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URI-UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES PRÓ-REITORIA DE ENSINO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN CURSO DE MATEMÁTICA ÍGOR ANDRÉ SAGGIN ANÁLISE PANORÂMICA DAS QUESTÕES MATEMÁTICAS APLICADAS NO ENEM NO PERÍODO DE 2013 - 2017 FREDERICO WESTPHALEN - RS 2018 1 ÍGOR ANDRÉ SAGGIN ANÁLISE PANORÂMICA DAS QUESTÕES MATEMÁTICAS APLICADAS NO ENEM NO PERÍODO DE 2013 - 2017 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção de grau de licenciando de Matemática Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Campus de Frederico Westphalen. Orientadora: Profª. Me. Eliane Miotto Kamphorst FREDERICO WESTPHALEN - RS 2018 2 ÍGOR ANDRÉ SAGGIN ANÁLISE PANORÂMICA DAS QUESTÕES MATEMÁTICAS APLICADAS NO ENEM NO PERÍODO DE 2013 - 2017 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção de grau de licenciando em Matemática. Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Campus de Frederico Westphalen. Frederico Westphalen, 02 de Julho de 2018. BANCA EXAMINADORA _____________________________ Profª.Me. Eliane Miotto Kamphorst URI/FW _____________________________ Profª.Dr. Carmo Henrique Kamphorst URI/FW _____________________________ Profª.Me. Sandra Edinara Baratto Viecelli URI/FW 3 Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida, pois sem ele eu não teria forças para essa longa jornada, agradeço а meus professores, a minha família e em especial a meu filho Ígor André Saggin Filho. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço à minha mãe Maristela que sempre esteve ao meu lado, incentivando, foi minha mãe e pai, durante minha vida, batalhando para proporcionar a melhor educação para mim e meu irmão Lucas. Jamile, obrigado por ser minha companheira e entender a minha dedicação. Para meus queridos mestres que se dedicaram a ensinar e compartilhar todo o seu conhecimento. Um agradecimento especial a professora Eliane que fez toda a diferença na orientação da minha monografia. Agradeço também aos meus colegas de trabalho, por ajudar nos estágios, a Deus e a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desse sonho. E com enorme carinho a Ígor Filho, por ser minha maior motivação. 5 “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei o mundo” - Arquimedes 6 RESUMO Atualmente as escolas estão sendo avaliadas a partir de provas em larga escala, dentre elas o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O mesmo criado em 1998, tendo por objetivo avaliar o desempenho do estudante no final da escolaridade básica. Além de constituir um indicador do desenvolvimento da educação básica, o desempenho dos estudantes no ENEM é o balizador para a adesão em vários programas voltados ao ingresso e a permanência no Ensino Superior, destacamos entre eles, o Programa Universidade para Todos (PROUNI), o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), além do Programa Ciência sem Fronteiras. Em 2009, o Ministério de Educação e Cultura implantou uma reformulação no ENEM, mudando sua estrutura, dividindo em áreas de conhecimento. Juntamente foi apresentada uma Matriz de Referência Curricular para o Ensino Médio, baseado nas relações de competências e habilidades que os alunos devem adquirir dentro das áreas de conhecimento. Atualmente a prova do ENEM é composta por uma redação e cento e oitenta questões de múltipla escolha, sendo quarenta e cinco questões de cada uma das quatro áreas do conhecimento, sendo elas: Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências de Natureza e Matemática. Logo, a disciplina de Matemática, que diferentemente das outras disciplinas constitui também uma área do conhecimento e, consequentemente, consiste na disciplina com o maior número de questões na prova (quarenta e cinco). A análise de questões do ENEM justifica-se diante das possíveis contribuições para os docentes e discentes do Ensino Médio. Para os docentes com vistas na possibilidade de auxiliar na realização de seus planejamentos de modo a desenvolver habilidades e competências necessárias para a obtenção de bons desempenhos na prova do ENEM e, para os discentes, ante a possibilidade de instruí-los acerca de características das questões e conteúdos que necessitam estudar com mais afinco em seus estudos preparatórios. Assim sendo, realizou-se num primeiro momento uma investigação histórica sobre o surgimento do ENEM, apresentando sua evolução, mudanças, curiosidades e pontos críticos. Posteriormente, realizou-se a análise das questões matemáticas entre o ano de 2013 à 2017. Por fim, apresenta-se os dados obtidos com a pesquisa. Palavras - Chave: Exame Nacional do Ensino Médio. Matemática. Análise das Questões. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................8 2 HISTÓRIA DO ENEM........................................................................................................12 3 OBJETIVOS E PROGRAMAS DE ADESÃO AO ENSINO SUPERIOR ATRAVÉS DO ENEM................................................................................................................................16 3.1 Programa Universidade para Todos (PROUNI)............................................................17 3.2 Fundo de Financiamento Estudantil (FIES)...................................................................19 3.3 Sistema de Seleção Unificada (Sisu)....................................................................................20 3.4 O Programa Ciência sem Fronteiras...............................................................................20 4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO ENEM, MATEMÁTICA DO ENEM E TEORIA DA RESPOSTA AO ITEM (TRI) .....................................................................22 4.1 Estrutura do ENEM..........................................................................................................22 4.2 A matemática do ENEM...................................................................................................24 4.3 Teoria da Resposta ao Item (TRI)...................................................................................25 5 METODOLOGIA DA PESQUISA.....................................................................................27 5.1 Delineamento da pesquisa................................................................................................27 5.2 Técnicas e definição da amostra......................................................................................27 6 ANÁLISE DE DADOS.........................................................................................................29 7 CONCLUSÃO......................................................................................................................39REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................40 ANEXOS..................................................................................................................................44 8 1 INTRODUÇÃO Quando falamos do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), já pensamos no atual modelo e aplicação, muitos não imaginam quando e qual o motivo inicial de sua proposição. Sua criação ocorreu em 1998, com o objetivo inicial de avaliar a qualidade do Ensino Médio no Brasil. Vale lembrar, que anteriormente ao ENEM, existia o Sistema de Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), que foi implantado em 1990, também pelo Ministério da Educação (MEC), com o objetivo de avaliar a qualidade do Ensino Fundamental e Médio, além de contribuir para o replanejamento das políticas públicas implantadas nesse nível de ensino. A partir da reforma da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LBD) em 1996, institui-se a avaliação de sistemas de ensino e, desta forma, o ENEM incide diretamente no nível médio, com o propósito de avaliar os concluintes do Ensino Médio e também a qualidade da Educação Básica no Brasil. Logo após a criação do ENEM, o INEP divulgou o Documento Básico que se descreveria como seria o funcionamento do exame e salientando a estruturação a partir de uma matriz por competências: Para estruturar o exame, concebeu-se uma matriz com a indicação de competências e habilidades associadas aos conteúdos do ensino fundamental e médio que são próprias ao sujeito na fase de desenvolvimento cognitivo, correspondente ao término da escolaridade básica. Tem como referência a LDB, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a Reforma do Ensino Médio, bem como os textos que sustentam sua organização curricular em Áreas de Conhecimento, e, ainda, as Matrizes Curriculares de Referência para o SAEB. (ENEM, 1998, p.2) Segundo Couto (2015), o ENEM em quase duas décadas de existência, já merece um destaque na história da educação brasileira, que está tão marcada por instabilidades administrativas e descontinuidades das políticas públicas. Este é um sucesso que deve suscitar reflexões e debates. A figura a seguir mostra o número de inscritos no ENEM, do ano de 1998 à 2017, segundo dados retirados do Site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 9 Figura 01: Gráfico do Número de Inscritos no ENEM FONTE: Elaborado pelo autor baseado em dados do INEP (2017) Atualmente a proposta oficial é que o ENEM seja a única forma de ingresso nas universidades públicas. Com isto, a cada ano mais alunos tem buscado no ENEM a oportunidade democrática de concorrer a uma vaga em uma universidade conceituada. Assim, o ENEM ganhou uma credibilidade entre as instituições de Ensino Superior e grande parcela destas, utilizam a nota total do ENEM ou uma porcentagem desta no processo seletivo. Diante dos avanços tecnológicos e o atual contexto socioeconômico, novas exigências e adequações estão sendo introduzidas no campo do ensino. Fazendo-se necessário que os docentes busquem constante aperfeiçoamento e estejam realmente comprometidos com a aprendizagem dos estudantes, independentemente, da área de conhecimento. Com uma análise panorâmica das questões do ENEM podemos redesenhar um novo paradigma de metodologia de estudo. Faz-se necessário que o professor utilize métodos e técnicas apropriadas, procurando despertar e manter a atenção do aluno e, busque usar estratégias que façam com que o discente obtenha sucesso no exame. Frente a isto, a realização desta pesquisa utilizou-se do método quantitativo, pois o estudo envolveu o cálculo dos percentuais correspondentes à frequência com que os diferentes conceitos matemáticos da educação básica se fazem presentes nas questões de Matemática das provas do ENEM, no período de 2013 a 2017. Todavia, também utilizou-se do método 0 2000000 4000000 6000000 8000000 10000000 12000000 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 N ú m er o d e in sc ri to s Ano 10 qualitativo, visto que também procurou-se caracterizar tais questões, bem como, conhecer mais acerca da história e da legislação pertinente a esta avaliação que é aplicada em larga escala em todo território nacional. A pesquisa envolveu um estudo bibliográfico, através de leituras, fichamentos, de teóricos como: CATANI (2006), FINI (2005), LOURENÇO E PRADO (2012), FENNER et al. (2014). Além das provas do ENEM do período de 2013 a 2017, no que diz respeito aos conteúdos de matemática, foi realizado um levantamento de quais conteúdos matemáticos são cobrados com mais frequência no exame. Para a realização da análise de dados desta pesquisa utilizou-se a análise estatística, no que tange a quantidade de vezes que aparece determinado conteúdo matemático nas provas do ENEM do período estudado. Já a análise qualitativa envolveu um estudo da elaboração das questões, através da análise de conteúdos, fazendo uma relação de diversos autores sobre as temáticas encontradas no ENEM. Ressalta-se, que este trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar das questões de Matemática do ENEM, no período de 2013 a 2017, e observar características das questões, buscando identificar os conhecimentos mais frequentemente cobrados, nestas provas. Além de conhecer aspectos relacionados à história e a legislação do ENEM, bem como, de programas voltados ao Ensino Superior cuja adesão considere o desempenho dos estudantes nesta prova, e compreender como são elaboradas as provas do ENEM, em especial, as questões de Matemática. A composição desta monografia pode ser esclarecida da seguinte maneira: Na Introdução procurou-se estabelecer uma visão geral do que está sendo abordado no decorrer deste trabalho, apresentando os objetivos geral e específicos, além da metodologia aplicada na construção do trabalho. No Capítulo 2, nomeado como “História do ENEM”, buscar-se-á apresentar uma linha histórica, ressaltando-se objetivos, curiosidades, polêmicas, números e público alvo, em diferentes momentos do período, partindo de sua criação em 1998 até a última edição 2017. No Capítulo 3, intitulado “Objetivos e Programas de Adesão ao Ensino Superior Através do ENEM”, apresenta-se os programas do Governo Federal: Programa Universidade Para Todos (PROUNI); Fundo de Financiamento Estudantil (FIES); Programa de Seleção Unificada (SISU); Ciência sem Fronteiras; 11 Respaldasse o que é cada programa, forma de adesão, e seu vínculo com o Exame Nacional do Ensino Médio. No Capítulo 4, descrito como “Contextualização da Estrutura do ENEM, Matemática do ENEM e Teoria de Resposta ao Item(TRI)”, tem como objetivo apresentar, como é composta a prova do ENEM, divisão dos conteúdos, áreas de conhecimento exigidas e elaboração das questões do exame, busca também explicar a forma de correção das questões objetivas, baseado na Teoria de Resposta ao Item (TRI). No Capítulo 5, trata-se da metodologia do trabalho, o qual apresenta-se a forma com que o trabalho foi desenvolvido, bem como quais caminhos e métodos foram abordados para coleta e análise dos dados, durante o desenvolvimento do mesmo. No Capítulo 6, descrito por “Análise dos Dados”, apresenta os resultados do objetivoprimordial da pesquisa, ou seja, análise panorâmica das questões matemáticas aplicadas no ENEM no período de 2013 – 2017, com demonstrações de resultados através de gráfico e tabelas, além de exemplos das divisões dos conteúdos. No Capítulo 7, são apresentadas as considerações finais sobre a pesquisa. 12 2 HISTÓRIA DO ENEM O Exame Nacional do Ensino Médio foi criado 1998 e, inicialmente era utilizado para avaliar a qualidade da educação nacional. Na sua segunda edição, já passou a ser utilizado como modalidade de acesso ao ensino superior. Teve uma grande mudança estrutural em 2009, com aumento do número de questões e divisão dos conteúdos em áreas de conhecimento. Atualmente o exame contem 180 questões objetivas, mais uma redação, sendo a prova aplicada em dois dias. Com base em dados dos sites Terra, G1, Jornal o Estadão e O Globo, elencamos um resumo da história do ENEM entre 1998 ano de sua criação até 2016. São ressaltados objetivos, curiosidades, polêmicas, números e público alvo, em diferentes momentos do período. a) 1998 Surge o ENEM, criado na gestão do Ministério da Educação, Paulo Renato Souza, no governo de Fernando Henrique Cardoso. O objetivo da prova, era uma avaliação anual do aprendizado dos alunos no Ensino Médio, auxiliando o governo na elaboração de políticas de melhoria na educação do País. Na primeira edição, o exame contou com um número de apenas 115,6 mil participantes, de um total de 157,2 mil inscritos, sendo estes alunos concluintes do Ensino Médio. b) 2001 Na quarta edição, em 2001, o ENEM ganha espaço no País. Alcança a marca de 1,6 milhão de inscritos e de 1,2 milhão de participantes. Este aumento de inscritos se dá pela isenção do pagamento da taxa de inscrição para os alunos de escolas públicas. Por solicitação dos estudantes, a prova teve cinco horas de duração, uma a mais que no ano 2000. c) 2004 Neste ano ocorre a popularização definitiva do ENEM, já no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com a criação do Programa Universidade para Todos (PROUNI), que passou a conceder bolsas em instituições privadas de Ensino Superior de acordo com o desempenho dos estudantes no exame. De acordo com Catani et al. (2006), o PROUNI é comumente visto como mais uma política pública, particularmente por abrigar o preceito das cotas, mas destaca-se pelo fato de manter um sistema de ensino nos moldes privatizantes traçados durante os anos 1990. 13 Casagrande (2009, p.09) afirma que “o acesso possibilitado pela política do Programa Universidade para Todos possibilita estudantes sem condições financeiras ingressarem no ensino superior,” d) 2005 No ano seguinte à criação do PROUNI, o ENEM alcançava a marca histórica de 3 milhões de inscritos e 2,2 milhões de participantes. Alunos concluintes e já conclusos do Médio de escolas públicas prestaram o exame, com o objetivo de poder estudar em instituições privadas sem pagar a mensalidade. O número de participantes concluintes do ensino médio foi de 54,5%; o restante foi de alunos que se formaram em outros anos. O ENEM mesmo sendo parte integrante de um sistema de avaliação em larga escala não foi pensado, como indicador da preparação do indivíduo para cursar o ensino superior, pois não há nenhum indício a esse respeito em todas as Portarias e documentos oficiais relacionados ao exame. No entanto, a vinculação do ENEM ao PROUNI tornou esse fato viável, ao permitir a classificação e acesso ao Ensino Superior através da oferta de benefício pelo Governo Federal. Casagrande (2009, p.9) e) 2009 O ano mais lembrado do ENEM, marcado pela mudança de caráter do exame, que passou a servir como uma espécie de "vestibular nacional", tornou-se um processo unificado de seleção para universidades públicas de todo o País, além do formato que passou de 63 questões para um teste com 180 perguntas distribuídas em quatro cadernos de prova: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática, além de uma redação. A prova ganhou outro peso na vida dos estudantes, deixou de ser apenas uma avaliação, assumiu dimensões gigantescas, tornou-se instrumento de seleção em instituições federais de ensino superior. O grande marco deste ano, foi o furto de um caderno de dentro da gráfica responsável pela impressão. Um grupo tentou vendê-lo para veículos de comunicação, chegando a pedir R$ 500 mil pelo material. Um dos jornais procurados denunciou a oferta ao Ministério da Educação (MEC), que decidiu cancelar a prova e adiá-la. O Ministério Público Federal (MPF) apontou um prejuízo de cerca de R$ 45 milhões para a reimpressão das provas, além dos danos causados aos mais de 4,1 milhões de estudantes inscritos. Em consequência, muitas universidades que haviam decidido utilizar as notas do ENEM em seus processos seletivos desistiram de levar o resultado em consideração após o atraso. A prova que estava agendada para outubro, passou para dezembro do mesmo ano. Com o 14 adiamento do exame, o número de abstenções no ENEM 2009 atingiu cerca de 40% dos inscritos, um recorde de ausência de estudantes desde sua criação. Para completar esta edição e piorar ainda mais a situação, o INEP divulgou o gabarito errado dos resultados em seu site. Professores que faziam a correção online após as provas verificaram o problema e recomendaram revisão do gabarito oficial. Segundo o INEP ocorreu um problema técnico e retirou o gabarito do ar, publicando posteriormente os dados corretos. A partir de 2009, o MEC passou a utilizar a nota do ENEM como alternativa para que adultos que não terminaram o ensino médio na idade certa conseguissem o certificado exigido para ingressar no ensino superior ou participar de concursos públicos e seleções de emprego que exijam esta formação mínima. f) 2010 Apesar dos problemas na edição passada, em 2010 o ENEM conquistou a adesão 4,6 milhões de inscritos. Neste ano, o governo federal criou o Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Com esta ferramenta online os alunos fazem apenas uma inscrição e podem pleitear vagas em instituições públicas de todo o País, através das notas do exame. Neste ano houve um vazamento de dados pessoais de candidatos, informações como nome completo do aluno e número de inscrição, carteira de identidade, Cadastro de Pessoa Física (CPF), além do nome completo da mãe do candidato, puderam ser acessados livremente na internet. Além do vazamento de dados, um lote de 33 mil provas foi impresso com erro de ordenação que repetia questões e deixava outras de fora. Segundo a gráfica responsável, foram distribuídos 21 mil cadernos com erro para candidatos. g) 2011 Na edição 2011 criou-se uma pressão sobre o ENEM. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e uma empresa especializada em gestão de risco foram chamados para acompanhar todo o processo de elaboração, produção e distribuição das provas. Mas toda esta cautela não suficiente. Dias antes do começo das provas, mais de 1 mil estudantes descobriram que o local da prova indicada no cartão de confirmação estava errado. A Cesgranrio, responsável pela aplicação dos testes, afirmou que houve erro na digitação dos cartões. h) 2013 A prova do ENEM 2013, marcado pela Receita de miojo e hino do Palmeiras na redação. Segundo uma reportagem publicada pelo jornal O Globo (2013), um estudante recebeu 560 pontos (em uma escala de 0 a 1 mil) na redação do ENEM depois de ter inserido 15 um parágrafo inteiro com a receita para fazer macarrão instantâneo. Outro candidato também tirou uma nota razoável – de 500 pontos – mesmo escrevendo trechos do hino do Palmeiras no texto. Alémdisso, candidatos também tiraram a nota máxima mesmo com textos com erros de ortografia. i) 2014 à 2017 As últimas edições do ENEM não apresentaram problemas de impressão, logística ou vazamentos de conteúdo, apenas erros em questões, como por exemplo em 2014, uma questão de história apresentava 3 alternativas corretas, e 2016 uma questão também de história, segundo especialistas não apresentava nenhuma alternativa correta. Por fim, em 2015 tema da redação do ENEM "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" - gerou debates e polêmicas. Um grupo defende a importância do assunto proposto pelo Ministério da Educação (MEC), enquanto há aqueles que fazem críticas citando um suposto feminismo dos organizadores do ENEM. 16 3 OBJETIVOS E PROGRAMAS DE ADESÃO AO ENSINO SUPERIOR ATRAVÉS DO ENEM O ENEM tem por objetivo primordial a avaliação do desempenho escolar e acadêmico ao fim do Ensino Médio, com as informações obtidas a partir dos resultados do exame as mesmas são utilizadas para analisar a qualidade do Ensino Médio no País. Com base neste resultado ocorre a implementação de políticas públicas, criação de referência nacional para o aperfeiçoamento dos currículos do Ensino Médio, desenvolvimento de estudos e indicadores sobre a educação brasileira e estabelecimento de critérios de acesso do participante a programas governamentais. Além de ser um meio, para a constituição de parâmetros para a auto avaliação do participante, com vistas à continuidade de sua formação e à sua inserção no mercado de trabalho. O exame focaliza, mede as competências e habilidades básicas desenvolvidas, transformadas e fortalecidas com a mediação da escola. Para compreensão desse processo, é importante ressaltar o texto das Matrizes Curriculares de Referências do SAEB, de 1998, entendemos por [...] competências cognitivas as modalidades estruturais da inteligência – ações e operações que o sujeito utiliza para estabelecer relações com e entre os objetos, situações, fenômenos e pessoas que deseja conhecer. As habilidades instrumentais referem-se, especificamente, ao plano do ‘saber fazer’ e decorrem, diretamente do nível estrutural das competências já adquiridas e que se transformam em habilidades (p.9). Desta forma, e segundo consta do documento Enem 2002 – Relatório Pedagógico, O ENEM busca verificar como o conhecimento assim construído pode ser efetivado pelo participante por meio da demonstração de sua autonomia de julgamento e de ação, de atitudes, valores e procedimentos diante de situações-problema que se aproximem, o máximo possível, das condições reais de convívio social e de trabalho individual e coletivo (p. 17). A análise dos resultados do desempenho dos participantes do ENEM, além de permitir a identificação de lacunas em seu aprendizado também, demostra as potencialidades que ele apresenta ao final da escolaridade básica. Ter uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio, é de suma importância, pois além de avaliar os conhecimentos obtidos até o término do Ensino Médio, também pode ser usado como parte do processo seletivo de mais de mil Instituições de Ensino Superior (IES) privadas. A nota é o principal critério de seleção para bolsas PROUNI (Programa Universidade para Todos). Em 2009, ela passou a ser a única forma de se candidatar a bolsas 17 em IES públicas pelo SiSU (Sistema de Seleção Unificada). Ainda em 2009, tornou-se a prova de conclusão do Ensino Médio para os estudantes maiores de 18 anos que cursam a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2010, a nota tornou-se obrigatória para a solicitação do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES). Segundo FENNER et al. (2014), podemos elencar dentro da Constituição Federal de 1988, as políticas públicas firmadas pelo Estado Democrático de Direito brasileiro com vistas ao acesso à educação de nível superior. No ano de 1999 surge o Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior (FIES), assim permitindo que uma considerável parcela da sociedade consiga financiar sua graduação, conforme consta em legislação vigente. Nesta esteira surge o Programa Universidade para Todos (PROUNI), no ano de 2004, concedendo bolsas parciais ou integrais a estudantes oriundos da rede pública de educação ou aos bolsistas integrais na rede particular que não possuem condições de custear sua graduação nos institutos privados de ensino superior. O Sistema de Seleção Unificada (SISU) foi desenvolvido pelo Ministério da Educação para selecionar os candidatos às vagas das instituições públicas de ensino superior que utilizarão a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como única fase de seu processo seletivo (p.3). Com o ENEM também é possível conseguir uma bolsa no programa Ciência sem Fronteiras, que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. Sobre a utilização do ENEM no Ensino Superior o Ministério da Educação escreveu: “O exame apesar de permanecer com sua característica fundamental de avaliar competências e habilidades desenvolvidas ao longo da escolaridade básica, caminha para se tornar o processo nacional de seleção para ingresso no ensino superior (...)”. (BRASIL, 2009, p. 7) 3.1 Programa Universidade para Todos (PROUNI) Segundo Moura (2014), o PROUNI foi instituído por meio da Medida Provisória 176 de 13/09/04, regulamentado pelo decreto nº 5.245 de 15/10/04 e institucionalizado pela Lei n° 11.096, de 13 de janeiro de 2005, criado pelo Governo Federal, é um programa do Ministério da Educação, que oferece bolsas de estudos em instituições de educação superior privadas, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior. As instituições de ensino que participam do PROUNI ficam isentas de uma série de impostos e incentivos fiscais, dentre eles: o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, 18 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social e Contribuição para o Programa de Integração Social. O programa oferece bolsas integrais ou parciais, as integrais são oferecidas para estudantes que possuam renda familiar per capita, de até um salário mínimo e meio, e a parcial que é de 50% para estudantes que possuam renda familiar de até três salários mínimos, também per capita. Somente alunos que se submeterem ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e obtiverem a nota superior a mínima exigida podem candidatar a bolsa do PROUNI. Originalmente, só poderia se candidatar ao ProUni o estudante que tivesse participado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) no ano precedente e obtido a nota mínima de 45 pontos (média aritmética entre as provas de redação e conhecimentos gerais). Não seriam consideradas as notas obtidas nos ENEMs anteriores. (ÁNDRES, 2011, p.8) Por sua vez em 2009, o ENEM apresentou grande mudança, o Ministério de Educação e Cultura implantou uma reformulação, alterando a sua estrutura, dividindo-o em áreas de conhecimento, com 180 questões mais uma redação. Com base no Portal do Ministério da Educação e Cultura (2009), a nota mínima estabelecida pelo MEC para participação no processo seletivo do PROUNI é de 450 (quatrocentos e cinquenta) pontos na média aritmética das notas obtidas nas provas do Enem. Esta nota é calculada somando-se todas as notas das cinco provas do Enem (Redação, Linguagens,Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias) e dividindo por cinco. Para participar do processo seletivo do PROUNI a nota na redação do Enem tem que ser maior que zero. Os resultados do ENEM são usados como critério para a distribuição das bolsas de estudos, estas são distribuídas conforme as notas obtidas, estudantes que possuírem bolsa de 50% poderão financiar o restante através do FIES, isso reflete uma medida do Governo de unificação do PROUNI e do Fies, com o intuito de possibilitar um maior acesso dos estudantes ao Ensino Superior. A política pública do Programa Universidade para Todos tem se mostrado desde a sua criação um instrumento de democratização do ensino, pois, possibilitou as pessoas de baixa renda, que até então não tinham qualquer tipo de perspectiva de acesso ao Ensino Superior, frequentar as instituições particulares usufruindo de bolsas de 50% ou 100%. Assim, fazendo que o Estado enfatize uma medida dos direitos fundamentais, que é o direito a educação, pois 19 é somente através da educação que é possível o crescimento em todos os sentidos, mas principalmente econômico e social. 3.2 Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em cursos superiores em instituições particulares. Criado pelo Ministério da Educação, podem recorrer ao financiamento os estudantes matriculados em cursos superiores que tenham avaliação positiva nos processos conduzidos por ele. O FIES foi criado em 1999, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e sucedeu o antigo CREDUC (Programa de Crédito Educativo), também voltado ao financiamento de estudantes de baixa renda no Ensino Superior. Em 2003, com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, o FIES foi mantido, e passou a ser possível financiar 100% das mensalidades de um curso no Ensino Superior, antes, o máximo era de 70%. Em 2010, o programa foi expandido, ao diminuir as taxas de juros para os estudantes e facilitar os critérios de adesão. Apesar das mudanças ao longo dos anos, durante todo o período de existência, o programa manteve o mesmo objetivo: auxiliar pessoas de baixa renda que desejam cursar uma faculdade e não têm acesso a uma instituição pública. Barone e Aprile (2009) afirmam que Para preencher as vagas ofertadas pelas IES privadas, foi criado o Fundo de Financiamento do Ensino Superior (FIES), em 1999, pelo Governo Federal. O FIES foi concebido com o propósito de ser autossustentado, substituir o Programa de Crédito Educativo (PCE/CREDUC) e financiar o ensino superior de estudantes sem condições de arcar com os custos de sua formação, que estivessem regularmente matriculados em instituições privadas cadastradas no Programa e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC.(p.47) Podem participar do programa candidatos que possuam renda familiar bruta mensal de até cinco salários mínimos por pessoa. Outra exigência do MEC para quem quer participar do FIES é ter feito o ENEM e obtido pelo menos 450 pontos na média das provas, sem ter zerado na redação. O candidato pode usar qualquer edição a partir de 2010. 20 3.3 Sistema de Seleção Unificada (Sisu) O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é uma plataforma digital, criado em 2010, um ano após a reformulação do ENEM, o sistema é gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), no qual oferece vagas a candidatos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em instituições públicas de Educação Superior. Podem se inscrever no Sisu os candidatos que fizeram o ENEM, no ano anterior e tenham obtido na redação nota que não seja zero. Algumas instituições adotam notas mínimas e/ou médias mínimas para inscrição em determinados cursos, o que faz com que a instituição mantenha sua política de seleção. Em seu texto, Santos (2011) diz: O Sistema de Seleção Unificada (SISU) é o recurso eletrônico criado pelo Ministério da Educação para gerenciar o processo seletivo das instituições que aderiram ao ENEM/2009. A partir dos dados dos candidatos no ENEM e das informações prestadas por cada instituição participante, este sistema processaria os resultados com as notas devidas e a classificação por curso. Além disso, o sistema permite que a instituição preserve qualquer forma de políticas afirmativas, bônus diferenciado para os candidatos e pesos para as provas. (p.5) A criação deste programa foi mais uma iniciativa do Governo Federal para satisfazer as políticas de acesso ao Ensino Superior, porém com o diferencial de um exame nacional para atender as instituições federais de Ensino Superior de todas as partes do país. 3.4 O Programa Ciência sem Fronteiras O programa Ciência sem Fronteiras foi lançado oficialmente em 26 de julho de 2011, pelo ex-ministro da Educação, Aloísio Mercadante. O programa é uma política de governo para a formação de recursos humanos em universidades estrangeiras de alto nível, visando promover a internacionalização da ciência e tecnologia nacional, estimular pesquisas que gerem inovação, e, consequentemente, aumentar a competitividade das empresas brasileira. (BRASIL, 2011) O programa estimula a mobilidade para períodos de intercâmbio no exterior, de pesquisadores, cientistas, estudantes de graduação e de pós-graduação. O primordial objetivo é a mobilidade internacional de estudantes de graduação, pós-graduação, cursos técnicos, tecnólogos, de pessoal das empresas, docentes e pesquisadores. Além disso, visa criar oportunidades de cooperação entre grupos de pesquisa no Brasil e no exterior. 21 O programa modalmente apoia a vinda de pesquisadores estrangeiros para o país como visitante, esse processo contribui para a internacionalização das universidades e de centros de pesquisa brasileiros, bem como para a maior visibilidade dessas instituições no exterior, estimulando o aumento da competitividade das empresas brasileiras e o crescimento da pesquisa aplicada, do desenvolvimento científico e tecnológico e da inovação no país. (AVEIRO,2014) O Ciência sem Fronteiras aderiu a utilização da nota do ENEM como indicador de mérito acadêmico atribuído aos candidatos da modalidade "Graduação Sanduíche" (parte da graduação no exterior) por sua consolidação como o principal parâmetro governamental de avaliação do desempenho dos estudantes brasileiros egressos do Ensino Médio, e sendo este progressivamente adotado pelas instituições de Ensino Superior no país como meio de aprovação ao nível superior. 22 4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO ENEM, MATEMÁTICA DO ENEM E TEORIA DA RESPOSTA AO ITEM (TRI) Neste capítulo, busca-se apresentar uma contextualização estrutural, como são elaboradas as provas do ENEM, focalizando no área da matemática e suas tecnologias, além de relatar como é feita a correção destas, baseando-se em informações apresentadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, e documentos do Ministério da Educação. 4.1 Estrutura do ENEM A estrutura conceitual de avaliação do ENEM vem se aprimorando desde sua primeira aplicação, criando uma articulação entre o conceito de educação básica e o de cidadania. O Exame Nacional do Ensino Médio tem por ênfase avaliar, sua prova apresenta conteúdos analiticamente mais ricos, voltados para o desenvolvimento do raciocínio e da capacidade de aprender a aprender. Inicialmente era formadopor uma única prova, multidisciplinar, com redação e 63 questões objetivas, baseadas em 21 habilidades, dentro de 5 competências. O Exame Nacional do Ensino Médio teve início em 1998 mas foi no ano de 2009 que ocorreu uma grande mudança. Em dezembro de 2008, técnicos do MEC e da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República apresentaram um estudo sobre reestruturação e expansão do Ensino Médio. O estudo previa expansão das matrículas, novo currículo e novo modelo pedagógico, com a intenção de ofertar uma educação “atrativa e de qualidade”. Conforme (BRASIL/ MEC, 2008): “o desafio é incluir mais de 50% dos jovens entre 15 e 17 anos que não frequentavam o Ensino Médio.” Para colocar em prática esse plano seria preciso que o MEC passasse a ter maior influência sobre a definição dos currículos do Ensino Médio. Assim, o Ministério de Educação e Cultura implantou uma reformulação, alterando a sua estrutura, dividindo-o em áreas de conhecimento. Tal alteração na estrutura das provas, ficou conhecida popularmente como “Velho ENEM e Novo ENEM”. 23 TABELA 01: A tabela a seguir apresenta, sinteticamente, as principais mudanças. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O VELHO E O NOVO ENEM PRICIPAIS MUDANÇAS Até 2008 A partir de 2009 FORMATO 63 questões de múltipla escolha + redação; 180 questões de múltipla escolha + redação; DURAÇÃO 5 horas, em um único dia Atualmente o ENEM possui 5h30mim no 1º dia e 5h no 2º dia. DISCIPLINAS COBRADAS Português, geografia, história, biologia, matemática, física e química, além da redação; Áreas do conhecimento: matemática, linguagens e códigos, ciências humanas e ciências da natureza, além da redação; CARACTERÍSTICAS DO EXAME Explorar as ligações interdisciplinares e o raciocínio lógico, avaliar a capacidade do aluno de resolver situações- problema e interpretar textos e imagens; Interdisciplinaridade e contextualização, com ênfase nos conteúdos das áreas do conhecimento; DATAS Provas ocorriam em agosto, e a divulgação dos resultados era em novembro; Provas ocorrem em novembro, e a divulgação dos resultados em dezembro (testes) e janeiro (resultado final, com nota da redação); FONTE: Adaptado do ENEM Virtual O MEC buscou criar uma prova multidisciplinar, relacionando atualidades, fatos do cotidiano com os conteúdos trabalhados no Ensino Médio, de uma forma que não exija que o aluno decorre fórmulas, regras e conceitos. No lugar de questões divididas por disciplinas reestruturou a prova em 180 questões, separadas por áreas de conhecimento sendo elas: Área: Ciências da Natureza e suas tecnologias (45 questões): História, Geografia, Filosofia e Sociologia; Área: Ciências Humanas e suas tecnologias (45 questões): Química, Física e Biologia; Área: Linguagens, Códigos e suas tecnologias (45 questões): Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação; Área: Matemática e suas tecnologias (45 questões): Matemática; A redação não apresentou mudanças, sendo escrito um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema apresentado na prova, de ordem social, científica, cultural ou política. 24 O ENEM ocorre anualmente, geralmente no mês de novembro, em todo o Brasil e não é obrigatório. A Matemática e suas tecnologias costuma ser a área de conhecimento mais temida pelos alunos, composta com 45 questões de vários níveis de dificuldade. De acordo com o professor Eduardo Izidoro (2012), apud Lourenço e Prado (2012), a prova apresenta questões com vários níveis de dificuldade e as perguntas realmente complicadas são mais raras. A prova é “forrada” de gráficos, tabelas, esquemas e infográficos que devem ser interpretados com cuidado, porém, muito se engana quem acredita que se trata somente de uma prova de interpretação. Para ele, a análise dos dados apresentados é constante na prova, mas não é suficiente sem as aplicações de conhecimentos matemáticos específicos. No entanto, de acordo com Glenn Albert Jacques Van Amson (2002), apud Lourenço e Prado (2012), os conhecimentos específicos que a prova cobra são menos “cabeludos” do que se imagina. “Podemos dizer que 99% das perguntas englobam conteúdo do nono ano do Ensino Fundamental e primeiro ano do Ensino Médio”, afirma o professor. “Logaritmo já caiu na prova e exigiu que o candidato soubesse de cor suas propriedades, mas foi uma exceção” (VAN AMSON, 2002, apud Lourenço e Prado (2012). 4.2 A matemática do ENEM O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC). A elaboração das questões são feitas por professores de várias universidades do país, sendo estas questões voltadas as quatro áreas do conhecimento (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Códigos e Matemática). Depois, essas perguntas são revisadas pelo INEP, para em seguida, comporem o pré-teste. Para o pré-teste das questões, o MEC realiza uma prova semelhante ao ENEM com alunos do Ensino Médio da rede pública, com 48 questões, diferentes entre si. Após, as questões entram para o Banco Nacional de Itens, que hoje tem mais de 10 mil questões. Conforme o resultado do pré-teste, as questões são classificadas em graus de dificuldade em uma escala numérica a partir de zero. Com a soma desses números, é montada uma régua, que tem uma média de mais ou menos 500 pontos, em que questões fáceis ficam abaixo de 500, médias em torno de 500 e, difíceis acima de 500 pontos. O site da Revista Abril apresenta a seguinte pergunta: COMO SE ATRIBUI A POSIÇÃO DA QUESTÃO NA RÉGUA? 25 Cada questão é submetida ao pré-teste de milhares de alunos. A tabulação de seus resultados quantifica três pontos essenciais de cada questão para garantir um exame de boa qualidade: a) Parâmetro de discriminação É a capacidade da questão de diferenciar os alunos em relação à dificuldade da questão. Alguns erram e outros acertam. Se o acerto e o erro são aleatórios, ou todos acertam, a questão não consegue dar informações sobre os alunos e tem de ser refeita. b) Parâmetro de dificuldade É o parâmetro que determina a posição da questão na régua. Para que seja possível distinguir um aluno de pouco conhecimento de outro mais bem preparado, o Enem precisa ter perguntas com níveis de dificuldade diferentes. c) Parâmetro de casualidade Mede qual é a probabilidade de a questão ser acertada por acaso. Esse parâmetro parte da ideia de que, quanto maior é a proficiência (conhecimento) do aluno, maior a probabilidade de acerto sem chute. Mas, se seu conhecimento é pequeno e a questão é difícil, o parâmetro indica alta probabilidade se o acerto ter sido por acaso. Segundo o Portal EBC (2016), não existe uma pontuação máxima e mínima fixada que o participante possa atingir no ENEM. Como os limites de escala variam conforme o nível de dificuldade das questões e o comportamento dos estudantes em cada pergunta, a pontuação sofre alterações a cada edição do exame. As questões da área de matemática seguem a mesma base das demais, porém o desafio é de o aluno ser capaz de interpretar as informações, saber organizá-las, coordená-las adequadamente e projetar possibilidades, envolvendo o tom da novidade, de modo que os esquemas prévios já aprendidos não determinem totalmente a resolução do problema (Fini, 2005). 4.3 Teoria da Resposta ao Item (TRI) O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) por sua vez utiliza o termo “Teoria da Respostaao Item (TRI)”, para a composição da nota dos participantes, o que gera certa curiosidade da população para saber mais a respeito dessa teoria. A TRI é matematicamente complexa, exigi a utilização de recursos computacionais específicos para a sua aplicação. De acordo com Andrade, D. F. e Tavares e Valle (2000), a Teoria da Resposta ao Item (TRI) é uma metodologia que sugere formas de representar a 26 relação entre a probabilidade de um indivíduo dar uma certa resposta a um item e seus traços latentes. Sendo uma poderosa ferramenta estatística que surgiu para suprir as necessidades decorrentes das limitações da Teoria Clássica da Medida (TCM) ou Teoria Clássica do Teste (TCT), teoria que tradicionalmente era, e ainda é, utilizada nas avaliações. No ENEM, com a utilização do TRI houve mudanças em relação ao TCM, a mais importante é a forma como a TRI trata o teste. Por exemplo, na TRI, os itens do teste são avaliados conjuntamente, enquanto que na TCM cada item equivale a uma pontuação independente de outro. A TRI consegue identificar aqueles candidatos que tentam a sorte, ou seja, “chutam”, penalizando a nota do mesmo, também ressalta aqueles que acertam as questões de forma mais coerente, ou seja, aqueles que acertam mais questões fáceis do que difíceis. Segundo o Portal do MEC (2010), com a TRI, o conjunto de modelos matemáticos usados no ENEM permite que os exames tenham o mesmo grau de dificuldade. Testadas antes da prova, as questões ganham um peso que varia de acordo com o desempenho dos estudantes nos pré-testes — quanto mais alunos acertam uma determinada pergunta, menor o peso que ela terá na prova porque o grau de dificuldade é supostamente menor. No Brasil, a TRI é usada desde 1995, inicialmente era utilizada nas provas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), este que foi substituído pelo ENEM. Em 2009, passou a ser utilizada pelo ENEM com o objetivo de garantir a comparação das notas do exame daquele ano com os seguintes. A nota final é calculada de acordo com a Teoria da Resposta ao Item (TRI), considera o número de acertos e a dificuldade das questões. Sendo assim, dois alunos que acertaram a mesma quantidade de perguntas, não necessariamente tem a mesma pontuação. 27 5 METODOLOGIA DA PESQUISA Neste capítulo, será apresentado o objetivo desta pesquisa, bem como definido os procedimentos utilizados e seu delineamento metodológico, buscando responder o problema de pesquisa que define-se como: “Realizar uma análise das questões de Matemática do ENEM, no período de 2013 a 2017, no intuito de observar características das questões e identificar os conhecimentos mais frequentemente cobrados nestas provas.” 5.1 Delineamento da pesquisa Para este trabalho realizou-se uma pesquisa descritiva, focando em um estudo mais detalhado, com levantamento, análise e interpretação de dados. Observando, tendo precauções, para não influenciar nos resultados obtidos. Pois, neste modelo de pesquisa as respostas se resumem a dados qualitativos e, principalmente, quantitativos. Para a coleta dessas informações, utiliza-se as provas do ENEM do período de 2013 a 2017, no que diz respeito aos conteúdos de matemática. Além disto, utilizou-se do recurso de pesquisa exploratória, tendo em vista que visou-se proporcionar maior familiaridade com o fato, a fim de torná-lo mais claro. A pesquisa envolveu um estudo bibliográfico, através de leituras, fichamentos, de teóricos como: CATANI (2006), FINI (2005), LOURENÇO E PRADO (2012), FENNER et al. (2014). 5.2 Técnicas e definição da amostra O ENEM possui 20 edições, como amostra para levantamento de dados, utilizou-se as provas matemáticas de suas 5 últimas edições, sendo elas referentes aos anos de 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017. Foram analisados quais conteúdos matemáticos aparecem com mais frequência em suas provas. Baseando-se na resposta de cada questão. Os conteúdos matemáticos analisados foram os seguintes: ÁLGEBRA ANÁLISE COMBINATÓRIA ARITMÉTICA EQUACÕES ALGÉBRICAS ESCALA, RAZÃO E PROPORÇÃO ESTATÍSTICA FUNÇÕES GEOMETRIA ANÁLITICA 28 GEOMETRIA ESPACIAL GEOMETRIA PLANA LOGARITMOS LÓGICA PORCENTAGEM PROBABILIDADE PROGRESSÃO ARITMÉTICA PROGRESSÃO GEOMÉTRICA TRIGONOMETRIA Ressaltasse que outros conteúdos matemáticos não foram elencados, pois, não apareceram dentro das questões matemáticas cobradas nestas edições do ENEM. Vale lembrar, que o exame apresenta no primeiro dia de provas, cadernos de 1 a 4 nas cores: amarelo, azul, branca e rosa. Já no segundo dia de aplicação teremos os cadernos de 5 a 8, com substituição da cor branca pela prova cinza, sendo que os outros cadernos manterão as mesmas cores do primeiro dia. Como a prova matemática ocorre no segundo dia de provas, já se descarta o caderno branco. Os cadernos utilizados para a amostra são o de cor amarelo referentes aos anos (2013, 2014, 2015 e 2016) e o azul referente ao ano de 2017. Diferentes cadernos de provas não alteram os conteúdos das provas, apenas são utilizados para redistribuir a ordem aleatória das questões. 29 6 ANÁLISE DE DADOS Este levantamento mostra quais foram os temas mais cobrados nas provas de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), entre 2013 e 2017. Dos dados compilados, os assuntos que mais aparecem são escala, razões e proporções, e geometria (analítica, espacial e plana). No total, o conteúdo de geometria corresponde a 32,44% de todas as questões. A matriz dos conteúdos gira em torno dos conhecimentos citados no item 5.2. Veja abaixo a porcentagem de questões do ENEM relativas a cada um destes conteúdos: FIGURA 02: Gráfico da porcentagem de questões em relação aos conteúdos analisados entre os anos de 2013 à 2017. FONTE: Criado pelo autor. A seguir elencamos as quantidades de questões de cada conteúdo presente nas provas do ENEM (2013-2017), exemplificando-as com modelos de questões do Site Curso Objetivo Vestibulares, sendo todas disponíveis em: http://www.cursoobjetivo.br/vestibular/resolucao _comentada/enem.asp 30 1º lugar: geometria (32,44%) Das 225 questões de matemática nas últimas cinco edições do ENEM, 73 pediram sobre geometria, segundo o levantamento. Sendo: Geometria Analítica, 16 questões, (7,11%) Geometria Espacial, 24 questões, (10,67%) Geometria Plana, 33 questões, (14,67%) Segue abaixo alguns exemplos de questões geométricas: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 31 2º lugar: escala, razão e proporção (14,67%) Das 225 questões de matemática nas últimas cinco edições do ENEM, 33 pediram sobre escala, razão e proporção, segundo o levantamento. Veja abaixo um exemplo de escala, razão e proporção: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 32 3º lugar: aritmética e estatística (9,78%) cada Aritmética e estatística aparecem empatadas no levantamento. Ambas tiveram 22 questões cobradas, dentro das 225 questões analisadas. Segue exemplos de questões aritméticas e estatísticas: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 4º lugar: probabilidade (8,44%) Probabilidade aparece com 19 questões pedidas. Exemplo de questão de probabilidade: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 33 5º lugar: funções (8%) 18 questões cobradas. Exemplo: FONTE: Site Objetivo Vestibulares34 6º lugar: porcentagem (6,22%) Porcentagem aparece com 14 questões durante os cinco anos, ressaltasse que no último ano (2017) o exame não cobrou nenhuma questão especificadamente de porcentagem. Segue o exemplo: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 35 7º lugar: equações algébricas (3,11%) Equações algébricas contam com 7 questões pedidas, sendo que apenas no primeiro ano analisado (2013) não foram cobrada no exame. Veja o exemplo: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 36 8º lugar: análise combinatória (2,22%) Análise combinatória, 5 questões pedidas dentro dos cinco anos, porém sendo 3 no ano de 2013 e 2 no ano de 2017. Exemplo: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 9º lugar: logaritmos e progressão aritmética (1,33%) Logaritmos e progressão aritmética, cada uma com 3 questões cobradas dentre as 225 analisadas. Veja o exemplo: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 37 10º lugar: lógica e trigonometria (0,89%) Lógica e trigonometria, ambas com duas questões cobradas, aparecem somente no ano de 2017. Exemplos: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 38 11º lugar: álgebra e progressão geométrica (0,44%) Álgebra e progressão geométrica, possui apenas 1 questão cobrada no exame, cada. Sendo álgebra no ano de 2017, e progressão geométrica no ano de 2015. Segue as questões: FONTE: Site Objetivo Vestibulares 39 7 CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente estudo bibliográfico possibilitou obter dados mais consistentes sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), elencou fatos importantes na história do exame, etapas de elaboração e correção das provas, objetivos do exame com programas de adesão ao Ensino Superior. Além disso, também permitiu uma análise panorâmica das questões matemáticas do exame, entre os anos de 2013 à 2017, dividindo-as em conteúdos específicos dentro da área de conhecimento, Matemática e suas tecnologias. Ao fazer a análise verificou-se que as questões buscam criar uma articulação entre o conceito de educação e o de cidadania. Já as questões matemáticas possuem um embasamento teórico muito rico analiticamente, voltadas ao desenvolvimento do raciocino e a capacidade de aprender a aprender, exigem interpretação das mesmas. Porém somente entender as questões não basta é preciso ter domínio das propriedades matemáticas. Dentro da análise das 225 questões, quando as dividimos em conteúdos matemáticos, conseguimos mostrar a porcentagem que cada conteúdo foi cobrado, dentro dos últimos 5 anos de exame. A Figura 02, nós traz um gráfico com a porcentagem de cada questão, mostrando o conteúdo de geometria com 32,44%, ou seja, 73 questões entre as 225. Para mais, também foi evidenciado a forma de correção das provas, através da Teoria de Resposta ao Item (TRI), ferrramenta esta que busca avaliar o aluno da melhor forma. Com esta forma de avaliação verificamos que alunos com mesmo número de acertos não precisam ter a mesma nota obrigatoriamente. Dados números e a importância do assunto, torna-se necessário por meio de discentes e docentes o desenvolvimento de formas de agilizar e aprofundar os seus estudos, focando em conteúdos mais frequentes, porém sem ignorar os demais conteúdos. Neste sentido, a utilização deste trabalho ajudará o aluno buscar o êxito no Exame Nacional do Ensino Médio. Fica claro ainda, a importância da compreensão conceitual dos objetivos matemáticos e não simplesmente a manipulação algébrica de algoritmos para resolver determinada aplicação, visto que através da apropriação do conceito o sujeito terá maior possibilidade de êxito para emprega-lo em diferentes contextos e/ou situações. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRÉS, Aparecida. O programa universidade para todos (prouni). 2011. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/areas- da-conle/tema11/2008-124.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2018. AVEIRO, Thais Mere Marques. O programa ciência sem fronteiras como ferramenta de acesso à mobilidade internacional. 2014. Disponível em: <https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/tear/article/view/1867/1446>. Acesso em: 06 jun. 2018 BRASIL, Ministério da Educação. 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