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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL/DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________ EMPRESA, inscrita no CNPJ nº _________, com sede à Rua _________ neste ato representada por seu representante legal, FULANO DE TAL, brasileiro, casado, profissão, nascido aos xxxxx, portador da cédula de identidade nº —————–, inscrito no CPF nº ________, residente à Rua _________________ vem, mui respeitosamente perante Vossa Excelência, com amparo nos arts. 145 e ss. da Constituição Federal demais dispositivos legais concernentes à matéria, propor a presente AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno com sede à ____________, podendo ser citada na pessoa do Procurador Regional da União em ________, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz e ao final requer: I – DOS FATOS Conforme certidão anexa da Receita Federal e Estatuto Social também incluso, o autor é representante legal da empresa “X”, cadastrada sob o CNPJ nº xxxxx e que atua no ramo de xxxxx. Referida empresa conta atualmente com xx empregados, todos devidamente registrados perante o Ministério do Trabalho e com as devidas contribuições patronais em dia, inclusive com as contribuições sociais de que tratam os arts. 1º e 2º da Lei Complementar nº 110/2001. De fato, como qualquer empregador, a empresa do autor está obrigada ao pagamento da contribuição adicional de 10% (dez por cento) sobre a multa de 40% (quarenta por cento) sobre todos os depósitos realizados em conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS dos empregados que eventualmente demitir imotivadamente, assim como à contribuição social de 0,5% sobre a remuneração devida, mensalmente, a cada trabalhador sob sua responsabilidade. Conforme documentação contábil e fiscal anexa, a empresa autora dispendeu nos últimos 05 (cinco) anos o equivalente a R$ xxx a título do adicional de 10% sobre multa do FTGS, conforme demissões efetuadas no período. É o que se extrai, para melhor elucidação, da tabela a seguir, amparada em documentação que acompanha esta petição: ADICIONAL 10% MULTA FGTS Exercício Demissões efetuadas Valor total multas Valor atualizado Subtotal 2012 X X X X 2013 X X X X 2014 X X X X 2015 X X X X 2016 X X X X TOTAL XX Pois bem. Sucede que, a despeito da cobrança de tal valor pelo Fisco (e correspondente pagamento pela autora), é certo que esta exação perdeu, desde 2007, sua originária destinação, vez que foi instituídas para cobrir a recomposição das contas vinculadas do FGTS, deficitárias em razão dos expurgos inflacionários dos Planos Verão e Collor I – déficit esse que não mais persiste. Destarte, com a satisfação do motivo pelo qual foi criada, sucedeu a inconstitucionalidade superveniente desta obrigação tributária, razão pela qual o Fisco deve ser compelido à restituir ao autor, dentro do prazo prescricional devido, tudo quanto indevidamente lhe prestou, em face do desvio do produto de sua arrecadação. A persistir a exação, ficará consagrada a perpetuação de cobrança tributária desvirtuada de sua finalidade original, o que não se pode admitir em termos de arrecadação. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS II.A – DO HISTÓRICO LEGISLATIVO A Lei Complementar nº 110/2001 instituiu duas contribuições sociais novas a cargo do empregador para equilibrar as contas do FGTS que restaram deficitárias em mais de R$ 42 bilhões em razão dos expurgos inflacionários ocasionados pelos Planos Verão e Collor I: Contribuição Social de 10% sobre os valores depositados no FGTS por demissão sem justa causa (artigo 1º da LC 110/2011) Contribuição Social de 0,5% sobre a remuneração devida ao trabalhador devida no mês anterior, incluídas as parcelas do artigo 15 da Lei 8.036/90. Vigência de 60 dias a contar da exigibilidade (artigo 2º, parágrafo 2º). As contribuições foram declaradas como constitucionais pelo STF nas ADI 2.556 e 2.568. II.B – DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA FINALIDADE Como dito, a contribuição social destinada a equilíbrio às contas do FGTS em razão do pagamento dos expurgos inflacionários dos planos Verão e Collor I já teve sua função cumprida desde ano de 2007 e, a despeito disso, ainda persiste a ser exigida pela União. Com efeito, ao editar o então projeto de lei que resultou na LC 110/2001 (então sob a rubrica de PLP 195/2001), o Governo Federal apresentou um cronograma de reposição das contas vinculadas ao FGTS, para compensação dos complementos de remuneração atingidos pelos expurgos dos planos econômicos. Referido cronograma acabou positivado no Decreto nº 3.913/2001 (que dispõe sobre a apuração e liquidação dos complementos de atualização monetária de saldos de contas vinculadas do FGTS), cujo art. 4º, II estabeleceu que tais reposições sucedessem em sete parcelas semestrais, iniciando-se em janeiro em 2004. In verbis: Art. 4º O titular da conta vinculada manifestará, no Termo de Adesão, sua concordância: [...] II - com a forma e os prazos do crédito na conta vinculada, consoante as seguintes especificações: a) o complemento de atualização monetária no valor total de até R$ 1.000,00 (mil reais), será creditado até 30 de junho de 2002, em uma única parcela, para os titulares de contas vinculadas que tenham firmado o Termo de Adesão até o dia 31 de maio de 2002; b) o complemento de atualização monetária no valor total de R$ 1.000,01 (mil reais e um centavo) a R$ 2.000,00 (dois mil reais), será creditado em duas parcelas semestrais, ocorrendo o crédito da primeira parcela, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), até 31 de julho de 2002, para os titulares de contas vinculadas que tenham firmado o Termo de Adesão até o dia 28 de junho de 2002; c) o complemento de atualização monetária no valor total de R$ 2.000,01 (dois mil reais e um centavo) a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), definido antes da dedução de que trata o inciso I, alínea b, será creditado em cinco parcelas semestrais, a partir de janeiro de 2003, para os titulares de contas vinculadas que tenham firmado o Termo de Adesão até o dia 30 de dezembro de 2002; d) o complemento de atualização monetária no valor total de R$ 5.000,01 (cinco mil reais e um centavo), a R$ 8.000,00 (oito mil reais), definido antes da dedução de que trata o inciso I, alínea c, será creditado em sete parcelas semestrais, a partir de julho de 2003, para os titulares de contas vinculadas que tenham firmado o Termo de Adesão até o dia 30 de junho de 2003; e) o complemento de atualização monetária no valor total acima de R$ 8.000,00 (oito mil reais), definido antes da dedução de que trata o inciso I, alínea d, será creditado em sete parcelas semestrais, a partir de janeiro de 2004, para os titulares de contas vinculadas que tenham firmado o Termo de Adesão até o dia 30 de dezembro de 2003; Dado tal cronograma, assim, vê-se que as reposições se encerraram exatamente no ano de 2007, exaurindo a finalidade para a qual a contribuição foi instituída. Tal é o atingimento da finalidade da exação que por iniciativa do Senado Federal, lançou-se o Projeto de Lei Complementar nº 200/2012, pela qual se estabelecia prazo para extinção desta contribuição social após 01/01/2013. Referida proposição foi devidamente aprovada pela Câmara dos Deputados e encaminhada ao Executivo para sanção. O PL, porém, foi integralmente vetado pela então Presidente da República, Dilma Rousseff, sob o argumento de que a receita de R$ 3 bilhões anuais gerada pela arrecadação da contribuição social prejudicaria projetos de infraestrutura do “Programa Minha Casa, Minha Vida” – objetivo totalmente estranho à ratio essendi da LC 110/2001. Veja-se a mensagem de veto da Presidência da República, como publicada na p. 01 da edição de 25/07/2013 do D.O.U.: “‘A extinção da cobrança da contribuição social geraria um impacto superior a R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais) por ano nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, contudo a proposta não está acompanhada das estimativas de impacto orçamentário-financeiro e da indicação das devidas medidas compensatórias, em contrariedade à Lei de Responsabilidade Fiscal. A sanção do texto levaria à redução de investimentos em importantes programas sociais e em ações estratégicas de infraestrutura, notadamente naquelas realizadas por meio do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FI-FGTS. Particularmente, a medida impactaria fortemente o desenvolvimento do Programa Minha Casa, Minha Vida, cujos beneficiários são majoritariamente os próprios correntistas do FGTS.’ Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar o projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional”. A par da mensagem de veto da Presidência, fica claro que atualmente a cobrança social do adicional de 10% já não se presta à finalidade para qual foi criada, porquanto foi satisfeito o motivo que fundamentou sua exigência. De fato, convém interpretar a legislação tributária restritivamente. Não se pode dar ao Executivo, no seu ímpeto arrecadatório, aproveitar de exação que nada toca em projetos de infraestrutura absolutamente estranhos ao motivo que a primeiro justificou sua cobrança, fazendo “saltos de gestão” que só fazem onerar o contribuinte. E não é só isso. Tal o descalabro da exigência desta contribuição que os recursos arrecadados com a cobrança da contribuição do art. 1º da LC 110/2001 são atualmente destinados à conta do Tesouro Nacional por força da Portaria de nº 278/2012 da Secretaria do Tesouro. Este expediente demonstra, por si só, que a União não emprega mais o produto da arrecadação para cobrir o déficit do FGTS. Ademais, ao alocar ao Tesouro o produto da arrecadação, a contribuição passa a ter natureza de imposto por ser destinada à cobertura das despesas do Estado, o que jamais se pode admitir. Por fim, em Julho de 2012, conforme subitem 2.1.1 do Ofício 102/2013 emitido pelo Agente Gestor do FGTS, restou claro que o se encerrou os reflexos patrimoniais provenientes do diferimento de que trata o artigo 9º da LC 110/2001. Destarte, temos que por todos esses motivos sucedeu inconstitucionalidade superveniente da norma tributária, e como o produto da arrecadação é destinado a fim diverso do original, o único caminho possível é a repetição em favor do autor de tudo quanto dispendeu desde 2007 a esse título, observado o prazo prescricional. Conste, em tempo, que tal a controvérsia da questão que, atualmente duas ADIs (5050 e 5051) que tem por objeto a vigência do art. 1º da LC 110/2001 tramitam no STF. Igualmente, o RE 878.313/SC, que também cuida da questão, teve sua repercussão geral reconhecida pelo Pretor Excelso. III – DOS PEDIDOS Ante o exposto requer se digne Vossa Excelência a: a) determinar a citação da União, na pessoa do seu representante legal, para que apresente resposta, no prazo legal; b) deferir o recolhimento das custas processuais ao final do processo ou, ao menos, o seu parcelamento (sendo o caso); c) Julgar totalmente procedente o pedido, para condenar a União Federal à restituir, pela via de repetição, a totalidade dos valores recolhidos/repetidos indevidamente a título da contribuição a que alude o art. 1º da LC 110/2001, tendo como termo inicial a data de cada recolhimento, com a correção monetária devida e pelos índices próprios e oficiais aplicáveis na época da devida repetição, mais juros de mora e pela taxa já apontada; d) condenar a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em patamar condizente com o disposto no art. 85 do Novo Código de Processo Civil; e) requer, outrossim, a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários-mínimos, quando da atualização, para que possa a parte autora optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, conforme reza o art. 17, § 4º da Lei 10.259/01; (incluir se for o caso) f) dispensar eventual designação de audiência de conciliação, vez que por ora não há interesse do(a) autor(a) na composição amigável do litígio (art. 334, § 5º, NCPC);(incluir se for o caso) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, sem exclusão de qualquer deles. Dá-se à causa o valor de R$ (60 salários-mínimos se Juizado Especial Federal), para fins fiscais. Termos em que, Pede deferimento. Local, 26 de novembro de 2018. ADVOGADO OAB/XX
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