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Modelo de Cagan Sobre o autor: Phillip David Cagan (1927-2012) foi um economista, acadêmico e autor norte-americano. Ele foi professor emérito de Economia na Universidade de Columbia. Seu trabalho é focado em política monetária e controle da inflação. Cagan publicou mais de 100 livros, artigos de periódicos, avaliações e relatórios sobre estes e outros tópicos em macroeconomia. Permanecendo o estudo definitivo do problema da hiperinflação, cujas definições e conceitos fornecem o ponto de partida para todos os trabalhos subsequentes sobre este problema. Inflação x Hiperinflação Inflação: é uma situação de desequilíbrio econômico caracterizado pela elevação dos preços e desvalorização da moeda. Hiperinflação: é um caso especial de inflação galopante em que os preços aumentam de tal forma que as pessoas procuram reter o mínimo possível de dinheiro consigo, tratando de gastá-lo com o máximo de rapidez, devido à velocidade com que ele perde seu poder de compra. Causas da Hiperinflação A causa da hiperinflação pode ser simplesmente a emissão desordenada de moeda, quando o governo imprime dinheiro novo para financiar seus gastos, se a quantidade de dinheiro aumenta, o poder de compra da unidade monetária diminui, e a quantidade de bens que pode ser adquirida com uma unidade desse dinheiro também se reduz. Outros fatores macroeconômicos também podem levar a inflação alta ou hiperinflação, como câmbio, pagamento de reparações de guerra, etc. Modelo da demanda por moeda O comportamento da demanda por moeda em contexto de hiperinflação, caracterizada por situação em que as elevações de preços superam 50% ao mês, foi estudado por Philip Cagan, que produziu o artigo "The Monetary Dynamics of Hiperinflation". O fenômeno da hiperinflação atingiu vários países europeus após o fim das duas grandes guerras. No pós-Primeira Guerra são destaque Áustria, Alemanha, Hungria, Polônia e Rússia; e no pós Segunda Guerra, Hungria, China, Grécia e Taiwan. Exemplo: Alemanha A crise na Alemanha provocou greves e interrupções na produção. Em outubro de 1923, a inflação havia disparado a 29.500% ao mês, com preços duplicando a cada 3 ou 4 dias. Uma fatia de pão, que custava 250 marcos em janeiro daquele ano, passou a custar 200 bilhões de marcos em novembro. Depois de três décadas sem novos casos (50, 60 e 70), a década de 1980 foi marcada pela volta da alta inflação, com diversos países da América Latina apresentando índices de inflação acima de 100% ao ano. É interessante destacar a situação do Brasil, pois podemos constatar neste país uma degradação por etapas. Durante três anos, entre 1980 e 1982, a alta dos preços é da ordem de 100% Depois, durante os três anos seguintes, de 1983 a 1985, passa-se a uma etapa superior: a alta é da ordem de 200%. Enfim, após o “parêntese” de 1986, a alta se acelera fortemente a cada ano, para atingir 1764% em 1989. (SALAMA, 1992) Para Cagan, as hiperinflações seriam causadas por aumentos da emissão de moeda decorrente da expansão dos gastos públicos acima da arrecadação tributária. Via senhoriagem*, a criação de moeda geraria uma tributação adicional sobre o público. Nas hiperinflações, a elevação de preços é maior que a expansão da oferta de moeda, reduzindo a disponibilidade de encaixes reais. Ao mesmo tempo, a redução da oferta (disponibilidade de encaixes reais) é acompanhada pela redução da demanda por moeda e, portanto, elevação da velocidade de circulação da moeda, devido a sua rápida desvalorização, que impõe elevado custo de oportunidade. Senhoriagem: pode ser definido como o lucro do governo derivado da emissão de moeda ou a diferença entre o valor do dinheiro e o custo para produzir e distribuí-lo. Cagan argumenta que a demanda por saldos monetários reais está inversamente relacionada à taxa de inflação esperada - compatível com a proposição de Friedman. As expectativas de inflação seriam formadas de maneira adaptativa, como uma média ponderada exponencial das taxas de inflação passadas. Onde r pode ser considerada estável (ou com variação desprezível frente à inflação esperada no curto prazo, ) Neste contexto, o crescimento muito acelerado da oferta de moeda, acima do crescimento que maximiza a senhoriagem, faz com que o déficit orçamentário tenha que ser financiado a taxas crescentes de expansão monetária e, por conseguinte, de inflação. Assim, grandes déficits orçamentários financiados por emissão de moeda (senhoriagem) levam à inflação alta e queda da demanda real por moeda, reduzindo os ganhos de senhoriagem (medida em termos reais), de forma que é necessário aumentar a taxa de expansão monetária, acelerando ainda mais a inflação ao ponto de hiperinflação. Modelo de Cagan Sistema de 4 equações Equilíbrio entre oferta e procura de moeda (demanda transacional função da renda e dos juros): Taxa de inflação: Déficit operacional do setor público (k) financiado por (e determinante da) expansão da base monetária: Formação adaptativa das expectativas inflacionárias: Hiperinflação no Brasil Artigo: O Modelo Hiperinflacionário da Demanda por Moeda de Cagan e o Caso do Brasil (ROSSI, 1994) A Hiperinflação no Brasil ocorreu durante o período da década de 80 e 90, terminando só em 1994 com o Plano Real. O povo vivia com uma inflação crescente a cada ano, e as medidas contra a inflação como Plano Cruzado, Plano Cruzado II e Plano Collor consistia somente em cortar zeros da moeda e congelar preços sem atacar a raiz do problema, o Déficit nos gastos públicos, a inflação atingiu 2708% em 1993 e no período de 1980 a 1994 a moeda foi mudada várias vezes. O gráfico a seguir mostra a queda dos encaixes reais no Brasil dede 1980 utilizando-se M1 como moeda. Apenas entre 1987 e 1993 tais encaixes caíram quase 25%, o que é muito se considerado o fato de que esses já eram bastante reduzidos em 1987 (cerca de 3% do PIB), mas pouco se comparado com o que ocorreu, por exemplo, durante a grande hiperinflação alemã, em que os encaixes reais em 1923 eram, conforme Barro (1990), tão somente 3% dos seus níveis em 1921. Com relação as políticas monetárias da inflação brasileira, é que apesar de serem nos vários períodos próximas à taxa de expansão do agregado monetário (M1 e base monetária) e a taxa de inflação, esta última é sempre maior, caracterizando, pois, certa economia nos encaixes monetários reais ao longo do tempo; semelhante relação entre essas variáveis foi constatada por Rossi (1991). A Venezuela vive um dos piores episódios de hiperinflação registrados no mundo desde a Segunda Guerra Mundial.
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