGEM A participação de enfermeiros e outros profissionais de saúde , devem ser estimulada em todas as etapas do atendimento. O aconselhamento, a detecção de situações de risco e a educação para a saúde das pessoas com DST’s e seus parceiros são atividades nas quais esses profissionais deveram atuar. Excepcionalmente os enfermeiros poderão prescrever e aplicar medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde (Lei do Exercício profissional nº 7.498/86 de 25 junho de 1986 e regulamentada pelo decreto nº 94.406 de 08 junho de 1987).
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