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COLAPSO PROGRESSIVO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO

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Colapso progressivo em estruturas de concreto pré-moldado 
 
PV021 – Estruturas pré-moldadas de concreto, 2015. 
 Prof.: Maria Cristina Vidigal de Lima 1 
 
 
 
 
COLAPSO PROGRESSIVO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO 
 
PROGRESSIVE COLLAPSE IN PRECAST CONCRETE STRUCTURES 
 
Luana Ferreira Borges 
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG. E-mail: 
luana_f.borges@hotmail.com 
 
RESUMO 
O colapso progressivo em estruturas pré-moldadas é um fenômeno no qual uma falha ou dano localizado pode se propagar 
causando a ruína de outros elementos estruturais, devido a redistribuição de esforços, podendo trazer até um colapso da 
estrutura. É feito um levantamento bibliográfico sobre o fenômeno, com o objetivo de apresentar alternativas para minimizar 
seu risco de ocorrência. O evento pode acontecer também em outros sistemas estruturais, mas devido a forma de construção, 
estruturas de concreto pré-moldado são mais suscetíveis. A metodologia consiste em pesquisar publicações nacionais e 
internacionais sobre o tema, a fim de tomar conhecimento das principais recomendações referentes a consideração do colapso 
progressivo em estruturas pré-moldadas. Verifica-se, porém, que essas são válidas também para outros sistemas. Como 
principais considerações de projeto, apresenta-se o uso de sistemas de amarrações e a adoção de caminhos alternativos de 
cargas. Percebe-se que é um tema pouco abordado pela comunidade científica brasileira. Assim, sugere-se mais estudos e 
publicações relacionadas ao tema. Conclui-se que um adequado dimensionamento e detalhamento em projeto podem 
contribuir para diminuir a probabilidade de ocorrer o fenômeno. 
Palavras-chave: Colapso progressivo, concreto pré-moldado, cargas excepcionais, caminhos alternativos de cargas, 
amarrações. 
 
ABSTRACT 
The progressive collapse in precast structures is a phenomenon in which a located failure or damage can propagate causing 
the ruin of other structural elements, because of redistribuition of loads, and may generate a collapse of the structure. It is 
made a literature about the phenomenon, It is made a literature about the phenomenon, in order to present alternatives to 
minimize its risk of occurrence. The event may also occur in other structural systems, but because of the manner of 
construction, precast concrete structures are more susceptible. The methodology consists in researching national and 
international publications on the theme, to take note of the main recommendations for the consideration of progressive 
collapse in precast structures. But the recommendations are also valid for other systems. As main alternatives presents the 
use of ties systems and adoption of alternative paths loads. Perceived that it is a topic rarely addressed by the Brazilian 
scientific community. So, it is suggested more studies and publications related to the topic. It concludes that an appropriate 
dimensioning and detailing in design can help reduce the probability of the phenomenon. 
Keywords: Progressive collapse, precast concrete, abnormal loadings, alternatives path loads, ties. 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
 Um dos assuntos de interesse em projetos de 
estruturas pré-moldadas é a consideração do colapso 
progressivo que pode ocorrer na estrutura. “O colapso 
progressivo, também chamado de ruína em cadeia, pode ser 
definido como um tipo de ruína “incremental”, no qual os 
danos na estrutura não são proporcionais à causa inicial” 
(EL DEBS, 2000, p. 217). Meireles Neto (2012) e Oliveira, 
Silveira e Sousa Jr. (2011) explicam que um dano ou falha 
localizada de um componente estrutural se propaga para 
outros elementos estruturais, devido a redistribuição dos 
esforços, podendo acarretar falha de membros estruturais 
adjacentes ou o colapso da estrutura. 
 Segundo Oliveira, Silveira e Sousa Jr. (2011), o 
colapso progressivo em estruturas é um assunto 
relativamente novo na comunidade científica brasileira, 
existindo pouco material escrito em língua portuguesa sobre 
o tema. Os autores afirmam que mesmo as normas 
brasileiras acrescentam pouco sobre o assunto. 
Ferreira et al. (2005) destaca que para garantir a 
estabilidade global nas situações definitiva e transitória, é 
necessário impedir a propagação do colapso progressivo, ou 
seja, garantir a robustez da estrutura através da consideração 
de reserva de resistência da estrutura. Esta robustez, 
segundo Elliott (2002), está relacionada a planejar e projetar 
as estruturas de maneira que elas não sejam suscetíveis a 
efeitos de acidentes. Laranjeiras (2011) também cita que a 
robustez é um atributo que contribui para a segurança ao 
colapso progressivo. Outro termo utilizado é integridade 
estrutural, que é a “capacidade de um edifício suportar um 
evento anormal às condições de projeto como, por exemplo, 
o colapso de um pilar e/ou outro elemento estrutural sem 
causar colapso progressivo” (TOMO, 2013, p.75). 
Segundo Meireles Neto (2012), o modo de 
construção das estruturas pré-moldadas e as ligações entre 
elementos influenciam fortemente no colapso progressivo, 
de modo que estas estruturas são mais suscetíveis que as 
moldadas em local. Diante disto, o autor afirma que as 
ligações devem ser projetadas adequadamente. Taylor 
(1975) também afirma que edifícios construídos com 
Disciplina: PV021 – Estruturas pré-moldadas de concreto, 2015. 
Professora: Maria Cristina Vidigal de Lima 
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil 
Universidade Federal de Uberlândia 
Elaborado por: Luana Ferreira Borges 
Luana Ferreira Borges 
 
2 PV021 - Estruturas pré-moldadas de concreto, 2015. 
 Prof.: Maria Cristina Vidigal de Lima 
 
sistemas estruturais pré-moldados devem ser concebidos 
com muito cuidado, visando diminuir as chances de 
ocorrência deste problema. 
Pederiva (2009) apud Bittarello (2013) destaca que 
a quantidade de obras com utilização de concreto pré-
moldado tem aumentado devido a rapidez de execução, 
maior controle de qualidade e alto nível de organização da 
construção. O campo de aplicação do concreto pré-moldado 
abrange praticamente toda a construção civil e, diante disto, 
aumenta-se a preocupação com a ocorrência do fenômeno 
do colapso progressivo, que pode acarretar uma grande 
quantidade de perda de vidas e onerosos dados financeiros 
(BITTARELLO, 2013). 
O objetivo deste trabalho é fazer um levantamento 
bibliográfico das maneiras de consideração do fenômeno do 
colapso progressivo em cálculo, com ênfase em estruturas 
de concreto pré-moldado, a fim de apresentar que é possível 
minimizar o risco de ocorrência. 
 
2 - HISTÓRICO 
 
Segundo Elliott (2002), o termo “colapso 
progressivo” foi utilizado pela primeira vez em referência 
ao colapso parcial ocorrido na estrutura do edifício Ronan 
Point (Figura 1), em Londres, em 1968. Tomo (2013) afirma 
que os assuntos colapso progressivo e integridade estrutural 
em estruturas pré-moldadas são alvos de pesquisa desde a 
ocorrência deste acidente. 
 
Figura 1 – Colapso progressivo da estrutura do Ronan Point. 
 
Fonte: ELLIOTT, 2002, p. 352. 
 
 O colapso do Ronan Point é bem documentado na 
literatura técnica que aborda colapso progressivo em 
estruturas de concreto pré-moldado (BAÍA, 2014; 
BITTARELLO, 2013; EL DEBS, 2000; ELLIOTT, 2002; 
KATAOKA, 2007; MEIRELES NETO, 2012; OLIVEIRA; 
SILVEIRA; SOUSA JR., 2011; TOMO, 2013; 
VASILIEVA, 2013; entre outros). Aconteceu umaexplosão 
de gás na cozinha localizada em um dos cantos no 18º 
pavimento da estrutura de 22 andares constituída por painéis 
portantes pré-moldados. De acordo com Tomo (2013), a 
explosão fez com que o painel portante da fachada fosse 
expelido devido a uma pressão de 50 KN/m². O “colapso da 
laje sem apoio da cozinha do andar acima se propagou para 
cima, até a laje de cobertura, e para baixo” (TOMO, 2013, 
p.75). O piso do apartamento onde aconteceu a explosão foi 
desestabilizado devido ao peso e impacto dos destroços e 
desmoronou, de modo que o ciclo teve continuidade até o 
piso térreo do edifício (VLASSIS, 2007 apud OLIVEIRA; 
SILVEIRA; SOUSA JR., 2011). A Figura 2 é a 
representação do colapso. Segundo El Debs (2000), o 
edifício possuía ligações que não propiciavam a 
redistribuição de esforços. “Esse tipo de construção acabou 
sendo denominado de “castelo de cartas”, pela forma com 
que ocorreu o colapso” (EL DEBS, 2000, p.217). 
 
Figura 2 – Representação esquemática do colapso do Ronan 
Point. 
 
Fonte: FIB (2008) apud TOMO (2013). 
 
 Sobre o edifício Ronan Point, “investigações no 
local apontaram deficiências na forma como os elementos 
pré-fabricados foram ligados uns aos outros” (ELLIOTT, 
2002, p. 353, tradução nossa). A responsabilidade da 
quantidade desproporcional de danos, de acordo com Elliott 
(2002), foi atribuída ao detalhamento pobre e insatisfatório. 
No entanto, Elliott (2002) afirma que outro fator mais 
importante foi a falta de informações em projeto para a 
obtenção de uma solução robusta que considerasse o efeito 
de uma explosão de gás, mesmo apesar do fato de que, na 
época, cerca de 400 explosões de gás por ano causassem 
danos estruturais. 
 Os testes demonstraram que as ligações eram 
capazes de resistir a sucção do vento para que os painéis 
tinham sido concebidos. No entanto, as ligações não tinham 
resistência e ductilidade para resistir à força da explosão 
durante tempo suficiente para permitir ventilação na pressão 
a qual a falha ocorreu. (ELLIOTT, 2002). 
 
3 - AÇÕES EXCEPCIONAIS 
 
Segundo El Debs (2000), a ocorrência do colapso 
progressivo está associada às ações excepcionais (abnormal 
loadings). Neste tópico são apresentados alguns exemplos 
dessas ações. 
Colapso progressivo em estruturas de concreto pré-moldado 
 
PV021 – Estruturas pré-moldadas de concreto, 2015. 
 Prof.: Maria Cristina Vidigal de Lima 3 
 
Taylor (1975) afirma que existem ações e eventos 
excepcionais que podem levar a falha do sistema estrutural. 
No entanto, o autor destaca que nem sempre essas ações 
ocorrem com menos frequência daquelas ações 
consideradas em projeto, por exemplo, ele aponta que em 
algumas partes do mundo, naquela época, a existência de 
explosões podia concorrer com a ocorrência de ventos de 
projeto. De acordo com Oliveira, Silveira e Sousa Jr. (2011) 
as causas dos colapsos progressivos podem ser acidentais ou 
propositais. 
El Debs (2000) afirma que violentas mudanças de 
pressão do ar podem ocasionar o colapso progressivo, tais 
como explosão do sistema de abastecimento de gás (EL 
DEBS, 2000; OLIVEIRA; SILVEIRA; SILVA JR., 2011; 
TAYLOR, 1975), explosões de bombas (EL DEBS, 2000; 
TAYLOR, 1975) e combustão de líquidos inflamáveis ou 
falhas de caldeiras (TAYLOR, 1975). 
Impactos de veículos (EL DEBS, 2000; 
OLIVEIRA; SILVEIRA; SOUSA JR., 2011; TAYLOR, 
1975) também podem contribuir para o evento, sendo que 
nos veículos estão incluídos automóveis, caminhões, 
aeronaves, etc. (EL DEBS, 2000). Conforme citado 
anteriormente neste tópico, estas ações podem ser acidentais 
ou propositais. Aqui cita-se o ataque terrorista ao World 
Trade Center, em 2001, por uma aeronave modelo Boeing 
767-200ER. A maneira de ruína ocorrida permite classificar 
o evento como colapso progressivo. Oliveira, Silveira e 
Sousa Jr. (2011) afirmam que a busca por segurança 
estrutural, intensificada por medo de ações terroristas, 
coloca em foco o fenômeno do colapso progressivo. 
Outras ações que podem contribuir para a 
ocorrência de um colapso progressivo são “ações devidas a 
práticas falhas, como erros de construção, alterações não 
autorizadas, falhas de manutenção, etc.” (EL DEBS, 2000, 
p.218). Taylor (1975) afirma que durante a construção ou 
demolição de estruturas ou edifícios vizinhos, podem 
acontecer quedas ou oscilações de objetos que podem 
provocar o colapso progressivo. Segundo Vasilieva (2013), 
erros de concepção e construção, ou o caso em que existe a 
aplicação de cargas que não foram consideradas em projeto 
também podem acarretar o fenômeno em estruturas. 
De acordo com El Debs, a existência de recalques 
não previstos, inundações, furacões, terremotos e outros 
fenômenos do gênero também pode ocasionar o evento. 
Segundo Taylor (1975), durante escavações podem 
acontecer inundações, podendo causar uma grave 
insuficiência local da fundação. De acordo com o autor, 
ventos muito altos, acima dos considerados em projeto, ou 
tornados e furacões também podem causar o colapso da 
estrutura. Outra ação é “o estrondo sônico de intensidade 
excepcional” (TAYLOR, 1975, p. 521, tradução nossa). 
Oliveira, Silveira e Sousa Jr. (2011) destacam que 
o colapso progressivo de uma estrutura também pode estar 
associado ao objetivo de demolição controlada. Neste caso, 
segundo eles, deseja-se que todo o processo seja conhecido, 
devendo-se conhecer o agente causador da falha inicial e o 
resultado final esperado. 
Conforme apresentado neste tópico, várias ações 
podem ocasionar o colapso progressivo de uma estrutura. 
Segundo Oliveira, Silveira e Sousa Jr. (2011), é impossível 
prever todas as possibilidades. Apesar disso, de acordo com 
os autores, a forma de propagação do evento podem ser 
estimados. Um projeto eficiente pode ser um ponto chave 
para a preservação da integridade da estrutura durante 
tempo que permita a retirada de vítimas e diminuição de 
perdas humanas (OLIVEIRA; SILVEIRA; SOUSA JR., 
2011). 
 
4 - CONSIDERAÇÕES DE PROJETO 
 
Existem dois métodos de dimensionamento contra 
o colapso progressivo: O direto e indireto (BAÍA, 2014; 
TOMO, 2013). “No método indireto, a resistência ao 
colapso progressivo é implícita e visa fornecer um nível 
mínimo de resistência, continuidade e ductilidade à 
estrutura” (BAÍA, 2014, p.4). Neste método, segundo Tomo 
(2013), busca-se aumentar a redundância da estrutura por 
meio de ligações dúcteis e propiciar caminhos alternativos 
para as cargas. Laranjeiras (2011) destaca que trata-se de 
uma aproximação simplificada, na qual basta que o 
projetista acrescente medidas e detalhes que aumentem a 
robustez e integridade estrutural do projeto. Já no método 
direto, segundo Baía (2014), é feito o dimensionamento de 
elementos-chave capazes de resistir a carregamentos 
anormais ou a estrutura é dimensionada de modo a resistir à 
perda de um elemento estrutural. “Apoia-se na análise 
numérica da estrutura com vistas a identificar sua 
capacidade de resistir aos efeitos de uma ação excepcional” 
(LARANJEIRAS, 2011). Este método, de acordo com 
Tomo (2013), resulta em estruturas economicamente 
inviáveis e, portanto, não é considerado um método 
obrigatório para a maioria das normas internacionais. 
Segundo Marjanishvili e Agnew (2006), a análise 
de colapso progressivo realizada através da remoção 
instantânea de um ou vários elementos de suporte de carga 
para ver a capacidade do restante da estrutura absorver os 
danos, exige que o programa de computador seja capaz de 
apresentaruma instantânea mudança na matriz de rigidez e 
na geometria. “Poucos computadores são capazes de fazê-lo 
e, aqueles que estão disponíveis, são desmotivadores devido 
seu alto preço” (MARJANISHVILI; AGNEW, 2006, p.365, 
tradução nossa). Porém, como alternativa, Buscemi e 
Marjanishvili (2005) apud Marjanishvili e Agnew (2006) 
afirmam que a análise pode ser feita com a utilização de 
programas de computadores correntes, utilizando análises 
dinâmicas com condições iniciais. 
Sobre o método indireto, é importante destacar que 
para seu uso, faz-se necessário conhecer os principais 
mecanismos de colapso progressivo das estruturas de 
painéis portantes pré-moldados. Estes mecanismos, que 
devem ser considerados em projetos, de acordo com FIB 
(2008 apud TOMO, 2013) são: Ação de vigas em balanço, 
ação de viga-parede e efeito arco em painéis, ação de 
membrana e catenária parcial de vãos sucessivos de lajes de 
piso, suspensão vertical de painéis e ação diafragma das 
lajes. De acordo com Tomo (2013), estes mecanismos são 
resistidos por “amarrações” entre os elementos estruturais, 
de forma a propiciar ligações dúcteis e caminhos 
alternativos para carregamentos, conforme Figura 3. 
Segundo ACI 318 (2011 apud TOMO, 2013), cada 
Luana Ferreira Borges 
 
4 PV021 - Estruturas pré-moldadas de concreto, 2015. 
 Prof.: Maria Cristina Vidigal de Lima 
 
amarração é responsável por um mecanismo para evitar o 
colapso progressivo: 
• As amarrações transversais propiciam a ação de vigas 
em balanço e o comportamento de viga-parede; 
• As amarrações longitudinais propiciam a ação de 
membrana nos pavimentos; 
• As amarrações verticais propiciam a suspensão de 
painéis; 
• As amarrações periféricas propiciam a ação de 
diafragma do pavimento. 
 
Figura 3 – Amarrações em estruturas de painéis portantes. 
 
Fonte: Adaptado de Laranjeiras, 2011. 
 
São apresentados, nos tópicos 4.1 a 4.4, os procedimentos 
geralmente adotados com a finalidade de reduzir o risco de 
colapso progressivo. No tópico 4.5 são indicadas algumas 
recomendações de projeto. 
 
4.1 - Redução do risco de ocorrência de ações excepcionais 
 
El Debs (2000) destaca que este procedimento deve 
ser tomado, mas seu alcance é limitado, pois “não se limita 
a possibilidade da ocorrência das ações excepcionais” (EL 
DEBS, 2000, p.219). Neste sentido, Tomo (2013) também 
destaca que é impossível prever e evitar todas as possíveis 
cargas acidentais anormais. Como alternativas para a 
redução do risco de ocorrência destas ações, Tomo (2013) 
apresenta a proibição de botijão de gás em apartamentos e o 
uso de barreiras contra impacto de veículos. 
 
4.2 - Garantia da ductilidade 
 
Segundo Taylor (1975), as ligações entre 
elementos devem ser dúcteis e resistentes, capazes de 
grandes deformações para os carregamentos finais. De 
acordo com o autor, isto exige atenção no detalhamento do 
projeto. 
 
4.3 - Projetar a estrutura para suportar cargas excepcionais 
 
De acordo com Taylor (1975), as ações 
excepcionais (apresentadas anteriormente) geralmente não 
podem ser consideradas como condições regulares de 
projeto, pois isto não é viável economicamente. Segundo 
ele, diante do fato de que não é possível conceber estruturas 
com segurança absoluta, é necessário considerar no projeto 
apenas eventos anormais que tem chance razoável de 
ocorrência. Ele recomenda a consideração de ações 
excepcionais que tenham chance estimada de ocorrer da 
mesma ordem de grandeza da probabilidade de falha. No 
Brasil, a probabilidade de falha de estruturas de concreto, 
dimensionadas através da ABNT NBR 6118: 2014 é 
aproximadamente 10-6. Porém, existe a dificuldade em 
relação ao conhecimento da probabilidade de ocorrência das 
ações excepcionais. 
Este procedimento de projetar a estrutura com vista 
a ação de cargas excepcionais não é normalmente utilizado, 
pois “a previsão e quantificação dessas ações são de difícil 
realização, além do que dimensionar a estrutura para tal é 
praticamente impossível, além de extremamente oneroso” 
(EL DEBS, 2000, p. 219). 
 
4.4 - Prevenir a propagação de uma possível ruína localizada 
 
De acordo com El Debs (2000), neste critério, 
parte-se do pressuposto de que a ruptura de elementos não é 
impossível, deste modo, deve-se projetar uma estrutura de 
reforços capaz de propiciar caminhos alternativos para a 
transferência das forças. 
“Os edifícios não devem ser ‘castelos de cartas’ 
sujeitos a efeito dominó” (TAYLOR, 1975, p. 522, tradução 
nossa). Taylor (1975) destaca que isto não quer dizer que os 
danos iniciais causados por forças excepcionais devem ser 
evitados, o que poderia ser demasiadamente caro, mas que 
eles devem ser capazes de absorver os danos sem sofrer o 
colapso progressivo, ou seja, redistribuir os esforços. 
Porém, em alguns casos, as disposições para evitar o colapso 
progressivo de estruturas não são aplicáveis. Neste sentido, 
Taylor (1975) explica que, por exemplo, se uma estrutura é 
suportado em uma coluna só, qualquer caso que ocasionasse 
a remoção dessa coluna causaria o colapso de toda a 
estrutura, pois seria retirado 100% do apoio. 
 
4.5 - Recomendações de projeto 
 
De acordo com El Debs (2000), a grande 
capacidade de redistribuição de esforços nas estruturas 
moldadas no local é devido ao emprego de especificações 
de arranjos de armadura. Deste modo, o autor recomenda 
que estes princípios sejam adotados para as ligações, no 
caso de estruturas pré-moldadas, como alternativa para 
aumentar a capacidade de redistribuição de esforços. “O 
detalhamento dessa armadura deve ser objeto de especial 
atenção para que o comportamento como tirante seja 
garantido” (EL DEBS, 2000, p.222). 
Laranjeiras (2011) afirma que o uso de vigas pouco 
espaçadas, apoiando-se em vigas principais, melhora a 
redistribuição das cargas. Segundo o autor, o uso de pilares 
pouco espaçados também contribui para uma melhor 
distribuição de cargas. De acordo com ele, é necessário 
Colapso progressivo em estruturas de concreto pré-moldado 
 
PV021 – Estruturas pré-moldadas de concreto, 2015. 
 Prof.: Maria Cristina Vidigal de Lima 5 
 
evitar descontinuidades que causem concentração de cargas, 
como, por exemplo as vigas de transição, que são vigas que 
normalmente recebem a carga de um pilar e transmite para 
outros pilares. Laranjeiras (2011) também afirma que vigas 
contínuas resultam menores deformações e aumento da 
redistribuição de cargas, caso aconteça a perda de um pilar. 
Por fim, o autor destaca que caixas de escada e pilares-
parede ajudam a estabilizar a estrutura e oferecem caminhos 
alternativos para distribuição de cargas. 
El Debs (2000) recomenda uma especial atenção 
aos cantos e à frente dos edifícios, pois estes apresentam 
menor capacidade de redistribuição de esforços. 
 
5 - EXIGÊNCIAS NORMATIVAS 
 
 Segundo Baía (2014), inúmeras normas ao redor do 
mundo incorporam medidas contra o colapso progressivo, 
principalmente medidas envolvendo o método indireto 
(Apresentado no tópico 4 deste trabalho), tais como o 
Eurocode, ACI 318, National Building Code of Canadá, 
entre outras. Guaravich e Dawe (2006) afirmam que o 
colapso ocorrido no Ronan Point em 1968 levou a norma 
britânica BS 5950-1: 2000 a adotar requisitos para a 
resistência de amarrações ou forças mínimas de tração que 
devem ser incorporadas nos desenhos das ligações. 
Bittarello(2013) destaca que a norma americana SEI/ASCE 
7:2005 (Minimum Design Loads for Buidings and Other 
Structures), na parte que trata de integridade estrutural, 
aponta que as construções devem ser projetadas de modo 
que não sejam danificadas de forma desproporcional por um 
dano local inicial. Para isso, segundo Bittarello (2013), a 
norma foca na redundância e nos caminhos alternativos de 
cargas. O autor destaca que esta norma apresenta a 
existência de dois métodos (direto e indireto), mas que não 
menciona como utiliza-los. A descrição detalhada de outras 
normas e códigos relacionados ao fenômeno podem ser 
encontradas em Bittarello (2013). Apesar de ser um 
problema conhecido no meio técnico a mais de 50 anos, 
segundo Baía (2014), as normas brasileiras não abordam o 
evento de forma consistente. A seguir são apresentadas as 
considerações normativas brasileiras. 
 A norma ABNT NBR 6118: 2014 (Versão 
Corrigida), que trata do projeto de estruturas de concreto, 
em seu tópico 10.3, que aborda os estados-limites últimos 
(E.L.U.), aponta que a segurança das estruturas de concreto 
deve ser sempre verificada em relação à vários estados-
limites últimos, sendo que um deles é referente ao colapso 
progressivo. Em seu tópico 19.5, referente ao 
dimensionamento de lajes à punção, a norma prevê a 
utilização de armadura para garantir ductilidade e proteção 
contra o colapso progressivo. Existem alguns trabalhos que 
abordam o colapso progressivo em lajes á punção em 
estruturas de concreto moldado em local. Estes não serão 
citados aqui, visto que o objetivo deste trabalho é abordar o 
fenômeno em estruturas pré-moldadas. 
 Já a norma que trata do projeto e execução de 
estruturas de concreto pré-moldado, a ABNT NBR 9062 
afirma que devem ser tomados cuidados para minimizar a 
possibilidade de colapso progressivo. 
Laranjeiras (2011) afirma que a consideração do 
fenômeno do colapso progressivo é feita pelas normas 
brasileiras de forma sumária, enigmática e instigante. 
Segundo o autor, não há esclarecimentos do que é o 
fenômeno e suas características, que poderia ser 
acrescentado em comentários complementares. Em relação 
aos pré-moldados, enfoque principal deste trabalho, 
Laranjeiras (2011) afirma que a norma ABNT NBR 9062: 
2006 não informa quais são os cuidados especiais a que esta 
se refere. 
 Acredita-se, porém, que mesmo diante do fato de 
que a norma não define de forma detalhada como deve ser o 
cálculo das estruturas a fim de considerar o fenômeno do 
colapso progressivo, citar sua possibilidade de ocorrência, 
afirmar que esta deve ser considerada nos estados-limites 
últimos e que devem ser tomados cuidados para minimizar 
seu risco de ocorrência, já é importante, pois evidencia que 
é um evento que pode ocorrer. A associação do fenômeno 
aos estados-limites últimos, que são aqueles diretamente 
ligados ao esgotamento da capacidade de sustentação da 
estrutura, mostra que o colapso progressivo pode trazer 
sérias consequências. 
 
6 - CONCLUSÕES 
 
Apesar de ser um problema que pode ocorrer 
também em outros sistemas estruturais, as chances de 
acontecer um colapso progressivo em estruturas pré-
moldadas é maior, devido ao seu modo de construção. 
Devido a isto, neste trabalho, optou-se por abordar o 
fenômeno neste tipo de sistema. 
Nota-se que, para reduzir a ocorrência do evento é 
necessário adotar várias considerações no dimensionamento 
e detalhamento da estrutura. As principais considerações 
apresentadas neste trabalho são a utilização de amarrações e 
o uso de caminhos alternativos para as cargas. 
Verifica-se que as normas brasileiras tratam do 
assunto de forma sucinta, sem grandes detalhes, o que, de 
certa forma, pode ser considerado aceitável, pois existem 
várias formas de considerar a existência do colapso 
progressivo, cabendo ao engenheiro adotar aquele método 
que considera mais adequado. Diante disso, sugere-se mais 
estudos e publicações sobre o tema, abordando os métodos 
existentes, de forma que os calculistas adquiram maior 
conhecimento sobre o evento, uma vez que o colapso 
progressivo pode acarretar várias mortes e perdas 
financeiras. 
 
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