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Do sertão à cidade - Planejamento urbano em São José do Rio Preto dos anos 50 aos anos 2000

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DELCIMAR MARQUES TEODÓZIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO SERTÃO À CIDADE 
Planejamento urbano em São José do Rio Preto: dos anos 50 
aos anos 2000 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tese apresentada à Escola de Engenharia de 
São Carlos / USP para obtenção do título de 
Doutor em Arquitetura e Urbanismo. 
 
Área de Concentração: Teoria e História da 
Arquitetura e do Urbanismo 
 
Orientadora: Profa. Assoc. Cibele Saliba Rizek 
 
 
 
 
 
 
São Carlos 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR 
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, 
DESDE QUE CITADA A FONTE. 
 
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento 
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP 
 
 
 
 Teodózio, Delcimar Marques 
T314s Do sertão à cidade : planejamento urbano em São José do Rio Preto : dos 
anos 50 aos 2000 / Delcimar Marques Teodózio ; orientadora Cibele Saliba Rizek. –- São 
Carlos, 2008. 
 
 
 Tese (Doutorado-Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e Área de 
Concentração em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo) –- Escola de Engenharia de 
São Carlos da Universidade de São Paulo, 2008. 
 
 
 1. Planejamento urbano. 2. Plano diretor (São José do Rio Preto). 2. Desenvolvimento 
urbano. I. Título. 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
À orientadora e amiga Profa. Assoc. Cibele Saliba Rizek, pela oportunidade, pelo estímulo 
permanente, pela crítica certeira, pelo rigor implacável e pela confiança depositada na realização 
deste trabalho; 
Ao Prof. Tit. Renato Anelli e Prof. Dr. Ricardo Siloto, pelas contribuições e sugestões de grande 
valia oferecidas na Banca do Exame de Qualificação; 
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação da EESC-USP, pelos conhecimentos 
transmitidos; 
Ao Lelé Arantes, pelas idéias compartilhadas, pela disposição permanente e, acima de tudo, pela 
amizade fraterna; 
A todos os atores desta história que concederam as entrevistas, em especial, aos arquitetos José 
Carlos de Lima Bueno e Milton Assis Jr, pelos conhecimentos compartilhados e pelos 
documentos concedidos; 
À arquiteta Angélica Cristina da Silva, pela animação ao trabalho e às pesquisas; à Luciana 
Godoy, pela presteza na elaboração da capa; e ao Willians A. Telles pelo apoio tecnológico. 
Aos funcionários da Hemeroteca, da Câmara Municipal, da Secretaria Municipal de 
Planejamento e do Arquivo Municipal, pela gentileza e atenção durante o processo de pesquisa; 
Aos funcionários e professores do Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP, do Centro 
Universitário Barão de Mauá e das Faculdades D. Pedro II, em especial Maria Cristina P. M. 
Sanches, Andraci Maria Atique e José Roberto Geraldine Jr, pelo apoio; 
Aos amigos Rosa, Vanessa, Gil, Claudia, Regina, Cacilda e toda minha família, pela torcida; 
Ao Carlos Sanchez, distante, mas sempre presente, pela compreensão e suporte solidário nos 
momentos de ausência; 
Aos meus pais, referenciais de vida e de amor, que acompanharam o percurso estimulando, 
confiando e amparando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A história escrita rompe com a história contada 
de gerações. Cada um que conta a mesma história, 
conta com as suas visões e conceitos do presente”. 
“História é razão, é conceito, é razão dialética”. 
Cibele Saliba Rizek 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Este trabalho trata dos principais elementos da dinâmica do desenvolvimento de São José do Rio 
Preto, organizados em quatro períodos do planejamento urbano: o primeiro, refere-se à Lei de 
Zoneamento de 1958 e à idéia de promover o desenvolvimento industrial na cidade; o segundo, a partir da 
década de 1970, é marcado pela intervenção estratégica do Estado Militar desenvolvimentista, 
fundamental na configuração do desenvolvimento do município; o terceiro, ocorre no período de 
redemocratização do país, com a elaboração do Plano Diretor, em 1992, que tem como objetivo definir um 
padrão de desenvolvimento econômico moderno e preparar a rede físico-territorial para absorver o 
crescimento da cidade; e, o quarto período, encerra-se com a revisão do plano, denominado Plano Diretor 
de Desenvolvimento Sustentável, em 2006, pós a obrigatoriedade constitucional de inserir a população no 
processo de planejamento urbano. A participação popular passa, ainda, a ser garantida na gestão do 
orçamento público, por meio da instituição, em 2001, do Orçamento Participativo local. Um elemento 
decisivo na configuração do processo de desenvolvimento e de planejamento urbano de São José do Rio 
Preto, refere-se à ação das elites locais no fortalecimento da posição polarizadora da economia e à 
utilização da técnica para planejar a cidade. 
Palavras-chave: 1. Planejamento urbano. 2. Plano Diretor (São José do Rio Preto) 3. Desenvolvimento 
urbano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This work treats of the main elements of the dynamics of the development of São José do Rio 
Preto, organized in four periods of the urban planning: the first, refers to the Law of Zoning of 1958 and 
the idea of promoting the industrial development in the city; the second, starting from the decade of 1970, 
is marked by the strategic intervention of the developing Military State, which is fundamental to the 
configuration of the development of the municipal district; the third, happens in the period of 
redemocratization of the country, with the elaboration of the Master Plan, in 1992, which aims to define a 
pattern of modern economical development and to prepare the physical-territorial net to absorb the growth 
of the city; and, the fourth period, which closes up with the revision of the plan, denominated Master Plan 
of Maintainable Development, in 2006, after the constitutional compulsory nature of inserting the 
population in the process of urban planning. The popular participation is guaranteed in the administration 
of the public budget, through the institution, in 2001, of the local Participative Budget. A decisive element 
in the configuration of the development process of the urban planning of São José do Rio Preto refers to 
the action of the local elites in the strengthening of the pole position of the economy and the use of the 
technique to plan the city. 
Key words: 1. Urban planning. 2. Master plan (São José do Rio Preto) 3. Urban development. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Primeira planta cadastral feita pelo engenheiro florentino Ugolino Uolini, 
em 1895......................................................................................................... 
 
 29 
Figura 2 - Estação Ferroviária........................................................................................ 29 
Figura 3 - Comércio da Rua General Glicério na década de 20.................................... 31 
Figura 4 - Swift do Brasil S.A........................................................................................ 36 
Figura 5 - Resultado das eleições presidenciais em Rio Preto....................................... 37 
Figura 6 - Campanha eleitoral de Cenobelino de Barros Serra...................................... 41 
Figura 7 - Campanha eleitoral de Coutinho Cavalcanti................................................. 41 
Figura 8 - Resultado das eleições municipais................................................................ 42 
Figura 9 - Anúncio da vinda de Prestes Maia a Rio Preto............................................. 45 
Figura 10 - Palácio das Águas:captação de água do rio Preto........................................ 50 
Figura 11 - Matéria publicada sobre a palestra de Luis Saia........................................... 52 
Figura 12 - Firmado compromisso verbal entre Luís Saia e a Prefeitura Municipal....... 54 
Figura 13 - Saia entrega o plano urbano.......................................................................... 57 
Figura 14 - Rua Bernardino de Campos e Rua Voluntários de São Paulo....................... 59 
Figura 15 - Matéria sobre a visita de Eiras Garcia a Rio Preto........................................ 65 
Figura 16 - Anúncio da aprovação da Lei de Zoneamento.............................................. 67 
Figura 17 - Aprovação do Projeto de Zoneamento.......................................................... 68 
Figura 18 - Foto do Mapa da Cidade de São José do Rio Preto que ilustra a Lei nº 535 
/1958 que trata do Zoneamento..................................................................... 
 
 81 
Figura 19 - Avenida Alberto Andaló em construção sobre o córrego Canela................. 85 
Figura 20 - Entrevista de Eiras Garcia............................................................................. 86 
Figura 21 - Foto de Eiras Garcia (em pé, à direita) com vereadores............................... 89 
Figura 22 - São José do Rio Preto na década de 60......................................................... 98 
Figura 23 - Reeleição de Gouveia Neto........................................................................... 99 
Figura 24 - O presidente da ACIA, Waldemar de Oliveira Verdi, com o prefeito Lotf 
João Bassitt, em 1966.................................................................................... 
 
103 
Figura 25 - Comício de Carlos Lacerda........................................................................... 105 
Figura 26 - Castelo Branco assumiu a presidência da República.................................... 106 
Figura 27 - Bosque Municipal......................................................................................... 110 
Figura 28 - Viaduto Jordão Reis...................................................................................... 110 
 
 
 
Figura 29 - Praça Cívica................................................................................................... 111 
Figura 30 - Coordenadoria de Ação Regional................................................................. 119 
Figura 31 - Centro Comercial do Município.................................................................... 122 
Figura 32 - Mapa do Plano de Sistematização Viária Urbana – PSVU........................... 124 
Figura 33 - Croqui elaborado por Assis Jr mostrando as ações propostas pelos 
projetos do PECPM em São José do Rio Preto............................................. 
135 
Figura 34 - Mapa da Lei de Zoneamento de1992............................................................ 153 
Figura 35 - Expansão física de São José do Rio Preto de 1980 a 2000........................... 156 
Figura 36 - Parque da Cidadania...................................................................................... 158 
Figura 37 - Avenida de acesso ao Condomínio Damha, na zona Leste........................... 158 
Figura 38 - Vista aérea do município de São José do Rio Preto...................................... 164 
Figura 39 - Vista parcial de São José do Rio Preto cortada pela Rodovia SP – 310....... 166 
Figura 40 - Distrito Industrial.......................................................................................... 168 
Figura 41 - Folheto informativo sobre o Orçamento Participativo local ........................ 175 
Figura 42 - Organização do Orçamento Participativo..................................................... 177 
Figura 43 - Plenária Asa Delta, em 2006......................................................................... 182 
Figura 44 - Plenária no Distrito de Engenheiro Schimidt, em 2006................................ 182 
Figura 45 - Plenária no Bairro Solo Sagrado, em 2006................................................... 183 
Figura 46 - Mapa das regiões do Orçamento Participativo.............................................. 185 
Figura 47 - Tabela de densidade urbana por regiões administrativas.............................. 186 
Figura 48 - Total de participantes nas plenárias (em %) em 2001................................... 187 
Figura 49 - Gênero........................................................................................................... 187 
Figura 50 - Faixa etária.................................................................................................... 187 
Figura 51 - Escolaridade.................................................................................................. 188 
Figura 52 - Profissão........................................................................................................ 188 
Figura 53 - Macrozoneamento......................................................................................... 201 
Figura 54 - Plenária realizada na ACIRP......................................................................... 202 
Figura 55 - Plenária realizada na OAB............................................................................ 202 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1.1 - Zonas de Uso........................................................................................... 73 
Tabela 1.2 - Categoria de Uso..................................................................................... 74 
Tabela 1.3 - Normatização das zonas residenciais...................................................... 78 
Tabela 1.4 - Normatização das zonas não residenciais................................................ 79 
Tabela 1.5 - Normatização dos núcleos....................................................................... 80 
Tabela 2.1 - Síntese das estratégias de desenvolvimento para São José do Rio Preto 
proposta pelo PECPM............................................................................. 
 
129 
Tabela 4.1 - Número de participantes nas plenárias em 2001..................................... 178 
Tabela 4.2 - Resumo da participação de 2001 a 2006................................................. 184 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABEA 
ACE 
ACIRP 
ACIA 
ALARME 
ARENA 
ARES 
BNDE 
BNH 
CDHU 
CEPAM 
CER 
CIEP 
CIESP 
CNDU 
CNPU 
COBAL 
CONDEMA 
CPFL 
CRECI 
DAE 
DAESP 
DASP 
DPRN 
EBTU 
Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo 
Associação Comercial e Empresarial de São Jose do Rio Preto 
Associação Comercial e Industrial de Rio Preto 
Associação Comercial, Industrial e Agrária de Rio Preto 
Associação Lar de Menores 
Aliança Renovadora Nacional 
Associação Rio-pretense de Educação e Saúde 
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
Banco Nacional de Habitação 
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano 
Centro de Estudos e Pesquisas da Administração Municipal 
Comissão de Estradas e Rodagem 
Centro Integrado de Educação Popular 
Centro das Indústrias do Estado de São Paulo 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano 
Comissão Nacional de Política Urbana e Regiões Metropolitanas 
Companhia Brasileira de Alimentos 
Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente 
Companhia Paulista de Força e Luz 
Conselho Regional dos Corretores de Imóveis 
Departamento de Água e Esgoto 
Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo 
Departamento Administrativo do Serviço Público 
Divisãode Proteção de Reservas Naturais 
Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos 
 
EFA 
EMCOP 
ERPLAN 
FAAP 
FAFI 
FEF 
FHC 
FMDS 
IAB 
IAPC 
IBAM 
IBC 
IBEC 
IBGE 
IBILCE 
IMPP 
JUC 
LDO 
LOA 
MDB 
MNRU 
OAB 
ONAE 
OP 
PAEG 
PAITT 
PCB 
PD 
PDDI 
PDE 
PDGE 
Estrada de Ferro Araraquarense 
Empresa Municipal de Construções Populares 
Escritórios Regionais de Planejamento 
Fundação Armando Álvares Penteado 
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 
Fundo de Estabilização Fiscal 
Fernando Henrique Cardoso 
Fundo Municipal de Desenvolvimento Sustentável 
Instituto de Arquitetos do Brasil 
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários 
Instituto Brasileiro de Administração Municipal 
Instituto Brasileiro do Café 
International Basic Economy Corporation 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica 
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas 
Instituto Municipal de Pesquisa e Planejamento 
Juventude Universitária Católica 
Lei de Diretrizes Orçamentárias 
Lei Orçamentária Anual 
Movimento Democrático Brasileiro 
Movimento Nacional pela Reforma Urbana - 
Ordem dos Advogados do Brasil 
Obras Novas de Água e Esgoto 
Orçamento Participativo 
Programa de Ação Econômica do Governo 
Plano de Ação Imediata para Trânsito e Transporte 
Partido Comunista Brasileiro 
Partido Democrático 
Planos Diretores de Desenvolvimento Integrado 
Plano Diretor de Esgoto 
Plano Diretor de Gestão Estratégica 
 
 
 
PEA 
PECPM 
PLIMEC 
PND 
PNDU 
PP 
PRM 
PRODEI 
PRP 
PSB 
PSD 
PSP 
PSVU 
PT 
PTB 
PUB 
SERFHAU 
SPC 
SPHAN 
UDN 
População Economicamente Ativa 
Programa Especial Cidades de Porte Médio 
Plano de Integração do Menor e Família na Comunidade 
Plano Nacional de Desenvolvimento 
Política Nacional de Desenvolvimento Urbano 
Partido Popular 
Partido Republicano Mineiro 
Programa de Desenvolvimento Industrial 
Partido Republicano Paulista 
Partido Socialista Brasileiro 
Partido Social Democrático 
Partido Social Progressista 
Plano de Sistematização Viária Urbana 
Partido dos Trabalhadores 
Partido Trabalhista Brasileiro 
Plano Urbanístico Básico 
Serviço Federal de Habitação e Urbanismo 
Serviço de Proteção ao Crédito 
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
União Democrática Nacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 15
1. PLANO TÉCNICO PARA SÃO JOSÉ DO RIO PRETO: CONSULTORIA 
EXTERNA NA DÉCADA DE 50...................................................................................... 27
1.1 O processo de desenvolvimento de São José do Rio Preto até a década de 1950.......... 27
1.2 A ciência e a técnica para o planejamento urbano de São José do Rio Preto no 
período democrático (1945 – 1964)............................................................................... 42
1.3 Contratação da primeira consultoria externa: o plano não aprovado de Luís Saia........ 50
1.4 Contratação da segunda consultoria externa: Heitor José Eiras Garcia......................... 62
1.4.1 A Exposição de motivos da Lei de Zoneamento de 1958........................................ 68
1.4.2 A Lei de Zoneamento de 1958.................................................................................. 73
1.4.3 Relatório sobre Estudos de Urbanização da Cidade................................................. 81
1.4.4 Os argumentos de Eiras Garcia na imprensa............................................................ 86
1.5 As referências urbanísticas da lei de zoneamento de 1958............................................ 89
2. PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL NO GOVERNO MILITAR (1964-
1984)..................................................................................................................................... 97
2.1 O fim do período democrático e a produção da cidade.................................................. 97
2.2 Planejamento urbano e regional durante o regime militar.............................................. 111
2.3 Planejamento urbano e regional em São José do Rio Preto........................................... 119
3. PLANO TÉCNICO ELABORADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA 
DÉCADA DE 90................................................................................................................. 140
3.1 O período de redemocratização do país.......................................................................... 140
3.2 Plano Diretor: exigência Constitucional ........................................................................ 144
3.3 Plano Diretor de São Jose do Rio Preto de 1992............................................................ 148
3.4 A produção da cidade pós Plano Diretor........................................................................ 154
4. PLANEJAMENTO TÉCNICO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NOS ANOS 2000.............. 163
4.1 O município de São José do Rio Preto a partir do ano 2000.......................................... 163
4.2 Orçamento Participativo de São José do Rio Preto........................................................ 172
 
 
 
4.2.1 A metodologia do Orçamento Participativo local ...................................................... 188
4.3 A segunda gestão do governo de Edinho Araújo e os rumos do OP local..................... 191
4.4 Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de 2006............................................... 194
4.5. A participação social no Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável.................... 201
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 210 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 234
FONTES ............................................................................................................................. 244
ANEXOS.............................................................................................................................. 252
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Do sertão à cidade 
_______________________________________ 
15
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Desde o início do Programa de Doutorado, pretendíamos discutir as questões 
participativas na gestão do planejamento urbano e do orçamento público de São José do Rio 
Preto, procurando verificar como estavam constituindo-se os instrumentos democráticos de 
gestão municipal por meio da identificação dos atores envolvidos no governo e na sociedade 
civil, daqueles envolvidos na elaboração e implantação do Plano Diretor de Desenvolvimento 
Sustentável de São José do Rio Preto e do Orçamento Participativo municipal, além de avaliar os 
instrumentos de participação social como forma de contribuição para uma participação mais 
ampla e consistente dos cidadãos nas decisões sobre a cidade. 
Essa pesquisa inicial deveu-se ao fato de que, nos últimos anos, a pluralidade de 
experiências e de documentos que surgiram, colocadas em discussão no Fórum Nacional pela 
Reforma Urbana, no Fórum Social Mundial, em ONGs referentes aos movimentos sociais, entre 
outros, tem mostrado um cenário e uma maneira de pensar a cidade que se estendem às questões 
sobre as políticas de inclusão social e de desenvolvimento econômico, a partir, principalmente, 
de: uma ótica governamental local; a necessidade de assegurar igualdade e desenvolvimento a 
regiões mais pobres;o fortalecimento da sociedade civil e a construção de espaços públicos com 
direito à informação e à democratização dos meios de comunicação; a ética e a justiça social. A 
Constituição Federal de 1988, nos artigos 182 e 183, e o Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001, 
propiciaram a construção de um marco jurídico e institucional sobre participação social no 
planejamento urbano em diversas experiências brasileiras. 
Para compreender esse conjunto de elementos no marco institucional do planejamento 
urbano em São José do Rio Preto, buscamos recuperar o percurso histórico onde se deu a 
formulação do pensamento urbanístico relacionada à forma de participação local. A partir daí, a 
 
Do sertão à cidade 
________________________________________ 
16 
pesquisa histórica tomou corpo. Durante a pesquisa sobre o planejamento urbano que parecia se 
destacar pela evidência dos planos diretores, nosso olhar nos levou a uma abordagem que 
delimitou os contornos contidos nesta tese. Os planos e seus nexos com a estrutura urbana, o 
processo de produção dos planos urbanísticos e as suas transformações, a questão do poder local 
e da administração municipal e de que maneira os planos ganharam sentido nessas relações, nos 
levou a observar a complexidade da produção da cidade e de suas formas de sua organização, 
compreendendo a especificidade da história de São José do Rio Preto. A confrontação do 
contexto social, político, econômico e territorial nas várias fontes documentais e de pesquisa, foi 
fundamental para compor nosso objeto de estudo. 
Reconhecendo em LePetit (2001) que “a cidade é, em si mesma, um objeto complexo em 
que se manifestam todos os fenômenos de interação, um conjunto que é mais do que a soma de 
suas partes”, o tema central desta pesquisa se converteu na sistematização e na análise das 
experiências de planejamento urbano de São José do Rio Preto e na observação da produção e 
reprodução do espaço social, identificando as relações entre sociedade, economia, política, 
território sob atuação das elites locais no processo de desenvolvimento urbano. 
São José do Rio Preto está situada ao Norte do Estado de São Paulo e seu surgimento está 
vinculado à ocupação do solo do sertão paulista, em meados do século 19, onde migrantes deram 
início à exploração agrícola e à criação de animais domésticos. Em 1912, a cidade transformou-se 
em ponto terminal do transporte ferroviário que escoava a produção agrícola deste e dos poucos 
municípios vizinhos, dando início ao processo de expansão urbana e à transformação da cidade 
em sede de sua região, proporcionada pela sua principal atividade econômica, o comércio. 
Formou-se, nesse período, entre fazendeiros, comerciantes e profissionais liberais, a classe 
dominante econômica e política, que atuou fortemente sobre o poder executivo e poder 
legislativo municipal, desde então, compondo uma classe conservadora ligada ao governo 
estadual (nas primeiras décadas da República) e com o governo federal (no período militar). 
A partir da década de 50, o crescimento geográfico e o desenvolvimento econômico do 
núcleo urbano foram favorecidos pelo transporte rodoviário, por meio de duas importantes 
rodovias: uma, que liga o município a São Paulo; outra, que liga Brasília ao sul do país. São José 
do Rio Preto teve um padrão de desenvolvimento que combinou o abastecimento do comércio e a 
 
Do sertão à cidade 
_______________________________________ 
17
oferta de prestação de serviços, transformando a cidade em centro dinâmico da economia 
regional e de concentração de emprego. Na condição de centro econômico e de serviços, atraiu a 
população regional ampliando a demanda de estrutura física e a especulação sobre a terra urbana. 
Assim, vincularam-se crescimento e necessidade de ordenação do território, de modo que, em 
1958, foi sancionada a primeira Lei de Zoneamento elaborada fora da administração pública, pela 
atuação de um consultor. 
No período do regime militar (1964 - 1984), o planejamento tecnocrático, com decisões 
centralizadas, teve um caráter modernizador beneficiando São José do Rio Preto com o Programa 
de Cidades Médias - PECPM, em 1983, que fazia parte das estratégias da Política Nacional de 
Desenvolvimento Urbano - PNDU, um dos capítulos do II Plano Nacional de Desenvolvimento 
do Brasil - II PND proposto pelo Ministério do Planejamento e Coordenação Geral. Os recursos 
do PECPM, ação do Estado de maior impacto sobre o desenvolvimento da cidade, coroou 
definitivamente o papel de pólo regional de São José do Rio Preto. Essa modernização será 
investigada com mais cuidado. 
No âmbito estadual, o governo reorganizou e modernizou as estruturas e os métodos de 
trabalho de sua administração para evidenciar o conjunto de tarefas ligadas ao planejamento e 
controle das obras, além de serviços públicos estaduais. A estratégia foi criar regiões 
administrativas do Estado, implantando uma rede de Escritórios Regionais de Planejamento – 
ERPLAN que articulassem a região com o governo estadual. São José do Rio Preto tornou-se a 
sede da 8ª. Região Administrativa. 
Os trabalhos realizados entre prefeitura e ERPLAN resultaram, no final da década de 
1970, em um planejamento viário por meio do Plano de Sistematização Viária Urbana – PSVU e 
na formação de uma equipe técnica para elaborar, em 1981, os projetos do PECPM, que tratava 
de investimentos nos setores de infra-estrutura urbana e social, com parcerias entre a prefeitura 
municipal, Governo Federal (Ministério do Interior) e Banco Mundial - BIRD, sob a supervisão 
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano - CNDU. A experiência adquirida pela 
equipe no planejamento da cidade resultou em um corpo técnico que veio atender aos requisitos 
para a coordenação do planejamento da cidade e na permanência de muitos de seus membros na 
administração pública até os dias atuais. 
 
Do sertão à cidade 
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18 
As decisões centralizadas do modelo autoritário sobre a organização do espaço e da vida 
social provocaram reações no período de redemocratização do país, com a substituição da idéia 
de planejamento pela de gestão. A partir da década de 1980, os debates sobre a questão urbana 
passaram a valorizar a participação social na política local na tentativa de superar as 
desigualdades na cidade e a Constituição Federal, de 1988, tornou obrigatório o Plano Diretor 
para as cidades com mais de 20 mil habitantes, estabelecendo o processo de participação no 
planejamento. Em 1992, foi aprovado o primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento de São José 
do Rio Preto - Lei Complementar no. 19, instituindo o Conselho de Planejamento – CPDD - e foi 
elaborado não mais por consultoria externa, mas pelos técnicos vinculados à administração 
pública. 
No ano 2000, São José do Rio Preto estava entre as regiões mais desenvolvidas do País, 
apresentando IDH de 0,834. Os indicadores demográficos apontaram que, em 2005, o município 
tinha 406.826 habitantes, sendo que, destes, 94,7% estavam na área urbana. A estimativa da taxa 
de crescimento populacional, entre 2000 e 2005, foi de 2,56%. Nesse ano, foi instituído o 
Orçamento Participativo – OP no município e, no ano seguinte, com o Partido dos Trabalhadores 
na vice-prefeitura, os trabalhos do OP começaram a ser desenvolvidos. 
 Atendendo as exigências do Estatuto da Cidade que fixava prazo de 5 anos para que o 
município aprovasse seu plano diretor, a partir da data de entrada em vigor do Estatuto, o 
governo local instituiu a Lei Complementar No. 224, de 06 de outubro de 2006, que dispôs sobre 
o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de São José do Rio Preto. O Plano Diretor 
ampliou a composição do Conselho do Plano Diretor,com membros da sociedade civil 
organizada e Poder Público. A participação social - prevista por lei na elaboração do Plano 
Diretor - foi realizada em duas fases: uma, se deu com o Orçamento Participativo, nas plenárias 
organizadas pelas regiões do OP; a outra, com alguns segmentos da sociedade civil organizada. 
Um elemento decisivo na configuração do processo de desenvolvimento e de 
planejamento urbano de São José do Rio Preto foi a ação das elites locais, nos quatro momentos 
institucionalizados do planejamento urbano: 1958, 1981-1983, 1992 e 2006, e no fortalecimento 
da posição polarizadora da economia, na posição política e na reprodução de um determinado 
 
Do sertão à cidade 
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19
padrão de participação, ou modo de inserção e de integração, na gestão do planejamento e do 
orçamento de São José do Rio Preto. 
Dentro dessa perspectiva histórica exposta em ordem cronológica, surgiram 
questionamentos sobre o tema: Quais os reais objetivos que se ocultavam nos diversos 
instrumentos urbanísticos elaborados no município? A tecnocracia atendeu quais interesses? Qual 
foi o impacto na dinâmica territorial e social provocada pelos instrumentos urbanísticos 
instituídos? Todos os setores sociais se beneficiaram das inversões feitas no território oriundas 
dos recursos federais? Nos Planos Diretores elaborados no município, no período de 
redemocratização do país, houve, nas práticas do planejamento, alternativas ao modelo 
tecnocrático como forma da gestão urbana? A constituição de espaço público que amplia e 
democratiza a gestão local se deu nos planos e no orçamento participativo? Quem a experiência 
participativa mobilizou, ou seja, qual o grau de universalidade contido no número de 
participantes? Os espaços de ação política se transformaram de fato em caminhos democráticos? 
Decidimos investigar essas questões a partir do referencial analítico do espaço social, da 
dinâmica territorial e da racionalização da técnica na produção dos instrumentos e planos 
urbanos. Nesse marco, buscamos situar o processo ocorrido no município - a partir da ação das 
elites e de suas mediações - e procuramos compor o mosaico das dimensões territoriais, 
econômicas e políticas que interferiram no delineamento da reprodução do padrão de 
desenvolvimento e de planejamento urbano de São José do Rio Preto. 
Nesse quadro conjuntural, tomamos como ponto de partida os seguintes pressupostos: 
1. O aparato técnico do planejamento serviu para manter padrões ideológicos dominantes, 
sem resolver a origem dos problemas urbanos. 
2. A participação social operou de forma mais efetiva onde havia maior força política 
organizada e de acordo com a qualidade de governo. 
E adotamos como hipóteses centrais: 
1. A ação das elites locais, nas suas articulações internas e externas, em interação com a 
dinâmica espacial e política, teve papel fundamental na definição da forma de integração na 
 
Do sertão à cidade 
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20 
modernização capitalista em curso e no padrão de desenvolvimento do município de São José do 
Rio Preto, no período analisado. 
2. O percurso histórico em que estão contidos os modelos de formulação do pensamento 
urbanístico e a trajetória histórica das concepções de democracia e de cidadania pelas forças das 
elites locais estão intrinsecamente relacionados. 
3. O entendimento de que a participação social na gestão do planejamento urbano e no 
orçamento público, enquanto instrumento de gestão democrática e método de força política em 
oposição às coalizões tradicionais, apresentam resultados variados de acordo com os equilíbrios 
políticos locais e com o nível de mobilização e de organização atingido pela população. 
Dessa forma, recortado o quadro composto pelo município objeto de estudo, a pesquisa se 
baseou em fontes que são representações e não se confundem com a dinâmica do real; são canais 
de acesso e, por isso mesmo, têm que ser problematizados, assim como os discursos e entrevistas. 
Em todo momento, fizemos uma leitura da cidade que conferisse plausibilidade ou não para suas 
fontes. 
Para tanto, realizamos a pesquisa qualitativa que trata do material discursivo sobre a 
contextualização histórica social e sobre as noções teóricas relacionadas, assim como a pesquisa 
quantitativa que trata dos dados estatísticos históricos para que se possa compreender a dinâmica 
enfocada. 
As informações de fontes primárias analisadas referem-se às matérias de jornais de São 
José do Rio Preto, aos dados estatísticos sobre os aspectos políticos, sócio-econômicos, físico-
territoriais e às entrevistas gravadas, que foram transcritas e analisadas. 
Os instrumentos de coleta das informações primárias foram: periódicos de São José do 
Rio Preto; Atas da Câmara Municipal; legislação urbanística do município: Lei de Zoneamento 
No. 535/58 e o Relatório justificativo; Plano de Sistematização Viária - PSVU; Projeto Especial 
Cidades de Porte Médio de São José do Rio Preto – PECPM; Plano Diretor de Desenvolvimento 
– Lei Complementar no. 19/ 92 e a Exposição de Motivos; e Plano Diretor de Desenvolvimento 
Sustentável – Lei Complementar no. 224/2006 e sua Exposição de Motivos. 
 
Do sertão à cidade 
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21
Nos periódicos, o foco se dirigiu à dinâmica social e territorial captada na imprensa local, 
de 1930 até os dias atuais. Foram analisadas reportagens, artigos assinados e editoriais que 
reproduziam o discurso das elites locais ligadas à agroindústria e ao comércio e serviços - 
empresários reconhecidos como porta-vozes desses segmentos e frações de classe -, os 
representantes políticos do Executivo e Legislativo municipal, bem como a atuação dos 
deputados estaduais e federais rio-pretenses. Além desses, o foco também se dirigiu ao 
desenvolvimento urbano, aos planos referentes à urbanização da cidade e à atuação dos governos 
frente ao aparato técnico legal. 
Além dos porta-vozes da elite local, foram destacadas matérias dos atores reconhecidos na 
imprensa como dotados de legitimidade para falar sobre os interesses urbanos, tais como os 
estratos técnicos ligados ao desenvolvimento urbano, além daqueles que ocuparam cargos 
públicos municipais e regionais. Foram particularmente valorizados técnicos e jornalistas, pelo 
papel relevante destes na construção da imagem da cidade, ainda que muitos deles fossem os 
porta-vozes dos representantes dos grupos dominantes, bem como das autoridades locais. 
Portanto, as matérias analisadas referiram-se predominantemente sobre as pressões favoráveis ou 
não, exercidas sobre o desenvolvimento e planejamento urbano local. 
Procurou-se nesse material identificar a representação local e analisar o discurso e a 
estratégia de ação local para construção da cidade. Os discursos silenciados ou menos 
privilegiados na imprensa, considerados contraditórios ou conflituosos, mas importantes na 
construção da realidade local, foram obtidos através de entrevistas com atores representativos do 
processo de planejamento urbano. 
A ciência, a técnica e a racionalidade foram os principais temas inseridos nos discursos 
sobre o planejamento urbano. A partir da década de 1970, o discurso desenvolvimentista passou a 
ser preponderante e a análise se focou nas ações estratégicas propostas pela elite burocrática nos 
planos social, econômico e político. Os desdobramentos desse processo, na década de 1990, vão 
implicar na manutenção da ação local assumida pelos mesmos atores, mas revestidos de uma 
nova roupagem, em primeiro lugar pela suposta mudança na conjuntura política e, em segundo, 
em função de um novo discurso relativo a um ideário de um Estado Social, em que ganhavadestaque a idéia de participação social na gestão e no planejamento da cidade. 
 
Do sertão à cidade 
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22 
 A principais fontes jornalísticas pesquisadas, correspondentes ao período das décadas de 
30 a 60, foram: A Notícia, Correio da Araraquarense e A Tribuna. Todos eram administrados e 
escritos pela elite “intelectualizada” e continham teor similar nas matérias de nosso interesse. O 
jornal A Notícia, extinto no início da década de 1980, é aquele que tem o maior número de 
exemplares preservados na hemeroteca de Rio Preto e sua origem esteve ligada ao Partido 
Republicano Paulista (PRP) municipal, que historicamente controlou a política da cidade. Além 
deste, a partir de 1970, algumas matérias foram extraídas do jornal Folha de Rio Preto e Diário 
da Região, este último, fundado em 1950 por um empresário local, tornou-se, nas últimas 
décadas, um dos maiores jornais do interior do Estado e, atualmente, é aquele que possui o maior 
número de assinantes e de alcance regional. Matérias esporádicas em outros veículos também 
foram pesquisadas, tais como jornais ou revistas de associações de profissionais, além da Folha 
de São Paulo e O Estado de São Paulo, que por alguns anos, mantiveram sucursais em Rio Preto. 
As fontes secundárias auxiliaram na construção do quadro analítico-teórico, 
consubstanciando informações que configuraram a periodização dos elementos que compuseram 
a historia dos planos, propiciando o intercâmbio de informações produzidas pelas fontes 
primárias. As fontes de consultas foram os livros e textos referentes ao tema de pesquisa. 
Considerando que “a pesquisa histórica nasce no fim provisório de pesquisas sucessivas” 
(LEPETIT, 2001), foram definidas características pertinentes das proposições históricas 
precedentes sobre o município. Nesse aspecto, os autores da história local e regional, tais como 
Lelé Arantes, José Carlos de Lima Bueno, Agostinho Brandi, Raquel Campos, A. Cavalheiro, 
Leonardo Gomes, José Eduardo Furlanetto e Osvaldo Tonello, auxiliaram na composição da 
formação do espaço social de São José do Rio Preto. Soma-se a esses, a bibliografia que permitiu 
contextualizar os aspectos políticos, sociais e econômicos no âmbito nacional, além daqueles 
referentes às ciências sociais e políticas, bem como ao planejamento urbano e regional, 
fundamentais para o “diálogo interdisciplinar” (LEPETIT, 2001) e para a construção do quadro 
teórico da tese. 
Alguns autores foram também significativos na montagem de referências teóricas e 
históricas, como ser verá ao longo dos capítulos. Merecem destaque trabalhos sobre a história e 
 
Do sertão à cidade 
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23
as concepções de planejamento no Brasil, como os de S. Feldman e de C. P. Leme. Essas e outras 
contribuições ancoraram um panorama necessário de contextualização. 
Além desses trabalhos, as reflexões de Flávio Villaça foram expressivas. Para o autor, o 
planejamento urbano tem sido usado como “ideologia, inclusive através de contínuas 
transformações de sua aparência (normas, formas, conteúdos)”. A razão foi pregada para dirigir o 
progresso em todos os aspectos e, na medida em que o capitalismo se impôs, muito do 
conhecimento que a razão produziu, “transmudou-se em ideologia”. A tecnocracia esteve 
associada ao planejamento urbano; no período ditatorial, pretendeu legitimar a técnica pela ação 
do Estado, que já havia suprimido a legitimação popular (VILLAÇA, 1999:185). 
Diante da dimensão que acabou assumindo a discussão sobre técnica, plano e política, 
recorremos à concepção de Marcuse, segundo a qual, é possível pensar o conceito de razão 
técnica como ideologia. A técnica “é dominação metódica, científica, calculada e calculante [...]; 
a técnica é um projeto histórico-social”, que determina fins e interesses da dominação (Marcuse 
apud HABERMAS, 2006:62). De acordo com Tafuri (1985:68), a planificação enunciada das 
teorias arquitetônicas e urbanísticas remete para uma reestruturação da produção e do consumo, 
ou seja, para uma coordenação planificada da produção. As metrópoles, no século XIX, se 
organizaram como estruturas primárias da econômica capitalista e “o ‘zoning’ que preside aos 
desenvolvimentos dessas metrópoles não se preocupa – numa primeira fase – em mascarar o 
próprio caráter de classe” (TAFURI, 1986:36). Para Marcuse, a dominação tornou-se racional nas 
sociedades capitalistas avançadas, perdendo o seu caráter explorador e opressor, sem que tenha 
desvanecido a dominação política1 (HABERMAS, 2006:47). 
A construção da abordagem sobre a configuração espacial urbana e a reprodução do 
capital foi pautada em diversos autores. Para Lefebvre (1986), as cidades modernas sempre 
estiveram associadas à divisão social do trabalho e à acumulação capitalista; há uma relação 
direta entre a configuração espacial urbana e a reprodução do capital. A industrialização fornece 
o ponto de partida da reflexão sobre nossa época e pressupõe a ruptura do sistema urbano 
preexistente, onde entram em conflitos: industrialização e urbanização, crescimento e 
 
1 As noções de técnica e suas relações com o plano, foram também perseguidas nas contribuições de Tafuri e 
Habermas, em especial no diálogo que estabeleceu com Max Weber. 
 
Do sertão à cidade 
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24 
desenvolvimento, produção econômica e vida social. O autor analisa que as classes ou frações de 
classes dirigentes que possuem o capital (os meios de produção) intervêm ativamente no 
processo, que geram não apenas o emprego econômico do capital e os investimentos produtivos, 
como também a sociedade inteira, com o emprego de uma parte das riquezas produzidas na 
“cultura”, na arte, no conhecimento, na ideologia (GOTTDIENER, 1993; HARVEY, 1982; 
LEFEBVRE, 1986). 
A constituição dos partidos políticos e as relações de poder no âmbito nacional; o caráter 
nacional-desenvolvimentista do Estado brasileiro, desde a década de 30; as bases do 
planejamento tecnocrático que se instalaram no período democrático com o fim do Estado Novo, 
em 1945; assim como o período do Estado técnico-burocrático, a partir de 1964, que instituiu 
diversos programas de ação econômica e criou o Ministério de Planejamento e Coordenação 
Econômica - além de instrumentos materiais e legais para implantar um Sistema Nacional de 
Planejamento que inclui Serfhau e Fundo de Financiamento de Plano de Desenvolvimento Local 
Integrado, no BNH – decorrentes da concepção do Estado como fomentador do desenvolvimento; 
foram temas imprescindíveis para contextualizar os períodos históricos analisados do objeto de 
estudo (AZEVEDO NETO, 1999; CARONE, 1977; CRUZ, 2003; FAORO, 1993; FARIA, 1978; 
FAUSTO, 2001; LEAL, 1975; LEME, 1999; MEZZAROBA, 1995; OLIVEIRA, 1982; 
SKIDMORE, 1982; SOUZA, 1999). 
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar os processos históricos de gestão do 
planejamento municipal, a racionalização da técnica e a atenção dada à gestão democrática pela 
administração pública, por meio dos instrumentos de planejamento urbano e de instrumentos de 
gestão dos recursos. E tem como objetivos específicos propiciar a discussão das diversas formas 
de representação das forças sociais e de suas relações com o Estado na produção do espaço 
urbano, nos instrumentos de gestão e de planejamento urbano de São José do Rio Preto. 
Identificados quatro períodos com situações políticas diferentes e características 
semelhantes em relação ao planejamento urbano, a estruturação do trabalho foi organizada em 
quatro capítulos que relacionam as condições do período histórico selecionado com o processo de 
planejamento urbano.Do sertão à cidade 
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O Capítulo 1 apresenta o processo de urbanização e do planejamento urbano, na década 
de 1950, que teve consultoria técnica externa de dois arquitetos. O primeiro, foi a proposta não 
aprovada do plano urbanístico de Luis Saia. O segundo, foi contratado o arquiteto Heitor José 
Eiras Garcia, que elaborou a primeira Lei de Zoneamento da cidade, em 1958. Apresentamos a 
justificativa da lei e seus enfoques teórico-metodológicos que pressupunham “a idéia de que a 
ciência e a técnica resolveriam os problemas urbanos” (VILLAÇA, 1999). Eiras Garcia, 
funcionário da Prefeitura de São Paulo, propôs uma Lei “facilmente adaptável a um Plano 
Diretor”, tendo como idéias e práticas urbanísticas aquelas que eram discutidas no Departamento 
de Urbanismo da prefeitura paulistana e estavam baseadas nas repercussões dos trabalhos 
desenvolvidos por Anhaia Mello (FELDMAN, 2005). 
O Capítulo 2 trata do período do regime autoritário (1964-1984), na conjuntura do 
planejamento verticalizado e regionalizado do Estado que objetivava a integração nacional, por 
meio de planos de desenvolvimento, tal como o II PND, que continha uma proposta de política 
urbana através da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano -PNDU (SOUZA, 1999). Entre 
as estratégias do PNDU, o Programa de Cidades Médias beneficiou alguns municípios 
brasileiros, entre eles, São José do Rio Preto, que recebeu uma verba de US$ 10 milhões e 
propiciou diversas obras de infra-estrutura, equipamentos sociais, loteamentos populares e mini-
distritos industriais, baseadas em planos setoriais, como o de sistematização viária e áreas verdes 
e a reformulação da Lei de Zoneamento e Parcelamento do solo urbano, elaborados pela equipe 
técnica da administração pública. 
O Capitulo 3 apresenta o planejamento técnico formalizado no Plano Diretor de 
Desenvolvimento, de 1992, elaborado por técnicos e planejadores da administração municipal 
(equipe formada no período antecedente) e integra os planos setoriais nos objetivos do plano. O 
Plano Diretor instituiu o Conselho do Plano Diretor (CPDD), que exige uma reflexão enquanto 
constituição de esfera pública institucionalizada ou instrumento meramente figurativo. 
No Capítulo 4, os processos de planejamento urbano, seu enfoque metodológico e as 
experiências de Rio Preto com a participação social no planejamento urbano são apresentados no 
Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável, aprovado em 2006, que reflete estratégias de 
planejamento e de gestão que subordinam o município às tendências de mercado e na disputa 
 
Do sertão à cidade 
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26 
para atrair investimentos. Por lei, a participação popular na gestão urbana passou também a ser 
garantida na gestão do orçamento público, através da instituição do Orçamento Participativo 
local. 
A finalização deste trabalho se deu através de Considerações Finais extraídas das 
análises que as precederam; tais considerações buscam refletir sobre seus resultados e ponderar 
sobre as perspectivas de sua continuidade. 
 
 
 
 
 
 
 
Do sertão à cidade 
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27
 
 
1 
PLANO TÉCNICO PARA SÃO JOSÉ DO RIO PRETO: CONSULTORIA 
EXTERNA NA DÉCADA DE 50 
 
 
 
1.1 O processo de desenvolvimento de São José do Rio Preto até a década de 1950 
A formação de São José do Rio Preto foi iniciada no século XIX, com a ocupação do solo 
do sertão paulista para a exploração agrícola e a criação de animais domésticos. Na historiografia 
da cidade, de 1820 (ano em que chegaram os pioneiros) a 1930, registra-se - como na história de 
todas as cidades sertanejas (quase invariavelmente a mesma em toda parte) - o domínio do rural 
sobre o urbano, o que determinou a pequenez e a pobreza dessas povoações locais. Em São José 
do Rio Preto, a abertura de estradas e de comunicações fez com que florescesse o comércio ao 
redor da igreja e a ferrovia que, desde 1912, se tornou a grande responsável pela chegada de 
imigrantes e pelo primeiro surto de desenvolvimento agrícola da região com a comercialização de 
produtos agrícolas regionais e de mercadorias vindas da capital. 
São José do Rio Preto foi fundada em 19 de março de 1852; mas de 1820 até 1892, 
poucos lavradores reuniam condições de levar sua produção para os centros urbanos mais 
próximos, como Jaboticabal e Araraquara, pois a economia do município era incipiente e de 
subsistência. A ocupação de terras em Rio Preto foi feita pelos migrantes de Minas Gerais, 
atraídos pela terra devoluta em abundância, e por poucos baianos empregados na derrubada de 
matas. Era costume a doação de uma área significativa de terras para o santo de devoção (no 
caso, São José), para a constituição do patrimônio às margens do rio Preto. O predomínio do 
 
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catolicismo que marcava a cultura popular atribuía à igreja um papel importante de coesão social 
e de controle da legalização das transferências das titulações imobiliárias da área urbana em 
formação (BUENO, 2003). As autoridades civis se respaldaram na religião católica quando, 
muitas vezes, não havia determinações mais precisas quanto à organização espacial de núcleos 
urbanos2. A estrada aberta em direção ao Mato Grosso, em 1892, estabeleceu uma nova rota de 
comércio promovida pelas boiadas que vinham daquele Estado. 
A emancipação político-administrativa do município, desmembrado de Jaboticabal, 
ocorreu em 19 de julho de 1894, pela lei nº 294, quando o vilarejo possuía uma zona urbana com 
cerca de 800 habitantes3. Uma década depois, pela lei nº 903 de 1904, foi criada a Comarca de 
Rio Preto e o município já registrava aproximadamente 14 mil habitantes. 
O primeiro desenho da cidade, em 1895, foi feito pelo engenheiro florentino Ugolino 
Ugolini, que organizou o sistema de aforamento e projetou o primeiro mapa por encomenda do 
pároco local, José Bento da Costa (ARANTES, 2001). Conforme mostra a figura 1, Ugolini 
dividiu a cidade em quadras, como as cidades coloniais descritas por Benévolo, 
um tabuleiro de ruas retilíneas, que definem uma série de quarteirões iguais, 
quase sempre quadrados; no centro da cidade tem-se uma praça sobre a qual se 
debruçam os edifícios mais importantes: a igreja, o paço municipal, as casas dos 
mercadores e dos colonos mais ricos [...] um plano regulador bidimensional sem 
previsão para a ocupação das quadras desenhadas. 
Ugolini reservou diversas quadras para o uso de parques e praças, que, posteriormente, 
foram vendidas ou cedidas pela Prefeitura para construção de instituições públicas e particulares. 
 
2 Segundo Murilo Marx (1988), as instituições eclesiásticas, por sua usual clareza, “se impuseram de forma decisiva 
e, por vezes, quase exclusiva, Condicionaram assim os locais sacros especialmente a céu aberto, a implantação 
topográfica geral, a trama viária, a significação maior ou menor das parcelas de lote urbano”. 
3 A população de Jaboticabal era de 6 mil habitantes, de Araraquara 8 mil e na cidade de São Paulo 25 mil. Em 
recenseamento feito pelo governo imperial, segundo Arantes (2006), a população do município, em 1872, era de 
2.689 habitantes, sendo que destes 209 eram escravos, 153 negros e 356 pardos eram livres. 
 
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29
 
Figura 1 – Primeira planta cadastral feita pelo engenheiro florentino Ugolino Ugolini, em 1895 
Fonte: Acervo Particular, 2005 
Em 1915, a abertura da Estrada Boiadeira, ligando Barretos ao Porto Taboado, que 
passava por Rio Preto, possibilitou a expansão da agricultura rio-pretenseque foi impulsionada 
pelo trigo, pelo café - plantado desde 1890 - e pelo algodão, além da criação de gado no começo 
do séc. XX. 
A Estrada de Ferro, instalada em 1912 
(ver figura 2), transformou a cidade em ponto 
terminal do transporte ferroviário, escoando a 
produção agrícola deste e dos poucos municípios 
vizinhos. Nesse ano, foi instalada a primeira 
máquina de benefício de café. 
Figura 2 – Estação Ferroviária [192-?] 
Fonte: Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto 
 
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30 
A construção da ferrovia pela Estrada de Ferro Araraquarense (EFA) que deveria ligar 
São Paulo a Cuiabá (MT), escoando a produção para grandes mercados consumidores, ficou 
paralisada em Rio Preto por 23 anos, o que tornou o município ponta de linha, como a última 
estação do Estado, para onde convergiam os embarques da produção agropecuária deste e dos 
municípios da região. Esse foi o principal fator de transformação do comércio na principal 
atividade econômica da cidade, pois a ferrovia propiciou a transformação de pequenas lavouras 
em lucrativas plantações agrícolas e fazendas de pecuária, além de fomentar intensa troca 
comerc
ado 
pelo caráter eminentemente agroexportador e mais tarde industrial, notadamente no Estado de 
São Paulo. Os modos de vida e o processo de urbanização tinham como exemplos a serem 
seguidos (ou mesmo repudiados), t res e Paris, 
ou norte-americanos, como Nova Iorque, ou principalmente São Paulo, facilmente acessível e 
ícone d
Os imigrantes que povoaram o município eram pobres e se adaptavam às ofertas 
profissionais propiciadas pelo 
 
ial com produtos vindos da capital. 
A estrada de ferro interligava regiões e pessoas: comerciantes, trabalhadores, imigrantes, 
marginais, desbravadores e tantos outros tipos paulistas que enunciavam as potencialidades da 
região e as diferenças de classes sociais. A diminuição das distâncias regionais com a capital do 
Estado possibilitou o florescimento de novos modos de vida - a vida urbana - que transformavam 
o cotidiano, real ou idealizado, de uma sociedade em acelerada transformação estrutural, d
ais nd como os grandes centros europeus, como Lo
o progresso nacional, segundo os “letrados” que viviam no interior. A região de Rio Preto 
foi a última do Estado a inserir-se na expansão do complexo cafeeiro, atraindo transeuntes de 
localidades vizinhas, que vinham passar o dia fazendo compras, mas também pessoas que 
fixavam moradia. Constituiu-se os primeiros núcleos de profissionais liberais da cidade: 
advogados, médicos, farmacêuticos, professores, dentre outros, que se deslocavam do Rio de 
Janeiro, Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais, atraídos pelas oportunidades de enriquecimento 
que o sudeste brasileiro propiciava. A migração atraiu brasileiros de outras regiões e estrangeiros 
(CAMPOS, 2004: 32-42). 
crescimento econômico do município4. O comércio (ver figura 3), 
principal atividade econômica da cidade, era dominado pelos imigrantes árabes que tinham mais 
 
4 Artigo da historiadora Dinorath do Valle, do Suplemento Especial 19 de março de 1996, publicado pelo jornal 
Diário da Região. 
 
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31
de 60% dos estabelecimentos comerciais; os italianos instalaram-se na cidade para atuar na 
construção civil e nas fazendas de café da região; os espanhóis tiveram destaque na vida política 
e social na primeira metade do século; e os japoneses, assentados inicialmente em uma colônia 
rural, realizavam na cidade atividades comerciais no ramo de alimentos (ARANTES, 2001). 
 
Figura 3 – Comércio da Rua General Glicério [192-?] 
Fonte: Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto 
Segundo Campos (2004:39), não existem dados específicos referentes ao número de 
imigrantes que chegaram, em Rio Preto, nas primeiras décadas do século XX; entretanto, as 
crônicas dos jornais locais construíam a imagem de uma população estrangeira que se “integrava 
perfeitamente ao tipo nacional”: os espanhóis eram os “legítimos herdeiros dos “conquistadores” 
ibéricos do século XV”; os italianos, excluindo os fascistas, em “trabalhadores ordeiros”; os 
sírios, os responsáveis históricos pelo desenvolvimento comercial; e os portugueses seriam os 
legítimos sucessores dos primeiros “brasileiros brancos”. A população negra era retratada como 
um povo “simples”, trabalhador” e obediente” que estava a serviço dos “verdadeiros rio-
pretenses”, não sendo considerada parte constitutiva da sociedade local. 
Os coronéis atuaram politicamente em São José do Rio Preto durante a República Velha, 
período em que se afirmaram com as oligarquias estaduais, entrando em declínio na década de 
19305. Nesta região, os coronéis6 tinham o perfil do “coronel tradicional”, chefe político, com 
 
5 O município era governado por um intendente, um vice-intendente e pela Câmara Municipal, que tinha na figura do 
seu presidente o domínio político da cidade. A partir de 1908, desapareceu a figura do intendente e surgiu a do 
prefeito, escolhido entre seus pares na Câmara. Até 1930, os prefeitos, assim como os intendentes, tiveram mandato 
de um ano. Os coronéis, quando não estiveram diretamente nos cargos de intendentes ou prefeitos, manifestavam 
 
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estilo de vida social à altura de seu dinheiro, e tinha função burocrática e política, conforme 
descrito por Faoro (1993). Havia o homem rico por excelência, na sociedade agrária - o 
fazendeiro, dono da terra - que exercia poder político, mas havia também coronéis remediados, 
assim como de outras categorias, não só as territoriais, que podiam ocupar a posição de coronel: 
“o coro
 
nel advogado; o coronel comerciante; o coronel médico; o coronel padre; com investidura 
do governo estadual ou do grupo que o controla”. O “coronelismo” se integrava no poder 
estadual, “constituindo o governador a espinha dorsal da vida política”, e delegava poderes 
públicos no campo privado, corporificando “aspecto de domínio não burocrático da sociedade” 7. 
O poder público “operava sua supremacia tuteladora através do particular que exercia, por 
investidura ou reconhecimento oficial, funções públicas. O coronel fazia a política e 
complementava a administração pública, no âmbito municipal, dentro do partido; partido único, 
mas não monolítico, tumultuado na base por dissensões de famílias e grupos sedentos da 
conquista do poder. Ainda que figuras incompatíveis com as forças urbanas, aliavam-se às 
preocupações comerciais, não raro próximas aos seus cuidados e ao seu intercâmbio exportador” 
(FAORO, 1993). 
 
ente seu poder político. Segundo Carone (1977:143), após 1930 houve uma modificação do domínio quase 
linear agrário. Embora continuassem preponderantes, estas classes se dividiram e subdividiram, o que as 
indiretam
enfraqueceu. De 1930 a 1933, muitos Estados foram governados por tenentistas (classe média), nem sempre 
apoiados pelas forças coronelísticas locais e seus partidos estaduais. Com as eleições de 1933 e 1934, os coronéis 
voltaram a dominar os poderes estaduais, recuando o tenentismo, mas com jogo de forças diferentes. A Revolução de 
1930 quebrou o sistema de domínio baseado na existência dos poderes locais e estaduais dos fazendeiros, na 
preponderância dos grandes Estados (São Paulo-Minas Gerais) sobre os pequenos, permitiu a ascensão do Rio 
Grande do Sul e a manifestação das classes médias e doproletariado, abafadas e proibidas de se manifestarem 
organizadamente antes de 1930. As classes agrárias dominavam, apesar de divididas e das lutas intensas entre si, mas 
foram obrigadas a aceitar a presença de outras classes. 
6 Dentre os coronéis da região, destacamos três para ilustrar este período da história: 1) Coronel Pedro do Amaral 
Campos, intendente e presidente da Câmara, em 1899, e principal comerciante da cidade. Para defender seus 
interesses, aprovou leis que cobravam pesados impostos aos mascates, majoritariamente turcos. O vereador Capitão 
Porfírio de Alcântara Pimentel, em 1906, fez indicação na Câmara para que se multasse todos os turcos que falassem 
na língua turca perto de um brasileiro (Os chamados “turcos” em Rio Preto eram sírios e libaneses que tinham 
passaportes expedidos com carimbo da Turquia, pois a Síria e o Líbano faziam parte do Império Otomano) 
(ARANTES e PARISE, 2000:15); 2) Coronel Victor Cândido Souza, prefeito de Rio Preto de 1924 a 1925 e 
vereador de 1917 a 1925; prefeito de Mirassol em 1925,1926 e 1928, presidente do PRP de Mirassol de 1925 a 
1930; 3) Tenente-coronel Adolpho Guimarães Correa, afilhado de casamento do Cel Pedro do Amaral Campos e seu 
adversário político, advogado, prefeito de Rio Preto de 1908 a 1914, vereador de 1902 a 1916 e 1928, foi presidente 
da Câmara de 1902 a 1907 e, em 1928, fundou a loja maçônica Cosmos e o primeiro jornal da cidade. Dominou o 
município politicamente por 12 anos, no início do século imaginava a construção de avenidas ao longo dos córregos 
Canela e Borá como fator de desenvolvimento econômico da cidade. Formado em Direito pela USP, em 1923 
(ARANTES, 2001). 
7 Segundo Faoro (1993), o compadre-mor, o coronel, se entrosa econômica e politicamente com as categorias 
estaduais. Ele lida com a política, com a justiça, com o cobrador de impostos, obtém uma estrada, pleiteia obras 
(pontes, estradas), tornando-se a figura do “padrinho” capaz de recomendar o “pobre cidadão, mal alfabetizado e sem 
maneiras”. 
 
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Em São José do Rio Preto, formou-se, entre fazendeiros, comerciantes e profissionais 
liberais, a classe dominante econômica e política, que foi representada por uma associação 
fundada em 17 de outubro de 1920, denominada Associação Comercial, Industrial e Agrária de 
Rio Preto8 (ACIA) para defender os interesses do comércio, da agropecuária - ambos em pleno 
desenvolvimento - e da indústria, ainda incipiente. A associação atuou fortemente sobre o poder 
executivo e poder legislativo municipal exercendo influência nas decisões locais, reduzindo ou 
revogando impostos e reivindicando melhorias na cidade. Diversos associados se elegeram em 
cargos políticos no município, alguns foram eleitos deputados e, em algumas ocasiões, a 
associação atuou diretamente com outras instâncias de governo, reclamando de abusos fiscais, 
solicitando redução de impostos federais, solicitando providências no combate a epidemias e 
construção de escola pública e de hospital ao governo estadual (ARANTES e PARISE, 2000:23). 
A atuação dos membros da ACIA remetia a uma roupagem de “coloração coronelista”9. 
Segundo Faoro (1993:636), “a decantação dos traços empíricos, historicamente filtrados, dos 
coronéis permite a tipificação sociológica. Eles são, essencialmente, honoratioren, pessoas que, 
graças à sua situação econômica, podem dirigir um grupo como profissão acessória não 
retribuída, ou mediante retribuição nominal ou honorária, sustentados pelo apreço comum, de 
modo a gozar da confiança do seu círculo social. A origem de seu poder, mais que a situação 
 
8 Fundada em 17 de outubro de 1920, como Associação Commercial Rio Preto, foi denominada dois anos depois 
como Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Rio Preto – ACIA. Em 1982, esta entidade adotou a 
denominação de Associação Comercial e Industrial de Rio Preto - ACIRP e, atualmente, é denominada Associação 
Comercial e Empresarial de São Jose do Rio Preto - ACE, embora a população continue referindo-se a ela como 
ACIRP. A associação teve como mentor intelectual Benedicto Costa Netto, natural de Macaé (RJ), advogado, 
maçon, se estabeleceu em Rio Preto de 1920 a 1928, foi um dos líderes da Revolução Constitucionalista de 1932, 
procurador – geral do Estado de São Paulo em 1941, deputado federal em 1945, relator-geral da Constituinte de 
1946, ministro da Justiça e dos Negócios do Interior do governo Eurico Gaspar Dutra (ARANTES, 1997; 2000). 
9 Barbosa Lima Sobrinho, no prefácio do livro Coronelismo, enxada e voto, de Vitor Nunes Leal (1975:XVI), 
apontou as transformações do “coronelismo” ao longo das décadas: “Dia a dia o fenômeno social se transforma, 
numa evolução natural, em que há que considerar a expansão do Urbanismo, que liberta massas rurais vindas do 
campo, além de modificações profundas nos meios de comunicação. A faixa do prestígio e da influência do 
“Coronel” vai minguando, pela presença de outras forças, em torno das quais se vão estruturando novas lideranças, 
em torno de profissões liberais, de indústrias ou de comércios venturosos. O que não quer dizer que tenha acabado o 
“Coronelismo”. Foi, de fato, recuando e cedendo terreno a essas novas lideranças. Mas a do “Coronel” continua, 
apoiada aos mesmo fatores que a criaram ou produziram. Que importa que o “Coronel” tenha passado a “Doutor” ou 
que a fazenda se tenha transformado em fábrica? Ou que os seus auxiliares tenham passado a assessores ou a 
técnicos? A realidade subjacente não se altera, nas áreas a que ficou confinada. O fenômeno do “Coronelismo” 
persiste, até mesmo como reflexo de uma situação de distribuição de renda, em que a condição econômica dos 
proletários mal chega a distinguir-se da miséria. O desamparo em que vive o cidadão, privado de todos os direitos e 
de todas as garantias, concorre para a continuação do “Coronelismo”, arvorado em protetor ou defensor natural de 
um homem sem direitos”. 
 
 
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econômica, deriva do prestígio, da honra social, tradicionalmente reconhecido”. O partido, 
sempre governista no âmbito estadual, seria de caráter tradicionalista, voltado para a apropriação 
das vantagens do poder, “que se aperfeiçoam, mesmo numa etapa superior, em partido de 
quadros, de acordo com terminologia consagrada . Dessa realidade não será possível a formação 
do partido ideológico, de massa ou burocratizado. A circulação vertical dos chefes, desde o plano 
municipal até os planos estadual e federal, mostra profundas incongruências”. Os “coronéis 
urbanos” mantinham apoio incondicional ao governo estadual, alguns representavam os 
interesses regionais, outros, eram homens de talento e cultura, mas sem prestígio, que 
compunham as chapas. Desta forma, não representam o eleitor, mas a oligarquia. O vocábulo 
“coron
ruas sem asfaltamento e vida cultural ainda incipiente. Nesse cenário, surgiu entre os 
profissionais liberais, a geração dos “homens letrados”, a imprensa matutina que se tornou o 
espaço privilegiado para a exposição dos problemas, apresentação das soluções, criação e difusão 
dos padrões entendidos como corretos para a cidade, reflexões sobre assuntos que estavam 
ligados direta ou indiretamente à “modernização” da cidade. “Civilização, progresso, ciência e 
nacionalismo conviviam nas páginas diárias com imagens de doença, pauperismo, catástrofe, 
tomando contornos próprios no imaginário dos cronistas da cidade”. Esses profissionais 
pleiteavam para si a autoridade moral e científica, e elaboravam, por meio de textos jornalísticos, 
modelos idealizados do que deveria ser a cidade e o cidadão rio-pretense. As idéias difundidas 
pelo meio de comunicação eram mais abrangentes que osproblemas ou propostas ao município, 
envolvia também as esferas nacionais e mundiais. A imprensa local difundia e recriava os 
projetos e idéias que as elites nacionais e locais entendiam como necessárias para o Brasil. 
Diversos periódicos10 desta época abordavam assuntos diversos: artes, literatura, educação, 
 
elismo” penetrou “na evolução político-social do nosso país, particularmente na atividade 
partidária dos municípios brasileiros”. 
Rio Preto passou a conviver com os adventos típicos da modernidade: imprensa, luz 
elétrica, empresa de água e esgotos, cinemas, bares, que compunham o novo cenário urbano, mas 
o desenvolvimento era descompassado com a higiene deficitária, a falta de grandes indústrias, 
 
10 Em 1902, surgiu a revista Cosmos, fundada pela loja maçônica, com direção do Coronel Adolpho Guimarães 
Corrêa; em 1903, o coronel fundou o jornal O Porvir, quando era presidente da Câmara e lutava pela instalação da 
Comarca, haja vista que a justiça precisava de um órgão de imprensa para publicação dos atos oficiais. Os jornais 
diários surgiram na década de 20: Diário de Rio Preto, A Notícia, O Rio Preto, o Poder Moderador, dentre outros, 
que eram fundados e dirigidos por advogados, professores, médicos, empresários etc (ARANTES, 2006). 
 
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ciências, moda, política, agricultura, religião, música, urbanização, medicina, entre outros, 
voltados para o aprimoramento cultural das elites e para a educação das massas (CAMPOS, 
2004:44). O jornal A Notícia11, importante fonte para nossa pesquisa histórica a partir da década 
de 1930, pelo fato de ter o maior número de exemplares preservados na hemeroteca de Rio Preto, 
é emblemático nesse aspecto, pois era administrado e escrito pela elite “intelectualizada” e sua 
origem estava ligada ao Partido Republicano Paulista (PRP) municipal, que historicamente 
controlou a política da cidade12. 
Em 1929, o município de Rio Preto contava com 27.800 habitantes13. A partir de 1936, a 
economia impulsionada pela produção de algodão na região marcou o início da industrialização 
da cidade com a instalação da Companhia Swift do Brasil14 (ver figura 4) que fabricava óleo de 
caroço de algodão, e das algodoeiras Anderson Clayton, Francisco Matarazzo, Sanbra e Saad, 
impulsionadas pela ascensão da indústria têxtil na capital do Estado (sobretudo a de tecido de 
algodão) e pela export unicípio isentava os 
impostos e doava os terrenos. Um projeto de lei, rejeitado pela Câmara, propunha ainda subsídios 
em din
ação. Para ústrias, o m atrair a implantação de ind
heiro para incentivar a vinda de indústrias para o município15. 
 
11 O proprietário do jornal era Nelson Veiga, advogado mineiro, vereador eleito pelo PRP. Segundo Campos (2004), 
as tentativas de Veiga para apresentar uma postura aparentemente independente ao PRP municipal foram verificadas 
em alguns momentos de sua agitada vida pública, como quando tentou eleger-se vereador na cidade, em 1922, sem o 
apoio da legenda hegemônica, tendo sido derrotado. Depois disso, lançou-se candidato pelo PRP, iniciando sua vida 
política. A formação acadêmica dos colaboradores do jornal remetia a projetos educativos para a cidade: médicos 
alertavam sobre doenças físicas e morais, combatiam os males rurais (malária, tracoma, entre outras) e os males 
urbanos (tuberculose, alcoolismo, sífilis etc), dialogando com as proposições dos médicos sanitaristas de expressão
nacional; literatos discutiam grandes obras literárias; engenheiros pretendiam remodelar a cidade defendendo pla os
 
n 
urbanísticos; farmacêuticos explicavam as origens científicas dos remédios etc, todos envolvidos de alguma forma 
com o poder municipal, distanciando-se das brigas políticas locais. 
12 O jornal foi à falência em 1981 e o Diário da Região, fundado por Euplhy Jalles em 1950, tornou-se um dos 
maiores jornais do interior do Estado. Jalles era engenheiro civil e foi membro da diretoria da ACIA, presidente da 
Associação Rural e presidente de associações sociais, desportistas e profissionais. Seu sucessor desde 1965, Norberto 
Buzzini, é advogado e jornalista, foi vereador em 1964, candidato a prefeito pelo MDB, conselheiro da ACIA e 
ocupou cargos na diretoria de clubes esportivos. 
13 Conjuntura Econômica de 2006. 
14 Segundo Arantes (2001), a Swift inaugurou seus prédios, com arquitetura industrial inglesa, em uma área de 40 
mil metros quadrados, às margens dos trilhos da Estrada de Ferro Araraquarense (EFA) em 14/4/1944. 
15 Em 1926, a Câmara e o Executivo Municipais concederam isenção de impostos por 10 anos para a instalação de 
uma fábrica de tecidos. Entretanto, isto não foi suficiente para impulsionar o surgimento de indústrias para o 
município, que ocorreu uma década depois (ARANTES, 2001). 
 
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Figura 4 - Swift do B
Fonte: Prefeitura Municipal de São 
rasil S.A. 
José do Rio Preto [2007] 
Foi também nesse período que se inaugurou
aviação, ligando a cidade com Ribeirão Preto, Ubera
nas mãos de poucos coronéis, mas a quebra deste pr
latifúndios
 a linha aérea da VASP, em um campo de 
ba e São Paulo. O café concentrava riqueza 
oduto, em 1929, favoreceu a partição dos 26 
 algodão, que teve seu preço elevado durante 
olvimento de propriedades menores e dos 
pois a cidade propiciava atividades voltadas 
ábric equenos 
os profissionais liberais. Os pequenos sitian vimento da 
função comercial e industrial das capitais regionais, bem como das novas propriedades rurais, 
fazendo
16, mudando o perfil agrícola da região. O
a Segunda Guerra Mundial, proporcionou o desenv
investimentos industriais e comerciais de Rio Preto, 
ao artesanato, ao comércio de rua, às pequenas f
construtores e a
as de fundo de quintal, aos p
tes suscitavam o desenvol
 emergir uma classe média rural que sustentaria o desenvolvimento econômico urbano17. 
No cenário político nacional de 1930, Júlio Prestes surgiu como candidato situacionista à 
sucessão do Presidente Washington Luís, quebrando o eixo São Paulo - Minas Gerais, 
 
16 O município tinha 23 mil quilômetros quadrados, limitando-se aos rios Tietê, Grande, Paraná e Cubatão. 
17 A decomposição da fazenda pelas crises econômicas abriu o retalhamento e instalação da pequena propriedade. A 
produção de hortifrutigranjeiros para o abastecimento dos maiores centros urbanos foi de grande importância para a 
implantação da pequena propriedade. As terras depreciadas pelo esgotamento de grandes lavouras do café foram, 
muitas vezes, aproveitadas pelas categorias mais modestas da população rural que nelas se instalaram com pequenas 
propriedades. Mas a concentração da propriedade rural não diminuiu rapidamente, pois, ainda que decadentes, as 
grandes fazendas substituíram a agricultura pela pecuária, e o algodão foi fator que também conduziu à manutenção 
ou à recomposição de grandes propriedades, impedindo que as existentes se desmembrassem (como seria o 
desenvolvimento da pecuária, ou a introdução da grande exploração tipicamente capitalista, empregando técnica 
avançada). Foram cada vez mais desfavoráveis as condições de subsistência da grande propriedade, pela 
precariedade das três grandes lavouras extensivas do país: cana-de-açúcar, café e algodão (LEAL, 1975:26-28). 
 
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representados pelo Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM), 
que se revezavam no poder, representando os interesses das oligarquias ligadas à cafeicultura e à 
pecuária e, por isso, chamada de

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